Cdsa Projeto Academico
Cdsa Projeto Academico
Cdsa Projeto Academico
CAMPINA
A GRANDE, 13 DE
D JUNHO DE 20
008
2
COMITÊ ASSESSOR
VÂNIA SUELY GUIMARÃES ROCHA
GILMAR TRINDADE DE ARAÚJO
CAMILO DE LÉLIS GONDIM MEDEIROS
COLABORADORES
DANIEL DUARTE PEREIRA
FERNANDA DE LOURDES ALMEIDA LEAL
VERA LÚCIA ANTUNES DE LIMA
AMURABI PEREIRA DE OLIVEIRA
SILVANA FERNANDES NETO
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 4
CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO SEMI‐ÁRIDO – CDSA ....................... 9
OBJETIVO .............................................................................................................................. 9
META ................................................................................................................................... 9
MISSÃO ................................................................................................................................ 9
JUSTIFICATIVA ...................................................................................................................... 10
CONTEXTUALIZAÇÃO .....................................................................................................13
O SEMI‐ÁRIDO ..................................................................................................................... 13
O SEMI‐ÁRIDO BRASILEIRO ..................................................................................................... 13
ASPECTOS AMBIENTAIS DO SEMI‐ÁRIDO PARAIBANO ................................................................... 18
O TERRITÓRIO DO CARIRI PARAIBANO ....................................................................................... 20
Geografia ..................................................................................................................... 20
Pré‐História .................................................................................................................. 22
História Social .............................................................................................................. 23
História Econômica ...................................................................................................... 26
População e Demografia ............................................................................................. 30
Economia ..................................................................................................................... 31
Indicadores de Renda, Pobreza e Desigualdade .......................................................... 36
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) .................................................................. 37
Educação ...................................................................................................................... 38
UMA ESTRATÉGIA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO SEMI‐ÁRIDO ...........39
ESTRUTURA ACADÊMICO‐ADMINISTRATIVA DO CDSA ..................................................42
UMA REDE PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO SEMI‐ÁRIDO .......................................... 43
UNIDADE ACADÊMICA DE EDUCAÇÃO DO CAMPO – UAEDUC ...................................................... 43
UNIDADE ACADÊMICA DE TECNOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO – UATEC ...................................... 47
Pólo de Ciência e Tecnologia em Bioprodução – POLOBIO ......................................... 49
Pólo de Desenvolvimento Tecnológico em Recursos Hídricos – POLOÁGUA ............... 51
Pólo de Informática – POLOINFO ................................................................................. 53
PROGRAMAÇÃO DE INÍCIO DOS CURSOS .......................................................................57
CRIAÇÃO DE VAGAS, CORPO DOCENTE E RELAÇÃO ALUNOS/PROFESSORES (RAP) ........58
SERVIDORES TÉCNICO‐ADMINISTRATIVOS, CDS E FGS ...................................................59
CONDIÇÕES ...................................................................................................................60
INFRA‐ESTRUTURA PARA A IMPLANTAÇÃO DO CAMPUS ................................................................ 60
O Campus de Sumé ...................................................................................................... 60
O Pólo de Itaporanga ................................................................................................... 60
O Pólo de Itabaiana ..................................................................................................... 60
FINANCIAMENTO .................................................................................................................. 60
ORÇAMENTO .................................................................................................................61
ANEXOS ............................................................................................................................... 63
4
INTR
RODUÇÃO
O
Por sseu turno, eesses processsos redund
daram em três conseqü
üências:
• O reconhecimento da experiêência pedaggógica inovaadora da UNICAMPO como
c e‐
lementoo importantee para o deesenvolvime ento susten ntável das ppopulações do cam‐
po, espeecialmente d
do semi‐áriddo nordestiino5;
• A mobilização da soociedade civvil e dos po
oderes públiicos constituídos na re egião pe‐
la reivind
dicação da instalação d
de um campus da instituição no C Cariri, delineado de
acordo ccom o projeeto acadêmiico da UniCampo;
• O amadu urecimento o, pela Adm ministração SSuperior daa UFCG, da idéia de re etomada
do proceesso de inteeriorização da universiidade atravvés de um ““Plano de Expansão
Institucio
onal” que viesse
v a pro
omover a democratiza
d ação do aceesso à unive
ersidade
dos milhhares de jovens alijadoss do ensino superior no o Estado daa Paraíba.
5
Ver, p
por exemplo, “Unnicampo apóia o desenvolvimento sustentável”. C
Coluna “Históriass de Sucesso”. Jorrnal da CONTAG
G. Ano III, nº
22, março/abril de 2
2006, p. 7.
6
Em setembro
s de 2005, o MEC
M divulgga o Relatórrio do Proggrama de Exxpansão daas IFES e
autoriza a criaçãão do Camp pus de Cuitéé da UFCG, o que provvoca um graande júbilo no Esta‐
do da Paraíba, mas certa ccomoção no o Cariri. Entretanto, o povo sofrido, mas combativo
daqu
uela região continua sua mobilizaação pelo campus,
c qu
ue é coroad
da num ato público
sem precedentees, realizado o em 10 de março de 2 2006, o “Grito do Caririi”.
7
Na pprimeira fasee do Prograama de Exppansão das IIFES, a UFCG ainda serria agraciad
da com o
camp pus de Pommbal, mas a população do Cariri paraibano nãão abandon nou o seu sonho de
inclusão universsitária. Com
m efeito, exaatamente um dia após a posse do o Presidente
e Lula no
seu ssegundo maandato, a A Associação d dos Municípios do Carriri Paraiban
no – AMCAP proto‐
colouu um ofício ao Magnífico Reitor daa UFCG reivvindicando aa criação do
o Campus dde Sumé,
tendo por signatários 22 prrefeitos.
Em 8
8 de fevereeiro de 20007, a
segunda fase do
d Plano dee Ex‐
panssão Instituccional da UFCG
U
(PLANEXP II) foi apresentaada à
Câmaara Superio or de Ensin
no e,
em 29
2 de marçço, foi entrregue
ao Ministro
M da Educação Fer‐
nanddo Haddad em audiêência
pública com ampla participa‐
ção d
da classe po olítica paraibana
e da sociedade civil do Carriri. O
Ministro recebeu um chapéu
de couro
c dos alunos da Uni‐
camppo como símbolo
s da luta
pela inclusão unniversitária. 29//03/2007 ‐ Minisstro Haddad ganh
ha chapéu de cou
uro dos Alunos daa UNICAMPO
Em liinhas geraiss, chegou‐se à conclusão de que o de Sumé deveria ser fo
o campus d ocado no
desenvolvimentto sustentávvel do semi‐árido, connsiderando, por um lad
do, suas po
otenciali‐
8
Com a aprovação da Emenda do Senador José Maranhão ao Plano Plurianual 2008‐2011
prevendo a aplicação de R$ 60 milhões do Programa Brasil Universitário na expansão da
UFCG com a criação dos campi de Sumé, Itabaiana e Itaporanga e do Colégio Agrícola de
São João do Rio do Peixe, além da determinação do próprio Presidente Luís Inácio Lula da
Silva quanto à autorização do MEC para a instalação do campus de Sumé, chegamos a
este projeto que ora apresentamos ao Ministério da Educação.
A proposta é traçar, na parte sul da Paraíba, região do Estado mais carente de instituições
públicas e privadas de ensino superior, o “diamante do desenvolvimento sustentável do
semi‐árido”. Isto é, estabelecer uma rede de ensino, pesquisa e extensão composta pelos
Centros da UFCG que já possuem expertise consolidada nessa área estratégica – os Cen‐
tros de Tecnologia e Recursos Naturais (CTRN), de Humanidades (CH) e de Engenharia
Elétrica e Informática (CEEI), Campus de Campina Grande e o Centro de Saúde e Tecnolo‐
gia Rural (CSTR), Campus de Patos – com o Centro de Desenvolvimento Sustentável do
Semi‐Árido (CDSA), a ser instalado nas três arestas do “diamante”, situadas em mesorre‐
giões típicas do semi‐árido paraibano: o Cariri, o Agreste seco e o Alto Sertão do Piancó,
as duas primeiras no curso do Eixo Leste da Transposição do São Francisco e a última no
epicentro do Complexo Coremas‐Mãe D’Água, a maior bacia hídrica da Paraíba, com 1,83
bilhões de metros cúbicos de capacidade.
9
CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO SEMI‐ÁRIDO – CDSA
Objetivo
Para ampliar e democratizar o acesso da população aos produtos e processos da Institui‐
ção, e de maneira a contribuir para a consecução das metas consignadas no Plano Nacio‐
nal de Educação, a Universidade Federal de Campina Grande pretende atuar em áreas
localizadas no semi‐árido da Paraíba que se pode denominar de zonas de exclusão uni‐
versitária, notadamente no Cariri, Vale do Piancó e Vale do Paraíba.
O objetivo da Instituição, ao propor a criação do campus de Sumé e dos pólos de Itabaia‐
na e Itaporanga, para ali fazer funcionar o Centro de Desenvolvimento Sustentável do
Semi‐Árido, é expandir o escopo de suas ações de ensino, pesquisa e extensão, com a
oferta de vagas para o ingresso em quinze novos cursos.
Além do objetivo imediato de possibilitar a inúmeros jovens o direito a uma formação
profissional de nível superior, a inserção da Universidade Federal de Campina Grande
nessas regiões tem como objetivo, a médio prazo, contribuir para a construção de um
novo paradigma científico‐tecnológico para o desenvolvimento sustentável do semi‐árido,
abrindo novas perspectivas econômicas, produtivas e educacionais para o seu povo e pa‐
ra a população que habita o Bioma Caatinga como um todo.
Meta
Criação de 3.650 novas vagas no ensino superior em 5 anos
Missão
• A tecnologia voltada para o desenvolvimento e revitalização das potencialidades
econômicas do semi‐árido brasileiro, considerando suas vulnerabilidades naturais
– o que supõe um compromisso de responsabilidade ambiental –, seus processos
produtivos – o que determina um desenvolvimento de Ciência e Tecnologia sobre‐
tudo inovador – e suas dramáticas contradições socioeconômicas – o que impõe a
perspectiva de um projeto produtivo renovador e socialmente justo.
• A própria educação, que é a base do desenvolvimento humano em qualquer cir‐
cunstância e que para os povos do campo e do semi‐árido do Brasil é dramatica‐
mente precária, seja em termos numéricos, seja em termos de qualidade, seja em
termos de adequação pedagógica. Neste sentido o CDSA deverá atuar em duas
frentes: a formação de professores para a educação do campo e a capacitação de
profissionais para o desenvolvimento e gestão de projetos no âmbito das políticas
públicas.
10
Justificativa
O Semi‐Árido Brasileiro possui características próprias, com peculiaridades e vulnerabili‐
dades há muito tempo conhecidas. Os estudiosos da temática demonstram claramente
que o perfil ambiental da região, associado às históricas contradições econômicas, políti‐
cas e sociais que a caracterizam, produzem as dramáticas dificuldades vivenciadas secu‐
larmente pelos seus habitantes, mas também ressaltam que o Bioma Caatinga é repleto
de recursos naturais, podendo abrigar atividades produtivas rentáveis e sustentáveis.
Para tanto, é necessário que seja construído um novo modelo de desenvolvimento para o
semi‐árido, baseado, por um lado, em políticas públicas eficientes e permanentes volta‐
das para a “convivência” com a seca e, por outro, em uma verdadeira revolução científica
e educacional que produza e difunda em seu meio as chamadas “tecnologias apropria‐
das” para este Bioma exclusivo do Nordeste brasileiro.
Desde 2003, o Governo Federal empreende um grande esforço para viabilizar esta agen‐
da, o que tem, paulatinamente, mudado a face da Região. Uma destas iniciativas é o Pla‐
no de Expansão das IFES, que veio a implantar 19 novos campi e duas novas Universida‐
des no Nordeste, “repartindo o saber e a tecnologia com toda a sociedade, com foco vol‐
tado para as necessidades e vocações econômicas de cada região”6. Já engajada nesse
processo, por meio da criação dos campi de Cuité e Pombal, a UFCG entende ser necessá‐
ria a criação do CDSA para colaborar com a consolidação dessa verdadeira “revolução”
em curso no Nordeste do Brasil, incluindo as regiões do Cariri, Sertão do Piancó e Vale do
Paraíba, diversas entre si mas típicas das três mesorregiões do semi‐árido paraibano em
suas potencialidades e vulnerabilidades. Neste sentido, tomaremos o Parecer Técnico da
Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde como “mote” da proposta da
Universidade Federal de Campina Grande para o Centro de Desenvolvimento Sustentável
do Semi‐Árido:
“Segundo Barbosa, existe uma diferença entre o fenômeno natural seca e
o desastre seca. A seca, que se caracteriza pela falta de umidade, é sim‐
plesmente um fenômeno climático periódico, que se intercala com perío‐
dos mais úmidos de chuvas. O período da seca climática começa, quando
não mais temos chuvas e ele termina quando as chuvas voltam. Por influ‐
ência de eventos climáticos globais, como o ENOS, estas secas climáticas
podem ser prolongadas, e durar até mais de um ano. O desastre seca é
contínuo, pois é regido por padrões sociais, econômicos, políticos e tecno‐
lógicos, que resulta em níveis elevados de degradação ambiental e final‐
mente na desertificação. A seca climática neste contexto do desastre seca
funciona como um catalisador no agravamento das condições dos padrões
do desastre seca.
A diferença entre o desastre seca e a seca climática está no fato de que,
quando a seca climática termina e começa o período úmido, as questões
sociais, econômicas, políticas e tecnológicas que afetam diretamente a
população pobre rural não terminam, eles continuam. Podem ser minimi‐
zados pelas chuvas, mas não diminui a vulnerabilidade dos indivíduos, ao
6
BRASIL. Expansão das Universidades Federais: o sonho se torna realidade! Brasília, MEC, 2006.
11
contrário, elas podem até piorar, porque nem sempre a estação das chu‐
vas traz lucro, em termos de colheita, ao homem do campo. As vulnerabi‐
lidades sociais, econômicas e tecnológicas do homem rural e os processos
de degradação ambiental e desertificação vêm se agravando ao longo dos
anos.
Os programas emergenciais dos governos Federal e Estaduais do Nordeste
não conseguiram mudar substancialmente este quadro. Dessa maneira,
em especial, o homem rural do semi‐árido tem convivido com este cená‐
rio de desastre há muito tempo.
O desastre seca é um desastre extremo, de desenvolvimento lento, contí‐
nuo, progressivo e duradouro, que como um câncer, corrói a vida e o
meio ambiente. A seca climática não tem como ser combatida, mas o de‐
sastre seca sim.
Também sobre essa questão, João Suassuna diz que “Já é mais do que sa‐
bido que as secas do Nordeste são periódicas e, enquanto fenômeno na‐
tural, não há como combatê‐las. Todavia, os seus efeitos podem ser en‐
frentados com tecnologias apropriadas, tornando possível a convivência
do homem com o meio árido”7.
Ora, o espaço rural é um local desafiador para o ensino universitário. Por um lado, é um
espaço no qual a universidade encontra dificuldades para se inserir e, por outro lado, a‐
briga populações fortemente marginalizadas. No âmbito da realidade nordestina, especi‐
almente para a massa de camponeses que habitam sua extensa região semi‐árida, esse
duplo dilema atinge seu paroxismo: os jovens rurícolas têm dificuldades de toda ordem
para chegarem às universidades implantadas nos grandes centros urbanos, as quais, mal‐
grado o processo de pesquisa sobre o desenvolvimento que implementam, também en‐
contram muitos entraves para difundi‐lo para os principais interessados.
De fato, ainda que atualmente haja pesquisas técnico‐científicas, políticas públicas e a‐
ções de organizações civis voltadas para o fomento da agricultura familiar no Brasil, a dis‐
seminação dessas iniciativas entre os principais interessados é limitada em decorrência,
fundamentalmente, da falta de um espaço de intercâmbio de experiências entre os agri‐
cultores familiares e suas lideranças com cientistas, professores, técnicos, organizações,
instituições e demais agentes devotados à reflexão, à elaboração e à implementação de
políticas e ações para o desenvolvimento rural sustentável. O que torna essa realidade
ainda mais dramática é que a falta de um espaço desse tipo aprofunda o lapso educacio‐
nal dos jovens rurícolas que optam por assumir a administração do estabelecimento fami‐
liar, base da economia camponesa e condição para a reprodução de sua identidade cultu‐
ral, sustentáculos fundamentais de um modo de vida cuja preservação e fomento são
estratégicos para o desenvolvimento sustentável das populações do semi‐árido.
Note‐se, além do mais, que as tentativas de desenvolvimento experimentadas no semi‐
árido brasileiro fundamentaram‐se historicamente em premissas de exploração que igno‐
ravam os limites da sustentação sócio‐ambiental da região. Essas tentativas padeceram e
têm padecido das mais diversas frustrações. Sua incapacidade em promover a construção
7
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/parecer_tecnico_seca.pdf (acessado em 23/05/2008).
12
de eqüidade social, buscando reduzir as enormes diferenças entre os ricos e os pobres,
sejam elas no acesso a renda, moradia, educação, saúde, etc fracassaram. As explorações
inadequadas desempenharam papel significativo na destruição dos recursos naturais e a
supervalorização dos produtos e serviços oriundos de outras culturas e sua negligência
frente à desvalorização e a perda do prestígio da cultura local.
Assim, torna‐se primordial o cultivo do “capital cultural” dos atores sociais vinculados à
agricultura familiar no semi‐árido – contingente populacional predominante na região –,
de maneira que eles possam se constituir em sujeitos do desenvolvimento local sustentá‐
vel. Faz‐se então necessária a implementação de ações pedagógicas no sentido de formar
e capacitar esses atores para transformá‐los em agentes multiplicadores das experiências
construídas, tendo como pano de fundo a elaboração e implantação de projetos produti‐
vos que visem a sustentabilidade regional.
É para colaborar na efetivação desse intento que a UFCG propõe a implantação do Cam‐
pus de Sumé, tendo como compromisso primordial contribuir para o desenvolvimento
rural sustentável, promovendo uma agricultura familiar autônoma através do resgate e
do cultivo do ethos camponês entendido como base da identidade, fonte da auto‐estima
e vetor da autodeterminação dos agricultores familiares, e, por outro lado, uma formação
voltada para as necessidades e interesses desses atores sociais. Este processo deve ser
construído por intermédio da difusão e crítica da informação sobre a produção técnico‐
científica, as políticas públicas e as ações devotadas ao fomento da agricultura familiar e
por meio do debate sobre processos produtivos, de gestão e organização social apropria‐
dos às suas peculiaridades culturais, sociais, políticas, econômicas e ambientais.
O desafio, portanto, é construir um espaço permanente que contribua para a elaboração
e implementação de um verdadeiro projeto de desenvolvimento sustentável para agricul‐
tura familiar nordestina, contemplando as políticas públicas para o setor, baseando‐o na
interação entre as perspectivas, interesses e projetos dos agricultores familiares e de suas
organizações com o referencial teórico, analítico e prático das disciplinas universitárias.
Por outro lado, também se tenciona propagar o conhecimento e as experiências produzi‐
dos em seu âmbito, verticalizando o processo pedagógico por intermédio da formação de
pesquisadores e educadores capazes de articular o novo conhecimento adquirido ao sa‐
ber e à prática dos camponeses e difundi‐lo em seu meio social.
13
CON
NTEXTUALLIZAÇÃO
O Se
emi‐Árido
Conssidera‐se co
omo região semi‐áridaa aquela qu
ue possibilitta o desenvvolvimento de uma
cobeertura vegettal mais ou menos con ntínua, com mo a caatingga, a savana ou a este epe, mas
que não permite o cultivo dde plantas aanuais de m maneira reggular e com boa produttividade,
em ddecorrência da baixa pluviosidadee e da má distribuição das chuvass. Outras caracterís‐
ticas apresentad
das são a necessidade de irrigaçãão complem mentar para as culturass anuais,
a ocoorrência de secas perió
ódicas, vegetação xeró ófila, solos pobres em matéria orgânica e
geralmente rico os em cálcio
o e potássioo, porém, no geral, com m desequilííbrio iônico o para os
demais elementos essenciais além de
d numerossas e exten nsas manch has salinizadas8. As
ões semi‐áriidas podem
regiõ m ser quentees ou frias cconforme seejam tropicaais ou temp peradas.
Em suma,
s diz‐see que uma região é semi‐árida quando
q a precipitação
p o pluviométtrica fica
abaixxo dos 800 mm/ano, aapresentando freqüen nte ocorrência de secaas, solos pobres em
matééria orgânicca e tendênccia a salinização e rios intermitenttes9.
O Se
emi‐Árido B
Brasileiro
O Seemi‐Árido Brasileiro loccaliza‐se pree‐
dominantementte no interrior do No or‐
destee, atingindoo a costa no
n litoral see‐
tentrrional do Rio Grande do Norte e n no
litoraal cearensee. Compreeende uma i‐
menssa área, quee correspon nde a 54% d da
Regiãão Nordestee (quando sse computa a
área do Estado do Maranh hão, localiza‐
do na zona de ttransição entre o cerra‐
do e a Amazônia) ou 74% ((excetuando o‐
se o Maranhão o), e cerca de 10% da
d
supeerfície brasileira, ocorrrendo em 08
0
dos 09
0 estados nordestino os e uma pee‐
quen na parte do norte de M Minas Geraiis,
localizado na região
r Sudeeste brasileei‐
ra10.
Em 10
1 de marçço de 2005,, o Ministérrio
da Integração Nacional instituiu um ma
novaa delimitaçãão do Semi‐Árido Brasi‐
leiro,, tomando‐‐se por basse três critté‐
rios técnicos: precipitação
p o pluviométtri‐
ca média
m anual inferior a 800 milím
me‐
8
MEND
DES, B. V. “O Sem
mi‐árido Brasileiro
o”. Anais 2º Cong
gresso Nacional ssobre Essências N
Nativas. V. 4. p 3994‐399. São Paulo
o, 1992.
9
MEND
DES, B. V. Biodiveersidade e Desenvvolvimento Susteentável do Semi‐áárido. Fortaleza: SSEMACE. 108 p. 11997.
10
MENNDES, B. V. “O Seemi‐árido Brasileiiro”. Anais 2º Co
ongresso Nacionaal sobre Essência
as Nativas. V. 4. p 394‐399. São Paulo, 1992;
SCH
HENKEL, C.S.; MATTALLO Junior, H. Desertificação. BBrasília, UNESCO,, 1999, 88p.
14
tros; índice de aaridez de até 0,5, calculado pelo b
balanço hídrrico que relaciona as precipita‐
ções e a evapottranspiração o potencial,, no períodoo entre 196
61 e 1990; ee risco de se
eca mai‐
or qu
ue 60%, tom mando‐se po 990.11
or base o peeríodo entrre 1970 e 19
Com essa atuallização, a área
á do Sem
mi‐Árido Brrasileiro aum
mentou de 892.309 km²
k para
969.5589 km², sendo
s comp posta por 1.133
1 municípios dos Estados do o Piauí, Ce
eará, Rio
Grannde do Nortte, Paraíba, Pernambucco, Alagoass, Sergipe, B Bahia e Nortte de Minass Gerais,
totalizando umaa população o de 20.8588.264 milhõ ões de pesssoas, 44% d destas resid dindo na
zona rural.
