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Historia Das Ciências e Ensino - Figueiroa Vissicaro Alvim

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Figueirôa, Silvia Fernanda de Mendonça.

História e filosofia das ciências da natureza e da


matemática: ensino, pesquisa e formação de professores. São Paulo: Edições Hipótese, 2019.
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Silvia Fernanda de Mendonça Figueirôa


(org.)

HISTÓRIA E FILOSOFIA DAS


CIÊNCIAS DA NATUREZA E
DA MATEMÁTICA: ENSINO,
PESQUISA E FORMAÇÃO DE
PROFESSORES

W Edições Hipótese

1
Figueirôa, Silvia Fernanda de Mendonça. História e filosofia das ciências da natureza e da
matemática: ensino, pesquisa e formação de professores. São Paulo: Edições Hipótese, 2019.
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F745m Figueirôa, Silvia Fernanda de Mendonça.


História e filosofia das ciências da natureza e da matemática: ensino,
pesquisa e formação de professores / Silvia Fernanda de Mendonça
Figuerôa; (org.). – São Paulo: Edições Hipótese, 2019.
346p.

Bibliografia
978-65-80428-09-0

1. Educação. I. Título.
CDU - 370

EDIÇÕES HIPÓTESE é nome fictício da coleção de livros editados pelo Núcleo de


Estudos Transdisciplinares: Ensino, Ciência, Cultura e Ambiente, o Nutecca.

http://nutecca.webnode.com.br
OS LIVROS PUBLICADOS SÃO AVALIADOS POR PARES.

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Angulo (Univ. Sevilha), Prof. Dr. André Constantino da Silva (IFSP); Prof. Ms. João
Lúcio de Barros (IFSP).
EBOOK DE DISTRIBUIÇÃO LIVRE E GRATUITA

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Figueirôa, Silvia Fernanda de Mendonça. História e filosofia das ciências da natureza e da
matemática: ensino, pesquisa e formação de professores. São Paulo: Edições Hipótese, 2019.
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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ........................................................................................... 06

PARTE I: SUBSÍDIOS E BALIZAS TEÓRICAS

CAPÍTULO 01 – MÁS ALLÁ DE LAS DOS CULTURAS Y LA CREATIVIDAD:


UM ANÁLISIS DE LOS VÍCULOS HISTÓRICOS ENTRE ARTES Y CIÊNCIAS
Ángel Vázquez-Alonso, Margarita-Ana Vázquez-Manassero e MaríaAntonia
Manassero-Mas.................................................................................................11

CAPÍTULO 02 – A INCLUSÃO DE ELEMENTOS FILOSÓFICOS E


HISTÓRICOS NO ENSINO DE CIÊNCIAS: ENTRE NOS (NATURE OF
SCIENCE) E FOS (FEATURES OF SCIENCE)............................................... 40
Ivy Judensnaider e Fernando S. dos Santos

CAPÍTULO 03 - O MÉTODO EXPERIMENTAL DE CLAUDE BERNARD EM


TRÊS MOMENTOS: UM PARALELO COM ALGUMAS CONCEPÇÕES DE
NATUREZA DA
CIÊNCIA........................................................................................................... 58
Alan D. dos Santos Felisberto

CAPÍTULO 04 – NAS PÁGINAS ÍNTIMAS DE UM AUTOR MARANHENSE:


VESTÍGIOS DO ENSINO DE MATEMÁTICA NO SÉCULO
XIX.................................................................................................................... 79
Waléria de Jesus Barbosa Soares

PARTE II: PRÁTICAS – CURRÍCULO, MATERIAIS E IDEIAS

CAPÍTULO 05 – A HISTÓRIA DA CIÊNCIA NO INSTITUTO FEDERAL DE


GOIÁS.............................................................................................................102
Daniela Furtado Campos e Jefferson de Lima Picanço

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Figueirôa, Silvia Fernanda de Mendonça. História e filosofia das ciências da natureza e da
matemática: ensino, pesquisa e formação de professores. São Paulo: Edições Hipótese, 2019.
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CAPÍTULO 06 – ALGUNS TÓPICOS CONTROVERSOS NO ENSINO DE


