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Guia Sesi de Saude Mental 130420 New

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Guia SESI de Saúde Mental

em tempos de COVID-19.
Versão 1 - Atualizada em 13/04/2020
2
Sumário
Introdução.................................................................................................................................. 4
Objetivos..................................................................................................................................... 6
Objetivo Geral.......................................................................................................................................6
Objetivos Específicos...........................................................................................................................6
Porque promover saúde mental durante enfrentamento da pandemia............................... 7
Vulnerabilidade psicossocial: fatores que influenciam na resposta das pessoas.............. 9
Como saber se a resposta psicológica é normal ou é psicopatológica.............................. 12
Recomendações gerais para gestores e líderes de equipes nas empresas...................... 14
Dicas gerais de saúde mental para trabalhadores.............................................................. 17
Fatores psicossociais por contexto de trabalho e de quarentena/isolamento.................. 19
Trabalho Presencial......................................................................................................................... 20
Trabalhador em home office (Teletrabalho)................................................................................ 22
Afastamento compulsório de pessoas sem sintoma de doença e sem possibilidade
de home office................................................................................................................................... 24
Isolamento domiciliar de casos suspeitos ou confirmados de COVID-19.............................. 26
Quando atuar e o que fazer em cada momento.................................................................... 28
Ações de saúde mental de acordo com as fases......................................................................... 29
Mensagens essenciais para os planos de proteção da saúde mental...................................... 32
Primeiros cuidados psicológicos - PCP................................................................................. 33
Quando os PCP são oferecidos?..................................................................................................... 35
Como oferecer ajuda com responsabilidade................................................................................ 36
1. Respeitar a segurança, a dignidade e os direitos............................................................... 36
2. Adaptar sua ação levando em consideração a cultura das pessoas............................... 39
3. Ficar atento a outras medidas de resposta de crise.......................................................... 40
4. Cuidar-se................................................................................................................................... 40
Comunicação adequada com as pessoas afetadas..................................................................... 41
Princípios de ação dos PCP: Observar, Escutar, Aproximar...................................................... 43
Observar........................................................................................................................................ 44
Escutar........................................................................................................................................... 46
Aproximar...................................................................................................................................... 49
Como praticar a suporte social nas equipes: círculo da solidariedade social.................. 54
3
Introdução
O Ministério da Saúde confirmou em 26 de fevereiro o primeiro caso
de coronavírus no Brasil. A cronologia da COVID-19 revela uma rápida
disseminação mundial e faz a OMS decretar Emergência de Saúde Pública de
Interesse Internacional no fim de janeiro. Em 11 de março de 2020, declarada
a pandemia de COVID-19, doença causada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2).

Do ponto de vista de saúde mental, uma pandemia da magnitude atual


implica em uma perturbação psicossocial que pode ultrapassar a capacidade
de enfrentamento da população afetada. Pode-se considerar, inclusive, que
toda a população sofre tensões e angústias em maior ou menor grau.

Os novos modos de vida e trabalho no contexto de pandemia


podem contribuir para o aumento de incidência de transtornos psíquicos.
Entre um terço e metade da população exposta pode vir a sofrer alguma
manifestação psicopatológica, de acordo com a magnitude do evento e o grau
de vulnerabilidade. Embora se deva destacar que nem todos os problemas
psicológicos e sociais poderão ser qualificados como doenças, a maioria serão
reações normais diante de uma situação anormal, como a de pandemia.

4
O papel da indústria brasileira é essencial para o enfrentamento da
pandemia de COVID-19, mediante a produção de medicamentos e equipamentos
de saúde, materiais de higiene, alimentos e bebidas; geração e distribuição de
energia elétrica, de gás, de sinal de internet e telecomunicações; captação
e tratamento de água, esgoto, lixo; produção e distribuição de combustíveis,
conforme decreto No 10.292/2020.

Para contribuir da melhor forma possível com a estratégia nacional de


enfrentamento à pandemia, o setor industrial necessita lidar com diferentes
manejos de trabalho visando proteger a saúde do trabalhador e, ao mesmo
tempo, ajustar a sua capacidade produtiva às demandas emergentes.

Esse documento consolida conteúdos oficiais, técnicos e científicos


que englobam medidas, orientações, políticas, métodos e recomendações
para promoção da saúde mental no enfrentamento aos riscos psicossociais
associados ao combate da COVID-19.