É um
ma região muito
m vastaa, com elevvado grau de
d pobreza,, possuindo o área e po
opulação
maioores do quee as de muitos países ee é conside erada o espaço semi‐árido mais p populoso
do MMundo. Difeerencia‐se d das outras regiões pobrres do Brasil por possu uir sérias lim
mitações
de cllima e solo,, com ocorrrência de seecas e relatiiva escassezz de recursos naturais, fatores
que ddeterminam m os princip pais problem mas da regiãão, que atinngem princiipalmente o os traba‐
lhadoores sem teerra e os m minifúndios de autocon nsumo, proovocando prroblemas so ocioeco‐
nômicos graves com conseeqüente expulsão de p parte signifficativa da p
população p para ou‐
tras regiões do País. Ecologicamente, é uma área muito deevastada, deevido à lutaa secular
que oo colonizador enfrentaa com a natureza na tentativa de ssobrevivênccia.
Para o Conselho o Nacional dda Reserva da Biosferaa da Caatinga (CNRBC)), o Nordestte Semi‐
Áridoo, o Polígon
no das Secaas, a Região Semi‐Árid
da do Fund
do Constitucional de Financia‐
F
mentto do Nordeste – FNE e o Bioma Caatinga sãão categoriaas com idên ntica sinonímia, por
trataarem de pro oblemas com m raízes sem melhantes: as secas e a fragilidad
de econômicca e am‐
bienttal dos espaços submeetidos à esccassez e à d distribuição
o irregular d
das chuvas em am‐
plas porções do território d do Nordestee. Embora p pequenas, ssão considerráveis as differenças
entree essas cateegorias, com mo ocorre com a ênfaase concediida ao man nejo controllado dos
recursos naturais12.
O seemi‐árido apresenta
a a maior a‐
brangência físiico‐territorial de quee
outro os espaços naturais que
q conforr‐
mam m o Nordestte brasileiro o. No entan‐
to, encontra‐se
e quase todo no emba‐
sameento cristalino e sob forte
f irregu‐
laridaade climáttica. Constaata‐se tam‐
bém que o climma e a qualidade das
terraas apresenttam limitações muito o
fortees para o desenvolvvimento dee
atividdades de cuunho agropecuário quee
possam compeetir com os o produtos
oriunndos de outtras regiõess. A não ser
em algumas
a áreeas específficas, e con‐
tando com sign nificativos investimen‐
tos em tecnolo ogia, a produtividadee
agríccola é baixa e a produçãão incerta.
h
http://www.dca.ufcg.e
edu.br/clima/mapas/neanop.jpg
11
BRASSIL. Nova delimita
ação do Semi‐Ári
rido Brasileiro. Brrasília, Ministério
o da Integração Nacional, 2005.
12
CNRB
BC. Cenários para
a o Bioma Caatin
nga. Recife, SECTMA. 283 p il. 200
04.
15
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a maior parte do Semi‐Árido tem características
fisico‐ambientais que limitam seu potencial produtivo, como a evapotranspiração eleva‐
da, ocorrência de secas, solos de pouca profundidade, alta salinidade, baixa fertilidade e
capacidade de retenção de água reduzida. Nesta região se encontram os indicadores so‐
ciais mais alarmantes do Brasil. Como já foi ressaltado, o clima é o seu elemento mais
marcante, com um regime pluviométrico variando de 400 a 800 mm/ano, com distribui‐
ção espacial e temporal muito irregular (coeficiente de variação = 30%), apresentando
algumas áreas com média de 250 mm e outras com médias superiores a 1.000 mm. A
pluviosidade é considerada não muito baixa (500 mm em média), no entanto o balanço
hídrico é considerado deficitário devido à elevada evaporação, que chega a ser até quatro
vezes superior à precipitação. As chuvas geralmente são torrenciais e irregulares no tem‐
po e no espaço com ausências prolongadas ocasionando o fenômeno da seca climática.
Ocorrem duas estações bem distintas: uma curta estação chuvosa de 3 a 5 meses no pri‐
meiro semestre do ano, ou “inverno”, e uma longa estação seca de 7 a 9 meses, podendo‐
se alongar por 18 meses ou mais, ou “verão”. As temperaturas médias anuais são eleva‐
das (23° a 27°C) e apresentam amplitudes térmicas diárias de 10°C, mensais de 5 a 10°C e
anuais de 1° a 50°C. A insolação apresenta média anual de 2.800 horas/ano; a umidade
relativa média anual é de 50% e a evaporação média anual é de 2.000 mm/ano.
Quanto aos aspectos hidrogeológicos, a região está basicamente caracterizada por dois
substratos: terrenos cristalinos, praticamente impermeáveis, ocupando 50% da área, e
terrenos sedimentares bastante dissecados, que influem decisivamente nos volumes de
água economicamente exploráveis. Os solos são predominantemente pouco desenvolvi‐
dos, rasos e pedregosos, em relevo variando de suave a acentuadamente ondulado, com
baixa capacidade de armazenamento de água.
A cobertura vegetal, embora de predominância xerófila, é extremamente diversificada,
identificando‐se para o Semi‐Árido a formação predominante conhecida como Caatinga.
Segundo a diversidade de fatores ecológicos localizados, encontram‐se outras comunida‐
des, tais como Cerrados, Matas Secas e Matas Ciliares. A fauna local é dominantemente
formada por animais de pequeno porte e de hábitos notívagos. Sua diversidade,
enquanto restrita pela adversidade climática, é estimulada pela heterogeneidade de
micro habitantes existentes na região. Atualmente, além das já extintas, muitas espécies
se encontram ameaçadas de extinção, fruto da caça predatória e de subsistência, dos
desmatamentos e queimadas que destroem suas áreas de nidificação e alimentação,
alterando profundamente seu nicho ecológico.
Para G. Duque, “a ecologia do xerofilismo, típico dessa caatinga, explica a falta dos capins,
porque esses são menos resistentes à seca do que os arbustos e demonstra a sobrevivên‐
cia das plantas lenhosas com as reservas de nutrientes e da água nas raízes e nos caules,
cujo exemplo clássico e o imbuzeiro. Perdendo as folhas no verão para economizar a água
das seivas, a vegetação fornece ao gado, no chão, o feno natural das folhas secas, ricas de
proteínas e de sais minerais. No verão, o panorama é cinzento‐escuro, oferecendo uma
natureza morta. Com as primeiras chuvas, há mobilização das reservas, formação de fo‐
lhas; o ambiente torna‐se verde e, numa semana, completa‐se a ressurreição”13.
13
DUQUE, J. Guimarães. O Nordeste e as lavouras xerófilas. Fortaleza, Banco do Nordeste do Brasil, 2004 [1949], p. 124.
16
de gerações e com uma relação extremamente paternalista com o Estado. Isto resulta em
práticas sociais e políticas ambíguas, se comparadas com aquelas relativas às populações
urbanas modernizadas pelo mercado e pelo acesso livre às informações16.
De um lado, essa ambigüidade reflete‐se numa constante busca por “proteção” junto ao
aparelho estatal e a seus representantes e, de outro, por uma recorrente dificuldade em
absorver as informações técnicas disponíveis e geradas pelo próprio aparelho estatal (U‐
niversidades, Centros de Pesquisa, etc.), para a solução dos seus problemas. Soma‐se a
isto um relativo crescimento dos setores rurais ligados à grande produção de exportação
ou ligados a setores urbanos que pressionam pelo estabelecimento de políticas que, qua‐
se sempre, são contrárias aos interesses dos setores tradicionais.
As oscilações climáticas no semi‐árido geram, além dos desajustes na economia, graves
problemas sociais e redução da qualidade de vida da população. De fato, a expectativa de
vida, embora incrementada, permanece em 51 anos. O êxodo rural foi muito alto na dé‐
cada de 70/80, com cerca de 4,6 milhões de pessoas deixando o campo e indo para as
cidades, fazendo com que a distribuição da população rural/urbana apresentasse, pela
primeira vez, um predomínio urbano. Dados dos censos de 1990 e 2000 apontam para
taxas alarmantes de movimentos migratórios, pois a população rural nordestina decres‐
ceu de 39% para 30%, o que representa um êxodo rural de cerca de 2 milhões de pessoas.
As dificuldades em implementar as melhores opções de convivência com a seca e a au‐
sência, até 2003, de políticas públicas permanentes com enfoque social e de ações dura‐
douras também são fatores que contribuem para o agravamento da realidade do Semi‐
Árido. Atualmente são muitas as informações sobre a degradação da Caatinga, mas pouco
se sabe sobre o aproveitamento econômico da biodiversidade existente nessa vegetação,
como, por exemplo, as espécies que poderiam ter valor no mercado e os impactos ocasi‐
onados pela desertificação para as grandes cidades. A falta desses conhecimentos ofusca
as riquezas existentes, que poderiam ser exploradas para conquistar o seu desenvolvi‐
mento sustentável, respeitando suas limitações naturais.
Assim, a questão ambiental no Nordeste Seco, é antes de tudo uma questão socioeconô‐
mica com soluções estritamente dependentes de decisões políticas. E, por isso mesmo, é
também fundamental para o sucesso que as discussões e as propostas encaminhadas
envolvam todos os níveis de decisão da sociedade. Nesse sentido, a disseminação do co‐
nhecimento é necessária, pois permite que toda a sociedade participe mais efetivamente
nos processos de tomada de decisão para assegurar uma proposta justa de desenvolvi‐
mento. Nas condições de semi‐aridez e com a forma tradicional de relacionamento com o
ambiente existente, qualquer tentativa de desenvolvimento estará subjugada aos meca‐
nismos de regulação natural. É necessário romper essa dominação climática por meio de
uma C & T “apropriada”, e é preciso conhecer mais as relações estabelecidas entre os
sistemas sócio‐culturais e os fatores ecológicos da aridez. Isto facilitará e sustentará as
alternativas propostas de manejo de recursos naturais junto aos valores culturais locais.
É para contribuir com esse processo, que a UFCG propõe a criação do Centro de Desen‐
volvimento Sustentável do Semi‐Árido (CDSA) na forma deste Projeto.
16
LIMA, J.R. de; RODRIGUES, W. Estratégia de combate à desertificação. Módulo 18 do Curso de Especialização em Desenvolvimento
Sustentável para o Semi‐Árido Brasileiro. Campina Grande, UFCG/ABEAS, 2005, 55p.
18
Aspe
ectos Amb
bientais do Semi‐Árid
do Paraibano
http://www..aesa.pb.gov.br/geopro
ocessamento/geoportaal/mapas.html
17
www
w.taperoa.com/in ndex apud PEREIRA, Daniel Duarrte. Cariris Para
aibanos: do Sesm
marialismo aos A
Assentamentos da Reforma
Agrrária. Raízes da D
Desertificação? TTese de Doutoram
mento. PPGRN/CTTRN/UFCG. Camp pina Grande, 20088.
18
SUDEEMA/SEBRAE. Política estadual dee controle da dessertificação. João
o Pessoa, 2002. V
Vol. 1, 28p.
19
Na Paraíba, a árrea degradaada seria dee 2.106.100 hectares. P Para os solo
os Litólicos ((Neosso‐
los) o
o nível de degradaçãoo seria acen
ntuado paraa os relevo
os ondulado
o, forte ond
dulado e
montanhoso e d de sensibilid
dade à erossão muito fo orte. Esses solos ocupaariam cercaa de 10%
da Região Semi‐‐Árida e 2% % do Nordesste. Esta de egradação o ocorreria co
om maior in ntensida‐
de naa Depressão o do Alto Piiranhas, Carriri, Agreste
e da Borboreema, Curimmataú e Alto o Sertão.
Na elaboração
e da Política Estadual de Controle da Desertificação a SUDEMA ideentificou
como o problemaas de ordem m fundiária: diferençass econômicas entre peequenos, grrandes e
médios proprietários, ausêência de caapacitação, sensibilização e asso ociativismo, relação
mínimma entre parceiros, m meeiros, arreendatários e proprietáários e aumeento da agrriculturi‐
zaçãoo e pecuarização. Com mo problemaas de ordem m social/culltural foramm citados baaixa qua‐
lidad
de de vida, difíceis conndições de sobrevivência; aposen ntadoria, an nalfabetismo, posse
da teerra vs. dem
manda na moderna agroecologia e e hábitos arraigados dee uso da terra19.
Para o Estado, ffoi encontraado um graau de risco ou vulneraabilidade m muito alta em áreas
totaiis de municcípios, em 2
2 Mesorregiões (Borbo orema e Serrtão), envolvendo sete e Micror‐
ões (Seridó Ocidental, Seridó Orriental, Cariiri Ocidentaal, Teixeira,, Catolé do
regiõ o Rocha,
Sousa e Patos) ee 34 municíípios para uuma
área de 10.362 km² e uma população o de
301.5589 habitanntes.
Já para uma susceptibilid
s dade alta em
área total de mmunicípios, fforam envo olvi‐
das 3
3 Mesorreggiões (Borbo orema, Serrtão
e Aggreste), onnze Microrrregiões (Caariri
Ocidental, Carirri Oriental, TTeixeira, Caato‐
http://www.asabrasil.org.br/int_interface/default_exibir_conteudo.asp?CO_TOPICO=1200
lé do
o Rocha, So
ousa, Patos,, Piancó, Caaja‐
zeiraas, Curimataú Ocidenttal e Camp pina
Gran nde), envo olvendo 74 4 municípios,
numa área totaal de 22.7998,3 km² on nde
vivemm 544.878 p pessoas.
Na caategoria dee risco ou vu ulnerabilidaade
alta, área parciial de mun
nicípios, forram
envoolvidas 2 Mesorregiõ
M ões (Sertão o e
Agreste), oito Microrregiões (Teixeeira,
Pianccó, Cajazeiras, Itaporaanga, Curim ma‐
taú Ocidental, Campina Grande,
G Esspe‐
rançaa e Umbuzeiro), totaliizando 13 mu‐
m
nicíp
pios, 5.322,6 km² e 548.0823 haabi‐
tantees.
Em suma,
s maiss da metade dos mun nicí‐
pios da Paraíbaa (121, no total)
t estão
o si‐
tuados em zonaas bastante vulneráveiss à desertificação, totaalizando um ma área de 3
38.483,8
km² (68,01% do o Estado), ccom 1.395.2 290 habitanntes (41,60%% do estaddo). Estimou
u‐se que
em 332.109 km² (57,06% do o Estado) a situação é ggrave e em m 8.320,0 km
m² (14,76% do Esta‐
do) aa situação éé muito gravve, perfazen ndo um totaal de 40.429
9 km² ou 71
1,82% do Esstado.
19
SUDEEMA/SEBRAE. Op
p. Cit.
20
O Te
erritório do
o Cariri Parraibano
Geoggrafia
O Cariri é uma m microrregião do Estado o da Paraíbaa localizadaa na franja o ocidental do o planal‐
to daa Borborem ma, “a porçãão central, rreferente ao o estado daa Paraíba, d da mais notáável uni‐
20
dadee geomorfollógica do No ordeste” , assim descrito pelo IBGE:
“O
O Planalto o da Borrborema
co
ompreende um conju unto es‐
tru
utural que se estende e do es‐
tado de Alaggoas ao Rio Grande
doo Norte, onde as differencia‐
ões geomorfológicas revelam
çõ
differentes esstágios de evolução
e
dee relevo, decorrentes das in‐
terferências tectônicas combi‐
naadas as mo odificações climáti‐
cas sub‐atuaiis e atuais. As alti‐
metrias destta área variam de
2000 a 300 m., ultrap passando
poouco mais d de 1.000 me etros em
algguns locais.. As áreas mmais ele‐
vaadas correspondem àss cristas
métricas e aassimétricas, linhas
sim
dee cumeadass e blocos serranos.
Ass altitudes intermediárias, em
torno de 500‐600 metros, são
enncontradas, sobretud do, em
co
ompartimen ntos aplainados,
geeralmente liimitados po or escar‐
paamentos e nível mais baixo,
disssecado emm formas convexas
c
http
p://www.plantasdonordeste.org/Livro/sumaario.htm e aguçadas, além de relevos
resid
duais. As feições são fo ormadas po or rochas p pré‐cambrianas e paleo ozóicas representa‐
por granitoss, filitos e quartizitos entre outrass. A rede de drenagem de caráter intermi‐
das p
tentee apresentaa um padrão o radial cen ntrífugo, adaptado à teectônica dominante, re essaltan‐
do os rios Ipojuca, Una, Jacuípe e Parraíba, dirigid dos para o Atlântico ee os Ipanem ma e Mo‐
xotó,, que correem em direeção ao São o Francisco, e outros que se diriigem para o norte,
comp pondo as baacias dos rio os Paraíba ee Capibaribe e”.
Com relação à ccobertura vegetal, a árrea explorávvel na Mesoorregião daa Borborema (Paraí‐
ba) ffoi estimadaa em cerca de 840.7555 hectares, identificand
do‐se cerca de 26.830 h hectares
21
de Preservação Permanente. O estoqque médio é de cerca de 88,27 sst /ha e o estoque
total para mais de 75.827.172 st, o suuficiente paara 105 anoos, estimando‐se um cconsumo
20
MOR
REIRA, E. de R. F.(org.). Mesorregiõ
ões e Microrregiõ
ões da Paraíba: delimitação e caraacterização. João Pessoa: GAPLAN, 1988.
21
st = significa a lenha empilhada nas d
dimensões de 1m x 1m x 1m.
21
anuaal de 721.422 st/ano. Para o Cariri Ocidental a área explorável encontrada foi de
375.4 410 hectarees e a proddução sustentável de 8 828.822 st/aano. No balanço anual, se en‐
controu para esssa Microrrregião uma produção aanual de 15 5.571 st/anno onde 98,,7 % são
expoortados. Esttimando‐se um estoqu ue de 36.05
59.551 st, a disponibiilidade de recursos
22
seriaa de 120 anoos para o Caariri Ociden
ntal .
Composta, segu undo o IBGEE, por 29 municípios, o o Cariri (quee é dividido em duas m microrre‐
giõess: Cariri Ocidental e Caariri Orientaal) ocupa um
ma área de 11.233 km² e, segundo o cen‐
so dee 2000, posssui uma po opulação dee 173.323 h habitantes, apresentan ndo uma de ensidade
demográfica dee 15,65 habitantes por km². Localizada em p plena “diago onal seca”, onde se
obseervam os meenores índicces de preccipitação plu uviométricaa do semi‐árido brasileiro, com
médias anuais h históricas in
nferiores a 4400 mm, se eu clima reggional (Bsh) caracteriza‐se por
elevaadas tempeeraturas (mmédias anuaais em tornno de 26°CC), fracas am
mplitudes térmicas
t
anuaais e chuvas escassas, m muito conceentradas no o tempo e irrregulares.
Cariri Ocid
dental Cariri Orieental
No CCariri Paraib bano, a natureza edáfiica é de “so olos salinoss, em alguns casos rasos e pe‐
dregosos que reefletem sob bre a ativid
dade agrícoola e a ocup
pação do espaço, que mesmo
senddo de povoaamento aprroximado de d 350 anoss, apresentaa baixos índdices de deensidade
popu ulacional. A
A base da produção mineral é ao o norte e a agropecuária, de fracco rendi‐
mentto. Já se deestacaram cultivos
c inddustriais com
mo o sisal e
e o algodão
o arbóreo, além de
ciclos de irrigaçãão em Sumé, Boqueirãão, Congo e Camalaú, ccom ênfase para as culturas do
tomaate e pimen ntão. O creescimento da d pecuária extensiva, resultante principalm mente da
extin
nção destas e de outras culturas, propiciou aa expansão de culturass de suporte e (ao su‐
23
destee), tipo palmma forrageira e capim buffel” .
A composição florística dos Cariris é h
heterogêneea24 e uma ddas caracteerísticas da área é a
grande densidade de cactááceas e bro omeliáceas qque se intercalam a árrvores típicas, algu‐
mas das quais sse repetem com freqüêência, comoo as Juremaas (Mimosa a SP), o Pereeiro (As‐
22
PNUD
D/FAO/IBAMA/GOVERNO DO ESTTADO DA PARAÍBA
A. Diagnóstico do
o Setor Florestal do Estado da Pa
araíba. João Pesso
oa, 1994.
23
MOR
REIRA, Op. Cit.
24
Cf. CA
ABRAL, Elisa Marria (org.): Os Carirris Velhos da Parraíba. João Pesso
oa, Editora Univerrsitária da UFPB // A União Editora, 1997.
22
pidosperma pyrifolium Mart.) e a Catingueira (Caesalpinia pyramidalis Tul.). Algumas ár‐
vores apresentam uma distribuição mais esparsa, como a Favela (Cnidosculus quercifoli‐
us), o Umbuzeiro (Spondias tuberosa Arr.), o Mulungu (Erythrina velutina Wild.) e o Jua‐
zeiro (Ziziphus joazeiro Mart.). Já a vegetação de ervas e arbustos rasteiros ocorre com
maior intensidade no período chuvoso com a ocorrência de espécies tais como Malva
(Sida galheirensis Ulbr.); Mela–Bode (Herissanta tiubae K. Schum. Brizick); Ervanço (Alter‐
nanthera tenella Colla) e Marmeleiros e Velames (Croton sp.). Dentre as espécies arbó‐
reo‐arbustivas que preservam as folhas o ano inteiro, destaca‐se o Juazeiro.
Como ressalta Guimarães Duque, “Ecologicamente os Cariris são uma caatinga alta, de
altitude de 400 a 600m, composta de espécies espinhentas, de pequeno porte, de caules
duros (exceto as cactáceas), unidas, densas ou fechadas, onde o chão é coberto de ma‐
cambiras, de coroás e tillandsia, entremeadas de arbustos lenhosos e retorcidos e das
árvores típicas do umbuzeiro (Spondias tuberosa), cardeiro Cereus peruvianus, HAw), Ca‐
tingueira (Caesalpinia bracteosa Tul), Quixabeira (Bumelia sarturum) e outras. É a zona de
predileção das cactáceas devido à umidade do ar noturno”25.
Pré‐História
Região de ocupação humana imemorial, o Cariri apresenta inúmeros sítios arqueológi‐
cos26 com lajedos pintados com inscrições da “Tradição Agreste” (sub‐tradição Cariris Ve‐
lhos), de início provável há 5.000 anos antes do presente27, e furnas com cemitérios indí‐
genas apresentando muitos esqueletos, alguns envolvidos com esteiras de caroá28. O ma‐
terial lítico também é abundante, predominando machados de mão de pedra polida.
Quando da chegada dos europeus à América Tropical, o território era dominado pelos
índios Cariris, povos caçadores‐coletores falantes de uma língua do tronco Macro‐Jê, cuja
origem remonta, provavelmente, a 5 ou 6 mil anos antes do presente29. Até meados do
século XVII, a região permaneceu praticamente intocada pelos colonizadores, mas, em
1665 uma sesmaria medindo “30 léguas de terras, que começam a correr pelo rio da Pa‐
raíba acima, onde acaba a data do Governador André Vidal de Negreiros, e 12 léguas de
largo para o sul e 10 para o norte” foi concedida à família Oliveira Ledo30. Entre 1668 e
1691, Domingos Jorge Velho e seus terços de campanha correram os sertões das capita‐
nias de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte após terem desbaratado o Quilombo
de Palmares, empenhando‐se na chamada “guerra dos bárbaros”31, “a cruenta campanha
contra os tapuais brabos”32 que viria a prefigurar uma das duas rotas da frente de expan‐
25
DUQUE, Op. Cit., p.124.
26
Cf. ALMEIDA, Ruth Trindade de: A arte rupestre nos Cariris Velhos. João Pessoa, Editora Universitária da UFPB, 1978; CABRAL, Elisa
Maria (org.): Os Cariris Velhos da Paraíba. João Pessoa, Editora Universitária da UFPB / A União Editora, 1997.
27
Cf. MARTIN, Gabriela: Pré‐História do Nordeste do Brasil. 3ª edição atualizada. Recife, Editora Universitária da UFPE, 1999.
28
Cf. RIETVELD, Pe. João Jorge: Na sombra do Umbuzeiro: história da paróquia de São Sebastião do Umbuzeiro. João Pessoa, Imprell,
1999, p. 37.