BIOLOGIA E FÍSICA E SUAS REPRESENTAÇÕES EM LIVROS DIDÁTICOS
DO ENSINO MÉDIO........................................................................................123
Marcelo D’Aquino Rosa, Carla Nayelli Terra e Juliana Silva Pedro Barbi

CAPÍTULO 07 – JOGO DE CARTAS SOBRE A NATUREZA DA CIÊNCIA E


SEU USO NO ENSINO.................................................................................. 145
Bernardo Jefferson de Oliveira, Marina Assis Fonseca e Juliana Prochnow dos
Anjos

CAPÍTULO 08 – A LUA NA SALA DE AULA: UMA PROPOSTA


OBSERVACIONAL PARA OS ANOS INICIAIS ENVOLVENDO HISTÓRIA E A
NATUREZA DA CIÊNCIAS.......................................................................... 166
Paula Cristina da Silva Gonçalves Simon e Núria Araújo Marques

CAPÍTULO 09 – HISTÓRIA DAS CIÊNCIAS NO ENSINO: UMA PROPOSTA


DIDÁTICA PARA A SALA DE AULA NOS CICLOS INICIAIS DA EDUCAÇÃO
BÁSICA......................................................................................................... 185
Suseli de Paula Vissicaro e Márcia Helena Alvim

CAPÍTULO 10 – HISTÓRIA GLOBAL DA CIÊNCIA: UMA ESTRATÉGIA


INTERCULTURAL PARA O ENSINO DE NATUREZA DA
CIÊNCIA........................................................................................................ 199
Haira Gandolfi

CAPÍTULO 11 – OS ARES E AS PLANTAS NO SÉCULO XVIII: ASPECTOS


FORMATIVOS DE UMA ABORDAGEM HISTÓRICO-
INVESTIGATIVA...................................................................... 226
Matheus Luciano Duarte Cardoso e Thaís Cyrino de Mello Forato

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matemática: ensino, pesquisa e formação de professores. São Paulo: Edições Hipótese, 2019.
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CAPÍTULO 12 – DESENHOS CIENTÍFICOS E O SAMBA DE COCO:


ENSINANDO BOTÂNICA ATRAVÉS DA HISTÓRIA DAS CIÊNCIAS E DA
CULTURA POPULAR................................................................................... 256
Thailine Aparecida de Lima, Silvia Figueirôa e Fernando Santiago dos Santos

CAPÍTULO 13 – A SÍNTESE DA UREIA NO SÉCULO XIX: UMA PROPOSTA


DE ABORDAGEM HISTÓRICA CONTEXTUALIZADA PARA O ENSINO DE
QUÍMICA ORGÂNICA................................................................................... 277
Ana Carla de Sousa Silva e Breno Arsioli Moura

CAPÍTULO 14 – MÍDIA, AGROECOLOGIA E CIÊNCIAS DA NATUREZA:


BREVE REFLEXÃO METODOLÓGICA A PARTIR DE UMA PRÁTICA
PEDAGÓGICA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORAS(ES) DO
CAMPO.......................................................................................................... 298
Marcelo Vaz Pupo e Tarcila Mantovan Atolini

CAPÍTULO 15 – O LÍTIO: DAS CONTRIBUIÇÕES DE JOSÉ BONIFÁCIO AO


JOGO GEOPOLÍTICO DO SÉCULO XXI......................................................317
João Henrique Cândido de Moura

OS AUTORES E AS AUTORAS ................................................................... 333

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Figueirôa, Silvia Fernanda de Mendonça. História e filosofia das ciências da natureza e da
matemática: ensino, pesquisa e formação de professores. São Paulo: Edições Hipótese, 2019.
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APRESENTAÇÃO

Silvia Figueirôa

A História e a Filosofia das Ciências têm longa tradição, secular mesmo.