5
Objetivos

Objetivo Geral

Apoiar empresas com material útil para promoção da saúde mental dos
trabalhadores durante pandemia da COVID-19 em 4 contextos de trabalho e/ou de
afastamento temporário: (i) trabalho presencial, (ii) home office, (iii) afastamento
compulsório de assintomáticos e sem possiblidade de home office, (iv) isolamento
domiciliar de casos suspeitos ou confirmados de COVID-19.

Objetivos específicos

• Consolidar material público de referência,


de órgãos competentes nacionais e
internacionais, sobre medidas de promoção
da saúde mental e capacitação para
suporte social nos ambientes de trabalho
em contextos de pandemia.
• Orientar gestores de empresas sobre temas
relacionados à saúde mental e o trabalho,
associados ao enfrentamento da COVID -19
• Oferecer material informativo para ser
utilizado com trabalhadores e familiares
na promoção de saúde mental durante
pandemia de COVID-19.
6
Porque promover saúde mental
durante enfrentamento da pandemia

As epidemias são, de acordo com a Organização Pan-americana de Saúde


- OPAS (2005), emergências da área de saúde em que há ameaça à vida das pessoas
e que causam um número significativo de doentes e mortes. São contextos de
vida em que os recursos locais podem ficar sobrecarregados (sistema de saúde,
estoque de EPIs, entre outros) e o funcionamento normal da comunidade fica
ameaçado. Assim como outros eventos catastróficos, as epidemias são também
verdadeiras tragédias humanas e, portanto, é necessário atender à aflição e às
consequências psicológicas.

A estratégia mundial de enfrentamento da pandemia de COVID-19 requer


mudanças no modo de vida e de trabalho, com adoção de medidas de higienização,
uso de máscaras, redução de contato físico humano e aumento do isolamento
social da população em geral, em especial de grupos populacionais compostos de
pessoas com mais de 60 anos e com doenças crônicas.

As medidas de contenção ao surto da COVID-19, baseadas no isolamento


social como principal medida de prevenção, estabelecida pelas autoridades
públicas como OMS e Ministério da Saúde, faz com que as pessoas tenham que
romper com suas rotinas e mudar seus hábitos de maneira abrupta, o que pode
levar a consequências psíquicas. Além disso, aspectos psicológicos e sociais
devem ser considerados, uma vez que o engajamento e a participação ativa
das pessoas são condições necessárias para o sucesso na implementação das
medidas comportamentais de controle da epidemia.

7
Os efeitos psicológicos desencadeados pelo isolamento de grupos ou da
população como um todo e pela crise econômica que acompanha esse processo
são descritos como estado permanente de ansiedade, sintomas de depressão e de
estresse pós-traumático. Para a cultura brasileira, em especial, a não aproximação
física, a restrição ao toque, beijos e abraços, o não poder estar junto, são fontes
importantes de geração de sofrimento.

Soma-se a isso os riscos relacionados a:


• medo de adoecer e perder entes
queridos,
• medo de perder emprego e renda
durante a pandemia,
• sentimento de desvalia daqueles
que precisam ser afastados e isolados por
pertencer aos grupos de risco,
• dificuldades do processo adaptativo
ao novo,
• dificuldades de gerenciar trabalho,
educação domiciliar dos filhos e demandas
domésticas.
• transtornos mentais pré-existentes.

É nesse cenário que as indústrias precisarão fazer ajustes nos processos


produtivos e ao mesmo tempo contribuir para que trabalhadores possam conformar
e ressignificar essas estratégias levando em consideração a cultura brasileira.

Gerenciar esses fatores de riscos é fundamental para manter a saúde e


produtividade do trabalhador ao longo da jornada de enfrentamento da pandemia.

8
Vulnerabilidade psicossocial: fatores que
influenciam na resposta das pessoas

A ocorrência de grande número de doentes e mortes e de enormes


prejuízos econômicos no contexto de uma epidemia ou pandemia gera
um alto risco psicossocial. Uma abordagem racional na atenção de
saúde mental implica em reconhecer as diferenças de vulnerabilidade
dos grupos populacionais (OPAS, 2005).

A vulnerabilidade, segundo a OPAS (2005), é a condição interna


de um indivíduo ou grupo, inerente e/ou adquirida, que, diante de uma
ameaça/evento traumático, configura-se em risco à saúde em geral e à
saúde mental.

