Texto 1 Historicidade Do Povo Surdo
Texto 1 Historicidade Do Povo Surdo
Texto 1 Historicidade Do Povo Surdo
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Nascimento, Lilian Cristine Ribeiro, “UM POUCO MAIS DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS
SURDOS, SEGUNDO FERDINAND BERTHIER”,
http://143.106.58.55/revista/viewarticle.php?id=126&layout=abstract acesso: 20/09/2006.
história dos surdos, isto não quer dizer que toda a história é verictica ou não, para
isto há uma grande necessidade de uma pesquisa mais profunda para comprovar
cada fato histórico registrado, assim como afirma Berthier:
“Até esse ponto sua narrativa da história dos surdos não
apresenta nenhuma novidade, mas ao iniciar o relato da
educação dos surdos a partir da idade moderna, nos surpreende
com a afirmação de que é um erro considerar Pedro Ponce de
León (1520 - 1584) o primeiro professor de surdos”
500 a.C.
O filósofo Hipócrates associou a clareza da palavra com
a mobilidade da língua, mas nada falou sobre a audição
470 a.C.
O filósofo heródoto classificava os surdos como “Seres
castigados pelos deuses”.
355 a.C.
O filósofo Aristóteles (384 – 322 a.C.) acreditava que
quando não se falavam, consequentemente não possuíam
linguagem e tampouco pensamento, dizia que: “... de todas as
sensações, é a audição que contribuiu mais para a inteligência e
o conhecimento..., portanto, os nascidos surdo-mudo se tornam
insensatos e naturalmente incapazes de razão”, ele achava
absurdo a intenção de ensinar o surdo a falar.
Idade Média Não davam tratamento digno aos surdos, colocava-os em imensa
476 - 1453 fogueira. Os surdos eram sujeitos estranhos e objetos de
curiosidades da sociedade.
530
Os monges beneditinos, na Itália, empregavam uma
forma de sinais para comunicar entre eles, a fim de não violar o
rígido votos de silêncio.
1644
John Bulwer (1614-1684) publicou “Chirologia e
Natural Language of the Hand”, onde preconiza a utilização de
alfabeto manual, língua de sinais e leitura labial, idéia
defendida pelo George Dalgarno anos mais tarde.
1648
John Bulwer publicou “Philocopus”, onde afirmava que
a língua de sinais era capaz de expressar os mesmos conceitos
que a língua oral
1700
Johan Conrad Ammon (1669-1724), médico suíço
desenvolveu e publicou método pedagógico da fala e da leitura
labial: “Surdus Laquens”.
1741
Jacob Rodrigues Pereire (1715-1780),foi provavelmente
o primeiro professor de surdos na França, oralizou a sua irmã
surda e utilizou o ensino de fala e de exercícios auditivos com os
surdos. A Academia Francesa de Ciências reconheceu o grande
progresso alcançado por Pereire: “Não tem nenhuma dificuldade
em admitir que a arte de leitura labial com suas reconhecidas
limitações, (...) será de grande utilidade para os outros surdos-
mudos da mesma classe, (...) assim como o alfabeto manual que o
Pereira utiliza”.
.1755
Samuel Heinicke (1729-1790) o “Pai do Método
Alemão” – Oralismo puro – iniciou as bases da filosofia
oralista, onde um grande valor era atribuído somente à fala, em
Alemanha.
Samuel Heinicke publicou uma obra “Observações sobre os
Mudos e sobre a Palavra”.
Em ano de 1778 o Samuel Heinicke fundou a primeira escola de
oralismo puro em Leipzig, inicialmente a sua escola tinha 9
alunos surdos. Em carta escrita à L’Epée, o Heinicke narra:
“meus alunos são ensinados por meio de um processo fácil e lento
de fala em sua língua pátria e língua estrangeira através da voz
clara e com distintas entonações para a habitações e
compreensão
1760
Thomas Braidwood abre a primeira escola para surdos
na Inglaterra, ele ensinava aos surdos os significados das
palavras e sua pronúncia, valorizando a leitura orofacial
1802
Jean marc Itard, Estados Unidos, afirmava que o surdo
podia ser treinado para ouvir palavras, ele foi o responsável pelo
clássico trabalho com Victor, o “garoto selvagem” (o menino que
foi encontrado vivendo junto com os lobos na floresta de
Aveyron, no sul da França), considerando o comportamento
semelhante à um animal por falta de socialização e educação,
apesar de não ter obtido sucesso com o “selvagem” na relação à
língua francesa, mas influenciou na educação especial com o seu
programa de adaptação do ambiente; afirmava que o ensino de
língua de sinais implicava o estímulo de percepção de memória,
de atenção e dos sentidos.
