Espaço Das Variantes
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Espaço Das Variantes
MODELO
DAS VARIANTES
direção, talvez para pedir alguma coisa. É melhor eu ir para casa. Não há
paz em lugar algum. Estou tão cansado. Esse cansaço está sempre comi-
go, mesmo quando estou descansando. Eu vivo como se cumprisse uma
pena de prisão. Parece que logo mais tudo vai mudar, começará uma nova
etapa, e então serei outro e poderei me alegrar com a vida. Mas tudo isso
pertence ao futuro. Por enquanto, sempre a mesma tortura. Fico esperan-
do, mas o futuro nunca chega. Agora, como de costume, vou tomar um
café da manhã insosso e me mando para o meu trabalho enfadonho, onde
de novo vou espremer de dentro de mim resultados que outro alguém
precisa, não eu. Mais um dia de vida paralisante e sem sentido...
Acordei com o murmúrio das estrelas matutinas. Que sonho triste foi
esse? Como se voltasse alguma lasca da minha vida anterior. Ainda bem
que foi só um sonho. Eu me espreguicei aliviado, como faz o meu gato.
Ele, preguiçoso, fica deitado, todo esparramado e só as orelhas mostram
que percebeu a minha presença. Levanta, seu bigodudo. Você vai passear
comigo? Encomendei para mim um dia ensolarado e me dirigi ao mar.
A trilha atravessava a floresta e o murmúrio das estrelas matutinas lenta-
mente se ampliou ao coro polifônico do povo alado. Alguém se esforçava
com afinco, lá nos arbustos: “Comida! Comida!”. Ah, ali está o malandro.
Bolinho fofo, como é que você consegue chilrear tão alto? Surpreendente
que antes não me apercebi: todos os pássaros possuem vozes totalmen-
te diferentes, nenhum entra em dissonância com o coro comunitário, e
sempre resulta uma sinfonia tão harmônica, que é impossível qualquer
orquestra artificial imitar.
O sol esticou seus raios por entre as árvores. Essa iluminação mágica ani-
mou a profundidade tridimensional e a suculência das cores, transformando
a floresta num holograma maravilhoso. A trilha me levou cuidadosamente
para o mar. Ondas verdes esmeralda trocavam sussurros baixinhos com o
vento cálido. A praia parecia infinita e deserta, mas eu sentia acolhimento
e tranquilidade, como se esse mundo superlotado houvesse reservado um
cantinho retirado especialmente para mim. Há quem considera o espaço
ao redor uma ilusão que nós mesmos criamos. Mas não, falta-me convicção
para afirmar que toda essa beleza não passa de criação minha.
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vadim zeland
Que maçãs são essas? Eu já perdia a paciência e disse que não pretendia
adivinhar coisa alguma, ‒ somente nos sonhos e nos contos de fada são
possíveis diversos milagres, mas na realidade as maçãs em última instân-
cia sempre caem na terra. Ao que ele respondeu: “Basta! Vamos, preciso
lhe mostrar algo.”
Acordando, eu percebi infelizmente que não me lembrava da continua-
ção do sonho. No entanto, permanecia uma sensação aguda como se o
Guardião tivesse inserido em mim alguma informação que eu não tinha
capacidade de expressar em palavras. Na memória estava impressa apenas
uma palavra – Transurfing. Única ideia que rolava dentro da minha ca-
beça era que não há necessidade de construir você mesmo o seu mundo
– tudo já foi há muito criado sem a minha participação e para o meu bem.
Não se deve tampouco lutar com o mundo por um lugar ao sol – esse é
um recurso pouco eficiente. Acontece que ninguém me proíbe de sim-
plesmente escolher para mim aquele mundo no qual eu quero viver.
De início tal ideia me pareceu absurda. E eu esqueceria o mais rápido
possível este sonho, mas logo, para a minha enorme surpresa, descobri:
começaram a surgir lembranças totalmente nítidas sobre o que o Guar-
dião entendia da palavra escolher e como fazê-lo. A solução do enigma
do Guardião veio por si mesma, como um conhecimento vindo do nada.
