Disciplina: História do Continente Americano I

Professora: Silvana Andrade dos Santos

Sociedade e Economia na América

espanhola colonial
Referências

BAREWEL, Peter. A mineração na América Espanhola. In: BETHELL, Leslie. (Org.).

História da América Latina: América Latina Colonial. 1. ed. 1 reimp. São Paulo: Editora da
Universidade de São Paulo; Brasília, DF: Fundação Alexandre Gusmão, 2004. v. 2. p. 99-
150.

FLORESCANO, Enrique. A formação e a estrutura econômica da Hacienda na Nova

Espanha. In: BETHELL, Leslie. (Org.). História da América Latina: América Latina
Colonial. 1. ed. 1 reimp. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; Brasília, DF:
Fundação Alexandre Gusmão, 2004. v. 2. p. 151-186.

SCHWARTZ, Stuart. LOCKHART, James. A América Latina na Época Colonial. Rio de

Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. p. 113-152.
Mineração
 Ouro

Minérios

Metais básicos Prata

 Ouro Prata
• Maiores extrações feitas • Predominou tanto em
através de saques nos volume quanto em valor
primeiros anos da produzido.
conquista;
• Mineração em
quantidades variáveis e
frequentemente
substanciais.;

‚A procura de ambos os metais levou os espanhóis a todos

os cantos das Américas, contribuindo bastante para a
impressionante rapidez com que exploraram e colonizaram
sua porção do continente [...](BAREWEL, 2004, p. 100)
Centros dos principais distritos mineiros da
América do Sul espanhola
Colômbia Chile
 O. 1546 – Antioquia;  O. 1700 – Copiapó;
 O. 1690 – Nóvita;  O. 1550 – Valdívia.
 O. 1536 - Papayán;
 O. 1680 – Barbacoas.

Equador
 O. 1560 – Zaruma.

Peru
 O. 1550 – Chachapoyas;
 O. 1771 – Hualgayoc;
 P. 1630 – Cerro de Pasco;
 M. 1563 – Huancavelica;
 P. 1555 - Castrovirreina;
 O. 1542 – Carabaya

Bolívia
 P. 1606 – Oruro;
 P. 1545 – Potosí;
 P. 1545 – Porco;
 P. 1645 – San Antonio
del Nuevo Mundo.
Centros dos principais distritos
mineiros da Nova Espanha
Encadeamentos da mineração
•Crescimento de vilas em muitas regiões
inóspitas;

•Expansão do comércio e de estradas;

•Desenvolvimento de novos circuitos

econômicos externos e internos.
Minerais na América espanhola

 Processos de formação das cadeias de montanhas

mexicanas e andinas (orogênese) provocou
dispersão de minérios;
 A dispersão de minérios deu origem aos fluxos
exploratórios.
 Ouro Prata
• Explorado em terras mais • Veios formados em grandes
baixas (depósitos aluviais altitudes;
das cadeias de • Ocasionalmente era
montanhas); encontrada em estado
natural;
• Encontrado na forma de
metal natural ou como • Encontrados
majoritariamente na forma
liga.
de sulfetos de prata (pobre
em prata, encontrado em
fontes profundas) e cloretos
de prata (mais ricos em
prata, encontrados em
fontes superiores).
 Técnicas de extração nas
minas veio
Sistema del rato

 Explorações individuais;
 Sistema amador;
 Desenvolveu-se nos primeiros anos de mineração;
 Ataque a um veio com um poço aberto e escavação mais
profunda posterior em busca de concentrações
particularmente mais ricas de minérios;
 Proliferação de pequenas minas.
 Socavones (galerias de acesso)

 Expansão da mineração e concentração de minas nas

mão de poucos mineiros e companhias de mineração;
 Túneis levemente ascendentes cavados desde a
superfície para intersectar as galerias inferiores de uma
mina;
 Favoreciam a ventilação, a drenagem e a fácil extração
de minérios e resíduos;
 Mais vantajosa quando aberta em explorações
concentradas, atravessando várias minas;
 Mais recorrente no México e mais rara na América do
Sul.
 Desenvolvimentos tecnológicos na extração

 Final do século XVI - Drenagem em bombas e sacos de

couro;
 Cabrestantes, usados para extração de água e de
minérios;
 Século XVIIII – Dinamitação;
 Século XIX – Energia a vapor.
 Processamento
Prata
 Fragmentação do metal, na mina;
 Amalgamação, processo barato, realizado nas fundições
(normalmente localizadas nas vilas mineiras);
1. Trituração do minério até alcançar consistência fina (triturador, movido
a animais ou água);
2. Mistura do minério a um reagente (sal ou piritas de cobre);
3. Compressão do minério com mercúrio;
4. Agitação da combinação (realizada no início por índios e
posteriormente por animais;
5. Duração de seis a oito semanas;
6. Lavagem;
7. Voltatilização
 Fundição
1. Trituração do minérios;
2. Fundição.
 Ouro