29
Cf. URBAN, Greg. “A história da cultura brasileira segundo as línguas nativas”, in CUNHA, Manoela Carneiro da (org.), Historia dos
índios no Brasil. São Paulo, Companhia das Letras, 1998, p. 90.
30
Cf. JOFFILY, Irenêo: Notas sobre a Paraíba. Fac‐símile da primeira edição publicada no Rio de Janeiro, em 1892, com prefácio de
Capistrano de Abreu. Apresentação e observações de Geraldo Irenêo Joffily. Brasília, Thesaurus Editora, 1977, p. 346.
31
PUNTONI, Pedro: A guerra dos bárbaros: povos indígenas e a colonização do sertão nordeste do Brasil, 1650‐1720. São Paulo, Huci‐
tec / EdUSP / Fapesp, 2002.
32
JOFFILY, Op. Cit, p. 347.
23
são pecuária que devassaram os sertões nordestinos33.
História Social
No último quartel do século XVII, os Oliveira Ledo – assim como os potentados da Casa da
Torre – iniciariam o processo de ocupação dos “sertões de fora” movimentando numero‐
sas boiadas a partir da margem esquerda do São Francisco e chegando a corrente povoa‐
dora, segundo Basílio de Magalhães, até o sul do Ceará e do Maranhão em 169034. O pro‐
cesso foi de tal maneira cruento que D. Filipe III chegou a dirigir uma carta régia ao Capi‐
tão mor da Paraíba em 16 de setembro de 1699, solicitando‐lhe advertir o fundador de
Campina Grande por “estranhar mui severamente o que obrou Theodosio de Oliveira Le‐
do em matar a sangue frio muitos dos índios que tomou em sua guerra”35.
Segundo Capistrano de Abreu, entretanto, malgrado a violência empregada na coloniza‐
ção sertaneja, o tipo de exploração econômica – “a criação de gado não precisava de tan‐
tos braços como a lavoura, nem reclamava o mesmo esforço, nem provocava a mesma
repugnância” –, a configuração do espaço – “abundavam terras devolutas para onde os
índios podiam emigrar” – e as características da povoação – “os primeiros ocupadores do
sertão não eram os donos das sesmarias, mas escravos ou prepostos” – ensejou a possibi‐
lidade de sobrevivência dos habitantes ancestrais: “muitos foram escravizados, refugia‐
ram‐se outros em aldeias dirigidas por missionários, acostaram‐se outros à sombra de
homens poderosos, cujas lutas esposaram e cujos ódios serviram”36.
Não há estatísticas confiáveis sobre o destino das populações ancestrais arrostadas pela
frente de expansão pecuária, mas sabe‐se que, além daqueles que resistiram fixando‐se
em recantos pouco acessíveis ou desfavoráveis à criação de gado – como, por exemplo,
os Atikum da Serra do Umã, os Pancararu e os Xucuru dos sertões do Pajeú – muitos ín‐
dios incorporar‐se‐iam ao processo produtivo, seja como vaqueiros, seja como pequenos
cultivadores de alimentos. Estes, juntamente com posseiros e foreiros que “estabeleciam‐
se com o curral e as reses no que chamavam de ‘sítio’”37 e, também, escravos quilombo‐
las que se refugiaram na região, viriam a constituir as raízes do campesinato no Cariri pa‐
raibano em plena “civilização do couro”38. De fato, o sistema de pagamento do vaqueiro
“não só permitiu o acesso à exploração, mas também à propriedade da terra aos homens
pobres livres”39, uma vez que “depois de quatro ou cinco anos de serviço, começava o
vaqueiro a ser pago; de quatro crias, cabia‐lhe uma; podia‐se assim fundar fazenda por
sua conta”40.
Tal como os “grupos de agricultores pobres autônomos”, numerosos no Nordeste orien‐
tal41, também os rústicos sertanejos mantiveram‐se “imersos e ocultos nos subterrâneos
33
ABREU, João Capistrano de: Capítulos de história colonial (1500‐1800). 7ª edição, revista, anotada e prefaciada por José Honório
Rodrigues. Belo Horizonte, Itatiaia; São Paulo, EdUSP, 1988, p. 166.
34
HOLANDA, Sérgio Buarque de: História Geral da Civilização Brasileira. Tomo I – A Época Colonial. 2º Volume: Administração, Eco‐
nomia, Sociedade. 7ª edição. São Paulo, Bertrand Brasil, 1993, p. 221.
35
JOFFILY, Op. Cit, p. 349.
36
ABREU, Op. Cit, p. 168.
37
ANDRADE, Manuel Correia de : A terra e o homem do Nordeste: contribuição ao estudo da questão agrária no Nordeste. 6ª edição.
São Paulo, Atlas, 1986, p. 148.
38
Cf. ABREU, Op. Cit, p. 170.
39
MOREIRA, Emília e TARGINO, Ivan. Capítulos de Geografia Agrária da Paraíba. João Pessoa, Editora da UFPB, 1997, p. 72.
40
ABREU, Op. Cit, p. 170.
41
Cf. PALACIOS, Guillermo: Campesinato e escravidão no Brasil: agricultores livres e pobres na Capitania Geral de Pernambuco (1700‐
24
mais recônditos da história colonial”42, mas, a partir do final do século XVIII, com a emer‐
gência da cultura do algodão (Gossypium hirsutum var. marie galante), viriam a ocupar
uma posição fundamental na economia revigorada pelo “ouro branco”. De fato, a cotoni‐
cultura requer grandes contingentes de mão‐de‐obra e, ao contrário de outras culturas de
exportação, não é incompatível com a economia camponesa, pois o algodão pode ser
cultivado em associação com as culturas de subsistência e “pelo fato do seu restolho ser
utilizado como alimento para o gado no período mais seco do ano, transformou‐se numa
atividade complementar da pecuária”43. Em virtude disso, o algodão “foi explorado tanto
pelo grande proprietário como pelo pequeno e por aqueles produtores que detinham a
posse legal da terra como foreiros e parceiros” e, desta maneira, “a combinação gado‐
algodão‐policultura, [estabeleceu‐se] como o trinômio marco da organização do espaço
agrário sertanejo paraibano até a segunda metade do século XX”44.
Uma decorrência importante do ciclo do algodão foi a consolidação do campesinato na
região, pois “do mesmo modo que no litoral, a pequena produção no sertão desenvolveu‐
se inicialmente no interior do latifúndio e dele dependente. Sua expansão acha‐se ali re‐
lacionada à expansão dos sistemas de parceria e arrendamento”45. Entretanto, com o
colapso da cotonicultura durante a segunda metade do século XX, também entrariam em
crise os sistemas de parceria tradicionais – o que redundaria na “expulsão” dos morado‐
res – e se verificaria um acentuado empobrecimento dos pequenos cultivadores.
De fato, em conseqüência dessas circunstâncias e, evidentemente, das secas freqüentes,
a região entrou num longo período de depressão econômica caracterizado, por um lado,
pela restauração do latifúndio agropecuário extensivo e, por outro, por um êxodo rural
pronunciado, uma vez que “a crescente pecuarização promove sistematicamente a expul‐
são disfarçada dos moradores, na medida em que a cultura do algodão – sua principal
razão de ser na fazenda tradicional – e a agricultura de subsistência têm que ceder espaço
às plantas forrageiras”46.
Durante as décadas de 70 e 80, enquanto minguava o cultivo do algodão, o empreendi‐
mento patronal mantinha‐se economicamente viável em função, fundamentalmente, dos
“financiamentos a fundo perdido” da SUDENE – como, por exemplo, a introdução da alga‐
roba (Prosopis sp) para produção de forragem, um dos mais desastrosos projetos produti‐
vos desenvolvidos no semi‐árido brasileiro – enquanto os camponeses pobres que insis‐
tiam em permanecer na região sobreviviam à míngua, sob o domínio inconteste dos po‐
tentados locais e sob a legislação draconiana do regime de exceção.
É neste contexto que os trabalhadores rurais do Cariri paraibano começam a se organizar.
Em fins de 1974 é fundado o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São Sebastião do Um‐
buzeiro, sob a liderança de Luiz Silva e, durante os anos 80, a Comissão Pastoral da Terra –
CPT tem atuação sistemática na região. Ao passo em que, lutando contra todas as adversi‐
dades políticas, os trabalhadores, apoiados pela CPT, avançavam na luta pelos direitos tra‐
1817). Brasília, Editora da UnB, 2004.
42
PALACIOS, Op. Cit, p. 26.
43
MOREIRA e TARGINO, Op. Cit, p. 77.
44
MOREIRA e TARGINO, Op. Cit, p. 77.
45
MOREIRA e TARGINO, Op. Cit, p. 78.
46
DUQUÉ, Ghislaine: “Estrutura fundiária e pequena produção: um estudo de caso no Cariri paraibano”. Raízes: Revista de Ciências
Sociais e Econômicas, v. 3, nº 4‐5, jan. 1984 / dez. 1985, p. 172.
25
balhistas, as lideranças consolidavam o sindicato, processo que culminaria com sua filiação
à CUT em 1985.
Durante a década de 90, em virtude da consolidação do STR de São Sebastião do Umbuzei‐
ro, do avanço dos movimentos sociais do campo em nível nacional e da crise da grande
propriedade rural no Cariri paraibano com o fim dos financiamentos da SUDENE, os traba‐
lhadores rurais da região aprofundaram a luta pela reforma agrária. Em dezembro de 1993
ocorre a desapropriação da Fazenda Santa Catarina, no município de Monteiro, que viria a
se tornar o primeiro Assentamento da Reforma Agrária do Cariri paraibano. Em outubro de
1997, como resultado direto da mobilização promovida pelo STR de São Sebastião do Um‐
buzeiro, a Fazenda Estrela D’Alva, localizada naquele município, também é desapropriada.
No mesmo ano, marcando a entrada do Movimento Sem Terra na região, ocorre a luta
bem sucedida pela desapropriação da Fazenda Floresta, no município de Camalaú e, em
1999, com a desapropriação da Fazenda Feijão, no município de Sumé, o MST consolida
sua ação no Cariri paraibano. Atualmente, segundo o INCRA, há dezessete Projetos de As‐
sentamento no Cariri paraibano, ocupando cerca de 38.000 hectares, onde vivem mais de
1.000 famílias47.
Segundo se pôde verificar na pesquisa‐ação “O Mundo Social dos Assentamentos da Re‐
forma Agrária no Cariri Paraibano”, realizada por educadores e educando do Projeto Uni‐
Campo em 200448, a criação dos assentamentos da reforma agrária no Cariri paraibano
tem promovido um verdadeiro movimento de retorno dos camponeses às suas terras,
processo que é sentido e verbalizado pelos assentados como algo extremamente positivo,
na medida em que se reconquista a autonomia perdida, componente básico do ethos
camponês, como disse “seu” João Evangelista, do Assentamento Novo Mundo:
“Como cheguei no assentamento? Pensando numa liberdade. Por‐
que quando eu vim para o acampamento, eu vim com a esperança
da moradia. E hoje eu tenho a morada, e hoje eu tenho a minha li‐
berdade. Aí a vida melhorou. Quem é um diarista alugado é o mai‐
or cativo da vida. Quando amanhece o dia, é obrigado. Até a noite
chegar, muitas vezes na noite quando acorda, (está) pensando no
que vai tomar conta amanhã... E hoje, eu não penso em nada disso.
Eu vivo feliz porque não tenho nada de ninguém pra mim tomar
conta amanhã”49
Entretanto, segundo afirmam dois pesquisadores sobre a Reforma Agrária na Paraíba, “do
ponto de vista dos trabalhadores rurais já assentados, a conquista da terra é apenas o iní‐
cio da luta pela reforma agrária”50, pois, de fato, uma vez na terra, os assentados ainda
têm numerosos desafios para enfrentar, como lutar pela garantia de um acesso republica‐
no às políticas públicas, especialmente à saúde e à educação, e ter a seu alcance um con‐
junto de conhecimentos e habilidades que o capacitem a construir um projeto de vida dig‐
47
http://www.incra.gov.br/arquivos/0277102527.pdf
48
Cf. Assentamentos do Cariri Paraibano, vídeo sobre a pesquisa‐ação. (http://www.ufcg.edu.br/~spe/tv/midia/midia.html).
49
CANIELLO, Márcio e DUQUÉ, Ghislaine, “Agrovila ou Casa no Lote: a questão da moradia nos Assentamentos da Reforma Agrária no
Cariri paraibano”, in Revista Econômica do Nordeste, Volume 37, nº 4, out‐dez, 2006, Fortaleza, Banco do Nordeste do Brasil, p.
634. (http://www.bnb.gov.br/content/aplicacao/Publicacoes/REN‐Numeros_Publicados/docs/ren2006_v37_n4_a10.pdf).
50
IENO NETO, G.; BAMAT, T. (Coord.). Qualidade de vida e reforma agrária na Paraíba. João Pessoa: INCRA, 1998.
26
na para si e suaa família, evvitando a im
mposição de “pacotes”” tecnológicos impróp prios, seja
para as condiçõ
ões ambientais do sem
mi‐árido, sejja para as aaspirações e qualidade
e de vida
dos aassentados..
Os asssentados dda reforma agrária no C Cariri, portaanto, são caamponeses outrora exp pulsos de
suas terras, no que se convvencionou chamar de “êxodo rurral”. Esse esstrato da po opulação,
entreetanto, é appenas partee do povo ddo campo e estabelecidaa na região,, uma vez q que, além
das 1
1.000 famílias assentad das, há 12.5
500 estabele ecimentos rrurais de aggricultura faamiliar51.
É parra esse púbblico, que see insere num universo
o social de m
mais de 4.500.000 fam
mílias nor‐
destiinas, que é destinado oo Centro dee Desenvolvimento Sustentável doo Semi‐Árido
o.
Histó
ória Econôm
mica
O Cariri paraibano é a regiãão mais secca do Brasil. Aliada aoss fatores naturais como o a rare‐
façãoo e irregulaaridade de cchuvas e a temperatura elevada, a ação anttrópica – co om a ex‐
ploraação da peccuária exten nsiva, da aggricultura e o corte seletivo de árrvores para lenha e
carvãão – tem co ontribuído ppara uma d degradação acelerada desse ecosssistema. De e acordo
com um estudo o interdiscip
plinar recennte, “o uso inadequado o do solo e os modelo os de de‐
senvolvimento regionais que
q visam à à obtenção o de resultaados imediaatos são ass causas
princcipais do aumento das áreas desertificadas na região”52. .
http://www.aesa.p
pb.gov.br/geoprocessaamento/geoportal/mapas.html
51
Cf. M
MDA, Atlas Territtórios Rurais, 20
004, p. 28 (http:///www.mda.gov.b
br/sdt/arquivos/b
b_Perfil_Socio‐Ecconomico_I.pdf aacessado em
30//03/2008).
52
CABR
RAL, Op. Cit.
27
Este fenômeno estaria, então, contribuindo diretamente para o crescimento da miséria e
da migração de milhares de pessoas para os centros urbanos, surgindo daí a necessidade
de encontrar alternativas para o desenvolvimento dos Cariris e a preservação dos seus
recursos naturais.
A região dos Cariris Paraibanos é notadamente a de antropização mais antiga no que se
refere ao processo de interiorização da então Capitania Real da Parahyba do Norte. Os
primeiros contatos com a região por parte dos colonizadores parecem ter sido realizados
a partir das nascentes do Rio Sucurú, localizadas no município de Ouro Velho, quando o
pioneiro Antonio de Oliveira Lêdo, vindo da Capitania da Bahia, e atravessando a Capita‐
nia de Pernambuco, subindo o Rio São Francisco e acompanhando os seus afluentes, su‐
biu o Rio Pajeú, encontrando as serras que dividiam as duas capitanias.
Entretanto, destacou‐se no Cariri Paraibano o Ciclo da Pecuária, denotado pela necessi‐
dade de criação dos “gados”, necessária para o empreendimento colonial, especialmente
para fazer face às necessidades das populações urbanas e dos latifúndios monocultores
situados na Zona da Mata Nordestina. Transcorridos 345 anos, perdura, ainda, a atividade
pecuária na região com mudança gradual da pecuária bovina para a pecuária caprina e
ovina.
A região também presenciou vários processos de antropização, localizados ou generaliza‐
dos, de curto espaço de tempo ou presentes até os dias atuais e muitas vezes denomina‐
dos “ciclos”, tais como o do algodão, do sisal, do caroá e da irrigação53. Segundo Pereira,
nos dias atuais podem ser identificados outros “ciclos”, como o da palma forrageira, o
dendroenergético (lenha e carvão) e o da Reforma Agrária54.
Nesta ocupação houve sempre um paradoxo: a pecuarização e a agriculturização devora‐
vam centenas e centenas de hectares de caatinga, modificando adversamente a paisa‐
gem, enquanto das matas remanescentes advinham os recursos da vida humana e ani‐
mal. Não só recursos da vida, como também de fontes de renda expressivas, através do
extrativismo55.
Localizada em áreas tida como de alto risco ou vulnerável e alta ocorrência do processo
social da desertificação, a região do Cariri Paraibano além de sofrer a ação dos fenôme‐
nos naturais, passa por níveis intensos de antropização no que se refere aos processos de
agriculturização e pecuarização. Dentre estes, o desflorestamento intensivo para amplia‐
ção de áreas agrícolas e de pastagem; o uso intensivo do solo; o desrespeito à capacidade
de suporte animal nas pastagens nativas e artificiais; a presença acentuada de processos
erosivos e assoreamento de cursos d’água e mananciais e o surgimento de áreas afetadas
por sais ou salinizadas. Devido às constantes estiagens, tem se verificado a redução ex‐
pressiva de disponibilidade das águas superficiais e subterrâneas (oriundas do Cristalino),
sem que a população existente na área seja sensibilizada. Esta despreocupação passa
pelos componentes florestal e edáfico, onde se observam as mais diversas ações impac‐
53
Depois de produções extremante compensadoras inúmeras áreas encontram‐se hoje em processo de salinização pelo mau uso do
solo e da água.
54
PEREIRA, Op. Cit.
55
PEREIRA, D. D. O Caroá Neoglaziovia variegata Mez. no Cariri Paraibano: ocorrência, antropização e possibilidades de manejo no
assentamento Estrela D’Alva. Dissertação de Mestrado. PRODEMA/UFPB/UEPB. João Pessoa, 2003.
28
tantes.
Todas essas formas de ocupação do solo, e conseqüentemente de delineamento do espa‐
ço agropecuário, tiveram e têm ainda implicações fortíssimas com a sustentabilidade am‐
biental da região. A antropização, conferida pelas pecuarização e agriculturização parece
não ter ainda preocupado as diferentes instituições inseridas no planejamento local. Por
exemplo, com relação ao fortalecimento da caprinocultura, alguns municípios tiveram o
seu efetivo aumentado56 sem que a este aumento populacional, estivesse atrelado a um
estudo de capacidade de suporte das áreas antropizadas (pastagens plantadas, bancos de
forragem e de proteínas, capoeiras, capoeirões) e das áreas naturais (matas nativas). Po‐
de ou não haver forragem suficiente para suportar este substancial aumento de animais
por unidade de área, a não ser que se desenvolva um novo modelo de produção baseado
no confinamento e no desenvolvimento de sistemas agroflorestais para o cultivo de for‐
ragem nativa e adaptada, além de uma agroindústria de ração apropriada para as condi‐
ções do semi‐árido57.
Na grande maioria das propriedades do Cariri Paraibano, independente do tamanho das
mesmas, dificilmente se encontra mata ciliar nos moldes primitivos. Os poucos fragmen‐
tos ainda existentes apresentam reduzida diversidade florística e em alguns casos são
totalmente representados pela algaroba Prosopis sp, essência florestal exótica, que intro‐
duzida de forma intensiva na região nas décadas de 70‐80, invadiu as áreas de várzea e as
margens dos cursos d’água e reservatórios não permitindo, devido ao seu efeito alelopá‐
tico58, que espécies nativas típicas destes ecossistemas possam ocupar a áreas antes do‐
minadas pela agricultura e ou pecuária.
Mesmo assim, o manejo tecnificado dessas áreas invadidas permitiu, por exemplo, no
município de Camalaú, no Cariri Paraibano, se obter de um algarobal de 15‐20 anos cerca
569 ind./ha com 63,64% de plantas ramificadas de diâmetros de até 0.13 m. A Produção
por hectare encontrada foi de cerca de 30.837 varas; 1.522 estacas; 112 mourões e 96,9
estéreos de lenha. A atividade desenvolvida em cerca de 100 ha de algarobal invasor ge‐
rou ainda cerca de 16 empregos diretos e 207 empregos indiretos. Verificou‐se que 1,0 ha
de algaroba invasor equivale a 1,0 ha de mata nativa em termos de volume de estacas e
mourões e 5,0 ha de mata nativa em termos de produção de lenha e carvão59.
Em um inventário florestal e florístico na divisa do estados de Pernambuco e Paraíba,
municípios de Igaracy e Monteiro verificou‐se que a diversidade florística da área estuda‐
da foi representada por 07 famílias botânicas, 15 gêneros e 18 espécies. Destacaram‐se a
Família Leguminosae com 07 gêneros e 09 espécies e a Euphorbiaceae com 03 gêneros e
04 espécies. Da diversidade florística encontrada, cerca de 47% foi atribuída à Família
Leguminosae, que mostrou‐se também com maior agregação de valor por produto flores‐
tal. Verificou ainda que em 1,0 ha podem ser obtidos 2.453 exemplares de essências flo‐
restais viáveis, sendo 45,33% de marmeleiro, 23,76% de catingueira, 14,43% de jurema de
56
Segundo dados do IBGE, em apenas três anos, o rebanho de caprinos e ovinos aumentou 26% no Cariri paraibano, o que represen‐
tou um acréscimo de cerca de 100.000 cabeças entre 2000 e 2003.
57
Cf. PEREIRA, Op. Cit., 2008.
58
Propriedade que determinadas espécies vegetais apresentam no sentido de evitar a presença de outras espécies ou a mesma espé‐
cie junto a ela no que se refere a competição por água, nutrientes, luminosidade, etc. O fenômeno é geralmente de ordem química.
59
CHAVES, 2002 apud PEREIRA, Op. Cit., 2008.
29
embira e 4,60% de jurema preta, entre outras espécies60.
Objetivando estudar a vegetação remanescente de caatinga dentro das suas diversas fa‐
ses de sucessão ecológica no que se refere à diversidade e distribuição de plantas por
unidade de área e o grau de sombreamento que estas espécies oferecem, subsidiando
assim a modalidade de manejo a ser preconizada, foi realizado um inventário florestal e
um levantamento florístico no assentamento Mandacaru, no município de Sumé, no es‐
tado da Paraíba. Os dados obtidos permitiram indicar que a diversidade florística da área
estudada foi representada por 08 famílias botânicas, 16 gêneros e 18 espécies. Destacan‐
do‐se as famílias Leguminosae e Euphorbiaceae61.
Estudando uma vegetação sucessória de caatinga, um pesquisador realizou um inventário
florestal em uma parcela de 800m² no assentamento Serrote Agudo, no município de
Sumé, no estado da Paraíba. A diversidade florística da área estudada foi representada
por 10 famílias botânicas, 15 gêneros e 19 espécies. Destacaram‐ se a família Legumino‐
sae e Malvaceae. Dentre as espécies com maior número de plantas destacou‐se o marme‐
leiro. As únicas espécies com valor comercial foram o marmeleiro e a catingueira. Com
relação ao sombreamento verificou‐se que este variou de 43,3% a 107,94% na parcela
como um todo, indicando que se deve intervir na área utilizando‐se desde o raleamento
até o rebaixamento da caatinga62.
