Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Cdsa Projeto Academico

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 111

UNIVERSID

N DADE FED D CAMP


DERAL DE PINA GRA
ANDE
REITORRIA
SECRETTARIA DE PROJETOOS ESTR
RATÉGICO
OS

CENTRO DE DESEN MENTO SUSTENT


NVOLVIM O SEMI-Á
TÁVEL DO ÁRIDO
PROJETO
O DE CRIA US DE SU
AÇÃO DO CAMPU UMÉ

CAMPINA
A GRANDE, 13 DE
D JUNHO DE 20
008

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE


REITORIA
SECRETARIA DE PROJETOS ESTRATÉGICOS

CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO SEMI-ÁRIDO


PROJETO DE CRIAÇÃO DO CAMPUS DE SUMÉ

THOMPSON FERNANDES MARIZ


REITOR
MÁRCIO DE MATOS CANIELLO
SECRETÁRIO DE PROJETOS ESTRATÉGICOS

COMITÊ ASSESSOR
VÂNIA SUELY GUIMARÃES ROCHA
GILMAR TRINDADE DE ARAÚJO
CAMILO DE LÉLIS GONDIM MEDEIROS

CONSELHEIROS DA CÂMARA SUPERIOR DE ENSINO


JOSÉ IVALDO BARBOSA DE BRITO
REGINALDO SEVERO DE MACEDO
ALANA CANDEIA DE MELO
MARCO AURÉLIO DE TEIXEIRA E LIMA
WILSON ROBERTO DA SILVA
ANTÔNIO JOSÉ DA SILVA

COLABORADORES
DANIEL DUARTE PEREIRA
FERNANDA DE LOURDES ALMEIDA LEAL
VERA LÚCIA ANTUNES DE LIMA
AMURABI PEREIRA DE OLIVEIRA
SILVANA FERNANDES NETO

EQUIPE TÉCNICA DA SPE


FERNANDO DE OLIVEIRA PEREIRA
JOSAFÁ PAULINO DE LIMA
ROSENATO BARRETO
DIEGO GADELHA DE MENEZES
ELIONAI ARRUDA GOMES

CAMPINA GRANDE, 13 DE JUNHO DE 2008


SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 4 
CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO SEMI‐ÁRIDO – CDSA ....................... 9 
OBJETIVO .............................................................................................................................. 9 
META ................................................................................................................................... 9 
MISSÃO ................................................................................................................................ 9 
JUSTIFICATIVA ...................................................................................................................... 10 
CONTEXTUALIZAÇÃO .....................................................................................................13 
O SEMI‐ÁRIDO ..................................................................................................................... 13 
O SEMI‐ÁRIDO BRASILEIRO ..................................................................................................... 13 
ASPECTOS AMBIENTAIS DO SEMI‐ÁRIDO PARAIBANO ................................................................... 18 
O TERRITÓRIO DO CARIRI PARAIBANO ....................................................................................... 20 
Geografia ..................................................................................................................... 20 
Pré‐História .................................................................................................................. 22 
História Social .............................................................................................................. 23 
História Econômica ...................................................................................................... 26 
População e Demografia ............................................................................................. 30 
Economia ..................................................................................................................... 31 
Indicadores de Renda, Pobreza e Desigualdade .......................................................... 36 
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) .................................................................. 37 
Educação ...................................................................................................................... 38 
UMA ESTRATÉGIA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO SEMI‐ÁRIDO ...........39 
ESTRUTURA ACADÊMICO‐ADMINISTRATIVA DO CDSA ..................................................42 
UMA REDE PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO SEMI‐ÁRIDO .......................................... 43 
UNIDADE ACADÊMICA DE EDUCAÇÃO DO CAMPO – UAEDUC ...................................................... 43 
UNIDADE ACADÊMICA DE TECNOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO – UATEC ...................................... 47 
Pólo de Ciência e Tecnologia em Bioprodução – POLOBIO ......................................... 49 
Pólo de Desenvolvimento Tecnológico em Recursos Hídricos – POLOÁGUA ............... 51 
Pólo de Informática – POLOINFO ................................................................................. 53 
PROGRAMAÇÃO DE INÍCIO DOS CURSOS .......................................................................57 
CRIAÇÃO DE VAGAS, CORPO DOCENTE E RELAÇÃO ALUNOS/PROFESSORES (RAP) ........58 
SERVIDORES TÉCNICO‐ADMINISTRATIVOS, CDS E FGS ...................................................59 
CONDIÇÕES ...................................................................................................................60 
INFRA‐ESTRUTURA PARA A IMPLANTAÇÃO DO CAMPUS ................................................................ 60 
O Campus de Sumé ...................................................................................................... 60 
O Pólo de Itaporanga ................................................................................................... 60 
O Pólo de Itabaiana ..................................................................................................... 60 
FINANCIAMENTO .................................................................................................................. 60 
ORÇAMENTO .................................................................................................................61 
ANEXOS ............................................................................................................................... 63 
 

INTR
RODUÇÃO

A  lutta  pela  criação  de  um  campus  un


niversitário  no  Cariri  paraibano 
p iniciou‐se  em  2003. 
Naqu uele ano, um ma parceriaa entre a Un
niversidade Federal de Campina G Grande (UFC CG), Pro‐
jeto  Dom Heldeer Câmara (MDA/SDT)  e Centre de e Coopération Internationale em  Recher‐
che A Agronomiqu ue pour le D
Développem ment (CIRAD D), propicio ou a fundação da Unive ersidade 
Camponesa no  Brasil (UNIC CAMPO) –  projeto acaalentado peela Confederação Nacio onal dos 
Trabalhadores  na  n Agricultuura  (CONTAAG)  desde  2001  –  porr  intermédiio  da  instalação  do 
Camp pus Avança ado da UFCG G na Escola Agrotécnica de Sumé (EAS).
 
Esta  ação foi im
mplementad da a partir d
da 
constituição de  um Conselho Deliberaa‐
tivo  reunindo  estas  instittuições  com m 
moviimentos  sociais  e  orgaanizações  da 
d
socieedade civil ddo “territórrio” do Cariiri 
paraibano,  o  qual 
q a elaborar o 
viria  a 
projeeto  político
o‐pedagógicco  do  Cursso 
de  Extensão 
E em
m  Desenvollvimento  Lo o‐
cal  Sustentável,
S ,  desenvolvvido  entre  os 
o
anoss de 2003 e  2005 no Ca ampus Avan n‐
çado o da UFCG eem Sumé1. 
27/09/2003 –– Inauguração do campus avançad
do de Sumé 
 
dagógico reesultou em ttrês "processsos" principais: 
Este projeto ped
 
• A capacitação de joovens camponeses de 2 20 municípios do Carirri paraibano
o na ela‐
boração,, desenvolvvimento e ggestão de projetos pro odutivos a p
partir da me
etodolo‐
2
gia da “p
pesquisa‐açãão” ; 
• O empod deramento  dos educan ndos junto  à sociedadee local e ao
os fóruns de eliberati‐
vos de políticas púb
blicas relacio
onadas comm o desenvo olvimento ru ural e territtorial3; 
• A  constrrução  partiicipativa  dee  um  antep
projeto  acaadêmico  paara  um  cam
mpus  da 
UFCG sinntonizado ccom a filoso ofia pedagóógica da Unniversidade  Camponesa4 desti‐
nado a responder à demanda d da populaçãão camponeesa por edu ucação supe erior. 
                                                       
1
  Cf.  CA
ANIELLO,  Márcioo  et  all.  Projeto  UniCampo:  uma a  Universidade  Camponesa 
C para
a  o  Semi‐Árido  B
Brasileiro.  Camppina  Grande, 
UFC CG/Projeto Unicampo, 2003; LEALL, Fernanda., CAN NIELLO, Márcio, TTONNEAU, Jean‐P Philippe. “Projeto
o UniCampo: umaa experiência 
de eextensão no Cariri paraibano”. In: CORRÊA, E. J., C CUNHA, E. S. M. ee CARVALHO, A. M M. (Orgs.). (Re)co
onhecer diferenças, construir 
resuultados. 1ª ed. B
Brasília: UNESCO,  2004, pp. 209‐217 (disponíveis e em http://www.u ufcg.edu.br/~uniccampo/textos.htm m); ARAÚJO, 
Alexxandre Eduardo  de. Construção d de saberes e fazeeres versus desasstre desertificaçã
ão: o caso da Universidade Camp ponesa. Tese 
de  Doutorado  em  Engenharia  Agrrícola.  Campina  Grande,  UFCG,  2006;  Une  Université  Paysann ne  au  Brésil  (dissponível  em 
httpp://www.hcci.gou uv.fr/participer/rrecherche/enseiggnement.html). 
2
 Cf. oss vídeos Projeto U
UniCampo: a con nstrução da Univeersidade Campon nesa no Brasil, Assentamentos do o Cariri Paraibano
o e Riquezas 
de u um Cariri Desconnhecido, os quaiss relatam o proceesso pedagógico  e dois dos projettos de pesquisa‐aação desenvolvid
dos. Disponí‐
veiss em http://www w.ufcg.edu.br/~sp
pe/tv/midia/midiaa.html. 
3
 Cf. DU
UQUÉ, Ghislaine,  CANIELLO, Márccio e TONNEAU, JJean‐Philippe. “Liideranças Campo
onesas da UniCam
mpo: processo de
e empodera‐
mennto”. In: Anais da
a VI Reunião de A
Antropólogos do Mercosul. Monttevidéu ‐ Uruguai, 2005. 
4
 Cf. CA
ANIELLO, Márcio  e TONNEAU, Jean‐Philippe. “A peedagogia da Univversidade Camponesa”, in Caderno Multidisciplina ar: Educação 
e Co
ontexto do Semi‐‐Árido Brasileiro.. Vol 1. Juazeiro (BA), Rede de Edu
ucação do Semi‐Á
Árido Brasileiro – RESAB, 2006, pp
p. 11‐29. 

Por sseu turno, eesses processsos redund
daram em três conseqü
üências: 
 
• O  reconhecimento  da  experiêência  pedaggógica  inovaadora  da  UNICAMPO  como 
c e‐
lementoo importantee para o deesenvolvime ento susten ntável das ppopulações  do cam‐
po, espeecialmente d
do semi‐áriddo nordestiino5; 
• A mobilização da soociedade civvil e dos po
oderes públiicos constituídos na re egião pe‐
la reivind
dicação da  instalação d
de um campus da instituição no C Cariri, delineado de 
acordo ccom o projeeto acadêmiico da UniCampo; 
• O amadu urecimento o, pela Adm ministração SSuperior daa UFCG, da  idéia de re etomada 
do proceesso de inteeriorização  da universiidade atravvés de um ““Plano de Expansão 
Institucio
onal”  que  viesse 
v a  pro
omover  a  democratiza
d ação  do  aceesso  à  unive
ersidade 
dos milhhares de jovens alijadoss do ensino superior no o Estado daa Paraíba. 

Todoo  esse  processo  desen


nvolveu‐se  em 
e concom mitância  com m  a  gestaçãão  do  Progrrama  de 
Expansão das IFFES do Goveerno Federaal que, quan ndo lançado o, oportunizzou a efetivvação do 
planoo. De fato,  em 19 de ju
ulho de 20005, o Plano  de Expansãão Institucio onal da UFC CG (PLA‐
NEXP P), depois d
de apreciado pelo Coleegiado Pleno do Conseelho Universsitário, foi p protoco‐
lado  no MEC e aapresentado ao Ministtro da Educação Fernando Haddad em audiê ência pú‐
blica com a partticipação do
o Governador do Estad do, três Senadores, dozze Deputado os Fede‐
rais, além de oitto Deputados Estaduaiis e seis Preefeitos Mun nicipais da P Paraíba. A reepercus‐
são ddo evento ffoi tamanhaa, que o jorrnal de maior circulaçãão no Estad do deu a no otícia em 
primeira página e o fato foi fartamentte coberto p pelas emisso oras de rádio e televisãão.  
 
“A  Paraíba conflagrada d deu um exeemplo de 
civiilidade, onttem, em Bra asília. Na audiência 
supprapartidáriia  com  o  ministro  Fernando 
F
Haddad,  prefeeitos,  deputados,  sena adores  e 
atéé  o  governa ador  estiveeram  sob  o  mesmo 
teto, abdicand do de suas  divergência as políti‐
cass, para reivindicar maiss campi da U UFCG no 
Esttado. 
Ressta,  agora,  esperar  qu ue  o  Governno  Fede‐
rall  tenha  a  necessária  sensibilidade  para 
ateender  à  reiivindicação  que,  como o  se  vê, 

ão é de uma a ou outra ffacção políttica, mas 
de toda a Parraíba. A inteeriorização  do ensi‐
o  superior  é 
no é uma  realid dade  que  se 
s impõe 
em
m tempos d de globalização. É a neecessida‐
de de levar ed ducação aon nde o povo está.” 
 
Helder Moura, “Encontrro civilizado”  
Corrreio da Paraíba, 20/07/2005 
 

                                                       
5
 Ver, p
por exemplo, “Unnicampo apóia o  desenvolvimento sustentável”. C
Coluna “Históriass de Sucesso”. Jorrnal da CONTAG
G.  Ano III, nº 
22, março/abril de 2
2006, p. 7.  

Em  setembro 
s de  2005,  o  MEC 
M divulgga  o  Relatórrio  do  Proggrama  de  Exxpansão  daas  IFES  e 
autoriza a criaçãão do Camp pus de Cuitéé da UFCG, o que provvoca um graande júbilo no Esta‐
do da Paraíba,  mas certa ccomoção no o Cariri. Entretanto, o  povo sofrido, mas combativo 
daqu
uela  região  continua  sua  mobilizaação  pelo  campus, 
c qu
ue  é  coroad
da  num  ato  público 
sem precedentees, realizado o em 10 de março de 2 2006, o “Grito do Caririi”. 

 

Na pprimeira fasee do Prograama de Exppansão das IIFES, a UFCG ainda serria agraciad
da com o 
camp pus de Pommbal, mas a  população  do Cariri paraibano nãão abandon nou o seu sonho de 
inclusão universsitária. Com
m efeito, exaatamente um dia após a posse do o Presidente
e Lula no 
seu ssegundo maandato, a A Associação d dos Municípios do Carriri Paraiban
no – AMCAP proto‐
colouu um ofício ao Magnífico Reitor daa UFCG reivvindicando aa criação do
o Campus dde Sumé, 
tendo por signatários 22 prrefeitos. 

EEsta  ação,  combinad da  com 


o
outras mani festações e em defe‐
sa  do  camp pus,  bem  como 
c os 
m
movimentos s  de  reivin ndicação 
d
das  regiõess  polarizad das  por 
Ittaporanga  e  Itabaianaa,  moti‐
v
varam  a  elaboração  do d PLA‐
N
NEXP II, na  expectativaa de que 
o Governo  rreeleito  dessse  con‐

tiinuidade  àss  políticas  públicas 
d
de expansão o do ensino o superi‐
o como  ficou  comprovado 
or, 
29/03/2007 – Reitor Thompson
n Mariz protocolaa o PLANEXP II no
o MEC  com o lançamento do P PDE. 

 
Em  8 
8 de  fevereeiro  de  20007,  a 
segunda  fase  do 
d Plano  dee  Ex‐
panssão  Instituccional  da  UFCG 
U
(PLANEXP  II)  foi  apresentaada  à 
Câmaara  Superio or  de  Ensin
no  e, 
em  29 
2 de  marçço,  foi  entrregue 
ao  Ministro 
M da  Educação  Fer‐
nanddo  Haddad  em  audiêência 
pública  com  ampla  participa‐
ção d
da classe po olítica paraibana 
e da  sociedade  civil do Carriri. O 
Ministro  recebeu  um  chapéu 
de  couro 
c dos  alunos  da  Uni‐
camppo  como  símbolo 
s da  luta 
pela inclusão unniversitária.  29//03/2007 ‐ Minisstro Haddad ganh
ha chapéu de cou
uro dos Alunos daa UNICAMPO 

Embo ora o REUN NI viesse a aapontar para uma outtra estratéggia para a expansão qu ue não a 


instaalação  de  novos  campi,  a  articulaação  entre  a  UFCG  e  o  povo  do  Cariri  perm
maneceu 
ativaa, uma vez q que o Plano o de Expanssão Institucional fora p protocolado o. Assim, no os meses 
de  ju
unho  e  julho  duas  plen
nárias  foramm  realizadaas  na  cidadee  de  Sumé  com  o  objetivo  de 
discuutir com a ppopulação sobre os currsos a serem m criados, d de maneira a subsidiar a elabo‐
ração o deste Proojeto, o  quaal foi aclam
mado por un nanimidadee pelo Coleggiado Territtorial do 
Carirri paraibanoo em Assem mbléia Ordinnária realizada em dezeembro de 20 007. 

Em liinhas geraiss, chegou‐se à conclusão de que o de Sumé deveria ser fo
o campus d ocado no 
desenvolvimentto sustentávvel do semi‐árido, connsiderando, por um lad
do, suas po
otenciali‐

dades  econômico‐produtivas  e,  por  outro,  suas  vulnerabilidades  ambientais,  sociais  e 


educacionais. Neste sentido, uma comissão formada por conselheiros da Câmara Superior 
de Ensino da UFCG, coordenada pelo Secretário de Projetos Estratégicos, passou a discu‐
tir o formato do campus durante o primeiro trimestre de 2008.  

Com a aprovação da Emenda do Senador José Maranhão ao Plano Plurianual 2008‐2011 
prevendo a aplicação de R$ 60 milhões do Programa Brasil Universitário na expansão da 
UFCG com a criação dos campi de Sumé, Itabaiana e Itaporanga e do Colégio Agrícola de 
São João do Rio do Peixe, além da determinação do próprio Presidente Luís Inácio Lula da 
Silva  quanto  à  autorização  do  MEC  para  a  instalação  do  campus  de  Sumé,  chegamos  a 
este projeto que ora apresentamos ao Ministério da Educação. 

A proposta é traçar, na parte sul da Paraíba, região do Estado mais carente de instituições 
públicas e privadas de ensino superior, o “diamante do desenvolvimento sustentável do 
semi‐árido”. Isto é, estabelecer uma rede de ensino, pesquisa e extensão composta pelos 
Centros da UFCG que já possuem expertise consolidada nessa área estratégica – os Cen‐
tros  de  Tecnologia  e  Recursos  Naturais  (CTRN),  de  Humanidades  (CH)  e  de  Engenharia 
Elétrica e Informática (CEEI), Campus de Campina Grande e o Centro de Saúde e Tecnolo‐
gia  Rural  (CSTR),  Campus  de  Patos  –  com  o  Centro  de  Desenvolvimento  Sustentável  do 
Semi‐Árido (CDSA), a ser instalado nas três arestas do “diamante”, situadas em mesorre‐
giões típicas do semi‐árido paraibano: o Cariri, o Agreste seco e o Alto Sertão do Piancó, 
as duas primeiras no curso do Eixo Leste da Transposição do São Francisco e a última no 
epicentro do Complexo Coremas‐Mãe D’Água, a maior bacia hídrica da Paraíba, com 1,83 
bilhões de metros cúbicos de capacidade. 

CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO SEMI‐ÁRIDO – CDSA 

Objetivo 

Para ampliar e democratizar o acesso da população aos produtos e processos da Institui‐
ção, e de maneira a contribuir para a consecução das metas consignadas no Plano Nacio‐
nal  de  Educação,  a  Universidade  Federal  de  Campina  Grande  pretende  atuar  em  áreas 
localizadas no semi‐árido da Paraíba que se pode denominar de zonas de exclusão uni‐
versitária, notadamente no Cariri, Vale do Piancó e Vale do Paraíba. 
O objetivo da Instituição, ao propor a criação do campus de Sumé e dos pólos de Itabaia‐
na  e  Itaporanga,  para  ali  fazer  funcionar  o  Centro  de  Desenvolvimento  Sustentável  do 
Semi‐Árido,  é  expandir  o  escopo  de  suas  ações  de  ensino,  pesquisa  e  extensão,  com  a 
oferta de vagas para o ingresso em quinze novos cursos. 
Além  do  objetivo  imediato  de  possibilitar  a  inúmeros  jovens  o  direito  a  uma  formação 
profissional  de  nível  superior,  a  inserção  da  Universidade  Federal  de  Campina  Grande 
nessas  regiões  tem  como  objetivo,  a  médio  prazo,  contribuir  para  a  construção  de  um 
novo paradigma científico‐tecnológico para o desenvolvimento sustentável do semi‐árido, 
abrindo novas perspectivas econômicas, produtivas e educacionais para o seu povo e pa‐
ra a população que habita o Bioma Caatinga como um todo. 

Meta 

Criação de 3.650 novas vagas no ensino superior em 5 anos 

Missão 

Destinado  a  oferecer  educação  superior  pública  prioritariamente  à  população  residente 


no semi‐árido brasileiro – a que apresenta os menores IDH e IDEB do país –  e especial‐
mente aos povos do campo, o CDSA/UFCG irá desenvolver atividades de ensino, pesquisa 
e  extensão  em  áreas  do  conhecimento  científico  fundamentais  para  o  desenvolvimento 
sustentável destas populações: 

 
• A tecnologia voltada para o desenvolvimento e revitalização das potencialidades 
econômicas do semi‐árido brasileiro, considerando suas vulnerabilidades naturais 
– o que supõe um compromisso de responsabilidade ambiental –, seus processos 
produtivos – o que determina um desenvolvimento de Ciência e Tecnologia sobre‐
tudo inovador – e suas dramáticas contradições socioeconômicas – o que impõe a 
perspectiva de um projeto produtivo renovador e socialmente justo. 
• A própria educação, que é a base do desenvolvimento humano em qualquer cir‐
cunstância e que para os povos do campo e do semi‐árido do Brasil é dramatica‐
mente precária, seja em termos numéricos, seja em termos de qualidade, seja em 
termos  de  adequação  pedagógica.  Neste  sentido  o  CDSA  deverá  atuar  em  duas 
frentes: a formação de professores para a educação do campo e a capacitação de 
profissionais para o desenvolvimento e gestão de projetos no âmbito das políticas 
públicas. 
10 

Justificativa 

O Semi‐Árido Brasileiro possui características próprias, com peculiaridades e vulnerabili‐
dades  há  muito  tempo  conhecidas.  Os  estudiosos  da  temática  demonstram  claramente 
que o perfil ambiental da região, associado às históricas contradições econômicas, políti‐
cas e sociais que a caracterizam, produzem as dramáticas dificuldades vivenciadas secu‐
larmente pelos seus habitantes, mas também ressaltam que o Bioma Caatinga é repleto 
de recursos naturais, podendo abrigar atividades produtivas rentáveis e sustentáveis. 
Para tanto, é necessário que seja construído um novo modelo de desenvolvimento para o 
semi‐árido, baseado, por um lado, em políticas públicas eficientes e permanentes volta‐
das para a “convivência” com a seca e, por outro, em uma verdadeira revolução científica 
e  educacional  que  produza  e  difunda  em  seu  meio  as  chamadas  “tecnologias  apropria‐
das” para este Bioma exclusivo do Nordeste brasileiro. 
Desde 2003, o Governo Federal empreende um grande esforço para viabilizar esta agen‐
da, o que tem, paulatinamente, mudado a face da Região. Uma destas iniciativas é o Pla‐
no de Expansão das IFES, que veio a implantar 19 novos campi e duas novas Universida‐
des no Nordeste, “repartindo o saber e a tecnologia com toda a sociedade, com foco vol‐
tado  para  as  necessidades  e  vocações  econômicas  de  cada  região”6.  Já  engajada  nesse 
processo, por meio da criação dos campi de Cuité e Pombal, a UFCG entende ser necessá‐
ria  a  criação  do  CDSA  para  colaborar  com  a  consolidação  dessa  verdadeira  “revolução” 
em curso no Nordeste do Brasil, incluindo as regiões do Cariri, Sertão do Piancó e Vale do 
Paraíba, diversas entre si mas típicas das três mesorregiões do semi‐árido paraibano em 
suas potencialidades e vulnerabilidades. Neste sentido, tomaremos o Parecer Técnico da 
Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde como “mote” da proposta da 
Universidade Federal de Campina Grande para o Centro de Desenvolvimento Sustentável 
do Semi‐Árido: 
 
“Segundo Barbosa, existe uma diferença entre o fenômeno natural seca e 
o desastre seca. A seca, que se caracteriza pela falta de umidade, é sim‐
plesmente um fenômeno climático periódico, que se intercala com perío‐
dos mais úmidos de chuvas. O período da seca climática começa, quando 
não mais temos chuvas e ele termina quando as chuvas voltam. Por influ‐
ência de eventos climáticos globais, como o ENOS, estas secas climáticas 
podem  ser  prolongadas,  e  durar  até  mais  de  um  ano.  O  desastre  seca  é 
contínuo, pois é regido por padrões sociais, econômicos, políticos e tecno‐
lógicos, que resulta em níveis elevados de degradação ambiental e final‐
mente na desertificação. A seca climática neste contexto do desastre seca 
funciona como um catalisador no agravamento das condições dos padrões 
do desastre seca.  
A diferença entre o desastre seca e a seca climática está no fato de que, 
quando a seca climática termina e começa o período úmido, as questões 
sociais,  econômicas,  políticas  e  tecnológicas  que  afetam  diretamente  a 
população pobre rural não terminam, eles continuam. Podem ser minimi‐
zados pelas chuvas, mas não diminui a vulnerabilidade dos indivíduos, ao 

                                                       
6
 BRASIL. Expansão das Universidades Federais: o sonho se torna realidade! Brasília, MEC, 2006. 
11 

contrário, elas podem até piorar, porque nem sempre a estação das chu‐
vas traz lucro, em termos de colheita, ao homem do campo. As vulnerabi‐
lidades sociais, econômicas e tecnológicas do homem rural e os processos 
de degradação ambiental e desertificação vêm se agravando ao longo dos 
anos.  
Os programas emergenciais dos governos Federal e Estaduais do Nordeste 
não  conseguiram  mudar  substancialmente  este  quadro.  Dessa  maneira, 
em especial, o homem rural do semi‐árido tem convivido com este cená‐
rio de desastre há muito tempo.  
O desastre seca é um desastre extremo, de desenvolvimento lento, contí‐
nuo,  progressivo  e  duradouro,  que  como  um  câncer,  corrói  a  vida  e  o 
meio ambiente. A seca climática não tem como ser combatida, mas o de‐
sastre seca sim.  
Também sobre essa questão, João Suassuna  diz que “Já é mais do que sa‐
bido que as secas do Nordeste são periódicas e, enquanto fenômeno na‐
tural,  não  há  como  combatê‐las.  Todavia,  os  seus  efeitos  podem  ser  en‐
frentados  com  tecnologias  apropriadas,  tornando  possível  a  convivência 
do homem com o meio árido”7. 
 
Ora, o espaço rural é um local desafiador para o ensino universitário. Por um lado, é um 
espaço no qual a universidade encontra dificuldades para se inserir e, por outro lado, a‐
briga populações fortemente marginalizadas. No âmbito da realidade nordestina, especi‐
almente  para  a  massa  de  camponeses  que  habitam  sua  extensa  região  semi‐árida, esse 
duplo dilema atinge seu paroxismo: os jovens rurícolas têm dificuldades de toda ordem 
para chegarem às universidades implantadas nos grandes centros urbanos, as quais, mal‐
grado o processo de pesquisa sobre o desenvolvimento que implementam, também en‐
contram muitos entraves para difundi‐lo para os principais interessados. 
De  fato,  ainda  que  atualmente  haja  pesquisas  técnico‐científicas,  políticas  públicas  e  a‐
ções de organizações civis voltadas para o fomento da agricultura familiar no Brasil, a dis‐
seminação dessas iniciativas entre os principais interessados é limitada em decorrência, 
fundamentalmente, da falta de um espaço de intercâmbio de experiências entre os agri‐
cultores  familiares  e  suas  lideranças  com  cientistas,  professores,  técnicos,  organizações, 
instituições e demais agentes devotados à reflexão, à elaboração e à implementação de 
políticas  e  ações  para  o  desenvolvimento  rural  sustentável.  O  que  torna  essa  realidade 
ainda mais dramática é que a falta de um espaço desse tipo aprofunda o lapso educacio‐
nal dos jovens rurícolas que optam por assumir a administração do estabelecimento fami‐
liar, base da economia camponesa e condição para a reprodução de sua identidade cultu‐
ral,  sustentáculos  fundamentais  de  um  modo  de  vida  cuja  preservação  e  fomento  são 
estratégicos para o desenvolvimento sustentável das populações do semi‐árido. 
Note‐se,  além  do  mais, que  as  tentativas  de  desenvolvimento  experimentadas  no semi‐
árido brasileiro fundamentaram‐se historicamente em premissas de exploração que igno‐
ravam os limites da sustentação sócio‐ambiental da região. Essas tentativas padeceram e 
têm padecido das mais diversas frustrações. Sua incapacidade em promover a construção 

                                                       
7
 http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/parecer_tecnico_seca.pdf (acessado em 23/05/2008). 
 
