Introdução A Economia PDF
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INTRODUÇÃO
À ECONOMIA
INTRODUÇÃO À ECONOMIA
ISBN 978-85-87686-51-0
9 788587 686510
Introdução à
economia
Introdução à
economia
ISBN 978-85-87686-51-0
CDD-300
Sumário
Referências ................................................................149
Carta ao aluno
Introdução ao estudo
Para que o gestor possa tomar as decisões nas empresas que administra é impor-
tante que ele conheça a lógica econômica. Independente do tamanho da empresa
é necessário conhecer a evolução da economia, sua conjuntura, suas perspectivas
futuras e principalmente seu estágio atual. Não há possibilidades de gerir qualquer
atividade se o gestor não compreender o significado da economia para o mercado.
Para entendermos a importância da economia na vida das pessoas é importante
compreendermos que o estudo da economia tem por objetivo formular propostas
a fim de resolver ou minimizar os problemas econômicos, atendendo, assim, às
necessidades humanas e promovendo o bem-estar de cada um. Dessa forma, pode-
mos conceituar a economia como uma ciência social que estuda como a sociedade
decide empregar os recursos produtivos escassos, ou seja, os fatores de produção
terra, trabalho e capital, a fim de mais bem atender às necessidades da coletividade
(VASCONCELLOS; GARCIA, 2006).
Depois destacamos o termo social; como vocês já ouviram muitas vezes, o homem é
um ser social, isto é, vive em grupos e sob determinada organização social. Isso quer
dizer que temos leis, normas e regras que devem ser seguidas para garantir um bom
convívio social, ou seja, garantir não só o convívio, mas também a sobrevivência
do grupo.
Saiba mais
O homem vive em sociedade, o todo social exige certo nível de organização para que as atividades
que promovem a existência e subsistência do homem sejam possíveis. Para saber e entender mais
sobre o tema organização social você deve estudar o material indicado acessando o link:
RIBEIRO, Paulo Silvino. O que é organização social? Disponível em: <http://www.brasilescola.com/
sociologia/o-que-organizacao-social.htm>. Acesso em: 23 out. 2012.
4 INTRODUÇÃO À ECONOMIA
Depois destacamos a palavra decidem, o que quer dizer que os homens terão que
fazer escolhas. Feita a escolha eles empregam, ou seja, utilizam os fatores produtivos.
Recursos produtivos, fatores de produção ou meios de produção referem-se aos recur-
sos utilizados pela sociedade para produzir bens e serviços. Eles estão agrupados em
grandes categorias como: recursos naturais, recursos humanos, capital, tecnologia.
Mais à frente falaremos deles com mais detalhes.
Quanto às palavras bens e serviços, trata-se de itens produzidos para satisfazer
as necessidades humanas. Conforme veremos mais à frente eles recebem diferentes
classificações.
Quanto às necessidades humanas destacamos que as pessoas procuram bens e
serviços porque eles são úteis, ou seja, satisfazem alguma necessidade. Um exemplo
de como são e evoluem as necessidades humanas é representado pela Hierarquia das
Necessidades de Maslow. Segundo essa teoria os seres humanos têm desde necessi-
dades básicas, que estão na base da pirâmide, até necessidade de autorrealização,
que está no topo da pirâmide. Muitas dessas necessidades precisam de diversos bens
e serviços para serem satisfeitas. Assim, com esse exemplo, podemos ver que as ne-
cessidades se transformam e evoluem; se pensarmos na humanidade toda, veremos
que de fato elas são ilimitadas.
Falando especificamente dos produtos e serviços. Se você pensar um pouco verá
que existe uma infinidade de produtos e serviços que se destinam à satisfação dessas
necessidades. Não que elas dependam somente de recursos materiais para serem sa-
tisfeitas, mas, como estamos no campo da economia, devemos observar quais delas
podem ser supridas pela existência de recursos materiais e disponíveis no mercado
de bens e serviços.
A palavra escasso vem do termo escassez. Esse termo pode ser entendido como
referência a valores absolutos, como se produzirmos todos os bens e serviços para
satisfazer todas as necessidades até que todos os seres humanos estejam satisfeitos,
com certeza esgotaremos os recursos naturais do planeta. Ou em termos relativos,
quando, por exemplo, temos um aumento no preço do açúcar, a cana (que é um
recurso natural) é direcionada para produção de açúcar, então ocorre queda da pro-
dução de etanol no mercado interno.
Essa escassez é momentânea até que a nova safra de cana seja produzida ou que
os produtores reduzam a produção de açúcar e direcionem a cana para produção de
etanol. Assim, outros exemplos podem ilustrar a escassez: o tempo que você estuda
não pode ser utilizado em lazer; quando vai ao supermercado seu dinheiro é limitado
e você terá que escolher o que comprar assim como as quantidades; a fábrica de
confecções tem máquinas que devem ser utilizadas na produção de roupas, mas o em-
presário deverá escolher o que produzir já que a demanda por roupas é diversificada.
Do conceito de economia podemos, então, concluir que, se há produção de bens
e serviços e eles satisfazem as necessidades humanas, ao mesmo tempo isso atende
a uma questão econômica. Por meio da produção dos bens, gera-se riqueza que
será distribuída pela sociedade. Também podemos ver que do conceito de economia
Iniciação à economia 5
de comércio, quando não é possível arrumam-se sucedâneos para estes, por exemplo,
amor não se vende, mas sexo sim.
Esta leitura se explica pela análise histórica da evolução da economia. Nas eco-
nomias anteriores ao capitalismo: os bens eram intercambiados em feiras sazonais
ou mercados permanentes; as pessoas produziam para seu consumo básico e não
dependiam do mercado para isso; o dinheiro era importante para adquirir bens de
ostentação.
Assim, o tempo dedicado a ganhar dinheiro devia ser menor que o tempo dedicado
ao autoconsumo e as atividades não econômicas de cunho religioso e recreativo. A
produção era artesanal, realizada em unidades pequenas, corporações de ofícios.
Nesses casos havia uma limitação do volume da produção cujo objetivo era manter
o preço justo. Além disso, para manter a qualidade dos produtos, proibiam-se as
inovações técnicas valorizando a tradição e a defesa das vantagens adquiridas no
passado; essa economia prevalece na Idade Média.
Surge no século XVI o capitalismo manufatureiro como fruto da formação do
mercado mundial e das grandes navegações. Nele ganham destaque os produtos
com grande densidade de valor, como ouro, prata, tabaco. Com o crescimento dos
mercados, o capital, que antes circulava mercadorias e valores, adentra a produção
e torna-se manufatureiro. Na Europa muitos empresários capitalistas investem e em-
pregam muitas pessoas para atender a demanda dos novos mercados, que surgem
com a queda das barreiras que os separavam. O desenvolvimento da navegação é
condição necessária para a unificação dos mercados, e o acesso econômico a esses
mercados foi garantido pelas monarquias, que contribuíram para a superação das cor-
porações. De forma geral, o avanço do capitalismo manufatureiro foi lento e desigual
(em consequência da exploração das metrópoles sobre as colônias), e alcança melhor
desenvolvimento na Grã-Bretanha criando condições para a Revolução Industrial.
Reunindo vários trabalhadores sobre o teto da fábrica o capitalista pode, por meio
da divisão técnica do trabalho, alcançar maior escala de produção e maior produtivi-
dade do trabalho. A divisão técnica do trabalho dentro da manufatura proporcionava
aumento de produtividade de três formas: poupando tempo concentrando o trabalha-
dor em uma única atividade, aumentando a destreza e especialidade naquele trabalho,
e ensejando a invenção de várias ferramentas adaptadas a cada tipo de trabalho.
Aos poucos as atividades de subsistência começaram a ser incorporadas à econo-
mia capitalista (de mercado). Do desligamento do trabalhador da produção de bens
para sua subsistência surge o assalariamento (proletários puros), o mercado de bens
para assalariados que também atendia os demais dependentes do mercado, ou seja,
aquelas pessoas que compravam no mercado as mercadorias para sua subsistência.
No capitalismo industrial, a maquinofatura substitui o trabalho do homem pelo da
máquina na realização de tarefas, assim o operário é reduzido a servente da máquina,
cuja força, velocidade e regularidade são superiores às dele. Enquanto o capitalismo
manufatureiro desejava a unificação do mercado nacional e necessitava, para isso,
da intervenção do Estado (no mercantilismo cabe ao Estado promover as exportações
8 INTRODUÇÃO À ECONOMIA
continua
Iniciação à economia 11
continuação
Fonte: Do autor.
onde não haverá excesso (porque um setor que der prejuízo não terá produtores e um
setor com muito lucro atrairá muitos produtores) nem escassez de produtos. Caso não
haja nenhuma interferência do governo nas leis de mercado, ele tenderá a manter
equilibrado o ciclo de produção-distribuição-consumo, por meio da lei da oferta e
procura. Os mercados funcionando livremente não falham.
Para os marxistas, o ciclo produção-distribuição-consumo, da economia capita-
lista, contém conflitos sociais de distribuição de renda. Os empresários reinvestem
parte dos lucros e isso aumenta a capacidade de produção, porém, ao adotarem
a estratégia de reduzir custo, reduzem o número de empregados e pagam baixos
salários. Se todos os empresários agem da mesma forma e sendo os consumidores
compostos por grande número de empregados, que diminuem em número (aumento
dos desempregados) ou têm o salário reduzido, como consequência afeta-se o con-
sumo. Dessa forma, a demanda solvável não cresce de acordo com a produção e
nesse caso haverá excesso de produção, estoques e capacidade ociosa nas empresas.
E o consumo será cada vez menor por parte dos empregados.
Ocorre que a economia não foi sempre capitalista, ela começa com a criação do
trabalho assalariado, que ocorre com a separação do pequeno produtor dos meios
de produção de sobrevivência (autoconsumo). O capitalismo se espalha pelo impe-
rialismo dos países mais adiantados na Revolução Industrial e que impõem a partir
daí uma divisão internacional do trabalho. Num mundo em que a industrialização
se expandia, era necessário um número cada vez maior de trabalhadores.
Os primeiros regimes democráticos eram elitistas (só empresários podiam votar);
com o crescimento da massa de trabalhadores assalariados os movimentos sindicais
ganham força e conquistam o direito ao voto para os trabalhadores. Os trabalhadores
elegem aqueles que têm propostas que os protejam ante os empresários. Durante
uma época específica, a partir de 1930 até final da década de 1970, os políticos
que defenderam os movimentos sociais se elegeram e então surge uma política de
promoção do melhor bem-estar social. O problema é que essas políticas significa-
ram aumento dos gastos públicos. Foi o período em que foram postas em prática as
recomendações da teoria keynesiana.