Com o objetivo de conhecer a diversidade florística e avaliar preliminarmente a fitomassa
de uma área de caatinga em fase de sucessão, bem como verificar a adequação de meto‐
dologia, foi realizada uma pesquisa na Fazenda Rancho Alegre no município de Monteiro,
Cariri Ocidental da Paraíba, onde foram instaladas parcelas de amostragem em área de
vegetação nativa e numa área de cultivo de palma, para efeito de se verificar a antropiza‐
ção da área. Os resultados obtidos indicaram que tanto na área nativa como na antropi‐
zada existe uma diversidade florística considerável e que a densidade das plantas existen‐
tes foi muito variável independente do tamanho e número de parcelas utilizadas63.
Esta variabilidade se manteve para os pesos verdes por espécime e por espécie. No en‐
tanto foi reduzida acentuadamente para as espécies herbáceas nas duas áreas estudadas.
Do ponto de vista de potencial de forrageamento, a maioria das espécies encontradas é
utilizada principalmente pelos caprinos variando o consumo de acordo com a época do
ano ou a abundância ou ausência de uma ou mais espécie. Quanto às alterações observa‐
das com relação ao solo os teores de Mg, Na, K, Al, CO, MO, N e P aumentaram quando a
área foi submetida ao processo de antropização/pecuarização pelo plantio de palma for‐
rageira. Foram elevados também os valores do pH e da condutividade elétrica.
60
COSTA, S. D. da. Subsídios para inventários florestais e classificação qualitativa regional de produtos e subprodutos florestais nas
condições do Semi‐Árido. Monografia de Conclusão de Curso (Graduação em Agronomia). UFPB/CCA. Areia (PB), 2004.
61
LOPES, M. M. Subsídios para aplicação de modalidades de manejo da caatinga em projetos de assentamento no Cariri Paraibano:
o caso do assentamento Mandacaru.‐Sumé/PB. Monografia de Conclusão de Curso (Graduação em Agronomia). UFPB/CCA. Areia
(PB), 2004.
62
DANTAS, F. K. de O. Subsídios para aplicação de modalidades de manejo da caatinga em projetos de assentamento no Cariri
Paraibano: o caso do assentamento Serrote Agudo ‐ Sumé/PB. Monografia de Conclusão de Curso (Graduação em Agronomia).
UFPB/CCA. Areia (PB), 2004.
63
SOUZA, A. M. de. Estimativa do potencial de produção de fitomassa e florística de uma área de caatinga no município de Montei‐
ro, Cariri Ocidental da Paraíba. Monografia de Conclusão de Curso (Graduação em Agronomia). UFPB/CCA. Areia (PB), 2003.
30
População e Demografia
Embora o IBGE inclua apenas 29 municípios na microrregião do Cariri paraibano, a UFCG
adotará a classificação do Ministério do Desenvolvimento Agrário, que classificou 31 muni‐
cípios na homologação do Território do Cariri paraibano, pois essa classificação reflete
melhor a área de influência do chamado “Cariri histórico”, que ainda tem relações de pro‐
ximidade e intercâmbio com as microrregiões do Vale do Pajeú, Vale do Ipojuca e do Ser‐
tão do Moxotó, em Pernambuco. Assim, os dados agregados referem‐se aos seguintes
municípios, oriundos de quatro microrregiões, a saber:
• Cariri Ocidental ‐ Amparo, Assunção, Camalaú, Congo, Coxixola, Livramento, Mon‐
teiro, Ouro Velho, Parari, Prata, São João do Tigre, São José dos Cordeiros, São Se‐
bastião do Umbuzeiro, Serra Branca, Sumé, Taperoá e Zabelê;
• Cariri Oriental ‐ Alcantil, Barra de Santana, Barra de São Miguel, Boqueirão, Caba‐
ceiras, Caraúbas, Caturité, Gurjão, Riacho de Santo Antônio, Santo André, São Do‐
mingos do Cariri, São João do Cariri;
• Campina Grande ‐ Boa Vista;
• Curimataú Ocidental ‐ Soledade.
Os municípios que compõem essa base territorial foram instalados a partir da segunda
metade do século XX, nos anos 50 e 60, com exceção de São João do Cariri, núcleo do
chamado “Cariri histórico”, fundado em 1800, além de Taperoá (1847), Monteiro (1872) e
Soledade (1885). Em 1997 houve o último processo de emancipação de vilas e distritos, o
que resultou na instalação de 12 novos municípios: Alcantil, Amparo, Assunção, Barra de
Santana, Caraúbas, Caturité, Coxixola, Parari, Riacho de Santo Antônio, Santo André, São
Domingos do Cariri e Zabelê.
No conjunto, todos os municípios somam uma área de 12.768 km². A densidade demográ‐
fica varia entre 8 hab/km² a 40 hab/km², dependendo do município. Com uma população
de 205.240 habitantes, os municípios desse território representam 5,95% da população
total do Estado, sendo 108.947 (52,3%) localizadas na zona urbana e 96.252 (47,6%) na
zona rural. A mediana é igual a 4.385,5 habitantes. No ano de 2000, o território apresenta‐
va densidade demográfica de 16,1 hab/km², sendo 7,64 hab/km² no meio rural.
Tabela 1 – População do Cariri paraibano (2001)
Cariri Paraíba Nordeste Brasil
Número de Habitantes (mil) 205.240 3.443,8 47.741,7 169.799,2
População Urbana (%) 52,61 71,06 69,07 81,25
Mortalidade Infantil (nr. de óbitos p/ mil hab.) 52,93 51,49 0,00 30,57
Esperança de vida ao nascer (anos) 62,31 63,16 0,00 68,61
Razão de Dependência (%) 68,94 63,06 63,46 54,93
Taxa de Fecundidade (número médio de filhos) 2,94 2,54 0,00 2,37
Fonte: IBGE, Censo populacional brasileiro 2000
A taxa de crescimento da população, entre 1991 e 2000, foi, no conjunto, positiva, de
0,35% (na Paraíba foi de 0,82%). Porém, em 13 dos 32 municípios, houve uma taxa de
31
crescimento negativa. Neste decênio, os municípios que mais cresceram foram Camalaú
(2,70%) e Alcantil (2,36%) e os que tiveram a maior taxa de crescimento negativo foram
Gurjão (‐3,91%) e Parari (‐3,81%).
Embora a taxa de urbanização tenha passado de 45,40% em 1991 para 52,61 % em 2000 e
que a alteração tenha sido verificada em todos os municípios isoladamente, a microrregião
apresenta uma taxa de urbanização menor que a da Paraíba, com o escore de 71,06%. Por
outro lado, o Cariri apresenta índices de mortalidade infantil, esperança de vida ao nascer,
razão de dependência e taxa de fecundidade piores do que os da Paraíba, que estão bem
abaixo da média nacional, como se pode observar na tabela 1.
Sem embargo, a tabela 2 demonstra que a microrregião evoluiu muito nesses aspectos,
comparando‐se os dados dos censos de 1991 e 2000, pois, de fato, em uma década a mor‐
talidade infantil e a taxa de fecundidade foram reduzidas em cerca de 1/3 e a esperança de
vida ao nascer aumentou em nada menos do que 8,12 anos.
Tabela 2 – População do Cariri paraibano (1990‐2001)
1991 2000 %
Número de Habitantes (mil) 199.437 205.240 2,90
População Urbana (%) 45,40 52,61 15,90
Mortalidade Infantil (nr. de óbitos p/ mil hab.) 79,92 52,93 ‐33,77
Esperança de vida ao nascer (anos) 57,64 62,31 8,12
Razão de Dependência (%) 85,88 68,94 ‐19,72
Taxa de Fecundidade (número médio de filhos) 4,35 2,94 ‐32,36
Fonte: IBGE, Censo populacional brasileiro 1991 e 2000
Economia
Segundo o MDA, o Cariri paraibano é um “território rural”, o que fica comprovado pelo
perfil econômico da região, pois “os produtores agropecuários ainda representam os
principais atores econômicos do Cariri, apesar da crise do setor”, congregando 70% da
população economicamente ativa, com forte presença de agricultores familiares64.
Setor Agropecuário
O Cariri apresenta uma produção agrícola anual rende R$ 8.520.000,00, numa área plan‐
tada de 47.000 ha., dando um rendimento médio de R$ 182,00 por hectare65. Como se
verifica na Tabela 3, entre os principais produtos agrícolas destacam‐se a produção de
tomate (31,78 %), de hortaliças (30,44 %) e do binômio milho‐feijão (23,47 %). Quando se
considera a área plantada, esse binômio, característico da economia camponesa nordes‐
tina, ocupa 55.126 hectares, o que representa 96% do total da área plantada.
64
BAZIN, Frédéric. Plano de desenvolvimento sustentável do Cariri paraibano. Campinas, MDA/FAO, 2003, p. 19.
65
Cf. MDA, Atlas Territórios Rurais, 2004, p. 195 (http://www.mda.gov.br/sdt/arquivos/h_Perfil_da_Producao_Agropecuaria_II.pdf
acessado em 30/03/2008).
32
Tabela 3 – Principais produtos agrícolas
Área Área Rend.
Quant. Valor %
Produto/Unidade Plantada Colhida Médio
Prod. (R$1.000) Valr_Prod
(ha.) (ha) (p/ha)
Tomate (ton.) 8.007 5.950 240 228 35,12 31,78
Hortaliças (ton.) (1996) 19.508 5.700 0 0 0,00 30,44
Feijão (em grão) (ton.) 2.346 2.911 27.438 21.704 0,11 15,55
Milho (em grão) (ton.) 3.339 1.483 27.688 21.009 0,16 7,92
Banana (Mil cachos) 1.502 803 107 107 14,04 4,29
Côco‐da‐baía (Mil frut.) 2.284 655 159 159 14,36 3,50
Alg. Arbór. (car.) (ton.) 483 488 917 964 0,50 0,12
Batata‐doce (ton.) 817 268 140 105 7,78 0,10
Fava (em grão) (ton.) 193 245 735 605 0,32 0,07
Goiaba (Mil frutos) 835 221 97 97 8,61 0,03
Total 39.314 18.724 57.521 44.978 81 93,81
Fonte: PAM ‐ IBGE (2003); hortaliças (Censo Agropecuário 1995/1996 ‐ valores atualizados pelo IPC de Ago/2003)
Se a agricultura tem um papel importante na dinâmica econômica do Cariri paraibano, a
pecuária, em especial a criação de pequenos animais, é a grande força dinamizadora da
cadeia produtiva local. Com efeito, a caprinovinocultura é considerada hoje como uma
atividade econômica estratégica para o desenvolvimento sustentável da microrregião, em
particular para o desenvolvimento rural de base familiar, figurando como a principal dire‐
triz de programas de fomento, como os do Banco do Nordeste e o “Pacto Novo Cariri”
promovido pelo SEBRAE, por exemplo. Assim, embora o rebanho paraibano de médio
porte represente apenas 6,8% do total da região Nordeste66, ele está fortemente concen‐
trado no Cariri, onde se observa a mais alta densidade de cabeças no estado67, o que con‐
firma “a sua especialização na produção de caprinos e ovinos”68.
Tabela 4 – Principais Rebanhos
Evolução
2000 2001 2002 2003
2000/2003
Bovino 115.498 118.871 121.589 132.435 14,66 %
Caprino 272.437 316.177 327.345 352.560 29,41 %
Ovino 122.565 135.528 137.042 143.921 17,42 %
Galos, Frangas(os) e Pintos 283.766 441.400 466.475 483.460 70,37 %
Suíno 15.677 16.095 17.178 17.383 10,88 %
Galinhas 104.067 107.149 112.842 115.249 10,75 %
Asinino 10.232 10.318 11.183 11.314 10,57 %
Eqüino 8.650 8.622 8.524 8.307 ‐3,97 %
Muar 2.830 2.827 2.775 2.674 ‐5,51 %
Total 937.722 1.158.988 1.206.975 1.269.306 154,58
Fonte: PPM ‐ IBGE (2003)
De acordo com a Tabela 4, entre os principais rebanhos da microrregião, destaca‐se o de
pequenos ruminantes, com um total de cerca de 500.000 cabeças, contra 132.435 cabe‐
66
Cf. Correio da Paraíba, 23/02/2003.
67
RODRIGUEZ, 2000, p. 73.
68
MOREIRA e TARGINO, Op. Cit, p. 139.
33
ças do efetivo bovino. É importante observar, por outro lado, que entre 2.000 e 2.003
houve um aumento de 29,41% no efetivo caprino e 17,42% no efetivo ovino, ao passo em
que a criação de gado bovino cresceu apenas 14,66%69.
Ora, a criação de ovinos e caprinos é uma atividade tradicional no Cariri porque esses
animais são bastante resistentes e bem adaptados às condições do ambiente, especial‐
mente no que tange ao suporte forrageiro, pois é inegável a potencialidade das espécies
nativas e climatizadas para a sua nutrição, sejam elas utilizadas in natura, sejam elas pro‐
cessadas através de fenação ou mucilagem. Neste particular, destacam‐se a palma forra‐
geira, o mandacaru, o xique‐xique, a macambira, a maniçoba, a catingueira, o agave, a
algaroba, a leucena, a cunhã, o capim buffel e o avelós (que é também um eficiente anti‐
helmíntico), dentre outras. Além disso, a boa disponibilidade de água do lençol freático,
trazida à superfície por vários poços profundos instalados na zona rural de toda microrre‐
gião70, embora seja inadequada para o consumo humano em função da salinidade é boa
para os animais, inclusive porque lhes fornece alguns sais minerais de que necessitam.
Ademais, é importante ressaltar que a caprinovionocultura é uma atividade historicamen‐
te desenvolvida pelos pequenos produtores, uma vez que os grandes proprietários da
região se dedicam, quase exclusivamente, à pecuária bovina. Ademais, a criação de capri‐
nos e ovinos sempre foi considerada como uma espécie de “reserva estratégica” para os
momentos de dificuldade do produtor familiar, especialmente nos períodos de seca,
quando um ou mais animais são vendidos para garantir a renda da família ou são abatidos
para o consumo.
Se as condições mesológicas, extremamente adversas para outras atividades agropecuá‐
rias, não são um empecilho para o desenvolvimento da caprinovinocultura na região, in‐
clusive porque essa é “uma atividade de baixo impacto ambiental”71, as suas potenciali‐
dades mercadológicas são um grande estímulo para o empreendimento.
A carne se destaca por sua qualidade nutritiva em virtude dos baixos teores de colesterol,
calorias e gorduras de cobertura e intramuscular, pelo seu sabor característico, maciez e
suculência, e, quando processada adequadamente, em cortes especiais resfriados e con‐
gelados, pelo seu forte apelo gastronômico. Além disso, a carne caprina é a peça de resis‐
tência do cardápio local e desempenha um papel importante no contexto do turismo,
uma atividade chave na “pluriatividade” que deve caracterizar o desenvolvimento local
sustentável do semi‐árido72.
O leite, por seu turno, tem “grande digestibilidade e alto valor biológico”73, pois, se por
69
Também merece destaque a evolução da criação de galos, frangos, frangas e pintos, que passou de 283.766 cabeças em 2.000, para
483.460 cabeças em 2.003, o que representa um crescimento de mais de 70%. Por outro lado, a criação de animais prioritariamen‐
te para o auto‐consumo, chamada popularmente de “miunça” (galinhas e porcos), também teve um crescimento em torno de 10%.
Um fato interessante a se notar na evolução do rebanho no Cariri paraibano é a queda, em torno de 5%, do contingente eqüino e
muar, animais tradicionalmente usados na tração e no transporte, o que pode ser explicado pelo crescimento do uso de motocicle‐
tas, facilmente verificado in loco.
70
No município de Monteiro, por exemplo, há cerca de 360 poços profundos instalados (Cf. SUDENE/PNUD, Monteiro/PB: Análise
participativa da realidade (versão preliminar). Recife, agosto de 2001).
71
GUIMARÃES FILHO, Clóvis & HOLANDA JR., Evandro V.: “A caprinocultura como alternativa de uso sustentado dos recursos do semi‐
árido: proposições para o desenvolvimento integrado da zona caprinícola do semi‐árido baiano”. Trabalho apresentado no Seminá‐
rio Internacional Sociedades e Territórios no Semi‐Árido Brasileiro: em busca da sustentabilidade. Campina Grande, UFCG, de‐
zembro de 2002, dat.
72
Cf. CANTALICE, Luciana. Turismo e Desenvolvimento Sustentável nos Assentamentos da Reforma Agrária do Cariri Paraibano.
Monografia de Especialização. Campina Grande, UFCG/NEPE, 2006.
73
ALVES, Francisco Selmo Fernandes: “O leite de cabra é tão nutritivo quanto os leites de vaca e materno?”, Revista Ciência Hoje, vol.
34
um lado, é alcalino como o leite humano, por outro, contém açúcares, proteínas, gordu‐
ras e vitaminas em teores semelhantes aos do leite de vaca; ademais, é um excelente
substituto deste na nutrição de crianças alérgicas. O queijo – isto é um fato notório – é
um alimento sofisticado e apreciado pelos melhores paladares, o que lhe confere altos
índices de valor agregado quando processado segundo padrões rigorosos de qualidade,
assim como outros produtos da indústria de laticínios, como o doce e o iogurte, que já
são produzidos na região, juntamente com um delicioso licor.
O couro também é um produto importante, pois, curtido, transforma‐se em pelica, maté‐
ria‐prima de alto valor na indústria coureiro‐calçadista, uma das grandes aptidões eco‐
nômicas da região semi‐árida brasileira e um setor estratégico para a economia paraiba‐
na, uma vez que entre 1998 e 2001 o setor cresceu 26,45% no estado, trazendo como
conseqüência um aumento de 40,22% no número de trabalhadores empregados74. Além
disso, o uso da casca do Angico – árvore nativa do semi‐árido brasileiro – como tanante
torna livre de resíduos danosos a atividade dos curtumes, extremamente poluente quan‐
do exercida com tanantes químicos75.
Assim, o “desenvolvimento da cadeia produtiva da caprinovinocultura” é uma alternativa
de desenvolvimento sustentável bastante adequada para o Cariri paraibano76, pois tudo
indica que ela se harmoniza com as cinco condições da sustentabilidade sugeridas por
Ignacy Sachs77: em primeiro lugar, a caprinovinocultura tem uma dimensão social, pois é
uma atividade característica de pequenos produtores familiares pobres e o seu fomento
através de programas de micro‐crédito, como o PRONAF, favoreceria a geração de renda
promovendo uma maior eqüidade social; em segundo lugar, ela demonstra eficiência e‐
conômica, por um lado porque os seus produtos têm grande apelo mercadológico e, por
outro, porque o fluxo de comercialização deles envolve uma gama enorme de agentes
microeconômicos redundando em ganhos macro‐sociais evidentes; em terceiro lugar, ela
tem uma dimensão ecológica, pois é uma atividade produtiva bastante adequada e pouco
impactante em relação ao adverso meio ambiente do semi‐árido; em quarto lugar, a ca‐
prinovinocultura é parte da cultura local e desempenha um papel importante na identi‐
dade do povo; em quinto lugar, no que tange à sua dimensão espacial, o desenvolvimento
caprinovinocultura pode levar a uma configuração rural‐urbana mais equilibrada, na me‐
dida em que a exploração da atividade favorece a fixação do produtor familiar no campo
ao melhorar‐lhe as condições de vida78.
De fato, conforme a Tabela 5, o principal produto pecuário do território é o leite, com
22.000 litros produzidos em 2003, representando uma evolução de quase 50% em quatro
anos, o que pode ser explicado pela implementação, a partir de 1999, do “Programa do
Leite” no âmbito do “Pacto Novo Cariri”79, o qual fomenta a produção de leite através da
32, nº 189, dezembro de 2002.
74
AQUINO, Delma do Socorro Pessoa B. (coord.): Cadastro industrial do setor coureiro‐calçadista e afins do estado da Paraíba.
Campina Grande, COMPET/CNPq, 2001.
75
Essa tecnologia é utilizada por um curtume localizado no município Cabaceiras.
76
Cf. SEBRAE: PROCARIRI: Programa de Desenvolvimento Regional Integrado e Sustentável do Cariri Paraibano – síntese. João
Pessoa, 2001.
77
SACHS, Ignacy: Estratégias de transição para o século XXI: para pensar o desenvolvimento sustentável. São Paulo, Brasiliense, 1994
78
Entretanto, uma série de fatores tem dificultado a sustentabilidade desta atividade no Cariri paraibano (Cf. CANIELLO, Márcio.
“Quando a sustentabilidade falha: o caso do programa da caprinovinocultura no Cariri paraibano”, in WANDERLEY, Maria de Naza‐
reth Baudel (org.), Globalização e desenvolvimento sustentável: dinâmicas sociais rurais no Nordeste brasileiro. SP, Polis, 2004).
79
Cf. CANIELLO, Op. Cit., pp. 108‐115.
35
compra governamental da produção e seu beneficiamento para distribuição na merenda
escolar e em programas de distribuição com famílias carentes80. Merece destaque tam‐
bém a produção de mel, atividade altamente adequada para o semi‐árido, que mais do
que dobrou em quatro anos e cuja produção, em 2003, chegou aos 1.218 quilogramas.
Tabela 5 – Principais produtos pecuários
Evolução
Produto/unidade 2000 2001 2002 2003
2000/2003
Leite (Mil litros) 14.780 16.095 18.466 22.000 48,85 %
Ovos de Galinha (Mil dúzias) 597 628 659 667 11,73 %
Mel de Abelha (Quilograma) 572 1.608 1.415 1.218 112,94 %
Total 17.949 20.332 22.542 25.888 173,52 %
Fonte: PPM ‐ IBGE (2003)
Estrutura Fundiária e Formas de Organização Produtiva
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário, há 12.813 estabelecimentos
da agricultura familiar no Cariri paraibano ocupando uma área de 411.927 km² e gerando
uma produção anual de R$ 28.119.000,00, ao passo em que há 1.254 estabelecimentos
de agricultura patronal ocupando um total de 497.232 km² e gerando uma produção anu‐
la de R$ 15.740.000,0081. Assim, embora com grande concentração fundiária, já que o
índice de Gini atinge a cifra de 0,71 no território82, a renda gerada pela agricultura famili‐
ar é quase o dobro da renda gerada pela agricultura patronal, o que demonstra a capilari‐
dade dessa atividade econômica e sua importância para a dinâmica econômica do Cariri.
Tabela 6 ‐ Distribuição da terra por faixa de área e estabelecimento (condição legal)
Faixas (Área ha.) Nº Estab. % Território Pos. da Área Tot. % Território
(UF)% Estab.
Menos de 10 6.954 45,59 69,58 25.917 2,81
De 10 a menos de 50 5.279 34,61 20,52 113.477 12,29
De 50 a menos de 100 1.197 7,85 4,43 77.887 8,44
De 100 a menos de 500 1.446 9,48 4,62 293.737 31,81
De 500 a mais 376 2,47 0,86 412.301 44,65
Total 15.252 100,00 100,00 923.319 100,00
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 1995/1996.
Como se verifica na Tabela 6, 45,59% dos estabelecimentos agropecuários têm menos de
10 ha. e 11,95% dos estabelecimentos apresentam área superior a 100 ha., os quais, en‐
tretanto correspondem a 76,47% da área total. As Tabelas 7 e 8 detalham o perfil fundiá‐
rio da microrregião:
80
Atualmente, o Governo Federal apóia iniciativas desta natureza no âmbito do Programa Fome Zero e, na Paraíba, é parceiro do
Governo do Estado no “Programa Leite da Paraíba”, com 3.115 produtores de leite de vaca e cabra cadastrados, 23 usinas e uma
produção diária de 120 mil litros (http://portal.paraiba.pb.gov.br/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=5104 acessado
em 31/03/2008).
