ASSOBRAFIR COVID-19 Mobilização 2020.04.01 PDF
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COVID-19
MOBILIZAÇÃO PRECOCE NA INSUFICIÊNCIA
RESPIRATÓRIA AGUDA – IRpA
†COLABORAÇÃO E ANUÊNCIA: Marlus Karsten, Darlan Laurício Matte, Luiz Alberto Forgiarini Junior, Jocimar Avelar Martins
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vezes sobrecarregadas, e que sabidamente serão mais requisitadas durante o manejo ventilatório
neste momento de alta demanda.
O paciente crítico é exposto a diversos fatores de risco para FMA-UTI e declínio funcional
(sedação, inatividade, desnutrição, comorbidades, medicações etc) que levam a perda progressiva
da sua mobilidade, impactando diretamente na sua qualidade de vida pós alta da UTI e
aumentando seu risco de óbito no primeiro ano após a alta hospitalar2. Neste sentido, esses
protocolos são empregados para minimizar essas perdas ao longo da hospitalização, para que no
momento da alta hospitalar, o nível de funcionalidade do indivíduo esteja o mais próximo possível
da condição pré-internação3. Uma recente revisão sistemática com metanálise mostrou que
protocolos de mobilização ou exercícios terapêuticos precoces, realizados em pacientes
internados em UTI, parecem diminuir a incidência de FMA-UTI, melhorar a capacidade funcional,
aumentar o número de dias sem ventilação mecânica e a taxa de alta para casa4.
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A figura a seguir ilustra dois comportamentos distintos do nível de mobilidade ao longo da
internação hospitalar, de acordo com a aplicação ou não de protocolos sistematizados de
mobilização e/ou exercícios terapêuticos precoces na UTI. Esta trajetória pode ser observada em
pacientes com Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA) de diversas etiologias e
espera-se que sejam observados também em pacientes com COVID-19.
Quais critérios são utilizados para a prescrição um protocolo sistemático de mobilização e/ou
exercícios terapêuticos precoces1,3?
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Quais são os objetivos de um protocolo sistemático de mobilização e/ou exercícios terapêuticos
precoces na fase aguda da doença crítica?
Contraindicações
Para definir possíveis critérios para realizar a progressão do protocolo, bem como para
contraindicar a sua realização, um consenso de especialistas desenvolveu um guia prático para
identificar esses critérios3. Nesse guia prático, foram utilizadas cores para auxiliar na tomada de
decisão:
AMARELO → identifica que a mobilização é possível, desde que seja discutida com a equipe
multidisciplinar e a equipe aprove a realização da mobilização.
A presença de alterações cardiovasculares e/ou respiratórias descritas nas figuras a seguir nesse
guia, durante o protocolo de mobilização e exercícios terapêuticos precoces, podem ser utilizadas
para interrupção ou substituição das intervenções por uma de menor intensidade.
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Considerações respiratórias avaliadas antes do protocolo de mobilização e exercícios
terapêuticos precoces:
EXERCÍCIOS NO EXERCÍCIOS
CONSIDERAÇÕES RESPIRATÓRIAS
LEITO FORA DO LEITO
Tubo Orotraqueal
Cânula Endotraqueal
FR < 30 ipm
FR > 30 ipm
Assincronia Paciente-Ventilador
Posição Prona
Óxido Nítrico
FiO2 = fração inspirada de oxigênio; SpO2 = saturação de pulso de oxigênio; FR = frequência respiratória;
PEEP = pressão positiva expiratória final; ipm = incursões por minuto; cmH20 = centímetros de H2O3.
EXERCÍCIOS NO EXERCÍCIOS
CONSIDERAÇÕES CARDIOVASCULARES
LEITO FORA DO LEITO
Terapia anti-hipertensiva em emergência hipertensiva
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EXERCÍCIOS NO EXERCÍCIOS
CONSIDERAÇÕES CARDIOVASCULARES (continuação)
LEITO FORA DO LEITO
PAM maior que o limite inferior sugerido, com alta
dose de drogas
Hipertensão Pulmonar Grave
Cateter de Swan-Ganz
EXERCÍCIOS NO EXERCÍCIOS
CONSIDERAÇÕES NEUROLÓGICAS
LEITO FORA DO LEITO
Paciente sonolento, calmo e em repouso
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EXERCÍCIOS NO EXERCÍCIOS
CONSIDERAÇÕES NEUROLÓGICAS (continuação)
LEITO FORA DO LEITO
Paciente agitado ou combativo
Craniectomia
Dreno subgaleal
EXERCÍCIOS NO EXERCÍCIOS
CONSIDERAÇÕES MÉDICAS E CLÍNICAS
LEITO FORA DO LEITO
Fratura instável de pelve, ossos longos do membro
inferior e coluna
Grande ferida cirúrgica aberta
Paciente febril
Cateter dialítico
Outros tipos de drenos e cateteres (dreno torácico,
sonda nasoenteral ou gástrica, sonda vesical, dreno
intercostal, dreno de ferida extensa)
UTI = unidade de terapia intensiva.
