O Papel Do Enfermeiro No Acompanhamento de Pré Natal de Baixo Risco Utilizando A Abordagem Centrada Na Pessoa - Gestante
O Papel Do Enfermeiro No Acompanhamento de Pré Natal de Baixo Risco Utilizando A Abordagem Centrada Na Pessoa - Gestante
O Papel Do Enfermeiro No Acompanhamento de Pré Natal de Baixo Risco Utilizando A Abordagem Centrada Na Pessoa - Gestante
1 Especialista em Saúde da Família - Faculdade Unyleya - . São Paulo – Brasil – Email: São
Paulo - Brasil
2 Doutora em Saúde Coletiva; Mestre em Economia da Saúde pela Universidade Federal de
São Paulo (UNIFESP); Docente do Programa de Mestrado Profissional em Gestão em
Sistemas de Saúde – Universidade Nove de Julho – UNINOVE. São Paulo – Brasil email:
chennyferr@yahoo.com.br ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4499-3716
RESUMO
Trata-se de uma revisão narrativa sobre a importância da consulta do enfermeiro durante o
pré-natal da gestante de baixo risco, utilizando a abordagem centrada na pessoa - gestante. O
pré-natal é o acompanhamento da evolução da gestação que visa cuidar da saúde da mulher e
do seu bebê até que o parto ocorra, também é o momento que a gestante vivencia diferentes
sentimentos, por isso o estabelecimento de relação com a enfermagem se faz imprescindível.
O pré-natal quando realizado com qualidade desempenha importante papel na redução da
mortalidade materna e infantil. Informações sobre as diferentes vivências devem ser trocadas
entre as mulheres e os profissionais de saúde. A consulta de enfermagem é uma atividade
que irá proporcionar ao enfermeiro (a) condições para atuar de forma direta e independente
com a paciente, caracterizando dessa forma sua autonomia. Segundo a Secretaria Municipal
de Saúde do Rio de Janeiro, a abordagem centrada na pessoa – gestane deve ser uma
ferramenta primordial na Estratégia de Saúde da Familia, pois propicia o vínculo,
atendimento integral e fortalecimento da longitudinalidade do cuidado alem de ser uma
tecnologia leve, utilizada pelo profissional que permite idenificar as múltiplas
vulnerabilidades, fazendo com que diminuam se as chances de complicações e mortalidade
materna e infantil e uma boa qualidade do pré-natal. Espera-se que este estudo contribua para
reflexão do enfermeiro, quanto a sua importância nesse contexto, visando uma assistência à
gestante cada vez mais humanizada e científica.
Palavras Chaves: Enfermeiro. Pré-natal. Baixo risco. Gestante. Humanização.
ABSTRACT
This is a narrative review about the importance of the nurse consultation during the prenatal
care of the low-risk pregnant woman using the person-centered approach. The prenatal care
is the follow-up of the evolution of gestation that aims to take care of the health of the
woman and her baby until the childbirth occurs, it is also the moment that the pregnant
woman experiences different feelings, so the establishment of relationship with the nursing
becomes indispensable. Prenatal care when performed with quality plays an important role
in reducing maternal and infant mortality. Information on the different experiences should
be exchanged between women and health professionals. The nursing consultation is an
activity that will provide nurses with the conditions to act directly and independently with
the patient, characterizing their autonomy. According to the Municipal Health Department
of Rio de Janeiro, the person - centered approach should be a key tool in the Family Health
Strategy, since it provides the link, comprehensive care and strengthening of care
longitudinality, besides being a light technology, used by the professional that allows
identifying the multiple vulnerabilities, causing them to decrease if the chances of
complications and maternal and infant mortality and a good prenatal quality. It is hoped that
this study contributes to the nurses' reflection, as to their importance in this context, aiming
at assisting the increasingly humanized and scientific pregnant women.
KEY WORDS: Nurse. Antenatal visit. Low risk. Pregnant. Humanization.