81
Cf. MDA, Atlas Territórios Rurais, 2004, p. 164 (http://www.mda.gov.br/sdt/arquivos/h_Perfil_da_Producao_Agropecuaria_I.pdf
acessado em 30/03/2008).
82
Cf. MDA, Atlas Territórios Rurais, 2004, p. 164 (http://www.mda.gov.br/sdt/arquivos/h_Perfil_da_Producao_Agropecuaria_I.pdf
acessado em 30/03/2008).
36
Tabela 7 ‐ Condição do produtor por estabelecimento e área (condição do produtor)
Território de Área Nº Estabe‐ % (Nº Estab.) Pos. UF (% Área Total % Área
(ha.) lecimento Nº Estab.) (ha.) Total
Proprietário 11.243 94,77 66,17 828.783 89,76
Arrendatário 139 1,17 5,16 1.706 0,18
Parceiro 241 2,03 5,73 9.419 1,02
Ocupante 241 2,03 22,94 83.410 9,03
Total 1.864 100,00 100,00 923.319 100
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 1995/1996.
Tabela 8 ‐ Utilização das Terras (por Condições do Produtor)
Utilização das Terras Área (ha.) % % UF % NE % BR
Lavouras permanentes 2.006 0,22 2,31 3,38 2,13
Lavouras temporárias 80.753 8,75 13,29 9,83 9,69
Lavouras temp. em descanso 27.578 2,99 5,96 5,22 2,35
Pastagens naturais 428.688 46,43 40,37 25,51 28,18
Pastagens plantadas 28.834 3,12 4,69 15,45 22,07
Matas e florestas naturais 226.207 24,50 16,47 24,77 25,14
Matas e florestas artificiais 3.724 0,40 0,37 0,50 1,53
Terras produt. não utilizadas 75.181 8,14 10,14 11,02 4,63
Terras inaproveitáveis 50.348 5,45 6,41 4,31 4,29
Total 923.319 100,00 100,00 100,00 100,00
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 1995/1996.
Indústria, Comércio e Serviços
Mais da metade do PIB do território do Cariri advém do setor de serviços (55%), que em‐
prega 64% da mão de obra ocupada. O setor industrial detém 7% do PIB, com 20% dos
empregos, seguido pelo comércio, com 1% do PIB e 15% da mão de obra empregada83.
Em 2000, segundo dados do IBGE, a população economicamente ativa do território era de
81.324 pessoas, estando 84,61% delas ocupadas. Na época, havia 193 estabelecimentos
comerciais (45,73%), 158 de serviços (37,44%) e 71 indústrias (16,82%). Nada menos do
que 74,4% dos empregados não tinham carteira de trabalho assinada.
Atualmente, 52.407 famílias são atendidas com transferências de benefícios, o que gera
um valor mensal de R$ 10.145.000,0084.
Indicadores de Renda, Pobreza e Desigualdade
A proporção de pessoas pobres neste território chega a 64,50% (na Paraíba, 44,48%). Sen‐
do que em municípios como São João do Tigre, Taperoá, Alcantil, Barra de Santana e Li‐
vramento, esse número chega a ultrapassar os 70%. A renda per capita média é, no con‐
junto, de R$ 87,37, bastante defasada em relação à Paraíba, que é de R$ 183,76, e do Bra‐
sil que é de R$ 297,23. Entretanto, houve um crescimento de 50,7% nesta renda entre
83
Cf. MDA, Atlas Territórios Rurais, 2004, p. 113 (http://www.mda.gov.br/sdt/arquivos/e_Perfil_Socio‐Economico_IV.pdf acessado em
31/03/2008).
84
Idem.
37
1991
1 e 2000.
A po
obreza é meedida pela p proporção dde pessoas com renda domiciliar per capita inferior a
R$ 755,50, equivaalente à meetade do salário mínimmo vigente eem agosto d
de 2000. Estte indica‐
dor ddiminuiu emm 20%, passsando de 8 80,7%, em 1 1991, para 64,5%, em 2000, entrretanto, a
desiggualdade, m
medida pelo o Índice de Gini cresceu 5,4%, passsando de 0
0,496 para 0 0,523, no
perío
odo. O Índicce de Gini mmédio no teerritório pe
esquisado é de 0,52 (na Paraíba éé de 0,58,
send
do 0,59 na zona urbanaa e 0,40 na zzona rural).
Tabelaa 9 – Renda (Indicadores de Pobreza e
e Desigualdaade)
Indicadoress Média dos M
Municípios Posição Reegional
1991 2000 Evolução PB NEE BR
Rendaa per capita (m
média R$) 7,96 87,37
57 50,73 % 150,22 0,00
0 297,23
Proporção de Pobrees (%) 0,67 64,50
80 ‐20,04 % 55,26 0,000 32,75
Proporção de Indigeentes (%) 51,98 35,30 ‐32,10 % 30,06 0,000 16,32
Índice de Gini 0
0,50 0,52 5,41 % 0,65 0,00
0 0,65
Fonte: IBGE (Censos 1991 e 2000)
Para se ter umaa idéia da co
oncentraçãoo de renda no territóriio, basta dizzer que os 2
20% mais
ricoss se apropriam de 54,338% da rendda, sendo qque os 20, 4
40, 60 e 80% mais pob bres se a‐
proppriam de, respectivameente, 2,85; 1
10,81; 24,09
9 e 45,63% da renda.
Índicce de Desen
nvolvimento
o Humano (IDH)
Houvve um cresccimento deesigual no ID DH dos municípios pessquisados, q que variou de 0,514
(1991) para 0,6
618 (2000). Os fatoress de educaçção crescerram e passaaram de 0,553 para
0,716
6; os fatorees de longevidade foraam de 0,543 3 para 0,6222 e os fatoores de rend da passa‐
ram de 0,447 paara 0,517.
Fonte: Atlas d
do Desenvolvimeento Humano no B
Brasil, 2000
38
Tabelaa 10 – Desenvolvimento Humano (IDH)
IDH Território** (média doss municípioss) Posiçãão Regional (2000)
1991 2000 % Evoluçãão UF NE BR
IDH M
Municipal 0,515 0,618 20,12 0,661 0 0,766
IDHM
M‐Educação 0,553 0,716 29,48 0,737 0 0,849
IDHM
M‐Longevidadde 0,544 0,622 14,33 0,636 0 0,727
IDHM
M‐Renda 0,447 0,517 15,63 0,609 0 0,723
Fonte: IBGE (Censos 19
991 e 2000)
período de 1
No p 1991 a 20000, o quesito
o Educação ffoi o que m
mais cresceuu, com 29,5% %, contri‐
buinddo 49,6% p para a melh
horia da qualidade de vida das peessoas. A Longevidade e foi a di‐
menssão que meenos evoluiiu, 14,3%. C Como principal indicad dor de deseenvolvimentto, pode‐
mos citar o IDH
H (PNUD/IBGE/Censo 2000)
2 variando de 0,6
688, em Boa Vista (6º lugar no
ranking da Unid dade da Fed
deração), a 0,527, em SSão João do o Tigre, estaando este úúltimo em
210ºº lugar, conssiderando o
os 223 muniicípios do Esstado.
Educcação
No C
Cariri paraib
bano, a taxaa de analfab
betismo é aalta, a comeeçar pela po
opulação de
e 15 a 17
anoss, que possu
ui uma méd dia de 7,17%%, passandoo para 15% entre os moradores de 18 a 24
anoss e chegando a 37% na população com 25 ano os ou mais.
Quannto à taxa de alfabetização, a média
m dos municípios
m d território, em 2000
do 0, era de
68,299%, sendo C Cabaceiras o município o de melho or índice (80
0,30%) e o de pior, a ccidade de
São JJoão do Tigrre, com 53,23%.
Tabela a 11– Educaçção
19991 2
2000 Evvolução
Alfab
betizados (155 anos ou maais de idade))(%) 55
5,38 6
68,29 23,31%
2
Méddia de anos de estudo (25 5 anos ou maais de idade) (%) 2,,08 3
3,04 46,12%
4
Respp. p/ domicíliios c/ mais de 1 ano de in
nstrução (%) 3
37,98
Fontte: IBGE (Censos 1
1991 e 2000)
Os Jo
ovens de 18
8 a 24 anos
Nesta faixa etáária, consid de‐
rando o conjun nto dos muni‐
os do Cariri, é de 15%
cípio % o
perceentual de analfabetos
a s e
de 35% o de jovvens que têêm
menos de 4 anos
a estuddo,
situaação que atinge naada
menos do que 6 62% da pop pu‐
laçãoo de 25 annos ou maais.
Entree os jovenss de 18 a 24
anoss, 72% têm m menos de
oito anos de estudo – isto é,
não concluíram m o ensino
fundamental – ssituação que atinge a cifra de 87%
% dos joven
ns de 25 anos ou mais.. Nos mu‐
nicíp
pios pesquissados, em 2000, apenas 0,93% doss jovens de 18 a 24 ano
os estavam freqüen‐
tando algum curso superior e apenas 0 0,97% têm acesso a algguma univeersidade.
39
Na ocupação do Semi‐Árido brasileiro, sempre houve o “confronto” entre o conhecimen‐
to local da população e os planejamentos concebidos por diversas instituições, governa‐
mentais ou não, que passaram ao largo da sustentabilidade ambiental, denotado pelos
sucessivos ciclos econômicos. Assim, essa grande região, caracterizada por ser altamente
susceptível ao processo social da desertificação, necessita de um projeto de desenvolvi‐
mento que leve em conta os recursos ambientais, o contingente populacional e os indica‐
dores sócio‐econômicos, resultando numa proposta verdadeiramente sustentável, reno‐
vadora e socialmente justa.
É nessa perspectiva que devem ser centradas as ações de educação e de investimentos
financeiros. Numa tarefa hercúlea, continuada e exaustiva, os habitantes da Região Semi‐
Árida e das áreas afetadas pelo processo da desertificação devem ser “reeducados” e
resgatados na sua identidade, de modo que possam entender todo o processo de vivência
dos ancestrais que trabalharam, militaram, criaram, educaram e constituíram patrimônio
mesmo quando a desertificação já se acentuava em épocas remotas.
Ora, a degradação do Semi‐Árido resulta principalmente da não equalização da “energia
potencial” dos seus recursos ambientais com a “energia exportada” cotidianamente pelas
inúmeras atividades econômicas desenvolvidas. Os estabelecimentos rurais têm se consti‐
tuído, potencialmente, em núcleos avançados de degradação ambiental em razão das
inúmeras adversidades surgidas nos períodos anteriores e posteriores à sua criação e pelo
fato das “políticas públicas” canalizadas para os mesmos, e mesmo os atuais gestores e
instituições envolvidas, se preocuparem, quase exclusivamente, com critérios produtivis‐
tas, sendo esquecido o princípio da sustentabilidade.
É possível, dentro do quadro ambiental existente, mudar a forma de apropriação e uso
dos recursos ambientais, e mesmo, promover a recuperação ou reabilitação de alguns,
desde que seja entendido o cosmopolitismo da região, as suas tipologias e a capacidade
de resposta da população em face das inovações tecnológicas que possam mitigar, mini‐
mizar, ou mesmo, eliminar processos negativos de antropização.
Neste sentido, há que se evocar uma nova “estratégia” de desenvolvimento para essa
região, uma espécie “Programa” que regerá a criação do Centro de Desenvolvimento Sus‐
tentável do Semi‐Árido (CDSA/UFCG), que passamos a descrever em linhas gerais.
Até bem recentemente, o Brasil adotava uma estratégia de desenvolvimento rural volta‐
da quase exclusivamente para o fomento da agropecuária empresarial, tendo como meta
principal a maximização da produtividade nesse setor. Embora tenha apresentado resul‐
tados importantes, como o significativo aumento da produção agropecuária nacional e
sua influência decisiva nos superávits da balança comercial nos últimos anos, essa estra‐
tégia resultou praticamente inócua no que se refere à solução dos problemas sociais que
caracterizam o meio rural brasileiro, particularmente a concentração fundiária e a falta de
emprego e renda que expulsam o trabalhador do campo e deixam sem perspectiva de
futuro os milhares de jovens camponeses de cuja “opção de ficar” na terra natal depende,
realmente, a continuidade e o futuro da unidade produtiva familiar. Por isso, essa estra‐
tégia foi batizada de modernização conservadora.
40
Os dilemas sociais, econômicos e ecológicos da modernização conservadora há muito têm
sido denunciados no debate sobre o desenvolvimento rural brasileiro, discussão que se
intensificou com a emergência dos movimentos sociais e das organizações da sociedade
civil no Brasil após o fim do regime militar. Esse debate levou a pelo menos um consenso
entre estudiosos, atores sociais e governo: a importância crucial da chamada agricultura
familiar para o desenvolvimento rural, especialmente em virtude do seu extraordinário
potencial na geração e manutenção de emprego e renda no campo, o que confere a ela
um papel estratégico no contexto da região semi‐árida nordestina. Como aponta uma das
mais respeitadas especialistas na questão, professora aposentada da UFCG,
“A importância da agricultura familiar no Brasil como no mundo
não precisa ser aqui lembrada. O que interessa às políticas públi‐
cas é de saber como garantir a viabilidade dessa forma de agricul‐
tura que já demonstrou sua capacidade de produzir alimentos de
qualidade para mercados diversificados, proporcionar um meio de
vida a um número significativo de trabalhadores que sem essa
fonte de renda estariam aumentando o número de desemprega‐
dos, e além disso assumir funções múltiplas de natureza social,
cultural e ambiental. No Nordeste, 70% das propriedades são de
pequenos produtores, cuja área corresponde a minifúndios de
menos de 10 hectares. A área total que eles detêm é de apenas
5,4% dos 91,9 milhões de ha. de terra disponíveis para a agricultu‐
85
ra na região”
Em face disso, a partir de 1993, o governo brasileiro optou pelo desenvolvimento de uma
política dual: por um lado, o Ministério da Agricultura mantém como seu objetivo princi‐
pal fomentar a competitividade do setor comercial da atividade, notadamente das em‐
presas e, por outro lado, o Ministério do Desenvolvimento Agrário torna‐se oficialmente
encarregado pela promoção da reforma agrária e do desenvolvimento da agricultura fa‐
miliar.
O reconhecimento da agricultura familiar foi um passo muito importante no quadro do
desenvolvimento rural brasileiro, principalmente porque levou à criação de políticas pú‐
blicas específicas voltadas para ela, cujo alcance, aliás, teve um crescimento exponencial
no atual Governo, como se pode verificar, por exemplo, na evolução dos valores do Plano
Safra da Agricultura Familiar, que em 2007/2008, recebeu R$ 12 bilhões do Orçamento da
União, o maior valor já destinado na história do programa. Desde 2002, o volume de re‐
cursos cresceu cerca de 620% (de R$ 2,3 bilhões em 2002/2003 para R$ 12 bilhões em
2007/2008) e incluiu mais de um milhão de novas famílias ao sistema de crédito86.
Entretanto, verifica‐se que muitos produtores familiares não conseguem acessar esses
recursos por falta de informações e conhecimentos, dificultando sua capacidade de inter‐
ferir no processo de definição e implementação de políticas públicas, ainda que o aspecto
participativo na gestão de políticas públicas para o campo evoluiu muito no atual Gover‐
85
DUQUÉ, Ghislaine (org.). Agricultura familiar, meio ambiente e desenvolvimento: ensaios e pesquisas em Sociologia Rural. João
Pessoa, Editora Universitária/UFPB, 2002.
86
Cf. http://www.creditofundiario.org.br/comunicacao/one‐entry?entry_id=83324
41
no, haja vista a implantação, por exemplo, dos Colegiados Territoriais em todo o país.
Além do mais, há grandes dificuldades em se desenvolver novas tecnologias e analisar e
difundir as muitas experiências bem sucedidas de desenvolvimento promovidas pelos
movimentos sociais e organizações civis da região, pois as instituições públicas, como as
universidades e os institutos de pesquisa, mantêm‐se distantes da população. Isso acaba
por dificultar a interação que deveria ocorrer entre a comunidade técnico‐científica e a
população rural, o que promoveria uma importante troca de práticas e conhecimentos na
construção de estratégias realmente sustentáveis para o desenvolvimento local.
Este processo deve ser desenvolvido por intermédio do desenvolvimento, difusão e crítica
da informação sobre a produção técnico‐científica, as políticas públicas e as ações devo‐
tadas ao fomento da agricultura familiar no semi‐árido e por meio do debate sobre pro‐
cessos produtivos, de gestão e organização social apropriados às suas peculiaridades cul‐
turais, sociais, políticas, econômicas e ambientais. Três princípios básicos fundamentam
essa construção:
• O fomento de um modelo de desenvolvimento baseado nos preceitos da susten‐
tabilidade (Brüseke, 1995; Romeiro, 1998), isto é, uma estratégia para a promoção
da melhoria de vida das populações atuais pautada pela reflexão sobre as gera‐
ções futuras, em que estão concatenados desenvolvimento econômico, desenvol‐
vimento humano e responsabilidade ambiental (Almeida & Navarro, 1996; Pas‐
choal, 1995; Tonneau, 2004).
• A consideração dos camponeses como portadores de uma identidade cultural e de
uma ética próprias associadas a um modo de vida não capitalista (Chayanov, 1966;
Wolf, 1970; Mendras, 1978; Woortman, 1990) que, embora pressionadas por um
sistema econômico cuja hegemonia pontua para a maximização do lucro, a ampli‐
ação do consumo e a mercantilização da terra e do trabalho (Lênin, 1982; Kautsky,
1980; Abramovay, 1992), “reitera suas particularidades” mesmo na modernidade
(Wanderley, 1999 e 2000). Assim, é necessário oferecer a esses sujeitos sociais e‐
lementos para o resgate de sua identidade cultural como uma estratégia para de‐
senvolver a auto‐estima e autodeterminação necessárias para que eles, preser‐
vando seu ethos, possam manter relações mais positivas com o sistema econômi‐
co hegemônico.
• A implementação de um modelo produtivo adequado ao modo de vida desses a‐
gricultores, ao território que eles habitam e às necessidades impostas pelo siste‐
ma econômico inclusivo. É um modelo “pluriativo” que privilegia o trabalho e sua
remuneração e que se adapta aos fatores naturais, biológicos e meteorológicos,
isto é, um modelo que respeita os produtores, os consumidores e a natureza num
projeto social renovado. É um modelo que propõe uma agricultura com baixo con‐
sumo de insumos comerciais e alto investimento em trabalho e em tecnologias
apropriadas, capaz de manter um nível de emprego rural elevado e assim evitar o
crescimento dos desequilíbrios territoriais e sociais ligados à forte urbanização.
Dessa forma, ela pode ser competitiva economicamente e mais justa socialmente,
pois concorre, por um lado, para a segurança alimentar das populações rurais a‐
través do autoconsumo, e também das populações carentes das cidades através
da venda de excedentes.
42
ESTR
RUTURA A
ACADÊMIC
CO‐ADMINISTRATIV
VA DO CD
DSA
De mmaneira a co oalescer estte “Programma” com as metas conssignadas no Plano de Expansão
Instittucional da UFCG e o o orçamento previsto pe ela Emenda José Maranhão ao PP PA 2008‐
20111 aos limitess do MEC quanto à disponibilidade de vagas docentes, d de servidorees técni‐
co‐ad dministrativvos e de carrgos de direeção e funçõ
ões gratificaadas, este P
Projeto proppõe uma
estru
utura acadêêmico‐admiinistrativa inovadora baseada
b o dos recursos hu‐
naa otimização
mano os disponíveis.
Neste sentido, aa proposta é instalar nno Campus de Sumé a sede do Centro de Desenvol‐
vimeento Susten q atuará como “instância execcutiva, delib
ntável do Seemi‐Árido, que berativa,
normmativa e de gestão con ntábil e finaanceira no sseu âmbito
o”, conforme estabelecce o Art.
27 doo Regimentto Geral da UFCG, criaando pólos aacadêmicoss descentralizados nas cidades
de Itabaiana e Ittaporanga.
A priincipal justificativa parra a criação dos pólos é é que os recursos prevvistos no PP PA 2008‐
20111 – aliados aaos terreno os e edificaçções que estão sendo d doados à UFCG pelas P Prefeitu‐
ras d
de Sumé, Itaabaiana e Ittaporanga –– serão maiis do que su uficientes p
para instalarr e equi‐
par a
a sede do campus
c e as
a duas uniidades acad dêmicas deescentralizaddas, o que vem ao
encoontro do principal objetivo do PLA ANEXP: “Exp pandir o esccopo das ações de ensiino, pes‐
quisaa e extensãão da Univeersidade Feederal de Campina
C Grande de m
maneira a ammpliar e
democratizar o acesso da p população aaos produto os e processos da univversidade, ccontribu‐
indo assim paraa a consecuução das metas consiggnadas na Lei
L 10.172, de 9 de jan
neiro de
20011, do Plano N Nacional dee Educação””.
É importante reessaltar, nesste sentido,, que Sumé é, Itaporangga e Itabaiana são cidaades que
polarrizam três microrregiõ m total de 84 municíp
ões composstas por um pios, onde residem
cercaa de 760.0000 habitantees, segundoo o Censo de e 2000 do IBGE. Essa ppopulação m mantém‐
se peermanentem mente mob bilizada na luta pelos ca
ampi e o an núncio da aprovação da Emen‐
da Jo
osé Maranh hão veio a rreacender aa esperançaa por inclussão universitária nas três regi‐
ões, as mais carrentes em IInstituiçõess de Ensino Superior no Estado daa Paraíba, aapresen‐
tando, respectivvamente, so ofríveis taxas de 0,93%%, 1,24% e 0,69% doss jovens de 18 a 24
anoss no ensino superior.
43
Uma Rede para o Desenvolvimento Sustentável do Semi‐Árido
A construção de novos itinerários formativos para os cursos do CDSA será a tônica do pro‐
jeto pedagógico do “diamante do desenvolvimento sustentável do semi‐árido”. Neste
sentido, será constituída uma rede de intercâmbio entre os Centros de Referência da
UFCG na temática, agregando CTRN, CH e CEEI (Campus de Campina Grande), CSTR (Cam‐
pus de Patos) e o próprio CDSA (Campus de Sumé e Pólos de Itaporanga e Itabaiana), de
maneira a promover a circulação de informações, professores e estudantes entre os cam‐
pi. A rede será configurada sobre três estruturas básicas:
• Uma infovia que será implantada no biênio 2008‐2009 pela Fundação Parque Tec‐
nológico da Paraíba em parceria com o Ministério de Ciência e Tecnologia e o Go‐
verno do Estado, a qual irá interligar, através de backbone ótico, todos os campi
das três universidades públicas – UFPB, UFCG e UEPB – propiciando a comunica‐
ção de voz, vídeo e dados;
• A TV UFCG, que está sendo construída com o suporte da REDEIFES; e
• Um sistema de salas de teleconferência a serem implantadas em todas as Unida‐
des Acadêmicas da UFCG.
Essa rede propiciará, sobretudo, a aplicação das tecnologias da informação em favor de
sistemas educacionais mais flexíveis e massivos, como a Educação a Distância, cursos se‐
mipresenciais, em alternância etc., os quais propiciarão a otimização dos recursos huma‐
nos, a racionalização do uso da capacidade instalada e a democratização dos produtos e
processos da Universidade. De fato, por intermédio de programas interativos, os profes‐
sores poderão gerar conteúdos a partir de sua Unidade Acadêmica pela infovia ou mesmo
via satélite através da TV UFCG, o que possibilitará, por exemplo, que todas as disciplinas
possam ter 20% do seu conteúdo ministrado a distância, como garante a Lei.
