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Psicodiagnóstico

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Procedimentos Clínicos utilizados no Psicodiagnóstico

5.1 Bibliografia

Nas últimas décadas, foi possível observar uma transformação na área do


Psicodiagnóstico,ocasionada por uma nova visão de conhecimento por parte dos
Psicólogos.
Antes dessa transformação, os psicólogos clínicos empregavam em seu
trabalho técnicas e métodos de outras áreas, modelos médicos e estatísticos, por
exemplo. No entanto, a nova visão de relação psicólogo-paciente, como instrumento
de conhecimento, trouxe o surgimento de novas técnicas e instrumentos próprios da
área.
Juntamente com essa transformação, surgiu o que foi denominado de
abordagem compreensiva, que busca compreender as perturbações do psiquismo e
os motivos inconscientes que as mantém.
Dentro deste contexto, os testes se apresentam como um fator essencial no
processo psicodiagnóstico, pois, facilitam a captação dos fatores perturbadores e
das angústias. São, portanto, instrumentos parciais dentro do processo e não
devem ser utilizados de forma isolada, como única fonte de informações.
Sendo assim, é necessário escolher atentamente os procedimentos e
instrumentos adequados e aplicá-los de forma correta para que o resultado do
psicodiagnóstico seja válido e bem embasado.

5.2 O jogo de rabiscos

Em 1971, Winnicott apresentou este procedimento clínico, como uma forma de


interação com a criança, tendo como objetivo básico estruturar uma consulta com
efeitos terapêuticos. A técnica está fundamentada na concepção de espaço
transicional também formulada pelo mesmo em 1975.
O Jogo de Rabiscos é uma técnica clínica que, de outra forma, tenta
reproduzir as condições para o aparecimento do espaço transicional entre
psicólogo-cliente, gerando uma situação como que onírica, onde a comunicação de
aspectos profundos do psiquismo fica facilitada.por esta razão, a disponibilidade que
o psicólogo necessita manter junto ao cliente é fundamental para a eficácia do
processo. O objetivo é dar a este a oportunidade de expressar conflitos a alguém
que esteja interessado em compreendê-lo.
O contato necessita ser simples, sincero e natural, para que a criança crie um
vinculo de confiança com o psicólogo, para que expresse suas angústias.
Percebemos que se trata de um método no qual a personalidade do psicólogo tem
bastante influencia sobre a eficiência da abordagem.
Esse Jogo de Rabiscos é realizado usando folhas de papel em branco,
podendo ser de diversos tamanhos, dois lápis tanto pro cliente quanto para o
psicólogo. Ao colocar o material na mesa, formula-se a seguinte instrução: “Faço um
rabisco sobre o papel e você o transforma em alguma coisa; depois é a sua vez:
você faz o rabisco e será a minha vez de transformá-lo em algo”.
De acordo que os desenhos forem realizados, precisa colocá-lo sobre a mesa
ou no chão, pois a criança precisa ter uma visão panorâmica dos mesmos.
O tempo de duração da entrevista varia de cinqüenta minutos a uma hora e meia,
ela termina somente quando a comunicação foi desenvolvida até o nível em que a
criança expressa suas angustias básicas.
Umas das dificuldades encontradas neste método, é poder discernir o
momento que as angustias são comunicadas. Geralmente são utilizados meios em
que a criança demonstra maior importância a determinados desenhos, mudanças no
ritmo da sessão, uso de folhas de papel maiores.Com frequência indaga-se sobre
os sonhos, se elas já sonharam com os desenhos. Podendo serem relatados
conflitos profundos.
Winnicott esclarece que além do diagnóstico, há um valor terapêutico no
método.
O enquadramento oferecido a criança propicia sentir frente experiências
profundas, que muitas vezes geram medo. Podendo ter a possibilidade de se ver
livre desses bloqueios que de cerra forma paralisavam o seu desenvolvimento.
A técnica não é rígida, ao contrário, a criança pode estruturar a situação da forma
mais conveniente à ela. Pode acontecer da criança não conseguir realizar o primeiro
desenho, podendo ser auxiliada. A criança também pode fazer o rabisco e
completa-lo ou fazer um desenho quase pronto, esperando que o entrevistador
complete. Em todas as situações, cabe ao psicólogo adaptar-se as necessidades
expressas pela criança.
Como vemos neste tipo de trabalho, o contato psicólogo-criança reproduz
algumas características do contato mão-bebê, o entrevistador oferece-se como
continente para criança usá-lo para fazer descobertas a respeito de si mesma.
Uma das grandes dificuldades da técnica é que ela sendo não estruturada,
facilita a emergência de núcleos emocionais mal elaborados.
Não sendo utilizada em crianças com idade inferior a 5 anos de idade, nem
em crianças com problemas orgânicos ou autistas.
O procedimento usado de forma adequada, proporciona uma rica experiência as
crianças.

