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Fisio Na Pneumonia 1

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Procedimento Operacional Padrão

Unidade de Reabilitação/01/2016

Fisioterapia na Pneumonia
em Pacientes Adultos
Versão 2.0

2018
Procedimento Operacional Padrão
Unidade de Reabilitação/01/2016

Fisioterapia na Pneumonia em
Pacientes Adultos

Versão 2.0
® 2018, Ebserh. Todos os direitos reservados
Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – Ebserh
www.ebserh.gov.br

Material produzido pela Unidade de Reabilitação do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade


Federal do Triângulo Mineiro (UFTM).
Permitida a reprodução parcial ou total, desde que indicada a fonte e sem fins comerciais.

Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM), administrado pela Eb-
serh – Ministério da Educação

POP: Fisioterapia na Pneumonia em Pacientes Adultos – Unidade de Reabilitação, Uberaba, 2018 – Ver-
são 2.0. 25p.

Palavras-chaves: 1 – POP; 2 – Fisioterapia; 3 – Pneumonia


HOSPITAL DE CLÍNICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO
ADMINISTRADO PELA EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES
(EBSERH)
Avenida Getúlio Guaritá, nº 130
Bairro Abadia | CEP: 38025-440 | Uberaba-MG
Telefone: (034) 3318-5200 | Sítio: www.uftm.edu.br

ROSSIELI SOARES DA SILVA


Ministro de Estado da Educação

KLEBER DE MELO MORAIS


Presidente da Ebserh

LUIZ ANTÔNIO PERTILI RODRIGUES DE RESENDE


Superintendente do HC-UFTM

MARIA CRISTINA STRAMA


Gerente Administrativo do HC-UFTM

DALMO CORREIA FILHO


Gerente de Ensino e Pesquisa do HC-UFTM

GEISA PEREZ MEDINA GOMIDE


Gerente de Atenção à Saúde do HC-UFTM

RITA DE CÁSSIA RODRIGUES REIS


Chefe da Divisão de Apoio Diagnóstico e Terapêutico do HC-UFTM

RENATA DE MELO BATISTA


Chefe da Unidade de Reabilitação do HC-UFTM

EXPEDIENTE

Unidade de Reabilitação do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo


Mineiro

Produção
HISTÓRICO DE REVISÕES

Autor/responsável por
Data Versão Descrição Gestor do POP
alterações

Trata da padronização da assis-


15/11/2015 1.0 tência fisioterapêutica ao paci- Renata de Melo Batista Flávia Contini Rodrigues
ente adulto com pneumonia

Tatiane Flores Ribeiro

Validação: Unidade de
Trata da padronização da
10/08/2018 2.0 Renata de Melo Batista Planejamento
assistência fisioterapêutica ao
paciente adulto com pneumonia
Aprovação: Colegiado
Executivo
SUMÁRIO

OBJETIVO............................................................................................................................7
GLOSSÁRIO.........................................................................................................................7
APLICAÇÃO.........................................................................................................................8
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................8
2. FISIOTERAPIA.................................................................................................................9
3. CONDUTAS NA FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA....................................................11
4. CONDUTAS NA FISIOTERAPIA MOTORA...............................................................19
5. CUIDADOS ESPECIAIS ................................................................................................20
6. FLUXOGRAMAS............................................................................................................20
REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................................25

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OBJETIVO

Padronizar entre a equipe de fisioterapia a assistência ao paciente adulto com pneumonia in-
ternado no Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), admi-
nistrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

