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Cm-Aula 7 Barras Comprimidas Rev6

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AULA 7 – BARRAS COMPRIMIDAS

Textos extraídos dos livros Edifícios Industriais em aço – Ildony H. Bellei - Estruturas de Aço de
Walter/Michèle Pfeil, Estruturas Metálicas de ACFB Pinheiro e Estruturas de Aço-Yopanan R.

As peças comprimidas axialmente são encontradas em componentes de treliças, sistemas de


travejamento e em pilares de sistemas contraventados de edifícios com ligações rotuladas.

Ao contrário do esforço de tração, que tende a retificar as peças reduzindo o efeito


de curvaturas iniciais existentes, o esforço de compressão tende a acentuar esse
efeito.

Os deslocamentos laterais produzidos compõem o processo conhecido por


flambagem por flexão (ver figura ao lado), que, em geral, reduz a capacidade de
carga da peça em relação ao caso da peça tracionada.

As peças comprimidas podem ser constituídas de seção simples ou de seção


múltipla. As chapas componentes de um perfil comprimido podem estar sujeitas à
flambagem local, que é uma instabilidade caracterizada pelo aparecimento de
deslocamentos transversais à chapa, na forma de ondulações (ver figura abaixo).

Para dimensionamento de barras à compressão deve-se levar em conta,


principalmente, a flambagem das peças.

FLAMBAGEM POR FLEXÃO

Coluna idealmente perfeita – Euler

 Coluna isenta de imperfeições geométricas e tensões residuais;


 Material de comportamento elástico linear;
 Carga perfeitamente centrada;
 Deslocamentos laterais nulos (δ=0) até atingir a carga crítica ou
carga de Euler.

CONSTRUÇÕES METÁLICAS_REV6 – Prof. Patricia de Almeida Página 1


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A partir de Ncr não mais é possivel o equilíbrio na configuração retilínea. Temos deslocamentos
laterais e a coluna fica sujeita à flexocompressão.

Tensão crítica:

Colunas reais possuem:


 Imperfeições geométricas, tais como desvios de retilinidade, devido ao processo de
fabricação;
E além disso....
 Não podemos garantir a centralidade do carregamento.

Portanto: A flambagem ocorre com a


flexão da haste desde o início do
carregamento.

Nc = carga última ou resistente (pode ser menor


a Ncr)

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Tensão Última Nominal

Curva tracejada – Colunas geometricamente perfeitas com material elástico

 Se fcr < fy, a tensão última fc é a própria tensão crítica fcr


 Se fcr > fy, a tensão última fc pode ser igual a fy

Curva contínua – Colunas com imperfeições geométricas e tensões residuais

 Colunas muito esbeltas (valores elevados de l/i) onde ocorre flambagem em regime
elástico fcr < fy e onde fc ≈ fcr;
 Colunas de esbeltez intermediária, nas quais há maior influência das imperfeições
geométricas e das tensões residuais;
 Colunas curtas (valores baixos de l/i), nas quais a tensão última fc é tomada igual à de
escoamento do material fy.

Adotar em função disso uma redução do índice de esbeltez (λ0)

ou

Para os aços de uso comum, temos:

 MR250 λ0 = 0,0113.(kl/i)
 AR350 λ0 = 0,0133.(kl/i)

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COMPRIMENTO DE FLAMBAGEM

Comprimento de flambagem de uma haste é a distância entre os pontos de momento nulo da


haste comprimida, deformada lateralmente.

Comprimentos de Flambagem:

Carga Crítica no regime elástico – Fórmula de Euler

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Exemplos práticos:

Para os casos de treliças, pode-se adotar,


conservadoramente, k=1,0. O comprimento de
flambagem, fora do plano da treliça, depende
do sistema de contraventamento.

No caso específico de montantes ou diagonais


de treliças formadas por cantoneiras isoladas, o
esforço axial é introduzido com excentricidade
no elemento, sujeitando-o a flexocompressão
(e).

