Shí Niú Tú - As Dez Figuras Do Apascentar Do Touro - Kuòān Shīyuǎn
Shí Niú Tú - As Dez Figuras Do Apascentar Do Touro - Kuòān Shīyuǎn
Shí Niú Tú - As Dez Figuras Do Apascentar Do Touro - Kuòān Shīyuǎn
2018
Dedicado aos mestres espirituais que nos acompanham, aos
3ª edição
Nota sobre o Projeto Luz do Oriente
Mais especificamente, projeto surgiu após – ao buscar pela obra Tratado do Vazio
Perfeito de Lie-Tzu (uma das principais obras da tradição Taoísta) – perceber-se a
escassez de livros e traduções bem-feitas e fidedignas sobre tais temas. Assim, a primeira
produção foi o PDF “Chong Xu Zhen Ching - Tratado do Vazio Perfeito - Lie-Tzu”.
O projeto teve seu início no ano de 2017 e foi encerrado no começo de 2020, mas
os frutos dele ainda permanecem e grupo do Facebook foi arquivado (você ainda pode
acessá-lo), restando apenas a Página no Facebook e uma no Wordpress, onde pode
eventualmente sair novas edições revisadas dos arquivos (os links são atualizados nas
postagens originais com as novas versões), ou quem sabe algum material novo. Desse
modo, peço a todos aqueles que desejam novas atualizações que sigam a página do Projeto
no Facebook. Todas as obras são disponibilizadas gratuitamente pelo projeto e não devem
ser comercializadas.
Imagem da capa: Buffalo Shepherd Watching The Mountains by Li Keran (1907 - 1989)
SUMÁRIO
PREFÁCIO ....................................................................................................................... 1
2 – ENCONTRANDO OS RASTROS............................................................................. 3
5 – DOMANDO O TOURO............................................................................................. 6
COMENTÁRIO ............................................................................................................. 12
PREFÁCIO
Shí Niú Tú (十牛圖), As Dez Figuras do Apascentar do Touro é mais uma obra
que o Projeto Luz do Oriente disponibiliza. Trata-se de uma antiga história simbólica do
Budismo Zen que ilustra a despertar do homem, desde a ignorância até depois da
iluminação.
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1 – PROCURANDO O TOURO
O touro nunca se extraviou realmente, então por que procurá-lo? Tendo dado as
costas à sua verdadeira natureza, o homem não pode vê-lo. Por causa de sua corrupção,
perdeu de vista o touro. Repentinamente, defronta-se com um labirinto de encruzilhadas.
Desejos de ganhos e o temor das perdas surgem como chamas; ideias de certo e errado
projetam-se como adagas.
2
2 – ENCONTRANDO OS RASTROS
Através dos sutras e dos ensinamentos dos mestres, ele encontra os rastros do
touro. Foi informado que, assim como vasos de ouro de diferentes feitios são basicamente
do mesmo ouro, tudo é uma manifestação do próprio ser. É, porém, incapaz de distinguir
o bem do mal, a verdade da mentira. Não passou realmente pelo portão, mas tenta ver os
rastros do touro.
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3 – O PRIMEIRO VISLUMBRE DO TOURO
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4 – AGARRANDO O TOURO
Hoje ele encontrou o touro, que tinha estado longamente corcoveando nos campos
agressores e realmente o agarrou. Por tanto tempo, ele demonstrou nestes arredores que
não era fácil fazê-lo romper com os velhos hábitos. Continua com os velhos hábitos.
Continua a ansiar por pastagens cheirosas, é ainda obstinado e indomável. Se o homem
quiser domá-lo inteiramente, tem de usar seu chicote.
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5 – DOMANDO O TOURO
6
6 – INDO PARA CASA MONTANDO NO TOURO
Cessou a luta, ganho ou perda não mais o afetam. Ele cantarola canções rústicas
dos lenhadores e toca as cantigas simples das crianças da aldeia. Montando no lombo do
touro, contempla serenamente as nuvens no alto. Não volta a cabeça na direção das
tentações. Embora alguém possa tentar perturbá-lo, permanece impassível.