12 

de  eqüidade  social,  buscando  reduzir  as enormes  diferenças  entre  os  ricos  e  os pobres, 
sejam elas no acesso a renda, moradia, educação, saúde, etc fracassaram. As explorações 
inadequadas desempenharam papel significativo na destruição dos recursos naturais e a 
supervalorização  dos  produtos  e  serviços  oriundos  de  outras  culturas  e  sua  negligência 
frente à desvalorização e a perda do prestígio da cultura local. 
Assim, torna‐se primordial o cultivo do “capital cultural” dos atores sociais vinculados à 
agricultura familiar no semi‐árido – contingente populacional predominante na região –, 
de maneira que eles possam se constituir em sujeitos do desenvolvimento local sustentá‐
vel. Faz‐se então necessária a implementação de ações pedagógicas no sentido de formar 
e capacitar esses atores para transformá‐los em agentes multiplicadores das experiências 
construídas, tendo como pano de fundo a elaboração e implantação de projetos produti‐
vos que visem a sustentabilidade regional. 
É para colaborar na efetivação desse intento que a UFCG propõe a implantação do Cam‐
pus  de  Sumé,  tendo  como  compromisso  primordial  contribuir  para  o  desenvolvimento 
rural  sustentável,  promovendo  uma  agricultura  familiar  autônoma  através  do  resgate  e 
do cultivo do ethos camponês entendido como base da identidade, fonte da auto‐estima 
e vetor da autodeterminação dos agricultores familiares, e, por outro lado, uma formação 
voltada  para  as  necessidades  e  interesses  desses  atores  sociais.  Este  processo  deve  ser 
construído por intermédio da difusão e crítica da informação sobre a produção técnico‐
científica, as políticas públicas e as ações devotadas ao fomento da agricultura familiar e 
por meio do debate sobre processos produtivos, de gestão e organização social apropria‐
dos às suas peculiaridades culturais, sociais, políticas, econômicas e ambientais. 
O desafio, portanto, é construir um espaço permanente que contribua para a elaboração 
e implementação de um verdadeiro projeto de desenvolvimento sustentável para agricul‐
tura familiar nordestina, contemplando as políticas públicas para o setor, baseando‐o na 
interação entre as perspectivas, interesses e projetos dos agricultores familiares e de suas 
organizações com o referencial teórico, analítico e prático das disciplinas universitárias. 
Por outro lado, também se tenciona propagar o conhecimento e as experiências produzi‐
dos em seu âmbito, verticalizando o processo pedagógico por intermédio da formação de 
pesquisadores e educadores capazes de articular o novo conhecimento adquirido ao sa‐
ber e à prática dos camponeses e difundi‐lo em seu meio social. 
   
13 

CON
NTEXTUALLIZAÇÃO 

O Se
emi‐Árido 

Conssidera‐se  co
omo  região  semi‐áridaa  aquela  qu
ue  possibilitta  o  desenvvolvimento  de  uma 
cobeertura vegettal mais ou menos con ntínua, com mo a caatingga, a savana ou a este epe, mas 
que não permite o cultivo dde plantas aanuais de m maneira reggular e com boa produttividade, 
em ddecorrência da baixa pluviosidadee e da má distribuição  das chuvass. Outras caracterís‐
ticas  apresentad
das são a necessidade  de irrigaçãão complem mentar para as culturass anuais, 
a ocoorrência de secas perió
ódicas, vegetação xeró ófila, solos  pobres em  matéria orgânica e 
geralmente rico os em cálcio
o e potássioo, porém, no geral, com m desequilííbrio iônico o para os 
demais  elementos  essenciais  além  de 
d numerossas  e  exten nsas  manch has  salinizadas8.  As 
ões semi‐áriidas podem
regiõ m ser quentees ou frias cconforme seejam tropicaais ou temp peradas. 
Em  suma, 
s diz‐see  que  uma  região  é  semi‐árida  quando 
q a  precipitação
p o  pluviométtrica  fica 
abaixxo dos 800  mm/ano, aapresentando freqüen nte ocorrência de secaas, solos pobres em 
matééria orgânicca e tendênccia a salinização e rios intermitenttes9. 

O Se
emi‐Árido B
Brasileiro 

O Seemi‐Árido Brasileiro loccaliza‐se pree‐
dominantementte  no  interrior  do  No or‐
destee,  atingindoo  a  costa  no 
n litoral  see‐
tentrrional do Rio Grande do Norte e n no 
litoraal  cearensee.  Compreeende  uma  i‐
menssa área, quee correspon nde a 54% d da 
Regiãão Nordestee (quando sse computa a 
área  do Estado  do Maranh hão, localiza‐
do na zona de ttransição entre o cerra‐
do e  a Amazônia) ou 74% ((excetuando o‐
se  o  Maranhão o),  e  cerca   de  10%  da 
d
supeerfície  brasileira,  ocorrrendo  em  08 
0
dos  09 
0 estados  nordestino os  e  uma  pee‐
quen na parte do norte de M Minas Geraiis, 
localizado  na  região 
r Sudeeste  brasileei‐
ra10. 
Em  10 
1 de  marçço  de  2005,,  o  Ministérrio 
da  Integração  Nacional  instituiu  um ma 
novaa  delimitaçãão  do  Semi‐Árido  Brasi‐
leiro,,  tomando‐‐se  por  basse  três  critté‐
rios  técnicos:  precipitação
p o  pluviométtri‐
ca  média 
m anual  inferior  a  800  milím
me‐

                                                       
8
 MEND
DES, B. V. “O Sem
mi‐árido Brasileiro
o”. Anais 2º Cong
gresso Nacional ssobre Essências N
Nativas. V. 4. p 3994‐399. São Paulo
o, 1992. 
9
 MEND
DES, B. V. Biodiveersidade e Desenvvolvimento Susteentável do Semi‐áárido. Fortaleza: SSEMACE. 108 p. 11997. 
10
 MENNDES, B. V. “O Seemi‐árido Brasileiiro”. Anais 2º Co
ongresso Nacionaal sobre Essência
as Nativas. V. 4.  p 394‐399. São  Paulo, 1992; 
SCH
HENKEL, C.S.; MATTALLO Junior, H. Desertificação. BBrasília, UNESCO,, 1999, 88p.  
14 

tros; índice de aaridez de até 0,5, calculado pelo b
balanço hídrrico que relaciona as precipita‐
ções  e a evapottranspiração o potencial,, no períodoo entre 196
61 e 1990; ee risco de se
eca mai‐
or qu
ue 60%, tom mando‐se po 990.11 
or base o peeríodo entrre 1970 e 19
Com  essa  atuallização,  a  área 
á do  Sem
mi‐Árido  Brrasileiro  aum
mentou  de  892.309  km² 
k para 
969.5589  km²,  sendo 
s comp posta  por  1.133 
1 municípios  dos  Estados  do o  Piauí,  Ce
eará,  Rio 
Grannde do Nortte, Paraíba,  Pernambucco, Alagoass, Sergipe, B Bahia e Nortte de Minass Gerais, 
totalizando umaa população o de 20.8588.264 milhõ ões de pesssoas, 44% d destas resid dindo na 
zona rural. 
É  um
ma  região  muito 
m vastaa,  com  elevvado  grau  de 
d pobreza,,  possuindo o  área  e  po
opulação 
maioores do quee as de muitos países ee é conside erada o espaço semi‐árido mais p populoso 
do MMundo. Difeerencia‐se d das outras regiões pobrres do Brasil por possu uir sérias lim
mitações 
de cllima e solo,, com ocorrrência de seecas e relatiiva escassezz de recursos naturais, fatores 
que ddeterminam m os princip pais problem mas da regiãão, que atinngem princiipalmente o os traba‐
lhadoores sem teerra e os m minifúndios  de autocon nsumo, proovocando prroblemas so ocioeco‐
nômicos graves com conseeqüente expulsão de p parte signifficativa da p
população p para ou‐
tras  regiões do  País. Ecologicamente, é uma área muito deevastada, deevido à lutaa secular 
que oo colonizador enfrentaa com a natureza na tentativa de ssobrevivênccia. 
Para  o Conselho o Nacional dda Reserva  da Biosferaa da Caatinga (CNRBC)), o Nordestte Semi‐
Áridoo,  o  Polígon
no  das  Secaas,  a  Região  Semi‐Árid
da  do  Fund
do  Constitucional  de  Financia‐
F
mentto do Nordeste – FNE  e o Bioma  Caatinga sãão categoriaas com idên ntica sinonímia, por 
trataarem de pro oblemas com m raízes sem melhantes: as secas e a fragilidad
de econômicca e am‐
bienttal dos espaços submeetidos à esccassez e à d distribuição
o irregular d
das chuvas  em am‐
plas porções do território d do Nordestee. Embora p pequenas, ssão considerráveis as differenças 
entree essas cateegorias, com mo ocorre  com a ênfaase concediida ao man nejo controllado dos 
recursos naturais12. 
O  seemi‐árido  apresenta 
a a  maior  a‐
brangência  físiico‐territorial  de  quee 
outro os  espaços  naturais  que 
q conforr‐
mam m o Nordestte brasileiro o. No entan‐
to,  encontra‐se 
e quase  todo  no  emba‐
sameento  cristalino  e  sob  forte 
f irregu‐
laridaade  climáttica.  Constaata‐se  tam‐
bém  que  o  climma  e  a  qualidade  das 
terraas  apresenttam  limitações  muito o 
fortees  para  o  desenvolvvimento  dee 
atividdades de cuunho agropecuário quee 
possam  compeetir  com  os  o produtos 
oriunndos de outtras regiõess. A não ser 
em  algumas 
a áreeas  específficas,  e  con‐
tando  com  sign nificativos  investimen‐
tos  em  tecnolo ogia,  a  produtividadee 
agríccola é baixa e a produçãão incerta.
h
http://www.dca.ufcg.e
edu.br/clima/mapas/neanop.jpg

                                                       
11
 BRASSIL. Nova delimita
ação do Semi‐Ári
rido Brasileiro. Brrasília, Ministério
o da Integração Nacional, 2005. 
12
 CNRB
BC. Cenários para
a o Bioma Caatin
nga. Recife, SECTMA. 283 p il. 200
04. 
15 

Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a maior parte do Semi‐Árido tem características 
fisico‐ambientais que limitam seu potencial produtivo, como a evapotranspiração eleva‐
da, ocorrência de secas, solos de pouca profundidade, alta salinidade, baixa fertilidade e 
capacidade de retenção de água reduzida. Nesta região se encontram os indicadores so‐
ciais  mais  alarmantes  do  Brasil.  Como  já  foi  ressaltado,  o  clima  é  o  seu  elemento  mais 
marcante, com um regime pluviométrico variando de 400 a 800 mm/ano, com distribui‐
ção  espacial  e  temporal  muito  irregular  (coeficiente  de  variação  =  30%),  apresentando 
algumas  áreas  com  média  de  250  mm  e  outras  com  médias  superiores  a  1.000  mm.  A 
pluviosidade é considerada não muito baixa (500 mm em média), no entanto o balanço 
hídrico é considerado deficitário devido à elevada evaporação, que chega a ser até quatro 
vezes superior à precipitação. As chuvas geralmente são torrenciais e irregulares no tem‐
po e no espaço com ausências prolongadas ocasionando o fenômeno da seca climática.   
Ocorrem duas estações bem distintas: uma curta estação chuvosa de 3 a 5 meses no pri‐
meiro semestre do ano, ou “inverno”, e uma longa estação seca de 7 a 9 meses, podendo‐
se alongar por 18 meses ou mais, ou “verão”. As temperaturas médias anuais são eleva‐
das (23° a 27°C) e apresentam amplitudes térmicas diárias de 10°C, mensais de 5 a 10°C e 
anuais de 1° a 50°C. A insolação apresenta média anual de 2.800 horas/ano; a umidade 
relativa média anual é de 50% e a evaporação média anual é de 2.000 mm/ano. 
Quanto  aos  aspectos  hidrogeológicos,  a  região  está  basicamente  caracterizada  por  dois 
substratos:  terrenos  cristalinos,  praticamente  impermeáveis,  ocupando  50%  da  área,  e 
terrenos  sedimentares  bastante  dissecados,  que  influem  decisivamente  nos  volumes  de 
água economicamente exploráveis. Os solos são predominantemente pouco desenvolvi‐
dos, rasos e pedregosos, em relevo variando de suave a acentuadamente ondulado, com 
baixa capacidade de armazenamento de água. 
A  cobertura  vegetal,  embora  de  predominância  xerófila,  é  extremamente  diversificada, 
identificando‐se para o Semi‐Árido a formação predominante conhecida como Caatinga. 
Segundo a diversidade de fatores ecológicos localizados, encontram‐se outras comunida‐
des, tais como Cerrados, Matas Secas e Matas Ciliares. A fauna local é dominantemente 
formada  por  animais  de  pequeno  porte  e  de  hábitos  notívagos.  Sua  diversidade, 
enquanto  restrita  pela  adversidade  climática,  é  estimulada  pela  heterogeneidade  de 
micro habitantes existentes na região. Atualmente, além das já extintas, muitas espécies 
se  encontram  ameaçadas  de  extinção,  fruto  da  caça  predatória  e  de  subsistência,  dos 
desmatamentos  e  queimadas  que  destroem  suas  áreas  de  nidificação  e  alimentação, 
alterando profundamente seu nicho ecológico. 
Para G. Duque, “a ecologia do xerofilismo, típico dessa caatinga, explica a falta dos capins, 
porque esses são menos resistentes à seca do que os arbustos e demonstra a sobrevivên‐
cia das plantas lenhosas com as reservas de nutrientes e da água nas raízes e nos caules, 
cujo exemplo clássico e o imbuzeiro. Perdendo as folhas no verão para economizar a água 
das seivas, a vegetação fornece ao gado, no chão, o feno natural das folhas secas, ricas de 
proteínas e de sais minerais. No verão, o panorama é cinzento‐escuro, oferecendo uma 
natureza morta. Com as primeiras chuvas, há mobilização das reservas, formação de fo‐
lhas; o ambiente torna‐se verde e, numa semana, completa‐se a ressurreição”13. 

                                                       
13
 DUQUE, J. Guimarães. O Nordeste e as lavouras xerófilas. Fortaleza, Banco do Nordeste do Brasil, 2004 [1949], p. 124. 
16 

Segu undo  o  Programa  de  Ação 


Nacio onal  de  Combatee  à 
tificaação  e  Mitigação  dos  Efei‐
tos  da  Seca  (P PAN  Brasil),  as 
secass  conferem m  uma  hom moge‐
neidaade  apenaas  aparentee  ao 
Semii‐Árido,  maas  as  difereenças 
físicaas,  climáticaas  e  ambientais 
da  reegião  são  mostradas 
m p
pelas 
fáciees  ecológicaas  das  reggiões 
naturais  que  o  integram  e  e res‐
pond dem  por  sua  diversid dade. 
Lado o  a  lado,  ou  integraando 
conju untos  variaados,  convivem 
na  área 
á de  occorrência  oficial 
o
das  secas  as  regiões  naturais 
da  Caatinga, 
C do  Carrascoo,  do 
Sertãão,  do  Seridó,  do  Currima‐
taú,  e  dos  Carriris  Velhoss,  as 
quatro  últimas  ocorrendo o  no 
estad do da Paraíb ba. 
O maapa ao lado o mostra os  nove 
comp plexos  ecológicos  que  ca‐
racteerizam o chamado Norrdeste 
Seco. Na porção o mais orien
ntal, o 
Planaalto da Borb borema, onnde se 
situaa o Cariri paraibano. 
Em ttermos de p produtividade, como regra geral,  a atividadee agrícola não alcança  grandes 
desempenhos aa não ser em m terras dee aluvião, ou u em alguns núcleos d de solos dessenvolvi‐
dos  de  rochas  calcárias  ou
u  rochas  báásicas.  As  restrições 
r p
para  essa  b
baixa  produ
utividade 
recaeem especialmente na b baixa fertilidade natural e em situ uações particularizadass de ma‐
nejo inadequado, em topoggrafia acideentada e na falta de sistemas de drenagem14.   .
Schenkel & Mattallo Júnior,, citando Baarreto (1994 4), informamm que na mmaioria dos casos os 
soloss  são  bastaante  suscep
ptíveis  à  deegradação  quando 
q dessprotegidoss  de  sua  ve
egetação 
natural. Para váários tipos dde solos as  perdas são o muito peq quenas e em m alguns caasos ten‐
dem  a zero, quaando sob vvegetação n natural. No  entanto, a  degradação o ambientaal não se 
manifesta someente pela seensibilidadee do solo à erosão, maas, sobretud do, pelos ussos a ele 
impoostos. Segun ndo os messmos autorees, os dado os disponíveeis mostramm que as áre eas mais 
devaastadas  são  exatamentte  aquelas  de  solos  mais 
m férteis  e  que  por  isso  mesm mo  estão 
submmetidas a m maiores níveis de explorração.15 

A Região é marcada pelo rruralismo trradicional, ccom pouco  ou nenhum m acesso ao o merca‐


do, eextrema difiiculdade dee absorção d
de novas tecnologias, h
hábitos de vvida fixadoss através 
                                                       
14
 SCHEENKEL & MATALLO JR, Op. Cit. 
15
 SCHEENKEL & MATALLO JR, Op. Cit. 
17 

de gerações e com uma relação extremamente paternalista com o Estado. Isto resulta em 
práticas sociais e políticas ambíguas, se comparadas com aquelas relativas às populações 
urbanas modernizadas pelo mercado e pelo acesso livre às informações16. 
De um lado, essa ambigüidade reflete‐se numa constante busca por “proteção” junto ao 
aparelho estatal e a seus representantes e, de outro, por uma recorrente dificuldade em 
absorver as informações técnicas disponíveis e geradas pelo próprio aparelho estatal (U‐
niversidades,  Centros  de  Pesquisa,  etc.),  para  a  solução  dos  seus  problemas.  Soma‐se  a 
isto um relativo crescimento dos setores rurais ligados à grande produção de exportação 
ou ligados a setores urbanos que pressionam pelo estabelecimento de políticas que, qua‐
se sempre, são contrárias aos interesses dos setores tradicionais. 
As  oscilações  climáticas  no  semi‐árido  geram,  além  dos  desajustes  na  economia,  graves 
problemas sociais e redução da qualidade de vida da população. De fato, a expectativa de 
vida, embora incrementada, permanece em 51 anos. O êxodo rural foi muito alto na dé‐
cada  de  70/80,  com  cerca  de  4,6  milhões  de  pessoas  deixando  o  campo  e  indo  para  as 
cidades,  fazendo  com  que  a  distribuição  da  população  rural/urbana  apresentasse,  pela 
primeira  vez,  um  predomínio  urbano.  Dados  dos  censos  de  1990  e  2000  apontam  para 
taxas alarmantes de movimentos migratórios, pois a população rural nordestina decres‐
ceu de 39% para 30%, o que representa um êxodo rural de cerca de 2 milhões de pessoas. 
As dificuldades em implementar as melhores opções de convivência com a seca e a au‐
sência, até 2003, de políticas públicas permanentes com enfoque social e de ações dura‐
douras também são fatores que contribuem para o agravamento da realidade do Semi‐
Árido. Atualmente são muitas as informações sobre a degradação da Caatinga, mas pouco 
se sabe sobre o aproveitamento econômico da biodiversidade existente nessa vegetação, 
como, por exemplo, as espécies que poderiam ter valor no mercado e os impactos ocasi‐
onados pela desertificação para as grandes cidades. A falta desses conhecimentos ofusca 
as  riquezas  existentes,  que  poderiam  ser  exploradas  para  conquistar  o  seu  desenvolvi‐
mento sustentável, respeitando suas limitações naturais. 
Assim, a questão ambiental no Nordeste Seco, é antes de tudo uma questão socioeconô‐
mica com soluções estritamente dependentes de decisões políticas. E, por isso mesmo, é 
também  fundamental  para  o  sucesso  que  as  discussões  e  as  propostas  encaminhadas 
envolvam todos os níveis de decisão da sociedade. Nesse sentido, a disseminação do co‐
nhecimento é necessária, pois permite que toda a sociedade participe mais efetivamente 
nos  processos  de  tomada  de  decisão  para  assegurar  uma  proposta  justa  de  desenvolvi‐
mento. Nas condições de semi‐aridez e com a forma tradicional de relacionamento com o 
ambiente existente, qualquer tentativa de desenvolvimento estará subjugada aos meca‐
nismos de regulação natural. É necessário romper essa dominação climática por meio de 
uma  C  &  T  “apropriada”,  e  é  preciso  conhecer  mais  as  relações  estabelecidas  entre  os 
sistemas  sócio‐culturais  e  os  fatores  ecológicos  da  aridez.  Isto  facilitará  e  sustentará  as 
alternativas propostas de manejo de recursos naturais junto aos valores culturais locais. 
É para contribuir com esse processo, que a UFCG propõe a criação do Centro de Desen‐
volvimento Sustentável do Semi‐Árido (CDSA) na forma deste Projeto. 

                                                       
16
 LIMA, J.R. de; RODRIGUES, W. Estratégia de combate à desertificação. Módulo 18 do Curso de Especialização em Desenvolvimento 
Sustentável para o Semi‐Árido Brasileiro. Campina Grande, UFCG/ABEAS, 2005, 55p. 
 
18 

Aspe
ectos Amb
bientais do Semi‐Árid
do Paraibano 

O Reelatório “Mu udanças de  Clima, Mud danças de V Vida”, elaboorado pelo  Greenpeacee, revela 


que  a Paraíba éé o Estado  do Nordestte mais atin ngido pelo  processo de desertificcação do 
d 653  mil  habitantes.  De  acordo
tipo  muito  gravve,  afetando  diretameente  mais  de  o  com  a 
ONG, em 70% d do territórioo da Paraíbaa ocorre o pprocesso dee desertificaação, atingin
ndo mu‐
nicíp
pios que abrigam um ttotal de 1,6 66 milhões  de pessoass. Destacou  que, na Paaraíba, a 
sub‐b bacia hidroggráfica do rrio Taperoá, no Cariri P
Paraibano, aapresenta uum processo o signifi‐
cativvo de deserttificação noo município de São Joãão do Cariri. Já o município de Cabaceiras 
tamb bém apreseenta áreas ccomprometiidas. De aco ordo com o Relatório, “há perda d da biodi‐
versidade e êxo odo rural. Em m função da severidad de climática e do desmmatamento p para uso 
agropecuário, vvem aumentando a áreea de caatinga baixa ee rala na reegião”. Esse e tipo de 
vegeetação  degradada  ocup pava  2.730  hectares  em 
e Cabaceiras  no  ano  de  1967,  mas, 
m em 
1996 6, essa área havia aumeentado paraa 42.634 he ectares17. 
O processo da d desertificaçção é causado, principalmente, pela ação do o homem, q que pro‐
voca agressões ao meio am mbiente, a eexemplo de desmatamento e queimadas. A d desertifi‐
cação o do solo p
paraibano see intensifico ou devido aa fatores co
omo introdu ução e expaansão da 
pecu uária (grandde número  de animais  em um pe equeno ped daço de terrra), além doo cresci‐
mentto das lavouras, incluindo o planttio de algarroba e capim m buffel. As localidadees consi‐
deradas mais seecas do Estaado são as q que mais soofrem com  a ameaça cconstante d da deser‐
tificaação do solo
o, a saber: oo Cariri, o SSeridó e o C
Curimataú. DDe acordo ccom a Secre etaria de 
Meio o Ambiente da Paraíbaa, o nível dee degradaçãão geral porr tipo de sollo para o Esstado foi 
considerado sevvero para os solos Bruno Não Cálccico (Luvissolos), de reelevo suave ondula‐
do a  ondulado ee de forte ssensibilidad de à erosãoo. Estes solo
os ocupariam cerca de e 13% da 
18
Regiãão Semi‐Áriida e 7,15% da Região Nordeste .  

