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Contestação Magnum

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DO

JUIZADO ESPECIAL CÍVIL DA COMARCA DE VITÓRIA.

MAGNUM ELETRÔNICA LTDA., empresa com


qualificação e endereço completos, vem à presença de Vossa Excelência,
por intermédio de seu advogado (procuração anexa), para, com
fundamento no artigo 18 do Código de Defesa do Consumidor,
apresentarem a presente CONTESTAÇÃO, a ação condenatória proposta
por TIAGO, já qualificado, com base nos fatos e fundamentos a seguir
exposto:

I- DOS FATOS:

Alega o autor que, adquiriu da Magnum


Eletrônica, um aparelho portátil de rádio, pelo valor de R$ 400,00
(quatrocentos reais) e, que desde o momento da compra, percebeu que o
aparelho estava danificado.

Passados quatro meses da compra, Tiago,


sem ter antes procurado o serviço de atendimento ao consumidor da
Magnun, dirigiu-se ao Juizado Especial Cível da Comarca de Vitória e ali
aforou ação visando o recebimento de indenização, porque desde o
momento da compra havia percebido que a antena externa do aparelho
estava danificada, o que impedia o rádio de funcionar.

A indenização pedida era de R$ 600,00,


valor equivalente ao preço de aparelho de nível superior, o que, no
entender de Tiago, ajudá-lo-ia a compensar os contragostos decorrentes
da compra do aparelho danificado.

II- DO DIREITO:

Diante dos fatos narrados o pedido deve ser


julgado improcedente. No caso, na verdade busca-se verdadeiro
enriquecimento ilícito, como a seguir se demonstrará. Por sua vez,
inicialmente é de se apontar a existência de decadência.

1. DA DECADÊNCIA DO DIREITO DE RECLAMAR PELOS VÍCIOS DO


PRODUTO.

O direito de reclamar por eventuais vícios


existentes no referido bem já foi vitimado pela decadência.

Como visto no relato dos fatos, o produto já


foi comprado há 4 (quatro) meses, sendo que o direito de reclamar dos
vícios aparentes expedem em 90 (noventa) dias, que corresponde ao
período de 3 (três) meses.

É o que se percebe da simples leitura do


disposto no art. 26, II, do CDC (Lei 8.078/90).

Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios


aparentes de fácil constatação caduca em:
II - noventa dias, tratando-se de
fornecimento de serviço e de produtos duráveis.
Tal artigo é expresso ao reconhecer como de
90 (noventa) dias o prazo de decadência para reclamar de vícios de fácil
constatação de bens duráveis.

É indiscutível que uma antena externa


quebrada de um equipamento de som se enquadra como um "vício
aparente" em um "produto durável".

Assim sendo, é certo que estamos diante da


decadência, o que acarreta a extinção do processo com resolução de
mérito, nos termos do art. 487, II, do Código de Processo Civil.

Art. 487. Haverá resolução de mérito


quando o juiz:
II - decidir, de ofício ou a requerimento,
sobre a ocorrência de decadência ou prescrição.

2. DA INEXISTÊNCIA DE QUALQUER DANO MORAL (PREVISÃO LEGAL DE


TROCA DO BEM, DEVOLUÇÃO DOS VALORES OU ABATIMENTO DO
PREÇO, EM HIPÓTESES DE DEFEITOS NOS PRODUTOS).

Na hipótese de não reconhecer a


decadência, não restam dúvidas de que, no caso, inexiste o alegado dano
moral.

Dano moral não é qualquer aborrecimento


corriqueiro que todos os que vivem em sociedade estão sujeitos. Para que
se configure tal espécie de dano, imprescindível uma situação
verdadeiramente vexatória e capaz de causar angústia.

E, no caso concreto, não há qualquer


"aborrecimento" sofrido pelo requerente. Por mais que se leia a inicial,
não há nada ali que indique um efetivo dano.

Vale lembrar que o próprio CDC já prevê


solução para o caso de produtos danificados. Referimo-nos aqui no art. 18
de tal diploma legal.
Art. 18. Os fornecedores de produtos de
consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios
de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao
consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por
aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do
recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitárias,
respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o
consumidor exigir a substituição das partes viciadas.

§ 1° Não sendo o vício sanado no


prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente
e à sua escolha:
I - a substituição do produto por
outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;
II - a restituição imediata da quantia
paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e
danos;
III - o abatimento proporcional do
preço.

Como se percebe da simples leitura de


tal dispositivo, constatado um vício no produto, e caso não sanado tal
vício pelo fornecedor no prazo de 30 (trinta) dias, pode o consumidor
exigir a troca do produto por outro ou a restituição dos valores pagos,
devidamente corrigidos ou o abatimento do valor.

Portanto, a própria legislação traz as


soluções para o caso de vício do produto, não havendo qualquer previsão
em relação ao cabimento de dano moral, o que inviabiliza o pedido
formulado pelo Autor.

E a situação é ainda mais gritante no


caso concreto, pois não houve qualquer atitude da Ré em relação ao
suposto vício, visto que o Autor não formulou qualquer reclamação junto
a esta empresa.

Portanto, inexiste qualquer conduta da


Ré capaz de ter dado causa ao propalado dano, o que afasta qualquer
possibilidade de responsabilização civil, artigo 186 do Código Civil.
III- DO PEDIDO:

Ante o exposto, pedem e requerem os


Réus a Vossa Excelência:

a) o reconhecimento da decadência, com a extinção do processo com


resolução de mérito;

b) caso assim não entenda Vossa Excelência, a improcedência de


qualquer indenização referente a danos morais;

c) protesta provar o alegado por todos os meios de prova previstos em


lei, especialmente pelos documentos já juntados aos autos.

Termos em que,
pede deferimento.

Vitória, de ___, de ___

_____________

Advogada

OAB/nº

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