Apostila Princípios Da Ventilação Mecânica Pulmonar, Ventilação Não Invasiva e Desmame de VM
Apostila Princípios Da Ventilação Mecânica Pulmonar, Ventilação Não Invasiva e Desmame de VM
Apostila Princípios Da Ventilação Mecânica Pulmonar, Ventilação Não Invasiva e Desmame de VM
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SUMÁRIO
1.0 INTRODUÇÃO.......................................................................................................2
2.0 VENTILAÇÃO MECÂNICA.................................................................................... 4
3.0 PRINCÍPOIS DA VENTILAÇÃO MECÂNICA.........................................................9
4.0 VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA............................................................................17
5.0 DESMAME VENTILAÇÃO MECÂNICA...............................................................25
6.0 TRAQEOSTOMIA................................................................................................36
7.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................... ........................39
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1.0 INTRODUÇÃO
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Parâmetros Ventilatórios
Tempo inspiratório: 0.8 á 1.2 seg.
Tempo expiratório: 4 á 2 seg.
Relação: I:E = 1:2
Frequência: 12 irpm (incursões respiratórias por minuto)
Fluxo: 40 a 60 L/min
VC: 6 a 8 ml/kg corrigido (peso ideal do paciente, que é calculado pela fórmula
"altura - 1 metro" para homens e o mesmo valor para mulheres, menos 10%)
Pressão inspiratória = Ppi
Pressão expiratória = PEEP (fisiológico 5 cmH2O)
Fração inspirada de O2: FiO2 de 21 a 100%
Sensibilidade: de -0,5 a -2,0
Disparo do Ventilador
Disparo a tempo.
Disparo a pressão.
Disparo a fluxo.
Ciclagem do Ventilador
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Ciclagem a volume
Neste modo de ciclagem o final da fase inspiratória é determinado pelo valor de
volume corrente ajustado. Há um sensor no aparelho que detecta a passagem do
volume determinado e desliga o fluxo inspiratório. A pressão inspiratória não pode
ser controlada e depende da resistência e da complacência do sistema respiratório
do paciente, de modo que este tipo de ventilação pode provocar barotrauma. Ao
mesmo tempo, este tipo de ventilação é bastante segura uma vez que garante o
volume corrente para o paciente, principalmente para aqueles em que se deve fazer
um controle rigoroso da PaCO2, como nos pacientes portadores de hipertensão
intracraniana.
Ciclagem a pressão
A fase
2 cminspiratória é determinada pela pressão alcançada nas vias aéreas. Quando o
valor predeterminado é alcançado interrompe-se o fluxo inspiratório, independente
do tempo inspiratório ou do volume utilizado para se atingir esta pressão. Desta
forma, este tipo de ventilação também não garante um volume corrente adequado e
pode ser ineficaz caso haja grandes vazamentos de ar como nos casos de fístulas
bronco-pleurais. Os ventiladores ciclados a pressão são representados pela série
Bird-Mark 7, 8 e 14, possuindo como vantagens o fato de não dependerem da
eletricidade e serem pequenos e leves facilitando seu uso nos transportes de
pacientes.
Ciclagem a tempo
A transição inspiração/expiração ocorre de acordo com um tempo inspiratório
predeterminado, não importando as características elástico-resistivas do sistema
respiratório do paciente. Normalmente os aparelhos ciclados a tempo são limitados a
pressão, ou seja, existe uma válvula de escape impedindo altos níveis de pressão
inspiratória. Os ventiladores infantis e aqueles com ventilação com pressão
controlada possuem este tipo de ciclagem. Deve-se ressaltar que este tipo de
ciclagem não garante o volume corrente, sendo este uma resultante da pressão de
escape aplicada, da complacência e do tempo inspiratório programado.
Ciclagem a fluxo
Neste tipo de ciclagem, o tempo inspiratório é interrompido quando o fluxo
inspiratório cai abaixo de um valor pré-ajustado como foi descrito na ventilação com
pressão de suporte. Neste tipo de ciclagem, o paciente exerce total controle sobre o
tempo e fluxo inspiratórios e sobre o volume corrente.