1814
Em Hartford, nos Estados unidos, o reverendo Thomas
Hopkins Gallaudet (1787-1851) observava as crianças
brincando no seu jardim quando percebeu que uma menina,
Alice Gogswell, não participava das brincadeiras por ser surda e
era rejeitada das demais crianças. Gallaudet ficou
profundamente tocado pelo mutismo da Alice e pelo fato de ela
não ter uma escola para freqüentar, pois na época não havia
nenhuma escola de surdos nos Estados Unidos. Gallaudet
tentou ensinar-lhe pessoalmente e juntamente com o pai da
menina, o Dr. Masson Fitch Gogswell, pensou na possibilidade
de criar uma escola para surdos.
O americano Thomas Hopkins Gallaudet parte à Europa para
buscar métodos de ensino aos surdos. Na Inglaterra, o
Gallaudet foi conhecer o trabalho realizado por Braidwood, em
escola “Watson’s Asylum” (uma escola onde os métodos eram
secretos, caros e ciumentamente guardados) que usava a língua
oral na educação dos surdos, porém foi impedido e recusaram-lhe
a expor a metodologia, não tendo outra opção o Gallaudet
partiu para a França onde foi bem acolhido e impressionou-se
com o método de língua de sinais usado pelo abade Sicard.
Thomas Hopkins Gallaudet volta à América trazendo o
professor surdo Laurent Clerc, melhor aluno do “Instituto
Nacional para Surdos Mudos”, de Paris. Durante a travessia de
52 dias na viagem de volta ao Estados Unidos, Clerc ensinou a
língua de sinais para Gallaudet que por sua vez lhe ensinou o
inglês.
Thomas H. Gallaudet, junto com Clerc fundou em Hartford, 15
de abril, a primeira escola permanente para surdos nos Estados
Unidos, “Asilo de Connecticut para Educação e Ensino de
pessoas Surdas e Mudas”. Com o sucesso imediato da escola
levou à abertura de outras escolas de surdos pelos Estados
Undisos, quase todos os professores de surdos já eram usuários
fluentes em língua de sinais e muitos eram surdos também.
1846
Alexander Melville Bell, professor de surdos, o pai do
célebre inventor de telefone Alexander Grahan Bell, inventou
um código de símbolos chamado “Fala vísivel” ou “Linguagem
vísivel”, sistema que utilizava desenhos dos lábios, garganta,
língua, dentes e palato, para que os surdos repitam os
movimentos e os sons indicados pelo professor.
1855
Eduardo Huet, professor surdo com experiência de
mestrado e cursos em Paris, chega ao Brasil sob beneplácido do
imperador D.Pedro II, com a intenção de abrir uma escola para
pessoas surdas.
1857
Foi fundada a primeira escola para surdos no Rio de
Janeiro – Brasil, o “Imperial Instituto dos Surdos-Mudos”,hoje,
“Instituto Nacional de Educação de Surdos”– INES, criada
pela Lei nº 939 (ou 839?) no dia 26 de setembro. Foi nesta
escola que surgiu, da mistura da língua de sinais francesa com
os sistemas já usados pelos surdos de várias regiões do Brasil, a
LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais). Dezembro do mesmo
ano, o Eduardo Huet apresentou ao grupo de pessoas na
presença do imperador D.Pedro II os resultados de seu trabalho
causando boa impressão.
1861
Ernest Huet foi embora do Brasil devido aos seus
problemas pessoais, para lecionar aos surdos no México, neste
período o INES ficou sendo dirigido por Frei do Carmo que logo
abandonou o cargo alegando: “Não agüento as confusões” e com
isto foi substituído por Ernesto do Prado Seixa.
1862
Foi contratado para cargo de diretor do INES, Rio de
Janeiro, o Dr. Manoel Magalhães Couto, que não tinha
experiência de educação com os surdos.
1864
Foi fundado a primeira universidade nacional para
surdos “Universidade Gallaudet” em Washington – Estados
Unidos, um sonho de Thomas Hopkins Gallaudet realizado pelo
filho do mesmo, Edward Miner Gallaudet (1837-1917)
1867
Alexander Grahan Bell (1847-1922), nos Estados
Unidos, dedicou-se aos estudos sobre acústica e fonética.