GLOSSÁRIO

AVDs- Atividades de vida diária


CPAP - Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas
CRF - Capacidade Residual Funcional
DA - Drenagem Autogênica
EPAP – Pressão Expiratória Positiva
HC-UFTM - Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro
IRpA - Insuficiência Respiratória Aguda
PAC– Pneumonia Adquirida na Comunidade
PAVM – Pneumonia Associada a Ventilação Mecânica
PEP - Pressão Expiratória Positiva
PEEP-ZEEP - Pressão Expiratória Final Positiva/Pressão Expiratória Final Zero
PNM- Pneumonia
POP – Procedimento Operacional Padrão
TEP - Terapia de Expansão Pulmonar
THB - Terapia de Higiene Brônquica
TMR - Treinamento Muscular Respiratório
TOT – Tubo Orotraqueal
UTI - Unidade de Terapia Intensiva
VA – Via aérea
VMNI - Ventilação mecânica não invasiva

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APLICAÇÃO

Unidade de Terapia Intensiva Adulta e Coronariana


Enfermarias da Clínica Médica, Cirúrgica, Ginecologia, Ortopedia e Neurologia
Unidade de Doenças Infecciosas e Parasitárias
Pronto Socorro Adulto

1. INTRODUÇÃO

Pneumonias são doenças inflamatórias agudas de causa infecciosa que acometem os espaços
aéreos e são causadas por vírus, bactérias ou fungos. A infecção do trato respiratório afeta todas as
faixas etárias, acarretando elevada morbi/mortalidade principalmente em crianças e idosos. Usual-
mente a pneumonia pode ser dividida em: PAC (pneumonia adquirida na comunidade), pneumonia
nosocomial e PAVM (pneumonia associada a ventilação mecânica).
A PAC se refere à doença adquirida fora do ambiente hospitalar ou de unidades especiais de
atenção à saúde ou, ainda, que se manifesta em até 48 h da admissão à unidade assistencial.
A pneumonia hospitalar (nosocomial) é definida como a pneumonia que ocorre em até 15 di-
as após a alta hospitalar ou após 48 horas de uma internação hospitalar. Se inferior a 48 horas, os fa-
tores de risco relacionados à pneumonia bacteriana por germe hospitalar são: pacientes hospitaliza-
dos por mais de dois dias nos últimos 90 dias da admissão atual; pacientes residentes em casas de
repouso; pacientes que receberam antibioticoterapia endovenosa recentemente e quimioterapia ou
curativos nos últimos 30 dias da infecção atual.
A PAVM é aquela que surge em 48-72 horas após intubação orotraqueal e instituição de VM
invasiva. De modo similar, a PAVM também é classificada em precoce (a que ocorre até o quarto dia
de intubação e início da VM) e tardia (a que se inicia após o quinto dia da intubação e VM). Além
disso, existe a PNM não infeciosa, que é de origem aspirativa e que resulta da aspiração de secreções
contaminadas da orofaringe.

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As características clínicas da PNM dependem do microrganismo causador, da idade do paci-
ente e da sua condição geral. No entanto, o mal-estar, a febre e a tosse, dor pleurítica frequente, dis-
pneia, taquipneia, taquicardia e cianose constituem sinais e sintomas clássicos da PNM. Na radiogra-
fia de tórax comumente coexistem sinais de consolidação pulmonar e opacidade.
A fisioterapia respiratória exerce papel relevante no tratamento da PNM, de modo geral, ten-
do como principais objetivos promover a melhora da ventilação pulmonar, aumentar a oxigenação, a
remoção das secreções, bem como maximizar a tolerância ao exercício e atividades de vida diária
(AVD´s) e reduzir a dor. Além disso, a fisioterapia dificulta a progressão da doença prevenindo, as-
sim, complicações respiratórias, ajudando na redução da mortalidade, abreviando o tempo de hospi-
talização e facilitando a readaptação do usuário à sua vida ativa.

2. FISIOTERAPIA

2.1 Respiratória
Objetivos:
- Mobilizar e remover secreções traqueobrônquicas;
- Promover melhora da ventilação pulmonar;
- Aumentar oxigenação;
- Reduzir o trabalho respiratório;
Indicações:
- Pacientes com produção excessiva de secreção;
- Pacientes com insuficiência respiratória aguda e que apresentam sinais clínicos de acúmulo de se-
creção (ruídos adventícios, alterações gasométricas ou de radiografia torácica);
- Pacientes que apresentam atelectasias;
- Anormalidades na relação ventilação/perfusão causada pela pneumopatia;
- Tosse ineficaz;
- Queda de saturação de oxigênio ou taquidispneia (podem indicar retenção de secreção em vias
áreas ou necessidade de maior fluxo de oxigênio).