                                                        http://www..aesa.pb.gov.br/geopro
ocessamento/geoportaal/mapas.html 

17
  www
w.taperoa.com/in ndex  apud  PEREIRA,  Daniel  Duarrte.  Cariris  Para
aibanos:  do  Sesm
marialismo  aos  A
Assentamentos  da  Reforma 
Agrrária. Raízes da D
Desertificação? TTese de Doutoram
mento. PPGRN/CTTRN/UFCG. Camp pina Grande, 20088. 
18
 SUDEEMA/SEBRAE. Política estadual dee controle da dessertificação. João
o Pessoa, 2002. V
Vol. 1, 28p. 
19 

Na Paraíba, a árrea degradaada seria dee 2.106.100 hectares. P Para os solo
os Litólicos ((Neosso‐
los)  o 
o nível  de  degradaçãoo  seria  acen
ntuado  paraa  os  relevo
os  ondulado
o,  forte  ond
dulado  e 
montanhoso e d de sensibilid
dade à erossão muito fo orte. Esses solos ocupaariam cercaa de 10% 
da Região Semi‐‐Árida e 2% % do Nordesste. Esta de egradação o ocorreria co
om maior in ntensida‐
de naa Depressão o do Alto Piiranhas, Carriri, Agreste
e da Borboreema, Curimmataú e Alto o Sertão. 
Na  elaboração 
e da  Política  Estadual  de  Controle  da  Desertificação  a  SUDEMA  ideentificou 
como o problemaas de ordem m fundiária: diferençass econômicas entre peequenos, grrandes e 
médios  proprietários,  ausêência  de  caapacitação,  sensibilização  e  asso ociativismo,  relação 
mínimma entre parceiros, m meeiros, arreendatários  e proprietáários e aumeento da agrriculturi‐
zaçãoo e pecuarização. Com mo problemaas de ordem m social/culltural foramm citados baaixa qua‐
lidad
de de vida,  difíceis conndições de  sobrevivência; aposen ntadoria, an nalfabetismo, posse 
da teerra vs. dem
manda na moderna agroecologia e e hábitos arraigados dee uso da terra19. 
Para  o Estado, ffoi encontraado um graau de risco  ou vulneraabilidade m muito alta em áreas 
totaiis de municcípios, em 2
2 Mesorregiões (Borbo orema e Serrtão), envolvendo sete e Micror‐
ões  (Seridó  Ocidental,  Seridó  Orriental,  Cariiri  Ocidentaal,  Teixeira,,  Catolé  do
regiõ o  Rocha, 
Sousa e Patos) ee 34 municíípios para uuma 
área  de 10.362  km² e uma população o de 
301.5589 habitanntes. 
Já  para  uma  susceptibilid
s dade  alta  em 
área  total de mmunicípios, fforam envo olvi‐
das  3 
3 Mesorreggiões  (Borbo orema,  Serrtão 
e  Aggreste),  onnze  Microrrregiões  (Caariri 
Ocidental, Carirri Oriental, TTeixeira, Caato‐

http://www.asabrasil.org.br/int_interface/default_exibir_conteudo.asp?CO_TOPICO=1200 
lé  do
o  Rocha,  So
ousa,  Patos,,  Piancó,  Caaja‐
zeiraas,  Curimataú  Ocidenttal  e  Camp pina 
Gran nde),  envo olvendo  74 4  municípios, 
numa  área  totaal  de  22.7998,3  km²  on nde 
vivemm 544.878 p pessoas.  
Na caategoria dee risco ou vu ulnerabilidaade 
alta,  área  parciial  de  mun
nicípios,  forram 
envoolvidas  2  Mesorregiõ
M ões  (Sertão o  e 
Agreste),  oito  Microrregiões  (Teixeeira, 
Pianccó,  Cajazeiras,  Itaporaanga,  Curim ma‐
taú  Ocidental,  Campina  Grande, 
G Esspe‐
rançaa  e  Umbuzeiro),  totaliizando  13  mu‐
m
nicíp
pios,  5.322,6  km²  e  548.0823  haabi‐
tantees. 
Em  suma, 
s maiss  da  metade  dos  mun nicí‐
pios  da  Paraíbaa  (121,  no  total) 
t estão
o  si‐
tuados em zonaas bastante  vulneráveiss à desertificação, totaalizando um ma área de 3
38.483,8 
km²  (68,01% do o Estado), ccom 1.395.2 290 habitanntes (41,60%% do estaddo). Estimou
u‐se que 
em 332.109 km² (57,06% do o Estado) a situação é ggrave e em m 8.320,0 km
m² (14,76% do Esta‐
do) aa situação éé muito gravve, perfazen ndo um totaal de 40.429
9 km² ou 71
1,82% do Esstado.
                                                       
19
 SUDEEMA/SEBRAE. Op
p. Cit. 
20 

O Te
erritório do
o Cariri Parraibano 

Geoggrafia 
O Cariri é uma m microrregião do Estado o da Paraíbaa localizadaa na franja o ocidental do o planal‐
to daa Borborem ma, “a porçãão central, rreferente ao o estado daa Paraíba, d da mais notáável uni‐
20
dadee geomorfollógica do No ordeste” , assim descrito pelo IBGE: 
 
“O
O  Planalto o  da  Borrborema 
co
ompreende  um  conju unto  es‐
tru
utural  que  se  estende e  do  es‐
tado  de  Alaggoas  ao  Rio  Grande 
doo  Norte,  onde  as  differencia‐
ões  geomorfológicas  revelam 
çõ
differentes  esstágios  de  evolução 
e
dee  relevo,  decorrentes  das  in‐
terferências  tectônicas  combi‐
naadas  as  mo odificações  climáti‐
cas  sub‐atuaiis  e  atuais.  As  alti‐
metrias  destta  área  variam  de 
2000  a  300  m.,  ultrap passando 
poouco mais d de 1.000 me etros em 
algguns locais.. As áreas mmais ele‐
vaadas  correspondem  àss  cristas 
métricas e aassimétricas, linhas 
sim
dee cumeadass e blocos serranos. 
Ass  altitudes  intermediárias,  em 
torno  de  500‐600  metros,  são 
enncontradas,  sobretud do,  em 
co
ompartimen ntos  aplainados, 
geeralmente liimitados po or escar‐
paamentos  e  nível  mais  baixo, 
disssecado  emm  formas  convexas 
c
http
p://www.plantasdonordeste.org/Livro/sumaario.htm  e  aguçadas,  além  de  relevos 
resid
duais. As feições são fo ormadas po or rochas p pré‐cambrianas e paleo ozóicas representa‐
por granitoss, filitos e quartizitos entre outrass. A rede de drenagem de caráter intermi‐
das p
tentee apresentaa um padrão o radial cen ntrífugo, adaptado à teectônica dominante, re essaltan‐
do os rios Ipojuca, Una, Jacuípe e Parraíba, dirigid dos para o  Atlântico ee os Ipanem ma e Mo‐
xotó,,  que  correem  em  direeção  ao  São o  Francisco,  e  outros  que  se  diriigem  para  o  norte, 
comp pondo as baacias dos rio os Paraíba ee Capibaribe e”. 
Com  relação à ccobertura vegetal, a árrea explorávvel na Mesoorregião daa Borborema (Paraí‐
ba) ffoi estimadaa em cerca de 840.7555 hectares, identificand
do‐se cerca de 26.830 h hectares 
21
de  Preservação  Permanente.  O  estoqque  médio  é  de  cerca  de  88,27  sst /ha  e  o  estoque 
total para mais  de 75.827.172 st, o suuficiente paara 105 anoos, estimando‐se um cconsumo 

                                                       
20
 MOR
REIRA, E. de R. F.(org.). Mesorregiõ
ões e Microrregiõ
ões da Paraíba: delimitação e caraacterização. João Pessoa: GAPLAN, 1988. 
21
  st  = significa a lenha empilhada nas d
dimensões de 1m x 1m x 1m. 
21 

anuaal  de  721.422  st/ano.  Para  o  Cariri  Ocidental  a  área  explorável  encontrada  foi  de 
375.4 410 hectarees e a proddução sustentável de 8 828.822 st/aano. No balanço anual, se en‐
controu para esssa Microrrregião uma  produção aanual de 15 5.571 st/anno onde 98,,7 % são 
expoortados.  Esttimando‐se  um  estoqu ue  de  36.05
59.551  st,  a  disponibiilidade  de  recursos 
22
seriaa de 120 anoos para o Caariri Ociden
ntal . 
Composta, segu undo o IBGEE, por 29 municípios, o o Cariri (quee é dividido em duas m microrre‐
giõess: Cariri Ocidental e Caariri Orientaal) ocupa um
ma área de 11.233 km² e, segundo o cen‐
so dee 2000, posssui uma po opulação dee 173.323 h habitantes,  apresentan ndo uma de ensidade 
demográfica dee 15,65 habitantes por km². Localizada em p plena “diago onal seca”,  onde se 
obseervam os meenores índicces de preccipitação plu uviométricaa do semi‐árido brasileiro, com 
médias anuais h históricas in
nferiores a 4400 mm, se eu clima reggional (Bsh) caracteriza‐se por 
elevaadas  tempeeraturas  (mmédias  anuaais  em  tornno  de  26°CC),  fracas  am
mplitudes  térmicas 
t
anuaais e chuvas escassas, m muito conceentradas no o tempo e irrregulares. 

Cariri Ocid
dental  Cariri Orieental 
 
No CCariri Paraib bano, a natureza edáfiica é de “so olos salinoss, em alguns casos rasos e pe‐
dregosos  que  reefletem  sob bre  a  ativid
dade  agrícoola  e  a  ocup
pação  do  espaço,  que  mesmo 
senddo  de  povoaamento  aprroximado  de  d 350  anoss,  apresentaa  baixos  índdices  de  deensidade 
popu ulacional.  A 
A base  da  produção  mineral  é  ao o  norte  e  a  agropecuária,  de  fracco  rendi‐
mentto.  Já  se  deestacaram  cultivos 
c inddustriais  com
mo  o  sisal  e 
e o  algodão
o  arbóreo,  além  de 
ciclos de irrigaçãão em Sumé, Boqueirãão, Congo e Camalaú, ccom ênfase para as culturas do 
tomaate  e  pimen ntão.  O  creescimento  da d pecuária  extensiva,  resultante  principalm mente  da 
extin
nção destas  e de outras culturas,  propiciou aa expansão  de culturass de suporte e (ao su‐
23
destee), tipo palmma forrageira e capim buffel” .  
A composição florística dos Cariris é h
heterogêneea24 e uma ddas caracteerísticas da  área é a 
grande densidade de cactááceas e bro omeliáceas qque se intercalam a árrvores típicas, algu‐
mas  das quais sse repetem  com freqüêência, comoo as Juremaas (Mimosa a SP), o Pereeiro (As‐

                                                       
22
 PNUD
D/FAO/IBAMA/GOVERNO DO ESTTADO DA PARAÍBA
A. Diagnóstico do
o Setor Florestal do Estado da Pa
araíba. João Pesso
oa, 1994. 
23
 MOR
REIRA, Op. Cit. 
24
 Cf. CA
ABRAL, Elisa Marria (org.): Os Carirris Velhos da Parraíba. João Pesso
oa, Editora Univerrsitária da UFPB // A União Editora, 1997. 
22 

pidosperma pyrifolium Mart.) e a Catingueira (Caesalpinia pyramidalis Tul.). Algumas ár‐
vores apresentam uma distribuição mais esparsa, como a Favela (Cnidosculus quercifoli‐
us), o Umbuzeiro (Spondias tuberosa Arr.), o Mulungu (Erythrina velutina Wild.) e o Jua‐
zeiro  (Ziziphus  joazeiro  Mart.).  Já  a  vegetação  de  ervas  e  arbustos  rasteiros  ocorre  com 
maior  intensidade  no  período  chuvoso  com  a  ocorrência  de  espécies  tais  como  Malva 
(Sida galheirensis Ulbr.); Mela–Bode (Herissanta tiubae K. Schum. Brizick); Ervanço (Alter‐
nanthera  tenella  Colla)  e  Marmeleiros  e  Velames  (Croton  sp.).  Dentre  as  espécies  arbó‐
reo‐arbustivas que preservam as folhas o ano inteiro, destaca‐se o Juazeiro.  
Como  ressalta  Guimarães  Duque,  “Ecologicamente  os  Cariris  são  uma  caatinga  alta,  de 
altitude de 400  a 600m, composta de espécies espinhentas, de pequeno porte, de caules 
duros (exceto as cactáceas), unidas, densas ou fechadas, onde o chão é coberto de ma‐
cambiras,  de  coroás  e  tillandsia,  entremeadas  de  arbustos  lenhosos  e  retorcidos  e  das 
árvores típicas do umbuzeiro (Spondias tuberosa), cardeiro Cereus peruvianus, HAw), Ca‐
tingueira (Caesalpinia bracteosa Tul), Quixabeira (Bumelia sarturum) e outras. É a zona de 
predileção das cactáceas devido à umidade do ar noturno”25. 

Pré‐História 
Região  de  ocupação  humana  imemorial,  o  Cariri  apresenta  inúmeros  sítios  arqueológi‐
cos26 com lajedos pintados com inscrições da “Tradição Agreste” (sub‐tradição Cariris Ve‐
lhos), de início provável há 5.000 anos antes do presente27, e furnas com cemitérios indí‐
genas apresentando muitos esqueletos, alguns envolvidos com esteiras de caroá28. O ma‐
terial lítico também é abundante, predominando machados de mão de pedra polida. 
Quando  da  chegada  dos  europeus  à  América  Tropical,  o  território  era  dominado  pelos 
índios Cariris, povos caçadores‐coletores falantes de uma língua do tronco Macro‐Jê, cuja 
origem remonta, provavelmente, a 5 ou 6 mil anos antes do presente29. Até meados do 
século  XVII,  a  região  permaneceu  praticamente  intocada  pelos  colonizadores,  mas,  em 
1665 uma sesmaria medindo “30 léguas de terras, que começam a correr pelo rio da Pa‐
raíba acima, onde acaba a data do Governador André Vidal de Negreiros, e 12 léguas de 
largo para o sul e 10 para o norte” foi concedida à família Oliveira Ledo30. Entre 1668 e 
1691, Domingos Jorge Velho e seus terços de campanha correram os sertões das capita‐
nias de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte após terem desbaratado o Quilombo 
de Palmares, empenhando‐se na chamada “guerra dos bárbaros”31, “a cruenta campanha 
contra os tapuais brabos”32 que viria a prefigurar uma das duas rotas da frente de expan‐

                                                       
25
 DUQUE, Op. Cit., p.124. 
26
 Cf. ALMEIDA, Ruth Trindade de: A arte rupestre nos Cariris Velhos. João Pessoa, Editora Universitária da UFPB, 1978; CABRAL, Elisa 
Maria (org.): Os Cariris Velhos da Paraíba. João Pessoa, Editora Universitária da UFPB / A União Editora, 1997. 
27
 Cf. MARTIN, Gabriela: Pré‐História do Nordeste do Brasil. 3ª edição atualizada. Recife, Editora Universitária da UFPE, 1999. 
28
 Cf. RIETVELD, Pe. João Jorge: Na sombra do Umbuzeiro: história da paróquia de São Sebastião do Umbuzeiro. João Pessoa, Imprell, 
1999, p. 37. 
29
 Cf. URBAN, Greg. “A história da cultura brasileira segundo as línguas nativas”, in CUNHA, Manoela Carneiro da (org.), Historia dos 
índios no Brasil. São Paulo, Companhia das Letras, 1998, p. 90. 
30
 Cf. JOFFILY, Irenêo: Notas sobre a  Paraíba.  Fac‐símile da primeira edição publicada no  Rio de  Janeiro, em  1892, com prefácio de 
Capistrano de Abreu. Apresentação e observações de Geraldo Irenêo Joffily. Brasília, Thesaurus Editora, 1977, p. 346. 
31
 PUNTONI, Pedro: A guerra dos bárbaros: povos indígenas e a colonização do sertão nordeste do Brasil, 1650‐1720. São Paulo, Huci‐
tec / EdUSP / Fapesp, 2002. 
32
 JOFFILY, Op. Cit, p. 347. 
23 

são pecuária que devassaram os sertões nordestinos33. 

História Social 
No último quartel do século XVII, os Oliveira Ledo – assim como os potentados da Casa da 
Torre – iniciariam o processo de ocupação dos “sertões de fora” movimentando numero‐
sas boiadas a partir da margem esquerda do São Francisco e chegando a corrente povoa‐
dora, segundo Basílio de Magalhães, até o sul do Ceará e do Maranhão em 169034. O pro‐
cesso foi de tal maneira cruento que D. Filipe III chegou a dirigir uma carta régia ao Capi‐
tão mor da Paraíba em 16 de setembro de 1699, solicitando‐lhe advertir o fundador de 
Campina Grande por “estranhar mui severamente o que obrou Theodosio de Oliveira Le‐
do em matar a sangue frio muitos dos índios que tomou em sua guerra”35. 
Segundo Capistrano de Abreu, entretanto, malgrado a violência empregada na coloniza‐
ção sertaneja, o tipo de exploração econômica – “a criação de gado não precisava de tan‐
tos  braços  como  a  lavoura,  nem  reclamava  o  mesmo  esforço,  nem  provocava  a  mesma 
repugnância” –, a configuração do espaço – “abundavam terras devolutas para onde os 
índios podiam emigrar” – e as características da povoação – “os primeiros ocupadores do 
sertão não eram os donos das sesmarias, mas escravos ou prepostos” – ensejou a possibi‐
lidade  de  sobrevivência  dos  habitantes  ancestrais:  “muitos  foram  escravizados,  refugia‐
ram‐se  outros  em  aldeias  dirigidas  por  missionários,  acostaram‐se  outros  à  sombra  de 
homens poderosos, cujas lutas esposaram e cujos ódios serviram”36. 
Não há estatísticas confiáveis sobre o destino das populações ancestrais arrostadas pela 
frente de expansão pecuária, mas sabe‐se que, além daqueles que resistiram fixando‐se 
em recantos pouco acessíveis ou desfavoráveis à criação de gado – como, por exemplo, 
os Atikum da Serra do Umã, os Pancararu e os Xucuru dos sertões do Pajeú – muitos ín‐
dios incorporar‐se‐iam ao processo produtivo, seja como vaqueiros, seja como pequenos 
cultivadores de alimentos. Estes, juntamente com posseiros e foreiros que “estabeleciam‐
se com o curral e as reses no que chamavam de ‘sítio’”37 e, também, escravos quilombo‐
las que se refugiaram na região, viriam a constituir as raízes do campesinato no Cariri pa‐
raibano em plena “civilização do couro”38. De fato, o sistema de pagamento do vaqueiro 
“não só permitiu o acesso à exploração, mas também à propriedade da terra aos homens 
pobres  livres”39,  uma  vez  que  “depois  de  quatro  ou  cinco  anos  de  serviço,  começava  o 
vaqueiro  a  ser  pago;  de  quatro  crias,  cabia‐lhe uma;  podia‐se  assim  fundar  fazenda  por 
sua conta”40. 
Tal como os “grupos de agricultores pobres autônomos”, numerosos no Nordeste orien‐
tal41, também os rústicos sertanejos mantiveram‐se “imersos e ocultos nos subterrâneos 
                                                       
33
 ABREU, João Capistrano de: Capítulos de história colonial (1500‐1800). 7ª edição, revista, anotada e prefaciada por José Honório 
Rodrigues. Belo Horizonte, Itatiaia; São Paulo, EdUSP, 1988, p. 166. 
34
 HOLANDA, Sérgio Buarque de: História Geral da Civilização Brasileira. Tomo I – A Época Colonial. 2º Volume: Administração, Eco‐
nomia, Sociedade. 7ª edição. São Paulo, Bertrand Brasil, 1993, p. 221. 
35
 JOFFILY, Op. Cit, p. 349. 
36
 ABREU, Op. Cit, p. 168. 
37
 ANDRADE, Manuel Correia de : A terra e o homem do Nordeste: contribuição ao estudo da questão agrária no Nordeste. 6ª edição. 
São Paulo, Atlas, 1986, p. 148. 
38
 Cf. ABREU, Op. Cit, p. 170. 
39
 MOREIRA, Emília e TARGINO, Ivan. Capítulos de Geografia Agrária da Paraíba. João Pessoa, Editora da UFPB, 1997, p. 72. 
40
 ABREU, Op. Cit, p. 170. 
41
 Cf. PALACIOS, Guillermo: Campesinato e escravidão no Brasil: agricultores livres e pobres na Capitania Geral de Pernambuco (1700‐
24 

mais recônditos da história colonial”42, mas, a partir do final do século XVIII, com a emer‐
gência  da  cultura  do  algodão  (Gossypium  hirsutum  var.  marie  galante),  viriam  a  ocupar 
uma posição fundamental na economia revigorada pelo “ouro branco”. De fato, a cotoni‐
cultura requer grandes contingentes de mão‐de‐obra e, ao contrário de outras culturas de 
exportação,  não  é  incompatível  com  a  economia  camponesa,  pois  o  algodão  pode  ser 
cultivado em associação com as culturas de subsistência e “pelo fato do seu restolho ser 
utilizado como alimento para o gado no período mais seco do ano, transformou‐se numa 
atividade complementar da pecuária”43. Em virtude disso, o algodão “foi explorado tanto 
pelo grande proprietário como pelo pequeno e por aqueles produtores que detinham a 
posse  legal  da  terra  como  foreiros  e  parceiros”  e,  desta  maneira,  “a  combinação  gado‐
algodão‐policultura,  [estabeleceu‐se]  como  o  trinômio  marco  da  organização  do  espaço 
agrário sertanejo paraibano até a segunda metade do século XX”44. 
Uma  decorrência  importante  do  ciclo  do  algodão  foi  a  consolidação  do  campesinato  na 
região, pois “do mesmo modo que no litoral, a pequena produção no sertão desenvolveu‐
se inicialmente no interior do latifúndio e dele dependente. Sua expansão acha‐se ali re‐
lacionada  à  expansão  dos  sistemas  de  parceria  e  arrendamento”45.  Entretanto,  com  o 
colapso da cotonicultura durante a segunda metade do século XX, também entrariam em 
crise os sistemas de parceria tradicionais – o que redundaria na “expulsão” dos morado‐
res – e se verificaria um acentuado empobrecimento dos pequenos cultivadores. 
De fato, em conseqüência dessas circunstâncias e, evidentemente, das secas freqüentes, 
a região entrou num longo período de depressão econômica caracterizado, por um lado, 
pela  restauração  do  latifúndio  agropecuário  extensivo  e,  por  outro,  por  um  êxodo  rural 
pronunciado, uma vez que “a crescente pecuarização promove sistematicamente a expul‐
são  disfarçada  dos  moradores,  na  medida  em  que  a  cultura  do  algodão  –  sua  principal 
razão de ser na fazenda tradicional – e a agricultura de subsistência têm que ceder espaço 
às plantas forrageiras”46. 
Durante as décadas de 70 e 80, enquanto minguava o cultivo do algodão, o empreendi‐
mento patronal mantinha‐se economicamente viável em função, fundamentalmente, dos 
“financiamentos a fundo perdido” da SUDENE – como, por exemplo, a introdução da alga‐
roba (Prosopis sp) para produção de forragem, um dos mais desastrosos projetos produti‐
vos desenvolvidos no semi‐árido  brasileiro – enquanto os camponeses pobres que insis‐
tiam em permanecer na região sobreviviam à míngua, sob o domínio inconteste dos po‐
tentados locais e sob a legislação draconiana do regime de exceção. 
É neste contexto que os trabalhadores rurais do Cariri paraibano começam a se organizar. 
Em fins de 1974 é fundado o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São Sebastião do Um‐
buzeiro, sob a liderança de Luiz Silva e, durante os anos 80, a Comissão Pastoral da Terra – 
CPT tem atuação sistemática na região. Ao passo em que, lutando contra todas as adversi‐
dades políticas, os trabalhadores, apoiados pela CPT, avançavam na luta pelos direitos tra‐

                                                                                                                                                                    
1817).  Brasília, Editora da UnB, 2004. 
42
 PALACIOS, Op. Cit, p. 26. 
43
 MOREIRA e TARGINO, Op. Cit, p. 77. 
44
 MOREIRA e TARGINO, Op. Cit, p. 77. 
45
 MOREIRA e TARGINO, Op. Cit, p. 78. 
46
 DUQUÉ, Ghislaine: “Estrutura fundiária e pequena produção: um estudo de caso no Cariri paraibano”. Raízes: Revista de Ciências 
Sociais e Econômicas, v. 3,  nº 4‐5, jan. 1984 / dez. 1985, p. 172. 
25 

balhistas, as lideranças consolidavam o sindicato, processo que culminaria com sua filiação 
à CUT em 1985. 
Durante a década de 90, em virtude da consolidação do STR de São Sebastião do Umbuzei‐
ro,  do  avanço  dos  movimentos  sociais  do  campo  em  nível  nacional  e  da  crise  da  grande 
propriedade rural no Cariri paraibano com o fim dos financiamentos da SUDENE, os traba‐
lhadores rurais da região aprofundaram a luta pela reforma agrária. Em dezembro de 1993 
ocorre a desapropriação da Fazenda Santa Catarina, no município de Monteiro, que viria a 
se tornar o primeiro Assentamento da Reforma Agrária do Cariri paraibano. Em outubro de 
1997, como resultado direto da mobilização promovida pelo STR de São Sebastião do Um‐
buzeiro, a Fazenda Estrela D’Alva, localizada naquele município, também é desapropriada. 
No  mesmo  ano,  marcando  a  entrada  do  Movimento  Sem  Terra  na  região,  ocorre  a  luta 
bem  sucedida  pela  desapropriação  da  Fazenda  Floresta,  no  município  de  Camalaú  e,  em 
1999,  com  a  desapropriação  da  Fazenda  Feijão,  no  município  de  Sumé,  o  MST  consolida 
sua ação no Cariri paraibano. Atualmente, segundo o INCRA, há dezessete Projetos de As‐
sentamento no Cariri paraibano, ocupando cerca de 38.000 hectares, onde vivem mais de 
1.000 famílias47. 
Segundo  se  pôde  verificar  na  pesquisa‐ação  “O  Mundo  Social  dos  Assentamentos  da  Re‐
forma Agrária no Cariri Paraibano”, realizada por educadores e educando do Projeto Uni‐
Campo  em  200448,  a  criação  dos  assentamentos  da  reforma  agrária  no  Cariri  paraibano 
tem  promovido  um  verdadeiro  movimento  de  retorno  dos  camponeses  às  suas  terras, 
processo que é sentido e verbalizado pelos assentados como algo extremamente positivo, 
na  medida  em  que  se  reconquista  a  autonomia  perdida,  componente  básico  do  ethos 
camponês, como disse “seu” João Evangelista, do Assentamento Novo Mundo: 
 
“Como cheguei no assentamento? Pensando numa liberdade. Por‐
que quando eu vim para o acampamento, eu vim com a esperança 
da moradia. E hoje eu tenho a morada, e hoje eu tenho a minha li‐
berdade. Aí a vida melhorou. Quem é um diarista alugado é o mai‐
or cativo da vida. Quando amanhece o dia, é obrigado. Até a noite 
chegar, muitas vezes na noite quando acorda, (está) pensando  no 
que vai tomar conta amanhã... E hoje, eu não penso em nada disso. 
Eu  vivo  feliz  porque  não  tenho  nada  de  ninguém  pra  mim  tomar 
conta amanhã”49 
 
Entretanto, segundo afirmam dois pesquisadores sobre a Reforma Agrária na Paraíba, “do 
ponto de vista dos trabalhadores rurais já assentados, a conquista da terra é apenas o iní‐
cio  da  luta  pela  reforma  agrária”50,  pois,  de  fato,  uma  vez  na  terra,  os  assentados  ainda 
têm numerosos desafios para enfrentar, como lutar pela garantia de um acesso republica‐
no às políticas públicas, especialmente à saúde e à educação, e ter a seu alcance um con‐
junto de conhecimentos e habilidades que o capacitem a construir um projeto de vida dig‐

                                                       
47
 http://www.incra.gov.br/arquivos/0277102527.pdf  
48
 Cf. Assentamentos do Cariri Paraibano, vídeo sobre a pesquisa‐ação. (http://www.ufcg.edu.br/~spe/tv/midia/midia.html).  
49
 CANIELLO, Márcio e DUQUÉ, Ghislaine, “Agrovila ou Casa no Lote: a questão da moradia nos Assentamentos da Reforma Agrária no 
Cariri paraibano”, in Revista Econômica do Nordeste, Volume 37, nº 4, out‐dez, 2006, Fortaleza, Banco do Nordeste do Brasil, p. 
634. (http://www.bnb.gov.br/content/aplicacao/Publicacoes/REN‐Numeros_Publicados/docs/ren2006_v37_n4_a10.pdf). 
50
 IENO NETO, G.; BAMAT, T. (Coord.). Qualidade de vida e reforma agrária na Paraíba. João Pessoa: INCRA, 1998. 
26 

na para si e suaa família, evvitando a im
mposição de “pacotes”” tecnológicos impróp prios, seja 
para  as  condiçõ
ões  ambientais  do  sem
mi‐árido,  sejja  para  as aaspirações  e qualidade
e  de  vida 
dos aassentados.. 
Os asssentados dda reforma agrária no C Cariri, portaanto, são caamponeses outrora exp pulsos de 
suas  terras, no  que se convvencionou  chamar de  “êxodo rurral”. Esse esstrato da po opulação, 
entreetanto, é appenas partee do povo ddo campo e estabelecidaa na região,, uma vez q que, além 
das 1
1.000 famílias assentad das, há 12.5
500 estabele ecimentos rrurais de aggricultura faamiliar51. 
É parra esse púbblico, que see insere num universo
o social de m
mais de 4.500.000 fam
mílias nor‐
destiinas, que é destinado oo Centro dee Desenvolvimento Sustentável doo Semi‐Árido
o. 