1868
Após a inspeção governamental, o INES foi considerado
um asilo de surdos, então o dr. Manoel Magalhães foi demitido
e o sr. Tobias Leite assumiu a direção.
1875
Um ex-aluno do INES, Flausino José da Gama, aos 18
anos, publicou “Iconografia dos Signaes dos Surdos-Mudos”, o
primeiro dicionário de língua de sinais no Brasil.
1880
Realizou-se Congresso Internacional de Surdo-Mudez,
em Milão – Itália, onde o método oral foi votado o mais
adequado a ser adotado pelas escolas de surdos e a língua de
sinais foi proibida oficialmente alegando que a mesma destruía
a capacidade da fala dos surdos, argumentando que os surdos
são “preguiçosos” para falar, preferindo a usar a língua de
sinais. O Alexander Graham Bell teve grande influência neste
congresso. Este congresso foi organizado, patrocinado e
conduzido por muitos especialistas ouvintes na área de surdez,
todos defensores do oralismo puro (a maioria já havia
empenhado muito antes de congresso em fazer prevalecer o
método oral puro no ensino dos surdos). Na ocasião de votação
na assembléia geral realizada no congresso todos os professores
surdos foram negados o direito de votar e excluídos, dos 164
representantes presentes ouvintes, apenas 5 dos Estados Unidos
votaram contra o oralismo puro.
1951
Um surdo, Vicente de Paulo Penido Burnier foi
ordenado como padre no dia 22 de setembro. Ele esperou
durante 3 anos uma liberação do Papa da Lei Direito Canônico
que na época proibia surdo de se tornar padre.
1957
Por decreto imperial, Lei nº 3.198, de 6 de julho, o
“Imperial Instituto dos Surdos-Mudos” passou a chamar-se
“Instituto Nacional de Educação dos Surdos” – INES. Nesta
época a Ana Rímola de Faria Daoria assumiu a direção do
INES com a assessoria da professora Alpia Couto , proibiram a
língua de sinais oficialmente nas salas de aula, mesmo com a
proibição os alunos surdos continuaram usar a língua de sinais
nos corredores e nos pátios da escola.
1960
Willian Stokoe publicou “Linguage Structure: na
Outline of the Visual Communication System of the American
Deaf” afirmando que ASL é uma língua com todas as
características da língua oral. Esta publicação foi uma semente
de todas as pesquisas que floresceram em Estados Unidos e na
Europa.
1961
O surdo brasileiro Jorge Sérgio L. Guimarães publicou no
Rio de Janeiro o livro “Até onde vai o Surdo”, onde narra suas
experiências de pessoa surda em forma de crônicas.
1969
A Universidade Gallaudet adotou a Comunicação Total.
1977
Foi criada a FENEIDA (Federação Nacional de
Educação e Integração dos Deficientes Auditivos) composta
apenas por pessoas ouvintes envolvidas com a problemática da
surdez.
1994
Foi fundada a CBDS, Confederação Brasileira de
desportos de Surdos, em São Paulo- Brasil
1986
Estreou o filme “Filhos do Silêncio”, na qual pela
primeira vez uma atriz surda, a Marlee Matlin, conquistou o
Oscar de melhor atriz em Estados Unidos.
1987
Foi fundada a FENEIS– Federação Nacional de
Educação e Integração dos Surdos , no Rio de Janeiro – Brasil,
sendo que a mesma foi reestruturada da antiga ex-FENEIDA.
A FENEIS conquistou a sua sede própria no dia 8 de
janeiro de 1993, Rio de Janeiro - Brasil.
1997
Closed Caption (acesso à exibição de legenda na
televisão) foi iniciado pela primeira vez no Brasil, na emissora
Rede Globo, o Jornal Nacional, em mês de setembro.
1999
Foi lançada a primeira revista da FENEIS, com capa
ilustrativa do desenhista surdo Silas Queirós
2002
Formação de agentes multiplicadores Libras em Contexto
em MEC/Feneis.
2006
Iniciou Letras/libras com 9 polos
Unidades 05
DIFERENTES OLHARES NA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS
e por ultimo há outra visão: a história na visão crítica, que seria o historicismo e a
história cultural mistas.
Definição 1
Considerando em exceção de preferência de sinais do que de fala ao
integrar o surdo-mudo à sociedade, e em dar-lhe um conhecimento melhor da
língua,
Declara:
Que o método oral deve ser preferido do que a de língua de sinais para o ensino e
na educação dos surdos-mudos.
160 votação a favor e 4 contra em 7/9/1880.