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2.2 Motora
Objetivos:
Além da preocupação quanto à capacidade respiratória é fundamental que o fisioterapeuta tenha
atenção na capacidade motora do paciente internado, que pode ter sua funcionalidade prejudicada
decorrente do diagnóstico e tempo de internação:
- Prevenir efeitos deletérios da imobilidade prolongada no leito;
- Prevenir e tratar diminuição de força muscular e de amplitude de movimento articular;
- Prevenir tromboembolismo, embolia pulmonar, novas pneumonias e hipotensão postural;
- Aliviar a dor;
- Diminuir ou prevenir edemas;
- Melhora do condicionamento cardiovascular;
- Restaurar a funcionalidade para as AVDs;
- Estimular deambulação precoce, dentro das possibilidades;
- Reduzir o tempo de internação;
Indicações:
Pacientes que permaneceram um longo período em tratamento hospitalar, principalmente pacientes
idosos ou aqueles em VM ou que estiveram em VM, podem traduzir um maior déficit funcional,
dessa forma, a fisioterapia motora está indicada:
- Imobilidade no leito;
- Descondicionamento físico;
- Fraqueza muscular e redução de amplitude de movimento articular;
- Estabilidade neurológica e cardiorrespiratória

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3. CONDUTAS NA FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA

3.1 Terapia de Higiene Brônquica


A terapia de higiene brônquica utiliza-se de técnicas que visam auxiliar a mobilização e a eliminação
de secreções, melhorando as trocas gasosas e evitando as complicações de um quadro de pneumopa-
tia previamente instalado. Aas técnicas não são utilizadas de maneira isolada, mas sim associadas
não só entre si, como também a outras modalidades dentro da fisioterapia respiratória:

3.1.1 Drenagem Postural


A drenagem postural utiliza-se da ação da gravidade para auxiliar a movimentação das secreções no
trato respiratório, direcionando-as para as vias aéreas centrais onde poderão ser removidas através da
tosse, promovendo também melhora da relação ventilação/perfusão.
Ao receber um paciente com diagnóstico de pneumonia em âmbito clínico, o fisioterapeuta realiza
ausculta pulmonar para identificar se o murmúrio vesicular está presente e se existem ou não ruídos
adventícios. Na presença de ruídos que sugerem secreção, o profissional poderá optar por posicionar
o paciente de forma que direcione o deslocamento da secreção para vias aéreas proximais. Acessó-
rios como triângulos, macas adaptadas, bolas suíças e travesseiros auxiliam na postura escolhida após
a ausculta.
Algumas posturas para os achados da ausculta pulmonar facilitam a mobilização das secreções pul-
monares distais, ou seja, localizadas próximas às bases (vias aéreas dos lobos inferiores). A ação da
gravidade irá promover o deslocamento da secreção e o posicionamento é realizado com intuito de
aumentar sua influência;

3.1.2 Flutter e Shaker


Estes incentivadores respiratórios são aparelhos que, diante da presença do fluxo expiratório prove-
niente do paciente, produzem uma vibração em seu interior, onde é localizada uma esfera, que por
sua vez transmite ondas mecânicas para o interior das vias aéreas, permitindo a mobilização das se-
creções. O paciente é estimulado a realizar diversas expirações no aparelho, de preferência com um
clipe nasal, para melhores resultados;

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3.1.3 Vibrocompressão Torácica
Consiste na associação das manobras de vibração e de compressão torácica, no sentido anatômicos
dos arcos costais, aplicada na fase expiratória do ciclo respiratório, de forma constante, lenta e mode-
rada, promovendo fluidificação e deslocamento de secreções pulmonares para vias aéreas de maior
calibre para que, posteriormente, sejam eliminadas pela tosse ou aspiração;