Cada dia me abria algo novo, e toda vez eu experimentava uma surpresa
grandiosa, à beira do susto. Não tenho condições de explicar de forma
racional de onde vieram esses conhecimentos. Só posso afirmar com
toda a certeza que não era da minha cabeça, pois nela não podia nascer
nada semelhante.
Desde que eu descobri para mim mesmo o Transurfing (ou melhor, foi
me permitido fazê-lo), minha vida se preencheu de um novo e alegre sen-
tido. Todo aquele que se ocupou ao menos uma vez com algum processo
criativo sabe que alegria e satisfação traz a obra criada com as próprias
mãos. No entanto, isso não é nada, comparado com o processo criativo de
seu destino. Porém o termo “criação do destino” em seu significado co-
mum não convém aqui. Transufing – é uma maneira de escolher seu des-
tino literalmente, como mercadoria no supermercado. Quero contar-lhe
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transurfing
sobre o significado de tudo isso. Você saberá porque maçãs podem “cair
no céu”, o que é “murmúrio das estrelas matutinas”, assim como outras
coisas muito incomuns.
O enigma do guardião
estará do seu lado. Outros irão discutir com você exatamente porque eles
também têm razão.
A partir de qualquer fenômeno de manifestação da realidade é possível
deduzir todo um ramo de conhecimento. E esses conhecimentos con-
cordam entre si e passam a refletir com êxito uma das manifestações da
realidade. Para o fundamento de todo um conhecimento basta um ou
alguns fatos que, embora não totalmente compreensíveis, mesmo assim
se manifestam.
Por exemplo, a física quântica se baseia em algumas verdades não com-
prováveis: postulados. Não comprováveis porque servem como pontos
institucionais, pontos de partida. O objeto do micromundo da física
quântica se comporta em alguns casos como partícula, em outros, como
onda. Os cientistas não podem interpretar com um único significado tal
dualismo, porque o aceitam como fato, um axioma. Os postulados da
física quântica reconciliam a diversidade das formas de manifestação da
realidade como se os cegos chegassem a um acordo: que em alguns casos
o elefante se comporta como um poste e em outros, como serpente.
Caso, na hora de descrever o objeto do micromundo, tomarmos por base a
propriedade da partícula, obteremos o modelo do átomo construído pelo
célebre físico Niels Bohr. Neste modelo, os elétrons giram ao redor do nú-
cleo, de forma semelhante aos planetas no sistema solar. No entanto, se es-
colhermos a onda como propriedade básica, o átomo parecerá uma mancha
borrada. Tanto um modelo quanto o outro funciona refletindo formas iso-
ladas da manifestação da realidade. Novamente, recebemos o que escolhemos.
Em termos gerais, qualquer manifestação pode servir de postulado, de
ponto de partida, para criar um ramo de conhecimento que, sem dúvi-
da, funcionará e terá direito à existência. Na perseguição da verdade, os
seres humanos sempre aspiravam a compreender a natureza do mundo,
examinando seus aspectos isolados. Criaram-se grandes quantidades de
conhecimentos científicos como descrições e explicações de uns e outros
fenômenos da natureza. Desta maneira, surgiram setores isolados de co-
nhecimentos que frequentemente entram em contradição mútua.
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De que outra maneira se pode fixar a posição dos pontos no gráfico? Ora,
como uma grandiosa e infinita quantidade das coordenadas de todos os
pontos. A aptidão da memória humana é limitada e incapaz de domi-
nar volumes enormes. Mas para a natureza, infinidade não é problema.
Ela não tem necessidade de generalizar numa fórmula a distribuição e o
movimento dos pontos no gráfico. Se quebrarmos a linha de funções em
pontos infinitamente pequenos, cada ponto pode ser considerado causa e
o seguinte, consequência. Resulta que qualquer movimento de um ponto
material no espaço e tempo pode ser imaginado como uma grande e in-
cessante cadeia de causas e consequências infinitamente pequenas.
No nosso conhecimento, imaginamos o movimento da matéria como
uma lei, mas na natureza este movimento é engendrado de forma natural,
como infinita quantidade de causas e consequências. Os dados de todos
os pontos de movimento da matéria possíveis são guardados em algum
campo de informação ao qual chamaremos de espaço das variantes. Este
espaço contém a informação sobre tudo que houve, há e haverá.