No período da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), Segunda Guerra Mundial
(1939-1945) e da Grande Depressão de 1930, ocorre o avanço dos regimes democrá-
ticos no mundo. Nesse momento verifica-se também a divisão da microeconomia e
macroeconomia como marco implantado depois da teoria keynesiana, e o surgimento
do neoliberalismo buscando explicar com fundamentos microeconômicos os fatos
ocorridos pós-1960.
Na atualidade a discussão econômica é sobre a existência de um grande setor
público que tem ampla receita e grande despesa e que influi decisivamente sobre os
rumos da economia de mercado. Em relação à participação do Estado na economia, a
dúvida é entre bens públicos (seus custos e benefícios) e bens privados, ou seja, qual
o grau de intervenção do governo na economia que possa ser considerado aceitável.
Não devemos esquecer que os choques do petróleo (1973 e 1979) culminaram nas
Iniciação à economia 13
crises das dívidas externas dos países em desenvolvimento ao longo de toda a dé-
cada de 1980, isso foi um dos grandes responsáveis pelo crescimento do gasto e do
endividamento público. Os problemas de subdesenvolvimento, como endividamento,
fome e miséria, se agravaram.
Logo, o aumento do gasto público e as formas de financiamento deste levaram às
discussões sobre o processo inflacionário. Argumenta-se que o aumento da inflação
surge em virtude da necessidade de financiar os gastos do governo, em princípio, da
emissão excessiva de moeda.
Os marginalistas começaram a argumentar que a inflação era um inimigo pior do
que o desemprego e, como em 1980 viu-se um processo estaginflacionário (cresci-
mento dos preços sem crescimento da produção), nos regimes democráticos os polí-
ticos neoliberais ganharam espaço. Ganham forças as propostas para ter um Estado
mínimo, incentivar a competitividade individual entre as empresas. Desde então, os
países adotam políticas de contenção da demanda solvável (com a redução do gasto
público) a fim de evitar a necessidade de emissão de moeda e assim conter a inflação.
Abandonou-se por parte dos países a busca por melhores níveis de emprego. A
inflação tornou-se um problema difícil de combater porque surge do conflito exis-
tente entre capitalista, empregado e Estado para ver quem fica com a renda gerada
na produção de bens e serviços. Cada um desses agentes quer garantir que sua parte
não se reduzirá.
A discussão passa pelos neoliberais, que propõem o Estado mínimo sempre, e os
keynesianos, que propõem políticas públicas todas as vezes que a economia apre-
sentar baixo crescimento do produto. Para os neoliberais o Estado mínimo reduzirá
a carga tributária e ainda deixará espaços para a iniciativa privada atuar, por isso
propõe a privatização de vários setores da economia. Em termos de legislação pregam
a supremacia dos ganhadores (no caso dos capitalistas). Para os keynesianos haverá
problemas que impedem que a demanda solvável seja igual à oferta potencial, em
períodos de crise a diferença entre um e outro é grande, então será necessário que
o governo amplie seus gastos para reduzir a diferença entre essas duas variáveis.
Por outro lado, só o Estado pode levar a melhor distribuição dos benefícios do
desenvolvimento porque ele pode oferecer produtos e serviços a preços mais baixos
sem se preocupar com a geração de lucro. Enfim, os rumos da economia capitalista,
na definição dos mecanismos corretos de administração pública e do real espaço
para a iniciativa privada e trabalhadores, ainda são uma construção que tem muito
a revelar nos próximos anos, isso não é uma questão fechada.
Nesse entremeio nem marxistas, neoclássicos ou keynesianos dedicaram tempo à
discussão sobre a questão ambiental. Enquanto nos anos anteriores a discussão sobre
inflação e intervenção do Estado era urgente, na atualidade outra questão urgente
é o meio ambiente. Nesse sentido vamos estudar com mais detalhes a Economia do
Meio Ambiente.
14 INTRODUÇÃO À ECONOMIA
Importante observar que a preocupação das indústrias com o meio ambiente rara-
mente se dá apenas pela consciência da escassez de recursos naturais. Em geral, ela
ocorre em função das exigências de mercado, sobretudo em função da consciência
ecológica que vem provocando modificações no comportamento dos consumidores.
16 INTRODUÇÃO À ECONOMIA
usos alternativos para aplicar um recurso produtivo, essa escolha envolve a renúncia
a uma das aplicações possíveis. Assim, por exemplo, se você utiliza uma hora de seu
tempo para estudar não poderá utilizar essa mesma hora para ir ao cinema. Então,
seu custo de oportunidade para estudar é não ir ao cinema nessa uma hora. E claro
que sua escolha é movida pela utilidade que você atribui a cada uma das alternativas
disponíveis para essa uma hora.
De maneira geral, a escolha entre as alternativas de produção e distribuição da economia
se dá pela obtenção dos resultados do exercício da atividade econômica. Isso ocorre porque
há implicações maiores por trás desse conceito, como o relacionado ao valor de troca dos
bens no mercado. Por exemplo, se uma empresa tem uma unidade de produção de sucos
e com os mesmos equipamentos consegue produzir suco de laranja ou suco de limão, ela
deverá escolher quanto produzir de cada um, sabendo que o aumento na produção de um
implica a redução da produção do outro, de acordo com o conceito de custo de oportunidade.
Se essa empresa sabe que o mercado está pagando R$ 2,00 pelo litro do suco de laranja e
R$ 4,00 pelo suco de limão, ela optará por produzir mais suco de limão que de laranja, pois
ao vender o suco de limão ganhará o dobro do que vender o suco de laranja e isso também
ampliará seu poder de compra em relação aos fatores e insumos de produção. A relação do
custo de oportunidade geralmente é representada por um gráfico bidimensional com dois
bens, demonstrando a possibilidade de produção condicionada à troca entre as quantidades
de bens produzidos, conforme Gráfico 1.1 a seguir.
Links
Você poderá estudar mais profundamente os conceitos e exemplos de custo de oportunidade
consultando o link:
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-92511990000100002&script=sci_arttext>.
Fonte: Do autor.
Iniciação à economia 19
Por meio do gráfico podemos verificar que nos pontos X e Y a empresa não estaria
sendo eficiente, pois ela não estaria utilizando plenamente os fatores de produção
de que dispõe para produzir os sucos. Então, para utilizar melhor sua capacidade de
produção e ter mais eficiência, ela poderia aumentar a produção para um nível S,
que estaria sobre a fronteira de possibilidade de produção. Isso indica que a empresa
está utilizando plenamente os fatores de que dispõe para produzir os dois bens que
sua estrutura de produção permite.
ticipação do Estado para a sua solução. Keynes aponta dois grandes problemas
do sistema capitalista, que é o desemprego e a má distribuição da renda e da
riqueza. Assim ele abre espaço para mudanças na teoria econômica e na própria
política econômica, por meio da intervenção do Estado na economia. Apesar de
defender a participação do governo na atividade econômica, a teoria de Keynes
não defendia o controle total pelo Estado e mantinha-se a favor do respeito à
propriedade privada. O Estado somente deveria atuar onde a iniciativa privada
não tinha interesse em participar. Com a teoria de Keynes poder-se-ia verificar
que a busca do pleno emprego tornou-se um objetivo macroeconômico a ser
alcançado por vontade política.
Mais recentemente, por volta do final dos anos 1980 e início dos anos 1990,
surgiu uma nova onda de afastamento do Estado da economia. Conforme as
decisões impostas pelo que foi chamado de Consenso de Washington e, em
virtude do processo de globalização, percebeu-se uma desenfreada corrida,
sobretudo dos países subdesenvolvidos, em livrar-se das empresas estatais,
promovendo uma verdadeira avalanche de privatizações. Essa nova condição
significou a volta do Liberalismo Econômico, com a valorização do mercado e
o afastamento do Estado da economia, agora denominado de neoliberalismo.
Assim, estamos passando por um novo movimento econômico em defesa da
concorrência pura, porém adaptada aos novos tempos, depois de um longo
período de predominância do keynesianismo.
Os bens de capital são utilizados na fabricação de outros bens, mas não se des-
gastam totalmente no processo produtivo. Isso quer dizer que os bens continuarão
a gerar novos produtos. É o caso de máquinas, equipamentos e instalações. São
usualmente classificados no ativo fixo das empresas.
Os bens intermediários são transformados ou agregados na produção de outros
bens e são consumidos totalmente no processo produtivo. São os insumos, matérias-
-primas e componentes. Diferenciam-se dos bens finais, que são vendidos para con-
sumo ou utilização final. Bens de capital e bens de consumo são bens finais e não
intermediários (VASCONCELLOS; GARCIA, 2006).
Demanda
Oferta de Para quem de
Fatores produzir Fatores
de
de
Produção
Mercado de Fatores de Produção Produção
Fluxo Monetário
Fluxo Real
Fonte: Adaptado de Mendes (2009, p. 15).
26 INTRODUÇÃO À ECONOMIA
Saiba mais
Para estudar e entender mais sobre os conteúdos aqui abordados sugiro a você que leia o primeiro
capítulo dos livros abaixo:
MENDES, Judas Tadeu Grassi. Economia: fundamentos e aplicações. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2004.
MOCHÓN MORCILLO, Francisco. Princípios da economia. São Paulo: Pearson, 2007.
Resumo
Nesta unidade pudemos ver as definições de economia, fizemos um breve
retrospecto da evolução do pensamento econômico, conhecemos os fatores
de produção e as necessidades humanas e estudamos os sistemas econômicos.
Observamos que, independente do agente econômico em ação, verifica-se
que a economia é uma ciência social que se utiliza dos fatores de produção
para atender as necessidades das pessoas.
Observamos que em diferentes contextos históricos os economistas tiveram
preocupação com a produção, circulação e distribuição da riqueza e procu-
raram explicar o funcionamento da economia a partir de suposições distintas.
Percebemos que o problema fundamental da economia é que os recursos
são escassos e as necessidades são ilimitadas. Necessidades estas que são aten-
didas por meio dos bens econômicos, produzidos pela combinação dos fatores
de produção, conforme o conceito dos fluxos real e monetário da economia.
O estudo da economia se dá por dois ramos básicos que são a microeco-
nomia e a macroeconomia.
Na próxima unidade iremos tratar do estudo da macroeconomia, e poderemos
entender como os governos podem tomar medidas econômicas com o objetivo
de proporcionar o equilíbrio da economia e com isso atender ao objetivo básico
da economia, que é proporcionar o bem-estar de cada um dos habitantes do país.