Histó
ória Econôm
mica 
O Cariri paraibano é a regiãão mais secca do Brasil. Aliada aoss fatores naturais como o a rare‐
façãoo e irregulaaridade de cchuvas e a  temperatura elevada,  a ação anttrópica – co om a ex‐
ploraação da peccuária exten nsiva, da aggricultura e o corte seletivo de árrvores para lenha e 
carvãão – tem co ontribuído ppara uma d degradação  acelerada  desse ecosssistema. De e acordo 
com  um estudo o interdiscip
plinar recennte, “o uso  inadequado o do solo e  os modelo os de de‐
senvolvimento  regionais  que 
q visam  à  à obtenção o  de  resultaados  imediaatos  são  ass  causas 
princcipais do aumento das áreas desertificadas na região”52. .

http://www.aesa.p
pb.gov.br/geoprocessaamento/geoportal/mapas.html

                                                       
51
 Cf. M
MDA, Atlas Territtórios  Rurais,  20
004, p. 28  (http:///www.mda.gov.b
br/sdt/arquivos/b
b_Perfil_Socio‐Ecconomico_I.pdf aacessado em 
30//03/2008). 
52
 CABR
RAL, Op. Cit. 
27 

 
Este fenômeno estaria, então, contribuindo diretamente para o crescimento da miséria e 
da migração de milhares de pessoas para os centros urbanos, surgindo daí a necessidade 
de  encontrar  alternativas  para  o  desenvolvimento  dos  Cariris  e  a  preservação  dos  seus 
recursos naturais. 
A região dos Cariris Paraibanos é notadamente a de antropização mais antiga no que se 
refere  ao  processo  de  interiorização  da  então  Capitania  Real  da  Parahyba  do  Norte.  Os 
primeiros contatos com a região por parte dos colonizadores parecem ter sido realizados 
a partir das nascentes do Rio Sucurú, localizadas no município de Ouro Velho, quando o 
pioneiro Antonio de Oliveira Lêdo, vindo da Capitania da Bahia, e atravessando a Capita‐
nia de Pernambuco, subindo o Rio São Francisco e acompanhando os seus afluentes, su‐
biu o Rio Pajeú, encontrando as serras que dividiam as duas capitanias.  
Entretanto, destacou‐se no Cariri Paraibano o Ciclo da Pecuária, denotado pela necessi‐
dade de criação dos “gados”, necessária para o empreendimento colonial, especialmente 
para fazer face às necessidades das populações urbanas e dos latifúndios monocultores 
situados na Zona da Mata Nordestina. Transcorridos 345 anos, perdura, ainda, a atividade 
pecuária  na  região  com  mudança  gradual  da  pecuária  bovina  para  a  pecuária  caprina  e 
ovina. 
A região também presenciou vários processos de antropização, localizados ou generaliza‐
dos, de curto espaço de tempo ou presentes até os dias atuais e muitas vezes denomina‐
dos “ciclos”, tais como o do algodão, do sisal, do caroá e da irrigação53. Segundo Pereira, 
nos  dias  atuais  podem  ser  identificados  outros  “ciclos”,  como  o  da  palma  forrageira,  o 
dendroenergético (lenha e carvão) e o da Reforma Agrária54.  
Nesta ocupação houve sempre um paradoxo: a pecuarização e a agriculturização devora‐
vam  centenas  e  centenas  de  hectares  de  caatinga,  modificando  adversamente  a  paisa‐
gem,  enquanto  das  matas  remanescentes  advinham  os  recursos  da  vida  humana  e  ani‐
mal. Não só recursos da vida, como também de fontes de renda expressivas, através do 
extrativismo55. 
Localizada em áreas tida como de alto risco ou vulnerável e alta ocorrência do processo 
social da desertificação, a região do Cariri Paraibano além de sofrer a ação dos fenôme‐
nos naturais, passa por níveis intensos de antropização no que se refere aos processos de 
agriculturização e pecuarização. Dentre estes, o desflorestamento intensivo para amplia‐
ção de áreas agrícolas e de pastagem; o uso intensivo do solo; o desrespeito à capacidade 
de suporte animal nas pastagens nativas e artificiais; a presença acentuada de processos 
erosivos e assoreamento de cursos d’água e mananciais e o surgimento de áreas afetadas 
por  sais  ou  salinizadas.  Devido  às  constantes  estiagens,  tem  se  verificado  a  redução  ex‐
pressiva de disponibilidade das águas superficiais e subterrâneas (oriundas do Cristalino), 
sem  que  a  população  existente  na  área  seja  sensibilizada.  Esta  despreocupação  passa 
pelos componentes florestal e edáfico, onde se observam as mais diversas ações impac‐

                                                       
53
 Depois de produções extremante compensadoras inúmeras áreas encontram‐se hoje em processo de salinização pelo mau uso do 
solo e da água.  
54
 PEREIRA, Op. Cit. 
55
 PEREIRA, D. D. O Caroá Neoglaziovia variegata Mez. no Cariri Paraibano: ocorrência, antropização e possibilidades de manejo no 
assentamento Estrela D’Alva. Dissertação de Mestrado. PRODEMA/UFPB/UEPB. João Pessoa, 2003. 
28 

tantes. 
Todas essas formas de ocupação do solo, e conseqüentemente de delineamento do espa‐
ço agropecuário, tiveram e têm ainda implicações fortíssimas com a sustentabilidade am‐
biental da região. A antropização, conferida pelas pecuarização e agriculturização parece 
não ter ainda preocupado as diferentes instituições inseridas no planejamento local. Por 
exemplo, com relação ao fortalecimento da caprinocultura, alguns municípios tiveram o 
seu efetivo aumentado56 sem que a este aumento populacional, estivesse atrelado a um 
estudo de capacidade de suporte das áreas antropizadas (pastagens plantadas, bancos de 
forragem e de proteínas, capoeiras, capoeirões) e das áreas naturais (matas nativas). Po‐
de ou não haver forragem suficiente para suportar este substancial aumento de animais 
por unidade de área, a não ser que se desenvolva um novo modelo de produção baseado 
no confinamento e no desenvolvimento de sistemas agroflorestais para o cultivo de for‐
ragem nativa e adaptada, além de uma agroindústria de ração apropriada para as condi‐
ções do semi‐árido57.  
Na grande maioria das propriedades do Cariri Paraibano, independente do tamanho das 
mesmas, dificilmente se encontra mata ciliar nos moldes primitivos. Os poucos fragmen‐
tos  ainda  existentes  apresentam  reduzida  diversidade  florística  e  em  alguns  casos  são 
totalmente representados pela algaroba Prosopis sp, essência florestal exótica, que intro‐
duzida de forma intensiva na região nas décadas de 70‐80, invadiu as áreas de várzea e as 
margens dos cursos d’água e reservatórios não permitindo, devido ao seu efeito alelopá‐
tico58, que espécies nativas típicas destes ecossistemas possam ocupar a áreas antes do‐
minadas pela agricultura e ou pecuária. 
Mesmo  assim,  o  manejo  tecnificado  dessas  áreas  invadidas  permitiu,  por  exemplo,  no 
município de Camalaú, no Cariri Paraibano, se obter de um algarobal de 15‐20 anos cerca 
569 ind./ha com 63,64% de plantas ramificadas de diâmetros de até 0.13 m. A Produção 
por hectare encontrada foi de cerca de 30.837 varas; 1.522 estacas; 112 mourões e 96,9 
estéreos de lenha. A atividade desenvolvida em cerca de 100 ha de algarobal invasor ge‐
rou ainda cerca de 16 empregos diretos e 207 empregos indiretos. Verificou‐se que 1,0 ha 
de algaroba invasor equivale a 1,0 ha de mata nativa em termos de volume de estacas e 
mourões e 5,0 ha de mata nativa em termos de produção de lenha e carvão59. 
Em  um  inventário  florestal  e  florístico  na  divisa  do  estados  de  Pernambuco  e  Paraíba, 
municípios de Igaracy e Monteiro verificou‐se que a diversidade florística da área estuda‐
da foi representada por 07 famílias botânicas, 15 gêneros e 18 espécies. Destacaram‐se a 
Família Leguminosae com 07 gêneros e 09 espécies e a Euphorbiaceae com 03 gêneros e 
04  espécies.  Da  diversidade  florística  encontrada,  cerca  de  47%  foi  atribuída  à  Família 
Leguminosae, que mostrou‐se também com maior agregação de valor por produto flores‐
tal. Verificou ainda que em 1,0 ha podem ser obtidos 2.453 exemplares de essências flo‐
restais viáveis, sendo 45,33% de marmeleiro, 23,76% de catingueira, 14,43% de jurema de 

                                                       
56
 Segundo dados do IBGE, em apenas três anos, o rebanho de caprinos e ovinos aumentou 26% no Cariri paraibano, o que represen‐
tou um acréscimo de cerca de 100.000 cabeças entre 2000 e 2003. 
57
 Cf. PEREIRA, Op. Cit., 2008. 
58
 Propriedade que determinadas espécies vegetais apresentam no sentido de evitar a presença de outras espécies ou a mesma espé‐
cie junto a ela no que se refere a competição por água, nutrientes, luminosidade, etc. O fenômeno é geralmente de ordem química. 
59
 CHAVES, 2002 apud PEREIRA, Op. Cit., 2008. 
29 

embira e 4,60% de jurema preta, entre outras espécies60.  
Objetivando estudar a vegetação remanescente de caatinga dentro das suas diversas fa‐
ses  de  sucessão  ecológica  no  que  se  refere  à  diversidade  e  distribuição  de  plantas  por 
unidade  de  área  e  o  grau  de  sombreamento  que  estas  espécies  oferecem,  subsidiando 
assim a modalidade de manejo a ser preconizada, foi realizado um inventário florestal e 
um levantamento florístico no assentamento Mandacaru, no município de Sumé, no es‐
tado da Paraíba. Os dados obtidos permitiram indicar que a diversidade florística da área 
estudada foi representada por 08 famílias botânicas, 16 gêneros e 18 espécies. Destacan‐
do‐se as famílias Leguminosae e Euphorbiaceae61.  
Estudando uma vegetação sucessória de caatinga, um pesquisador realizou um inventário 
florestal  em  uma  parcela  de  800m²  no  assentamento  Serrote  Agudo,  no  município  de 
Sumé,  no  estado  da  Paraíba.  A  diversidade  florística  da  área  estudada  foi  representada 
por 10 famílias botânicas, 15 gêneros e 19 espécies. Destacaram‐ se a família Legumino‐
sae e Malvaceae. Dentre as espécies com maior número de plantas destacou‐se o marme‐
leiro.  As  únicas  espécies  com  valor  comercial  foram  o  marmeleiro  e  a  catingueira.  Com 
relação  ao  sombreamento  verificou‐se  que  este  variou  de  43,3%  a  107,94%  na  parcela 
como um todo, indicando que se deve intervir na área utilizando‐se desde o raleamento 
até o rebaixamento da caatinga62. 
Com o objetivo de conhecer a diversidade florística e avaliar preliminarmente a fitomassa 
de uma área de caatinga em fase de sucessão, bem como verificar a adequação de meto‐
dologia, foi realizada uma pesquisa na Fazenda Rancho Alegre no município de Monteiro, 
Cariri  Ocidental  da  Paraíba,  onde  foram  instaladas  parcelas  de  amostragem  em  área  de 
vegetação nativa e numa área de cultivo de palma, para efeito de se verificar a antropiza‐
ção da área. Os resultados obtidos indicaram que tanto na área nativa como na antropi‐
zada existe uma diversidade florística considerável e que a densidade das plantas existen‐
tes foi muito variável independente do tamanho e número de parcelas utilizadas63. 
Esta variabilidade se manteve para os pesos verdes por espécime e por espécie. No en‐
tanto foi reduzida acentuadamente para as espécies herbáceas nas duas áreas estudadas. 
Do ponto de vista de potencial de forrageamento, a maioria das espécies encontradas é 
utilizada  principalmente  pelos  caprinos  variando  o  consumo  de  acordo  com  a  época  do 
ano ou a abundância ou ausência de uma ou mais espécie. Quanto às alterações observa‐
das com relação ao solo os teores de Mg, Na, K, Al, CO, MO, N e P aumentaram quando a 
área foi submetida ao processo de antropização/pecuarização pelo plantio de palma for‐
rageira. Foram elevados também os valores do pH e da condutividade elétrica. 

                                                       
60
 COSTA, S. D. da. Subsídios para inventários florestais e classificação qualitativa regional de produtos e subprodutos florestais nas 
condições do Semi‐Árido. Monografia de Conclusão de Curso (Graduação em Agronomia). UFPB/CCA. Areia (PB), 2004. 
61
 LOPES, M. M. Subsídios para aplicação de modalidades de manejo da caatinga em projetos de assentamento no Cariri Paraibano: 
o caso do assentamento Mandacaru.‐Sumé/PB. Monografia de Conclusão de Curso (Graduação em Agronomia). UFPB/CCA. Areia 
(PB), 2004. 
62
  DANTAS,  F.  K.  de  O.  Subsídios  para  aplicação  de  modalidades  de  manejo  da  caatinga  em  projetos  de  assentamento  no  Cariri 
Paraibano: o caso do assentamento Serrote Agudo ‐ Sumé/PB. Monografia de Conclusão de Curso (Graduação em Agronomia). 
UFPB/CCA. Areia (PB), 2004. 
63
 SOUZA, A. M. de. Estimativa do potencial de produção de fitomassa e florística de uma área de caatinga no município de Montei‐
ro, Cariri Ocidental da Paraíba. Monografia de Conclusão de Curso (Graduação em Agronomia). UFPB/CCA. Areia (PB), 2003. 
30 

População e Demografia 
Embora o IBGE inclua apenas 29 municípios na microrregião do Cariri paraibano, a UFCG 
adotará a classificação do Ministério do Desenvolvimento Agrário, que classificou 31 muni‐
cípios  na  homologação  do  Território  do  Cariri  paraibano,  pois  essa  classificação  reflete 
melhor a área de influência do chamado “Cariri histórico”, que ainda tem relações de pro‐
ximidade e intercâmbio com as microrregiões do Vale do Pajeú, Vale do Ipojuca e do Ser‐
tão  do  Moxotó,  em  Pernambuco.  Assim,  os  dados  agregados  referem‐se  aos  seguintes 
municípios, oriundos de quatro microrregiões, a saber: 
 
• Cariri Ocidental ‐ Amparo, Assunção, Camalaú, Congo, Coxixola, Livramento, Mon‐
teiro, Ouro Velho, Parari, Prata, São João do Tigre, São José dos Cordeiros, São Se‐
bastião do Umbuzeiro, Serra Branca, Sumé, Taperoá e Zabelê; 
•  Cariri Oriental ‐ Alcantil, Barra de Santana, Barra de São Miguel, Boqueirão, Caba‐
ceiras, Caraúbas, Caturité, Gurjão, Riacho de Santo Antônio, Santo André, São Do‐
mingos do Cariri, São João do Cariri; 
• Campina Grande ‐ Boa Vista; 
• Curimataú Ocidental ‐ Soledade. 
 
Os  municípios  que  compõem  essa  base  territorial  foram  instalados  a  partir  da  segunda 
metade  do  século  XX,  nos  anos  50  e  60,  com  exceção  de  São  João  do  Cariri,  núcleo  do 
chamado “Cariri histórico”, fundado em 1800, além de Taperoá (1847), Monteiro (1872) e 
Soledade (1885). Em 1997 houve o último processo de emancipação de vilas e distritos, o 
que resultou na instalação de 12 novos municípios: Alcantil, Amparo, Assunção, Barra de 
Santana, Caraúbas, Caturité, Coxixola, Parari, Riacho de Santo Antônio, Santo André, São 
Domingos do Cariri e Zabelê. 
No conjunto, todos os municípios somam uma área de 12.768 km². A densidade demográ‐
fica varia entre 8 hab/km² a 40 hab/km², dependendo do município. Com uma população 
de  205.240  habitantes,  os  municípios  desse  território  representam  5,95%  da  população 
total  do  Estado,  sendo  108.947  (52,3%)  localizadas  na  zona  urbana  e  96.252  (47,6%)  na 
zona rural. A mediana é igual a 4.385,5 habitantes. No ano de 2000, o território apresenta‐
va densidade demográfica de 16,1 hab/km², sendo 7,64 hab/km² no meio rural. 
 
Tabela 1 – População do Cariri paraibano (2001) 
  Cariri  Paraíba Nordeste  Brasil 
Número de Habitantes (mil)  205.240 3.443,8  47.741,7  169.799,2
População Urbana (%)  52,61  71,06  69,07  81,25 
Mortalidade Infantil (nr. de óbitos p/ mil hab.)  52,93  51,49  0,00  30,57 
Esperança de vida ao nascer (anos)  62,31  63,16  0,00  68,61 
Razão de Dependência (%)  68,94  63,06  63,46  54,93 
Taxa de Fecundidade (número médio de filhos) 2,94  2,54  0,00  2,37 
  Fonte: IBGE, Censo populacional brasileiro 2000 

 
A  taxa  de  crescimento  da  população,  entre  1991  e  2000,  foi,  no  conjunto,  positiva,  de 
0,35%  (na  Paraíba  foi  de  0,82%).  Porém,  em  13  dos  32  municípios,  houve  uma  taxa  de 
31 

crescimento  negativa.  Neste  decênio,  os  municípios  que  mais  cresceram  foram  Camalaú 
(2,70%)  e  Alcantil  (2,36%)  e  os  que  tiveram a maior  taxa de  crescimento  negativo  foram 
Gurjão (‐3,91%) e Parari (‐3,81%). 
Embora a taxa de urbanização tenha passado de 45,40% em 1991 para 52,61 % em 2000 e 
que a alteração tenha sido verificada em todos os municípios isoladamente, a microrregião 
apresenta uma taxa de urbanização menor que a da Paraíba, com o escore de 71,06%. Por 
outro lado, o Cariri apresenta índices de mortalidade infantil, esperança de vida ao nascer, 
razão de dependência e taxa de fecundidade piores do que os da Paraíba, que estão bem 
abaixo da média nacional, como se pode observar na tabela 1. 
Sem  embargo,  a  tabela  2  demonstra  que  a  microrregião  evoluiu  muito  nesses  aspectos, 
comparando‐se os dados dos censos de 1991 e 2000, pois, de fato, em uma década a mor‐
talidade infantil e a taxa de fecundidade foram reduzidas em cerca de 1/3 e a esperança de 
vida ao nascer aumentou em nada menos do que 8,12 anos. 
 
Tabela 2 – População do Cariri paraibano (1990‐2001) 
 
  1991  2000  % 
  Número de Habitantes (mil)  199.437 205.240  2,90 
População Urbana (%)  45,40  52,61  15,90 
 
Mortalidade Infantil (nr. de óbitos p/ mil hab.)  79,92  52,93  ‐33,77 
  Esperança de vida ao nascer (anos)  57,64  62,31  8,12 
Razão de Dependência (%)  85,88  68,94  ‐19,72 
 
Taxa de Fecundidade (número médio de filhos) 4,35  2,94  ‐32,36 
  Fonte: IBGE, Censo populacional brasileiro 1991 e 2000 

Economia 
Segundo o MDA, o Cariri paraibano é um “território rural”, o que fica comprovado pelo 
perfil  econômico  da  região,  pois  “os  produtores  agropecuários  ainda  representam  os 
principais  atores  econômicos  do  Cariri,  apesar  da  crise  do  setor”,  congregando  70%  da 
população economicamente ativa, com forte presença de agricultores familiares64. 
 
Setor Agropecuário 
O Cariri apresenta uma produção agrícola anual rende R$ 8.520.000,00, numa área plan‐
tada  de  47.000  ha.,  dando  um  rendimento  médio  de  R$  182,00  por  hectare65.  Como  se 
verifica  na  Tabela  3,  entre  os  principais  produtos  agrícolas  destacam‐se  a  produção  de 
tomate (31,78 %), de hortaliças (30,44 %) e do binômio milho‐feijão (23,47 %). Quando se 
considera a área plantada, esse binômio, característico da economia camponesa nordes‐
tina, ocupa 55.126 hectares, o que representa 96% do total da área plantada. 
 
 
                                                       
64
 BAZIN, Frédéric. Plano de desenvolvimento sustentável do Cariri paraibano. Campinas, MDA/FAO, 2003, p. 19. 
65
  Cf.  MDA,  Atlas  Territórios  Rurais,  2004,  p.  195  (http://www.mda.gov.br/sdt/arquivos/h_Perfil_da_Producao_Agropecuaria_II.pdf  
acessado em 30/03/2008). 
32 
Tabela 3 – Principais produtos agrícolas
Área  Área Rend. 
Quant.  Valor  % 
Produto/Unidade  Plantada  Colhida   Médio 
Prod.  (R$1.000)  Valr_Prod 
(ha.)  (ha)  (p/ha) 
Tomate (ton.)  8.007  5.950  240  228  35,12  31,78 
Hortaliças (ton.) (1996)  19.508  5.700  0  0  0,00  30,44 
Feijão (em grão) (ton.)  2.346  2.911  27.438  21.704  0,11  15,55 
Milho (em grão) (ton.)  3.339  1.483  27.688  21.009  0,16  7,92 
Banana (Mil cachos)  1.502  803  107  107  14,04  4,29 
Côco‐da‐baía (Mil frut.)  2.284  655  159  159  14,36  3,50 
Alg. Arbór. (car.) (ton.)  483  488  917  964  0,50  0,12 
Batata‐doce (ton.)  817  268  140  105  7,78  0,10 
Fava (em grão) (ton.)  193  245  735  605  0,32  0,07 
Goiaba (Mil frutos)  835  221  97  97  8,61  0,03 
Total  39.314   18.724  57.521  44.978   81  93,81 
        Fonte: PAM ‐ IBGE (2003); hortaliças (Censo Agropecuário 1995/1996 ‐ valores atualizados pelo IPC de Ago/2003) 

Se a agricultura tem um papel importante na dinâmica econômica do Cariri paraibano, a 
pecuária, em especial a criação de pequenos animais, é a grande força dinamizadora da 
cadeia  produtiva  local.  Com  efeito,  a  caprinovinocultura  é  considerada  hoje  como  uma 
atividade econômica estratégica para o desenvolvimento sustentável da microrregião, em 
particular para o desenvolvimento rural de base familiar, figurando como a principal dire‐
triz  de  programas  de  fomento,  como  os  do  Banco  do  Nordeste  e  o  “Pacto  Novo  Cariri” 
promovido  pelo  SEBRAE,  por  exemplo.  Assim,  embora  o  rebanho  paraibano  de  médio 
porte represente apenas 6,8% do total da região Nordeste66, ele está fortemente concen‐
trado no Cariri, onde se observa a mais alta densidade de cabeças no estado67, o que con‐
firma “a sua especialização na produção de caprinos e ovinos”68.  
 Tabela 4 – Principais Rebanhos 
Evolução 
  2000  2001  2002  2003 
2000/2003 
Bovino  115.498 118.871 121.589 132.435  14,66 %
Caprino  272.437 316.177 327.345 352.560  29,41 %
Ovino  122.565 135.528 137.042 143.921  17,42 %
Galos, Frangas(os) e Pintos  283.766 441.400 466.475 483.460  70,37 %
Suíno  15.677 16.095 17.178 17.383  10,88 %
Galinhas  104.067 107.149 112.842 115.249  10,75 %
Asinino  10.232 10.318 11.183 11.314  10,57 %
Eqüino  8.650 8.622 8.524 8.307  ‐3,97 %
Muar  2.830 2.827 2.775 2.674  ‐5,51 %
Total  937.722   1.158.988  1.206.975  1.269.306   154,58
Fonte: PPM ‐ IBGE (2003) 

De acordo com a Tabela 4, entre os principais rebanhos da microrregião, destaca‐se o de 
pequenos ruminantes, com um total de cerca de 500.000 cabeças, contra 132.435 cabe‐

                                                       
66
 Cf. Correio da Paraíba, 23/02/2003. 
67
 RODRIGUEZ, 2000, p. 73. 
68
 MOREIRA e TARGINO, Op. Cit, p. 139. 
33 

ças  do  efetivo  bovino.  É  importante  observar,  por  outro  lado,  que  entre  2.000  e  2.003 
houve um aumento de 29,41% no efetivo caprino e 17,42% no efetivo ovino, ao passo em 
que a criação de gado bovino cresceu apenas 14,66%69. 
Ora,  a  criação  de  ovinos  e  caprinos  é  uma  atividade  tradicional  no  Cariri  porque  esses 
animais  são  bastante  resistentes  e  bem  adaptados  às  condições  do  ambiente,  especial‐
mente no que tange ao suporte forrageiro, pois é inegável a potencialidade das espécies 
nativas e climatizadas para a sua nutrição, sejam elas utilizadas in natura, sejam elas pro‐
cessadas através de fenação ou mucilagem. Neste particular, destacam‐se a palma forra‐
geira,  o  mandacaru,  o  xique‐xique,  a  macambira,  a  maniçoba,  a  catingueira,  o  agave,  a 
algaroba, a leucena, a cunhã, o capim buffel e o avelós (que é também um eficiente anti‐
helmíntico), dentre outras. Além disso, a boa disponibilidade de água do lençol freático, 
trazida à superfície por vários poços profundos instalados na zona rural de toda microrre‐
gião70, embora seja inadequada para o consumo humano em função da salinidade é boa 
para os animais, inclusive porque lhes fornece alguns sais minerais de que necessitam. 
Ademais, é importante ressaltar que a caprinovionocultura é uma atividade historicamen‐
te  desenvolvida  pelos  pequenos  produtores,  uma  vez  que  os  grandes  proprietários  da 
região se dedicam, quase exclusivamente, à pecuária bovina. Ademais, a criação de capri‐
nos e ovinos sempre foi considerada como uma espécie de “reserva estratégica” para os 
momentos  de  dificuldade  do  produtor  familiar,  especialmente  nos  períodos  de  seca, 
quando um ou mais animais são vendidos para garantir a renda da família ou são abatidos 
para o consumo. 
Se as condições mesológicas, extremamente adversas para outras atividades agropecuá‐
rias, não são um empecilho para o desenvolvimento da caprinovinocultura na região, in‐
clusive porque essa é “uma atividade de baixo impacto ambiental”71, as suas potenciali‐
dades mercadológicas são um grande estímulo para o empreendimento. 
A carne se destaca por sua qualidade nutritiva em virtude dos baixos teores de colesterol, 
calorias e gorduras de cobertura e intramuscular, pelo seu sabor característico, maciez e 
suculência, e, quando processada adequadamente, em cortes especiais resfriados e con‐
gelados, pelo seu forte apelo gastronômico. Além disso, a carne caprina é a peça de resis‐
tência  do  cardápio  local  e  desempenha  um  papel  importante  no  contexto  do  turismo, 
uma  atividade  chave  na  “pluriatividade”  que  deve  caracterizar  o  desenvolvimento  local 
sustentável do semi‐árido72. 
O leite, por seu turno, tem “grande digestibilidade e alto valor biológico”73, pois, se por 
                                                       
69
 Também merece destaque a evolução da criação de galos, frangos, frangas e pintos, que passou de 283.766 cabeças em 2.000, para 
483.460 cabeças em 2.003, o que representa um crescimento de mais de 70%. Por outro lado, a criação de animais prioritariamen‐
te para o auto‐consumo, chamada popularmente de “miunça” (galinhas e porcos), também teve um crescimento em torno de 10%. 
Um fato interessante a se notar na evolução do rebanho no Cariri paraibano é a queda, em torno de 5%, do contingente eqüino e 
muar, animais tradicionalmente usados na tração e no transporte, o que pode ser explicado pelo crescimento do uso de motocicle‐
tas, facilmente verificado in loco. 
70
  No  município  de  Monteiro,  por  exemplo,  há  cerca  de  360  poços  profundos  instalados  (Cf.  SUDENE/PNUD,  Monteiro/PB:  Análise 
participativa da realidade (versão preliminar). Recife, agosto de 2001). 
71
 GUIMARÃES FILHO, Clóvis & HOLANDA JR., Evandro V.: “A caprinocultura como alternativa de uso sustentado dos recursos do semi‐
árido: proposições para o desenvolvimento integrado da zona caprinícola do semi‐árido baiano”. Trabalho apresentado no Seminá‐
rio  Internacional  Sociedades  e  Territórios  no  Semi‐Árido  Brasileiro:  em  busca  da  sustentabilidade.  Campina  Grande,  UFCG,  de‐
zembro de 2002, dat. 
72
  Cf.  CANTALICE,  Luciana.  Turismo  e  Desenvolvimento  Sustentável  nos  Assentamentos  da  Reforma  Agrária  do  Cariri  Paraibano. 
Monografia de Especialização. Campina Grande, UFCG/NEPE, 2006.  
73
 ALVES, Francisco Selmo Fernandes: “O leite de cabra é tão nutritivo quanto os leites de vaca e materno?”, Revista Ciência Hoje, vol. 
34 

um lado, é alcalino como o leite humano, por outro, contém açúcares, proteínas, gordu‐
ras  e  vitaminas  em  teores  semelhantes  aos  do  leite  de  vaca;  ademais,  é  um  excelente 
substituto deste na nutrição de crianças alérgicas. O queijo – isto é um fato notório – é 
um  alimento  sofisticado  e  apreciado  pelos  melhores  paladares,  o  que  lhe  confere  altos 
índices  de  valor  agregado  quando  processado  segundo  padrões  rigorosos  de  qualidade, 
assim  como  outros  produtos  da  indústria  de  laticínios,  como  o  doce  e  o  iogurte,  que  já 
são produzidos na região, juntamente com um delicioso licor. 
O couro também é um produto importante, pois, curtido, transforma‐se em pelica, maté‐
ria‐prima  de  alto  valor  na  indústria  coureiro‐calçadista,  uma  das  grandes  aptidões  eco‐
nômicas da região semi‐árida brasileira e um setor estratégico para a economia paraiba‐
na,  uma  vez  que  entre  1998  e  2001  o  setor  cresceu  26,45%  no  estado,  trazendo  como 
conseqüência um aumento de 40,22% no número de trabalhadores empregados74. Além 
disso, o uso da casca do Angico – árvore nativa do semi‐árido brasileiro – como tanante 
torna livre de resíduos danosos a atividade dos curtumes, extremamente poluente quan‐
do exercida com tanantes químicos75. 
Assim, o “desenvolvimento da cadeia produtiva da caprinovinocultura” é uma alternativa 
de desenvolvimento sustentável bastante adequada para o Cariri paraibano76, pois tudo 
indica  que  ela  se  harmoniza  com  as  cinco  condições  da  sustentabilidade  sugeridas  por 
Ignacy Sachs77: em primeiro lugar, a caprinovinocultura tem uma dimensão social, pois é 
uma atividade característica de pequenos produtores familiares pobres e o seu fomento 
através de programas de micro‐crédito, como o PRONAF, favoreceria a geração de renda 
promovendo uma maior eqüidade social; em segundo lugar, ela demonstra eficiência e‐
conômica, por um lado porque os seus produtos têm grande apelo mercadológico e, por 
outro,  porque  o  fluxo  de  comercialização  deles  envolve  uma  gama  enorme  de  agentes 
microeconômicos redundando em ganhos macro‐sociais evidentes; em terceiro lugar, ela 
tem uma dimensão ecológica, pois é uma atividade produtiva bastante adequada e pouco 
impactante em relação ao adverso meio ambiente do semi‐árido; em quarto lugar, a ca‐
prinovinocultura é parte da cultura local e desempenha um papel importante na identi‐
dade do povo; em quinto lugar, no que tange à sua dimensão espacial, o desenvolvimento 
caprinovinocultura pode levar a uma configuração rural‐urbana mais equilibrada, na me‐
dida em que a exploração da atividade favorece a fixação do produtor familiar no campo 
ao melhorar‐lhe as condições de vida78. 
De  fato,  conforme  a  Tabela  5,  o  principal  produto  pecuário  do  território  é  o  leite,  com 
22.000 litros produzidos em 2003, representando uma evolução de quase 50% em quatro 
anos, o que pode ser explicado pela implementação, a partir de 1999, do “Programa do 
Leite” no âmbito do “Pacto Novo Cariri”79, o qual fomenta a produção de leite através da 
                                                                                                                                                                    