5.3 O Procedimento de desenhos e estórias

Para que um cliente possa expressar uma comunicação verbal direta de suas
dificuldades, é necessária que haja capacidade de representar simbolicamente
essas dificuldades.
O desenho livre vem sendo utilizado por psicólogos e educadores como um
processo de obtenção de informações sabre vários aspectos (inteligência,
psicomotricidade, vida afetiva).
Trinca pesquisou e sistematizou um método de aplicação de desenhos
associados a estórias, que tem se mostrado útil a pratica clinica. Ele classificou este
método como intermediário entre as entrevistas não estruturadas e os instrumentos
projetivos gráficos e temáticos.
Para uso deste procedimento, utilizam-se folhas de papel em branco tipo offcio,
lapis de cor e lapis preto n. 0 2. Uma vez que um bom rapport tenha se estabelecido
e examinador e cliente estejam sentados frente a frente, espalham-se os lápis sobre
a mesa, colocando-se a folha de papel em branco em posição horizontal a frente do
examinando.
Pede-se-lhe que faça um desenho livre. Feito o desenho, solicita-se que ele
conte uma estoria. Concluída a mesma, realiza-se um inquérito por meio de
perguntas feitas pelo psicólogo, onde se procura esclarecer aspectos ainda não
muito claros do desenho e/ou da estoria.
É útil levar-se em conta os diversos componentes como aspectos de um único
processo. Isto é, ao estudarmos as cinco unidades de produção, geralmente
conseguimos observar que o cliente expressa fantasias e angustias básicas daquele
momento de sua vida.
Cada componente oferece-nos um ângulo de visão a respeito daquelas angústias
e fantasias. Temos observado que este método nos dá de forma clara uma síntese
dos aspectos fundamentais do funcionamento mental do cliente, ou seja, fantasias e
ansiedades básicas, pontos de regressão e fixação, recursos defensivos,
capacidade elaborativa do ego, tipos de relações objetais etc. Permite uma visão
sintética e dinâmica.

5.4. O Ludodiagnóstico

Este procedimento foi apresentado originalmente por Aberastury (1962)


como resultado de observações feitas durante o primeiro contato da criança com o
analista. Essas observações evidenciaram o valor diagnóstico da entrevista lúdica,
em que a criança estrutura através dos brinquedos a representação de seus
conflitos básicos, suas principais defesas e fantasias de doenças e cura, permitindo,
dessa forma, o aparecimento de uma perspectiva ampla ao respeito do seu
funcionamento.
O valor do jogo e do brinquedo como formas de expressão de conflito e
desejos tem sido salientado por diversos autores que estudaram as formas de
expressão infantis. Como Freud (1948), Klein (1964), e Aberastury (1962).
Segundo Knobel (1977), através do jogo a criança pode projetar angústias e
conflitos que de certa forma aparecem, assim, objetificados, concretizados em
objetos igualmente concretos, que podem ser manipulados numa tentativa de
elaboração lúdica.
O ludodiagnóstico costuma ser realizado em uma sala preparada para
brincar e jogar, ou seja, um lugar razoavelmente amplo, fácil de limpar, onde o
entrevistador possa permitir à criança a manifestação de suas necessidades de
expressão.
Informa-se a criança que ela poderá usar os brinquedos da forma como
quiser. Ela costuma fazer perguntas a respeito dos brinquedos, como por exemplo,
“O que é isso?”. Deve-se responder solicitando associações, por exemplo, “O que
lhe parece?” ou “O que você acha?”. Espera-se que com isso a criança estruture
livremente o seu jogo. É importante observar como a criança dá início à
estruturação, como dá sequência aos jogos, como formula comentários verbais etc.
A maior dificuldade existente no ludodiagnóstico consiste, precisamente na
sua avaliação por se tratar de material clínico não sistematizado, depende do uso da
experiência clínica. Podemos, no entanto, avaliar a hora do jogo para diagnóstico
sob dois pontos de vista: o evolutivo e o psicopatológico.
A análise do jogo do ponto de vista evolutivo foi proposta por Soifer (1974)
como tentativa de desenvolver critérios mais objetivos de interpretação.
Para interpretação do conteúdo inconsciente expresso no jogo, Klein (1969)
lembra que é preciso levar em consideração todos os mecanismos e métodos de
representação empregados. Brinquedos ou peças do jogo podem ter significados
diferentes, de acordo com cada momento da sessão.
Do ponte de vista psicopatológico, devemos notar: as defesas mais
utilizadas pelas crianças durante o jogo; as ansiedades; as formas de relações
objetais e, também as fantasias inconscientes expressas.
O ludodiagnóstico pode, ainda ser estudado segundo outros referenciais.
Ele informa sobre a capacidade adaptativa, criativa, simbólica etc. da criança. É um
procedimento clínico bastante rico, fornecendo informações amplas que permitem
formular opiniões prognósticas, diagnósticas e indicações terapêuticas.