3.1.4 Pressão Expiratória


A manobra de pressão expiratória consiste em deprimir, de maneira passiva, o gradil costal do paci-
ente durante o período expiratório, com a finalidade de aumentar a ventilação. Quando aplicada após
a vibratoterapia ou percussão, tem o papel de conduzir secreções para os brônquios de maior calibre,
facilitando sua eliminação pela tosse ou aspiração;

3.1.5 Tosse Assistida


Consiste na aplicação de uma pressão externa sobre a caixa torácica ou sobre a região epigástrica,
fornecendo assim um auxílio ao ato de tossir;

3.1.6 Tosse Induzida ou tic- traqueal


Obtida pela indução manual denominada tic-traqueal, o qual consiste em realizar um movimento la-
teral da traquéia durante a fase inspiratória auxiliando o ato de tossir;

3.1.7 Aceleração do fluxo expiratório


Consiste no aumento ativo assistido ou passivo do volume de ar expirado com o objetivo de mobili-
zar, deslocar e eliminar secreções traqueobrônquicas;

3.1.8 Drenagem Autogênica (DA)


A manobra visa maximizar o fluxo de ar nas vias aéreas para melhorar a eliminação do muco e da
ventilação pulmonar, sendo uma combinação de controle respiratório em vários níveis de volumes
pulmonares;

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3.1.9 Técnica de Expiração Forçada ou Huffing
Consiste em um ou dois esforços expiratórios (huffs) realizados com a glote aberta com objetivo de
remoção de secreções brônquicas com a menor alteração da pressão pleural e menor probabilidade de
colapso bronquiolar;

3.1.10 Ciclo Ativo da Respiração


Consiste na combinação de técnicas de controle da respiração, exercícios de expansão torácica asso-
ciados ou não a vibração e percussão e técnica de expiração forçada. A DA é uma opção de tratamen-
to para pacientes com perfeita cognição, colaborativos e com disciplina. Estas exigências se devem
ao fato de o conjunto de padrões envolvidos serem complexos, bem como pela impossibilidade de
produção do reflexo de tosse durante toda a técnica. O posicionamento correto é na postura sentada,
com os braços ao longo do tronco. Uma vez posicionado, o fisioterapeuta realiza comandos verbais
para que o paciente explore gradualmente os volumes corrente, de reserva inspiratório e de reserva
expiratório para descolamento, mobilização e expectoração da secreção;

3.1.11 Pressão Expiratória Positiva (PEP)


O aparelho de PEP consiste em uma máscara facial e uma válvula com uma saída para que a resis-
tência expiratória possa ser conectada. Um manômetro é inserido no sistema para monitorar a pres-
são. A PEP remove as secreções nas vias aéreas maiores através da chegada de ar a segmentos pouco
ou não ventilados pela ventilação colateral e por prevenir o colapso das vias aéreas durante a expira-
ção. Portanto, um aumento no volume pulmonar faz com que o ar localizado atrás das secreções, que
obstruem as pequenas vias, ajude a removê-las;

3.1.12 Aspiração traqueobrônquica


É um procedimento invasivo que consiste na retirada de secreções de vias áreas inferiores com o ob-
jetivo de manter a permeabilidade das VAs, facilitar oxigenação e prevenção da broncoaspiração em
pacientes com uso de tubo orotraqueal (TOT) e traqueostomia, ou em pacientes que não conseguem
expectorar voluntariamente:

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- Aspiração em Circuito Aberto: É um tipo de aspiração no qual deve-se desconectar o circuito da
ventilação para introduzir a sonda. O profissional que realizará o procedimento deve ter cuidado com
a paramentação (luvas de látex, luva de toque –estéril para mão dominante, óculos e máscara) para se
proteger e proteger o paciente. O procedimento completo não deve ultrapassar 15 segundos, uma vez
que existe o risco de hipoxemia e agravamento da infecção. Como vantagem pode ser apontada a efi-
cácia da eliminação de secreções;
- Aspiração em Circuito Fechado: Nesta modalidade de aspiração não é necessária a desconexão do
circuito, sendo o procedimento realizado por uma sonda flexível envolvida por plástico, já acoplada
ao TOT ou à cânula de traqueostomia. A paramentação não exige a utilização de luvas de toque (es-
téril), pois não há contato direto com a sonda. Como vantagens, podem ser destacadas a menor pro-
babilidade de hipoxemia e o menor risco de agravamento de infecções, porém possui como limitação
uma menor eficácia na eliminação das secreções pulmonares;

3.1.13. Hiperinsuflação manual com ambu


Originalmente chamada de "bag squeezing", a técnica é utilizada em pacientes que cursam com qua-
dro de hipersecreção pulmonar e que estejam em uso de VM. Consiste na utilização do ambu associ-
ado às técnicas de vibração e compressão torácicas;

3.1.14. Manobra de PEEP/ZEEP


Na manobra de pressão expiratória final positiva/pressão expiratória final zero (PEEP-ZEEP), teori-
camente, ao se elevar a PEEP, o gás é redistribuído através da ventilação colateral, alcançando alvéo-
los adjacentes previamente colapsados por muco. Essa redistribuição propicia a reabertura de peque-
nas vias aéreas descolando o muco aderido à sua parede. Posteriormente, ao se diminuir a PEEP para
0 cmH2O, modifica-se o padrão de fluxo expiratório auxiliando o transporte das secreções das vias
aéreas de menor calibre para as centrais.

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3.2 Treinamento Muscular Respiratório
O Treinamento Muscular Respiratório (TMR) tem como objetivo aumentar a força dos músculos
respiratórios, principalmente dos músculos inspiratórios. Pode ser realizado utilizando aparelhos in-
centivadores, disponíveis largamente no mercado.
A avaliação da força muscular respiratória pelo manovacuômetro é imprescindível para aplicação do
TMR. Com o resultado da avaliação, que aponta a Pressão Inspiratória Máxima e Pressão Expiratória
Máxima, o fisioterapeuta pode ajustar o incentivador para gerar uma sobrecarga-alvo entre 30 a 60%
destas variáveis, desenvolvendo a força e resistência dos músculos respiratórios ao longo do trata-
mento.

3.3 Terapia de Expansão Pulmonar


Os recursos terapêuticos para expansão ou reexpansão pulmonar no manejo dos pacientes critica-
mente enfermos surgiram pela necessidade de se prevenir ou tratar a redução de volume pulmonar. O
colapso alveolar causa perda volumétrica com consequente redução na capacidade residual funcional
(CRF), podendo levar à hipoxemia e aumento no risco de infecções e lesão pulmonar caso não seja
revertido. Assim, as técnicas de expansão ou reexpansão podem ser efetivas tanto na profilaxia quan-
to no tratamento do colapso pulmonar associado a determinadas situações clínicas:

3.3.1 Exercícios Respiratórios


Os exercícios respiratórios, também conhecidos como exercícios de inspiração profunda e a espiro-
metria de incentivo, estão indicados para pacientes colaborativos e capazes de gerar grandes volumes
pulmonares, capacidade vital forçada superior a 20ml/kg, com risco de complicações pulmonares
decorrentes da hipoventilação;