32, nº 189, dezembro de 2002. 
74
  AQUINO,  Delma  do  Socorro  Pessoa  B.  (coord.):  Cadastro  industrial  do  setor  coureiro‐calçadista  e  afins  do  estado  da  Paraíba.  
Campina Grande, COMPET/CNPq, 2001. 
75
 Essa tecnologia é utilizada por um curtume localizado no município Cabaceiras. 
76
  Cf.  SEBRAE:  PROCARIRI:  Programa  de  Desenvolvimento  Regional  Integrado  e  Sustentável  do  Cariri  Paraibano  –  síntese.  João 
Pessoa, 2001. 
77
 SACHS, Ignacy: Estratégias de transição para o século XXI: para pensar o desenvolvimento sustentável. São Paulo, Brasiliense, 1994 
78
  Entretanto,  uma  série  de  fatores  tem  dificultado  a  sustentabilidade  desta  atividade  no  Cariri  paraibano  (Cf.  CANIELLO,  Márcio. 
“Quando a sustentabilidade falha: o caso do programa da caprinovinocultura no Cariri paraibano”, in WANDERLEY, Maria de Naza‐
reth Baudel (org.), Globalização e desenvolvimento sustentável: dinâmicas sociais rurais no Nordeste brasileiro. SP, Polis, 2004). 
79
 Cf. CANIELLO, Op. Cit., pp. 108‐115. 
35 

compra governamental da produção e seu beneficiamento para distribuição na merenda 
escolar  e em  programas  de  distribuição  com  famílias  carentes80.  Merece  destaque tam‐
bém a produção de mel, atividade altamente adequada para o semi‐árido, que mais do 
que dobrou em quatro anos e cuja produção, em 2003, chegou aos 1.218 quilogramas. 
  Tabela 5 – Principais produtos pecuários
Evolução 
Produto/unidade  2000  2001  2002  2003 
2000/2003 
Leite (Mil litros)  14.780 16.095 18.466 22.000  48,85 % 
Ovos de Galinha (Mil dúzias) 597 628 659 667  11,73 % 
Mel de Abelha (Quilograma)  572 1.608 1.415 1.218  112,94 % 
Total   17.949  20.332  22.542 25.888    173,52 % 
     Fonte: PPM ‐ IBGE (2003) 

Estrutura Fundiária e Formas de Organização Produtiva 
Segundo  dados  do  Ministério  do  Desenvolvimento  Agrário,  há  12.813  estabelecimentos 
da agricultura familiar no Cariri paraibano ocupando uma área de 411.927 km² e gerando 
uma produção anual de R$ 28.119.000,00, ao  passo em que há 1.254 estabelecimentos 
de agricultura patronal ocupando um total de 497.232 km² e gerando uma produção anu‐
la  de  R$  15.740.000,0081.  Assim,  embora  com  grande  concentração  fundiária,  já  que  o 
índice de Gini atinge a cifra de 0,71 no território82, a renda gerada pela agricultura famili‐
ar é quase o dobro da renda gerada pela agricultura patronal, o que demonstra a capilari‐
dade dessa atividade econômica e sua importância para a dinâmica econômica do Cariri. 
 
Tabela 6 ‐ Distribuição da terra por faixa de área e estabelecimento (condição legal) 
 
Faixas (Área ha.)  Nº Estab.  % Território  Pos. da  Área Tot.  % Território 
(UF)%  Estab. 
Menos de 10  6.954  45,59  69,58  25.917  2,81 
De 10 a menos de 50  5.279  34,61  20,52  113.477  12,29 
De 50 a menos de 100  1.197  7,85  4,43  77.887  8,44 
De 100 a menos de 500  1.446  9,48  4,62  293.737  31,81 
De 500 a mais  376  2,47  0,86  412.301  44,65 
Total  15.252  100,00  100,00  923.319  100,00 
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 1995/1996.
 
Como se verifica na Tabela 6, 45,59% dos estabelecimentos agropecuários têm menos de 
10 ha. e 11,95% dos estabelecimentos apresentam área superior a 100 ha., os quais, en‐
tretanto correspondem a 76,47% da área total. As Tabelas 7 e 8 detalham o perfil fundiá‐
rio da microrregião: 
 
                                                       
80
  Atualmente,  o  Governo  Federal  apóia  iniciativas  desta  natureza  no  âmbito  do  Programa  Fome  Zero  e,  na  Paraíba,  é  parceiro  do 
Governo do Estado no “Programa Leite da Paraíba”, com 3.115 produtores de leite de vaca e cabra cadastrados, 23 usinas e uma 
produção  diária de 120  mil litros (http://portal.paraiba.pb.gov.br/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=5104 acessado 
em 31/03/2008). 
81
  Cf.  MDA,  Atlas  Territórios  Rurais,  2004,  p.  164  (http://www.mda.gov.br/sdt/arquivos/h_Perfil_da_Producao_Agropecuaria_I.pdf  
acessado em 30/03/2008). 
82
  Cf.  MDA,  Atlas  Territórios  Rurais,  2004,  p.  164  (http://www.mda.gov.br/sdt/arquivos/h_Perfil_da_Producao_Agropecuaria_I.pdf  
acessado em 30/03/2008). 
36 

 Tabela 7 ‐ Condição do produtor por estabelecimento e área (condição do produtor) 
Território de Área  Nº Estabe‐ % (Nº Estab.)  Pos. UF (%  Área Total  % Área 
(ha.)  lecimento  Nº Estab.)  (ha.)  Total 
Proprietário  11.243  94,77  66,17  828.783  89,76 
Arrendatário  139  1,17  5,16  1.706  0,18 
Parceiro  241  2,03  5,73  9.419  1,02 
Ocupante  241  2,03  22,94  83.410  9,03 
Total  1.864  100,00  100,00  923.319  100 
  Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 1995/1996. 

 Tabela 8 ‐ Utilização das Terras (por Condições do Produtor)  
Utilização das Terras  Área (ha.)  %  % UF  % NE  % BR 
Lavouras permanentes  2.006  0,22  2,31  3,38  2,13 
Lavouras temporárias  80.753  8,75  13,29  9,83  9,69 
Lavouras temp. em descanso  27.578  2,99  5,96  5,22  2,35 
Pastagens naturais  428.688  46,43  40,37  25,51  28,18 
Pastagens plantadas  28.834  3,12  4,69  15,45  22,07 
Matas e florestas naturais  226.207  24,50  16,47  24,77  25,14 
Matas e florestas artificiais  3.724  0,40  0,37  0,50  1,53 
Terras produt. não utilizadas  75.181  8,14  10,14  11,02  4,63 
Terras inaproveitáveis  50.348  5,45  6,41  4,31  4,29 
Total  923.319  100,00  100,00  100,00  100,00 
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 1995/1996.
 
Indústria, Comércio e Serviços 
Mais da metade do PIB do território do Cariri advém do setor de serviços (55%), que em‐
prega  64%  da  mão  de  obra  ocupada.  O  setor  industrial  detém  7%  do  PIB,  com  20%  dos 
empregos, seguido pelo comércio, com 1% do PIB e 15% da mão de obra empregada83. 
Em 2000, segundo dados do IBGE, a população economicamente ativa do território era de 
81.324  pessoas,  estando  84,61%  delas  ocupadas.  Na  época,  havia  193  estabelecimentos 
comerciais  (45,73%),  158  de  serviços  (37,44%)  e  71  indústrias  (16,82%).  Nada  menos  do 
que 74,4% dos empregados não tinham carteira de trabalho assinada. 
Atualmente,  52.407  famílias  são  atendidas  com  transferências  de  benefícios,  o  que  gera 
um valor mensal de R$ 10.145.000,0084. 

Indicadores de Renda, Pobreza e Desigualdade 
A proporção de pessoas pobres neste território chega a 64,50% (na Paraíba, 44,48%). Sen‐
do  que  em municípios  como  São  João  do  Tigre,  Taperoá, Alcantil, Barra  de  Santana  e  Li‐
vramento, esse número chega a ultrapassar os 70%. A renda per capita média é, no con‐
junto, de R$ 87,37, bastante defasada em relação à Paraíba, que é de R$ 183,76, e do Bra‐
sil  que  é  de  R$  297,23.  Entretanto,  houve  um  crescimento  de  50,7%  nesta  renda  entre 

                                                       
83
 Cf. MDA, Atlas Territórios Rurais, 2004, p. 113 (http://www.mda.gov.br/sdt/arquivos/e_Perfil_Socio‐Economico_IV.pdf acessado em 
31/03/2008). 
84
 Idem. 
37 

1991
1 e 2000. 
A po
obreza é meedida pela p proporção dde pessoas  com renda  domiciliar  per capita  inferior a 
R$ 755,50, equivaalente à meetade do salário mínimmo vigente eem agosto d
de 2000. Estte indica‐
dor ddiminuiu emm 20%, passsando de 8 80,7%, em 1 1991, para  64,5%, em  2000, entrretanto, a 
desiggualdade, m
medida pelo o Índice de  Gini cresceu 5,4%, passsando de 0
0,496 para 0 0,523, no 
perío
odo. O Índicce de Gini mmédio no teerritório pe
esquisado é de 0,52 (na Paraíba éé de 0,58, 
send
do 0,59 na zona urbanaa e 0,40 na zzona rural).  
  Tabelaa 9 – Renda (Indicadores de Pobreza e
e Desigualdaade)  
Indicadoress  Média dos M
Municípios Posição Reegional 
  1991 2000 Evolução PB NEE  BR 
Rendaa per capita (m
média R$) 7,96  87,37
57 50,73 %  150,22  0,00
0  297,23 
Proporção de Pobrees (%)  0,67  64,50
80 ‐20,04 %  55,26  0,000  32,75 
Proporção de Indigeentes (%) 51,98  35,30 ‐32,10 %  30,06  0,000  16,32 
Índice de Gini  0
0,50  0,52 5,41 %  0,65  0,00
0  0,65 
  Fonte: IBGE (Censos 1991 e 2000) 

Para se ter umaa idéia da co
oncentraçãoo de renda no territóriio, basta dizzer que os 2
20% mais 
ricoss se apropriam de 54,338% da rendda, sendo qque os 20, 4
40, 60 e 80% mais pob bres se a‐
proppriam de, respectivameente, 2,85; 1
10,81; 24,09
9 e 45,63% da renda. 

Índicce de Desen
nvolvimento
o Humano (IDH) 
Houvve um cresccimento deesigual no ID DH dos municípios pessquisados, q que variou  de 0,514 
(1991)  para  0,6
618  (2000).  Os  fatoress  de  educaçção  crescerram  e  passaaram  de  0,553  para 
0,716
6; os fatorees de longevidade foraam de 0,543 3 para 0,6222 e os fatoores de rend da passa‐
ram de 0,447 paara 0,517.  

Fonte: Atlas d
do Desenvolvimeento Humano no B
Brasil, 2000 
 
 
38 
Tabelaa 10 – Desenvolvimento Humano (IDH)  
IDH  Território** (média doss municípioss)  Posiçãão Regional (2000) 
  1991  2000  % Evoluçãão  UF  NE  BR 
IDH M
Municipal  0,515  0,618  20,12  0,661  0  0,766 
IDHM
M‐Educação  0,553  0,716  29,48  0,737  0  0,849 
IDHM
M‐Longevidadde  0,544  0,622  14,33  0,636  0  0,727 
IDHM
M‐Renda  0,447  0,517  15,63  0,609  0  0,723 
Fonte: IBGE (Censos 19
991 e 2000) 
 
período de 1
No p 1991 a 20000, o quesito
o Educação ffoi o que m
mais cresceuu, com 29,5% %, contri‐
buinddo 49,6% p para a melh
horia da qualidade de  vida das peessoas. A Longevidade e foi a di‐
menssão que meenos evoluiiu, 14,3%. C Como principal indicad dor de deseenvolvimentto, pode‐
mos  citar  o  IDH
H  (PNUD/IBGE/Censo  2000) 
2 variando  de  0,6
688,  em  Boa  Vista  (6º  lugar  no 
ranking da Unid dade da Fed
deração), a 0,527, em SSão João do o Tigre, estaando este úúltimo em 
210ºº lugar, conssiderando o
os 223 muniicípios do Esstado. 

Educcação 
No C
Cariri paraib
bano, a taxaa de analfab
betismo é aalta, a comeeçar pela po
opulação de
e 15 a 17 
anoss, que possu
ui uma méd dia de 7,17%%, passandoo para 15% entre os moradores de 18 a 24 
anoss e chegando a 37% na população com 25 ano os ou mais.
Quannto  à  taxa  de  alfabetização,  a  média 
m dos  municípios 
m d território,  em  2000
do  0,  era  de 
68,299%, sendo C Cabaceiras  o município o de melho or índice (80
0,30%) e o  de pior, a ccidade de 
São JJoão do Tigrre, com 53,23%.  
 
Tabela a 11– Educaçção  
   19991  2
2000  Evvolução 
Alfab
betizados (155 anos ou maais de idade))(%)  55
5,38  6
68,29  23,31% 
2
Méddia de anos de estudo (25 5 anos ou maais de idade) (%)  2,,08  3
3,04  46,12% 
4
Respp. p/ domicíliios c/ mais de 1 ano de in
nstrução (%)    3
37,98   
Fontte: IBGE (Censos 1
1991 e 2000)
 

Os Jo
ovens de 18
8 a 24 anos 
Nesta  faixa  etáária,  consid de‐
rando  o  conjun nto  dos  muni‐
os  do  Cariri,  é  de  15%
cípio %  o 
perceentual  de  analfabetos
a s  e 
de 35% o de jovvens que têêm 
menos  de  4  anos 
a estuddo, 
situaação  que  atinge  naada 
menos do que 6 62% da pop pu‐
laçãoo  de  25  annos  ou  maais. 
Entree  os  jovenss  de  18  a  24 
anoss,  72%  têm m  menos  de 
oito  anos de estudo – isto é, 
não  concluíram m  o  ensino 
fundamental – ssituação que atinge a  cifra de 87%
% dos joven
ns de 25 anos ou mais.. Nos mu‐
nicíp
pios pesquissados, em 2000, apenas 0,93% doss jovens de 18 a 24 ano
os estavam freqüen‐
tando algum curso superior e apenas 0 0,97% têm acesso a algguma univeersidade.  
39 

UMA  ESTRATÉGIA  PARA  O  DESENVOLVIMENTO  SUSTENTÁVEL  DO  SEMI‐


ÁRIDO 

Na ocupação do Semi‐Árido brasileiro, sempre houve o “confronto” entre o conhecimen‐
to local da população e os planejamentos concebidos por diversas instituições, governa‐
mentais  ou  não,  que  passaram  ao  largo  da  sustentabilidade  ambiental,  denotado  pelos 
sucessivos ciclos econômicos. Assim, essa grande região, caracterizada por ser altamente 
susceptível ao processo social da desertificação, necessita de um projeto de desenvolvi‐
mento que leve em conta os recursos ambientais, o contingente populacional e os indica‐
dores sócio‐econômicos, resultando numa proposta verdadeiramente sustentável, reno‐
vadora e socialmente justa. 
É nessa perspectiva que devem ser centradas as ações de educação e de investimentos 
financeiros. Numa tarefa hercúlea, continuada e exaustiva, os habitantes da Região Semi‐
Árida  e  das  áreas  afetadas  pelo  processo  da  desertificação  devem  ser  “reeducados”  e 
resgatados na sua identidade, de modo que possam entender todo o processo de vivência 
dos ancestrais que trabalharam, militaram, criaram, educaram e constituíram patrimônio 
mesmo quando a desertificação já se acentuava em épocas remotas. 
Ora, a degradação do Semi‐Árido resulta principalmente da não equalização da “energia 
potencial” dos seus recursos ambientais com a “energia exportada” cotidianamente pelas 
inúmeras atividades econômicas desenvolvidas. Os estabelecimentos rurais têm se consti‐
tuído,  potencialmente,  em  núcleos  avançados  de  degradação  ambiental  em  razão  das 
inúmeras adversidades surgidas nos períodos anteriores e posteriores à sua criação e pelo 
fato das “políticas públicas” canalizadas para os mesmos, e mesmo os atuais gestores e 
instituições envolvidas, se preocuparem, quase exclusivamente, com critérios produtivis‐
tas, sendo esquecido o princípio da sustentabilidade. 
É  possível,  dentro  do  quadro  ambiental  existente,  mudar  a  forma  de  apropriação  e  uso 
dos  recursos  ambientais,  e  mesmo,  promover  a  recuperação  ou  reabilitação  de  alguns, 
desde que seja entendido o cosmopolitismo da região, as suas tipologias e a capacidade 
de resposta da população em face das inovações tecnológicas que possam mitigar, mini‐
mizar, ou mesmo, eliminar processos negativos de antropização. 
Neste  sentido,  há  que  se  evocar  uma  nova  “estratégia”  de  desenvolvimento  para  essa 
região, uma espécie “Programa” que regerá a criação do Centro de Desenvolvimento Sus‐
tentável do Semi‐Árido (CDSA/UFCG), que passamos a descrever em linhas gerais. 
Até bem recentemente, o Brasil adotava uma estratégia de desenvolvimento rural volta‐
da quase exclusivamente para o fomento da agropecuária empresarial, tendo como meta 
principal a maximização da produtividade nesse setor. Embora tenha apresentado resul‐
tados  importantes,  como  o  significativo  aumento  da  produção  agropecuária  nacional  e 
sua influência decisiva nos superávits da balança comercial nos últimos anos, essa estra‐
tégia resultou praticamente inócua no que se refere à solução dos problemas sociais que 
caracterizam o meio rural brasileiro, particularmente a concentração fundiária e a falta de 
emprego  e  renda  que  expulsam  o  trabalhador  do  campo  e  deixam  sem  perspectiva  de 
futuro os milhares de jovens camponeses de cuja “opção de ficar” na terra natal depende, 
realmente, a continuidade e o futuro da unidade produtiva familiar. Por isso, essa estra‐
tégia foi batizada de modernização conservadora. 
40 

Os dilemas sociais, econômicos e ecológicos da modernização conservadora há muito têm 
sido  denunciados  no  debate  sobre  o  desenvolvimento  rural  brasileiro,  discussão  que  se 
intensificou com a emergência dos movimentos sociais e das organizações da sociedade 
civil no Brasil após o fim do regime militar. Esse debate levou a pelo menos um consenso 
entre estudiosos, atores sociais e governo: a importância crucial da chamada agricultura 
familiar  para  o  desenvolvimento  rural,  especialmente  em  virtude  do  seu  extraordinário 
potencial na geração e manutenção de emprego e renda no campo, o que confere a ela 
um papel estratégico no contexto da região semi‐árida nordestina. Como aponta uma das 
mais respeitadas especialistas na questão, professora aposentada da UFCG, 
 
“A  importância  da  agricultura  familiar  no  Brasil  como  no  mundo 
não precisa ser aqui lembrada. O que interessa às políticas públi‐
cas é de saber como garantir a viabilidade dessa forma de agricul‐
tura que já demonstrou sua capacidade de produzir alimentos de 
qualidade para mercados diversificados, proporcionar um meio de 
vida  a  um  número  significativo  de  trabalhadores  que  sem  essa 
fonte de renda estariam  aumentando  o número  de desemprega‐
dos,  e  além  disso  assumir  funções  múltiplas  de  natureza  social, 
cultural  e  ambiental.  No  Nordeste,  70%  das  propriedades  são  de 
pequenos  produtores,  cuja  área  corresponde  a  minifúndios  de 
menos  de  10  hectares.  A  área  total  que  eles  detêm  é  de  apenas 
5,4% dos 91,9 milhões de ha. de terra disponíveis para a agricultu‐
 85 
ra na região”
 
Em face disso, a partir de 1993, o governo brasileiro optou pelo desenvolvimento de uma 
política dual: por um lado, o Ministério da Agricultura mantém como seu objetivo princi‐
pal  fomentar  a  competitividade  do  setor  comercial  da  atividade,  notadamente  das  em‐
presas e, por outro lado, o Ministério do Desenvolvimento Agrário torna‐se oficialmente 
encarregado pela promoção da reforma agrária e do desenvolvimento da agricultura fa‐
miliar.  
O  reconhecimento  da  agricultura  familiar  foi  um  passo  muito  importante  no  quadro  do 
desenvolvimento rural brasileiro, principalmente porque levou à criação de políticas pú‐
blicas específicas voltadas para ela, cujo alcance, aliás, teve um crescimento exponencial 
no atual Governo, como se pode verificar, por exemplo, na evolução dos valores do Plano 
Safra da Agricultura Familiar, que em 2007/2008, recebeu R$ 12 bilhões do Orçamento da 
União, o maior valor já destinado na história do programa. Desde 2002, o volume de re‐
cursos  cresceu  cerca  de  620%  (de  R$  2,3  bilhões  em  2002/2003  para  R$  12  bilhões  em 
2007/2008) e incluiu mais de um milhão de novas famílias ao sistema de crédito86.  
Entretanto,  verifica‐se  que  muitos  produtores  familiares  não  conseguem  acessar  esses 
recursos por falta de informações e conhecimentos, dificultando sua capacidade de inter‐
ferir no processo de definição e implementação de políticas públicas, ainda que o aspecto 
participativo na gestão de políticas públicas para o campo evoluiu muito no atual Gover‐
                                                       
85
DUQUÉ,  Ghislaine  (org.).  Agricultura  familiar,  meio  ambiente  e  desenvolvimento:  ensaios  e  pesquisas  em  Sociologia  Rural.  João 
Pessoa, Editora Universitária/UFPB, 2002. 
86
 Cf. http://www.creditofundiario.org.br/comunicacao/one‐entry?entry_id=83324  
41 

no,  haja  vista  a  implantação,  por  exemplo,  dos  Colegiados  Territoriais  em  todo  o  país. 
Além do mais, há grandes dificuldades em se desenvolver novas tecnologias e analisar e 
difundir  as  muitas  experiências  bem  sucedidas  de  desenvolvimento  promovidas  pelos 
movimentos sociais e organizações civis da região, pois as instituições públicas, como as 
universidades e os institutos de pesquisa, mantêm‐se distantes da população. Isso acaba 
por  dificultar  a  interação  que  deveria  ocorrer  entre  a  comunidade  técnico‐científica  e  a 
população rural, o que promoveria uma importante troca de práticas e conhecimentos na 
construção de estratégias realmente sustentáveis para o desenvolvimento local. 
Este processo deve ser desenvolvido por intermédio do desenvolvimento, difusão e crítica 
da informação sobre a produção técnico‐científica, as políticas públicas e as ações devo‐
tadas ao fomento da agricultura familiar no semi‐árido e por meio do debate sobre pro‐
cessos produtivos, de gestão e organização social apropriados às suas peculiaridades cul‐
turais,  sociais,  políticas,  econômicas  e  ambientais.  Três  princípios  básicos  fundamentam 
essa construção: 
 
• O fomento de um modelo de desenvolvimento baseado nos preceitos da susten‐
tabilidade (Brüseke, 1995; Romeiro, 1998), isto é, uma estratégia para a promoção 
da  melhoria  de  vida  das  populações  atuais  pautada  pela  reflexão  sobre  as  gera‐
ções futuras, em que estão concatenados desenvolvimento econômico, desenvol‐
vimento  humano  e  responsabilidade  ambiental  (Almeida  &  Navarro,  1996;  Pas‐
choal, 1995; Tonneau, 2004). 
• A consideração dos camponeses como portadores de uma identidade cultural e de 
uma ética próprias associadas a um modo de vida não capitalista (Chayanov, 1966; 
Wolf, 1970; Mendras, 1978; Woortman, 1990) que, embora pressionadas por um 
sistema econômico cuja hegemonia pontua para a maximização do lucro, a ampli‐
ação do consumo e a mercantilização da terra e do trabalho (Lênin, 1982; Kautsky, 
1980; Abramovay, 1992), “reitera suas particularidades” mesmo na modernidade 
(Wanderley, 1999 e 2000). Assim, é necessário oferecer a esses sujeitos sociais e‐
lementos para o resgate de sua identidade cultural como uma estratégia para de‐
senvolver  a  auto‐estima  e  autodeterminação  necessárias  para  que  eles,  preser‐
vando seu ethos, possam manter relações mais positivas com o sistema econômi‐
co hegemônico. 
• A implementação de um modelo produtivo adequado ao modo de vida desses a‐
gricultores, ao território que eles habitam e às necessidades impostas pelo siste‐
ma econômico inclusivo. É um modelo “pluriativo” que privilegia o trabalho e sua 
remuneração  e  que  se  adapta  aos  fatores  naturais,  biológicos  e  meteorológicos, 
isto é, um modelo que respeita os produtores, os consumidores e a natureza num 
projeto social renovado. É um modelo que propõe uma agricultura com baixo con‐
sumo  de  insumos  comerciais  e  alto  investimento  em  trabalho  e  em  tecnologias 
apropriadas, capaz de manter um nível de emprego rural elevado e assim evitar o 
crescimento  dos  desequilíbrios  territoriais  e  sociais  ligados  à  forte  urbanização. 
Dessa forma, ela pode ser competitiva economicamente e mais justa socialmente, 
pois concorre, por um lado, para a segurança alimentar das populações rurais a‐
través  do  autoconsumo,  e  também  das  populações  carentes  das  cidades  através 
da venda de excedentes.   
42 

ESTR
RUTURA A
ACADÊMIC
CO‐ADMINISTRATIV
VA DO CD
DSA 

De mmaneira a co oalescer estte “Programma” com as metas conssignadas no Plano de Expansão 
Instittucional da  UFCG e o o orçamento  previsto pe ela Emenda José Maranhão ao PP PA 2008‐
20111 aos limitess do MEC quanto à disponibilidade de vagas docentes, d de servidorees técni‐
co‐ad dministrativvos e de carrgos de direeção e funçõ
ões gratificaadas, este P
Projeto proppõe uma 
estru
utura  acadêêmico‐admiinistrativa  inovadora  baseada 
b o  dos  recursos  hu‐
naa  otimização
mano os disponíveis. 
Neste sentido, aa proposta  é instalar nno Campus de Sumé a sede do Centro de Desenvol‐
vimeento  Susten q atuará  como  “instância  execcutiva,  delib
ntável  do  Seemi‐Árido,  que  berativa, 
normmativa e de  gestão con ntábil e finaanceira no sseu âmbito
o”, conforme estabelecce o Art. 
27 doo Regimentto Geral da  UFCG, criaando pólos aacadêmicoss descentralizados nas cidades 
de Itabaiana e Ittaporanga. 
A priincipal justificativa parra a criação  dos pólos é é que os recursos prevvistos no PP PA 2008‐
20111 – aliados aaos terreno os e edificaçções que estão sendo d doados à UFCG pelas P Prefeitu‐
ras d
de Sumé, Itaabaiana e Ittaporanga –– serão maiis do que su uficientes p
para instalarr e equi‐
par  a 
a sede  do  campus 
c e  as 
a duas  uniidades  acad dêmicas  deescentralizaddas,  o  que  vem  ao 
encoontro do principal objetivo do PLA ANEXP: “Exp pandir o esccopo das ações de ensiino, pes‐
quisaa  e  extensãão  da  Univeersidade  Feederal  de  Campina 
C Grande  de  m
maneira  a  ammpliar  e 
democratizar o  acesso da p população aaos produto os e processos da univversidade, ccontribu‐
indo  assim  paraa  a  consecuução  das  metas  consiggnadas  na  Lei 
L 10.172,  de  9  de  jan
neiro  de 
20011, do Plano N Nacional dee Educação””. 
É importante reessaltar, nesste sentido,, que Sumé é, Itaporangga e Itabaiana são cidaades que 
polarrizam  três  microrregiõ m  total  de  84  municíp
ões  composstas  por  um pios,  onde  residem 
cercaa de 760.0000 habitantees, segundoo o Censo de e 2000 do IBGE. Essa ppopulação m mantém‐
se peermanentem mente mob bilizada na luta pelos ca
ampi e o an núncio da aprovação da Emen‐
da Jo
osé Maranh hão veio a rreacender aa esperançaa por inclussão universitária nas três regi‐
ões,  as mais carrentes em IInstituiçõess de Ensino  Superior no Estado daa Paraíba, aapresen‐
tando, respectivvamente, so ofríveis taxas de 0,93%%, 1,24% e  0,69% doss jovens de  18 a 24 
anoss no ensino superior. 