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1942 a 1945 Motley et al.: ventiladores automáticos ciclados a pressão Bird Mark 7.
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Princípios
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Indicações
Os critérios para aplicação de VM variam de acordo com os objetivos que se quer
alcançar. Em situações de urgência, especialmente quando o risco de vida não
permite boa avaliação da função respiratória, a impressão clínica é o ponto mais
importante na indicação de VM, auxiliada por alguns parâmetros de laboratório.
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Assim, o princípio do ventilador mecânico é gerar um fluxo de gás que produza
determinada variação de volume com variação de pressão associada. As variações
possíveis para esta liberação de fluxo são enormes e, com o progresso dos
ventiladores microprocessados, as formas de visualizar e controlar o fluxo, o volume
e a pressão estão em constante aprimoramento. Cada vez mais a equipe da UTI
estará exposta a diferentes formas de apresentação e análise de parâmetros
respiratórios fornecidas pelo ventilador, sofisticando as decisões clínicas. Nosso
objetivo é apresentar e padronizar os conceitos e as modalidades ventilatórias que
serão discutidas ao longo deste Consenso.
Atualmente, a maior parte dos ventiladores artificiais apresenta telas nas quais se
podem visualizar as curvas de volume, fluxo e pressão ao longo do tempo, assim,
serão apresentadas, neste capítulo, as definições das modalidades ventilatórias
usando esquemas representativos das curvas.
O ciclo ventilatório
O ciclo ventilatório durante a ventilação mecânica com pressão positiva pode ser
dividido em
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Todos os ciclos ventilatórios são disparados e/ou ciclados pelo ventilador (ciclos
mandatórios). Quando o disparo ocorre pelo tempo, o modo é apenas controlado.
Quando o disparo ocorre de acordo com pressão negativa ou fluxo positivo
realizados pelo paciente, chamamos o modo de assistido/controlado.
Nos ventiladores mecânicos mais modernos, a ventilação mandatória contínua pode
ocorrer com volume controlado (os ciclos mandatórios têm como variável de controle
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o volume, são limitados a fluxo e ciclados a volume) ou com pressão controlada (os
ciclos mandatórios têm como variável de controle a pressão, são limitados a pressão
e ciclados a tempo).
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Interfaces
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As máscaras faciais são preferíveis nas situações agudas quando é difícil manter o
encerramento da boca. Contudo, estas máscaras, assim como as faciais totais e o
capacete, são muitas vezes mal toleradas, devido à sensação de claustrofobia e ao
maior risco de aspiração de vómito.
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Efeitos adversos
Quadro I
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Onde aplicar
Pode ainda ser iniciada no serviço de urgência (SU), desde que o pessoal esteja
treinado com a técnica e o doente monitorizado e vigiado, para que em caso de
falência da VNI possa ser rapidamente transferido³. Não deve nunca ser adiada a
EOT e ventilação mecânica (VM) se o doente apresentar indicação para tal em
qualquer momento (Quadro III).
Quadro III
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Como aplicar
Ao iniciar a técnica, deve ser explicado o procedimento ao doente. Este deve estar
confortavelmente sentado e monitorizado com oximetria de pulso, frequência
respiratória, monitorização cardíaca electrocardiográfica, tensão arterial e alarmes
de fugas de ar. Deve ser realizada periodicamente gasometria arterial.
Nas zonas de maior pressão pode ser aplicado hidrocolóide e, de seguida, colocada
a máscara selecionada, verificando se existem fugas. Habitualmente, programa-se o
ventilador com uma pressão mínima expiratória (EPAP) de 4 cm H2O e uma pressão
mínima inspiratória (IPAP) de 10 -12 cm H2O, que será ajustada de acordo com a
evolução clínica e gasimétrica, podendo atingir valores até 30 cmH2O (IPAP). Deve
administrar-se oxigénio suplementar, de modo a manter saturações periféricas de
O2 (sO2) ≥ 90%.