No Brasil, ainda que mais recente, sua produção já conta muitas décadas. Os
entrelaçamentos com o ensino, por sua vez, também vêm de longe: Augusto
Comte (1798-1857), formulador do Positivismo, no seu Curso de Filosofia
Positiva (1830), defendia que o estudo de uma ciência se iniciasse pela
abordagem histórica. Ainda, afirmava que não se conhece plenamente uma
ciência se não se conhece a sua história – uma declaração que permanece atual,
mesmo com as críticas e o abandono da doutrina positivista ao longo do tempo.
Mais de um século depois, os educadores norte-americanos Neil Postman
(1931-2003) e Charles Weingartner (1922-2007) preconizavam, para que a
escola e a educação fizessem (novo) sentido, a necessidade de

“...uma educação que realce a história, o modo científico de


pensamento, o uso disciplinado da linguagem, um conhecimento
profundo das artes e da religião e a continuidade da empresa
humana. Recomendo, pois, que se ensinem todas as matérias
como história.” (Postman e Weingartner, 1979, p. 170) (tradução
livre)

As propostas de articulação entre a História e a Filosofia das Ciências


(HFC) e a Educação ocorreram mais sistematicamente no pós-Segunda Guerra
(1939-1945), em boa medida como reação aos desdobramentos nefastos das
aplicações da Ciência & Tecnologia, principalmente as pesquisas cujo ápice foi
a produção da bomba atômica. Ao colocar em questão os efeitos trágicos do
consórcio entre Ciência & Tecnologia (C&T), mais visíveis nas guerras,
propugnava-se que a educação científica contribuísse para a formação de uma
‘consciência cidadã’ (Figueirôa, 2009). Uma proposta foram os Harvard Case
Histories, implantados na década de 1950 pelo então reitor numa das reformas
curriculares da Universidade de Harvard. James Bryant Connant (1893-1978)
presidiu Harvard entre 1933 e 1953. Reverberando movimentos mais amplos em
defesa da educação científica que vinham crescendo desde o início do século

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Figueirôa, Silvia Fernanda de Mendonça. História e filosofia das ciências da natureza e da
matemática: ensino, pesquisa e formação de professores. São Paulo: Edições Hipótese, 2019.
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XX, Connant defendeu em suas obras, a partir da década de 1940, que o cidadão
comum, por ele denominado “leigo”, deveria adquirir pleno conhecimento da
“tática e estratégia” da ciência (Connant, 1947; publicado no Brasil pela Editora
Cultrix em 1964). E o caminho mais adequado era o “acesso histórico”. Alguns
anos mais tarde, em 1952, voltou a publicar suas preocupações em torno da
relação entre as ciências e os seres humanos, no livro Modern science and
modern man (publicado no Brasil pela Editora Zahar em 1965). Na mesma
época, em 1953, uma palestra do físico Bernhard I. Cohen para professores
propunha a adoção de uma percepção histórica na Ciência (Cohen, 1993). Em
1964, à guisa de um balanço, Connant escreveu Two modes of thought (My
encounters with Science and Education), publicado pela Editora da Universidade
de São Paulo (USP) em 1968 com tradução de ninguém menos do que Anísio
Teixeira, educador de destaque e um dos pioneiros do movimento Escola Nova
no Brasil.
Contemporaneamente a essa publicação, nas décadas de 1960-70 a USP
incluiu nos currículos dos cursos de Física, Química, Biologia, História e
Arquitetura o oferecimento de disciplinas de História das Ciências e da
Tecnologia. Nos eventos organizados pela Sociedade Brasileira de História da
Ciência (SBHC), assim como nos da Sociedade Latino-americana de História
das Ciências e da Tecnologia (SLHCT, atualmente inativa), temas relativos à
História das Ciências & Tecnologia e ensino têm estado presentes com
regularidade desde os primeiros encontros nos anos 1980 (Figueirôa, 2003) e,
em 2014, o dossiê História das Ciências e Ensino de Ciências, organizado pelos
professores Thaís Forato, Andreia Guerra e Marco Braga, ocupou todo um
número da Revista Brasileira de História das Ciências (RBHC, volume 7, número
2), com seus 15 artigos substanciosos. A partir de 2018, a RBHC passou a contar
com uma seção temática específica, coordenada pelas professoras Ermelinda
Pataca e Márcia Alvim.
Em 1989 foi fundado o International History, Philosophy, and Science
Teaching Group (atualmente sob a presidência da professora brasileira Andreia
Guerra), cujo órgão científico de publicação é a revista internacional Science &
Education, editada pelo educador australiano Michael R. Matthews ao longo de
duas décadas, quando foi substituído por colegas da área. Enfático defensor da
HFC no ensino, Matthews publicou alguns artigos e livros que se tornaram