FÓRMULA DE DIMENSIONAMENTO DE BARRAS SUBMETIDAS À COMPRESSÃO SIMPLES

O esforço resistente de projeto, para hastes metálicas, sem efeitos de flambagem local,
sujeitas à compressão axial, é dado pela equação:

A tensão fc considera o efeito de imperfeições geométricas e excentricidades de aplicação das


cargas dentro das tolerâncias de Norma, além das tensões residuais existentes nos diferentes
tipos de perfis.

TENSÃO NOMINAL RESISTENTE - fc

A tensão nominal resistente - fc foi obtida em função de estudos experimentais que culminou
com a construção de 3 curvas de flambagem, considerando a imperfeição geométrica inicial
igual a L/1470. Estas curvas são referenciadas no estudo como curvas 1P, 2P e 3P. A NBR 8800
adotou a curva 2P, mostrada abaixo, como curva única de flambagem, descrita como uma
relação adimensional χ (Chi).

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χ = f c / fy

λ0 = índice de esbeltez reduzido

VALORES LIMITES DO COEFICIENTE DE ESBELTEZ

As normas fixam limites superiores do coeficiente de esbeltez (kl/i) com a finalidade de evitar a
grande flexibilidade de peças excessivamente esbeltas.

O parâmetro de esbeltez (λ) é limitado a um valor máximo de 200 (NB-14 – Item 5.3.5) para o
caso de edifícios e 120 para pontes.

FLAMBAGEM LOCAL (Q)

Além da flambagem global, as peças estruturais


comprimidas podem sofrer efeitos da flambagem
local.

Denomina-se “flambagem local” a flambagem das


placas componentes de um perfil comprimido.

A figura mostra uma coluna curta (não sofre


flambagem global por flexão), cujas placas
componentes comprimidas apresentam
deslocamentos laterais na forma de ondulações
(flambagem local).

Em uma coluna esbelta composta de chapas esbeltas,


os processos de flambagem por flexão da coluna
(global) e de flambagem localizada (das chapas)
ocorrem de forma interativa, reduzindo a carga última da coluna sem consideração de
flambagem local.
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A relação de Euler só vale para peças esbeltas que trabalham dentro do regime elástico.

A esbeltez, a partir da qual as tensões apresentam-se dentro do regime elástico, vale para a
relação λ>105.

No caso de barras mais curtas ou menos esbeltas, as tensões que provocam a flambagem
encontram-se acima do limite elástico, entrando no regime plástico. Neste caso, a relação de
Euler sofre alteração, pois quando se inicia o escoamento do material, o módulo de elasticidade
não é mais constante, variando conforme aumenta a tensão. Quando a seção está totalmente
escoada o material torna-se totalmente deformável, valendo zero o módulo de elasticidade
nesse ponto. A relação de Euler não pode mais ser aplicada e nem tem mais sentido, pois, para
fins práticos, o limite máximo de trabalho de uma peça é quando ela atinge a tensão de
escoamento (fy).

Critérios para impedir a flambagem local

As pesquisas levaram ao desenvolvimento de fórmula, levando-se em conta a relação b/t,


obtendo-se as dimensões das placas componentes dos perfis, sendo b a largura da chapa e t
sua espessura.

Para dimensionarmos a seção, tendo como base a tensão limite de escoamento, no caso de
peças submetidas à compressão axial, deve-se obter valores inferiores a b/t dos apresentados
na tabela a seguir. Se esta relação tiver valor inferior, não haverá flambagem local e o esforço
resistente será calculado pela tensão limite de escoamento. Caso contrário, este deverá ser
reduzido para que evitemos a flambagem local.

Igualando-se a tensão crítica elástica (σcr) à tensão fy.

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ESFORÇO RESISTENTE DE HASTES COM EFEITO DE FLAMBAGEM LOCAL


Para assegurar que a flambagem local não ocorra antes da flambagem global da peça
estrutural, existem limitações que devem ser obedecidas, ou então, os valores da tensão limite
a compressão deverão sofrer coeficientes de minoração, representados por Q.

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As limitações que devem ser observadas para os casos de flambagem local são:
 Para elementos enrijecidos – são os elementos que têm as duas bordas, paralelas às
tensões de compressão, apoiadas em toda a sua extensão. Alma de perfis I, H ou U
(Grupos 1 e 2 da tabela acima, denominadas placas tipo AA).