O espaço das variantes é uma estrutura de informação plenamente ma-
terial. É um campo de informação infinito, contendo todas as variantes
possíveis de qualquer acontecimento possível de realização. Pode-se dizer
que no espaço das variantes há tudo. Não vamos adivinhar de que manei-
ra é guardada esta informação; para o nosso objetivo isso não tem impor-
tância. O importante é apenas que o espaço das variantes serve de padrão,
de teia de coordenadas de qualquer movimento da matéria no espaço-tempo.
Em cada ponto do espaço existe sua variante desse ou daquele acon-
tecimento. Para facilitar a compreensão, diremos que uma variante é
composta do cenário e da decoração. A decoração é a imagem exterior
ou a forma de manifestação; e o cenário, o caminho pelo qual se move
a matéria. Para maior comodidade, podemos quebrar o espaço das va-
riantes em setores, cada um tendo seu cenário e sua decoração. Quanto
maior for a distância entre os setores, maiores são as diferenças de ce-
nários e decorações. O destino do homem também é representado pela
multidão de variantes.
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da matéria pelo espaço das variantes pode ser demonstrado por meio do
seguinte pequeno experimento.
Imagine um cano com água. Ao longo do cano transita vagarosamente
um anel de resfriamento, de modo que a água congela rapidamente apenas
dentro do anel. Resulta que os cristais de gelo transitam pelo tubo com
água. As moléculas da água permanecem aproximadamente nos mesmos
locais em situação relativamente livre. No momento da passagem do anel,
as moléculas dentro dele se fixam no cristal congelado de estrutura deter-
minada, e depois a água nesse local volta a se descongelar e as moléculas
se libertam. O próprio cristal não se mexe. Em outras palavras, no fato
dado, o gelo não flutua na água. Desloca-se não o próprio cristal de gelo
dentro do tubo com água, mas a estrutura, ou seja, o estado congelado.
Por analogia, a água no tubo é o espaço das variantes, e o cristal de gelo
é a realização material das variantes. As moléculas são as pessoas, e sua
posição na estrutura do cristal se realiza como variante do destino. Não
há resposta única para a pergunta, cujo análogo é o anel esfriado. Ou
seja, de que forma e por que a estrutura da informação se transforma em
matéria? No microcosmo, a matéria pode se manifestar como conden-
sação de energia. Sabe-se que no vácuo acontece um processo contínuo
de nascimento e morte de micropartículas. A matéria parece existir, mas
ao mesmo tempo ela não possui substância material própria. É evidente
apenas que: aquilo que se pode tocar possui base energética intocável.
Espero que eu não tenha cansado você demais com a física. Por enquan-
to, nos encontramos apenas no ponto inicial do Transurfing. Mas o que
você vai saber neste livro pode chocá-lo um tanto. Por isso devo, inevi-
tavelmente, apresentar alguma fundamentação teórica para que a mente
não perca o chão sob os pés. Peço-lhe, portanto, que você se arme de um
pouco mais de paciência.
A onda marinha pode servir de outra analogia para ilustrar a realização
no espaço das variantes. Suponhamos que, em consequência de um ter-
remoto, forma-se uma onda no mar. A onda se desloca sobre a superfície
do mar como se fosse uma montanha, mas a própria água permanece no
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Resumo
A realidade possui uma infinita diversidade de formas de manifestação.
A variedade múltipla do mundo é sua primeira propriedade fundamental.
Qualquer modelo apresenta apenas um aspecto separado de manifestação da
realidade.
Qualquer ramo de conhecimento se baseia no aspecto escolhido de manifestação
da realidade.
A sua escolha sempre se realiza. Aquilo que você escolhe, você recebe.
O espaço das variantes é o campo de informação do que era, é e será.
O campo de informação contém variantes potenciais de qualquer aconte-
cimento.
A variante se compõe de cenário e decoração.
O espaço pode ser dividido em setores, em cada um dos quais existe a
sua variante.
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