Além do intercâmbio “virtual”, a circulação de professores e estudantes entre os campi
será fomentada. O currículo dos cursos será estruturado de maneira que os estudantes
possam cursar disciplinas em outras Unidades Acadêmicas e os professores serão estimu‐
lados, através do Programa Charles Beylier de Bolsas de Ensino e Extensão, a oferecerem
cursos nos diversos campi e pólos, que contarão com estruturas de hospedagem e uma
frota de veículos para este fim.
Essa estratégia otimizará em mais de 20% a relação alunos/professores (RAP) recomen‐
dada pelo REUNI, pois a taxa anual evoluirá de 18,3 alunos por professor a 24,3/1 em 5
anos (Ver Quadro à página 58). Por outro lado, a rede permitirá uma economia significati‐
va em ligações telefônicas e a própria racionalização de procedimentos administrativos e
decisões colegiadas através de encaminhamentos via teleconferência, em tempo real.
Unidade Acadêmica de Educação do Campo – UAEDUC
Segundo dados do IBGE, em 2006 existiam cerca de 31 milhões de pessoas vivendo no
campo no Brasil. No que se refere à escolaridade, enquanto na zona urbana a população
44
de 15 anos ou mais apresenta uma escolaridade média de 7,3 anos, na zona rural esta
média corresponde a 4 anos. Sabe‐se que, apesar do aumento do número de estabeleci‐
mentos que oferecem o nível médio nas comunidades rurais verificado pelos censos esco‐
lares realizados pelo INEP/MEC nos últimos anos (de 679 em 2000 para 1.533 em 2006),
sua oferta se encontra ainda longe da universalização, assim como a oferta dos anos fi‐
nais do ensino fundamental. Esta situação requer, além de política de expansão da rede
de escolas públicas que ofertem essas etapas da educação básica no campo, a correspon‐
dente oferta de trabalho docente com formação adequada.87
Sabe‐se que a grande maioria dos professores da área rural enfrentam sobrecarga de tra‐
balho, alta rotatividade, dificuldades de acesso, salários inferiores e baixa qualificação em
relação aos professores da zona urbana. No que se refere ao grau de formação dos pro‐
fessores da educação básica na zona urbana e na zona rural, os dados do censo escolar
2006 apontam que, na zona urbana, 10,4% das funções que atuam nos anos finais do en‐
sino fundamental possuem formação apenas em nível médio, enquanto na zona rural
este percentual corresponde a 42,5%. No ensino médio, o número de funções docentes
com formação no mesmo nível em que atuam corresponde, na zona urbana, a 4,3% e, na
zona rural, a 12,8%. Em termos absolutos, são 48.945 funções docentes que atuam nos
anos finais do ensino fundamental e no ensino médio nas escolas do campo sem forma‐
ção superior.88
Além do mais, considerando‐se a evolução das funções docentes com formação superior,
mas sem Licenciatura, nos estabelecimentos de ensino básico rurais, percebe‐se que o
seu número vem aumentando no decorrer dos anos, o que aponta para a necessidade
premente da formação de professores licenciados com formação específica para atender
aos povos do campo:
Funções Docentes com formação superior completa e sem Licenciatura ‐ Localização Rural
87
http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/educacaodocampo/procampo.pdf (acessado em 28/03/2008).
88
http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/educacaodocampo/procampo.pdf (acessado em 28/03/2008).
89
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=10402 (acessado em 22/05/2008).
45
• Curso de
e Licenciatu
ura em Educcação do Caampo
O Curso de Licenciaatura em Ed ducação do Campo terrá 2.800 horas, com a duração
de 9 sem
mestres, e será
s voltado especificamente para a formação de edu
ucadores
para a do ocência noss anos finaiss do ensinoo fundamental e ensinoo médio nass escolas
rurais, teendo regime de “formaação em serviço” e serrá oferecido o no período notur‐
no, com duração dee oito semestres letivoss.
Serão ab bertas 60 vaagas anuais,, mas o curso poderá sser oferecid do em regimme espe‐
cial com ingresso diferenciado o, como oco orre, por exxemplo, na Universidad de Fede‐
ral de Minas Gerais, ou atravéss de convên nios de formmação com Secretariass munici‐
pais e estaduais dee Educação, como oco
orre com a própria UFFCG com o
o PEC‐RP
(Program ma Estudantte Convênio o‐Rede Púb blica), o quee pode poteencializar a deman‐
da, aumeentando o ccontingentee de alunos//ano.
• Curso de
e Licenciatu
ura em Ciên
ncias Sociaiss – ênfase e
em Sociologgia Rural
Com a promulgação o da Lei quee tornou ob brigatório o
o ensino de Sociologia no Ensi‐
no Médio, o mercado para pro ofissionais nnesta área aampliou‐se significativamente.
Considerrando a neccessidade d de formar p professores de Sociologia habilitados a a‐
profundaar as questõ ões sociais eespecíficas do espaço rural brasileeiro, especialmente
para atuarem nas eescolas do ccampo, a UFCG propõee a criação deste curso o, valen‐
o acúmulo pedagógico
do‐se do o e da excelência acad
dêmica que possui nessta área,
uma vezz que a insttituição mantém o Curso de Ciênncias Sociaiss desde 196
62 e, há
exatos 30 anos, funciona o Currso de Mesttrado em So ociologia Ruural, atualmmente in‐
corporaddo ao Proggrama de Pós‐Graduaç
P ção em Ciêências Sociaais, com cu
ursos de
Mestrado e Doutoraado90.
O curso de Licenciaatura em Ciiências Sociiais terá 2.8
800 horas ee será ofere
ecido no
período noturno, co om duração
o de 9 semestres letivos e 30 vagas anuais.
• uperior de TTecnologia em Gestão Pública
Curso Su
nas esferas federal,
O Tecnólogo em Geestão Públicca atua em instituiçõess públicas, n
90
Cf. C
CANIELLO, M. “O
Os 25 anos da pós‐graduação em Sociologia no Ce
entro de Humanid
dades”, Revista R
Raízes, Vol. 22, n
nº 1, jan‐jun,
200 nde, UFCG/PPGS. http://www.uffcg.edu.br/~raizes/artigos/Arttigo_120.pdf
03. Campina Gran
46
estadual ou municipal. Suas atividades centram‐se no planejamento, implantação
e gerenciamento de programas e projetos de políticas públicas. Com sólidos co‐
nhecimentos sobre as regulamentações legais específicas do segmento, esse pro‐
fissional busca a otimização da capacidade de governo. O trato com pessoas, a vi‐
são ampla e sistêmica da gestão pública, a capacidade de comunicação, trabalho
em equipe e liderança são características indispensáveis a esse tecnólogo91.
O Curso Superior de Tecnologia em Gestão Pública terá 1.600 horas, com duração
de 6 semestres letivos e, inicialmente, será aberta uma turma anual com 50 vagas
no período noturno. O curso poderá ser oferecido em regime especial com ingres‐
so diferenciado através de convênios de formação com órgãos governamentais,
prefeituras, por exemplo, o que pode potencializar a demanda, aumentando o
contingente de alunos/ano.
• Curso Superior de Tecnologia em Gestão do Desenvolvimento Rural
Com a duração de dois anos, o Curso tem como objetivo formar profissionais para
atuarem na elaboração, desenvolvimento e gestão de projetos produtivos susten‐
táveis no âmbito dos arranjos produtivos locais, dando condições aos agricultores
familiares, assentados da reforma agrária e trabalhadores rurais em geral a aces‐
sarem e gerirem autonomamente as oportunidades disponibilizadas pelas políticas
públicas de desenvolvimento rural e territorial, assim como aquelas oriundas de
instituições, organizações e agências de fomento92.
O Curso Superior de Tecnologia em Gestão do Desenvolvimento Rural terá 1.600
horas, com duração de 5 semestres letivos e, inicialmente, terá uma turma anual
no período diurno com 50 vagas. O curso poderá ser oferecido em regime especial
com ingresso diferenciado através de convênios de formação com movimentos
sociais do campo, organizações de trabalhadores rurais, sindicatos, federações e
confederações sindicais rurais etc., o que pode potencializar a demanda, aumen‐
tando o contingente de alunos/ano.
• Programa de Pós‐Graduação em Desenvolvimento Rural Sustentável – PPGDRS
A UFCG mantém um Convênio com a Secretaria de Desenvolvimento Territorial
(SDT) do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) que tem por objetivo for‐
mar agentes para atuarem nas dinâmicas organizacionais dos Territórios Rurais
por intermédio do aprofundamento dos aspectos teóricos e práticos do desenvol‐
vimento rural sustentável e das metodologias participativas para a gestão dos ter‐
ritórios com vistas à promoção do desenvolvimento humano das populações do
campo93.
Este convênio propiciou a realização do Curso de Especialização em Desenvolvi‐
91
Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia. Brasília, Ministério da Educação, 2006.
92
O Ante‐Projeto Pedagógico do Curso foi construído por educadores e educandos do Projeto UniCampo, uma parceria entre a UFCG,
MDA/SDT/Projeto Dom Hélder Câmara, CIRAD, Prefeitura Municipal de Sumé, Escola Agrotécnica de Sumé e Associação dos Alunos
da Universidade Camponesa durante e após o processo pedagógico empreendido no Cariri paraibano entre 2003 e 2005, propondo
uma formação multidisciplinar e holística em 4 eixos: ciências ambientais, ciências agrárias, ciências humanas e ciências instrumen‐
tais (teóricas, metodológicas e práticas). http://www.ufcg.edu.br/~unicampo/
93
Projeto Acadêmico do Curso de Especialização em Desenvolvimento Rural Sustentável – CEDRUS. Campina Grande, UFCG/Pró‐
Reitoria de Pós‐Graduação, 2005.
47
mento Rural Sustentável – CEDRUS entre os anos de 2005 e 2007 reunindo 35 es‐
tudantes oriundos de 30 territórios rurais homologados pela SDT nos 9 estados do
Nordeste94. Em virtude do sucesso do curso no aspecto acadêmico e, principal‐
mente, pelas suas repercussões práticas positivas nas dinâmicas dos territórios em
que os alunos atuam, o Convênio está em vias de ser renovado. Nas conversações
mantidas recentemente com a Gerência de Desenvolvimento Humano da SDT com
vistas ao oferecimento do segundo Curso de Especialização CEDRUS no biênio
2008/2009, chegou‐se a um consenso quanto ao seu desenvolvimento no CDSA.
Desta maneira, contando com o financiamento do MDA/SDT, teremos condições
de, ao oferecer o curso no Campus de Sumé, lançar as bases para a criação do
Programa de Pós‐Graduação em Desenvolvimento Rural Sustentável – PPGDRS,
que terá uma estrutura multidisciplinar, agregando as duas Unidades Acadêmicas
do CDSA. Futuramente, serão criados cursos de Mestrado e Doutorado tanto na
área de educação, quanto na área de ciência e tecnologia.
Unidade Acadêmica de Tecnologia do Desenvolvimento – UATEC
Caracterizado em grande parte por áreas tidas como de alto risco ou vulnerável e alta
ocorrência do processo social da desertificação, o semi‐árido brasileiro além de sofrer a
ação dos fenômenos naturais, passa por níveis intensos de antropização no que se refere
aos processos de agriculturização e pecuarização. Dentre estes, o desflorestamento in‐
tensivo para ampliação de áreas agrícolas e de pastagem; o uso intensivo do solo; o des‐
respeito à capacidade de suporte animal nas pastagens nativas e artificiais; a presença
acentuada de processos erosivos e assoreamento de cursos d’água e mananciais e o sur‐
gimento de áreas afetadas por sais ou salinizadas. Devido às constantes estiagens, tem se
verificado a redução expressiva de disponibilidade das águas superficiais e subterrâneas
oriundas do Cristalino.
O uso inadequado do solo e os modelos de desenvolvimento regionais que visam à ob‐
tenção de resultados imediatos são as causas principais do aumento das áreas desertifi‐
cadas na região. Este fenômeno estaria, então, contribuindo diretamente para o cresci‐
mento da miséria e da migração de milhares de pessoas para os centros urbanos, surgin‐
do daí a necessidade de encontrar alternativas para o desenvolvimento do semi‐árido e a
preservação dos seus recursos naturais e de estudos que venham a contribuir para a re‐
cuperação do solo, da biodiversidade e da capacidade produtiva da região.
Segundo Pereira, “é preciso entender que uma das grandes vocações da Região Semi‐
Árida é a agro‐florestal (silvo‐agrícola, agrossilvopastoril e silvopastoril) com já foi eviden‐
ciada pela criação extensiva, mas não tecnificada, dos rebanhos dentro da caatinga, e
pelos diversos ciclos extrativistas já experienciados”95. Por outro lado, alguns pesquisado‐
res têm enfatizado que a produtividade agropecuária da região apresenta uma tendência
de queda, sobretudo quando comparada com as áreas mais dinâmicas do Brasil e que a
população na faixa etária intermediária tende a abandonar o Semi‐Árido permanecendo
94
Para detalhes, http://www.ufcg.edu.br/~cedrus/
95
PEREIRA, Op. Cit., 2008.
48
no lo
ocal apenass os mais noovos e idossos, boa parte deles apposentadoss. Um reflexxo desse
quaddro de redução da ativvidade econnômica é a iimportânciaa crescentee que as transferên‐
cias ggovernamentais (aposentadoria, bolsas, FPM
M etc.) passsam a ter naa circulação
o da ren‐
da naa região sem
mi‐árida.
Seguundo dois im
mportantess pesquisadores do asssunto, não há resposttas adequad
das para
os quuestionameentos e disccussões aceerca das pottencialidadees dos ecosssistemas do Bioma
Caatinga, entrettanto, é unanimidade que, mais do que nun nca, é preciiso desenvo olver um
trabaalho sistemático de inccentivo e dde valorizaçãão deste Biioma, e o p primeiro passso para
se iniciar essa açção é comeeçar a valorizar o seu po onômico96.
otencial eco
A criação da Un nidade Acad dêmica de TTecnologia do Desenvo olvimento vvisa atingir esse ob‐
jetivo
o: consideraando as pottencialidadees e vulnerabilidades d do semi‐árido e o extraordiná‐
rio desenvolvim mento cientíífico e tecno ológico nass áreas de bbioprodução o, gestão d
de recur‐
sos hídricos
h e informáticaa, formar prrofissionais capacitado
os a desenvvolverem e difundi‐
rem tecnologias apropriad das para o seu manejo, de maneeira à prommover a exp
ploração
econnômica susttentável doo Bioma Caaatinga, reduzindo a poobreza e a exclusão social
s na
regiãão semi‐áridda mais pop pulosa do M Mundo.
A UA onfiguração:
ATEC terá a seguinte co
96
Cf. TEEUCHER, H.; LOPEES, A S. de (orgs.)). Quanto Vale a Caatinga? Fortaleza, Fundação K
Konrad Adenauer,, 2002, 258 p. il.
49
Pólo de Ciência e Tecnologia em Bioprodução – POLOBIO
O POLOBIO (UATEC/Campus de Sumé) pretende formar um profissional com forte base
em matemática, física, biologia e química e nos fundamentos das engenharias. Sua for‐
mação profissional abordará temas aplicados à produção animal e vegetal, relacionados
às tecnologias de automação, da informação e de apoio à produção, tendo como referên‐
cia o paradigma agroecológico.
• Curso de Bacharelado em Engenharia de Biossistemas
A Engenharia de Biossistemas é uma nova área do conhecimento que surgiu em
virtude da evolução tecnológica dos processos de produção agrossilvopastoril,
pois, na atualidade, a especialização nos sistemas produtivos agrícola, pecuário e
florestal está determinada não somente pelo potencial natural de uma determi‐
nada região, mas, sobretudo, pela agregação de tecnologia na produção.
O mercado de trabalho para o engenheiro de biossistemas tem grande potencial
no Brasil, especialmente no semi‐árido, pois a maior parte da tecnologia nos pro‐
cessos para agricultura, zootecnia e manejo florestal ainda é importada, apesar da
posição do país como grande produtor e exportador de alimentos e produtos flo‐
restais.
O engenheiro de biossistemas terá como competência projetar sistemas que fa‐
voreçam a produção sustentável, mediante o uso de tecnologias inovadoras na
cadeia produtiva agrossilvopastoril do semi‐árido brasileiro. Trata‐se de um profis‐
sional com conhecimentos nas áreas de produção agrícola e animal, com habilida‐
des para desenvolver, instalar e gerenciar equipamentos e sistemas de apoio à a‐
gropecuária para produção de alimentos, forragem, materiais e energia.
O curso de Engenharia de Biossistemas terá 3.600 horas e será oferecido em perí‐
odo integral, com duração de nove semestres letivos e um semestre de estágio
supervisionado curricular.
• Curso de Bacharelado em Engenharia de Biotecnologia e Bioprocessos
A Biotecnologia manipula seres vivos para a produção racionalizada de biomolé‐
culas e substâncias visando à geração de produtos comercializáveis a partir da rica
biodiversidade brasileira. A Biotecnologia moderna busca manipular a vida pelos
genes, desenvolver novas características em animais, plantas ou microorganismos,
por meio de processos que a natureza levaria milhares de anos para realizar. Num
sentido mais amplo, a Biotecnologia vem sendo aplicada pela humanidade desde
cerca de 2000 anos antes de Cristo, quando se usava fermentações de leveduras
para a fabricação de vinho, cerveja, queijo e pão.
O campo da Engenharia de Biotecnologia e Bioprocessos envolve a criação de no‐
vos medicamentos, a produção de órgãos semi‐sintéticos para transplantes, a
produção de super microorganismos capazes de degradar resíduos tóxicos que po‐
luem o meio ambiente, o desenvolvimento de novos alimentos, a produção de in‐
sumos biológicos para os biossistemas produtivos, bioinseticidas naturais para a‐
gricultura, entre outros.
O curso irá formar profissionais para conceber, projetar, construir e operar equi‐
50
pamentos e plantas destinadas a reproduzir em escala industrial e econômica os
processos de transformação orgânica, envolvendo células vivas de natureza mi‐
crobiana, vegetal ou animal. O biotecnologista também atua na concepção de pro‐
jetos de equipamentos e materiais necessários a práticas médicas ou ligadas à in‐
dústria farmacêutica, de cosméticos, agroalimentar, meio ambiente, química fina
e agrícola.
A Biotecnologia é uma área profissional em franca expansão nos países desenvol‐
vidos e tem sido considerada como a ciência do milênio. A cada ano surgem novas
indústrias de biotecnologia. Cabe ao profissional desenvolver os processos que
permitem agregar valores aos recursos naturais existentes, com vistas à geração
de produtos e serviços às indústrias de alimentos, de fermentações, de cosméti‐
cos, de química fina, farmacêutica, agricultura, agropecuária, florestal, produtos
marinhos, entre outros.
O curso de Engenharia de Biotecnologia e Bioprocessos terá 3.600 horas e será o‐
ferecido em período integral, com duração de nove semestres letivos e um semes‐
tre de estágio supervisionado curricular.
• Curso de Bacharelado em Engenharia de Produção Agroindustrial
Segundo o International Institute of Industrial Engineering – IIIE e a Associação
Brasileira de Engenharia de Produção – ABEPRO, “compete à Engenharia de Pro‐
dução o projeto, a implantação, a operação, a melhoria e a manutenção de siste‐
mas produtivos integrados de bens e serviços, envolvendo homens, materiais,
tecnologia, informação e energia. Compete ainda especificar, prever e avaliar os
resultados obtidos destes sistemas para a sociedade e o meio ambiente, recorren‐
do a conhecimentos especializados da matemática, física, ciências humanas e so‐
ciais, conjuntamente com os princípios e métodos de análises e projeto da enge‐
nharia”97.
O Engenheiro de Produção, com sua visão sistêmica, é o profissional adequado pa‐
ra fazer o elo de ligação entre as diversas etapas constituintes da cadeia agroin‐
dustrial. Usando o ferramental da área, o Engenheiro de Produção Agroindustrial
pode fazer algo como:
Diminuição das altas taxas de desperdício nas cadeias agroindustriais com o
uso, por exemplo, das técnicas de Controle de Qualidade ao longo das diferen‐
tes etapas de cada uma delas;
Solucionar problemas logísticos, envolvendo armazenagem, distribuição e ba‐
lanceamento de insumos usando técnicas da Pesquisa Operacional. Além dis‐
so, problemas de dimensionamento de estoques podem ser tratados através
de técnicas de Planejamento e Controle da Produção e de aplicações de Enge‐
nharia Econômica;
Solucionar problemas de colocação de produtos no mercado com uso de téc‐
nicas estratégias de marketing e de projeto de produto;
97
http://www.pgie.ufrgs.br/portalead/producao/wwwproducao/engenharia.htm (acessado em 22/05/2008).
51
Outros exemplos envolvem aplicações em áreas diversas como recursos hu‐
manos; análise de processos e de relações de trabalho; automação e manu‐
tenção industrial; organização e métodos; projetos de empresas; instalações
industriais etc.
De acordo com a Associação Brasileira de Engenharia de Produção – ABEPRO,
“Considerando‐se a situação atual de retração do mercado de engenharia no Bra‐
sil, o mercado de engenharia de produção é sem sombra de dúvida o que desfruta
da melhor situação. Todos os engenheiros de produção vêm conseguindo boas co‐
locações no mercado principalmente em função do seu perfil que coincide com o
que se está demandando nos dias de hoje: um profissional com uma sólida forma‐
ção científica e com visão geral suficiente para encarar os problemas de maneira
global. O mercado de trabalho para o engenheiro de produção tem‐se mostrado
extremamente diversificado. Além do mercado tradicional (empresas e empreen‐
dimentos industriais), altamente instável e dependente da estabilidade econômi‐
ca, uma série de setores/áreas passaram a procurar os profissionais formados pe‐
las melhores universidades em engenharia de produção. O ponto em comum en‐
tre todas as áreas da Engenharia de Produção é o dinamismo e sua alta taxa de
crescimento. São setores que têm crescido mesmo quando a economia como um
todo tem se estagnado e todas as previsões são unânimes em considerá‐los como
extremamente promissores no futuro (próximos 5 anos).”98
Segundo a sabedoria do homem do campo do Nordeste seco, o leite é o principal
produto econômico do empreendimento familiar agrícola, pois, ao contrário de
todos os outros produtos, “dá o ano inteiro”. A carência de profissionais especiali‐
zados nesta cadeia produtiva a torna pouco rentável e significativamente instável,
mas o desenvolvimento da Engenharia de Produção Agroindustrial deverá produ‐
zir grande agregação de valor aos produtos, gerando renda para o homem do
campo.99
Neste sentido, a ênfase do Curso será voltada, fundamentalmente, para o equa‐
cionamento de duas áreas estratégicas da produção agroindustrial do semi‐árido,
a produção de forragem e a indústria de laticínios, e será estruturado por uma in‐
tensa articulação entre teoria e prática propiciada pela instalação no Campus de
Sumé de duas unidades produtivas modelo, a Fábrica de Ração e o Laticínio‐
Escola.
O curso de Engenharia de Produção Agroindustrial terá 3.600 horas e será ofereci‐
do em período integral, com duração de nove semestres letivos e um semestre de
estágio supervisionado curricular.
Pólo de Desenvolvimento Tecnológico em Recursos Hídricos – POLOÁGUA
Com a efetivação do projeto de transposição do Rio São Francisco, a gestão de recursos
hídricos torna‐se, mais do que nunca, estratégica para o desenvolvimento sustentável do
Nordeste, pois ainda que a água seja destinada primordialmente ao abastecimento de
98
http://www.abepro.org.br/interna.asp?p=399&m=440&s=1&c=417 (acessado em 22/05/2008).