28 INTRODUÇÃO À ECONOMIA
Atividades de aprendizagem
Nas questões a seguir assinale x nas alternativas conforme o que se pede.
1. Assinale a teoria econômica que começou a vigorar a partir da grande depressão
de 1929 e defende a participação do Estado na economia, nos pontos em que
a iniciativa privada não atua:
a) Capitalismo
b) Socialismo
c) Liberalismo
d) Keynesianismo
e) Neoliberalismo
2. Suponha que você esteja lendo um texto de economia e que o autor faça a
seguinte afirmação: “devemos dar toda atenção a agricultura, pois é somente
com ela que a produção do país pode crescer”. Tendo em vista as escolas do
pensamento econômico, o autor desse texto se enquadra na escola:
a) Clássica
b) Mercantilista
c) Fisiocrata
d) Keynesiana
e) Neoclássica
3. Sua ideia mais geral era de que o capital não é simplesmente o conjunto de má-
quinas e equipamentos, mas sim que é uma relação de produção que surge com
o aparecimento da burguesia. Essas afirmações são especificamente feita por:
a) John Maynard Keynes
b) Adam Smith
c) David Ricardo
d) Karl Marx
e) Alfred Marshall
4. Um dos princípios fundamentais da economia incorpora a noção de que sempre
enfrentamos a situação de escolher entre duas ou mais opções e de termos que
optar por uma coisa em detrimento de outra, visto que os recursos são escassos
mas podem ser utilizados em diferentes alternativas. Popularmente podemos
dizer que toda escolha envolve um custo em termos de perda daquilo que
abrimos mão quando escolhemos. Esse custo é conhecido como:
Iniciação à economia 29
a) Custo total
b) Custo variável
c) Custo marginal
d) Custo médio
e) Custo de oportunidade
5. John Maynard Keynes foi um economista conhecido por escrever o livro Teoria
Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. Ele escreveu procurando explicar a crise
de 1929. Identificou a crise como crise de superprodução. Sua proposta para
que reduzíssemos esse problema foi que era necessário o governo incentivar:
a) o aumento da renda dos capitalistas;
b) o aumento da riqueza das nações;
c) o aumento dos impostos;
d) a agricultura sustentável;
e) o aumento da demanda efetiva.
6. Responda as questões a seguir.
a) A maneira como as sociedades econômicas resolvem os problemas eco-
nômicos fundamentais depende da forma da organização econômica do
país, ou seja, do sistema econômico de cada nação. Um sistema econômico
pode ser definido como a forma política, social e econômica pela qual está
organizada uma sociedade. Classifique os sistemas econômicos e comente
cada um deles.
b) Por volta do final dos anos 1980 e início dos anos 1990, surgiu uma nova
onda de afastamento do Estado da economia. Esse movimento veio na
esteira do processo de globalização. Que nome recebeu esse movimento
e explique o que ele representou.
c) Pela adequada combinação dos fatores de produção, a economia buscará dar
resposta às dificuldades encontradas. Assim, qual o objetivo da economia?
d) Apresente os tipos de bens econômicos e explique o que representa cada
um deles.
e) Explique a inter-relação da economia com as demais áreas do conhecimento.
Unidade 2
Elementos básicos
de macroeconomia
Regina Lúcia Sanches Malassise
Wilson Salvalagio
Introdução ao estudo
Como pudemos ver na Unidade 1, o estudo da teoria econômica divide-se em
duas partes: a microeconomia e a macroeconomia. Esta última, que é o objeto de
nosso estudo nesta unidade, analisa os agregados econômicos, buscando estudar o
comportamento da renda nacional, da produção total de bens e serviços do país, bem
como a evolução da inflação, os investimentos totais da economia, as exportações,
o nível de emprego etc. (LANZANA, 2002).
Ao longo do estudo desta unidade, teremos a oportunidade de analisar e com-
preender as diversas medidas de política econômica adotadas pelos governantes, e
de entender o significado de cada ação tomada. Muitas vezes ouvimos ou lemos nos
noticiários que o governo está tomando alguma ação de política fiscal ou monetária.
Com este estudo poderemos entender o real significado dessas medidas e quais seus
objetivos.
teia a economia que é o bem-estar de cada cidadão do país. Nesse sentido é natural
que os governos tenham a preocupação de por meio dos instrumentos econômicos
atenderem aos objetivos de política econômica.
Links
Você pode ler mais sobre isso no link:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Paridade_do_poder_de_compra>.
É fato que há uma estreita relação entre produção e emprego, portanto, quando
se busca atingir o objetivo de crescimento da produção, automaticamente se está
procurando ampliar o nível de emprego da economia. Na realidade, busca-se atingir o
pleno emprego dos fatores de produção na economia, gerando bem-estar à sociedade.
É importante distinguir crescimento econômico de desenvolvimento econômico.
Os países que buscam atingir melhores níveis de desenvolvimento econômico querem
promover a melhoria do bem-estar de seus cidadãos. Geralmente o desenvolvimento
econômico de um país é medido pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
A elevação do IDH surge como resultado do aumento da renda real per capita por
um longo período de tempo e é um índice que contempla três dimensões que são:
expectativa de vida ao nascer, acesso a escolaridade e renda per capita. O IDH varia
de 0 a 1 e quanto mais próximo de 1 mais desenvolvido o país e melhores são as
condições de vida de seus cidadãos. Na Tabela 2.1 você pode conferir o ranking dos
dez países com maiores IDHs e os dez com os piores IDHs. Situado no meio da tabela
destacamos a posição do Brasil que é classificado no conjunto de países com IDH alto.
Elementos básicos de macroeconomia 35
Links
Você pode conferir no link abaixo mais detalhes da estimativa do IDH 2011:
<http://hdr.undp.org/en/media/HDR_2011_EN_Tables.pdf>.
Links
Para calcular sua pegada ecológica acesse o link:
<http://www.footprintnetwork.org/en/index.php/GFN/page/calculators/>.
Links
Você pode ler mais sobre Desenvolvimento Sustentável consultando o link:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Desenvolvimento_sustent%C3%A1vel>.
serviços, trabalho, moeda etc.), mas para que isso ocorra é necessário ter um marco
jurídico legal que estabeleça os direitos e obrigações dos envolvidos para que qual-
quer conflito possa ser resolvido dentro desse marco legal. Dessa forma, agiliza-se
o processo de tomada de decisão por parte dos agentes econômicos (empresários,
governo, trabalhadores, instituições etc.), além disso, a existência da moeda facilita
as transações de compra e venda nos mais diversos mercados.
Assim, na medida em que as economias crescem, é necessário desenvolver in-
centivos para que as trocas, a produção e o consumo continuem sendo estimulados
na economia. Na atualidade a grande maioria dos economistas concorda que esses
estímulos surgem de três fontes distintas, são elas:
investimento e poupança;
capital humano;
tecnologia.
Nas linhas a seguir vamos explorar um pouco cada uma dessas importantes fontes
de estímulo do crescimento econômico.
Em economia o investimento considerado é aquele que permite aumentar a capa-
cidade produtiva do país. Assim, a aplicação de capital/dinheiro na compra de meios
de produção, como máquinas, equipamentos, infraestrutura que serão utilizados para
produzir outros bens e serviços para o consumo final, e que por isso recebem o nome
de bens de capital, é chamado de investimento produtivo. Então, o investimento
refere-se ao uso do capital dinheiro para adquirir bens de capital. Porém, para que o
investimento se realize é necessário que a taxa de lucro proporcionada por ele supere
a taxa de juros da economia e que existam fontes de financiamento.
Uma das fontes de financiamento do investimento é a poupança. Existe uma
controvérsia entre clássicos e keynesianos sobre a origem da poupança em função da
taxa de juros. Para os clássicos a poupança surge somente da renda não gasta e ela
será tanto maior quanto maior a taxa de juros. Para os keynesianos numa economia
monetária a poupança surge como resultado da demanda por investimento, e para
investir é necessário ter fontes de financiamento que podem ser recursos da poupança,
da emissão monetária e do crédito. Nesse contexto a taxa de juros passa a ser um
determinante fundamental do comportamento dos investimentos.
De qualquer forma podemos concluir que a taxa de juros é o elo entre poupança
e investimento e, por isso mesmo, é sempre difícil para os governos controlar a taxa
de juros de forma que ela não seja tão baixa que desestimule a poupança e nem tão
alta que desestimule os investimentos. Quando formos trabalhar o Sistema de Contas
Nacionais do país veremos como se dá a formação de recursos para o investimento
na economia. O Gráfico 2.2, a seguir, ilustra o comportamento do investimento e da
poupança no Brasil, medidos em percentuais do PIB.
38 INTRODUÇÃO À ECONOMIA
Links
Para que você compreenda um pouco mais sobre o dilema poupança, investimento e financia-
mento, dedique um tempo acessando o link a seguir:
<http://www.ie.ufrj.br/moeda/pdfs/investimento_poupanca_e_financiamento.pdf>.
Links
Você pode ler o artigo de Paulo Nogueira da Costa na íntegra consultando o blog:
<http://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2011/04/06/escolaridade-e-emprego/>.
No material do link você pode verificar que a parcela dos trabalhadores com 11
anos ou mais de estudos cresceu passando de 42,3% para 54%, e que a taxa de de-
semprego registra queda para esse grupo em 2010 de 6,52%. O desemprego também
caiu para os sem instrução que registraram taxa de 5,54% e para os trabalhadores
que têm entre 8 a 10 anos de estudo cuja taxa de desemprego ficou em 9,07% em
2010. O autor complementa informando que “estudos verificaram que cada ano adi-
cional de educação proporciona um aumento médio de 13% da renda do trabalho”
(COSTA, 2011, p. 1).
Outra importante fonte de estímulo ao crescimento econômico é a tecnologia,
nas palavras de Sandroni (1999, p. 594) ela pode ser definida como:
Ciência ou teoria da técnica. Abrange o conjunto de conhecimentos
aplicados pelo homem para atingir determinados fins. As inovações
tecnológicas determinam, quase sempre, uma elevação nos índices
de produção e um aumento da produtividade do trabalho.
Várias são as experiências de países que, ao não controlarem sua inflação, não ob-
tiveram um crescimento sistemático da produção de bens e serviços. O Brasil é um
exemplo claro dessa situação, haja vista que o país ficou praticamente estagnado
durante toda a década de 1980 e por conta de passar por um processo inflacionário
muito forte. Mais adiante teremos um capítulo específico de economia brasileira no
qual será abordado o problema da inflação.
