55CBC0168
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esclerometria e de arrancamento
Estimation of concrete compressive strength: rebound hammer and pull-off test
Júlio César Fréz (1); Manoela Kerber (2); Marcelo Henrique Farias de Medeiros (3).
o
(1) Eng. Civil, Mestrando da Universidade Federal do Paraná.
a
(2) Eng. Civil, Mestranda da Universidade Federal do Paraná.
o
(3) Eng. Civil, Prof. Dr. da Universidade Federal do Paraná.
o
jcefrez@hotmail.com. Fone: (41) 9858-4100. Rua Alberto Folloni, n. 1087, ap. 25, Bairro Ahú, Curitiba-PR.
Resumo
Avaliações em estruturas de concreto armado em edificações já em uso são muitas vezes necessárias,
tanto para verificação de ocorrência de alguma manifestação patológica, quanto para estimativa da
resistência do concreto. Nesse contexto, é interessante a utilização de ensaios não-destrutivos, já que
avaliações invasivas podem comprometer a estabilidade da estrutura. Um dos métodos mais utilizados para
a estimativa da resistência mecânica do concreto é a esclerometria (normalizado pela NBR 7584), que tem
como fator diferencial a sua rapidez e economia. Outro ensaio não-destrutivo muito utilizado em argamassa
mas pouco em concreto, é o arrancamento, ou “pull-off test” (não normalizado no Brasil, mas reconhecido
em normas como a BS 1881-207, como uma opção de ensaio a ser aplicado em trabalhos de inspeção).
Este trabalho visa comparar a técnica de arrancamento com a esclerometria em termos de precisão dos
resultados de estimativa de resistência à compressão do concreto. No caso do ensaio de arrancamento,
foram introduzidas duas variáveis no estudo: material do disco metálico e execução ou não de furo prévio no
concreto. No programa experimental foram confeccionados 3 blocos em concreto simples de dois traços
diferentes (dois blocos de um traço e um bloco de outro) e dimensões aproximadas de 30x50x65 cm, com
moldagem de corpos de prova cilíndricos de 10x20 cm durante a concretagem dos blocos. Após 28 dias,
foram realizados os ensaios de compressão dos exemplares moldados, esclerometria com os blocos em
umidade ambiente e arrancamento (pull-off test) com as variáveis citadas previamente. Observou-se uma
ótima correlação entre os resultados de esclerometria e da compressão axial de corpos de prova. Para o
ensaio de arrancamento, a melhor correlação com os demais ensaios foi com o uso de disco de alumínio.
Dentre as variáveis do pull-off, foi notado que tanto a mudança de material do disco quanto à execução
prévia do furo geraram resultados distintos, com as maiores tensões de arrancamento para o caso com a
execução do furo, e os menores para o disco de alumínio. O ensaio de esclerometria apresentou-se com
melhor confiabilidade e precisão para estimativa da resistência mecânica do concreto, quando comparado
ao ensaio de arrancamento.
Palavra-Chave: Concreto; Resistência à compressão; Ensaio não-destrutivo; Esclerometria; Pull-
off.
Abstract
Evaluations in reinforced concrete structures on in-use buildings are commonly necessary for both scan
occurrence of a pathological event and the concrete strength estimation. In those cases applying a non-
destructive test is interesting, considering that invasive tests can compromise the stability of the structure.
One of the most used methods for concrete strength estimation is the rebound hammer test (according to
NBR 7584), with speed and economy as differential factors. Another non-destructive test often used on
mortars, but rarely on concrete, is the pull-off test (non-standardized in Brazil, but assumed in norm as BS
1881-207 as an option for tests in inspection works). This paper aims to compare the pull-off and rebound
hammer test, concerning the precision of results on the estimation of concrete compressive strength. About
the pull-off, two variables were introduced: material of metallic disc and executing or not executing a previous
hole on the concrete surface. On the experimental program, 3 concrete blocks were made, using two
ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 – 55CBC 1
different mixes (two blocks with one mix and one block with the another one) with approximate dimensions of
30x50x65 cm, and cylindrical specimens measuring 10x20 cm were molded along with the concreting of the
blocks. After 28 days, the following tests were performed: compressive test on the cylindrical specimens,
rebound hammer test on the blocks with environmental humidity and pull-off with the previously cited
variables. It was observed a good correlation between the rebound hammer numbers and the axial
compression strength of the specimens. The best correlation between the pull-off and the others tests was
when using the aluminium disc. About the pull-off variables, both changing the disc material and executing
the previous hole on the concrete surface showed different results, with the highest pull-off tensions when
the previous hole was executed, and the lowest tensions for the aluminium disc. The rebound hammer test
showed better reliability and precision for the estimation of concrete compressive strength than the pull-off
test.