A vulnerabilidade psicossocial resulta de um processo dinâmico de


interação de diversos fatores. Os grupos mais vulneráveis são os que têm
maiores dificuldades para reconstruir seus meios de subsistência e apoio
social durante e depois da pandemia.

9
Apesar de todas as pessoas serem afetadas de alguma forma por esses eventos,
existe uma grande variedade de reações e sentimentos que cada pessoa pode sentir.
Muitas pessoas podem se sentir sobrecarregadas, confusas ou muito desorientadas sobre
o que está acontecendo. Elas podem se sentir amedrontadas, ansiosas, anestesiadas ou
insensíveis. Algumas podem ter reações leves, enquanto outras podem ter reações mais
severas. O modo como as pessoas reagem depende de muitos fatores que constituem o
grau de vulnerabilidade, incluindo (OPAS, 2015):

• Natureza e severidade do(s) evento(s) ao(s) qual(is) foi(ram) exposta(s);


• Vivência anterior de situações de crise;
• Apoio que elas recebem de outras pessoas durante a vida;
• Estado de saúde física;
• Histórico pessoal e familiar de problemas de saúde mental;
• Cultura e tradições pessoais;
• Idade e gênero.

O padrão sociocultural que determina comportamentos de homens e


mulheres na sociedade é um dos exemplos que ilustram as chances das pessoas
responderem diferentemente às adversidades de uma pandemia. Os homens são
culturalmente estimulados a reprimir as emoções dolorosas, pois sua expressão
é interpretada como uma fraqueza. Esse é um fator que o coloca em maior
risco de desenvolvimento de respostas como ingestão exagerada de álcool ou
comportamentos violentos. Mulheres, por outro lado, são estimuladas a expressar
seus temores e buscar apoio e compreensão para si mesmas e seus filhos.
Outro exemplo refere-se à idade. Os idosos, apesar da sabedoria de ter enfrentado
adversidades ao longo da vida, podem estar em situações de vulnerabilidade
como resultado de doenças crônicas e incapacitantes, de estarem isolados e de
não disporem de redes de apoio familiar e social.

10
Toda pessoa tem forças e habilidades para lidar com os desafios
da vida. Entretanto, algumas pessoas são particularmente vulneráveis
em situações de crise e podem precisar de mais ajuda.

Levando em consideração esses fatores, a empresa pode


adotar estratégias multidirecionais de prevenção para a população de
trabalhadores. A experiência adquirida demonstra que as estratégias
de promoção e proteção da saúde mental não podem se limitar a
ampliar e melhorar os serviços especializados oferecidos diretamente
aos afetados, mas é necessário estender a visão para um campo de
competência muito mais amplo (OPAS 2005).

11
Como saber se a resposta psicológica
é normal ou é psicopatológica

Cada pessoa convive com um conjunto de condições que podem torna-la mais ou
menos vulnerável. Nesse sentido, no plano individual, muitas pessoas podem enfrentar
uma crise, gerada por um evento vital externo que ultrapassa a capacidade emocional
de resposta da pessoa. Seus mecanismos de enfrentamento são insuficientes e ocorre
um desequilíbrio e incapacidade de adaptação psicológica (OPAS, 2005).

Diante de uma situação com uma grande carga emocional – como sofrer de uma
doença grave e/ou morte de entes queridos – determinados sentimentos e reações são
frequentes, normais e esperadas. Como saber quando essas reações são transitórias e
compreensíveis diante da experiência traumática vivida e quando indicam que podem
ser uma condição patológica que requer uma abordagem profissional?

De acordo com a OPAS (2005) os critérios para determinar se uma manifestação


emocional está se tornando sintomática de um transtorno psíquico são:
• Prolongação no tempo;
• Sofrimento intenso;
• Complicações associadas (por exemplo, conduta suicida);
• Comprometimento significativo do funcionamento social e cotidiano.

O risco de surgimento desses transtornos aumenta de acordo com as


características das experiências traumáticas vividas e com fatores de vulnerabilidade.