Por ora cinco questões sobre a inflação precisam ser esclarecidas para que você
avance na leitura com um pouco mais de conhecimento sobre o tema, são elas: o
que é inflação, qual a origem da inflação, quais as consequências para a economia,
quais as teorias que tentam explicá-las e uma breve explanação sobre os índices.
sente. No Brasil uma forma comum de combate à inflação inercial foi a adoção de
tabelamentos e congelamentos de preços e salários, nos quais ficavam proibidos os
reajustes e a utilização de índices de preços para reajustes dos mesmos.
A esta altura muitos de vocês podem estar se perguntando por que precisamos
combater a inflação. Em linhas gerais os principais argumentos para o combate à
inflação podem ser elencados partindo-se de suas consequências, dentre as quais
podemos destacar:
I) Desconfigura a noção de preços relativos da economia: o preço refere-se ao
preço de uma mercadoria em termos de quanto ela compra de outras merca-
dorias. Esse preço é extremamente importante para a microeconomia, pois no
processo de produção de bens e serviços os empresários incorrem em custos
de produção que são o pagamento pelas matérias-primas e salários, por exem-
plo. Eles estabelecem uma relação entre o custo de produção e o preço de seu
produto, e, portanto, qualquer alteração nos custos tem implicações sobre os
preços. Por exemplo, se os custos de matéria-prima representam 35% de um
produto que custa R$ 100,00 então seu custo é R$ 35,00. Porém, se houver
aumento no custo da matéria-prima em 10%, ela passará a representar 38,5%
(35% + 10% = 38,5%) do mesmo produto cujo preço é R$ 100,00. Perceba
que agora o custo subiu para R$ 38,50. Conclui-se que o preço relativo do
bem em termos de seu custo caiu, pois, se antes R$ 100,00 – R$ 35, 00 = R$
75,00, agora o preço relativo do bem é R$ 100,00 – R$ 38,50 = R$ 61,50.
Conclui-se que, se os custos subirem e os preços em valores absolutos não,
o preço relativo do bem se reduzirá. Na prática o preço relativo de um bem
é o quanto ele compra dos demais bens. Constitui-se num preço importante
para a empresa, pois a empresa produz e vende e depois começa o ciclo de
produção novamente, porém para isso ela terá que adquirir matéria-prima e
continuar pagando salários. Portanto, deve se ocupar de produzir e vender
mantendo um preço que contemple esses custos dentro de níveis que não
alterem para menos sua margem de lucro.
II) Dificulta investimentos em virtude de problemas sobre como prever os re-
tornos dos mesmos: de fato se todos os preços sobem periodicamente, os
empresários não conseguem prever quanto seus custos aumentarão, não
conseguem prever quanto desse aumento deve repassar aos preços e, como
consequência, não conseguem prever o lucro.
III) Dificulta a estabilização do patamar de variação da taxa de câmbio, pois as
pessoas guardam mais dólar. De fato, quando a moeda nacional se desvalo-
riza, as pessoas tendem a procurar opções que permitam manter o valor de
seus recursos. Normalmente, optam por manter reservas em “moeda forte”,
isto é, que se desvaloriza pouco como o dólar. Quando as pessoas compram
dólar e o guardam, isso exerce pressão para que o real se desvalorize, essa
desvalorização será tanto maior quanto maior for a procura por dólares. As-
sim, a dificuldade em fixar a taxa de câmbio é conhecida como volatilidade
da moeda.
Elementos básicos de macroeconomia 45
gasta acima do que arrecada ele terá um déficit e para pagá-lo ele emite moeda, que
é injetada na economia como forma de pagamento do governo aos seus credores.
Conclui-se que é o aumento do déficit e seu financiamento via emissão monetária
que gera inflação.
a média harmônica e adota o período final como referência para a base de ponde-
ração. Você pode pesquisar na internet para aprender mais sobre esses índices e sua
fórmula de cálculo.
Na prática o cálculo de índices de preços para inflação é feito pelos grandes
institutos de pesquisa, tais como Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
Fundação Getúlio Vargas (FGV), Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE),
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). No
tópico sobre indicadores econômicos mais à frente apresentaremos os principais
índices de preços do Brasil e alguns detalhes sobre sua composição.
Links
Você pode ler mais sobre o índice de Gini consultando o link:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Coeficiente_de_Gini>.
Links
Você pode conhecer melhor o CADE consultando o site:
<http://www.cade.gov.br/Default.aspx>.
Quanto aos bens públicos, em virtude de suas características serem de uso comum
e não excludente, devem ser oferecidos pelos governos aos cidadãos. “Porém, isto
implica não disposição dos agentes em pagar pela disponibilidade deles (por exemplo,
Segurança Nacional) implicando compulsoriedade no custeio deles” (GREMAUD;
VASCONCELLOS; TONETO JÚNIOR, 2002, p. 192, grifo do autor).
Outra importante atribuição do governo em termos de política econômica é exer-
cer a função estabilizadora cujo objetivo é o manejo das políticas econômicas visando
o máximo nível de emprego e crescimento econômico com estabilidade de preços.
E por fim destacamos a função distributiva que corresponde à função do governo
de arrecadar impostos de determinadas classes sociais e transferi-los para as demais
classes sociais/regiões. No Brasil isso ocorre via implementação das políticas de
subsídios, transferências, programas sociais etc. Uma das formas de trabalhar a dis-
tribuição contemplando as questões regionais é o Fundo de Participação dos Estados
(FPE) e o Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
Links
Você pode conhecer mais sobre os impostos consultando o site do IBPT no link:
<http://www.ibpt.com.br/home/>.
que é a lei que determina quais parâmetros devem ser seguidos na elaboração da
lei orçamentária anual, que deve ser aprovada no ano anterior a sua vigência pelo
Congresso e Senado. E também observar a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)
que limita os gastos do pode público especialmente com a folha de pagamento e
contratação e Pessoal.
Segundo Lanzana (2002) quanto à composição o gasto do governo se divide em
dois grandes grupos: as despesas correntes e os investimentos. As despesas correntes
servem para manter a máquina administrativa do governo funcionando e cumprir
a legislação, e podem ser as despesas de consumo do governo, as transferências,
os juros e subsídios. Já as despesas com investimento são as que o governo realiza
com o objetivo de aumentar a capacidade produtiva do país como a construção de
estradas, hospitais, escolas, rodovias, hidroelétricas etc.
No Brasil os gastos com despesas correntes giram em torno de 38% do PIB e as
despesas com investimento 3% do PIB. Se somarmos veremos que o total de gasto
chega a 41% do PIB, porém, a arrecadação gira em torno de 34%, logo o governo
tem um déficit1 anual, isto é, um gasto maior que a arrecadação. É importante lembrar
que déficit é um conceito anual, isto é, é referente ao que o governo deve no ano em
que para o qual foi apurado, e que dívida refere-se ao montante total que o governo
deve, independente do ano de exercício financeiro. O déficit tem vários conceitos
dependendo da forma e das variáveis que são incluídas em seu cálculo.
*
Ao contrário, caso a arrecadação fosse maior que os gastos, teríamos um superávit fiscal.
54 INTRODUÇÃO À ECONOMIA
Por meio das medidas de política fiscal, o governo pode elevar os impostos para
arrecadar mais ou realizar corte de gastos públicos. Em ambos os casos o objetivo é
dispor de mais recursos para a cobertura do déficit.
O financiamento por meio de recursos extrafiscais pode se dar pela emissão de
moeda e vendas de títulos da dívida pública ao setor privado. No primeiro caso trata-
-se de um recurso inflacionário, porém não gera aumento do endividamento público.
No segundo caso, o governo troca títulos por moeda que já está em circulação, o
que não provocaria inflação. Contudo, esse tipo de financiamento provoca elevação
da dívida pública, e o governo, para conseguir colocar esses títulos no mercado,
precisará oferecer taxas de juros mais atraentes, provocando elevação adicional no
endividamento, por meio dos juros mais elevados. Nota-se que o financiamento do
déficit público deverá estar em consonância a um objetivo bem definido de política
econômica (VASCONCELLOS; GARCIA, 2006).
Fonte: Do autor.
Deve ainda considerar os motivos pelos quais a pessoas querem moeda, ou seja,
os motivos para os agentes demandarem moeda, são eles: transação (para intermediar
a compra e venda de bens e serviços), precaução (ter dinheiro para os imprevistos)
e especulação (comprar mais barato para vender mais caro depois).
Com a política monetária o governo pode atuar sobre a taxa de juros, pode au-
mentar ou diminuir o dinheiro que circula na economia, pode aumentar ou diminuir o
volume de dinheiro disponível para os bancos emprestarem (atuando sobre o depósito
compulsório) e pode restringir ou facilitar o crédito. Assim, os instrumentos clássicos
de política monetária são a política de taxa de juros, o controle da base monetária e
o depósito compulsório dos bancos (LANZANA, 2002). Assim, os principais instru-
mentos de política monetária estão listados no Quadro 2.2, a seguir.
a) emissão de moeda;
b) reservas compulsórias;
c) operações de open market (compra e venda de títulos públicos);
d) operações de redescontos (empréstimos do Banco Central aos bancos comerciais);
e) regulação do crédito.
Fonte: Do autor.
consumo (A). Por outro lado os demais gastos são limitados pela renda; espera-se
que as famílias gastem conforme sua renda (b), porém nem toda a renda será
gasta, uma parte será poupada podendo ser direcionada para investimentos.
I = ΣRn / (1+r)n => função investimento (I) que depende da soma das receitas espe-
radas do investimento no período (ΣRn) que deve ser acima das taxas de juros reais
da economia registradas durante o período ((1+r)n). Ocorre que r = (1+i) / (1+π),
isto é, a taxa de juros reais (r) depende da taxa de juros nominais (1+r) descontada
a inflação (1+ π). E a taxa de juros nominais é i = ie + rs + πi – πe, isso significa
que a taxa de juros nominais (i) em economia aberta deve ser acima da taxa
de juros externa (ie) e cobrir o risco país (rs) e a inflação interna (πi) descon-
tando a inflação externa (-π e). Os empresários investem para ter retorno real
do negócio (ganhos acima da inflação) maior que a taxa de juros do mercado
(ser um investimento melhor que as aplicações financeiras). Keynes chama o
retorno do investimento de eficiência marginal do capital.
Os gastos do governo são G = f (T), ou seja, os gastos são função da arrecada-
ção dos tributos (T). Se o governo só gastar o que arrecadar, não terá dívida e
seu orçamento será equilibrado.
As exportações são X = f(Y*, e), isto é, que é função da renda do resto do mundo
(Y*) e da taxa de câmbio (e). Se a renda (riqueza) no mundo aumenta, as pes-
soas compram mais e nós exportamos mais, e se o real estiver desvalorizado
em relação ao dólar, nossas exportações também aumentam.