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1. INTRODUÇÃO
O pré-natal foi instituído no início do século XX no mundo, chegando ao Brasil
entre as décadas de 20 e 30. Tendo nessa época enfoque apenas na mulher, em diminuir
os agravos para sua saúde, sem pensar no binômio gestante e feto. Entre as décadas de
50 e 60, com a diminuição das taxas de morte materna, começou a se pensar no feto.
Assim, com os avanços tecnológicos e sociais, o pré-natal constituiu-se e se firmou,
transformando-se na prática assistencialista que acontece hoje.
Segundo Osava & Tanaka (1997), em termos históricos, a enfermagem sempre
esteve presente no acompanhamento e avaliação de mulheres em período gestacional,
visto que a enfermeira exerce papel fundamental na realização de parto e vem recebendo
várias designações no decorrer dos anos como parteira, obstetriz e enfermeira obstetra.
O caráter preventivo do pré-natal é fundamental para diminuir os índices de
mortalidade materna e perinatal, pois um acompanhamento durante o período
gestacional bem feito previne patologias, tais como anemias, doenças hipertensiva
gestacional (pré-eclâmpsia, eclâmpsia); também favorece o preparo psicológico para o
parto, além de garantir a perfeita estruturação do organismo fetal, prevenção do
abortamento e o risco de parto prematuro e óbito perinatal dentre outras vantagens que
trazem ganhos a saúde dessa mulher de maneira única, como empoderamento de si,
cuidados a sua saúde e praticas de prevenção e promoção mesmo após o termino da
gestação e puerperio. Constituindo assim um dos grandes objetivos e desafios com que
o profissional em Saúde da Família precisa lidar em sua prática diária.
De acordo com Neme (2000), é nesse cenário que o profissional enfermeiro tem
um estreito contato com as gestantes e suas preocupações no período gestacional. E
ainda, o Ministério da Saúde (Texto 9 - Assistência pré-natal do Manual Técnico) alerta
que: “...a adesão das mulheres ao pré-natal está relacionado com a qualidade da
assistência prestada pelos serviços e pelos profissionais de saúde, o que, em última
análise, será essencial para a redução dos elevados índices de mortalidade materna e
perinatal, verificada no Brasil”. (BRASIL, 2000).
responsabilidades que tal profissional tem sobre si. E ainda, como fazê-lo de forma com
que o enfermeiro consiga utilizar técnicas para favorecer o cuidado integral a essa
mulher, que nesse momento está gestante, mas que depois continuará sendo assistida
pelo mesmo, no cuidado longitudinal realizado com ela e com sua família, inclusive
com o bebê gestado. Desta forma, quais as ferramentas podemos utilizar para favorecer
a construção desse vínculo e genuinamente o cuidado integral?
1.2 Justificativa
1.3 Objetivos
Propor que a abordagem centrada na pessoa – gestante, possa ser uma ferramenta
utilizada no acompanhamento de pré-natal de baixo risco, realizado pelo enfermeiro em
Saúde da Família.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 CAPÍTULO 1 - O acompanhamento de pré-natal de baixo risco na Estratégia
de Saúde da Família (ESF)
Conforme Brasil (2006), o Ministério da Saúde alerta que para essa atenção ser
de qualidade e humanizada, deve-se incorporar condutas acolhedoras, sem intervenções
desnecessárias e que haja fácil acesso a serviços de saúde de qualidade, com ações que
integrem todos os níveis de atenção: promoção, prevenção e assistência à saúde da
gestante e do recém nascido.
A assistência ao pré-natal tem como objetivo o acolhimento da gestante desde o
diagnóstico da gestação, visando acolher a mulher em um momento de transição e
modificações físicas e emocionais de forma individualizada (BRASIL, 2006).