12
Os transtornos psíquicos mais frequentes são:

Reações imediatas
• episódios depressivos
• estresse agudo de tipo transitório
• comportamentos violentos
• consumo excessivo de álcool

Transtornos psíquicos tardios:


• luto patológico
• depressão
• transtornos de adaptação (dificuldade para ajustar-se à mudança
vital que as perdas significam)
• manifestações de estresse pós-traumático
• abuso do álcool ou outras substâncias que causam dependência
• transtornos psicossomáticos

Padrões de sofrimento prolongado (com frequência


adquirem um caráter grave e de longa duração):
• tristeza
• medo generalizado
• ansiedade expressa corporalmente

13
Recomendações gerais para gestores
e líderes de equipes nas empresas

Reconheça • Oportunize a colaboração


e compartilhamento de
o crescimento
histórias positivas.
• Crie equipes com • Honre e reconheça a
pessoas mais e menos
Facilite contribuição de cada um.
experientes. o aprendizado • Se inclua nas estratégias
• Renegocie metas de suporte
no período de adaptação
Auxilie a lidar
ao novo.
com a ansiedade
• Facilite o acesso a
serviços de apoio
psicológico. • Comunique medidas
• Oriente trabalhadores adotadas pela empresa.
para suporte entre • Facilite acesso a
colegas. informação confiável.
Como promover a • Flexibilize em situações de
resiliência em tempos maior estresse.
de COVID-19 • Rotacione trabalhadores
em funções de maior
estresse e de menor
estresse.

Adaptado de “Quem Quero Ser Durante COVID-19” de @parteaguaspodcast

A pandemia de coronavírus é fator de aumento de estresse e sofrimento


psíquico nas populações. A Organização Mundial da Saúde elencou recomendações
gerais para lidar com esse cenário, mantendo bem-estar mental e psicológico durante
o enfrentamento da pandemia.

14
1. Crie formas de comunicação de qualidade e eficaz com os
trabalhadores, mantendo-os atualizados do cenário e das medidas
adotadas. Não utilize apenas estratégias escritas para compartilhar
mensagens com as pessoas. Considere que há diferenças e dificuldades
de comunicação de várias naturezas.

2. Disponibilize acesso a informações sobre sites seguros aonde


trabalhadores podem acessar práticas que os apoiem a planejar e adotar
estratégias de proteção de cuidado pessoal e de entes queridos.

3. Busque ser flexível com trabalhadores que foram diretamente


impactados ou tem familiares impactados por eventos estressantes.

4. Promova uma rotação entre trabalhadores em funções de maior


estresse e de menor estresse.

5. Incentive a criação de equipes associando trabalhadores menos


experientes aos mais experientes.

6. Avalie renegociar e replanejar metas com trabalhadores que estão


se adaptando ao novo formato de trabalho (teletrabalho, novos turnos,
escalas, novos processos).

7. Facilite o acesso a serviços de saúde mental e apoio psicológico.

15
8. Oriente seus trabalhadores mais experientes para
dar suporte social, monitorar o estresse e reforçar medidas
preventivas de saúde e segurança.

9. Oriente seus trabalhadores sobre formas de prover


suporte prático e emocional para colegas e familiares.

10. Crie oportunidades no ambiente de trabalho e em


meios digitais de compartilhamento de histórias e imagens
positivas de pessoas que se recuperaram da COVID-19, que
criaram estratégias criativas de suporte familiar e comunitário
para superar desafios.

11. Honre e reconheça a importância dos seus profissionais,


reforçando sua importância para a sociedade nesse momento de
enfrentamento da COVID-19.

Gestores também enfrentam estresses


assim como as pessoas da sua equipe e ainda
sofrem com pressão adicional em função da
responsabilidade associada à sua função.
É importante que as estratégias de suporte
sejam aplicadas para trabalhadores e para
gestores, com garantia de capacitação para
autogestão das estratégias definidas.

16
Dicas gerais de saúde mental para trabalhadores

Essas dicas foram adaptadas do documento da OMS Mental Health Considerations


During Covid-19 outbreak (2020):

1. A COVID-19 não está associada a nenhuma raça ou nacionalidade. Pessoas


com COVID-19 não fizeram nada de errado.

2. Não se refira às pessoas como “casos de COVID-19”, “vítimas de COVID-19”,


“doentes e infectados por coronavírus”. Refira-se a elas como pessoas em tratamento
e em recuperação de COVID-19.

3. Evite assistir, ler e ouvir notícias que causam ansiedade e estresse.

4. Busque informações práticas que te apoiem a planejar e adotar estratégias


de proteção de cuidado pessoal e de entes queridos.