Definição 2
Considerando que o uso simultâneo da fala e de língua de sinais tem a
desvantagem de prejudicar a fala, a leitura labial e a precisão das idéias,
Declara:
Que o método oral puro deve ser preferido.
150 votação a favor e 16 contra em 9/9/1880.
Definição 3
Considerando que um grande número de surdos-mudos não estão
recebendo os benefícios da educação, e que esta circunstância é devida à
ineficácia das famílias e das instituições.
Recomenda:
que os governos tomem as medidas necessárias para que todos os surdos-mudos
possam receber educação.
Votação a favor unanimemente em 10/9/1880.
Definição 4
Considerando-se que o ensino ao surdo oralizado pelo Método Oral Puro
deve se assemelhar tanto quanto possível ao ensino daqueles que ouvem e falam,
Declara:
a) Que o meio mais natural e mais eficaz através do qual o surdo oralizado pode
adquirir o conhecimento da língua é o método “intuitivo”, o qual consiste em
expressar-se primeiramente pela fala, e em seguida através da escrita, os objetos
e os fatos que são colocados diante dos olhos dos alunos.
b) Que no período inicial, ou maternal, o surdo-mudo deve ser conduzido à
observação de formas gramaticais por meio de exemplos e de exercícios práticos,
e no segundo período ele deve receber auxílio para deduzir as regras gramaticais
a partir dos exemplos, expressadas com o máximo de simplicidade e clareza.
c) Que os livros, escritos com palavras e em formas lingüísticas familiares aos
alunos, estejam sempre acessíveis.
Aprovado em 11/09/1880.
Definição 5
Considerando-se a carência de livros elementares o suficiente para auxiliar
no desenvolvimento gradual e progressivo da língua,
Recomenda:
Que os professores do sistema oral devem se dedicar à publicação de obras
especiais sobre o assunto.
Aprovado em 11/09/1880.
Definição 6
Considerando-se os resultados obtidos por meio de várias pesquisas
realizadas a respeito de surdos-mudos de todas as idades e condições que
haviam se evadido da escola há muito tempo, e que quando tinham de responder
a perguntas sobre diversos assuntos, responderam corretamente, com clareza de
articulação suficiente e conseguiram ler os lábios de seus interlocutores com
grande facilidade,
Declara:
a) Que os surdos-mudos ensinados pelo método oral puro não se esquecem, após
ter deixado a escola, os conhecimentos que lá adquiriram, mas os desenvolvem
continuamente através das conversação e da leitura, quando estas são facilitadas.
b) Que em sua conversação com pessoas ouvintes, os surdos-mudos fazem uso
exclusivo da fala.
c) Que a fala e a leitura labial, muito longe de terem sido abandonadas, são
desenvolvidas através de prática.
Aprovado em 11/09/1880..
Definição 7
Considerando-se que o ensino de surdos-mudos através da fala tem
exigências peculiares; considerando-se também que a experiência dos
professores de surdos-mudos é quase unânime,
Declara:
a) Que a idade mais favorável para admitir uma criança surda na escola é entre
oito e dez anos.
b) Que o período letivo deve ter ao menos sete anos; mas preferencialmente oito
anos.
c) Que nenhum professor pode ensinar um grupo de mais de dez crianças no
método oral puro.
Aprovado em 11/09/1880.
Definição 8
Considerando-se que a aplicação do método oral puro nas instituições
onde ele ainda não esta em pleno funcionamento, deve ser - para evitar um
fracasso do contrário inevitável - prudente, gradual, progressiva.
Recomenda:
a) Que os alunos com ingresso recente nas escolas devem formar um grupo em
si, onde o ensino poderia ser ministrado através da fala.
b) Que estes alunos devem absolutamente ser separados de outros alunos que
tiveram defasagem no ensino através da fala, e cuja educação será finalizada
através de sinais.
c) Que um novo grupo oralizado seja estabelecido todos os anos, e que todos os
alunos antigos que
foram ensinados por sinais terminem sua educação.
Aprovado em 11/09/1880.
2
(para saber mais ler o artigo publicado no site:
http://143.106.58.55/revista/viewarticle.php?id=126&layout=abstract )
surdos-mudos para homenagear ao abade L‟Epée, que foram de grandes
sucessos e com isto nasceu o „movimento de surdos‟.
Fonte: FISCHER, Renate & LANE, Harlan (eds.) Looking Back – International
Studies on Sign Language and Communication of the Deaf. SIGNUM PRESS.
1993. v.20