 
43 

Uma Rede para o Desenvolvimento Sustentável do Semi‐Árido 

A construção de novos itinerários formativos para os cursos do CDSA será a tônica do pro‐
jeto  pedagógico  do  “diamante  do  desenvolvimento  sustentável  do  semi‐árido”.    Neste 
sentido,  será  constituída  uma  rede  de  intercâmbio  entre  os  Centros  de  Referência  da 
UFCG na temática, agregando CTRN, CH e CEEI (Campus de Campina Grande), CSTR (Cam‐
pus de Patos) e o próprio CDSA (Campus de Sumé e Pólos de Itaporanga e Itabaiana), de 
maneira a promover a circulação de informações, professores e estudantes entre os cam‐
pi.  A rede será configurada sobre três estruturas básicas: 
 
• Uma infovia que será implantada no biênio 2008‐2009 pela Fundação Parque Tec‐
nológico da Paraíba em parceria com o Ministério de Ciência e Tecnologia e o Go‐
verno do Estado, a qual irá interligar, através de backbone ótico, todos os campi 
das três universidades públicas – UFPB, UFCG e UEPB – propiciando a comunica‐
ção de voz, vídeo e dados; 
• A TV UFCG, que está sendo construída com o suporte da REDEIFES; e 
• Um sistema de salas de teleconferência a serem implantadas em todas as Unida‐
des Acadêmicas da UFCG. 
 
Essa rede propiciará, sobretudo, a aplicação das tecnologias da informação em favor de 
sistemas educacionais mais flexíveis e massivos, como a Educação a Distância, cursos se‐
mipresenciais, em alternância etc., os quais propiciarão a otimização dos recursos huma‐
nos, a racionalização do uso da capacidade instalada e a democratização dos produtos e 
processos da Universidade. De fato, por intermédio de programas interativos, os profes‐
sores poderão gerar conteúdos a partir de sua Unidade Acadêmica pela infovia ou mesmo 
via satélite através da TV UFCG, o que possibilitará, por exemplo, que todas as disciplinas 
possam ter 20% do seu conteúdo ministrado a distância, como garante a Lei. 
Além do intercâmbio “virtual”, a circulação de professores  e estudantes entre os campi 
será  fomentada.  O  currículo  dos  cursos  será  estruturado  de  maneira  que  os  estudantes 
possam cursar disciplinas em outras Unidades Acadêmicas e os professores serão estimu‐
lados, através do Programa Charles Beylier de Bolsas de Ensino e Extensão, a oferecerem 
cursos nos diversos campi e pólos, que contarão com estruturas de hospedagem e uma 
frota de veículos para este fim. 
Essa estratégia otimizará em mais de 20% a relação alunos/professores (RAP) recomen‐
dada pelo REUNI, pois a taxa anual evoluirá de 18,3 alunos por professor a 24,3/1 em 5 
anos (Ver Quadro à página 58). Por outro lado, a rede permitirá uma economia significati‐
va em ligações telefônicas e a própria racionalização de procedimentos administrativos e 
decisões colegiadas através de encaminhamentos via teleconferência, em tempo real. 
 

Unidade Acadêmica de Educação do Campo – UAEDUC 

Segundo  dados  do  IBGE,  em  2006  existiam  cerca  de  31  milhões  de  pessoas  vivendo  no 
campo no Brasil. No que se refere à escolaridade, enquanto na zona urbana a população 
44 

de  15  anos  ou  mais  apresenta  uma  escolaridade  média  de  7,3  anos,  na  zona  rural  esta 
média corresponde a 4 anos. Sabe‐se que, apesar do aumento do número de estabeleci‐
mentos que oferecem o nível médio nas comunidades rurais verificado pelos censos esco‐
lares realizados pelo INEP/MEC nos últimos anos (de 679 em 2000 para 1.533 em 2006), 
sua oferta se encontra ainda longe da universalização, assim como a oferta dos anos fi‐
nais do ensino fundamental. Esta situação requer, além de política de expansão da rede 
de escolas públicas que ofertem essas etapas da educação básica no campo, a correspon‐
dente oferta de trabalho docente com formação adequada.87
Sabe‐se que a grande maioria dos professores da área rural enfrentam sobrecarga de tra‐
balho, alta rotatividade, dificuldades de acesso, salários inferiores e baixa qualificação em 
relação aos professores da zona urbana. No que se refere ao grau de formação dos pro‐
fessores da educação básica na zona urbana e na zona rural, os dados do censo escolar 
2006 apontam que, na zona urbana, 10,4% das funções que atuam nos anos finais do en‐
sino  fundamental  possuem  formação  apenas  em  nível  médio,  enquanto  na  zona  rural 
este percentual corresponde a 42,5%. No ensino médio, o número de funções docentes 
com formação no mesmo nível em que atuam corresponde, na zona urbana, a 4,3% e, na 
zona rural, a 12,8%. Em termos absolutos, são 48.945 funções docentes que atuam nos 
anos finais do ensino fundamental e no ensino médio nas escolas do campo sem forma‐
ção superior.88 
Além do mais, considerando‐se a evolução das funções docentes com formação superior, 
mas  sem  Licenciatura,  nos  estabelecimentos  de  ensino  básico  rurais,  percebe‐se  que  o 
seu  número  vem  aumentando  no  decorrer  dos  anos,  o  que  aponta  para  a  necessidade 
premente da formação de professores licenciados com formação específica para atender 
aos povos do campo: 
Funções Docentes com formação superior completa e sem Licenciatura ‐ Localização Rural 

   1999  2000  2001  2002  2003  2004  2005 


Brasil  47.118  50.611 58.282 69.419 88.525 106.896  132.201
Nordeste  9.717  11.095 16.366 22.613 33.107 42.162  53.177
Paraíba  842  880 1.234 1.899 2.809 3.171  4.734
Fonte: INEP  

Segundo  André  Lázaro,  secretário  da  Educação  Continuada,  Alfabetização  e  Diversidade 


do MEC, que recentemente lançou um edital no âmbito do Programa de Apoio à Forma‐
ção  Superior  em  Licenciatura  em  Educação  do  Campo  (PROCAMPO),  “as  universidades 
públicas  devem  ajudar  a  formar  professores  que  estejam  prontos  para  a  realidade  do 
campo”89. 
É para enfrentar este desafio que a UFCG – que tem uma comissão formada sob a coor‐
denação  da  Secretaria  de  Projetos  Estratégicos  para  atender  ao  Edital  PROCAMPO  –  se 
propõe  a  criar  a  Unidade  Acadêmica  de  Educação  do  Campo  no  Centro  de  Desenvolvi‐
mento Sustentável do Semi‐Árido, com a seguinte configuração: 
 

                                                       
87
 http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/educacaodocampo/procampo.pdf (acessado em 28/03/2008). 
88
 http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/educacaodocampo/procampo.pdf (acessado em 28/03/2008). 
89
 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=10402 (acessado em 22/05/2008). 
45 

 
 
 

• Curso de
e Licenciatu
ura em Educcação do Caampo 
O Curso  de Licenciaatura em Ed ducação do  Campo terrá 2.800 horas, com a  duração 
de  9  sem
mestres,  e  será 
s voltado  especificamente  para  a  formação  de  edu
ucadores 
para a do ocência noss anos finaiss do ensinoo fundamental e ensinoo médio nass escolas 
rurais, teendo regime de “formaação em serviço” e serrá oferecido o no período notur‐
no, com duração dee oito semestres letivoss. 
Serão ab bertas 60 vaagas anuais,, mas o curso poderá sser oferecid do em regimme espe‐
cial com  ingresso diferenciado o, como oco orre, por exxemplo, na  Universidad de Fede‐
ral de Minas Gerais, ou atravéss de convên nios de formmação com Secretariass munici‐
pais  e  estaduais  dee  Educação,  como  oco
orre  com  a  própria  UFFCG  com  o 
o PEC‐RP 
(Program ma Estudantte Convênio o‐Rede Púb blica), o quee pode poteencializar a  deman‐
da, aumeentando o ccontingentee de alunos//ano. 

• Curso de
e Licenciatu
ura em Ciên
ncias Sociaiss – ênfase e
em Sociologgia Rural 
Com a promulgação o da Lei quee tornou ob brigatório o
o ensino de  Sociologia  no Ensi‐
no Médio, o mercado para pro ofissionais nnesta área aampliou‐se  significativamente. 
Considerrando a neccessidade d de formar p professores  de Sociologia habilitados a a‐
profundaar as questõ ões sociais eespecíficas do espaço rural brasileeiro, especialmente 
para atuarem nas eescolas do ccampo, a UFCG propõee a criação  deste curso o, valen‐
o  acúmulo  pedagógico
do‐se  do o  e  da  excelência  acad
dêmica  que  possui  nessta  área, 
uma  vezz  que  a  insttituição  mantém  o  Curso  de  Ciênncias  Sociaiss  desde  196
62  e,  há 
exatos 30 anos, funciona o Currso de Mesttrado em So ociologia Ruural, atualmmente in‐
corporaddo  ao  Proggrama  de  Pós‐Graduaç
P ção  em  Ciêências  Sociaais,  com  cu
ursos  de 
Mestrado e Doutoraado90. 
O curso  de Licenciaatura em Ciiências Sociiais terá 2.8
800 horas ee será ofere
ecido no 
período noturno, co om duração
o de 9 semestres letivos e 30 vagas anuais. 

• uperior de TTecnologia em Gestão Pública 
Curso Su
nas esferas  federal, 
O Tecnólogo em Geestão Públicca atua em  instituiçõess públicas, n
                                                       
90
  Cf. C
CANIELLO, M. “O
Os 25 anos da pós‐graduação em  Sociologia no Ce
entro de Humanid
dades”, Revista R
Raízes, Vol. 22, n
nº 1, jan‐jun, 
200 nde, UFCG/PPGS. http://www.uffcg.edu.br/~raizes/artigos/Arttigo_120.pdf 
03. Campina Gran
46 

estadual ou municipal. Suas atividades centram‐se no planejamento, implantação 
e  gerenciamento  de  programas  e  projetos  de  políticas  públicas.  Com  sólidos  co‐
nhecimentos sobre as regulamentações legais específicas do segmento, esse pro‐
fissional busca a otimização da capacidade de governo. O trato com pessoas, a vi‐
são ampla e sistêmica da gestão pública, a capacidade de comunicação, trabalho 
em equipe e liderança são características indispensáveis a esse tecnólogo91. 
O Curso Superior de Tecnologia em Gestão Pública terá 1.600 horas, com duração 
de 6 semestres letivos e, inicialmente, será aberta uma turma anual com 50 vagas 
no período noturno. O curso poderá ser oferecido em regime especial com ingres‐
so  diferenciado  através  de  convênios  de  formação  com  órgãos  governamentais, 
prefeituras,  por  exemplo,  o  que  pode  potencializar  a  demanda,  aumentando  o 
contingente de alunos/ano. 

• Curso Superior de Tecnologia em Gestão do Desenvolvimento Rural  
Com a duração de dois anos, o Curso tem como objetivo formar profissionais para 
atuarem na elaboração, desenvolvimento e gestão de projetos produtivos susten‐
táveis no âmbito dos arranjos produtivos locais, dando condições aos agricultores 
familiares, assentados da reforma agrária e trabalhadores rurais em geral a aces‐
sarem e gerirem autonomamente as oportunidades disponibilizadas pelas políticas 
públicas  de  desenvolvimento  rural  e  territorial,  assim  como  aquelas  oriundas  de 
instituições, organizações e agências de fomento92. 
O Curso Superior de Tecnologia em Gestão do Desenvolvimento Rural terá 1.600 
horas, com duração de 5 semestres letivos e, inicialmente, terá uma turma anual 
no período diurno com 50 vagas. O curso poderá ser oferecido em regime especial 
com  ingresso  diferenciado  através  de  convênios  de  formação  com  movimentos 
sociais  do  campo,  organizações  de  trabalhadores  rurais,  sindicatos,  federações  e 
confederações sindicais rurais etc., o que pode potencializar a demanda, aumen‐
tando o contingente de alunos/ano. 

• Programa de Pós‐Graduação em Desenvolvimento Rural Sustentável – PPGDRS 
A  UFCG  mantém  um  Convênio  com  a  Secretaria  de  Desenvolvimento  Territorial 
(SDT) do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) que tem por objetivo for‐
mar  agentes  para  atuarem  nas  dinâmicas  organizacionais  dos  Territórios  Rurais 
por intermédio do aprofundamento dos aspectos teóricos e práticos do desenvol‐
vimento rural sustentável e das metodologias participativas para a gestão dos ter‐
ritórios  com  vistas  à  promoção  do  desenvolvimento  humano  das  populações  do 
campo93. 
Este  convênio  propiciou  a  realização  do  Curso  de  Especialização  em  Desenvolvi‐
                                                       
91
  Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia. Brasília, Ministério da Educação, 2006. 
92
 O Ante‐Projeto Pedagógico do Curso foi construído por educadores e educandos do Projeto UniCampo, uma parceria entre a UFCG, 
MDA/SDT/Projeto Dom Hélder Câmara, CIRAD, Prefeitura Municipal de Sumé, Escola Agrotécnica de Sumé e Associação dos Alunos 
da Universidade Camponesa durante e após o processo pedagógico empreendido no Cariri paraibano entre 2003 e 2005, propondo 
uma formação multidisciplinar e holística em 4 eixos: ciências ambientais, ciências agrárias, ciências humanas e ciências instrumen‐
tais (teóricas, metodológicas e práticas). http://www.ufcg.edu.br/~unicampo/ 
93
  Projeto  Acadêmico  do  Curso  de  Especialização  em  Desenvolvimento  Rural  Sustentável  –  CEDRUS.  Campina  Grande,  UFCG/Pró‐
Reitoria de Pós‐Graduação, 2005. 
47 

mento Rural Sustentável – CEDRUS entre os anos de 2005 e 2007 reunindo 35 es‐
tudantes oriundos de 30 territórios rurais homologados pela SDT nos 9 estados do 
Nordeste94.  Em  virtude  do  sucesso  do  curso  no  aspecto  acadêmico  e,  principal‐
mente, pelas suas repercussões práticas positivas nas dinâmicas dos territórios em 
que os alunos atuam, o Convênio está em vias de ser renovado. Nas conversações 
mantidas recentemente com a Gerência de Desenvolvimento Humano da SDT com 
vistas  ao  oferecimento  do  segundo  Curso  de  Especialização  CEDRUS  no  biênio 
2008/2009, chegou‐se a um consenso quanto ao seu desenvolvimento no CDSA. 
Desta  maneira, contando  com  o  financiamento  do  MDA/SDT,  teremos  condições 
de,  ao  oferecer  o  curso  no  Campus  de  Sumé,  lançar  as  bases  para  a  criação  do 
Programa  de  Pós‐Graduação  em  Desenvolvimento  Rural  Sustentável  –  PPGDRS, 
que terá uma estrutura multidisciplinar, agregando as duas Unidades Acadêmicas 
do  CDSA.  Futuramente,  serão  criados  cursos  de  Mestrado  e  Doutorado  tanto  na 
área de educação, quanto na área de ciência e tecnologia. 
 

Unidade Acadêmica de Tecnologia do Desenvolvimento – UATEC 

Caracterizado  em  grande  parte  por  áreas  tidas  como  de  alto  risco  ou  vulnerável  e  alta 
ocorrência do processo social da desertificação, o semi‐árido brasileiro além de sofrer a 
ação dos fenômenos naturais, passa por níveis intensos de antropização no que se refere 
aos  processos  de  agriculturização  e  pecuarização.  Dentre  estes,  o  desflorestamento  in‐
tensivo para ampliação de áreas agrícolas e de pastagem; o uso intensivo do solo; o des‐
respeito  à  capacidade  de  suporte  animal  nas  pastagens  nativas  e  artificiais;  a  presença 
acentuada de processos erosivos e assoreamento de cursos d’água e mananciais e o sur‐
gimento de áreas afetadas por sais ou salinizadas. Devido às constantes estiagens, tem se 
verificado a redução expressiva de disponibilidade das águas superficiais e subterrâneas 
oriundas do Cristalino. 
O uso inadequado do solo e os modelos de desenvolvimento regionais que visam à ob‐
tenção de resultados imediatos são as causas principais do aumento das áreas desertifi‐
cadas  na  região.  Este  fenômeno  estaria,  então,  contribuindo  diretamente  para  o  cresci‐
mento da miséria e da migração de milhares de pessoas para os centros urbanos, surgin‐
do daí a necessidade de encontrar alternativas para o desenvolvimento do semi‐árido e a 
preservação dos seus recursos naturais e de estudos que venham a contribuir para a re‐
cuperação do solo, da biodiversidade e da capacidade produtiva da região. 
Segundo  Pereira,  “é  preciso  entender  que  uma  das  grandes  vocações  da  Região  Semi‐
Árida é a agro‐florestal (silvo‐agrícola, agrossilvopastoril e silvopastoril) com já foi eviden‐
ciada  pela  criação  extensiva,  mas  não  tecnificada,  dos  rebanhos  dentro  da  caatinga,  e 
pelos diversos ciclos extrativistas já experienciados”95. Por outro lado, alguns pesquisado‐
res têm enfatizado que a produtividade agropecuária da região apresenta uma tendência 
de queda, sobretudo quando comparada com as áreas mais dinâmicas do Brasil e que a 
população na faixa etária intermediária tende a abandonar o Semi‐Árido permanecendo 

                                                       
94
 Para detalhes, http://www.ufcg.edu.br/~cedrus/ 
95
 PEREIRA, Op. Cit., 2008. 
48 

no lo
ocal apenass os mais noovos e idossos, boa parte deles apposentadoss. Um reflexxo desse 
quaddro de redução da ativvidade econnômica é a iimportânciaa crescentee que as transferên‐
cias ggovernamentais (aposentadoria,  bolsas, FPM
M etc.) passsam a ter naa circulação
o da ren‐
da naa região sem
mi‐árida. 
Seguundo  dois  im
mportantess  pesquisadores  do  asssunto,  não  há  resposttas  adequad
das  para 
os quuestionameentos e disccussões aceerca das pottencialidadees dos ecosssistemas do Bioma 
Caatinga, entrettanto, é unanimidade  que, mais  do que nun nca, é preciiso desenvo olver um 
trabaalho sistemático de inccentivo e dde valorizaçãão deste Biioma, e o p primeiro passso para 
se iniciar essa açção é comeeçar a valorizar o seu po onômico96. 
otencial eco
A criação da Un nidade Acad dêmica de TTecnologia  do Desenvo olvimento vvisa atingir  esse ob‐
jetivo
o: consideraando as pottencialidadees e vulnerabilidades d do semi‐árido e o extraordiná‐
rio desenvolvim mento cientíífico e tecno ológico nass áreas de bbioprodução o, gestão d
de recur‐
sos  hídricos 
h e  informáticaa,  formar  prrofissionais  capacitado
os  a  desenvvolverem  e  difundi‐
rem  tecnologias  apropriad das  para  o  seu  manejo,  de  maneeira  à  prommover  a  exp
ploração 
econnômica  susttentável  doo  Bioma  Caaatinga,  reduzindo  a  poobreza  e  a  exclusão  social 
s na 
regiãão semi‐áridda mais pop pulosa do M Mundo. 
A UA onfiguração: 
ATEC terá a seguinte co

 
 

                                                       
96
 Cf. TEEUCHER, H.; LOPEES, A S. de (orgs.)). Quanto Vale a Caatinga? Fortaleza, Fundação K
Konrad Adenauer,, 2002, 258 p. il. 

 
49 

Pólo de Ciência e Tecnologia em Bioprodução – POLOBIO 
O  POLOBIO  (UATEC/Campus  de  Sumé)  pretende  formar  um  profissional  com  forte  base 
em  matemática,  física,  biologia  e  química  e  nos  fundamentos  das  engenharias.  Sua  for‐
mação profissional abordará temas aplicados à produção animal e vegetal, relacionados 
às tecnologias de automação, da informação e de apoio à produção, tendo como referên‐
cia o paradigma agroecológico. 

• Curso de Bacharelado em Engenharia de Biossistemas 
A Engenharia de Biossistemas é uma nova área do conhecimento que surgiu em 
virtude  da  evolução  tecnológica  dos  processos  de  produção  agrossilvopastoril, 
pois, na atualidade, a especialização nos sistemas produtivos agrícola, pecuário e 
florestal  está  determinada  não  somente  pelo  potencial  natural  de  uma  determi‐
nada região, mas, sobretudo, pela agregação de tecnologia na produção. 
O mercado de trabalho para o engenheiro de biossistemas tem grande potencial 
no Brasil, especialmente no semi‐árido, pois a maior parte da tecnologia nos pro‐
cessos para agricultura, zootecnia e manejo florestal ainda é importada, apesar da 
posição do país como grande produtor e exportador de alimentos e produtos flo‐
restais. 
O engenheiro de biossistemas terá como competência projetar sistemas que fa‐
voreçam  a  produção  sustentável,  mediante  o  uso  de  tecnologias  inovadoras  na 
cadeia produtiva agrossilvopastoril do semi‐árido brasileiro. Trata‐se de um profis‐
sional com conhecimentos nas áreas de produção agrícola e animal, com habilida‐
des para desenvolver, instalar e gerenciar equipamentos e sistemas de apoio à a‐
gropecuária para produção de alimentos, forragem, materiais e energia.  
O curso de Engenharia de Biossistemas terá 3.600 horas e será oferecido em perí‐
odo  integral,  com  duração  de  nove  semestres  letivos  e  um  semestre  de  estágio 
supervisionado curricular. 

• Curso de Bacharelado em Engenharia de Biotecnologia e Bioprocessos 
A Biotecnologia manipula seres vivos para a produção racionalizada de biomolé‐
culas e substâncias visando à geração de produtos comercializáveis a partir da rica 
biodiversidade  brasileira.  A  Biotecnologia  moderna  busca  manipular  a  vida  pelos 
genes, desenvolver novas características em animais, plantas ou microorganismos, 
por meio de processos que a natureza levaria milhares de anos para realizar. Num 
sentido mais amplo, a Biotecnologia vem sendo aplicada pela humanidade desde 
cerca de 2000 anos antes de Cristo, quando se usava fermentações de leveduras 
para a fabricação de vinho, cerveja, queijo e pão. 
O campo da Engenharia de Biotecnologia e Bioprocessos envolve a criação de no‐
vos  medicamentos,  a  produção  de  órgãos  semi‐sintéticos  para  transplantes,  a 
produção de super microorganismos capazes de degradar resíduos tóxicos que po‐
luem o meio ambiente, o desenvolvimento de novos alimentos, a produção de in‐
sumos biológicos para os biossistemas produtivos, bioinseticidas naturais para a‐
gricultura, entre outros. 
O curso irá formar profissionais para conceber, projetar, construir e operar equi‐
50 

pamentos e plantas destinadas a reproduzir em escala industrial e econômica os 
processos  de  transformação  orgânica,  envolvendo  células  vivas  de  natureza  mi‐
crobiana, vegetal ou animal. O biotecnologista também atua na concepção de pro‐
jetos de equipamentos e materiais necessários a práticas médicas ou ligadas à in‐
dústria farmacêutica, de cosméticos, agroalimentar, meio ambiente, química fina 
e agrícola. 
A Biotecnologia é uma área profissional em franca expansão nos países desenvol‐
vidos e tem sido considerada como a ciência do milênio. A cada ano surgem novas 
indústrias  de  biotecnologia.  Cabe  ao  profissional  desenvolver  os  processos  que 
permitem  agregar  valores  aos  recursos  naturais  existentes, com  vistas  à  geração 
de produtos e serviços às indústrias de alimentos, de fermentações, de cosméti‐
cos,  de  química  fina,  farmacêutica,  agricultura,  agropecuária,  florestal,  produtos 
marinhos, entre outros. 
O curso de Engenharia de Biotecnologia e Bioprocessos terá 3.600 horas e será o‐
ferecido em período integral, com duração de nove semestres letivos e um semes‐
tre de estágio supervisionado curricular. 