5. Busque se atualizar em horários específicos do dia, uma a duas vezes por


dia, no máximo. A atualização constante contribui para aumentar a ansiedade e
preocupação.

6. Busque informações em sites confiáveis, como Ministério da Saúde, Fiocruz,


SESI, Secretarias de Saúde, que te ajudem a distinguir fatos de boatos.

7. O Sentimento de estresse é uma experiência esperada e comum em contextos


de pandemia. Sentir estresse e ansiedade não significa que você não é capaz de fazer
seu trabalho.

8. Seja mais tolerante consigo e com os outros.

9. Criar estratégias para gerenciar o estresse é tão importante quanto cuidar


da sua saúde física.

17
10. Lembre-se de outras estratégias que você já usou no passado para lidar
com situações difíceis e que te beneficiaram. Elas podem ser úteis para te apoiar
nesse momento.

11. Procure conhecer e compartilhar histórias e imagens positivas de


pessoas que se recuperaram da COVID-19, que criaram soluções criativas para
superar os desafios e dar suporte social para outras pessoas.

12. Mantenha-se conectado com a amigos e familiares, mesmo que seja


por tecnologias digitais. O suporte social faz a diferença na superação de desafios.

13. Peça ajuda quando precisar para aqueles que você confia. As pessoas
podem estar passando por situações similares e a troca de idéias e experiência
pode ser útil para todos.

14. Compartilhe com amigos e colegas contatos de fornecedores (feiras,


mercados, farmácias e outros) de serviços essenciais que você conhece e confie.

15. Proteja-se e ofereça apoio a outros que precisam. O trabalho solidário


traz benefícios para quem recebe ajuda e também para quem ajuda.

16. Honre e reconheça a importância da contribuição que cada um pode dar


no fortalecimento da estratégia do país na contenção da pandemia.

17. Honre e reconheça a importância dos profissionais que suportam a


sociedade com serviços e produtos essenciais para o enfrentamento da COVID-19.

18
Fatores psicossociais por contexto de trabalho
e de quarentena/isolamento
Existem quatro contextos possíveis de trabalho ou de isolamento/
afastamento associados à estratégia de enfrentamento da pandemia de
COVID-19 e que requerem atenção e cuidados específicos para promoção da
saúde mental:

• Trabalho presencial,
• Home office (teletrabalho),
• Afastamento compulsório de assintomáticos e
sem possiblidade de home office,
• Isolamento domiciliar de casos suspeitos ou
confirmados de COVID-19.

A descrição dos riscos psicossociais associados aos quatro contextos acima


descritos visa apoiar as empresas a desenhar estratégias para essas condições.

19
Trabalho Presencial

Refere-se a trabalhadores que continuam suas atividades laborais


em seu ambiente de trabalho presencial, como, por exemplo, aqueles que
realizam atividades essenciais à manutenção da vida durante a pandemia,
estabelecidos por Decreto do poder executivo No 10.282/20, quais sejam:
estabelecimentos comerciais de alimentos e bebidas, abastecimento de
automóveis, farmácias, fábricas de suprimentos essenciais, dentre outros.

Para quem continua a trabalhar em ambientes de uso coletivo,


o medo de se contaminar e de transmitir a doença para familiares pode ser
ainda maior do que para aquele trabalhador que está em casa. Além disso,
as medidas de distanciamento físico no trabalho podem gerar a sensação de
rejeição e dificultar a conexão com colegas de trabalho.

20
Em Casa No trabalho

• Ao chegar em casa, antes de abraçar seus • É normal se sentir estressado com o


familiares, tome banho. Depois disso, vá em processo de adaptação às mudanças. Isso
frente e aproveite a proximidade que tem não significa que você não vai se adaptar
com eles, converse, coloque o papo em dia. • Seja criativo para não se distanciar
• As medidas de higienização em casa são emocionalmente de seus colegas.
importantes, mas não entre na “paranoia” • Seja mais tolerante consigo e com os outros.
da limpeza, basta seguir as recomendações • Caso apresente sintomas de gripe como
Dicas: Trabalho Presencial

de limpeza que já estão sendo veiculadas tosse, coriza e febre, converse com seu
na mídia. gestor, preferencialmente por telefone e
• Evite compensar as dificuldades com antes de ir ao local de trabalho, a respeito.
estratégias danosas como o uso abusivo de • Caso apresente o mal-estar durante
álcool, tabagismo, uso de drogas, excessos a jornada, comunique imediatamente
alimentares. ao gestor,
• Se tiver dificuldades para se adaptar ao
distanciamento físico:
► Converse com seu gestor, colegas
de trabalho e familiares para buscar
soluções em conjunto.
► Busque ajuda em programas de
acompanhamento psicológico.
► Verifique na sua empresa ou faça uma
busca nas redes sociais por serviços de
apoio psicológico gratuito on-line ou peça
que amigos e parentes o façam para você.