Keywords: Concrete; Compressive Strength; Non-destructive test; Rebound hammer; Pull-off.
MARTELO
MOLA
PISTÃO
2 Materiais e métodos
Juntamente com as concretagens dos blocos, foram moldados dois corpos de prova
cilíndricos de dimensões 10x20 cm, para cada bloco. A moldagem seguiu as
preconizações da NBR 5738 (ABNT, 2003). Os exemplares foram ensaiados aos 28 dias
de idade, seguindo as recomendações da NBR 5739 (ABNT, 2007).
ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 – 55CBC 6
2.2 Esclerometria
O ensaio de esclerometria ocorreu com os blocos no estado seco ao ar. Em cada bloco,
foram ensaiadas 4 faces. Em cada uma das faces, foram avaliados 9 pontos com o
esclerômetro, em locais com superfície regularizada, totalizando 36 valores para cada
bloco.
Foi calculada a média dos índices esclerométricos, e utilizado como critério de descarte
de valores espúrios aqueles cujos valores diferem da média em mais de 10%. Após esse
refinamento, a média foi recalculada, assim como o desvio-padrão e coeficiente de
variação.
Os métodos utilizados no ensaio seguiram as preconizações da NBR 7584 (ABNT, 2012).
O ensaio de arrancamento ocorreu com os blocos no estado seco ao ar. Em cada bloco,
foram ensaiados no total 15 discos: 5 com disco de alumínio, 5 com disco de aço e 5 com
disco de aço com execução de furo prévio no concreto. Esse furo foi realizado com serra
copo, sendo a profundidade média de 1,5 cm.
A colagem dos discos nos blocos de concreto foi precedida de lixamento da superfície,
visando à minimização de fatores de ruído na superfície do concreto, como exsudação e
carbonatação. A cola utilizada foi bicomponente de alta resistência e base epóxi, de
secagem em 90 minutos e cura total em 24 horas. Os ensaios foram realizados 1 dia após
a colagem, com a finalidade de respeitar o tempo de cura total. Foram registrados os
valores de tensão (em MPa) de arrancamento.
Foram desconsiderados os casos em que a ruptura ocorreu entre a cola e o disco, mesmo
que parcialmente na superfície. Foi calculada a média e o desvio padrão dos valores
considerados, e utilizado como critério de descarte de valores espúrios aqueles cujos
valores diferem da média em mais de um desvio padrão. Após esse refinamento, a média
foi recalculada, assim como o desvio-padrão e coeficiente de variação.
Os métodos utilizados seguiram as preconizações da BS 1881-207 (BSI, 1992).
3 Resultados e discussões
3.1 Ensaio de compressão
A Figura 4 mostra a ruptura típica no ensaio de arrancamento, assim como o caso em que
não foi considerada devido à ruptura ter ocorrido entre a cola e o disco (sem concreto
aderido em toda a superfície do disco após o ensaio).
Os resultados do ensaio de arrancamento para o bloco 1 estão apresentados na Tabela 9
(na unidade MPa). Os exemplares sem valor correspondem aos casos de ruptura entre o
disco e a cola, ou seja, os não considerados. Os valores considerados espúrios (de
acordo com critério explicado anteriormente) estão tachados. Na Tabela 10, é
apresentado o resumo do ensaio, com a média, desvio-padrão e coeficiente de variação,
em duas situações: antes e depois do critério de exclusão dos valores considerados
espúrios. Para o primeiro caso, é apresentado o intervalo de aceitação para valores não
espúrios.