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Figueirôa, Silvia Fernanda de Mendonça. História e filosofia das ciências da natureza e da
matemática: ensino, pesquisa e formação de professores. São Paulo: Edições Hipótese, 2019.
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referência na área. Essa iniciativa de criação do IHPST representou um forte
impulso que marcou uma nova fase, de crescimento consistente das reflexões e
experiências articuladoras da HFC e do ensino, que hoje abarcam do nível
fundamental ao ensino superior, embora de maneira não uniforme. Além disso,
ensejaram a ampliação das reflexões em direção aos aspectos da chamada
Natureza da Ciência - (Nature of Sciences, em inglês).
Assim como no âmbito internacional, do Norte-Nordeste ao Sul do Brasil
também vêm crescendo de forma expressiva os grupos, linhas de pesquisa e
programas de pós-graduação que atuam na área, a ponto de ser um risco tentar
citá-los todos, sob pena de esquecimento e falha grave. No entanto, o que se
percebe, aqui e no exterior, é que ainda persistem carências e obstáculos para
que as propostas de HFC & ensino sejam apropriadas pelas professoras e pelos
professores e cheguem concretamente à sala de aula, e isso vem sendo
apontado há bastante tempo por diversos colegas. As dificuldades partem já da
formação, em que raramente a HFC está incluída nos currículos, especialmente
no Brasil – embora esta situação esteja muito lentamente a mudar.
O presente livro, HISTÓRIA E FILOSOFIA DAS CIÊNCIAS DA NATUREZA E DA

MATEMÁTICA: ENSINO, PESQUISA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES, valeu-se da


generosa abertura das Edições Hipótese para oferecer mais uma (pequena)
contribuição no sentido da incorporação da HFC ao ensino escolar, facilitada por
estar em acesso aberto e suporte eletrônico. Traz contribuições, basicamente,
de dois tipos: reflexões teóricas, de viés filosófico e, ou histórico, para
estabelecer uma primeira aproximação das professoras e dos professores com
o tema, ou mesmo dar continuidade a contatos estabelecidos anteriormente; e
textos mais aplicados, que não se pretendem “receitas”, mais bem visam a servir
de inspiração e fonte de ideias para os colegas em sala de aula. Os temas e
níveis educacionais são variados, a fim de cobrir um espectro mais amplo e
ampliar as possibilidades de diálogo, já que todos são professores e falam,
portanto, do “chão da sala de aula”, atuando diretamente com os alunos, ou na
formação de professores.
Os organizadores da presente obra agradecem a dedicação, seriedade,
profissionalismo e a paciência das autoras e autores dos capítulos, e todos
esperamos, honestamente, que mais um passo, mesmo tímido, tenha sido dado
em direção à melhoria da educação e do ensino de ciências.

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Figueirôa, Silvia Fernanda de Mendonça. História e filosofia das ciências da natureza e da
matemática: ensino, pesquisa e formação de professores. São Paulo: Edições Hipótese, 2019.
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Referências
Comte, A. (1894 [1830]). Cours de philosophie positive [Première et
Deuxième leçons]. Paris: Société Positiviste. http://obvil.sorbonne-
universite.fr/corpus/critique/comte_cours-philosophie-positive/. Acesso em
08/07/2019.

Figueirôa, S. F. M. (2009). História e Filosofia das Geociências: relevância para


o ensino e formação profissional. Terræ Didatica, v. 5, n. 1, p. 63-71.
http://www.ige.unicamp.br/terraedidatica/

Conant, J. B. (1964 [1947]). Como compreender a ciência – acesso histórico.


São Paulo: Cultrix. (Trad. Aldo Della Nina)

Postman, N.; Weingartner, Ch. (1979) Teaching as a Conserving Activity. New


York: Dell Publishing Co.

Cohen, B. I. (1993). A sense of history in science. Science & Education, v. 2, n.