99
A UFCG mantém uma longa tradição de cooperação com instituições francesas de ensino e pesquisa em ciências agrárias e, atual‐
mente, mantém um convênio com o CIRAD (http://www.cirad.fr/fr/index.php), no âmbito do qual deverão ser desenvolvidas ações
de intercâmbio científico e tecnológico com alunos e professores do curso.
52
pequenas, médias e grandes cidades da região semi‐árida dos estados de Pernambuco,
Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, “nos anos em que o reservatório de Sobradinho
estiver vertendo, o volume captado poderá ser ampliado, contribuindo para o aumento
da garantia da oferta de água para múltiplos usos”100. Assim, além de garantir a seguran‐
ça hídrica das populações urbanas, o projeto poderá vir a potencializar algumas vocações
produtivas do Estado, como a agricultura irrigada e a criação de peixes nos açudes que
receberão as águas do rio.
Como se sabe, Paraíba será beneficiada pelos dois eixos da transposição e, desta maneira,
a capacitação em gestão e desenvolvimento de recursos hídricos desempenhará um pa‐
pel importante para o desenvolvimento do Estado como um todo. Neste sentido, a UFCG
propõe a criação, no âmbito do CDSA, do Pólo de Desenvolvimento Tecnológico em Re‐
cursos Hídricos (POLOÁGUA), que deverá desenvolver atividades de ensino, pesquisa e
extensão em duas áreas, a Engenharia de Recursos Hídricos e a Engenharia de Aqüicultu‐
ra.
De maneira a otimizar a aplicação dos recursos públicos bem como aproveitar a expertise
já existente no Estado, propomos a instalação do POLOÁGUA no município de Itaporanga,
no Vale do Piancó, onde se localiza a maior bacia hídrica da Paraíba, com 27 açudes públi‐
cos, além dos reservatórios privados, que somam 1,83 bilhões de metros cúbicos de ca‐
pacidade, destacando‐se entre esses o sistema Coremas/Mãe D’água, o maior da Paraíba.
No POLOÁGUA funcionarão os seguintes cursos:
• Curso de Engenharia Civil – Habilitação em Recursos Hídricos
O Engenheiro de Recursos Hídricos será, em síntese, o profissional que vai se valer
das ferramentas conceituais metodológicas e técnicas desta tecnologia para de‐
senvolver projetos de irrigação e drenagem, a serviço de organizações tanto públi‐
cas como privadas. Seu foco primordial será a sustentabilidade do empreendimen‐
to agropecuário no semi‐árido. Com ajuda do espírito empreendedor que lhe será
inculcado durante o Curso e possuidor de valores éticos, nacionais e regionais, e
consciência de sua função na sociedade, desempenhará um papel muito impor‐
tante no desenvolvimento do Brasil. Nele será cultivada a consciência de sua res‐
ponsabilidade para com o meio ambiente, na busca do desenvolvimento sustentá‐
vel, isto é, não apenas econômico, mas também social e ambiental.
O curso de Engenharia de Recursos Hídricos terá 3.600 horas e será oferecido em
período integral, com duração de nove semestres letivos e um semestre de está‐
gio supervisionado curricular.
• Curso Superior de Tecnologia em Irrigação e Drenagem
O Tecnólogo em Irrigação e Drenagem planeja, executa e supervisiona projetos de
irrigação e drenagem. Para isso é necessário avaliar solos, executar o levantamen‐
to topográfico, selecionar equipamentos e analisar os impactos ambientais. Esse
profissional é responsável, ainda, por orientar o manejo adequado de sistemas de
irrigação e drenagem, objetivando a sustentabilidade ambiental e a otimização do
100
http://www.integracao.gov.br/saofrancisco/integracao/index.asp
53
uso dos recursos hídricos. A aplicação de produtos químicos, a gerência de perí‐
metros irrigados e a orientação de quando, quanto e como irrigar ou drenar o solo
constituem a base para a atuação desse profissional. 101
O Curso Superior de Tecnologia em Irrigação e Drenagem terá a duração de 2.400
horas, com 7 semestres letivos e, inicialmente, será aberta uma turma anual no
período diurno. O curso poderá ser oferecido em regime especial com ingresso di‐
ferenciado através de convênios de formação.
• Curso Superior de Tecnologia em Agrimensura
O Tecnólogo em Agrimensura atua na execução de levantamentos topográficos
em áreas rurais e urbanas, gerando como produto final mapas topográficos ‐ digi‐
tais e analógicos ‐ que subsidiarão estudos na elaboração de projetos, tais como
loteamentos rurais e urbanos, estudo do traçado de estradas, redes elétricas, de
água e esgoto, hidrovias, obras de irrigação e drenagem, enfim todas as obras de
infra‐estrutura na área da construção. Esse profissional atua na demarcação de
propriedades, reservas legais e de preservação, executando avaliações e perícias
técnicas. Equipamentos de medição, de fotografias aéreas, satélites e sistema de
posicionamento global, são instrumentos de trabalho desse profissional.102
O Curso Superior de Tecnologia em Irrigação e Drenagem terá a duração de 2.000
horas, com 6 semestres letivos e, inicialmente, será aberta uma turma anual no
período diurno. O curso poderá ser oferecido em regime especial com ingresso di‐
ferenciado através de convênios de formação.
• Curso Superior de Tecnologia em Aqüicultura
O Tecnólogo em Aqüicultura atua na produção de peixes e de outros animais a‐
quáticos, em cultivos, desde a produção de alevinos, engorda, processamento até
a comercialização e distribuição dos produtos para o mercado consumidor. Pisci‐
cultura, ranicultura, ostreicultura, mitilicultura, carcinicultura e cultivo de peixes
ornamentais são algumas das possibilidades de atuação desse profissional, apli‐
cando conhecimentos de tecnologia para gerenciar e explorar, de forma sustentá‐
vel, o potencial das unidades de criação em tanques, açudes e lagoas. 103
O Curso Superior de Tecnologia em Aqüicultura terá a duração de 2.000, com 6
semestres letivos e, inicialmente, será aberta uma turma anual no período diurno.
O curso poderá ser oferecido em regime especial com ingresso diferenciado atra‐
vés de convênios de formação.
Pólo de Informática – POLOINFO
Segundo Eric Hobsbawn, um dos mais respeitados pensadores da contemporaneidade,
“Há aspectos revolucionários no processo de produção das últimas duas décadas. Porque
existe uma revolução em andamento na informação e também na comunicação. A Revo‐
lução dos Computadores é – de longe – a mais dramática como forma de comunicação. É
101
Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia. Brasília, Ministério da Educação, 2006.
102
Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia. Brasília, Ministério da Educação, 2006.
103
Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia. Brasília, Ministério da Educação, 2006.
54
preciso notar também a enorme mudança sofrida pela produção biológica, em técnicas
que já afetam a produção agrícola. Isto pode, no tempo devido, afetar igualmente a pro‐
dução industrial. Eu diria que a maior conseqüência destes dois fatos é produzir uma
grande mudança na distribuição internacional de atividades econômicas”.104 Isto é, as
ferramentas da informática associadas aos processos de bioprodução e à produção agro‐
industrial compõem o fundamento do mais promissor cenário de desenvolvimento para
as nações emergentes.
A implantação do Pólo de Informática no âmbito da UATEC, portanto, é indispensável
para a configuração do que denominamos “diamante do desenvolvimento sustentável do
semi‐árido”, pois não há como dar sustentação a um projeto de desenvolvimento reno‐
vador sem as ferramentas da tecnologia da informação. Por outro lado, é preciso ressaltar
que o mercado de trabalho nessa área é, talvez, o mais aquecido na atualidade, ofere‐
cendo um extenso leque de oportunidades no mundo da ciência e tecnologia e nos seto‐
res primário, secundário e terciário da economia.
A escolha de Itabaiana para sediar esta unidade descentralizada deve‐se a vários fatores
anteriormente abordados neste Projeto, mas há que se destacar que a cidade está situa‐
da numa posição geográfica estratégica, no centro do triângulo formado por João Pessoa
(83 km), Campina Grande (105 km) e Recife (135 km). Embora essa relativa proximidade a
centros universitários importantes não tenha se refletido na taxa de acesso ao ensino
superior de jovens de 18 a 24 anos, uma vez que a microrregião apresenta o menor índice
entre as três que compõem o CDSA e um dos menores do Estado da Paraíba (0,69%)105, a
pequena distância que a separa da terceira maior cidade nordestina, da capital do Estado
e da maior cidade do interior do Nordeste abre um amplo mercado de trabalho para os
egressos dos cursos, bem próximo à residência de seus familiares.
O POLOINFO terá uma estrutura acadêmica mais enxuta que os outros dois pólos, pois ali
serão implantados exclusivamente Cursos Superiores de Tecnologia, numa proposta pe‐
dagógica piloto na UFCG, afinada com os recentes debates sobre a Universidade Nova106
e com as diretrizes do REUNI. A idéia é que todos os estudantes ingressem para fazer um
básico comum para, posteriormente, optarem por uma das quatro áreas. Após concluí‐
rem o curso, eles poderão “migrar” para o Curso de Ciências da Computação no CEEI e
completar a formação para obtenção do grau de Bacharel. Desta maneira, a relação alu‐
nos/professores será otimizada, as taxas de evasão e retenção diminuirão e a taxa de
concluintes poderá até duplicar.
No POLOINFO funcionarão os seguintes cursos:
• Curso Superior de Tecnologia em Gestão da Tecnologia da Informação
O Tecnólogo em Gestão da Tecnologia da Informação atua num segmento da área
de informática que abrange a administração dos recursos de infra‐estrutura física
e lógica dos ambientes informatizados. O profissional egresso desse curso define
parâmetros de utilização de sistemas, gerencia os recursos humanos envolvidos,
104
http://www.geneton.com.br/archives/000143.html (acessado em 22/05/2008).
105
Esse paradoxo, aliás, reforça a justificativa para a implantação do pólo, pois demonstra a relatividade das distâncias rodoviárias
numa região de população majoritariamente pobre.
106
http://www.universidadenova.ufba.br/twiki/bin/view/UniversidadeNova/Conceitos (acessado em 22/05/2008).
55
implanta e documenta rotinas, controla os níveis de serviço de sistemas operacio‐
nais e banco de dados, gerenciando os sistemas implantados.107
O Curso Superior de Tecnologia em Gestão da Tecnologia da Informação terá a du‐
ração de 2.000 horas, com 6 semestres letivos no período diurno e 7 semestres no
período noturno, com o oferecimento de duas turmas anuais (uma em cada tur‐
no).
• Curso Superior de Tecnologia em Segurança da Informação
O Tecnólogo em Segurança da Informação zela pela integridade e resguardo de in‐
formações das empresas, protegendo‐as contra acessos não autorizados. Assim,
dentro dos princípios de confidencialidade, integridade e disponibilidade, esse
profissional realiza análises de riscos, administra sistemas de informações, projeta
e gerencia redes de computadores seguras, realiza auditorias, planeja contingên‐
cias e recuperação em sinistros. Atua nos aspectos lógicos e físicos, controlando os
níveis de acesso aos serviços dos sistemas operacionais, banco de dados e redes
de computadores.108
O Curso Superior de Tecnologia em Segurança da Informação terá a duração de
2.000 horas, com 6 semestres letivos no período diurno e 7 semestres no período
noturno, com o oferecimento de duas turmas anuais (uma em cada turno).
• Curso Superior de Tecnologia em Redes de Computadores
O Tecnólogo em Redes de Computadores é o profissional que elabora, implanta,
gerencia e mantém projetos lógicos e físicos de redes de computadores locais e de
longa distância. Conectividade entre sistemas heterogêneos, diagnóstico e solução
de problemas relacionados à comunicação de dados, segurança de redes, avalia‐
ção de desempenho, configuração de serviços de rede e de sistema de comunica‐
ção de dados são áreas de desempenho desse profissional. Conhecimentos de ins‐
talações elétricas, teste físico e lógico de redes, normas de instalações e utilização
de instrumentos de medição e segurança são requisitos à atuação desse profissio‐
nal.109
O Curso Superior de Tecnologia em Redes de Computadores terá a duração de
2.000 horas, com 6 semestres letivos no período diurno e 7 semestres no período
noturno, com o oferecimento de duas turmas anuais (uma em cada turno).
• Curso Superior de Tecnologia em Sistemas para Internet
O Tecnólogo em Sistemas para Internet ocupa‐se do desenvolvimento de progra‐
mas, de interfaces e aplicativos, do comércio e do marketing eletrônicos, além de
sítios e portais para internet e intranet. Esse profissional gerencia projetos de sis‐
temas, inclusive com acesso a banco de dados, desenvolvendo projetos de aplica‐
ções para a rede mundial de computadores e integra mídias nos sítios da internet.
Este profissional atua com tecnologias emergentes como computação móvel, re‐
107
Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia. Brasília, Ministério da Educação, 2006.
108
Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia. Brasília, Ministério da Educação, 2006.
109
Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia. Brasília, Ministério da Educação, 2006.
56
des sem fio e sistemas distribuídos. Cuidar da implantação, atualização, manuten‐
ção e segurança dos sistemas para internet também são suas atribuições.110
O Curso Superior de Tecnologia em Sistemas para Internet terá a duração de 2.000
horas, com 6 semestres letivos no período diurno e 7 semestres no período notur‐
no, com o oferecimento de duas turmas anuais (uma em cada turno).
110
Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia. Brasília, Ministério da Educação, 2006.
57
PROGRAMAÇÃO DE INÍCIO DOS CURSOS
DURAÇÃO
INÍCIO CURSO CAMPUS U.A. TURNO C.H. VAGAS
semestres
Curso de Licenciatura em Educação do Campo SUMÉ UAEDUC Noturno 2800 9 60
Curso de Licenciatura em Ciências Sociais SUMÉ UAEDUC Noturno 2800 9 30
2009.1
Curso Superior de Tecnologia em Gestão do Desenvolvimento Rural SUMÉ UAEDUC Diurno 1600 5 50
Curso Superior de Tecnologia em Gestão Pública SUMÉ UAEDUC Noturno 1600 6 50
Curso de Bacharelado em Engenharia de Biossistemas SUMÉ UATEC‐SM Diurno 3600 10 50
2009.2 Curso de Bacharelado em Engenharia de Biotecnologia e Bioprocessos SUMÉ UATEC‐SM Diurno 3600 10 50
Curso de Bacharelado em Engenharia de Produção Agroindustrial SUMÉ UATEC‐SM Diurno 3600 10 50
Curso Superior de Tecnologia em Gestão da Tecnologia da Informação ITABAIANA UATEC‐ITB Noturno 2000 6 50
Curso Superior de Tecnologia em Segurança da Informação ITABAIANA UATEC‐ITB Noturno 2000 6 50
Curso Superior de Tecnologia em Redes de Computadores ITABAIANA UATEC‐ITB Noturno 2000 6 50
2010.1
Curso Superior de Tecnologia em Sistemas para Internet ITABAIANA UATEC‐ITB Noturno 2000 6 50
Curso de Bacharelado em Engenharia Civil ‐ Hab. Recursos Hídricos ITAPORANGA UATEC‐ITP Diurno 3600 10 50
Curso Superior de Tecnologia em Irrigação e Drenagem ITAPORANGA UATEC‐ITP Diurno 2400 7 50
Curso Superior de Tecnologia em Gestão da Tecnologia da Informação ITABAIANA UATEC‐ITB Diurno 2000 6 50
Curso Superior de Tecnologia em Segurança da Informação ITABAIANA UATEC‐ITB Diurno 2000 6 50
Curso Superior de Tecnologia em Redes de Computadores ITABAIANA UATEC‐ITB Diurno 2000 6 50
2010.2
Curso Superior de Tecnologia em Sistemas para Internet ITABAIANA UATEC‐ITB Diurno 2000 6 50
Curso Superior de Tecnologia em Agrimensura ITAPORANGA UATEC‐ITP Diurno 2000 6 50
Curso Superior de Tecnologia em Aqüicultura ITAPORANGA UATEC‐ITP Diurno 2000 6 50
58
CRIAÇÃO DE VAGAS, CORPO DOCENTE E RELAÇÃO ALUNOS/PROFESSORES (RAP) – PROPOSTA ORIGINAL
DURAÇÃO Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
CURSO U.A. TURNO C.H. VAGAS
semestres 2009.1 2009.2 2010.1 2010.2 2011.1 2011.1 2012.1 2012.2 2013.1 2013.2
Lic. Educação do Campo UAEDUC Noturno 2800 9 60 60 120 180 240 300
Lic. Ciências Sociais UAEDUC Noturno 2800 9 30 30 60 90 120 150
Tec. Gestão do Des. Rural UAEDUC Diurno 1600 5 50 50 100 150 150 150
Tec. Gestão Pública UAEDUC Noturno 1600 6 50 50 100 150 150 150
Eng. de Biossistemas UATEC‐SM Diurno 3600 10 50 50 100 150 200 250
Eng. de Biotecnologia UATEC‐SM Diurno 3600 10 50 50 100 150 200 250
Eng. de Produção UATEC‐SM Diurno 3600 10 50 50 100 150 200 250
Eng. Civil UATEC‐ITP Diurno 3600 10 50 50 100 150 200 250
Tec. Irrigação e Drenagem UATEC‐ITP Diurno 2400 7 50 50 100 150 200 200
Tec. Agrimensura UATEC‐ITP Diurno 2000 6 50 50 100 150 150
Tec. Aqüicultura UATEC‐ITP Diurno 2000 6 50 50 100 150 150
Tec. Gestão da Tec. da Inf. UATEC‐ITB Noturno 2000 7 50 50 100 150 200 200
Tec. Seg. da Informação UATEC‐ITB Noturno 2000 7 50 50 100 150 200 200
Tec. Redes de Computadores UATEC‐ITB Noturno 2000 7 50 50 100 150 200 200
Tec. Sist. para Internet UATEC‐ITB Noturno 2000 7 50 50 100 150 200 200
Tec. Gestão da Tec. da Inf. UATEC‐ITB Diurno 2000 6 50 50 100 150 150
Tec. Seg. da Informação UATEC‐ITB Diurno 2000 6 50 50 100 150 150
Tec. Redes de Computadores UATEC‐ITB Diurno 2000 6 50 50 100 150 150
Tec. Sist. para Internet UATEC‐ITB Diurno 2000 6 50 50 100 150 150
TOTAL 940 190 450 680 900 1170 1350 1560 1800 1650 2000
VAGAS/ANO 640 1580 2520 3360 3650
PROFESSORES 35 70 120 150 150
RAP 18,3 22,6 21,0 22,4 24,3
59
VAGAS, DOCENTES, SERVIDORES TÉCNICO‐ADMINISTRATIVOS, CDS E FGS
CAMPUS DE SUMÉ – CONFORME PACTUAÇÃO UFCG/MEC/SESU
VAGAS 2009 2010 2011 2012 2013
TOTAL CUMULATIVO 340 680 1020 1260 1500
DOCENTES 2008 2009 2010 2011
TOTAL 83 33 30 20 0
STA‐NÍVEL MÉDIO 30 2008 2009 2010 2011
Assistente Administrativo 19 9 10 0 0
Técnico em Contabilidade 3 3 0 0 0
Técnico de Laboratório 8 0 8 0 0
TOTAL ‐ NM 12 18 0 0
STA‐NÍVEL SUPERIOR 12 2008 2009 2010 2011
Administrador 3 2 1 0 0
Contador 2 2 0 0 0
Secretário Executivo 1 1 0 0 0
Técnico em Ass. Educacionais 2 2 0 0 0
Assistente Social 1 0 1 0 0
Nutricionista 1 0 1 0 0
Bibliotecário 1 1 0 0 0
Analista de TI 1 0 1 0 0
TOTAL ‐ NS 8 4 0 0
TOTAL GERAL 42 20 22 0 0
CARGOS DE DIREÇÃO E FUNÇÕES GRATIFICADAS 2008
CD 3 1
CD 4 1
FG1 7
FG 2 5
TOTAL 14
Para detalhes, Ver Anexos 1 e 8.
60
CONDIÇÕES
Infra‐Estrutura para a Implantação do Campus
O Campus de Sumé
Por intermédio do Decreto Municipal Nº 807/2008, o Prefeito Municipal de Sumé, Genival
Paulino de Sousa, desapropriou um terreno de 25 hectares, doando‐o para a UFCG para a
construção do Campus de Sumé. Este terreno é contíguo á Escola Agrotécnica de Sumé
(EAS), instalada numa área de 25 hectares, também doada à UFCG por intermédio da Lei
Nº 900/2005.
A EAS possui uma excelente estrutura física para o início das atividades de ensino pesqui‐
sa e extensão do Centro de Desenvolvimento Sustentável do Semi‐Árido (CDSA) a partir
do 2º Semestre de 2008, bastando para isso a realização de reformas em algumas estru‐
turas já existentes. A UFCG discute com a Prefeitura Municipal de Sumé um plano de co‐
gestão para a EAS, de maneira que as atividades do ensino básico mantenham uma inte‐
ração permanente e dinâmica com as atividades de ensino, pesquisa e extensão da UFCG
(Ver Anexos 2 e 3). Também estão em andamento conversações com a Diretoria da EAS
no sentido da criação do Ensino Médio Técnico Agrícola, também em regime de parceria
com a UFCG.
O Pólo de Itaporanga
No município de Itaporanga há três equipamentos públicos que serão cedidos à UFCG
para o desenvolvimento das atividades acadêmicas, conforme entendimentos em proces‐
so avançado com o Governo do Estado: a Estação de Piscicultura de Itaporanga, a Estação
Experimental Fazenda Veludo, o Laboratório de Solos e Produção de Mudas, além do Co‐
légio Padre Diniz, colocado à disposição da UFCG pela Diocese. Ademais, a Prefeitura Mu‐
nicipal desapropriou e doou um terreno para a instalação definitiva do Pólo (Ver Anexo
4).
O Pólo de Itabaiana
A Prefeitura Municipal de Itabaiana doou para a UFCG um conjunto de edificações com
uma área construída de 2.748 m² (além de um ginásio de esportes), onde funcionava o
CAIC, construído no início dos anos 1990 e desativado há alguns anos. Com reformas e
adequações similares às executadas pela Universidade Federal de Sergipe no CAIC de Ita‐
baiana (SE) e a construção de algumas outras edificações o POLOINFO poderá iniciar suas
atividades no segundo semestre de 2009 (Ver Anexo 5).
Financiamento
O Congresso Nacional aprovou uma Emenda do Senador José Maranhão ao Plano Pluria‐
nual 2008‐2011 no valor de R$ 60.000.000,00 para o Plano de Expansão Institucional da
UFCG, sendo R$ 36.000.000,00 em recursos de capital e R$ 24.000.000,00 em recursos de
custeio. Estes recursos serão divididos entre o CDSA (R$ 52.000.000,00) e o Colégio Agrí‐
cola de São João do Rio do Peixe (R$ 8.000.000,00).