As importações são M = f(Y,e), isto é, que é função da renda nacional (Y) e
da taxa de câmbio (e). Se a renda dos brasileiros aumentar, nós compraremos
mais e isso deve aumentar as importações, e se o real se valorizar nós devemos
também importar mais produtos e viajar ao exterior.
Links
Para ver um exemplo das contas no Brasil consulte o link:
<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/contasnacionais/2008/tabelas_pdf/tab04.pdf>.
Ainda falando sobre o produto, alguns outros conceitos são também relevantes.
Em termos de produto podemos ter o PIB, que é produzido dentro das fronteiras
geográficas do país, e o Produto Nacional Bruto (PNB), que corresponde ao PIB des-
contada a renda líquida enviada ao exterior (RLEE). Podemos ter também o Produto
Nacional Líquido (PNL) descontando-se a depreciação do PNB.
Devemos destacar também que podemos ter o produto medido em termos de
preços de mercado, o que inclui os impostos e desconta os subsídios (PNLpm); e
podemos ter também o produto medido em termos de custo de fatores, para isso,
partimos do PNL, deduzimos os impostos pagos na produção e adicionamos os sub-
sídios (PNBcf). Algebricamente temos:
PNB = PIB – RLEE
PNL = PNB – Depreciação
PNLpm = PNL + Impostos – Subsídios
PNLcf = PNL – Impostos + Subsídios
Todos esses indicadores do nível de produto da economia servem para sinalizar
para o governo como está o nível de emprego da economia. Quando nos referimos
a emprego estamos falando de trabalhadores e também da utilização da capacidade
instalada de produção das empresas, pois quanto mais produção mais emprego.
Assim, a preocupação da Teoria Macroeconômica é mais de curto prazo, ocupando-
-se de questões do desemprego, por exemplo, que ocorrem toda vez que a economia
(isto é, as empresas) está trabalhando abaixo de seu máximo de produção. Quando isso
62 INTRODUÇÃO À ECONOMIA
ocorre temos implicações sobre vários mercados, o que causa uma desestabilização de
preços. Por isso, a macroeconomia se ocupa, em grande parte, das questões conjuntu-
rais como as relativas ao desemprego e à inflação e com os instrumentos pelos quais
os governos podem atuar sobre essas questões (VASCONCELLOS; GARCIA, 2006).
A – Balança comercial
1 Exportação
2 Importação
3 Saldo (1 – 2)
B – Balança de serviços
1 Juros (líquido)
2 Outros serviços
3 Saldo (1 + 2)
C – Transferências unilaterais
D – Balança de transações correntes (A3 + B3 + C)
E – Balança de capitais
1 Ingresso de capitais (risco)
2 Empréstimos Liq. -
3 Saldo (1 + 2)
F – Erros e omissões
7 – Saldo balanço de pagamentos (D + E3 + F)
8 – Transações compensatórias
Fonte: Do autor.
O registro das contas ocorre com a utilização do método das partidas dobradas
em que um crédito numa conta resulta em débito em outra, mantém o equilíbrio
interno no qual débito é igual e crédito.
Elementos básicos de macroeconomia 65
Resumo
A macroeconomia estuda todas as questões ligadas aos agregados eco-
nômicos, que possibilitam a obtenção de dados para a adoção de políticas
econômicas, consubstanciadas nos instrumentos econômicos disponíveis. Por
meio do estudo da macroeconomia se estabelecem os objetivos de política
econômica e se procura atingi-los, buscando regular melhor o funcionamento
da economia do país.
Ao aplicar os instrumentos de política econômica, vemos a possibilidade
de atingir aqueles objetivos que os governantes buscam. Vê-se, então, que a
adoção de políticas macroeconômicas dá o direcionamento para a obtenção
da ordem na economia.
Na sequência de nosso estudo, na próxima unidade iremos fazer um passeio
pelos acontecimentos recentes da economia brasileira.
Atividades de aprendizagem
Nas alternativas a seguir assinale nas questões conforme for solicitado.
1. Em relação à inflação, ela pode surgir caso ocorram aumentos na renda cuja
maior preocupação passa a ser os reajustes salariais. No Brasil em 2011, segundo
o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos)
“86,8% das categorias conseguiram reajustes acima do INPC (Índice Nacional
de Preços ao Consumidor), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-
tística). Segundo balanço divulgado nesta quarta-feira (21/03/2011), ao todo,
ocorreram 702 negociações, 62,2% das negociações analisadas resultaram em
reajustes salariais de até 2% acima da inflação e 1,6% garantiram ganhos reais
de mais de 5%”. Se houver inflação na economia e ela surgir em virtude de
fatores como: aumento da renda disponível, aumentos salariais, expansão dos
Elementos básicos de macroeconomia 69
Introdução ao estudo
Ao estudar a economia brasileira temos uma importante oportunidade de com-
preender as profundas transformações ocorridas no Brasil, com relação aos aspectos
econômicos e sociais de nosso país.
Muito se transformou nossa economia, sobretudo se falarmos dos últimos 20 anos,
mas não só esse período é rico em mudanças. Observamos que as transformações da
economia brasileira estão dinamicamente atreladas aos eventos políticos nacionais
ou mundiais.
Posteriormente tivemos a mudança no sistema cambial brasileiro, que passou ao
sistema de taxas flutuantes e que até hoje prevalece.
População PIB
Blocos Países participantes PIB per capita
(milhões) (US$ trilhões)
NAFTA EUA, Canadá e México 440 15 34.090
UE 27 países membros 494 14,9 28.213
APEC 21 países membros 1.880 12 683
Brasil, Argentina, Paraguai,
MERCOSUL 267 4,36 14.275
Uruguai e Venezuela
Fonte: Adaptado de Mendes (2009, p. 213).
Mas, afinal, a união de países em blocos econômicos deve seguir alguma regra de
integração entre eles? Vamos entender quais são essas regras gerais e depois vamos
estudar um pouco mais sobre cada um desses blocos listados na Tabela 3.1.
Nesse contexto o processo de Integração Econômica é uma forma de facilitação
das relações econômicas e de comércio entre grupos de países que contempla algu-
mas diferenças na medida em que o processo se aprofunda. Os principais tipos de
integração econômica estão representados na Figura 3.1.
Fonte: Do autor.
Podemos ver pela figura quais são as principais formas de integração, dentre elas
temos:
a) Zona de Livre Comércio (ZLC): nesse tipo integração ocorre apenas a redução/
eliminação das restrições tarifárias e não tarifárias. O objetivo é permitir a
livre circulação de mercadorias entre os países membros. Um bom exemplo
desse tipo de integração são as discussões que envolvem a constituição da
Área de Livre Comércio das Américas (ALCA).
b) União Aduaneira: representa um avanço, pois, além de reduzir as barreiras
entre os países do bloco, introduz a criação de uma regra comum para tratar
as mercadorias que vêm de países de fora do bloco, como a Tarifa Externa
Comum (TEC).
Noções de economia brasileira 75
A APEC tem hoje 21 membros, que são: Austrália, Brunei Darussalam, Canadá,
Chile, China, Hong Kong, Indonésia, Japão, República da Coreia, Malásia, México,
Nova Zelândia, Papua-Nova Guiné, Peru, Filipinas, Rússia, Cingapura, Taipé Chinês,
Tailândia, Estados Unidos da América e Vietnã. O principal objetivo do bloco é re-
duzir taxas e barreiras alfandegárias da região pacífico-asiática, promovendo, assim,
o desenvolvimento da economia da região. A criação da APEC muito contribuiu para
o crescimento e desenvolvimento da região pacífico-asiática haja visto o crescimento
acelerado da China nos últimos anos.
Noções de economia brasileira 77
1.1.2 Globalização
A globalização é um processo antigo que se inicia desde as explorações mer-
cantilistas além da fronteira de seus países procurando encontrar produtos novos
para o comércio, bem como vender seus produtos para esses novos mercados. Ela
se aprofunda com a integração econômica, social, cultural, política. Essa integração
avança com o desenvolvimento da telemática, a junção das telecomuniações com a
informática. Essas inovações tecnológicas aceleraram o processo de transmissão de
dados e informações econômicas entre países. A rapidez com que as informações
são transmitidas e o acesso a elas reduziram os riscos dos investimentos em outros
países que não o país de origem do capital.
É um fenômeno movido pela própria necessidade do capitalismo de expandir seus
mercados transformando o mundo numa enorme rede global, que permita maiores
mercados para os países centrais (ditos desenvolvidos), cujos mercados internos já
estão saturados.
A definição mais atual é globalização econômica, que envolve as esferas pro-
dutiva, comercial e financeira. Ela trata da ampliação e do aprofundamento das
operações das grandes corporações em outros países, com a finalidade de produzir
e vender bens e serviços em outros mercados e ainda conquistar maior valorização
78 INTRODUÇÃO À ECONOMIA
Vantagens Desvantagens
Maior rapidez para aumentar a renda nacional Pequena margem de erros em políticas
(EUA 50 anos, China 10 anos) nacionais
Maior competição entre empresas e nações Redução do poder dos BACEN’s de controlar o
reduz inflação sistema monetário nacional
Maior perspectiva de o país crescer com um
Maior volatilidade de capitais
salto tecnológico
Maior dificuldade em quitar as dívidas, pois
Multiplicação das fontes de financiamento.
os países entram num sistema de rolagem
Os capitais procuram maior retorno e podem
entre um tipo de dívida e outro. Por exemplo,
tanto conceder empréstimo, como comprar
emissão de dívida ou tomar empréstimos nos
títulos públicos de dívida.
bancos.
Fonte: Do autor.
produção. A inflação que deveria ocorrer só não existe porque o dinheiro está
concentrado nos países ricos e com um pequeno número de investidores;
reduzir a vulnerabilidade financeira de países endividados: os países dependen-
tes de capital estrangeiro para organizar sua economia aumentaram sua neces-
sidade de dinheiro externo e tornaram-se reféns da volatilidade do mercado;
reduzir o crescimento populacional: a população mundial cresce mais em
regiões mais pobres do planeta, o inverso acontece com a riqueza (isto é um
problema de repartição da riqueza mundial); o número de jovens cresce, em
contrapartida o desemprego aumenta no mundo (problema do avanço tecnoló-
gico e de políticas macroeconômicas preocupadas com estabilidade financeira);
melhorar as condições ambientais do planeta: o aumento da produção, da renda
e do consumo tem impactos significativos sobre o meio ambiente. Encontrar
formas de conciliar a melhoria do padrão de vida da população mundial e
preservar o meio ambiente é um dos maiores desafios a ser enfrentado pelas
futuras gerações do planeta.