 Bateamento ou lavagem em calha;

 Amalgamação.
 As matérias-primas
• Sal;

• Piritas de cobre;
• Chumbo;
• Ferro;
• Madeiras e água;
• Mercúrio.
 Repercussões sociais
Imigrantes e colonos: mobilidade social
•Possibilidade de alcançar riqueza, distinção social
e poder político rapidamente;

Índios: Aculturação e proletarização

•‚Êxodo rural‛ e deslocamento das populações
nativas para longe de suas comunidades originais;
•‚Profissionalização‛;
•Mestiçagem;
•Desestruturação das comunidades nativa.
A mineração e o Estado
• Altos rendimentos em direitos, impostos e tributos
diretos e indiretos;

• Aparência ‚estatal‛ da mineração;

• Exploração/administração direta da coroa;

• Administração indireta da coroa (cobrança de direitos

sobre produção).

As variações na cobrança de direitos poderiam tanto

estimular quanto desestimular a mineração.
 O capital
 Produção inicial requeria poucos investimentos;

 Reinvestimento de capitais;

 Busca por fontes externas de crédito(predominante até o

final do período colonial):
 Aviador (fornecedor de suprimentos e de crédito);
 Rescatador (comprador).

 Companhias de crédito formada pelos próprios

mineiros.
Hacienda
A transformação econômica
 Inserção de culturas e técnicas de cultivo europeias na
América ;
 Demanda de produtos tropicais;
 Difusão da pecuária (criação de gado maior e gado
menor) e técnicas de pecuária.

O processo de colonização implicou em diversas

transformações ecológicas na América, em sua paisagem
tradicional (física e cultural) e no ambiente físico, assim
como a expansão de suas fronteiras.
 (Re)distribuição da terra
 Distribuição da terra entre os conquistadores;

 (1530-1535) Concessões regulares de terra (feitas pelos cabildos

(conselhos de cidades) para os que desejassem se estabelecer
permanentemente

‚[...] Assim, os cabildos, e mais tarde os vice-reis, concederam aos

novos colonizadores patentes de vecinos (chefes de família), que
lhes outorgavam o direito a um lote de terra onde deviam
construir uma casa e plantar uma horta junto com a concessão de
uma ou duas caballerías cujo solo deviam ‘cavar e cultivar’. Além
disso, as novas vilas receberam uma bonificação de terras e
pastagens comuns [...] De seu lado, os colonizadores garantiram
viver na vila e prometeram não vender suas caballerías de terra
antes de decorridos dez anos (posteriormente reduzidos a seis) e
não transferir a terra para uma igreja ou um mosteiro nem para o
clero‛ (FLORESCANO, 2004, p. 156).
 Solicitações de extensas concessões de terras:
 Generalização da distribuição de caballerías de terras
aráveis.
 Reassentamento dos índios
 Liberação de terras e redistribuição aos colonizadores
e as aldeias;
 Direito de uso e não de propriedade plena.
 Expansão das propriedades através de ocupações sem
títulos legais;
 Redistribuição da terra.
‚A decisão da coroa de empreender uma distribuição
maciça de terra e dividi-la entre muitos receptores
institucionalizou o processo caótico original de colonização
da terra e deu estabilidade aos proprietários rurais
justamente no momento em que a descoberta das minas, a
expansão do povoamento e a decadência da agricultura
nativa impunham a criação de novas fontes de produção de
alimento. Essa demanda e o oferecimento de concessões de
cabellerías e fazendas atraíram para as novas vilas agrícolas
os velhos e nos novos colonizadores, antes desprovidos de
recursos [...] Do mesmo modo, a alta dos preços dos
alimentos e a abundante disponibilidade de terra
estimularam a formação de haciendas e estancias mistas
(que combinavam agricultura e criação de gado) nas áreas
vizinhas às cidades e capitais administrativas do Centro e
do Sul do país [...]‛ (FLORESCANO, 2004, p. 159)
 Comercialização

Centros políticos e
Complexos de mineração
administrativos
Variações na produção agrícola

 Área cultivada;