61
ORÇAMENTO GERAL
Elemento de Despesa Valor (R$)
%
Código Descrição 2008 2009 2010 2011 TOTAL
Despesas Correntes R$ 5.110.303,21 R$ 5.215.276,77 R$ 5.222.253,00 R$ 5.224.472,90 R$ 20.772.305,88 100,00%
3390.14 Diárias ‐ Pessoal Civil R$ 15.000,00 R$ 60.000,00 R$ 75.000,00 R$ 75.000,00 R$ 225.000,00 1,08%
3390.18 Programa de Bolsas R$ 50.000,00 R$ 200.000,00 R$ 350.000,00 R$ 400.000,00 R$ 1.000.000,00 4,81%
3390.30 Material de Consumo R$ 673.704,47 R$ 1.102.814,07 R$ 1.643.476,59 R$ 2.236.449,57 R$ 5.656.444,70 27,23%
3390.33 Passagens e Despesas com Locomoção R$ 15.000,00 R$ 50.000,00 R$ 75.000,00 R$ 75.000,00 R$ 215.000,00 1,04%
3390.36 Outros Serviços de Terceiros ‐ Pessoa Física R$ 20.000,00 R$ 50.000,00 R$ 50.000,00 R$ 50.000,00 R$ 170.000,00 0,82%
3390.39 Outros Serviços de Terceiros ‐ Pessoa Jurídica R$ 4.332.598,74 R$ 3.742.462,70 R$ 3.018.776,41 R$ 2.378.023,33 R$ 13.471.861,18 64,85%
3390.47 Obrigações Tributárias e Contributivas R$ 4.000,00 R$ 10.000,00 R$ 10.000,00 R$ 10.000,00 R$ 34.000,00 0,16%
Despesas de Capital R$ 7.748.521,12 R$ 7.749.420,90 R$ 7.749.872,51 R$ 7.747.841,24 R$ 30.995.655,78 100,00%
4490.51 Obras e Instalações R$ 5.480.167,28 R$ 4.566.986,20 R$ 4.980.790,08 R$ 5.328.617,84 R$ 20.356.561,40 65,68%
4490.52 Equipamentos e Material Permanente R$ 2.268.353,84 R$ 3.182.434,70 R$ 2.769.082,43 R$ 2.419.223,40 R$ 10.639.094,38 34,32%
Total (Despesas Correntes + Despesas de Capital) R$ 12.858.824,34 R$ 12.964.697,67 R$ 12.972.125,51 R$ 12.972.314,14 R$ 51.767.961,66
Obs. Este Orçamento contempla o Campus de Sumé com os Pólos de Itabaiana e Itaporanga
62
ORÇAMENTO DO CAMPUS DE SUMÉ
Elemento de Despesa Valor (R$)
%
Código Descrição 2008 2009 2010 2011 TOTAL
Despesas Correntes R$ 1.499.816,75 R$ 2.499.986,10 R$ 2.499.993,93 R$ 2.499.975,99 R$ 8.999.772,77 100,00%
3390.14 Diárias ‐ Pessoal Civil R$ 15.000,00 R$ 35.000,00 R$ 35.000,00 R$ 50.000,00 R$ 135.000,00 1,50%
3390.18 Programa de Bolsas R$ 150.000,00 R$ 250.000,00 R$ 350.000,00 R$ 750.000,00 8,33%
3390.30 Material de Consumo R$ 666.800,71 R$ 876.852,27 R$ 879.782,21 R$ 824.764,27 R$ 3.248.199,46 36,09%
3390.33 Passagens e Despesas com Locomoção R$ 15.000,00 R$ 35.000,00 R$ 35.000,00 R$ 50.000,00 R$ 135.000,00 1,50%
3390.36 Outros Serviços de Terceiros ‐ Pessoa Física R$ 10.000,00 R$ 10.000,00 R$ 10.000,00 R$ 10.000,00 R$ 40.000,00 0,44%
3390.39 Outros Serviços de Terceiros ‐ Pessoa Jurídica R$ 791.016,04 R$ 1.391.133,83 R$ 1.288.211,72 R$ 1.213.211,72 R$ 4.683.573,31 52,04%
3390.47 Obrigações Tributárias e Contributivas R$ 2.000,00 R$ 2.000,00 R$ 2.000,00 R$ 2.000,00 R$ 8.000,00 0,09%
Despesas de Capital R$ 4.249.712,39 R$ 4.249.691,37 R$ 4.249.833,96 R$ 4.249.946,52 R$ 16.999.184,24 100,00%
4490.51 Obras e Instalações R$ 3.049.252,08 R$ 2.604.798,00 R$ 2.269.931,72 R$ 2.829.171,52 R$ 10.753.153,32 63,26%
4490.52 Equipamentos e Material Permanente R$ 1.200.460,31 R$ 1.644.893,37 R$ 1.979.902,24 R$ 1.420.775,00 R$ 6.246.030,92 36,74%
Total (Despesas Correntes + Despesas de Capital) R$ 5.749.529,14 R$ 6.749.677,47 R$ 6.749.827,89 R$ 6.749.922,51 R$ 25.998.957,01
Para Detalhes, Ver Anexo 6 (Memória de Cálculo: Despesas Correntes) e Anexo 7 (Memória de Cálculo: Despesas de Capital).
63
ANEXOS
ANEXO 1 ORGANOGRAMA FUNCIONAL DO CDSA – CAMPUS DE SUMÉ
ANEXO 2 INFRA‐ESTRUTURA DISPONÍVEL PARA INSTALAÇÃO DO CAMPUS DE SUMÉ
ANEXO 3 PLANTAS DO TERRENO DO CAMPUS E DA ESCOLA AGROTÉCNICA DE SUMÉ
ANEXO 4 INFRA‐ESTRUTURA DISPONÍVEL PARA INSTALAÇÃO DO POLOÁGUA
ANEXO 5 INFRA‐ESTRUTURA DISPONÍVEL PARA INSTALAÇÃO DO POLOINFO
ANEXO 6 MEMÓRIA DE CÁLCULO: DESPESAS CORRENTES
ANEXO 7 MEMÓRIA DE CÁLCULO: DESPESAS DE CAPITAL
ANEXO 8 ATA DA REUNIÃO DE PACTUAÇÃO UFCG/SESU/MEC
ANEXO 9 CERTIDÃO E EXTRATO DE ATA DA APROVAÇÃO DO CAMPUS DE SUMÉ NO
COLEGIADO PLENO DO CONSELHO UNIVERSITÁRIO DA UFCG
64
ANEXO 1
ORGANOGRAMA FUNCIONAL DO CDSA
65
ANEXO 2
INFRA‐ESTRUTURA DISPONÍVEL PARA INSTALAÇÃO DO CAMPUS DE SUMÉ
66
A ESCOLA AGROTÉCNICA DE SUMÉ
A Escola Agrotécnica de Ensino Fundamental Dep. Evaldo Gonçalves de Queiroz, situada a
Rua Luiz Grande s/nº, bairro Frei Damião na cidade de Sumé, PB, foi fundada no ano de
1991 através do decreto 328/91, inaugurada em 1998 e autorizada sob a Resolução nº
211/2001‐CEE, em 20/09/2001. Funcionando há 10 (dez) anos atendendo ao Ensino Fun‐
damental Agrotécnico do 6º ao 9º ano, atualmente conta com 295 alunos distribuídos nos
turnos manhã e tarde. O seu quadro docente é composto por 21 professores qualificados,
sendo ainda acrescido de 27 funcionários para seu quadro de servidores. A área possui 25
hectares devidamente distribuídos e em pleno funcionamento, sendo que 2,5 hectares
abrigam o Parque de Exposições de Sumé.
É uma das poucas Escolas em atividade no Estado da Paraíba oferecendo ensino agrotéc‐
nico essencial para o desenvolvimento sustentável local e regional. Esta importância é
justificada pelo fato de 80% dos alunos serem filhos de agricultores familiares da zona
rural do município. Seria uma forma de fixação do jovem, proporcionando‐lhe condições
de optar sobre o lugar onde deseja viver, intervindo na lógica de se estudar para sair do
campo ou ficando neste e criando meios de sobrevivência.
Levando em consideração a sustentabilidade agrícola, ambiental, social, econômica e po‐
lítica, o aluno faz uso dos conhecimentos adquiridos e agrega as técnicas repassadas pela
escola, as atividades produtivas do seu lugar, garantindo, assim, uma melhoria na renda
familiar e na qualidade de vida.
Mediante a exposição dessas informações, a escola está em plena fase de crescimento,
tendo, além das disciplinas de núcleo comuns (Português, Matemática, História, Geogra‐
fia, Ciências, Inglês, Educação Física, Artes e Ensino Religioso) as da parte diversificada,
como Práticas Agrícolas, Práticas Zootécnicas e Práticas Industriais. Como suporte técnico
para essas disciplinas, a escola dispõe de unidades demonstrativas de: Caprinocultura,
Avicultura, Suinocultura, Piscicultura, Cunicultura, Horticultura, Fruticultura e Grandes
Culturas, além de criações de animais nativos da fauna nordestina, como mocó e pássa‐
ros.
O objetivo da escola é qualificar o aluno para o trabalho na agropecuária, bem como im‐
plantar projetos agropecuários que sirvam para uma mudança de concepção do campo,
proporcionando vivências das etapas do processo de produção, desde o planejamento à
comercialização. Nesse sentido, a instituição visa contribuir na formação de cidadãos par‐
ticipativos, altivos, e determinados, que busquem por sua identidade com a terra e aju‐
dem na transformação de realidades.
A pedagogia da Escola Agrotécnica de Sumé centra‐se no conceito da gestão de conheci‐
mento, o qual amplia a visão empírica dos alunos e os métodos de capacitação e forma‐
ção, desenvolvendo processos de aprendizagens coletivas. Nessa filosofia, todos os a‐
prendizes são sujeitos ativos na transformação do seu próprio conhecimento. Possui um
caráter articulador, a partir do qual o saber popular e o saber técnico não são hegemôni‐
cos, mas trabalham de maneira construtiva com o saber e a lógica de cada grupo, na dire‐
ção de um conhecimento coletivamente apropriado à realidade. O professor é o agente
multiplicador desta idéia, auxiliado por todo o pessoal de apoio, em campanhas e ativida‐
des pedagógicas diárias.
Segundo a Secretaria de Educação, a Escola Agrotécnica de Sumé é mantida, exclusiva‐
67
mente, com recursos municipais, tendo, portanto, dificuldades, já que os mesmos são
escassos. O sistema de parceria é antigo, porém novo para a realidade da escola. Atual‐
mente, a instituição mantém parcerias com a UFCG (campus avançado, onde é desenvol‐
vido o Projeto UniCampo desde 2003), o SEBRAE, a EMATER, o INCRA, o Pacto Novo Cari‐
ri, a EMBRAPA, a SAIA, a EMEPA, a UEPB, o Banco do Brasil, o BNB, o PEASA, o Projeto
Dom Hélder Câmara (MDA) e outros.
Os que fazem a escola acreditam que o sucesso das ações estão baseado, também, num
trabalho sistemático, planejado e contínuo, voltados para atender às necessidades dos
alunos e objetivos da escola. Tem como suporte e princípios a Lei de Diretrizes e Bases
para a Educação/MEC, que subsidiam e fortalecem as atividades diversas, obtendo envol‐
vimento e respaldo de todos os que compõem esta unidade de ensino e profissionaliza‐
ção.
Existente há 10 anos, a Escola Agrotécnica é referência, não só para o Cariri Ocidental
paraibano, mas para todas as regiões do Estado e outros circunvizinhos, como por exem‐
plo, Pernambuco.
Infra‐Estrutura111
1. Ambiente Administrativo (1);
2. Cozinha e Refeitório (2);
3. 2 pavilhões de salas de aula (3 e 4);
4. Alojamento (28);
5. Ambientes Administrativos do Campus Avançado (29, 30);
6. Central de Aulas com Auditório para 150 pessoas (à disposição da UFCG) (35);
7. Centro Vivo de Documentação (MDA/UNICAMPO) (18);
8. Centro de Formação da Agricultura Familiar (MDA/UNICAMPO) (em construção);
9. Parque de Exposições (11);
10. Ginásio de esportes (8), campo de futebol (7) e quadra de vôlei (6);
11. 4 casas (9, 10, 16, 50);
12. Estação Meteorológica (25);
13. 3 Barragens (24);
14. 2 Barragens subterrâneas (39);
15. Caixa d’água elevada com cisterna e chafariz (15);
16. Caixa d’água (51) e fossão (52);
17. Poço Amazonas (43);
18. Unidades demonstrativas (13, 14, 17) (ver detalhamento abaixo);
19. Central de Reprodução de Espécies Vegetais Nativas (MDA/UNICAMPO) (12);
20. Estufa (19);
21. Pomares (20, 21, 22, 40) (ver detalhamento abaixo);
22. Mandala (48);
23. Videira (49);
24. Farmácia Viva (12)
25. Viveiros de espécies animais nativas (25, 31, 32, 33, 34);
111
O número entre parênteses refere‐se à legenda da Planta Geral da EAS (Anexo 3)
68
26. 4 Tanques para criação de peixes (23);
27. Ambiente pala processamento de peixes (47);
28. Pocilga (36);
29. Baias para Caprinos (37);
30. Centro de Manejo de Caprinos (38);
31. Área Experimental de Produção Forrageira (41, 42, 44);
32. Silos Trincheiras (45);
33. Estábulos (53);
34. Galpões (54);
35. Olaria (46).
Unidades Demonstrativas
Como suporte para as atividades práticas das disciplinas Práticas Agrícolas, Práticas Zoo‐
técnicas, Práticas Industriais e Práticas Comerciais, a EAS conta com as seguintes unida‐
des demonstrativas:
• Caprinocultura;
• Suinocultura;
• Cunicultura;
• Avicultura;
• Piscicultura;
• Horticultura;
• Fruticultura e Grandes Culturas;
• Viveiro de Mudas;
• Estufa
• Plantas Fitoterápicas
• Criações de animais nativos da fauna nordestina, cuja finalidade é o repovoamen‐
to destas espécies nas propriedades rurais, com fins de preservação.
Infra‐Estrutura Produtiva (detalhamento)
1. Agricultura
1.1. Pomar 1
• Maracujá
• Coqueiro
• Goiabeira
• Limão
• Oliveira
• Atimóia
• Mangueira
• Laranja
1.2. Pomar 2
• Parreiral (Uva)
• Acerola
69
• Bananeira
• Graviola
• Tamarindo
• Pinha
• Goiabeira
1.3. Pomar 3
• Limão
• Laranja
• Atimóia
• Mangueira
• Bananeira
1.4. Estufa
• Feijão
• Cebolinha
• Alho
• Coentro
• Cenoura
• Alface
• Inhame
• Pepino
• Alho‐poró
• Beterraba
• Melão
1.5. Horta
• Batata‐doce
• Tomate
• Couve‐flor
• Brócolis
1.6. Mandala
• Milho
• Macaxeira
• Cenoura
• Espinafre
• Rúcula
• Alho‐poró
• Cebola
• Cebolinha
• Couve‐flor
• Repolho
• Abobrinha
70
• Pimentão
• Berinjela
• Mamão
• Pinha
• Alface
• Beterraba
• Coentro
1.7. Sementeira
• Local destinado à produção de mudas de hortaliças
1.8. Farmácia Viva
• Hortelã
• Erva‐cidreira
• Capim santo
• Saião
• Capim limão
• Louro
• Manjericão
• Confrei
1.9. Produção de mudas de árvores
• Viveiro 1 (com sombrite)
o Mangueira;
o Cajueiro;
o Neem;
o Fícus.
• Viveiro 2
o Licurí
o Angico
o Mulungú
o Faveira
o Favela
o Neem
2. Pecuária
2.1. Piscicultura;
2.2. Caprinocultura;
2.3. Suinocultura;
2.4. Cunicultura;
2.5. Avicultura Alternativa;
71
2.6. Área Experimental de Produção de Suporte Forrageiro:
• Banco de Proteína de Leucena;
• Palma forrageira;
• Capim Elefante;
• Capim Buffel;
• 2 silos tipo trincheira;
• Caatinga (área nativa).
3. Fauna Silvestre e Espécimes Ornamentais
• Criatório de Mocó;
• Criatório de Asa‐Branca;
• Criatório de Rolinha;
• Criatório de Aves Aquáticas (marrecos, patos, gansos);
• Criatório de Cágados e Jabutis.
4. Silvicultura
4.1. Plantas nativas
• Angico
• Craibeira
• Canafístula
• Juazeiro
• Umbuzeiro
• Baraúna
• Aroeira
• Pau‐brasil
• Catingueira
• Cinamomo
• Moringa
• Gliricidias
4.2. Plantas exóticas:
• Eucaliptos
• Neem
• Algaroba
• Pau‐brasil
• Sisal
5. Experimentos em Andamento
5.1. Parceria com o INSA (Instituto Nacional do Semi‐Árido):
• Consórcio de Capim Buffel com Faveleira.
72
5.2. Parceria com a UFPB (Campus de Areia):
• Plantio de Figo;
• Projeto Cactus.
5.3. Parceria com a ONG Jurema:
• Fogão Agroecológico;
• Forno agroecológico para carvão vegetal.
5.4. Parceria com a EMBRAPA:
• Consórcio de Sisal com Feijão Guandu;
• Consórcio de Sisal com Palma Forrageira;
• Consórcio de Sisal com Algodão Colorido;
• Consórcio de Sisal com Capim Buffel;
• Consórcio de Milho com Feijão.
6. Outras Parcerias
• Ministério do Desenvolvimento Agrário (SDT);
• UFCG (Projeto UniCampo);
• Associação dos Alunos da UniCampo (AAUC);
• Banco do Nordeste do Brasil;
• Banco do Brasil;
• Projeto Dom Helder Câmara (MDA/SDT);
• COOPAGEL;
• HOLUS;
• SEBRAE;
• ONG Arribaçã;
• Secretaria de Agricultura do Estado da Paraíba;
• Van Der Hoeven;
• INCRA.
73
74
75
76
77
78
79
ANEXO 3
PLANTAS DO TERRENO DO CAMPUS E DA ESCOLA AGROTÉCNICA DE SUMÉ
80
81
ANEXO 4
INFRA‐ESTRUTURA DISPONÍVEL PARA INSTALAÇÃO DO POLOÁGUA
82
1.0 – ESTAÇÃO DE PISCICULTURA DE ITAPORANGA
• Localização: Km 08 ‐ antiga estrada que liga à Conceição.
• Órgão a que pertence: Empresa Paraibana de Abastecimento e Serviços Agrícolas
(EMPASA).
• Corpo Técnico: 01 Coordenador; 03 Técnicos de nível superior; 04 Técnicos de ní‐
vel médio e 08 funcionários de apoio.
1.1 CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS
• Estação de Bombeamento;
• Estações elevatórias, canais de abastecimento e escoamento d’água;
• Recepção e Administração;
• Casa de hóspedes;
• Depósito de petrechos de pesca;
• Galpão de estocagem e embarque de alevinos;
• Sala de Hipofisação (propagação artificial de peixes);
• Fábrica de Ração (mistura e peletização);
• Tanques de depuração de peixes;
• Sistema de reversão sexual em tilápias;
• Viveiros de alevinagem (20 Unidades)
• Viveiros de manutenção de reprodutores (05 unidades);
• Viveiros de engorda (03 unidades)
1.2 – CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS
• Área Total: 25.6 hectares;
• Área de viveiros: 8,0 hectares;
• Quantidade de viveiros : 28 unidades
• Espécies Exploradas: Tambaqui, Tilápia Tailandesa, Carpas e Curimatãs;
• Capacidade de produção: 5 milhões de alevinos/ano.
2.0 – ESTAÇÃO EXPERIMENTAL FAZENDA VELUDO
• Localização: Km 11 à sede do município‐estrada que liga Itaporanga ao sítio chati‐
nha;
• Órgão a que pertence: Empresa Paraibana de Pesquisa Agropecuária (EMEPA)
• Corpo Técnico: 01 Coordenador, 01 Gerente geral, 02 Técnicos de nível superior,
04 Técnicos de nível médio e 09 funcionários de apoio.
83
2.1 – CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS
• Recepção e Administração;
• Casas colono (05 unidades);
• Galpões de armazenamento e guarda de máquinas e implementos (04 unidades)
• Casa de hóspedes;
• Estação agrometeorológica via satélite;
• Estação de bombeamento com 03 piscinas de capacitação interligadas;
• Pivot central capacidade 20 hectares (01 unidade);
• Centro de manejo de pequenos animais com 130 cabeças de ovinos da raça Santa
Inês.
2.2 – CARACTÉRISTICAS TÉCNICAS
• Área total: 165.85 hectares;
• Área experimental: 30,0 hectares;
• Área de pastagem artificial: 18,0 hectares;
• Culturas experimentadas: Banana nanicão, abacaxi, urucum, caju, manga, goiaba,
coco, umbu, algodão colorido;
• Teses de Doutorado em andamento: 02 trabalhos em execução envolvendo as cul‐
turas de goiaba e algodão colorido;
• Teses de Mestrado em andamento: 02 trabalhos em execução envolvendo as cul‐
turas de goiaba e algodão colorido;
• Sistemas de irrigação adotados em pesquisas: Gotejamento, micro aspersão e pi‐
vot central;
• Estação Agrometeorológica Veludo ‐ Parâmetros observados: pluviosidade digital
via satélite, velocidade e direção dos ventos, umidade relativa do ar, umidade re‐
lativa do solo e temperatura ambiente;
• Teste de infiltração do solo através do tanque classe “A”.
3.0 – LABORATÓRIO DE SOLOS E PRODUÇÃO DE MUDAS:
• Localização: 7° Núcleo da SAIA ‐ PB.
• Órgão a que pertence: Secretaria da Agricultura, Irrigação e abastecimento do Es‐
tado da Paraíba;
• Laboratório de solos: Estrutura composta de equipamentos e instrumentos capa‐
zes de realizar análises de fertilidade de solo bem como análise físico‐químico‐
biológica de solos.
• Laboratório de produção de mudas: Estrutura composta de casa de vegetação
com temperatura e umidade controladas, com capacidade de produção para 120
mil mudas/ano.
84
4.0 COLÉGIO PADRE DINIZ:
4.1 – CARACTERÍSTICA ORGANIZACIONAL:
• Localização: Sede do município;
• Órgão a que pertence: Ordem Carmelitas‐Cajazeiras‐Pb;
• Administração: Irmãs Carmelitas;
4.2 – CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS:
• Área total: 6 mil m²;
• Área construída: 3.6 mil m²
• Dependências físicas: Sala de recepção, secretaria, laboratório de informática,
biblioteca, auditório, salão de eventos, cantina, refeitório, sala de professores,
banheiros masculinos e femininos (08 unidades), capelas (02 unidades), giná‐
sio poli‐esportivo, quadra de esportes e salas de aula (20 unidades, medindo
64m², cada).
85
FAZENDA VELUDO
86
FAZENDA VELUDO
87
FAZENDA VELUDO
88
ESTAÇÃO DE PISCICULTURA
89
ESTAÇÃO DE PISCICULTURA
90
COLÉGIO PADRE DINIZ
91
92
93
ANEXO 5
INFRA‐ESTRUTURA DISPONÍVEL PARA INSTALAÇÃO DO POLOINFO
94
Foto com destaque para a instalação da Visão de cima do ginásio de esportes para
quadra de esportes. o prédio de dois pisos.
Foto: Maria José V. de Barros Foto: Conrad Rodrigues Rosa
Data: 18/02/2006 Data: 18/02/2006
96
Elevador para o andar superior para Escadaria interna para o andar superi-
atendimento a deficientes. or.
Foto: Maria José V. de Barros Foto: Maria José V. de Barros
Data: 18/02/2006 Data: 18/02/2006
99
Escadaria externa para o andar superior Salão amplo para abrigar atividades diver-
sas
Foto: Conrad Rodrigues Rosa
Foto: Conrad Rodrigues Rosa
Data: 18/02/2006
Data: 18/02/2006
102
103
ANEXO 6
MEMÓRIA DE CÁLCULO: DESPESAS CORRENTES
104
ANEXO 7
MEMÓRIA DE CÁLCULO: DESPESAS DE CAPITAL
105
ANEXO 8
ATA DA REUNIÃO DE PACTUAÇÃO UFCG/SESU/MEC
106
107
108
ANEXO 9
CERTIDÃO E EXTRATO DE ATA DA APROVAÇÃO DO CAMPUS DE SUMÉ NO
COLEGIADO PLENO DO CONSELHO UNIVERSITÁRIO DA UFCG
109
110
111