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3.3.2 Inspirometria de Incentivo
Consiste na utilização de aparelhos portáteis que promovem um feedback de que foi alcançado o flu-
xo ou o volume desejado. A sua utilização depende do nível de consciência, da compreensão e cola-
boração do paciente. Muitos são os incentivadores respiratórios, sobretudo os inspiratórios. Esses
incentivadores são exercitadores respiratórios que tem como objetivo reexpansão pulmonar, aumento
da permeabilidade das vias aéreas e fortalecimento dos músculos respiratórios. Incentivadores como
o Respiron® e o Voldyne® são exemplos de aparelhos bastante utilizados pelo serviço de fisiotera-
pia do HC-UFTM, na reexpansão pulmonar.
São aparelhos que oferecem um estimulo visual para o paciente, como forma de encorajá-lo a reali-
zar uma inspiração máxima sustentada e alcançar a capacidade pulmonar total. A execução é feita
com parte do volume residual seguido de uma inspiração máxima até atingir a capacidade pulmonar
total e aplicada no incentivador por via oral, ativa e profunda, de início rápido e mantido no final, no
qual ocorre o maior incremento do trabalho ventilatório. Após a inspiração máxima pode-se ou não
realizar uma pausa inspiratória fora do bocal, que potencializá o ar intra-alveolar e ocorre maior ven-
tilação colateral e o recrutamento de unidades alveolares colapsadas.
Existem dois tipos de incentivadores: a fluxo e a volume. O incentivador a fluxo consiste em uma ou
mais câmeras plásticas que abrigam esferas semelhantes a bolas de pingue-pongue que se elevam em
fluxos inspiratórios altos e turbulentos. O utilizado no HC-UFTM é o Respiron®.
O incentivador a volume consiste em um sistema de pistão em que um êmbolo ou disco deve ser ele-
vado até atingir a capacidade inspiratória máxima ou nível predeterminado. Esse tipo é mais fisioló-
gico, pois o volume de treinamento é mais constante e gera um fluxo menos turbulento quando com-
parado com o incentivador a fluxo.

3.3.3 Técnicas com pressão positiva


O uso de dispositivos ou equipamentos que gerem pressão positiva nas vias aéreas pode ser aplicado
somente na fase inspiratória, somente na fase expiratória ou em ambas as fases da respiração. Neste
grupo estão os dispositivos que oferecem respiração por pressão positiva intermitente, sistema Pres-
são Expiratória Positiva (EPAP), pressão positiva contínua em VAs (CPAP) e ventilação com dois
níveis de pressão nas vias aéreas:

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- EPAP
A EPAP é uma técnica que consiste na aplicação de pressão positiva somente durante a fase expira-
tória do ciclo respiratório. Esta pressão positiva é produzida por dispositivos que geram resistência
ao fluxo expiratório, como válvulas spring-loaded, com pressões de 5, 10, 15 ou 20 cmH2O, que po-
dem estar conectados a máscaras, bocais ou diretamente à VA artificial dos pacientes. A PEEP pro-
duzida promove aumento dos volumes pulmonares e recrutamento alveolar (podendo também ser
considerada como técnica reexpansiva), além de ser uma alternativa efetiva de higiene brônquica.
Essa técnica promove a remoção das secreções nas vias aéreas maiores através da chegada de ar a
segmentos pouco ou não ventilados pela ventilação colateral e por prevenir o colapso das vias aéreas
durante a expiração. Portanto, um aumento no volume pulmonar faz com que o ar localizado atrás
das secreções, que obstruem as pequenas vias, ajude a removê-las. A EPAP pode ser considerada
tanto uma técnica desobstrutiva quanto uma técnica reexpansiva;

- Ventilação mecânica não invasiva (VMNI)