A monitorização de gases do sangue arterial deve ser efetuada após 30-60 minutos.
Os2fatores
cm mais importantes para o sucesso deste tipo de ventilação são a seleção
criteriosa dos doentes, o início atempado, o tipo de abordagem do doente, o
equipamento e o local apropriados, interfaces adequadas e confortáveis e,
principalmente, pessoal treinado com esta técnica.
A VNI (modo BiPAP ou CPAP) é atualmente aceite como uma das componentes no
tratamento do edema agudo do pulmão (EAP), com resultados comprovados na
redução da necessidade de EOT e taxa de mortalidade.
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Doentes imunodeprimidos
Nos doentes imunodeprimidos, são várias as evidências que suportam o uso da VNI
como modalidade ventilatória de primeira linha, com redução da mortalidade e da
necessidade de EOT e das complicações infecciosas, quando comparada com a
ventilação invasiva
A diminuição da mortalidade parece ser uma consequência da diminuição da
necessidade de EOT, com menor número de complicações, como a pneumonia
associada ao ventilador, infecções nosocomiais e choque séptico.
Tais evidências são fundamentadas por diferentes estudos, que usaram como base
populações de imunodeprimidos de causas diversas, como sejam os transplantados
de órgãos sólidos, de medula óssea e os doentes com síndroma de imunodeficiência
adquirida (SIDA).
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Asma
A utilização da VNI na asma está ainda numa fase muito precoce, sendo a evidência
científica pouco clara, com base em estudos inconclusivos e alguns contraditórios.
Dois estudos que reforçam a utilização da VNI nesta patologia são o realizado por
Meduri et al 16 e o de Fernandez MM17. O primeiro 16 incluía 17 doentes com pH
médio à admissão de 7,25 e pCO2 média de 65 mmHg, que após aplicação de VNI
melhoraram rapidamente, quer os valores gasimétricos, quer o estado clínico. A
tolerância ao ventilador foi muito boa e apenas 2 dos 17 doentes tiveram evolução
desfavorável com necessidade EOT. O segundo estudo17, retrospectivo, em
doentes com mal asmático e hipercapnia, apresentou também resultados favoráveis
com instituição da VNI.
São estudos com amostras de reduzida dimensão, não controlados e não
randomizados. Em comum os doentes apresentavam cansaço muscular, refletido
pela hipercapnia, parecendo este ser um fator preditivo de sucesso para VNI. Outros
estudos são necessários para criar suporte científico evidente e clarificar o papel da
hipercapnia como condicionante de sucesso.
A utilização da VNI em doentes com pneumonia deve ser muito cautelosa, uma vez
que as taxas de insucesso nestes doentes, principalmente nas situações de
pneumonias graves, são muito elevadas (insucesso em cerca de 1/3 dos doentes).
Um estudo18 randomizado e controlado, em doentes com PAC, demonstrou que o
uso de VNI diminui a taxa de EOT (21% versus 50%) e o tempo de internamento em
UCI (1,8 ± 0,7 dias vs 6 ± 1,8 dias). No subgrupo dos doentes com DPOC e
pneumonia, a taxa de sobrevida aos 2 meses também melhorou (88,9% vs 37,5%).
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Retirar o paciente da ventilação mecânica pode ser mais difícil que mantê-lo. O
processo de retirada do suporte ventilatório ocupa ao redor de 40% do tempo total
de ventilação mecânica. Alguns autores descrevem o desmame como a "área da
penumbra da terapia intensiva" e que, mesmo em mãos especializadas, pode ser
considerada uma mistura de arte e ciência.
Apesar disso, a literatura tem demonstrado, mais recentemente, que protocolos de
identificação sistemática de pacientes em condições de interrupção da ventilação
mecânica podem reduzir significativamente sua duração. Por outro lado, a busca por
índices fisiológicos capazes de predizer, acurada e reprodutivelmente, o sucesso do
desmame ventilatório ainda não chegou a resultados satisfatórios.