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7 – O TOURO FOI ESQUECIDO, ELE ESTÁ SÓ
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8 – ESQUECIDO DO TOURO E DE SI MESMO
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9 – VOLTANDO A ORIGEM
Desde o puro princípio não houve tanto quanto um grão de poeira para macular a
pureza intrínseca. Ele observa o crescer e o decrescer da vida no mundo; enquanto
permanece, sem esforço, num estado de imperturbável serenidade. Esse crescer e
decrescer não é ilusório ou fantasmagórico, mas sim, uma manifestação da origem. Por
que então há necessidade de lutar por algo? As águas são azuis e as montanhas são verdes.
Só, consigo mesmo, ele observa a mudança incessante das coisas.
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10 – ENTRANDO NA PRAÇA DO MERCADO
A porta de sua cabana está fechada, nem mesmo os mais sábios podem encontrá-
lo. Seu panorama mental desapareceu por fim. Segue seu próprio caminho, não tentando
seguir os passos dos antigos sábios. Carregando uma cabaça, passeia pelo mercado;
apoiado em seu bordão, volta para casa. Ele guia os estalajadeiros e os peixeiros no
Caminho do Buddha.
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COMENTÁRIO
Na primeira das dez figuras, há um homem procurando o seu touro, que se perdeu.
O homem está desnorteado e confuso, não sabe por onde seguir, e mesmo assim, de algum
modo ele percebeu a existência do touro e, por isso, o procura. O ego, a mente, a ilusão
de um eu, de uma natureza intrínseca, ofusca seu caminho.
Na terceira figura, o homem vê a parte de trás do touro na mata densa, assim, ele
tem um vislumbre do touro, uma pequena percepção do seu delírio ou ilusão, da sua
própria ignorância. Esse é o início do fim da consciência de si mesmo: reconhecer o
sofrimento (1ª Nobre Verdade).
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causas da ignorância (2ª Nobre Verdade). Ainda é difícil se desidentificar daquilo que
não é sua verdadeira natureza e, por isso, o homem ainda luta para domar o touro.
Domar o touro é um processo longo e árduo (se dá pela cessação das causas do
sofrimento – 3ª Nobre Verdade), mas finalmente, na quinta figura, ele é domado. Nesse
estágio o ego, a mente, a ilusão de um eu, a ignorância, ainda está presente. No entanto,
o homem tem consciência plena do mesmo e consegue perceber todas as suas
manifestações, assim, lentamente, se desidentifica, cada vez mais, do touro.
Na sexta figura, não há mais luta, o touro foi totalmente dominado e amansado.
Nesse momento, livre da ignorância e dos desejos (apego e aversão), o homem segue o
caminho, desfrutando de plena tranquilidade e serenidade.
Na sétima figura, o touro desapareceu, mas não por ignorância, e sim porque o
camponês não mais possui um touro, ele realizou a ilusão do touro (3ª Nobre Verdade).
Toda ilusão de um eu, de um ego, de uma mente, de uma natureza intrínseca. Nesse ponto
o camponês se iluminou, transcendeu o sofrimento do mundo, ele experiência a sua
própria natureza, ele experiência a unidade com todas as coisas, livre dos pensamentos e
da dualidade, segue completamente integrado com tudo o que existe.
Na oitava figura, nada mais há do que o vazio, não há nada ali pintado. O homem
adentrou o Nirvāna. Não existem mais conceitos, não existem mais um camponês. Essa
figura representa o imanifesto e insondável; aquilo que, de maneira alguma, pode ser
denominado ou expressado, aquilo que não pode ser tocado pela razão ou refletido por
um espelho.
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A nona figura representa a natureza de todas coisas. Livre da ilusão, segue
desperto.
FIM
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