De acordo com as Diretrizes Brasileiras de Ventilação Mecânica (2013), a VMNI está indicada em
situações que cursam com Insuficiência Respiratória Aguda (IRpA) ou Insuficiência Respiratória
Crônica Agudizada. O profissional deve avaliar o paciente para verificar se o mesmo se beneficiará
com o uso do VMNI, e qual das modalidades será mais indicada.
A CPAP é obtida com gerador de fluxo podendo ser utilizada em pacientes em ventilação espontânea
com e sem vias aéreas artificiais e consiste na aplicação de um nível de PEEP associada a um fluxo
inspiratório nas vias aéreas. Os benefícios do uso da CPAP estão largamente descritos na literatura e
estão diretamente relacionados ao aumento da pressão alveolar e da CRF. Estes benefícios, conse-
quentemente, determinam recrutamento de alvéolos previamente colapsados.
O Bilevel é um modo de VMNI que tem como característica a utilização de dois níveis de pressão
positiva, que são aplicadas na fase inspiratória e expiratória, gerando aumento do volume pulmonar.
A pressão aplicada durante a fase inspiratória é sempre maior que a expiratória permitindo que,
mesmo com mínima ou nenhuma colaboração do paciente, ocorra aumento da pressão transpulmo-
nar.

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Na atualidade, o Bilevel e a CPAP são recursos utilizados para expansão pulmonar, contudo o Bile-
vel deve ser o recurso de primeira escolha devido à vantagem de fornecer dois níveis de pressão se-
paradamente. A CPAP não é capaz de aumentar a ventilação alveolar, motivo pelo qual, na presença
de hipercapnia, é dada preferência ao uso da VMNI com dois níveis de pressão. O ideal é manter o
Bilevel, com pressões mais baixas (EPAP < 8 e IPAP < 15)
A VMNI é capaz de manter os pacientes com pneumonia sem o suporte ventilatório invasivo, desde
que possa ser empregada periodicamente até que o tratamento farmacológico apresente resultados
satisfatórios contra a infecção. Em contrapartida, pacientes com pneumonia grave que desenvolvem
sepse e evoluem com rebaixamento do nível de consciência (Glasgow menor ou igual a 8) não pos-
suem indicação para VMNI, sendo necessária neste caso a intubação orotraqueal e adaptação à VM.
Outras contraindicações relativas também podem descartar a opção pela VMNI, a exemplo dos trau-
mas de face, claustrofobia, incapacidade cognitiva, distensão abdominal, secreções abundantes e ris-
co significativo de bronco-aspiração;

3.3.4 Técnicas Manuais de Reexpansão Pulmonar

- Descompressão Torácica abrupta localizada


Consiste em comprimir o tórax na expiração e descomprimir de forma abrupta permitindo restaurar a
ventilação das unidades alveolares comprometidas.

- Hiperinsuflação manual e com ventilador mecânico


A hiperinsuflação manual (técnica conhecida como bag squeezing), consiste em inspirações lentas e
profundas consecutivas, seguidas de pausa inspiratória e rápida liberação dapressão, associada, ou
não, à vibração torácica, promovendo aumento do fluxo expiratório, além de um recurso para melho-
rar a oxigenação pré e pós aspiração traqueal, mobilizar o excesso de secreção brônquica e re-
expandir áreas pulmonares colapsadas.

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O uso do ventilador mecânico como recurso fisioterapêutico para manobras de expansão pulmonar
consiste no aumento de pressão de pico ou da PEEP em pacientes ventilados mecanicamente com
objetivo de promover o recrutamento de áreas pulmonares colapsadas, sem repercussões hemodinâ-
micas.

4. CONDUTAS NA FISIOTERAPIA MOTORA


O desenvolvimento de fraqueza generalizada relacionada ao paciente crítico é uma complicação im-
portante e comum em muitos pacientes admitidos em uma UTI e sua incidência ocorre em 30% a
60% dos pacientes internados. Vários são os fatores que podem contribuir para ocorrência desta fra-
queza, incluindo: inflamações sistêmicas, uso de corticoides, sedativos e bloqueadores neuromuscu-
lares, descontrole glicêmico, desnutrição, duração da ventilação mecânica e imobilidade prolongada.
O imobilismo acomete os sistemas musculoesquelético, gastrointestinal, urinário, cardiovascular,
respiratório e cutâneo. A inatividade ou imobilização de membros ou corpo e a perda de inervação
nas doenças ou injúrias promovem um declínio na massa muscular, força e endurance. Todos estes
fatores associados contribuem para um prolongamento no tempo de internação causando maior risco
de complicações, distúrbios emocionais como ansiedade e depressão, aumento nos índices de morta-
lidade e dos custos hospitalares. Dessa forma, o exercício terapêutico é considerado um elemento
central na maioria dos planos de assistência da fisioterapia ao paciente crítico, com a finalidade de
aprimorar a funcionalidade e reduzir incapacidades.
A fisioterapia motora inclui exercícios que previnem complicações como encurtamentos, fraquezas
musculares e deformidades osteoarticulares assim como exercícios que visam aprimorar ou preservar
a função física minimizando déficits futuros.