21
Trabalhador em home office (Teletrabalho)

Refere-se a trabalhadores que estão trabalhando de casa. Essas pessoas


não estão doentes ou com sintomas de gripe. Podem ou não ser de grupos de
risco (condição crônica de saúde ou ≥60 anos).

Há uma enorme diferença entre trabalhar no local da empresa e trabalhar


em casa. Trata-se de uma experiência nova para muitos. Na empresa em geral
temos nossa atenção voltada totalmente para a execução da atividade, e temos
todo o suporte operacional e logístico a nosso favor. Em casa temos que dividir
nossa atenção com outras atividades inerentes ao lar, bem como com outras
pessoas da família, tornando mais difícil a execução do trabalho.

Auxilie os seus trabalhadores no processo de adaptação ao teletrabalho.


Nas próximas edições desse material forneceremos algumas medidas para
auxiliá-los nesse processo.

22
Adapte sua casa O trabalho em casa

• Criar um lugar e rotina de trabalho é • Esse é um cenário único e desafiador para


importante para te apoiar na criação de um muitos trabalhadores. Tudo bem se você não
novo padrão de comportamento em casa. tem todas as respostas e precisa de tempo
• Negocie com a família e colegas horários para se adaptar.
específicos reuniões virtuais. • Seja compreensivo com você durante o
• Use headphones para ouvir música calma ou processo de adaptação. As dificuldades são
simplesmente para te isolar do barulho da comuns, mas isso não significa que você não
casa durante o trabalho. consegue se adaptar.
Dicas: Home office

• O período de adaptação pode demorar um • Adote e compartilhe com amigos e colegas


pouco. Negocie metas flexíveis com sua de trabalho estratégias para criar rotinas
equipe e gestor nesse período. saudáveis de trabalho em casa.
• A colaboração nesse momento será essencial
para todos se sentirem apoiados e menos
sozinhos.
• Se tiver dificuldades para se adaptar
ao teletrabalho:
► Busque ajuda em programas de suporte
psicossocial para acompanhamento
psicológico.
► Faça uma busca nas redes sociais por
serviços de apoio psicológico gratuito
on-line ou peça que amigos e parentes
o façam para você.

23
Afastamento compulsório de pessoas sem sintoma
de doença e sem possibilidade de home office

Refere-se a trabalhadores que foram obrigados a se afastar do trabalho, mas


trabalham com atividades que não são passíveis de serem executadas em casa, como,
por exemplo: padeiros, motoristas, pedreiros.

São pessoas que não estão doentes, não tem sintomas de síndrome gripal, mas
foram afastadas do trabalho devido a:
• isolamento decretado pelo governo para reduzir a transmissão da
doença em uma determinada localidade, ou
• são do grupo de risco indicado para isolamento conforme política de saúde e
segurança de cada empresa (pessoas com doenças crônicas e/ou ≥60 anos).

Para essas pessoas trata-se de um grande desafio ficar em isolamento social.


Esse afastamento compulsório pode ser sentido como uma perda, pois a pessoa
se sente apta a trabalhar e com desejo de contribuir. Pode ser percebido também
como desvalia, como se a empresa e a sociedade não percebessem valor que essas
pessoas entregam por meio de seu trabalho. É um cenário de risco que pode gerar
luto, depressão, ansiedade, medo e angústia de perderem seus empregos, ou de terem
seus salários suspensos e, consequentemente, não conseguirem se manter durante
o período do isolamento. Além de ter que manter todos os cuidados preventivos que
todas as pessoas têm que seguir, é importante que cuidem de sua saúde mental.

Neste contexto, a empresa pode ser uma grande aliada do trabalhador e do


sistema de saúde. Seja oferecendo cursos de capacitação e aprimoramento desse
trabalhador, levando de volta a sensação de ser útil por parte do trabalhador, ou até
mesmo, oferecendo outros tipos de suporte a distância.