As Tabelas 11 e 12 representam as mesmas situações para o bloco 2, e analogamente as
Tabelas 13 e 14 para o bloco 3.
(a) (b)
Figura 4 – Ruptura típica (a) e ruptura não considerada (b)
Observa-se que, para os tipos de discos estudados (aço, alumínio e aço com execução
prévia de furo no concreto), o valor de F calculado foi superior ao F crítico. Dessa forma,
pode-se concluir que tanto a mudança de material do disco quanto a execução prévia do
furo no concreto são fatores que, a 95% de confiança, geram resultados estatisticamente
distintos no ensaio de arrancamento.
Quanto ao efeito dos blocos, é notado que, pelo fato de o F calculado ter sido inferior ao F
crítico, a mudança dos blocos não provocou resultados estatisticamente distintos. Esse
resultado não era esperado, haja vista um dos blocos tem classe de resistência bem
distinta dos demais, comprovado pelos ensaios de compressão e esclerometria.
Dessa forma, a execução do ensaio de arrancamento, tal qual realizada, não se mostrou
sensível e confiável para a estimativa da resistência mecânica do concreto.
3,60
R²
=
0,1267
3,20
2,80
2,40
2,00
25,00
30,00
35,00
40,00
45,00
Figura 5 – Ensaio de arrancamento com discos de aço x esclerometria.
3,60
3,20
R²
=
0,00479
2,80
2,40
2,00
25,00
30,00
35,00
40,00
45,00
50,00
3,00
R²
=
0,94214
2,60
2,20
1,80
1,40
1,00
25,00
30,00
35,00
40,00
45,00
3,00
R²
=
0,79592
2,60
2,20
1,80
1,40
1,00
25,00
30,00
35,00
40,00
45,00
50,00
Figura 8 – Ensaio de arrancamento com discos de alumínio x ensaio de compressão.
6,00
R²
=
0,1514
5,60
5,20
4,80
4,40
4,00
25,00
30,00
35,00
40,00
45,00
Figura 9 – Ensaio de arrancamento com discos de aço e execução prévia de furo x esclerometria.
5,10
4,80
4,50
25,00
30,00
35,00
40,00
45,00
50,00
Figura 10 – Ensaio de arrancamento com discos de aço e execução prévia de furo x ensaio de compressão.
Assim como observado nas Figuras 5 e 6, as correlações obtidas são baixas, sendo fraca
para a esclerometria e moderada para o ensaio de compressão.
A Figura 11 mostra a correlação entre o ensaio de compressão e esclerometria.
50,00
45,00
R²
=
0,89926
40,00
35,00
30,00
25,00
20,00
25,00
30,00
35,00
40,00
45,00
Observa-se uma forte correlação entre os dois ensaios. Destaca-se nesse caso que o
ensaio de esclerometria foi feito com 36 valores por bloco, ou seja, uma amostra de
tamanho muito superior ao ensaio de arrancamento, no qual foram realizadas 5
repetições para cada uma das variáveis.
4 Conclusões
O ensaio de esclerometria apresentou forte correlação com a resistência mecânica do
concreto, sendo o mesmo resultado obtido por Machado et al. (2004) e Pereira (1999). O
coeficiente de variação encontrado foi baixo – entre 5,24 e 6,29% - denotando a
confiabilidade do ensaio. Ressalta-se que essa confiabilidade é ajudada pela quantidade
de repetições desse ensaio em cada bloco – 36 vezes.
Para o ensaio de arrancamento, as correlações com os outros ensaios – compressão e
esclerometria – não foram significativas para os dois casos da utilização do disco de aço
Referências
AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. In-place methods for determination of strength
of concrete. ACI 228.1R, Detroit, 2003.
______. Concreto para fins estruturais – Classificação pela massa específica, por
grupos de resistência e consistência. NBR 8953. Rio de Janeiro, 2009.
LONG, A. E. ; MURRAY, A. The pull off partially destructive test for concrete. In: In-
situ non-destructive testing of concrete, SP-82, American concrete institute, Detroit, 1984.