5.5 A entrevista verbal com a criança

O ser humano é dotado de uma capacidade de verbalizar, sendo esta uma


característica que o difere entre outras espécies. Por meio do código verbal, as
pessoas têm a possibilidade de expressarem e refletirem sobre seus sentimentos e
suas vivências. É um instrumento fundamental do pensamento.
Diversas técnicas psicoterapêuticas utilizam o código verbal como uma maneira de
entender e explicar a vida emocional, pois quando as pessoas expressam aquilo
que sentem e o que as afligem, por meio do código verbal, facilita ao psicoterapeuta
a compreensão de seu paciente.
Assim também ocorre durante uma entrevista com criança, pois se a mesma
consegue verbalizar e expressar o que passa emocionalmente com ela, o
especialista deve atentar ao que é dito, pois suas palavras são expressões do seu
funcionamento interno, e assim, consegue compreender o ponto de vista da criança,
suas peculiaridades e o que se passa com ela.
Segundo Arfouilloux (1976), a entrevista verbal permite observar os fatos e
diferenciá-los dos objetos imaginários.Contudo, para que a criança verbalize, a
entrevista dependerá:
a. Do processo de maturação neuropsicomotor: quando a linguagem torna-se
um instrumento estruturador do mundo; a mesma passa a ter um vínculo
afetivo com o mundo.
b. Dos psicodinamismos da criança: irão determinar a forma de como o
entrevistado irá reagir durante è entrevista e ao entrevistador.
Desta forma, não há um padrão correto de entrevista, cabe ao especialista
adequar a situação da entrevista à criança. O entrevistador terá melhor êxito na
verbalização da criança ao mostrar-se interessado em compreendê-la e ajudá-la.
O terapeuta deve se apresentar e convidar de maneira simples a criança para
adentrar na sala de atendimento. Quando a criança não consegue separar-se de
sua mãe, a entrevista deverá ser feita na presença da mesma de maneira que não
interfira nos procedimentos. A linguagem deve ser simples de acordo com o nível de
compreensão do entrevistado. Durante a comunicação pode haver discurso pré-
verbal ou lúdico, então o psicólogo deve estar receptivo a todas as formas de
comunicação.
Geralmente, a primeira entrevista o psicólogo deve buscar a criação do vínculo
com a criança. Para tal, não se deve ir logo às perguntas diretas sobre seus
temores e medos, e sim, perguntar a criança se ela sabe o motivo de ela estar ali.
Perguntar sobre o que gosta de fazer na escola, nas brincadeiras. Para estimular a
verbalização, deve-se perguntar sobre heróis preferidos, sobre os pais, irmãos,
amigos, animais, medos etc.
O clima da entrevista deve ser confortável para a criança, para isso, o
psicólogo deve conversar ao invés de só utilizar-se de perguntas com a mesma.
Quando a criança interage durante a conversa, o profissional deve estar a tento às
manifestações de expressões ao representar seu herói, ou a explicar algum evento
que ocorreu.
Segundo Winnicott(1971), a entrevista torna-se rica quando o entrevistado
encontra no entrevistador a certeza de compreensão.
Depois da entrevista verbal, o psicólogo terá recolhido informações sobre as
angústias, relações objetais, mecanismos de defesa etc.
Esse tipo de entrevista não se mostra muito eficaz com crianças que se sentem
perseguidas e inibidas.
5.6 Testes psicológicos usuais no psicodiagnóstico.
Os testes psicológicos devem e podem ser utilizados após o fortalecimento do
vínculo psicólogo cliente.
Pois os mesmos visa clarificar algumas percepções já delineadas pelo psicólogo.Ele
utiliza os instrumentos como forma de certificar de algo já percebido, ou seja,
manifestado pelo cliente.
Os testes existentes são classificados em três grandes grupos: projetivos,
psicomotores e de inteligência.

Ordem de passos a serem seguidos para aplicação dos testes:


● procedimentos não estruturados;
● testes projetivos -são testes que visam oferecer estímulos poucos
estruturados,que ele organizará de acordo com os aspectos do seu mundo
interno,incluindo angustias,defesas,conflitos,relações
objetais.Exemplos:T.A.T/C.A.T/Psicodiagnóstico de Roarschach
● testes psicomotores- estudam as funções motoras do ponto de vista de sua
normalidade ou alterações.Exemplos: Stanback, Piaget-Head e Bender
● testes de inteligência- extraem informação sobre a inteligência, definida
como a capacidade de resolução de problemas.Exemplos: Escala de
Weschsler (Wisc-Wais),Terman Nenill e Teste de Raven

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