3, p. 251-277. (republicação do original de 1953)

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Figueirôa, Silvia Fernanda de Mendonça. História e filosofia das ciências da natureza e da
matemática: ensino, pesquisa e formação de professores. São Paulo: Edições Hipótese, 2019.
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CAPÍTULO 09 – HISTÓRIA DAS CIÊNCIAS NO ENSINO: UMA PROPOSTA


DIDÁTICA PARA A SALA DE AULA NOS CICLOS INICIAIS DA EDUCAÇÃO
BÁSICA
Suseli de Paula Vissicaro e Márcia Helena Alvim

Ao longo das últimas décadas pesquisas em Didática das Ciências têm


contribuído para mudanças significativas no Ensino de Ciências. Uma destas
contribuições, mais intensa a partir dos anos 1990, diz respeito à inclusão da
História das Ciências no ensino, já defendida há décadas por diferentes
pesquisadores. Um dos muitos argumentos favoráveis à inclusão da História das
Ciências no ensino, que apresentaremos na primeira parte deste capítulo,
aponta para o desenvolvimento de aulas que favoreçam discussões acerca da
historicidade das ciências. Neste sentido, consideramos importante, a
elaboração e o desenvolvimento de propostas didáticas que visem uma
abordagem histórica das ciências, discutindo e apresentando o conhecimento
como uma produção humana, de homens e mulheres que se encontram
inseridos em contextos socioculturais, políticos e econômicos específicos. Neste
texto, apresentaremos os resultados de uma proposta didática (Sequência
Didática) desenvolvida com alunos do 3º ano do Ensino Fundamental I com a
temática das navegações portuguesas dos séculos XV e XVI. Dentre as
atividades realizadas nesta SD, podemos destacar a leitura de livro paradidático,
o trabalho com mapas, a pesquisa e apresentação sobre instrumentos científicos
do período e a elaboração e utilização de um destes instrumentos, o quadrante.
A atividade presente neste texto resulta de pesquisa originada de uma
dissertação de mestrado defendida por Vissicaro (2014), sobre a temática das
relações entre História das Ciências e educação científica. Este estudo insere-
se como uma pesquisa de natureza qualitativa, com análise de um estudo de
caso, o desenvolvimento e a execução da SD. A proposta didática foi realizada
a partir de discussões com as professoras responsáveis pelas turmas, que
participaram como observadoras. A condução das atividades propostas e
organizadas na SD ficou a cargo da professora pesquisadora, oriunda da própria
rede pública de ensino e da escola onde a pesquisa foi realizada. Dentre os

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Figueirôa, Silvia Fernanda de Mendonça. História e filosofia das ciências da natureza e da
matemática: ensino, pesquisa e formação de professores. São Paulo: Edições Hipótese, 2019.
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resultados, podemos destacar o potencial da história das ciências como
instrumento de reflexão e promoção da interdisciplinaridade, já que mobilizou
conhecimentos geográficos, como os mapas; científicos, como o conhecimento
astronômico; e matemáticos, sendo estudados os ângulos. Deste modo, este
estudo busca apontar caminhos possíveis para a utilização da História das
Ciências em sala de aula, não se constituindo como um modelo finalizado, mas,
passível de adaptações, mudanças ou adequações diante das diferentes
realidades escolares.

História das Ciências


Há muito se argumenta sobre as contribuições da história das ciências ao
ensino, como possibilidade de romper com a fragmentação e a
compartimentação dos conteúdos e visando à formação crítica do cidadão,
destacando-se sua inserção no ensino de ciências para uma melhor
compreensão do mundo e suas transformações. Os que defendem a inclusão da
História e Filosofia das Ciências no ensino, “[...] advogam em favor de uma
abordagem contextualista, isto é, uma educação em ciências onde estas sejam
ensinadas em seus diversos contextos: ético, social, histórico, filosófico e
tecnológico” (Matthews, 1995, p. 166). A visão tradicional sobre a ciência a
apresenta como uma atividade neutra, atemporal e livre de pressões de natureza
política, econômica ou social. Numa certa caricatura, uma ciência feita por alguns
poucos gênios, que buscam a verdade e utilizam um método científico único e
infalível.
Porém, estudos iniciados na década de 1970 (atualmente desdobrados e
conhecidos como Estudos Sociais da Ciência e da Tecnologia) situam a ciência
como um produto cultural, resultante de um processo, rompendo com a visão
apresentada nos livros didáticos e conteúdos programáticos da área. Em outras
palavras, ciência como cultura, como “[...] construção humana sobre os
fenômenos do mundo natural a partir de elementos de seu universo cultural,
possuindo uma relação dialógica com a sociedade em que é produzida, pois a
ciência sofre e exerce impactos sócio-político-econômicos e culturais na mesma”
(Alvim, 2012, p. 3).

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