 Clima
‚[...] como a Nova Espanha dependia exclusivamente da
produção agrícola doméstica para satisfazer suas
necessidades, essas enormes flutuações cíclicas
determinavam o volume da oferta, as características da
demanda, o nível e a variação dos preços e a estrutura
mercadológica de produtos básicos [...]‛ (FLORESCANO,
2004, p. 170).
 Boas colheitas Colheitas ruins
• Grande oferta nos • Diminuição da oferta
mercados; (escassez de gêneros);
• Baixa de preços; • Alta de preços e mercado
• Diminuição do comércio inflacionado;
de cereais nos mercados • Recurso ao mercado
(consumo da produção) pelos pequenos
-> contração do mercado; proprietários;
• Produção direcionada
para os complexos
mineiros e centros
políticos-administrativos;
• Maiores lucros para os
grandes proprietários.
Haciendas e estratégias de mercado
• Construção de celeiros;
• Aumento do volume da produção (aumento das vendas
e redução da aquisição de insumos);
• Aumento do tamanho da hacienda;
• Diversidade de cultivo (policultura);
• Autossuficiência em bens de consumo básico (ferraria,
carpintaria e curtumes).
• Complexos complementares e interligados de haciendas;
• Aquisição de haciendas por mineiros;
• Lucratividade nas transações comercias;
• Ocupação de cargos administrativos (favorecimento a
monopólios até século XVII );
• Comerciantes.
 O crédito
• Investimento de rendas derivadas da encomienda, dos
cargos públicos, da mineração e do comércio;
• Pouca disponibilidade de dinheiro vivo x necessidade de
tomada de empréstimos em dinheiro para investimento
e manutenção;
• Estrutura econômica colonial (desvio de excedente para
a Coroa, restrição de culturas, apropriação de minerais
cunhados e corporações de comerciantes) prejudicava os
grandes proprietários;
• Cobrança de dízimos pela Igreja e recurso aos censos
(hipotecas);
• Empréstimos;
• Busca por garantir a hereditariedade e a unidade das
propriedades (mayorazgo e casamentos -> oligarquia).
Mão de obra
Sistemas de trabalho
• Encomienda;

• Escravidão africana;

• Recrutamento forçado (Repartimiento/Mita);

• Contratos de salário.
 •Encomienda (c. 1503-c.1549);
 ‚Era [...] uma concessão pelo Estado de mão-de-obra
compulsória, vinculada a responsabilidades específicas
para com seus ‘protegidos’ indígenas por parte do
depositário, ou encomendero.‛ (ELLIOT, 2012, p. 152).

‚[...] os índios de encomienda continuavam a ser produtores

aldeões, residiam em suas aldeias e realizavam para o
encomendero uma multiplicidade de tarefas compulsórias, mas
temporárias. Todavia, esse sistema agravou a exploração dos
índios, porque as aldeias e as famílias rurais, além do necessário
para sua própria subsistência e reprodução, precisavam
produzir um excedente que era transferido aos encomenderos, e
não recebiam em troca qualquer benefício.‛ (FLORESCANO,
2004, p. 162).
 De 1521 a 1524 era permitido aos encomenderos usar
livremente a força de trabalho fornecida pelos índios de
encomienda;
 Os sistemas nativos preexistentes para a produção de
bens e a prestação de serviços não foram modificados;
 O índio mantinha seus vínculos com a aldeia e com o
povo a que pertencia e estabelecia uma relação
temporária com o encomendero: um trabalho sazonal, não
especializado;
 Os índios eram alimentados pelo que sua comunidade
produzia;
 As comunidades eram obrigadas a custear as despesas
da remoção do trabalhador de sua aldeia de origem para
o lugar onde ia prestar serviços.
(FLORESCANO, 2004, p. 162)
 •Recrutamento forçado
(Repartimiento/Mita);
Recrutamento forçado de mão-de-obra indígena. Muito
utilizado tanto na mineração quanto nas haciendas.

 Havia áreas designadas para o fornecimento de mão-de-obra;

 Os índios recrutados deveriam receber salários;
 Tempo limitado de duração do trabalho;
 Rodízio de trabalhadores;
 Recrutamentos se destinavam a períodos específicos, embora
variados, segundo as necessidades locais;
 Excessos de trabalho;
 Estratégias indígenas (aluguel de substitutos ou pagamento
para aluguel de substitutos);
 Contribuiu para o despovoamento de determinadas regiões e
alterou ;
 Alterou o funcionamento das comunidades (Ver citação
FLORESCANO, 2004, p. 163).
 • Contratos de salário.

Trabalhadores voluntários assalariados

 Índios (naboría nas antilhas e yanacona nas terras

incas);
 Profissionais com habilidades e ofícios (bastante
valorizados na mineração);
 Aluguel da força de trabalho;
 Aplicados em regiões onde a população era
inadequada para a encomienda e para o recrutamento;
 Existência de estratégias para endividamento dos
trabalhadores assalariados -> servidão por dívida.