1 Em 1973, tivemos o primeiro choque do petróleo. O preço do barril passou de US$ 3,29 em 1973 para US$
11,58 em 1974, subindo gradualmente até US$ 13,60 em 1978. Em 1979 tivemos o segundo choque do petró-
leo, e o preço do barril aumentou de US$ 13,60 para US$ 30,03, atingindo US$ 35,69, em 1980.
Noções de economia brasileira 81
Links
Você pode ler mais sobre o processo da dívida externa brasileira no link:
<http://arquivos.unama.br/nead/gol/gol_adm_6mod/analise_conjuntura_nacional/pdf/aula05.pdf>.
2 Os agentes combinavam pagar por fora acima dos preços de tabela para poder obter os produtos. Foi muito
comum com os automóveis, quando o agente pagava a mais pelo bem logo recebia o automóvel, quando não
ficava numa lista de espera aguardando sem prazo determinado para entrega do automóvel.
82 INTRODUÇÃO À ECONOMIA
O ajuste fiscal teve por base o rearranjo entre receitas e despesas. A proposta de
redução dos gastos fez um corte nos investimentos, no pessoal e no orçamento das
empresas estatais de US$ 7 bilhões em 1994 (BAER, 1996).
Como fonte de receitas adicionais criou-se o Fundo Social de Emergência que
se constituiu na retenção de 15% de todos os impostos arrecadados. Transformou-se
no Fundo de Estabilização Fiscal e tem previsão de duração até 2001 (BAER, 1996).
Criou-se também o Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira (IPMF) com
alíquota inicial de 0,25% sobre as movimentações financeiras, o qual se transformou
na Contribuição sobre Movimentação Financeira, tendo sua alíquota se elevado para
0,38% em 1999.
Tratou-se, na verdade, de uma forma de contornar o déficit público e não de
controlá-lo uma vez que propiciou ganhos líquidos de recursos em mão do governo
pela ampliação das receitas e/ou redução das transferências orçamentárias (DEPAR-
TAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍSTICA E ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS,
1998a).
A Unidade Real de Valor (URV) constituiu-se em uma unidade de conta inde-
xada cujo objetivo era promover o alinhamento dos preços relativos de forma a
“[...] acomodar a participação dos diversos agentes na renda eliminando o conflito
distributivo” (GREMAUD, 1996, p. 230). Sua adoção seguiu regras distintas. A urvi-
zação ou a fixação dos preços pela tabela da URV para informar os preços dos bens
e serviços ficou a critério do mercado. Porém a conversão de salários e benefícios
previdenciários em URV’s foi compulsória.
Como consequência, o mercado teve mais tempo para reajustar os preços dos bens
e serviços antes de transformá-los em URV’s, conseguindo repor qualquer resíduo
inflacionário. Porém, para os salários a situação foi diferente. O salário mínimo, por
exemplo, foi fixado em 64,79 URV’s, sofrendo reajustes anuais fixados pelo governo.
Para os demais salários, a partir de junho de 1995, uma medida provisória estabeleceu
a livre negociação de salários proibindo a utilização de cláusulas de reajuste pela
inflação passada (TAVARES, 1997).
No Plano Real estava embutida uma reforma monetária, que se constituía na
transformação da URV em Real. A nova moeda foi implantada em junho de 1994. A
expectativa era de que nesse momento se romperia a inércia inflacionária, porque
todos os preços haviam se convertido em única moeda, anteriormente indexada.
Porém, essas medidas, por si só, não conseguiriam conter a “mentalidade infla-
cionária”. O combate à inflação só seria conquistado caso não houvesse nenhum
choque de preços, nem por parte do governo nem por parte da iniciativa privada.
Os agentes (públicos e privados) deveriam ser impedidos de melhorar a distribuição
de renda a seu favor. Nesse contexto a abertura comercial, o acúmulo de reservas,
a valorização da moeda e o controle da base monetária tinham papel fundamental
a desempenhar.
No combate à inflação, a abertura comercial e o acúmulo de reservas cambiais
foram duas precondições importantes, sob as quais se apoiou o Plano Real. O pri-
meiro porque tolhia qualquer aumento de preços dos produtos internos maior do
que os preços externos, pois abriu a possibilidade de substituir produtos nacionais
por importados, e o segundo porque davam maior segurança tanto para as transações
comerciais e financeiras como para a ancoragam da moeda (garantia de conversibi-
lidade das transações em moeda).
A sobrevalorização nominal da nova moeda constituiu-se uma “[...] novidade sem
precedentes na América Latina, fazendo do Real uma moeda mais forte do que o dólar”
(TAVARES, 1997, p. 3). Enquanto nos países da América Latina o câmbio registrou
uma apreciação de em média 8,1% em 1996 quando comparado a 1990, no Brasil
registrou-se uma apreciação de 36% em igual período (GONÇALVES, 1998, p. 175).
Além disso, foram fixadas metas quantitativas para expansão da base monetária,
para evitar o financiamento do déficit público com emissão de moeda. A expansão
foi fixada em R$ 9,5 bilhões até março de 1995. Para conseguir manter essa meta o
governo exigiu dos bancos um depósito compulsório de 100% sobre as novas cap-
tações. Porém, com o aquecimento da demanda e o aporte de capital estrangeiro
ocorreu um aumento na demanda por reais, em setembro de 1994 a meta para a base
monetária foi revista e ampliada (BAER, 1996).
Com a estabilização previa-se um aquecimento da demanda. Isso ocorreu, em
primeiro lugar, porque houve aumento do poder aquisitivo em virtude da queda da
inflação e da valorização da moeda; em segundo lugar, porque, num ambiente de
estabilidade, a taxa nominal de juros tornou-se previsível permitindo recompor os
mecanismos de crédito ao consumidor.
86 INTRODUÇÃO À ECONOMIA
Contas 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998
Saldo Balança Comercial 11,1 10,6 15,2 13,3 10,4 -3,3 -5,5 -8,3 -6,5
Saldo da Balança de
-13,7 -13,5 -11,3 -15,5 -14,7 -18,5 -21,7 -27,2 -30,3
Serviços
Saldo de Transações
-2,6 -2,9 3,9 -2,2 -2,2 -17,9 -24,3 -33,4 -35,0
Correntes
Saldo da Balança de
-4,8 -4,1 25,3 10,1 14,2 29,3 33,0 25,5 15,9
Capitais
Superávit/déficit -7,2 -4,7 30,0 8,4 12,9 13,4 8,6 -7,8 -17,3
Dívida Externa Bruta
102,9 123,9 135,9 145,7 119,6 129,3 142,1 163,3 210,7
M e LP
Reservas de Liquidez 9,9 9,4 23,7 32,2 38,8 51,8 60,1 52,2 44,5
Fonte: Adaptado de Conjuntura Econômica (1999).
15
10
5
Exportações
Importações
FBCF
0
1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998
Quanto à reforma monetária, ela foi colocada em prática com a instituição de meta
de inflação. O regime de metas para a inflação é um regime monetário no qual o Banco
Noções de economia brasileira 91
Central (BACEN) se compromete a atuar de forma a garantir que a inflação efetiva convirja
para a meta preestabelecida, anunciada publicamente. No Brasil, a meta para a inflação
foi definida em termos da variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA), calculado pelo IBGE. Para os três anos (1999, 2000 e 2001) ficou estabelecida em
8%, 6% e 4%, com margem de tolerância de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
Quanto à reforma fiscal, ela buscou elevar o superávit primário com aumento da
receita e redução das despesas. Do ponto de vista de aumento das receitas, trocou o
IPMF pela CPMF com alíquota de 0,38%, elevou a Cofins de 2% para 3% e implantou
a cobrança do contribuição previdenciária dos inativos e pensionistas do setor público.
Do ponto de vista dos gastos, aprovou a Lei de Responsabilidade Fiscal limitando os
gastos da União, Estados e Municípios; e aprovou o fator previdenciário que elevou
a o tempo de trabalho e a idade para aposentadorias.
Assim, podemos computar para o período que o PIB cresceu a 1,8% a.a, a inflação
medida pelo IPCA saiu de 8,94% em 1994 para 12,53% em 2002 e a dívida pública
subiu de 35% em 1999 para 41% em 2002.
Links
Você pode ler mais sobre o PAC e seus desenvolvimentos no link:
<http://www.brasil.gov.br/pac/balancos/copy_of_copy_of_5balanco/>.
Noções de economia brasileira 93
Links
Para entender mais sobre as propostas do Plano Brasil Maior você pode assistir ao vídeo dispo-
nível em: <http://www.youtube.com/watch?v=ytppsNxX1mU>.
Links
Você pode ler mais sobre a história do Banco do Brasil no link:
<http://www.bb.com.br/portalbb/page3,136,3527,0,0,1,8.bb?codigoMenu=204&codigoNotic
ia=691&codigoRet=1065&bread=2>.
Sistema Sistema
Operativo Normativo
Instituições
Financeiras BM&FBovespa Instituições
Bancárias CMN CNSP CGPC Especiais
Entidades de
Sociedades de BACEN Susep SPC
Previdência
Capitalização
Complementar
Fonte: Do autor.
Resumo
Nesta unidade tivemos a oportunidade de conhecer os eventos econômicos
ocorridos no Brasil nos últimos anos, mostrando como a economia brasileira tem se
comportado e ainda como se deu sua reação às mudanças exigidas pelo mercado.
A economia brasileira, que transitou de profunda participação do Estado
até uma diminuição dessa participação, após muitas tentativas, acabou por
conseguir melhor equilíbrio econômico, permitindo avanços importantes em
nosso sistema econômico.
Uma economia mais equilibrada permite à iniciativa privada investir com mais
tranquilidade e possibilita ao consumidor adquirir os bens necessários ao aten-
dimento de suas necessidades. E é dentro desse contexto de economia dinâmica
que vamos entrar, na próxima unidade, no estudo da Microeconomia, por meio
da qual compreenderemos, sobretudo, as ações dos agentes econômicos privados.
Atividades de aprendizagem
1. As nações vêm se organizando em blocos econômicos a fim de facilitar suas
trocas internacionais. Nenhum país vive isoladamente. Hoje o comércio inter-
nacional está diferente e a tendência é a negociação entre blocos e não mais os
países individualmente. Nesse sentido, dentre os principais blocos econômicos
já criados podemos citar:
a) OPEP, FMI e NAFTA
b) FMI, ONU e OMC
c) CEPAL, Mercosul e APEC
d) Nafta e Mercosul
e) FED, Mercosul e FMI
2. Explique as diferenças entre os Planos Cruzado, Collor e Real. Ressalte as prin-
cipais características de cada um.