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Principais Intervenções fisioterapêuticas para um protocolo sistemático de mobilização e/ou
exercícios terapêuticos precoces:
• Treino de mobilidade para transferências no leito: corresponde aos treinos de rolar no leito
e de deitado para sentado, os quais são movimentos essenciais para o dia-a-dia;
• Cicloergometria em MMSS e MMII: mobilização passiva ou assistida dos membros com uso
de cicloergômetro eletrônico.
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Instrumentos de avaliação funcional:
• Escala de FM periférica → Escore de força muscular proposto pelo Medical Research Council
(MRC)5;
• Escalas para avaliação do maior nível de mobilidade → Escala de mobilidade em UTI (IMS, do
inglês, intensive care unit mobility scale)7;
• Escalas não específicas → Escala de Perme (Perme Score)7 e CPAx (Chelsea critical care
physical assessment)8.
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Fase 4– Paciente contactante, com bom desempenho em sedestação e FM de quadríceps > 3:
• Cinesioterapia assistida, ativa ou resistida em MMSS e MMII, conforme FM;
• Treino de transferência de deitado para sentado e controle do tronco;
• Treino de ortostatismo assistido e marcha assistida.
Algumas intervenções podem não ser realizadas, caso o profissional julgue que não há
critérios de segurança e/ou com base na avaliação funcional.
Considerações Finais:
Sempre que for possível, esses protocolos deverão ser instituídos em caráter progressivo e serem
continuados mesmo após a alta do paciente da UTI e hospitalar. Diversos recursos com essa
finalidade poderão ser ofertados aos pacientes, seja no ambiente hospitalar, domiciliar ou
ambulatorial, até a recuperação da sua capacidade funcional. Sempre que forem utilizados
materiais específicos ou equipamentos, deve-se providenciar o adequado descarte, ou
encaminhamento para esterilização, de acordo com as recomendações de biossegurança vigentes.
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estratégia deve ser individualizada, respeitando-se os princípios da cinesioterapia e da fisiologia do
exercício. Além disso, os fisioterapeutas devem utilizar todos os EPIs para sua segurança, dos
pacientes e da equipe. A instituição precoce desses protocolos contribuirá para redução dos
efeitos deletérios da doença crítica, especialmente sobre a função neuro-músculo-esquelética,
cardiopulmonar e funcionalidade.
Referências
1. Miranda Rocha AR, Martinez BP, Maldaner da Silva VZ, Forgiarini Junior LA. Early mobilization: Why,
what for and how? Med Intensiva. 2017 Oct;41(7):429-436. doi: 10.1016/j.medin.2016.10.003
2. Rydingsward JE, Horkan CM, Mogensen KM, Quraishi SA, Amrein K, Christopher KB. Functional Status
in ICU Survivors and Out of Hospital Outcomes: A Cohort Study. Crit Care Med. 2016 May;44(5):869-7.
3. Hodgson CL, Stiller K, Needham DM, et al. Expert consensus and recommendations on safety criteria
for active mobilization of mechanically ventilated critically ill adults. Crit Care 2014; 18:658.
4. Zhang L, Hu W, Cai Z, et al. Early mobilization of critically ill patients in the intensive care unit: A
systematic review and meta-analysis. PLoS One. 2019;14(10):e0223185. Published 2019 Oct 3.
doi:10.1371/journal.pone.0223185.
5. Hermans G, Clerckx B, Vanhullebusch T, et al. Interobserver agreement of Medical Research Council
sum-score and handgrip strength in the intensive care unit. Muscle Nerve. 2012 Jan;45(1):18-25.
6. Silva VZM, JAA Neto, Cipriano Jr G, et al. Versão brasileira da Escala de Estado Funcional em UTI:
tradução e adaptação transcultural. Rev Bras Ter Intensiva. 2017;29(1):34-38
7. Kawaguchi YMF, Nawa RK, Figueiredo TB, Martins L, Pires-Neto RC. Perme Intensive Care Unit Mobility
Score e ICU Mobility Scale: tradução e adaptação cultural para a língua portuguesa falada no Brasil. J
Bras Pneumol. 2016;42(6):429-34.
8. Corner EJ, Wood H, Englebretsen C, et al. The Chelsea critical care physical assessment tool (CPAx):
validation of na innovative new tool to measure physical morbidity in the general adult critical care
population; an observational proof-of-concept pilot study. Physiotherapy. 2013;99:33–41.
9. Schujmann DS, Teixeira Gomes T, Lunardi AC, Lamano MZ, Fragoso A, Pimentel M. Impact of a
Progressive Mobility Program on the Functional Status, Respiratory and Muscular Systems of ICU
Patients: A Randomized and Controlled Trial. Crit Care Med. 2019 Dec 19. doi:
10.1097/CCM.0000000000004181.
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