Para o Ministério da Saúde (2006), o acolhimento é um aspecto essencial da
política de humanização, resulta na recepção da mulher, desde sua chegada à unidade
básica, onde os profissionais de saúde se responsabilizam por ela, ouvindo suas queixas
e permitindo que ela expresse suas preocupações, angustias, garantindo atenção
primordial e articulando com outros serviços de saúde, fornecendo dessa maneira
continuidade a assistência, quando necessário
Para muitas mulheres, o momento da gestação é um período que vai lhes trazer
muitas perguntas e dúvidas, o enfermeiro ou outro profissional que a acompanhe, deve
ter condições e conhecimentos necessários para esclarecer, no que forem possíveis, os
questionamentos de cada paciente, dando-lhes o apoio necessário e fornecendo
orientações que influenciem numa gravidez longe de riscos que possam ser prejudiciais
à mãe e ao bebê.
Segundo Rios e Vieira (2007) o período do Pré-natal é uma época de preparação
física e psicológica para o parto e para maternidade e como tal, é um momento de
intenso aprendizado e uma oportunidade para os profissionais da equipe de saúde
desenvolver a educação como dimensão do processo de cuidar.
O medo do desconhecido e os cuidados a serem prestados ao recém-nascido são
alguns fatores de tensão para a gestante, e é da competência do acompanhamento de
pré-natal saber lidar, para dissipar toda e qualquer dúvida a esse respeito durante todo o
acompanhamento dessa mulher (Sshnnyder, 2014).
Segundo Bezerra (2009) em nosso país, a qualidade do acompanhamento de Pré
Natal continua sendo um ponto crítico da assistência à saúde da mulher, e ao binômia
mãe-bebê. Mesmo com a melhoria dos indicadores, ainda e notável a taxa de
mortalidade materna e fetal.
A morte materna tem sido um grande desafio à saúde pública brasileira, afinal
ela é um dos grandes indicadores de saúde feminina. A Organização Mundial da Saúde
(OMS) define como morte materna a que ocorre durante a gestação ou dentro de um
período de 42 dias após o término desta, independente da duração ou da localização da
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1. Se apresentar;
2. Chamar a usuária pelo nome;
3. Prestar informações sobre condutas e procedimentos que devam ser
realizados;
4. Escutar e valorizar o que é dito por ela;
5. Garantir a privacidade e a confidencialidade das informações;
6. Incentivar a presença do(a) acompanhante (de sua escolha), entre outras
iniciativas semelhantes.
cuidado com a mesma e com seu bebê. Ao cuidar bem da mulher, diretamente e
indiretamente estamos trazendo um cuidado integral, resolutivo, com equidade e todos
os princípios que integram o SUS e podem ser sempre utilizados na ESF.
O essencial para a equipe que trabalha com as gestantes, principalmente
enfermeiros é saber compreender o que está acontecendo com a grávida, pois por trás de
cada pergunta, por mais ingênua que seja, poderão existir importantes questões
emocionais e ocultas que podem trazer impacto na saúde do Binômio mãe bebê (LIMA
e MOURA, 2005).
A assistência ao pré-natal deve proporcionar diálogos que tratem a mulher como
um ser integral, num contexto familiar, social, sem expor sua individualidade, emoções
e dificuldades externas. Com a valorização do contexto familiar juntamente com
enfoque na saúde da mulher, passa a existir uma unidade de ação programática de
saúde, buscando parcerias garantindo a eficácia das ações e demandas das gestantes,
bem como desenvolver ações preventivas na educação em saúde (BRASIL, 2012).
A Consulta de Enfermagem no pré-natal engloba as atividades de: anamnese,
exame físico, solicitação e/ou interpretação de exames laboratoriais e orientação.
Destaca-se que, quanto à orientação, o enfermeiro aborda temáticas como aleitamento
materno, alimentação e pré-natal, dentre outras. Ainda durante a consulta, deve-se
propor e ajudar a prevenir o desenvolvimento de agravos comuns durante a gravidez e
favorecer a vivência de uma gestação tranquila, na qual a mulher sinta-se segura, tendo
um bom parto (NERY; TOCANTINS, 2006).