3. O que representou a URV no implantação do Plano Real?
4. O Plano Real foi implantado no governo Itamar Franco, pelo então ministro da
Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, que veio a suceder Itamar. Na sequência,
Fernando Henrique foi sucedido por Lula, que não participou da implantação
do Real. Como foi a condução do Plano Real no governo Lula?
5. Faça um breve relato do processo inflacionário na economia brasileira.
6. Faça uma análise geral do comportamento da economia brasileira desde a
década de 1980.
Unidade 4
Elementos básicos de
microeconomia
Regina Lucia Sanches Malassise
Wilson Salvalagio
Introdução ao estudo
A microeconomia trata do estudo de mercados individuais, verificando como se
comportam os consumidores e os produtores nesse mercado, como se dá a formação de
preços dos produtos, analisando, portanto, as ações individuais dos agentes econômicos.
Por meio do seu estudo, vamos conhecer as estruturas de mercado e a formação dos
preços conforme cada um dos mercados, bem como os conceitos de demanda e oferta.
O desenvolvimento econômico se dá de fato pelas ações microeconômicas. A
macroeconomia estabelece os caminhos e tem o objetivo de promover as condições
de ajuste da economia, mas é por meio das ações microeconômicas que se concre-
tizam os investimentos que irão gerar os bens (oferta) para o consumo (demanda).
A produção dos bens gera o emprego da mão de obra, que irá executar o processo
produtivo e como recompensa recebe a remuneração que é o seu salário. É essa
remuneração que possibilita ao consumidor demandar os bens que ele necessita e
assim movimenta a economia dentro de um espaço físico ou não, que é o mercado.
turais que nos permitam traçar uma teoria da demanda. O primeiro passo é definir a
demanda, conforme Vasconcellos e Garcia (2006, p. 38):
A demanda ou procura pode ser definida como a quantidade de
um certo bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir
em determinado período de tempo. A procura depende de variáveis
que influenciam a escolha do consumidor. São elas: o preço do
bem ou serviço, o preço dos outros bens, a renda do consumidor
e o gosto ou preferência do indivíduo.
A fim de obter um melhor efeito da análise, vamos utilizar, neste estudo, a hipó-
tese do coeteris paribus. Dessa forma consideraremos que cada uma das variáveis
afetaria separadamente as decisões do consumidor.
Fonte: Do autor.
Lembrem-se de que falamos de haver exceções. Uma exceção à lei geral da de-
manda são os produtos classificados como bens de Giffen. Esses bens têm uma relação
direta com o preço, ou seja, quanto maior o preço maior a demanda, e quanto menor
o preço menor a demanda. Na prática, uma situação como esta é pouco provável de
acontecer, mas aparece na teoria, então é bom saber também.
Embora o preço seja a principal variável na demanda por um bem, a procura
também pode ser influenciada pela renda dos consumidores, pelo preço dos bens
substitutos, pelo preço dos bens complementares e pelas preferências ou hábitos dos
consumidores. E claro que você deve estar se perguntando se o marketing e a propa-
ganda das empresas também influencia a demanda ou a cabeça do consumidor. Com
certeza, todas as estratégias de vendas das empresas têm por objetivo influenciar o
consumidor, eles só não vão receber um tratamento especial aqui porque a preocu-
pação da economia é com o resultado, ou seja, se ocorreu aumento nas vendas das
empresas, pois isso significa que ocorreu aumento na demanda pelo produto. E a
demanda continua sendo o foco da análise das próximas páginas.
114 INTRODUÇÃO À ECONOMIA
Esses dois resultados têm significado importante para as empresas. Empresas que
têm produtos elásticos têm maior dificuldade em aumentar preços, pois a cada aumento
de preços a demanda reduz mais que proporcionalmente, o que reduz as vendas e a
receita da empresa. Empresas que têm produtos inelásticos podem alterar os preços
sem muitas preocupações, pois o aumento de preços reduz a demanda menos que
proporcionalmente, logo o aumento de preços com queda menor nas vendas aumenta
a receita das empresas. Isso é o que você pode verificar estudando a Tabela 4.1 a seguir.
Tabela 4.1 Impacto da elasticidade preço da demanda sobre a receita das empresas
Existem alguns fatores que influenciam a Epd dos bens, são eles: disponibilidade
de substitutos, essencialidade do bem e a importância do bem no orçamento do
consumidor.
Quanto maior o número de substitutos de um bem, mais elástico ele é em relação
a variações de preços. Isto ocorre porque os consumidores tem maior variedade de
um produto que atende a mesma necessidade. Por exemplo, o leite longa vida é um
produto não perecível e que tem diversas marcas no mercado é um produto elástico,
um aumento no preço de uma marca leva a queda nas vendas, pois os consumidores
podem escolher outro mais barato. Já os produtos hortifrutigranjeiros são perecíveis
e são mais inelásticos a preço, isto é, as quantidades demandas variam pouco em
relação às variações nos preços.
Quanto mais essencial ele é para o consumidor maior sua tendência a ser inelás-
tico em relação ao preço. Por exemplo, mesmo que a gasolina suba, ainda assim as
pessoas precisam se locomover, então o consumo de gasolina deve cair pouco em
relação ao aumento de preço.
Quanto maior o peso no gasto total do consumidor, mais elástico ele tende a ser.
Por exemplo, quando o consumidor pensa em trocar seu televisor por um mais mo-
derno, se ele ganha R$ 1.000,00 e o televisor desejado custar R$ 550,00, ele tenderá
a pesquisar mais preço. Logo o aumento nos preços de televisores deve reduzir as
vendas, pois ele é um item que absorve um valor considerável do gasto do consumidor.
Fonte: Do autor.
Da mesma forma que a procura, a escala de oferta compara a relação entre preço
e a quantidade, porém, nesse caso, mostra que, na medida em que o preço sobe,
também aumenta a quantidade ofertada. Isso ocorre em função de que, elevando-se
o preço do produto, as empresas se sentirão motivadas a aumentar sua produção,
obtendo, dessa forma, maiores receitas. A descrição gráfica da relação entre preço e
oferta é como você pode verificar no Gráfico 4.3 a seguir.
118 INTRODUÇÃO À ECONOMIA
Fonte: Do autor.
Fonte: Do autor.
2.2 Oligopólio
Quando as ações de uma firma, no mercado, provocam reações por parte das
concorrentes, temos uma situação de oligopólio. As principais características do
oligopólio são:
pequeno número de empresas no mercado;
interdependência entre as firmas;
consideráveis obstáculos à entrada;
produto, em geral, diferenciado (mas não necessariamente).
xar o preço de seu produto, as firmas concorrentes tenderão também a reduzir seus
preços, resultando numa “guerra de preços” que beneficiaria os consumidores. Nesse
caso, é provável que ocorra diminuição de receita para as firmas, razão pela qual
dificilmente há guerra de preço entre os oligopólios.
Em virtude dessa interdependência entre as decisões das empresas, os preços, em
uma estrutura oligopolista, tendem a ser estáveis. Se houver diferença entre preços de
diversas firmas é uma função de sucesso da diferenciação do produto (MENDES, 2004).
2.3 Monopólio
Ao contrário da concorrência pura, onde há um grande número de empresas no
mercado, no monopólio só há uma grande empresa. Características do monopólio:
uma única empresa no mercado;
ausência de produtos substitutos;
ausência de concorrentes;
controle do preço;
barreiras à entrada de outras firmas são muito grandes.
que a indústria de determinado produto seja composta por apenas cinco firmas, cuja
participação no mercado é a seguinte: 40%, 25%, 15%, 10% e 10%. Nesse caso o
índice de Herfindahl-Hirschman seria obtido pela seguinte equação: IHH = 40 2 + 252
+ 15 2 + 102 + 102 = 2.650 (MENDES, 2004).
Links
Para complementar seu entendimento a respeito da concentração de mercado, acesse o link
abaixo: <http://www.eps.ufsc.br/disserta98/leite/cap3.htm>.
2.7 Markup
O markup é uma das práticas mais comuns de política de preços. Pela política de
markup, o preço de venda é determinado pelo acréscimo de um percentual sobre o
custo unitário de produção. Se for o caso de revenda, seria um acréscimo percentual
sobre o valor de compra da mercadoria. A determinação do preço final de um produto
pela política de markup, dá-se pela seguinte equação:
Pv = CVMe (1 + percentual/100)
Então: se o CVMe for de $100,00 e o markup de 45%, teremos o Pv = $145,00.
Entre os principais fatores que podem influenciar o valor percentual do markup,
podemos citar o tamanho da planta industrial, o valor do custo fixo total e a elas-
ticidade-preço da demanda por esse produto. Quanto maior for o custo fixo total,
maior será o percentual de markup. Assim como, também quanto mais inelástica for a
curva de demanda, maior será o percentual de markup, porque a empresa tem maior
chance de aumentar os preços sem perder muito em quantidade (MENDES, 2004).
será o lucro. O lucro passou a depender dos preços e dos custos unitários. Assim,
a equação passou a ser:
Lucro = preço de mercado – custo médio
Essa mudança é essencial para a sobrevivência das empresas. Daí a necessidade
de uma empresa ser competitiva, pela adoção tecnológica, para reduzir os custos
unitários (MENDES, 2004).
A habilidade de um trabalhador que antes exigia uma longa prática em uma série
única de operações hoje tem importância cada vez menor. Segundo Marshall (1988) o
que faz de um funcionário de uma cidade ou região mais eficiente é a superioridade
na sagacidade e energia de ordem geral, que não é específica de nenhuma ocupação.
O autor afirma que:
A capacidade de ter em mente muita coisa ao mesmo tempo, cada coisa
pronta a seu tempo, agir rapidamente e saber resolver as dificuldades
que se possam apresentar, de se acomodar facilmente com qualquer
mudança nos detalhes do trabalho executado, de ser constante e digno
de confiança, de ter sempre uma reserva de forças para serem utilizadas
em caso de emergência. Essas qualidades não são exclusivas de uma
determinada ocupação, mas são requeridas em todas, e se nem sem-
pre podem ser transferidas com facilidade de uma tarefa para outra da
mesma espécie, o principal motivo é que elas precisam ser completadas
pelo conhecimento do material com que se vai lidar e pela familiaridade
com os métodos especiais (MARSHALL, 1988, p. 177).