Coeficiente Qa, baseado no conceito de largura efetiva.

Qa = Aef / Ag, sendo Aef = área efetiva da placa.

Neste caso existe reserva de resistência após a flambagem. O cálculo é feito numa situação pós-
flambagem, admitindo-se uma largura efetiva be, trabalhando com a tensão máxima.

Nestes casos adota-se que σ= fc sendo fc calculado com Q=1,0.

 Para elementos não enrijecidos – são os elementos que têm uma borda livre, paralela às
tensões de compressão. Mesas de perfis I, H ou U e abas de perfis L (Grupos 3 a 6 da
tabela acima, denominadas placas tipo AL=apoio-livre).

Neste caso não existe reserva de resistência após a flambagem. Deve-se neste caso fazer um
cálculo em situação prévia a flambagem, com tensão média σmedia= Qs. σmax
Neste caso, deve-se usar valores em função de uma nova tabela, onde a relação b/t leva a
consideração de estarmos com flambagem local inelástica ou elástica.
A tabela abaixo apresenta as fórmulas para cálculo do valor Q de minoração, que sempre será
<=1,0.
Ndres = Nc / γa1 = Q.Ag.fc / γa1

Onde Q = Qa.Qs, sendo Qs um fator de redução para segurança, aplicável a seções em que
uma ou mais placas componentes tem relação b/t superior aos valores da tabela 5.1.

ROTEIRO PARA DIMENSIONAMENTO

1. Escolher inicialmente um perfil que pareça adequado.


2. Após a escolha, anotar as propriedades geométricas da seção: área e raios de giração.
3. Calcular o índice de esbeltez λ= Lfl / i para a situação mais desfavorável.
4. Calcular λ0
5. Ir na tabela A2 e obter o valor de fc/fy
6. Calcular fc
7. Calcular Ndres
8. Verificar flambagem local:
Calcular a relação b/t, para mesa e alma, dependendo do perfil escolhido, e comparar
com os valores limites da tabela 5.1, para verificar se há flambagem local. Se houver,
calcular os coeficientes de redução Q ou alterar o perfil.
9. Comparar a tensão atuante com a tensão admissível.
10. Se a tensão atuante for menor que a admissível o perfil pode ser aceito.
11. Se a tensão atuante for muito menor que a admissível, o perfil escolhido estará
superdimensionado.
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EXERCÍCIOS

EXERCÍCIO 7.1
(Estruturas de aço – Walter Pfeil)

Determinar a resistência de cálculo à compressão do perfil W150 x 37,1 kgf/m de aço ASTM A-
36 com comprimento de 3m, sabendo-se que suas extremidades são rotuladas e que há
contenção lateral impedindo a flambagem em torno de y (a). Comparar o resultado obtido para
uma peça sem contenção lateral, podendo flambar em torno do eixo y-y (b).

Respostas: (a) Ndres = 982,07 kN (b)785,66 kN

EXERCÍCIO 7.2

(Estruturas de aço – Walter Pfeil)

Calcular o esforço normal resistente no mesmo perfil do problema 7.1, sem contenção lateral,
considerando-o engastado numa extremidade e livre na outra (a). Comparar o resultado obtido
para uma peça engastada numa extremidade e rotulada na outra (b).

Respostas:

a) Ndres = 307,68 kN
b) Ndres = 924,71 kN

EXERCÍCIO 7.3
(Estruturas de aço – Walter Pfeil)

Calcular o esforço resistente de


projeto à compressão em dois perfis
H152 (6”) x 40,9 kgf/m, sem ligação
entre si, e comparar o resultado com
o obtido para os perfis ligados por
solda longitudinal. Considerar uma
peça de 4 m, rotulada nos dois
planos de flambagem, nas duas
extremidades. Material: aço ASTM
A-36. Considerar que não existe
flambagem local

Respostas: Ndres = 1205,9 kN (opção isolados) e Ndres = 1905,9 kN (opção soldados)

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