Para que esses novos conceitos fossem mais bem incorporados na prática das
unidades de terapia intensiva brasileiras, o capítulo que trata do desmame
ventilatório foi atualizado no presente Consenso.
Definições
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Desmame
O termo desmame refere-se ao processo de transição da ventilação artificial para a
espontânea nos pacientes que permanecem em ventilação mecânica invasiva por
tempo superior a 24 h.
Extubação e decanulação
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A) Repouso da musculatura
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Grau de evidência: A
Grau de evidência: A
Uma vez que o paciente passou no teste de respiração espontânea, ele pode ou não
ser elegível para extubação no mesmo dia, dependendo de outros fatores.
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Técnicas de desmame
Grau de evidência: A
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Outros modos
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Recomendação: Os índices fisiológicos preditivos de desmame pouco auxiliam na
decisão de iniciar ou não períodos de respiração espontânea, ou na redução da taxa
de suporte ventilatório. A relação frequência respiratória/volume corrente (f/VT –
índice de respiração rápida superficial) parece ser a mais acurada.
Grau de evidência: B
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Extubação traqueal
Uso de corticosteróides
Grau de evidência: B
Teste de permeabilidade
Grau de evidência: C
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Grau de evidência: D
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trocador de cânula endotraqueal em posição por algumas horas, até que se tenha
maior segurança quanto ao sucesso da extubação.
Aspirar as vias aéreas antes da extubação tem como objetivos diminuir a quantidade
de secreção nas vias aéreas baixas e retirar a secreção que se acumula acima do
balonete da cânula traqueal, evitando a sua aspiração para os pulmões. A elevação
da cabeceira visa, por sua vez, a diminuir a chance do paciente aspirar conteúdo
gástrico. Dessa forma pretende-se diminuir as possibilidades de infecção
respiratória.
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Traqueostomia
Grau de evidência: B
Comentário: Durante muito tempo não foi possível definir o papel da traqueostomia
no desmame ventilatório e o momento certo de realizá-la. Não há uma regra geral
em relação ao tempo que se deve realizar a traqueostomia e este procedimento
deve ser individualizado. Embora haja alguma divergência de resultados, a
traqueostomia diminui a resistência e o trabalho ventilatório, facilitando o desmame
dos pacientes com alterações acentuadas da mecânica respiratória. A meta-análise
publicada em 1998 deixou claro que não existia, até então, uma definição quanto ao
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momento mais adequado para indicar a traqueostomia, uma vez que os estudos
eram discordantes, alguns não eram aleatórios na escolha dos pacientes e nenhum
era duplo cego. Entretanto, recentemente, um estudo randomizado, envolvendo
pacientes que presumivelmente permaneceriam intubados por mais que 14 dias
(pacientes com doença neurológica de progressão lenta ou irreversível e/ou doença
de via aérea superior), mostrou benefício em termos de mortalidade, incidência de
pneumonia, tempo de internação em UTI e tempo de ventilação mecânica nos
pacientes submetidos à traqueostomia precoce (nas primeiras 48 h de intubação
traqueal).
Cabe salientar, entretanto, que este trabalho não deixa claro quais foram os critérios
sugestivos de maior tempo de intubação traqueal e necessidade de ventilação
mecânica. Também é importante enfatizar que, mantendo boas práticas em relação
à insuflação do balonete, o tubo traqueal pode ser mantido por tempo superior a três
semanas sem injúria laríngea ou traqueal.
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Outros aspectos associados à interrupção da ventilação mecânica e ao desmame
ventilatório
Grau de evidência: A
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Hormônio do crescimento
Hemotransfusões
Suporte nutricional
Recomendação: Dietas de alto teor de gordura e baixo teor de carboidratos pode ser
benéficas em pacientes selecionados, com limitada reserva ventilatória, para
redução do tempo de desmame. Entretanto, em virtude do pequeno número de
estudos não se recomenda o seu uso rotineiro.
Grau de evidência: B
Comentário: As dietas com elevado teor de gordura e baixo teor de carboidratos
parecem produzir efeitos favoráveis na produção de CO2, o que pode facilitar o
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