Para Marques e Prado (2004) é atribuída à enfermeira, durante a consulta de
enfermagem no pré-natal, a tarefa de orientar as mulheres e suas famílias sobre a
importância da realização contínua deste, da amamentação, da vacinação, do preparo
para o parto. Ainda, a enfermeira tem a tarefa de proporcionar um acolhimento
adequado à gestante através de uma boa interação, conversando, ouvindo com interesse,
valorizando atitudes ou ações condizentes à saúde e envolvendo o parceiro e a família.
Como se percebe através dos estudos elencados, a consulta de enfermagem contribui
para a melhoria da qualidade de vida da gestante, assim como, para o vínculo entre
profissional e cliente, e isso é imprescindível para uma assistência otimizada. Dessa
forma, a Consulta de Enfermagem proporciona orientação de medidas favoráveis, que
visam à abordagem apropriada às necessidades peculiares de cada mulher com as quais
interagimos em consultas no pré-natal, nas unidades básicas de saúde. (LIMA;
MOURA, 2005).
O profissional enfermeiro pode acompanhar inteiramente o pré-natal de baixo
risco na rede básica de saúde, de acordo com o Ministério de Saúde e conforme
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fora dela nos tanos espaços que a ESF propicia ao cuidado - salas de espera, grupos
educativos, visita domiciliar, sala de vacinas (RIO DE JANEIRO, 2016)
O cuidado centrado na pessoa, na gestante, necessita também que seja avaliada
se as informações pactuadas foram entendidas sempre oferecer tempo suficiente para a
tomada de decisões, fornecer explicações sobre os exames indicados, propiciando
discussão sobre o assunto. E todas as outras dúvidas apresentadas pela gestante, sempre
valorizando as demandas trazidas pela mesma. Seja em uma comunicação v erbal ou
não verbal. As mulheres devem sentir-se confortáveis para discutir questões íntimas e
revelar problemas, num espaço seguro garantido durante o pré-natal, livre de qualquer
julgamento (RIO DE JANEIRO, 2016).
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O pré-natal é um acompanhamento da evolução da gestação que visa cuidar da
saúde da mulher e do seu bebê até que o parto ocorra, também é o momento que a
gestante vivencia diferentes sentimentos, por isso o estabelecimento de relação com a
enfermagem se faz imprescindível.
Os resultados da revisão de literatura mostraram a importância da atuação dos
profissionais enfermeiros junto às gestantes e famílias durante o período pré-natal. E
que, quando o mesmo é realizado com qualidade desempenha importante papel na
redução da mortalidade materna e infantil, um cuidado integral á gestante e o
fortalecimento do vínculo , que propicia a manutenção do cuidado longitudinal que
permanece ao fim, quando ocorre o nascimento do bebê.
A consulta de enfermagem é uma atividade que irá proporcionar ao enfermeiro
condições para atuar de forma direta e independente com a paciente, caracterizando
dessa forma sua autonomia. Segundo o Ministério da Saúde a humanização do pré-natal
busca garantir a assistência à saúde da gestante, promovendo uma boa qualidade no
atendimento e prevenção de possíveis complicações durante a gestação.
A boa qualidade desse acompanhamento pode ser atribuída ao uso da abordagem
centrada na pessoa, durante o pré-natal, abordagem centrada na gestante foco da atenção
do profissional junto com todas as demandas de cuidado trazidas por ela e sua família.
O Cuidado Centrado na Pessoa: aponta para o desenvolvimento de ações de
cuidado de forma singularizada, que auxilie as pessoas a desenvolverem os
conhecimentos, aptidões, competências e a confiança necessária para gerir e tomar
decisões embasadas sobre sua própria saúde e seu cuidado de saúde de forma mais
efetiva. O cuidado é construído com as pessoas, de acordo com suas necessidades e
potencialidades na busca de uma vida independente e plena. A família, a comunidade e
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REFERÊNCIAS
AQUINO, M. M. A. Gestação - Pré-natal, atividades físicas e alimentação e ganho de
peso. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br>. Acesso em: 02 mar. 2019.
FREITAS F., et al. Rotinas em obstetrícia. 5º ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2007.
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