• Curso de Bacharelado em Engenharia de Produção Agroindustrial 
Segundo  o  International  Institute  of  Industrial  Engineering  –  IIIE  e  a  Associação 
Brasileira de Engenharia de Produção – ABEPRO, “compete à Engenharia de Pro‐
dução o projeto, a implantação, a operação, a melhoria e a manutenção de siste‐
mas  produtivos  integrados  de  bens  e  serviços,  envolvendo  homens,  materiais, 
tecnologia,  informação  e  energia.  Compete  ainda  especificar,  prever  e  avaliar  os 
resultados obtidos destes sistemas para a sociedade e o meio ambiente, recorren‐
do a conhecimentos especializados da matemática, física, ciências humanas e so‐
ciais, conjuntamente com os princípios e métodos de análises e projeto da enge‐
nharia”97. 
O Engenheiro de Produção, com sua visão sistêmica, é o profissional adequado pa‐
ra  fazer  o  elo  de  ligação  entre  as  diversas  etapas  constituintes  da  cadeia  agroin‐
dustrial. Usando o ferramental da área, o Engenheiro de Produção Agroindustrial 
pode fazer algo como: 
ƒ Diminuição  das  altas  taxas  de  desperdício  nas  cadeias  agroindustriais  com  o 
uso, por exemplo, das técnicas de Controle de Qualidade ao longo das diferen‐
tes etapas de cada uma delas;  
ƒ Solucionar problemas logísticos, envolvendo armazenagem, distribuição e ba‐
lanceamento de insumos usando técnicas da Pesquisa Operacional. Além dis‐
so,  problemas  de  dimensionamento  de  estoques  podem  ser  tratados  através 
de técnicas de Planejamento e Controle da Produção e de aplicações de Enge‐
nharia Econômica; 
ƒ Solucionar problemas de colocação de produtos no mercado com uso de téc‐
nicas estratégias de marketing e de projeto de produto;  

                                                       
97
 http://www.pgie.ufrgs.br/portalead/producao/wwwproducao/engenharia.htm (acessado em 22/05/2008). 
51 

ƒ Outros  exemplos  envolvem  aplicações  em  áreas  diversas  como  recursos  hu‐
manos;  análise  de  processos  e  de  relações  de  trabalho;  automação  e  manu‐
tenção  industrial;  organização  e  métodos;  projetos  de  empresas;  instalações 
industriais etc. 
De  acordo  com  a  Associação  Brasileira  de  Engenharia  de  Produção  –  ABEPRO, 
“Considerando‐se a situação atual de retração do mercado de engenharia no Bra‐
sil, o mercado de engenharia de produção é sem sombra de dúvida o que desfruta 
da melhor situação. Todos os engenheiros de produção vêm conseguindo boas co‐
locações no mercado principalmente em função do seu perfil que coincide com o 
que se está demandando nos dias de hoje: um profissional com uma sólida forma‐
ção científica e com visão geral suficiente para encarar os problemas de maneira 
global. O mercado de trabalho para o engenheiro de produção tem‐se mostrado 
extremamente diversificado. Além do mercado tradicional (empresas e empreen‐
dimentos industriais), altamente instável e dependente da estabilidade econômi‐
ca, uma série de setores/áreas passaram a procurar os profissionais formados pe‐
las melhores universidades em engenharia de produção. O ponto em comum en‐
tre  todas  as  áreas  da  Engenharia  de  Produção  é  o  dinamismo  e  sua  alta  taxa  de 
crescimento. São setores que têm crescido mesmo quando a economia como um 
todo tem se estagnado e todas as previsões são unânimes em considerá‐los como 
extremamente promissores no futuro (próximos 5 anos).”98 
Segundo a sabedoria do homem do campo do Nordeste seco, o leite é o principal 
produto  econômico  do  empreendimento  familiar  agrícola,  pois,  ao  contrário  de 
todos os outros produtos, “dá o ano inteiro”. A carência de profissionais especiali‐
zados nesta cadeia produtiva a torna pouco rentável e significativamente instável, 
mas o desenvolvimento da Engenharia de Produção Agroindustrial deverá produ‐
zir  grande  agregação  de  valor  aos  produtos,  gerando  renda  para  o  homem  do 
campo.99  
Neste  sentido,  a  ênfase  do  Curso  será  voltada,  fundamentalmente,  para  o  equa‐
cionamento de duas áreas estratégicas da produção agroindustrial do semi‐árido, 
a produção de forragem e a indústria de laticínios, e será estruturado por uma in‐
tensa articulação entre teoria e prática propiciada pela instalação no Campus de 
Sumé  de  duas  unidades  produtivas  modelo,  a  Fábrica  de  Ração  e  o  Laticínio‐
Escola. 
O curso de Engenharia de Produção Agroindustrial terá 3.600 horas e será ofereci‐
do em período integral, com duração de nove semestres letivos e um semestre de 
estágio supervisionado curricular. 

Pólo de Desenvolvimento Tecnológico em Recursos Hídricos – POLOÁGUA 
Com a efetivação do projeto de transposição do Rio São Francisco, a gestão de recursos 
hídricos torna‐se, mais do que nunca, estratégica para o desenvolvimento sustentável do  
Nordeste,  pois  ainda  que  a  água  seja  destinada  primordialmente  ao  abastecimento  de 
                                                       
98
 http://www.abepro.org.br/interna.asp?p=399&m=440&s=1&c=417 (acessado em 22/05/2008). 
99
  A UFCG mantém uma longa tradição de cooperação com instituições francesas de ensino e pesquisa em ciências agrárias e, atual‐
mente, mantém um convênio com o CIRAD (http://www.cirad.fr/fr/index.php), no âmbito do qual deverão ser desenvolvidas ações 
de intercâmbio científico e tecnológico com alunos e professores do curso. 
52 

pequenas,  médias  e  grandes  cidades  da  região  semi‐árida  dos  estados  de  Pernambuco, 
Ceará,  Paraíba  e  Rio  Grande  do  Norte,  “nos  anos  em  que  o  reservatório  de  Sobradinho 
estiver vertendo, o volume captado poderá ser ampliado, contribuindo para o aumento 
da garantia da oferta de água para múltiplos usos”100. Assim, além de garantir a seguran‐
ça hídrica das populações urbanas, o projeto poderá vir a potencializar algumas vocações 
produtivas  do  Estado,  como  a  agricultura  irrigada  e  a  criação  de  peixes  nos  açudes  que 
receberão as águas do rio. 
Como se sabe, Paraíba será beneficiada pelos dois eixos da transposição e, desta maneira, 
a capacitação em gestão e desenvolvimento de recursos hídricos desempenhará um pa‐
pel importante para o desenvolvimento do Estado como um todo. Neste sentido, a UFCG 
propõe a criação, no âmbito do CDSA, do Pólo de Desenvolvimento Tecnológico em Re‐
cursos  Hídricos  (POLOÁGUA),  que  deverá  desenvolver  atividades  de  ensino,  pesquisa  e 
extensão em duas áreas, a Engenharia de Recursos Hídricos e a Engenharia de Aqüicultu‐
ra. 
De maneira a otimizar a aplicação dos recursos públicos bem como aproveitar a expertise 
já existente no Estado, propomos a instalação do POLOÁGUA no município de Itaporanga, 
no Vale do Piancó, onde se localiza a maior bacia hídrica da Paraíba, com 27 açudes públi‐
cos, além dos reservatórios privados, que somam 1,83 bilhões de metros cúbicos de ca‐
pacidade, destacando‐se entre esses o sistema Coremas/Mãe D’água, o maior da Paraíba. 
No POLOÁGUA funcionarão os seguintes cursos: 

• Curso de Engenharia Civil – Habilitação em Recursos Hídricos 
O Engenheiro de Recursos Hídricos será, em síntese, o profissional que vai se valer 
das  ferramentas  conceituais  metodológicas  e  técnicas  desta  tecnologia  para  de‐
senvolver projetos de irrigação e drenagem, a serviço de organizações tanto públi‐
cas como privadas. Seu foco primordial será a sustentabilidade do empreendimen‐
to agropecuário no semi‐árido. Com ajuda do espírito empreendedor que lhe será 
inculcado durante o Curso e possuidor de valores éticos, nacionais e regionais, e 
consciência  de  sua  função  na  sociedade,  desempenhará  um  papel  muito  impor‐
tante no desenvolvimento do Brasil. Nele será cultivada a consciência de sua res‐
ponsabilidade para com o meio ambiente, na busca do desenvolvimento sustentá‐
vel, isto é, não apenas econômico, mas também social e ambiental. 
O curso de Engenharia de Recursos Hídricos terá 3.600 horas e será oferecido em 
período integral, com duração de nove semestres letivos e um semestre de está‐
gio supervisionado curricular. 

• Curso Superior de Tecnologia em Irrigação e Drenagem 
O Tecnólogo em Irrigação e Drenagem planeja, executa e supervisiona projetos de 
irrigação e drenagem. Para isso é necessário avaliar solos, executar o levantamen‐
to  topográfico,  selecionar  equipamentos  e  analisar  os  impactos  ambientais.  Esse 
profissional é responsável, ainda, por orientar o manejo adequado de sistemas de 
irrigação e drenagem, objetivando a sustentabilidade ambiental e a otimização do 

                                                       
100
 http://www.integracao.gov.br/saofrancisco/integracao/index.asp  
53 

uso  dos  recursos  hídricos.  A  aplicação  de  produtos  químicos,  a  gerência  de  perí‐
metros irrigados e a orientação de quando, quanto e como irrigar ou drenar o solo 
constituem a base para a atuação desse profissional. 101 
O Curso Superior de Tecnologia em Irrigação e Drenagem terá a duração de 2.400 
horas,  com  7  semestres  letivos  e,  inicialmente,  será  aberta  uma  turma  anual  no 
período diurno. O curso poderá ser oferecido em regime especial com ingresso di‐
ferenciado através de convênios de formação. 

• Curso Superior de Tecnologia em Agrimensura 
O  Tecnólogo  em  Agrimensura  atua  na  execução  de  levantamentos  topográficos 
em áreas rurais e urbanas, gerando como produto final mapas topográficos ‐ digi‐
tais e analógicos ‐ que subsidiarão estudos na elaboração de projetos, tais como 
loteamentos rurais e urbanos, estudo do traçado de estradas, redes elétricas, de 
água e esgoto, hidrovias, obras de irrigação e drenagem, enfim todas as obras de 
infra‐estrutura  na  área  da  construção.  Esse  profissional  atua  na  demarcação  de 
propriedades,  reservas  legais  e  de  preservação,  executando  avaliações  e  perícias 
técnicas. Equipamentos de medição, de fotografias aéreas, satélites e sistema de 
posicionamento global, são instrumentos de trabalho desse profissional.102 
O Curso Superior de Tecnologia em Irrigação e Drenagem terá a duração de 2.000 
horas,  com  6  semestres  letivos  e,  inicialmente,  será  aberta  uma  turma  anual  no 
período diurno. O curso poderá ser oferecido em regime especial com ingresso di‐
ferenciado através de convênios de formação. 

• Curso Superior de Tecnologia em Aqüicultura 
O  Tecnólogo  em  Aqüicultura  atua  na  produção  de  peixes  e  de  outros  animais  a‐
quáticos, em cultivos, desde a produção de alevinos, engorda, processamento até 
a comercialização e distribuição dos produtos para o mercado consumidor. Pisci‐
cultura,  ranicultura,  ostreicultura,  mitilicultura,  carcinicultura  e  cultivo  de  peixes 
ornamentais  são  algumas  das  possibilidades  de  atuação  desse  profissional,  apli‐
cando conhecimentos de tecnologia para gerenciar e explorar, de forma sustentá‐
vel, o potencial das unidades de criação em tanques, açudes e lagoas. 103 
O  Curso  Superior  de  Tecnologia  em  Aqüicultura  terá  a  duração  de  2.000,  com  6 
semestres letivos e, inicialmente, será aberta uma turma anual no período diurno. 
O curso poderá ser oferecido em regime especial com ingresso diferenciado atra‐
vés de convênios de formação. 

Pólo de Informática – POLOINFO 
Segundo  Eric  Hobsbawn,  um  dos  mais  respeitados  pensadores  da  contemporaneidade, 
“Há aspectos revolucionários no processo de produção das últimas duas décadas. Porque 
existe uma revolução em andamento na informação e também na comunicação. A Revo‐
lução dos Computadores é – de longe – a mais dramática como forma de comunicação. É 

                                                       
101
  Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia. Brasília, Ministério da Educação, 2006. 
102
  Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia. Brasília, Ministério da Educação, 2006. 
103
  Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia. Brasília, Ministério da Educação, 2006. 
54 

preciso  notar  também  a  enorme  mudança  sofrida  pela  produção  biológica,  em  técnicas 
que já afetam a produção agrícola. Isto pode, no tempo devido, afetar igualmente a pro‐
dução  industrial.  Eu  diria  que  a  maior  conseqüência  destes  dois  fatos  é  produzir  uma 
grande  mudança  na  distribuição  internacional  de  atividades  econômicas”.104  Isto  é,  as 
ferramentas da informática associadas aos processos de bioprodução e à produção agro‐
industrial compõem o fundamento do mais promissor cenário de desenvolvimento para 
as nações emergentes. 
A  implantação  do  Pólo  de  Informática  no  âmbito  da  UATEC,  portanto,  é  indispensável 
para a configuração do que denominamos “diamante do desenvolvimento sustentável do 
semi‐árido”, pois não há como dar sustentação a um projeto de desenvolvimento reno‐
vador sem as ferramentas da tecnologia da informação. Por outro lado, é preciso ressaltar 
que  o  mercado  de  trabalho  nessa  área  é,  talvez,  o  mais  aquecido  na  atualidade,  ofere‐
cendo um extenso leque de oportunidades no mundo da ciência e tecnologia e nos seto‐
res primário, secundário e terciário da economia.  
A escolha de Itabaiana para sediar esta unidade descentralizada deve‐se a vários fatores 
anteriormente abordados neste Projeto, mas há que se destacar que a cidade está situa‐
da numa posição geográfica estratégica, no centro do triângulo formado por João Pessoa 
(83 km), Campina Grande (105 km) e Recife (135 km). Embora essa relativa proximidade a 
centros  universitários  importantes  não  tenha  se  refletido  na  taxa  de  acesso  ao  ensino 
superior de jovens de 18 a 24 anos, uma vez que a microrregião apresenta o menor índice 
entre as três que compõem o CDSA e um dos menores do Estado da Paraíba (0,69%)105, a 
pequena distância que a separa da terceira maior cidade nordestina, da capital do Estado 
e da maior cidade do interior do Nordeste abre um amplo mercado de trabalho para os 
egressos dos cursos, bem próximo à residência de seus familiares. 
O POLOINFO terá uma estrutura acadêmica mais enxuta que os outros dois pólos, pois ali 
serão  implantados  exclusivamente Cursos  Superiores  de  Tecnologia,  numa  proposta  pe‐
dagógica piloto na UFCG, afinada com os recentes debates sobre a Universidade Nova106 
e com as diretrizes do REUNI. A idéia é que todos os estudantes ingressem para fazer um 
básico  comum  para,  posteriormente,  optarem  por  uma  das  quatro  áreas.  Após  concluí‐
rem  o  curso,  eles  poderão  “migrar”  para  o  Curso  de  Ciências  da  Computação  no  CEEI  e 
completar a formação para obtenção do grau de Bacharel. Desta maneira, a relação alu‐
nos/professores  será  otimizada,  as  taxas  de  evasão  e  retenção  diminuirão  e  a  taxa  de 
concluintes poderá até duplicar. 
No POLOINFO funcionarão os seguintes cursos: 

• Curso Superior de Tecnologia em Gestão da Tecnologia da Informação 
O Tecnólogo em Gestão da Tecnologia da Informação atua num segmento da área 
de informática que abrange a administração dos recursos de infra‐estrutura física 
e lógica dos ambientes informatizados. O profissional egresso desse curso define 
parâmetros  de  utilização  de  sistemas,  gerencia  os  recursos  humanos  envolvidos, 

                                                       
104
 http://www.geneton.com.br/archives/000143.html (acessado em 22/05/2008). 
105
  Esse  paradoxo,  aliás,  reforça  a  justificativa  para  a  implantação  do  pólo,  pois  demonstra  a  relatividade  das  distâncias  rodoviárias 
numa região de população majoritariamente pobre. 
106
 http://www.universidadenova.ufba.br/twiki/bin/view/UniversidadeNova/Conceitos (acessado em 22/05/2008). 
55 

implanta e documenta rotinas, controla os níveis de serviço de sistemas operacio‐
nais e banco de dados, gerenciando os sistemas implantados.107 
O Curso Superior de Tecnologia em Gestão da Tecnologia da Informação terá a du‐
ração de 2.000 horas, com 6 semestres letivos no período diurno e 7 semestres no 
período noturno, com o oferecimento de duas turmas anuais (uma em cada tur‐
no). 

• Curso Superior de Tecnologia em Segurança da Informação 
O Tecnólogo em Segurança da Informação zela pela integridade e resguardo de in‐
formações  das  empresas,  protegendo‐as  contra  acessos  não  autorizados.  Assim, 
dentro  dos  princípios  de  confidencialidade,  integridade  e  disponibilidade,  esse 
profissional realiza análises de riscos, administra sistemas de informações, projeta 
e gerencia redes de computadores seguras, realiza auditorias, planeja contingên‐
cias e recuperação em sinistros. Atua nos aspectos lógicos e físicos, controlando os 
níveis de acesso aos serviços dos sistemas operacionais, banco de dados e redes 
de computadores.108 
O  Curso  Superior  de  Tecnologia  em  Segurança  da  Informação  terá  a  duração  de 
2.000 horas, com 6 semestres letivos no período diurno e 7 semestres no período 
noturno, com o oferecimento de duas turmas anuais (uma em cada turno). 

• Curso Superior de Tecnologia em Redes de Computadores 
O Tecnólogo em Redes de Computadores é o profissional que elabora, implanta, 
gerencia e mantém projetos lógicos e físicos de redes de computadores locais e de 
longa distância. Conectividade entre sistemas heterogêneos, diagnóstico e solução 
de problemas relacionados à comunicação de dados, segurança de redes, avalia‐
ção de desempenho, configuração de serviços de rede e de sistema de comunica‐
ção de dados são áreas de desempenho desse profissional. Conhecimentos de ins‐
talações elétricas, teste físico e lógico de redes, normas de instalações e utilização 
de instrumentos de medição e segurança são requisitos à atuação desse profissio‐
nal.109 
O  Curso  Superior  de  Tecnologia  em  Redes  de  Computadores  terá  a  duração  de 
2.000 horas, com 6 semestres letivos no período diurno e 7 semestres no período 
noturno, com o oferecimento de duas turmas anuais (uma em cada turno). 

• Curso Superior de Tecnologia em Sistemas para Internet 
O Tecnólogo em Sistemas para Internet ocupa‐se do desenvolvimento de progra‐
mas, de interfaces e aplicativos, do comércio e do marketing eletrônicos, além de 
sítios e portais para internet e intranet. Esse profissional gerencia projetos de sis‐
temas, inclusive com acesso a banco de dados, desenvolvendo projetos de aplica‐
ções para a rede mundial de computadores e integra mídias nos sítios da internet. 
Este  profissional  atua  com  tecnologias  emergentes  como  computação  móvel,  re‐

                                                       
107
 Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia. Brasília, Ministério da Educação, 2006. 
108
 Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia. Brasília, Ministério da Educação, 2006. 
109
 Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia. Brasília, Ministério da Educação, 2006. 
56 

des sem fio e sistemas distribuídos. Cuidar da implantação, atualização, manuten‐
ção e segurança dos sistemas para internet também são suas atribuições.110 
O Curso Superior de Tecnologia em Sistemas para Internet terá a duração de 2.000 
horas, com 6 semestres letivos no período diurno e 7 semestres no período notur‐
no, com o oferecimento de duas turmas anuais (uma em cada turno). 
 
 

                                                       
110
 Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia. Brasília, Ministério da Educação, 2006. 
57 

PROGRAMAÇÃO DE INÍCIO DOS CURSOS 

 
DURAÇÃO 
INÍCIO  CURSO  CAMPUS  U.A.  TURNO  C.H.  VAGAS 
semestres 
Curso de Licenciatura em Educação do Campo  SUMÉ  UAEDUC  Noturno 2800 9  60 
Curso de Licenciatura em Ciências Sociais  SUMÉ  UAEDUC  Noturno 2800 9  30 
2009.1 
Curso Superior de Tecnologia em Gestão do Desenvolvimento Rural  SUMÉ  UAEDUC  Diurno  1600 5  50 
Curso Superior de Tecnologia em Gestão Pública  SUMÉ  UAEDUC  Noturno 1600 6  50 
Curso de Bacharelado em Engenharia de Biossistemas  SUMÉ  UATEC‐SM  Diurno  3600 10  50 
2009.2  Curso de Bacharelado em Engenharia de Biotecnologia e Bioprocessos  SUMÉ  UATEC‐SM  Diurno  3600 10  50 
Curso de Bacharelado em Engenharia de Produção Agroindustrial  SUMÉ  UATEC‐SM  Diurno  3600 10  50 
Curso Superior de Tecnologia em Gestão da Tecnologia da Informação  ITABAIANA  UATEC‐ITB  Noturno 2000 6  50 
Curso Superior de Tecnologia em Segurança da Informação  ITABAIANA  UATEC‐ITB  Noturno 2000 6  50 
Curso Superior de Tecnologia em Redes de Computadores  ITABAIANA  UATEC‐ITB  Noturno 2000 6  50 
2010.1 
Curso Superior de Tecnologia em Sistemas para Internet  ITABAIANA  UATEC‐ITB  Noturno 2000 6  50 
Curso de Bacharelado em Engenharia Civil ‐ Hab. Recursos Hídricos  ITAPORANGA UATEC‐ITP  Diurno  3600 10  50 
Curso Superior de Tecnologia em Irrigação e Drenagem  ITAPORANGA UATEC‐ITP  Diurno  2400 7  50 
Curso Superior de Tecnologia em Gestão da Tecnologia da Informação  ITABAIANA  UATEC‐ITB  Diurno  2000 6  50 
Curso Superior de Tecnologia em Segurança da Informação  ITABAIANA  UATEC‐ITB  Diurno  2000 6  50 
Curso Superior de Tecnologia em Redes de Computadores  ITABAIANA  UATEC‐ITB  Diurno  2000 6  50 
2010.2 
Curso Superior de Tecnologia em Sistemas para Internet  ITABAIANA  UATEC‐ITB  Diurno  2000 6  50 
Curso Superior de Tecnologia em Agrimensura  ITAPORANGA UATEC‐ITP  Diurno  2000 6  50 
Curso Superior de Tecnologia em Aqüicultura  ITAPORANGA UATEC‐ITP  Diurno  2000 6  50 
 
 
58 

CRIAÇÃO DE VAGAS, CORPO DOCENTE E RELAÇÃO ALUNOS/PROFESSORES (RAP) – PROPOSTA ORIGINAL 

 
DURAÇÃO  Ano 1  Ano 2  Ano 3  Ano 4  Ano 5 
CURSO  U.A.  TURNO  C.H.  VAGAS 
semestres 2009.1 2009.2  2010.1 2010.2 2011.1 2011.1 2012.1 2012.2 2013.1 2013.2 
Lic. Educação do Campo  UAEDUC  Noturno 2800  9  60  60    120    180    240    300   
Lic. Ciências Sociais  UAEDUC  Noturno 2800  9  30  30    60    90    120    150   
Tec. Gestão do Des. Rural  UAEDUC  Diurno  1600  5  50  50    100    150    150    150   
Tec. Gestão Pública  UAEDUC  Noturno 1600  6  50  50    100    150    150    150   
Eng. de Biossistemas  UATEC‐SM  Diurno  3600  10  50     50     100    150    200    250 
Eng. de Biotecnologia  UATEC‐SM  Diurno  3600  10  50     50     100    150    200    250 
Eng. de Produção  UATEC‐SM  Diurno  3600  10  50     50     100    150    200    250 
Eng. Civil  UATEC‐ITP  Diurno  3600  10  50     50     100    150    200    250 
Tec. Irrigação e Drenagem  UATEC‐ITP  Diurno  2400  7  50     50     100    150    200    200 
Tec. Agrimensura  UATEC‐ITP  Diurno  2000  6  50        50    100    150    150   
Tec.  Aqüicultura  UATEC‐ITP  Diurno  2000  6  50        50    100    150    150   
Tec. Gestão da Tec. da Inf.  UATEC‐ITB  Noturno 2000  7  50     50     100    150    200    200 
Tec. Seg. da Informação  UATEC‐ITB  Noturno 2000  7  50     50     100    150    200    200 
Tec. Redes de Computadores  UATEC‐ITB  Noturno 2000  7  50     50     100    150    200    200 
Tec. Sist. para Internet  UATEC‐ITB  Noturno 2000  7  50     50     100    150    200    200 
Tec. Gestão da Tec. da Inf.  UATEC‐ITB  Diurno  2000  6  50        50    100    150    150   
Tec. Seg. da Informação  UATEC‐ITB  Diurno  2000  6  50        50    100    150    150   
Tec. Redes de Computadores  UATEC‐ITB  Diurno  2000  6  50        50    100    150    150   
Tec. Sist. para Internet  UATEC‐ITB  Diurno  2000  6  50        50    100    150    150   
TOTAL              940  190  450  680  900  1170  1350  1560  1800  1650  2000 
VAGAS/ANO  640  1580  2520  3360  3650 
PROFESSORES  35  70  120  150  150 
RAP  18,3  22,6  21,0  22,4  24,3 
 
 
59 

VAGAS, DOCENTES, SERVIDORES TÉCNICO‐ADMINISTRATIVOS, CDS E FGS 

CAMPUS DE SUMÉ – CONFORME PACTUAÇÃO UFCG/MEC/SESU 
 
VAGAS  2009 2010 2011 2012  2013 
TOTAL CUMULATIVO  340  680  1020  1260  1500 
 
DOCENTES  2008 2009 2010  2011 
TOTAL  83  33  30  20  0 
 
STA‐NÍVEL MÉDIO  30  2008 2009 2010  2011 
Assistente Administrativo  19  9 10 0  0 
Técnico em Contabilidade  3  3 0 0  0 
Técnico de Laboratório  8  0 8 0  0 
TOTAL ‐ NM  12  18  0  0 
STA‐NÍVEL SUPERIOR  12  2008 2009 2010  2011 
Administrador  3  2 1 0  0 
Contador  2  2 0 0  0 
Secretário Executivo  1  1 0 0  0 
Técnico em Ass. Educacionais  2  2 0 0  0 
Assistente Social  1  0 1 0  0 
Nutricionista  1  0 1 0  0 
Bibliotecário  1  1 0 0  0 
Analista de TI  1  0 1 0  0 
TOTAL ‐ NS  8  4  0  0 
TOTAL GERAL  42  20  22  0  0 
 
CARGOS DE DIREÇÃO E FUNÇÕES GRATIFICADAS  2008 
CD 3  1 
CD 4  1 
FG1  7 
FG 2  5 
TOTAL  14 

Para detalhes, Ver Anexos 1 e 8. 
 
60 

CONDIÇÕES 

Infra‐Estrutura para a Implantação do Campus 

O Campus de Sumé 
Por intermédio do Decreto Municipal Nº 807/2008, o Prefeito Municipal de Sumé, Genival 
Paulino de Sousa, desapropriou um terreno de 25 hectares, doando‐o para a UFCG para a 
construção do Campus de Sumé. Este terreno é contíguo á  Escola Agrotécnica de Sumé 
(EAS), instalada numa área de 25 hectares, também doada à UFCG por intermédio da Lei 
Nº 900/2005. 
A EAS possui uma excelente estrutura física para o início das atividades de ensino pesqui‐
sa e extensão do Centro de Desenvolvimento Sustentável do Semi‐Árido (CDSA) a partir 
do 2º Semestre de 2008, bastando para isso a realização de reformas em algumas estru‐
turas já existentes. A UFCG discute com a Prefeitura Municipal de Sumé um plano de co‐
gestão para a EAS, de maneira que as atividades do ensino básico mantenham uma inte‐
ração permanente e dinâmica com as atividades de ensino, pesquisa e extensão da UFCG 
(Ver Anexos 2 e 3). Também estão em andamento conversações com a Diretoria da EAS 
no sentido da criação do Ensino Médio Técnico Agrícola, também em regime de parceria 
com a UFCG. 

O Pólo de Itaporanga 
No  município  de  Itaporanga  há  três  equipamentos  públicos  que  serão  cedidos  à  UFCG 
para o desenvolvimento das atividades acadêmicas, conforme entendimentos em proces‐
so avançado com o Governo do Estado: a Estação de Piscicultura de Itaporanga, a Estação 
Experimental Fazenda Veludo, o Laboratório de Solos e Produção de Mudas, além do Co‐
légio Padre Diniz, colocado à disposição da UFCG pela Diocese. Ademais, a Prefeitura Mu‐
nicipal desapropriou e doou um terreno para a instalação definitiva do Pólo (Ver Anexo 
4). 

O Pólo de Itabaiana 
A Prefeitura Municipal de Itabaiana doou para a UFCG um conjunto de edificações com 
uma  área construída  de  2.748  m²  (além  de  um  ginásio  de  esportes),  onde  funcionava  o 
CAIC,  construído  no  início  dos  anos  1990  e  desativado  há  alguns  anos.  Com  reformas  e 
adequações similares às executadas pela Universidade Federal de Sergipe no CAIC de Ita‐
baiana (SE) e a construção de algumas outras edificações o POLOINFO poderá iniciar suas 
atividades no segundo semestre de 2009 (Ver Anexo 5). 