Resumo
A microeconomia tem por base o estudo das atividades econômicas indivi-
duais das empresas e das famílias. É, basicamente, o estudo do comportamento
dos agentes econômicos privados, por meio da produção, demanda e oferta, e
das estruturas de mercado existentes.
Os mercados estão estruturados conforme o nível de concentração, a di-
ferenciação dos produtos e as dificuldades de entrada de novos concorrentes.
Essas três características norteiam o tipo de formação do mercado.
Vimos, ainda, que o equilíbrio do mercado depende dos agentes, dentro de
suas ações de demanda e oferta. Esse equilíbrio ocorre na medida em que os
consumidores estão dispostos a comprar mais, se o produto for mais barato e
assim força o produtor a reduzir o preço para conseguir vender seu produto. Por
outro lado, a necessidade do consumidor em adquirir o produto também leva ao
equilíbrio de mercado, uma vez que, para não ficar sem o bem, o consumidor
também aceita abrir mão de uma parte de seu benefício.
Na sequência do processo de produção, na próxima unidade iremos tratar
da produção e da receita das firmas.
Atividades de aprendizagem
1. A demanda ou procura pode ser definida como a quantidade de um certo bem
ou serviço que os consumidores desejam adquirir em determinado período de
tempo. E podemos conceituar oferta como as várias quantidades que os pro-
dutores desejam oferecer ao mercado em determinado período de tempo.
Assim, vemos que há uma interação entre os consumidores e os ofertantes de
bens. Dentro desse conceito, explique a Lei da Oferta e da Procura.
2. Comente sobre cada uma das estruturas de mercado: concorrência pura ou
perfeita; oligopólio; monopólio e concorrência monopolística.
3. Explique o que é a lei geral da demanda e a lei geral da oferta.
4. Como são formados os preços nas estruturas de mercado de concorrência pura
ou perfeita e de monopólio?
5. Desenvolva um exemplo matemático de elasticidade preço da demanda.
Unidade 5
Tecnologia, produção
e receitas das firmas
Regina Lúcia Sanches Malassise
Wilson Salvalagio
Introdução ao estudo
A unidade base de estudo da microeconomia é a firma. Para entender e explicar
o comportamento econômico das firmas, a microeconomia faz uma abordagem por
partes. Primeiro analisa a produção, depois os custos, as receitas e por fim combina-
-as para explicar o ponto de máximo lucro.
De maneira geral as empresas são constituídas para produzirem bens e serviços
e obterem lucros, pelo menos em uma economia capitalista. Conforme as empresas
realizam suas produções, ela combina os fatores de produção buscando elevar a
eficiência técnica dos mesmos, isto é, produzir utilizando a melhor combinação en-
tre capacidades de cada um deles. Por exemplo, é muito comum as empresas terem
computador, mas ele só será útil se tiver quem saiba utilizá-lo de maneira eficiente,
isto é, uma pessoa que conhece os recursos de hardware e software da máquina, caso
contrário ele vai ser um custo e juntar poeira.
Elas também devem se preocupar com os seus custos de produção, que são for-
mados por custos fixos e custos variáveis. É importante a empresa ter essa condição
bastante clara, pois ela não pode inviabilizar seu negócio por conta de descontrole
nas contas relativas aos seus gastos. É da maior importância ter máximo controle dos
custos da empresa.
Por outro lado, até em consequência dos controles de custos, as empresas devem
cuidar de seus lucros. As receitas de uma empresa podem ser altas, mas nem por isso
representam lucros. Não é incomum encontrar empreendedores que, por terem alta
movimentação de dinheiro em seu negócio, acham que estão tendo lucro, mas na
verdade pode ser apenas movimentação financeira do giro do dia a dia da empresa.
Lucro é o resultado final do empreendimento. Não podemos confundir receita com
lucro.
É importante o empreendedor ou gestor controlar seus custos e obter boas receitas,
de forma que lhe sobre um resultado positivo no balanço de sua atividade. Assim nas
linhas a seguir você vai ler sobre o jeito econômico de explicar a produção de bens
e serviços por parte das empresas.
1.1 Produção
Na análise microeconômica o estudo da produção foi possível graças ao desenvol-
vimento do aparato teórico chamado de Teoria da Produção. Ela aborda o processo de
produção, ou seja, o processo de conversão dos fatores de produção nos produtos finais.
Os recursos ou fatores de produção são bens cuja utilidade é derivada da sua
capacidade em ser convertidos em bens finais. Eles são classificados em linhas gerais
em três grupos: recursos naturais, capital e trabalho.
Por recursos naturais são entendidos todos os fatores que vêm da natureza como
o uso da terra, extração de recursos minerais e não minerais, uso do solo e da água
que fornecem matéria-prima.
O capital normalmente é expresso no uso do dinheiro no processo de produção
que é empregado em máquinas, equipamentos, prédios, instalações etc.
E o trabalho que representa o emprego das forças e habilidades humanas neces-
sárias para que os outros dois fatores sejam acionados e intercambiados gerando
produção. Atualmente é muito comum no debate se levantar a qualidade do capital
humano das empresas e outro destaque é o empreendedorismo associado a pessoas
que têm boas ideias e que criam produtos e serviços.
Os recursos têm três importantes características: são escassos, são versáteis e
podem ser combinados em diferentes proporções.
A escassez deriva dos mesmos preceitos do conceito de economia se os bens são
abundantes não há com o que se preocupar. Assim, por exemplo, podemos pensar que
a água é um recurso abundante no Brasil, porém para que ela gere energia deverá ser
construída uma hidroelétrica, somente a água canalizada para a hidroelétrica servirá
para esse fim, e como já verificamos em 2001 no Brasil mesmo com excesso de água
tivemos o apagão, pois não tínhamos hidroelétricas com a capacidade de geração de
energia necessária para aquele momento.
Quanto a versatilidade geralmente um mesmo fator de produção se presta a pro-
dução de mais de um bem. Por exemplo, a energia elétrica tanto é utilizada para fazer
funcionar máquinas e equipamentos, quanto para gerar luz ou ainda aquecer. Numa
mesma empresa ela pode ser utilizada de diferentes maneiras. O mesmo acontece
com insumos que podem geral diferentes produtos e subprodutos, por exemplo, a soja.
Em linhas gerais podemos definir produção como qualquer utilização dos recursos
ou fatores de produção que se convertem ou transformam em um produto ou serviços
para venda no mercado (VASCONCELLOS; GARCIA, 2004).
142 INTRODUÇÃO À ECONOMIA
Podemos descrever a produção por meio de uma função. A função de produção mos-
tra a produção máxima que uma empresa pode obter para cada combinação específica
de insumos. Matematicamente, temos: PT = f(xi,...,xn), onde PT é a quantidade produzida
e xi é a quantidade utilizada do fator de produção i e xn representa dos demais fatores.
A função de produção representa as possibilidades técnicas de produção eficiente,
isto é, que utiliza a menor quantidade possível de insumo por unidade produzida
sem perda de qualidade do produto. Poderíamos dizer que é a realização de uma
produção sem desperdício por parte da empresa.
Na função de produção podem aparecer fatores que são fixos (FF) ou variáveis
(FV). Por Fatores fixos (FF) entendemos aqueles que existem na empresa e que in-
dependem da quantidade produzida, como: o espaço físico utilizado pela empresa.
Por fatores variáveis (FV) entendem-se os que variam conforme o volume produzido,
como as horas trabalhadas, número de trabalhadores empregados, energia, matéria-
-prima etc.
A existência de fatores fixos e variáveis também permite uma importante definição
na Teoria da Produção é a diferença entre curto prazo e longo prazo. Entende-se por
curto prazo o período de tempo em que há pelo menos um fator fixo envolvido na
produção de uma firma. E longo prazo é o período de tempo em que todos os fato-
res podem variar, isto é não existem fatores fixos. Na prática das empresas o longo
prazo é uma série de curtos prazos agrupados, pois as mudanças na capacidade de
produção da empresa vão ocorrer ao longo do tempo. Portanto, nas próximas linhas
descreveremos o processo de produção no curto prazo.
1.2 Produtividade
Para realizar essa análise devemos partir da função de produção, determinar quais
são os fatores fixos e variáveis e, então, proceder os cálculos da produtividade média,
produtividade marginal dos fatores.
se irá contratar um candidato a vaga ou não. Geralmente quando ele produz como
a média ou mais será um forte candidato à contratação.
A produtividade marginal ou adicional
A produtividade marginal (PMg) é a variação da produção na medida em que acres-
centamos o fator variável à produção. Por exemplo podemos medir a produtividade
marginal do trabalho verificando quanto a produção cresce quando acrescentamos
mais trabalhadores na produção. Algebricamente pode ser expresso por:
PMg = Variação na produção/Variação em N
A variação na produção é medida pela diferença entre a produção em um período
inicial e o período após acrescentarmos mais N na produção. A produtividade marginal
inicial é crescente até o ponto em que PMg = PMe depois ela começa a decrescer,
indicando que cada novo trabalhador acrescenta menos produto à produção total.
Fonte: Do autor.
Links
Para você conhecer mais sobre receita das firmas, acesse o site abaixo:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_da_firma>.
Links
Para conhecer mais sobre break-even point acesse o link a seguir:
<http://www.knoow.net/cienceconempr/gestao/breakevenpoint.htm>.
148 INTRODUÇÃO À ECONOMIA
Resumo
Vimos nesta última unidade a importância de manutenção de custos contro-
lados para que possamos ter um resultado final que compense o investimento
do empreendimento.
As firmas necessitam reunir os Fatores de Produção, que não são bens livres,
portanto as empresas precisam pagar preços para poder utilizá-los.
Assim, temos que os custos de produção são o custo da combinação dos
fatores pela qual podemos ter a quantidade do produto desejada.
Da mesma forma, as firmas, ao desenvolverem seu processo produtivo, não têm
apenas custos. As firmas procuram uma compensação pelos custos, que são os lucros.
Atividades de aprendizagem
1. Os fatores de produção não são bens livres, ao contrário são bens econômicos,
ou seja, são bens escassos. Pelo fato de serem escassos, que implicações trazem
ao processo produtivo?
2. As empresas, no processo produtivo, sempre procuram otimizar seu compor-
tamento, ou seja, produzir da melhor maneira possível. Assim, de que forma
podemos conceituar os custos de produção?
3. Como são subdivididos os Custos Totais de Produção? Explique cada uma das
subdivisões.
4. Como podem ser classificadas as receitas das firmas? Explique cada uma delas.
5. Demonstre com suas palavras o que é o Break-even point.
Referências
INTRODUÇÃO À ECONOMIA
ISBN 978-85-87686-51-0
9 788587 686510