4.1 Posicionamento adequado dos pacientes no leito


Pode ser usado com o objetivo fisiológico de otimizar o transporte de oxigênio através do aumento
da relação ventilação-perfusão, aumento dos volumes pulmonares, redução do trabalho respiratório,
minimização do trabalho cardíaco e aumento do clearance mucociliar. Além de também otimizar o
transporte de oxigênio, a mobilização reduz os efeitos do imobilismo e do repouso.

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4.2 Cinesioterapia
Se faz por meio de exercícios passivos, ativos, ativos-assistidos visam manter a movimentação da
articulação, o comprimento do tecido muscular, da força e da função muscular e diminuir o risco de
tromboembolismo. A fisioterapia motora inclui também atividades terapêuticas progressivas, tais
como exercícios motores no leito, sedestação a beira do leito, ortostatismo, transferência para a ca-
deira e deambulação com o objetivo de melhorar a aptidão física e promover a independência funci-
onal dos pacientes.

5. CUIDADOS ESPECIAIS
Enquanto a antibioticoterapia não manifestar resultados nos exames laboratoriais (reduzindo o núme-
ro de leucócitos e o desvio à esquerda e na estabilidade hemodinâmica (frequência cardíaca, pressão
arterial), o fisioterapeuta deve agir com cautela, garantindo a permeabilidade das vias aéreas, traba-
lhando de forma branda a reexpansão pulmonar para evitar desconforto respiratório, fadiga e des-
compensação cardiovascular, além de realizar exercícios de baixa intensidade, com intuito de manter
a amplitude de movimento existente. Logo após o controle da infecção, exercícios aeróbicos e de for-
talecimento devem ser incluídos para melhorar a tolerância ao esforço e promover a reintegração do
indivíduo às suas tarefas. O principal cuidado, diante do exposto, é com o emprego das técnicas nos
momentos corretos, evitando complicações cardiorrespiratórias.
Todo e qualquer exercício de alta intensidade na pneumonia descontrolada pode levar à IRpA e à
descompensação hemodinâmica.

6. FLUXOGRAMAS
Seguem abaixo os fluxogramas de condutas em Terapia de Expansão Pulmonar (TEP) e Terapia de
Higiene Brônquica (THB) referentes à Força Tarefa sobre a Fisioterapia em Pacientes Críticos Adul-
tos de 2012, que são seguidos no serviço de fisioterapia do HC-UFTM:

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Figura 1. Fluxograma para TEP no paciente crítico em ventilação espontânea e em VM.

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Figura 2. Fluxograma para THB de pacientes críticos submetidos à VM.

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Figura 3. Organograma para THB de pacientes críticos em ventilação espontânea.

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Figura 4. Fluxograma para estabelecer níveis de progressão da mobilização do doente crítico.

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REFERENCIAL TEÓRICO

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Silvia Valente Barbas, Alexandre Marini Isola, Augusto Manoel de Carvalho Farias, 2013.

FRANÇA, E.E.T, et al. Força tarefa sobre a fisioterapia em pacientes críticos adultos: diretrizes da
associação brasileira de fisioterapia respiratória e terapia intensiva (assobrafir) e associação de medi-
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PRESTO, B. DAMÁZIO, L. Fisioterapia na UTI. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.

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