Financiamento 

O Congresso Nacional aprovou uma Emenda do Senador José Maranhão ao Plano Pluria‐
nual 2008‐2011 no valor de R$ 60.000.000,00 para o Plano de Expansão Institucional da 
UFCG, sendo R$ 36.000.000,00 em recursos de capital e R$ 24.000.000,00 em recursos de 
custeio. Estes recursos serão divididos entre o CDSA (R$ 52.000.000,00) e o Colégio Agrí‐
cola de São João do Rio do Peixe (R$ 8.000.000,00). 
61 

ORÇAMENTO GERAL 

 
 
Elemento de Despesa  Valor (R$) 

Código  Descrição  2008  2009  2010  2011  TOTAL 
Despesas Correntes   R$     5.110.303,21   R$     5.215.276,77   R$     5.222.253,00   R$     5.224.472,90    R$  20.772.305,88   100,00% 
3390.14  Diárias ‐ Pessoal Civil   R$          15.000,00    R$          60.000,00   R$          75.000,00   R$          75.000,00    R$        225.000,00   1,08% 
3390.18  Programa de Bolsas   R$          50.000,00    R$        200.000,00   R$        350.000,00   R$        400.000,00    R$     1.000.000,00   4,81% 
3390.30  Material de Consumo   R$        673.704,47    R$     1.102.814,07   R$     1.643.476,59   R$     2.236.449,57    R$     5.656.444,70   27,23% 
3390.33  Passagens e Despesas com Locomoção   R$          15.000,00    R$          50.000,00   R$          75.000,00   R$          75.000,00    R$        215.000,00   1,04% 
3390.36  Outros Serviços de Terceiros ‐ Pessoa Física   R$          20.000,00    R$          50.000,00   R$          50.000,00   R$          50.000,00    R$        170.000,00   0,82% 
3390.39  Outros Serviços de Terceiros ‐ Pessoa Jurídica   R$     4.332.598,74   R$     3.742.462,70   R$     3.018.776,41   R$     2.378.023,33    R$  13.471.861,18   64,85% 
3390.47  Obrigações Tributárias e Contributivas   R$             4.000,00   R$          10.000,00   R$          10.000,00   R$          10.000,00    R$          34.000,00   0,16% 
Despesas de Capital   R$     7.748.521,12   R$     7.749.420,90   R$     7.749.872,51   R$     7.747.841,24    R$  30.995.655,78   100,00% 
4490.51  Obras e Instalações   R$     5.480.167,28   R$     4.566.986,20   R$     4.980.790,08   R$     5.328.617,84    R$  20.356.561,40   65,68% 
4490.52  Equipamentos e Material Permanente   R$     2.268.353,84   R$     3.182.434,70   R$     2.769.082,43   R$     2.419.223,40    R$  10.639.094,38   34,32% 
Total (Despesas Correntes + Despesas de Capital)   R$  12.858.824,34    R$  12.964.697,67   R$  12.972.125,51   R$  12.972.314,14    R$  51.767.961,66     
 
Obs. Este Orçamento contempla o Campus de Sumé com os Pólos de Itabaiana e Itaporanga 
 
62 

ORÇAMENTO DO CAMPUS DE SUMÉ 
 
 
Elemento de Despesa  Valor (R$) 

Código  Descrição  2008  2009  2010  2011  TOTAL 
Despesas Correntes   R$     1.499.816,75   R$     2.499.986,10   R$     2.499.993,93   R$     2.499.975,99    R$     8.999.772,77   100,00% 
3390.14  Diárias ‐ Pessoal Civil   R$          15.000,00    R$          35.000,00   R$          35.000,00   R$          50.000,00    R$        135.000,00   1,50% 
3390.18  Programa de Bolsas      R$        150.000,00   R$        250.000,00   R$        350.000,00    R$        750.000,00   8,33% 
3390.30  Material de Consumo   R$        666.800,71    R$        876.852,27   R$        879.782,21   R$        824.764,27    R$     3.248.199,46   36,09% 
3390.33  Passagens e Despesas com Locomoção   R$          15.000,00    R$          35.000,00   R$          35.000,00   R$          50.000,00    R$        135.000,00   1,50% 
3390.36  Outros Serviços de Terceiros ‐ Pessoa Física   R$          10.000,00    R$          10.000,00   R$          10.000,00   R$          10.000,00    R$          40.000,00   0,44% 
3390.39  Outros Serviços de Terceiros ‐ Pessoa Jurídica   R$        791.016,04    R$     1.391.133,83   R$     1.288.211,72   R$     1.213.211,72    R$     4.683.573,31   52,04% 
3390.47  Obrigações Tributárias e Contributivas   R$             2.000,00   R$             2.000,00   R$             2.000,00   R$             2.000,00    R$             8.000,00   0,09% 
Despesas de Capital   R$     4.249.712,39   R$     4.249.691,37   R$     4.249.833,96   R$     4.249.946,52    R$  16.999.184,24   100,00% 
4490.51  Obras e Instalações   R$     3.049.252,08   R$     2.604.798,00   R$     2.269.931,72   R$     2.829.171,52    R$  10.753.153,32   63,26% 
4490.52  Equipamentos e Material Permanente   R$     1.200.460,31   R$     1.644.893,37   R$     1.979.902,24   R$     1.420.775,00    R$     6.246.030,92   36,74% 
   Total (Despesas Correntes + Despesas de Capital)   R$     5.749.529,14   R$     6.749.677,47   R$     6.749.827,89   R$     6.749.922,51    R$  25.998.957,01     
 
Para Detalhes, Ver Anexo 6 (Memória de Cálculo: Despesas Correntes) e Anexo 7 (Memória de Cálculo: Despesas de Capital). 
 
63 

ANEXOS 
 
 
 

ANEXO 1  ORGANOGRAMA FUNCIONAL DO CDSA – CAMPUS DE SUMÉ 

ANEXO 2  INFRA‐ESTRUTURA DISPONÍVEL PARA INSTALAÇÃO DO CAMPUS DE SUMÉ 

ANEXO 3  PLANTAS DO TERRENO DO CAMPUS E DA ESCOLA AGROTÉCNICA DE SUMÉ 

ANEXO 4  INFRA‐ESTRUTURA DISPONÍVEL PARA INSTALAÇÃO DO POLOÁGUA 

ANEXO 5  INFRA‐ESTRUTURA DISPONÍVEL PARA INSTALAÇÃO DO POLOINFO 

ANEXO 6  MEMÓRIA DE CÁLCULO: DESPESAS CORRENTES 

ANEXO 7  MEMÓRIA DE CÁLCULO: DESPESAS DE CAPITAL 

ANEXO 8  ATA DA REUNIÃO DE PACTUAÇÃO UFCG/SESU/MEC 

ANEXO 9  CERTIDÃO E EXTRATO DE ATA DA APROVAÇÃO DO CAMPUS DE SUMÉ NO 
COLEGIADO PLENO DO CONSELHO UNIVERSITÁRIO DA UFCG 

 
 

 
 

   
64 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXO 1 
ORGANOGRAMA FUNCIONAL DO CDSA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
   
65 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXO 2 
INFRA‐ESTRUTURA DISPONÍVEL PARA INSTALAÇÃO DO CAMPUS DE SUMÉ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
   
66 

A ESCOLA AGROTÉCNICA DE SUMÉ 
 
A Escola Agrotécnica de Ensino Fundamental Dep. Evaldo Gonçalves de Queiroz, situada a 
Rua Luiz Grande s/nº, bairro Frei Damião na cidade de Sumé, PB, foi fundada no ano de 
1991  através  do  decreto  328/91,  inaugurada  em  1998  e  autorizada  sob  a  Resolução  nº 
211/2001‐CEE, em 20/09/2001. Funcionando há 10 (dez) anos atendendo ao Ensino Fun‐
damental Agrotécnico do 6º ao 9º ano, atualmente conta com 295 alunos distribuídos nos 
turnos manhã e tarde. O seu quadro docente é composto por 21 professores qualificados, 
sendo ainda acrescido de 27 funcionários para seu quadro de servidores. A área possui 25 
hectares  devidamente  distribuídos  e  em  pleno  funcionamento,  sendo  que  2,5  hectares 
abrigam o Parque de Exposições de Sumé. 
É uma das poucas Escolas em atividade no Estado da Paraíba oferecendo ensino agrotéc‐
nico  essencial  para  o  desenvolvimento  sustentável  local  e  regional.  Esta  importância  é 
justificada  pelo  fato  de  80%  dos  alunos  serem  filhos  de  agricultores  familiares  da  zona 
rural do município. Seria uma forma de fixação do jovem, proporcionando‐lhe condições 
de optar sobre o lugar onde deseja viver, intervindo na lógica de se estudar para sair do 
campo ou ficando neste e criando meios de sobrevivência.  
Levando em consideração a sustentabilidade agrícola, ambiental, social, econômica e po‐
lítica, o aluno faz uso dos conhecimentos adquiridos e agrega as técnicas repassadas pela 
escola, as atividades produtivas do seu lugar, garantindo, assim, uma melhoria na renda 
familiar e na qualidade de vida. 
Mediante  a exposição  dessas  informações,  a escola  está  em  plena  fase  de crescimento, 
tendo, além das disciplinas de núcleo comuns (Português, Matemática, História, Geogra‐
fia,  Ciências,  Inglês,  Educação  Física,  Artes  e  Ensino  Religioso)  as  da  parte  diversificada, 
como Práticas Agrícolas, Práticas Zootécnicas e Práticas Industriais. Como suporte técnico 
para  essas  disciplinas,  a  escola  dispõe  de  unidades  demonstrativas  de:  Caprinocultura, 
Avicultura,  Suinocultura,  Piscicultura,  Cunicultura,  Horticultura,  Fruticultura  e  Grandes 
Culturas, além de criações de animais nativos da fauna nordestina, como mocó e pássa‐
ros. 
O objetivo da escola é qualificar o aluno para o trabalho na agropecuária, bem como im‐
plantar projetos agropecuários que sirvam para uma mudança de concepção do campo, 
proporcionando vivências das etapas do processo de produção, desde o planejamento à 
comercialização. Nesse sentido, a instituição visa contribuir na formação de cidadãos par‐
ticipativos, altivos, e determinados, que busquem por sua identidade com a terra e aju‐
dem na transformação de realidades. 
A pedagogia da Escola Agrotécnica de Sumé centra‐se no conceito da gestão de conheci‐
mento, o qual amplia a visão empírica dos alunos e os métodos de capacitação e forma‐
ção,  desenvolvendo  processos  de  aprendizagens  coletivas.  Nessa  filosofia,  todos  os  a‐
prendizes são sujeitos ativos na transformação do seu próprio conhecimento. Possui um 
caráter articulador, a partir do qual o saber popular e o saber técnico não são hegemôni‐
cos, mas trabalham de maneira construtiva com o saber e a lógica de cada grupo, na dire‐
ção de um conhecimento coletivamente apropriado à realidade. O professor é o agente 
multiplicador desta idéia, auxiliado por todo o pessoal de apoio, em campanhas e ativida‐
des pedagógicas diárias. 
Segundo  a  Secretaria  de  Educação,  a  Escola  Agrotécnica  de  Sumé  é  mantida,  exclusiva‐
67 

mente,  com  recursos  municipais,  tendo,  portanto,  dificuldades,  já  que  os  mesmos  são 
escassos. O sistema de parceria é antigo, porém novo para a realidade da escola. Atual‐
mente, a instituição mantém parcerias com a UFCG (campus avançado, onde é desenvol‐
vido o Projeto UniCampo desde 2003), o SEBRAE, a EMATER, o INCRA, o Pacto Novo Cari‐
ri, a EMBRAPA, a SAIA, a EMEPA, a UEPB, o Banco do Brasil, o BNB, o PEASA, o Projeto 
Dom Hélder Câmara (MDA) e outros. 
Os que fazem a escola acreditam que o sucesso das ações estão baseado, também, num 
trabalho  sistemático,  planejado  e  contínuo,  voltados  para  atender  às  necessidades  dos 
alunos e objetivos da escola. Tem  como suporte e princípios a Lei de  Diretrizes e Bases 
para a Educação/MEC, que subsidiam e fortalecem as atividades diversas, obtendo envol‐
vimento e respaldo de todos os que compõem esta unidade de ensino e profissionaliza‐
ção. 
Existente  há  10  anos,  a  Escola  Agrotécnica  é  referência,  não  só  para  o  Cariri  Ocidental 
paraibano, mas para todas as regiões do Estado e outros circunvizinhos, como por exem‐
plo, Pernambuco. 
 
Infra‐Estrutura111 
1. Ambiente Administrativo (1); 
2. Cozinha e Refeitório (2); 
3. 2 pavilhões de salas de aula (3 e 4); 
4. Alojamento (28); 
5. Ambientes Administrativos do Campus Avançado (29, 30); 
6. Central de Aulas com Auditório para 150 pessoas (à disposição da UFCG) (35); 
7. Centro Vivo de Documentação (MDA/UNICAMPO) (18); 
8. Centro de Formação da Agricultura Familiar (MDA/UNICAMPO) (em construção); 
9. Parque de Exposições (11); 
10. Ginásio de esportes (8), campo de futebol (7) e quadra de vôlei (6); 
11. 4 casas (9, 10, 16, 50); 
12. Estação Meteorológica (25); 
13. 3 Barragens (24); 
14. 2 Barragens subterrâneas (39); 
15. Caixa d’água elevada com cisterna e chafariz (15); 
16. Caixa d’água (51) e fossão (52); 
17. Poço Amazonas (43); 
18. Unidades demonstrativas (13, 14, 17) (ver detalhamento abaixo); 
19. Central de Reprodução de Espécies Vegetais Nativas (MDA/UNICAMPO) (12); 
20. Estufa (19); 
21. Pomares (20, 21, 22, 40) (ver detalhamento abaixo); 
22. Mandala (48); 
23. Videira (49); 
24. Farmácia Viva (12) 
25. Viveiros de espécies animais nativas (25, 31, 32, 33, 34); 

                                                       
111
 O número entre parênteses refere‐se à legenda da Planta Geral da EAS (Anexo 3) 
68 

26. 4 Tanques para criação de peixes (23); 
27. Ambiente pala processamento de peixes (47); 
28. Pocilga (36); 
29. Baias para Caprinos (37); 
30. Centro de Manejo de Caprinos (38); 
31. Área Experimental de Produção Forrageira (41, 42, 44); 
32. Silos Trincheiras (45); 
33. Estábulos (53); 
34. Galpões (54); 
35. Olaria (46). 
 
Unidades Demonstrativas 
Como suporte para as atividades práticas das disciplinas Práticas Agrícolas, Práticas Zoo‐
técnicas, Práticas Industriais e Práticas Comerciais, a EAS conta com as seguintes unida‐
des demonstrativas: 
 
• Caprinocultura; 
• Suinocultura; 
• Cunicultura; 
• Avicultura; 
• Piscicultura; 
• Horticultura; 
• Fruticultura e Grandes Culturas; 
• Viveiro de Mudas; 
• Estufa 
• Plantas Fitoterápicas 
• Criações de animais nativos da fauna nordestina, cuja finalidade é o repovoamen‐
to destas espécies nas propriedades rurais, com fins de preservação. 
 
 
Infra‐Estrutura Produtiva (detalhamento) 
1. Agricultura 
1.1. Pomar 1 
• Maracujá 
• Coqueiro 
• Goiabeira 
• Limão 
• Oliveira 
• Atimóia 
• Mangueira 
• Laranja 
1.2. Pomar 2 
• Parreiral (Uva) 
• Acerola 
69 

• Bananeira 
• Graviola 
• Tamarindo 
• Pinha 
• Goiabeira 
 
1.3. Pomar 3 
• Limão 
• Laranja 
• Atimóia 
• Mangueira 
• Bananeira 
 
1.4. Estufa 
• Feijão 
• Cebolinha 
• Alho  
• Coentro 
• Cenoura 
• Alface 
• Inhame 
• Pepino 
• Alho‐poró 
• Beterraba 
• Melão 
 
1.5. Horta 
• Batata‐doce 
• Tomate 
• Couve‐flor 
• Brócolis 
 
1.6. Mandala 
• Milho 
• Macaxeira 
• Cenoura 
• Espinafre 
• Rúcula 
• Alho‐poró 
• Cebola 
• Cebolinha 
• Couve‐flor 
• Repolho 
• Abobrinha 
70 

• Pimentão 
• Berinjela 
• Mamão 
• Pinha 
• Alface 
• Beterraba 
• Coentro 
 
1.7. Sementeira 
• Local destinado à produção de mudas de hortaliças 
 
1.8. Farmácia Viva  
• Hortelã 
• Erva‐cidreira 
• Capim santo 
• Saião 
• Capim limão 
• Louro 
• Manjericão 
• Confrei 
 
1.9. Produção de mudas de árvores 
• Viveiro 1 (com sombrite) 
o Mangueira; 
o Cajueiro; 
o Neem; 
o Fícus. 
 
• Viveiro 2 
o Licurí 
o Angico 
o Mulungú 
o Faveira 
o Favela 
o Neem 
 
2. Pecuária 
2.1. Piscicultura; 
2.2. Caprinocultura; 
2.3. Suinocultura; 
2.4. Cunicultura; 
2.5. Avicultura Alternativa; 
71 

2.6. Área Experimental de Produção de Suporte Forrageiro: 
• Banco de Proteína de Leucena; 
• Palma forrageira; 
• Capim Elefante; 
• Capim Buffel; 
• 2 silos tipo trincheira; 
• Caatinga (área nativa). 
 
3. Fauna Silvestre e Espécimes Ornamentais 
• Criatório de Mocó; 
• Criatório de Asa‐Branca; 
• Criatório de Rolinha; 
• Criatório de Aves Aquáticas (marrecos, patos, gansos); 
• Criatório de Cágados e Jabutis. 
 
4. Silvicultura 
4.1. Plantas nativas 
• Angico 
• Craibeira 
• Canafístula 
• Juazeiro 
• Umbuzeiro 
• Baraúna 
• Aroeira 
• Pau‐brasil 
• Catingueira 
• Cinamomo 
• Moringa 
• Gliricidias 
 
4.2. Plantas exóticas: 
• Eucaliptos 
• Neem 
• Algaroba 
• Pau‐brasil 
• Sisal 
 
 
5. Experimentos em Andamento 
 
5.1. Parceria com o INSA (Instituto Nacional do Semi‐Árido): 
• Consórcio de Capim Buffel com Faveleira. 
72 

 
5.2. Parceria com a UFPB (Campus de Areia): 
• Plantio de Figo; 
• Projeto Cactus. 
 
5.3. Parceria com a ONG Jurema: 
• Fogão Agroecológico; 
• Forno agroecológico para carvão vegetal. 
 
5.4. Parceria com a EMBRAPA: 
• Consórcio de Sisal com Feijão Guandu; 
• Consórcio de Sisal com Palma Forrageira; 
• Consórcio de Sisal com Algodão Colorido; 
• Consórcio de Sisal com Capim Buffel; 
• Consórcio de Milho com Feijão. 
  
6. Outras Parcerias 
• Ministério do Desenvolvimento Agrário (SDT); 
• UFCG (Projeto UniCampo); 
• Associação dos Alunos da UniCampo (AAUC); 
• Banco do Nordeste do Brasil; 
• Banco do Brasil; 
• Projeto Dom Helder Câmara (MDA/SDT); 
• COOPAGEL; 
• HOLUS; 
• SEBRAE; 
• ONG Arribaçã; 
• Secretaria de Agricultura do Estado da Paraíba; 
• Van Der Hoeven; 
• INCRA. 
 
   
73 

   
74 

   
75 

   
76 

   
77 

   
78 

 
79 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXO 3 
PLANTAS DO TERRENO DO CAMPUS E DA ESCOLA AGROTÉCNICA DE SUMÉ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
80 

   
81 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXO 4 
INFRA‐ESTRUTURA DISPONÍVEL PARA INSTALAÇÃO DO POLOÁGUA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
   
82 

1.0 – ESTAÇÃO DE PISCICULTURA DE ITAPORANGA 
  
• Localização: Km 08 ‐ antiga estrada que liga à Conceição. 
• Órgão a que pertence: Empresa Paraibana de Abastecimento e Serviços Agrícolas 
(EMPASA). 
• Corpo Técnico: 01 Coordenador; 03 Técnicos de nível superior; 04 Técnicos de ní‐
vel médio e 08 funcionários de apoio. 
 
1.1 CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS  
 
• Estação de Bombeamento; 
• Estações elevatórias, canais de abastecimento e escoamento d’água; 
• Recepção e Administração; 
• Casa de hóspedes; 
• Depósito de petrechos de pesca; 
• Galpão de estocagem e embarque de alevinos; 
• Sala de Hipofisação (propagação artificial de peixes); 
• Fábrica de Ração (mistura e peletização); 
• Tanques de depuração de peixes; 
• Sistema de reversão sexual em tilápias; 
• Viveiros de alevinagem (20 Unidades) 
• Viveiros de manutenção de reprodutores (05 unidades); 
• Viveiros de engorda (03 unidades) 
 
1.2 – CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS 
 
• Área Total: 25.6 hectares; 
• Área de viveiros: 8,0 hectares; 
• Quantidade de viveiros : 28 unidades 
• Espécies Exploradas: Tambaqui, Tilápia Tailandesa, Carpas e Curimatãs; 
• Capacidade de produção: 5 milhões de alevinos/ano. 
 
2.0 – ESTAÇÃO EXPERIMENTAL FAZENDA VELUDO 
 
• Localização: Km 11 à sede do município‐estrada que liga Itaporanga ao sítio chati‐
nha; 
• Órgão a que pertence: Empresa Paraibana de Pesquisa Agropecuária (EMEPA) 
• Corpo Técnico: 01 Coordenador, 01 Gerente geral, 02 Técnicos de nível superior, 
04 Técnicos de nível médio e 09 funcionários de apoio. 
 
83 

2.1 – CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS 
 
• Recepção e Administração; 
• Casas colono (05 unidades); 
• Galpões de armazenamento e guarda de máquinas e implementos (04 unidades) 
• Casa de hóspedes; 
• Estação agrometeorológica via satélite; 
• Estação de bombeamento com 03 piscinas de capacitação interligadas; 
• Pivot central capacidade 20 hectares (01 unidade); 
• Centro de manejo de pequenos animais com 130 cabeças de ovinos da raça Santa 
Inês. 
 
2.2 – CARACTÉRISTICAS TÉCNICAS 
 
• Área total: 165.85 hectares; 
• Área experimental: 30,0 hectares; 
• Área de pastagem artificial: 18,0 hectares; 
• Culturas experimentadas: Banana nanicão, abacaxi, urucum, caju, manga, goiaba, 
coco, umbu, algodão colorido; 
• Teses de Doutorado em andamento: 02 trabalhos em execução envolvendo as cul‐
turas de goiaba e algodão colorido; 
• Teses de Mestrado em andamento: 02 trabalhos em execução envolvendo as cul‐
turas de goiaba e algodão colorido; 
• Sistemas de irrigação adotados em pesquisas: Gotejamento, micro aspersão e pi‐
vot central; 
• Estação Agrometeorológica Veludo ‐ Parâmetros observados: pluviosidade digital 
via satélite, velocidade e direção dos ventos, umidade relativa do ar, umidade re‐
lativa do solo e temperatura ambiente; 
• Teste de infiltração do solo através do tanque classe “A”. 
 
3.0 – LABORATÓRIO DE SOLOS E PRODUÇÃO DE MUDAS: 
 
• Localização: 7° Núcleo da SAIA ‐ PB. 
• Órgão a que pertence: Secretaria da Agricultura, Irrigação e abastecimento do Es‐
tado da Paraíba; 
• Laboratório de solos: Estrutura composta de equipamentos e instrumentos capa‐
zes  de  realizar  análises  de  fertilidade  de  solo  bem  como  análise  físico‐químico‐
biológica de solos. 
• Laboratório  de  produção  de  mudas:  Estrutura  composta  de  casa  de  vegetação 
com temperatura e umidade controladas, com capacidade de produção para 120 
mil mudas/ano. 
 
84 

4.0 COLÉGIO PADRE DINIZ: 
 
4.1 – CARACTERÍSTICA ORGANIZACIONAL: 
 
• Localização: Sede do município; 
• Órgão a que pertence: Ordem Carmelitas‐Cajazeiras‐Pb; 
• Administração: Irmãs Carmelitas; 
 
4.2 – CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS: 
 
• Área total: 6 mil m²; 
• Área construída: 3.6 mil m² 
• Dependências físicas: Sala de recepção, secretaria, laboratório de informática, 
biblioteca, auditório, salão de eventos, cantina, refeitório, sala de professores, 
banheiros masculinos e femininos (08 unidades), capelas (02 unidades), giná‐
sio poli‐esportivo, quadra de esportes e salas de aula (20 unidades, medindo 
64m², cada). 
 
   
85 

   
FAZENDA VELUDO 
86 

   
FAZENDA VELUDO 
87 

   
FAZENDA VELUDO 
88 

   
ESTAÇÃO DE PISCICULTURA 
89 

   
ESTAÇÃO DE PISCICULTURA 
90 

   
COLÉGIO PADRE DINIZ 
91 

   
92 

   
93 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXO 5 
INFRA‐ESTRUTURA DISPONÍVEL PARA INSTALAÇÃO DO POLOINFO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
   
94 

Frente da edificação principal, com dois pisos e telefone público.


Foto: Conrad Rodrigues Rosa
Data: 18/02/2006

Fotos de dois prédios com a entrada principal.


Foto: Conrad Rodrigues Rosa
Data: 18/02/2006
95 

Foto do terceiro equipamento predial.


Foto: Conrad Rodrigues Rosa
Data: 18/02/2006

Foto com destaque para a instalação da Visão de cima do ginásio de esportes para
quadra de esportes. o prédio de dois pisos.
Foto: Maria José V. de Barros Foto: Conrad Rodrigues Rosa
Data: 18/02/2006 Data: 18/02/2006
96 

Diferentes pontos de visão do equipamento predial.


Fotos: Maria José V. de Barros
Data: 18/02/2006

Visão interna do equipamento predial principal, segundo pavimento.


Foto: Conrad Rodrigues Rosa
Data: 18/02/2006
97 

Sala de aula com 45 carteiras universitárias.


Foto: Maria José V. de Barros
Data: 18/02/2006

Visão de um dos banheiros.


Foto: Maria José V. de Barros
Data: 18/02/2006
98 

Indicadores das salas especializadas (desativadas atualmente).


Foto: Maria José V. de Barros
Data: 18/02/2006

Elevador para o andar superior para Escadaria interna para o andar superi-
atendimento a deficientes. or.
Foto: Maria José V. de Barros Foto: Maria José V. de Barros
Data: 18/02/2006 Data: 18/02/2006
99 

Escadaria externa para o andar superior Salão amplo para abrigar atividades diver-
sas
Foto: Conrad Rodrigues Rosa
Foto: Conrad Rodrigues Rosa
Data: 18/02/2006
Data: 18/02/2006

Infra-estrutura relativa à energia, abastecimento d’água e incêndio.


Foto: Conrad Rodrigues Rosa
Data: 18/02/2006
100 

Amplo espaço interno abrigando diversas salas.


Foto: Conrad Rodrigues Rosa
Data: 18/02/2006

Amplo espaço interno abrigando diversas salas.


Foto: Conrad Rodrigues Rosa
Data: 18/02/2006
101 

Salão para abrigar a Biblioteca.


Foto: Conrad Rodrigues Rosa
Data: 18/02/2006

 
   
102 

   
103 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXO 6 
MEMÓRIA DE CÁLCULO: DESPESAS CORRENTES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
   
104 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXO 7 
MEMÓRIA DE CÁLCULO: DESPESAS DE CAPITAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
   
105 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXO 8 
ATA DA REUNIÃO DE PACTUAÇÃO UFCG/SESU/MEC 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
   
106 

   
107 

   
108 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXO 9 
CERTIDÃO E EXTRATO DE ATA DA APROVAÇÃO DO CAMPUS DE SUMÉ NO 
COLEGIADO PLENO DO CONSELHO UNIVERSITÁRIO DA UFCG 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
   
109 

 
110 

   
111 

Você também pode gostar