24
Para esse grupo de trabalhadores, forneça mecanismos de autoajuda e ajuda-
mútua pode ser benéfico.

Um canal de comunicação entre a Empresa e seus colaboradores relacionados


à pandemia, deve ser incentivado.

Transforme-se Transforme-se no trabalho

• Busque qualificação profissional via cursos • Mantenha contato com seus colegas de
Dicas: Afastamento compulsório

on-line, assim você se mantém atualizado e trabalho e gestores, troque ideias sobre como
aperfeiçoa seus conhecimentos durante lidar com a pandemia.
o afastamento. • Seja um suporte social para os colegas que
• Busque contribuir com suporte social, estão no trabalho.
trabalho e troca de ideias para o bom • Reconheça a importância da sua
funcionamento da casa e da família durante contribuição no combate à Covid-19 a partir
a pandemia. do isolamento social.
• Implemente projetos pessoais possíveis no • Se estiver com dificuldades de se adaptar,
cenário de isolamento: aprender uma língua, busque ajuda:
a tocar violão, a cantar, a cozinhar, escrever. ► Em programas de acompanhamento
psicológico.
► Verifique na sua empresa ou faça uma
busca nas redes sociais por serviços de
apoio psicológico gratuito on-line ou peça
que amigos e parentes o façam para você.

25
Isolamento domiciliar de casos suspeitos
ou confirmados de COVID-19

Refere-se a trabalhadores encaminhados para isolamento domiciliar devido a


confirmação ou suspeita de COVID-19. É uma reclusão amparada por atestado médico,
que pode ser aplicada também a pessoas que aparentemente estão sadias, mas que
tiveram contato domiciliar (próximo e frequente) com pessoas contaminadas ou com
sintomas de gripe. Essa medida é tomada a fim de evitar que a doença se espalhe.
Diferente do home office ou do afastamento compulsório, esse trabalhador ficará
afastado por tempo determinado de 14 dias.

Nesses casos a empresa faz um monitoramento à distância ou presencial,


por profissional de saúde, de 48h em 48h para acompanhar a situação de saúde do
trabalhador e seus familiares.

Esse tipo de situação pode levar a diferentes cenários. O trabalhador pode morar
sozinho e, estando debilitado pelos sintomas da COVID, pode não possuir um suporte de
cuidado. Ou, pode morar com outras pessoas e ter que viver um isolamento domiciliar.
Ambas situações podem levar a sentimentos de angústia e descompensar doenças
pré-existentes, portanto, desenvolver um meio de comunicação entre a empresa e o
trabalhador classificado nesse grupo pode ser um meio de suporte e cuidado.

26
Nesses casos, a pessoa pode sofrer as perdas relacionadas ao isolamento, o medo
e angústia devido sua vulnerabilidade física e social, ou ainda devido a possibilidade de
contaminar familiares.

Isso vai passar Enquanto isso, Transforme-se


Dicas: Afastamento compulsório

• A melhor coisa que você pode fazer por seus • Estar sozinho é bastante desafiador, mas é
familiares é manter-se fisicamente distante uma enorme oportunidade para aprender a
e emocionalmente próximos. ficar em sua própria companhia.
• Cumpra as medidas de higiene sem entrar • Aproveite este momento para reconhecer.
na paranoia de transmissão. • Permita-se afetar por sentimentos de
• Se tiver dificuldades de se adaptar a essa esperança, acolhimento e cuidado mútuo.
realidade, peça ajuda: • Se puder crie um projeto para que se
► Busque ajuda em programas de mantenha ativo mentalmente, algo que seja
acompanhamento psicológico. importante para você se sentir vivo
► Verifique na sua rede ou faça uma busca e motivado.
por essas redes de apoio psicológico • Não deixe de conversar com seus parentes via
telefone, e-mail ou redes sociais. Faça vídeo
ou peça que amigos e parentes o façam
chamadas ou utilize qualquer outro meio que
para você.
lhe permita escutar e ser escutado.

27
Quando atuar e o que fazer em cada momento

Documento da OPAS de proteção de saúde mental (2005)


reforça que, depois de grandes catástrofes, os problemas de saúde
mental requerem atenção aos sobreviventes durante um período
prolongado, quando pessoas e comunidades precisam enfrentar a
tarefa de reconstruir a própria vida. É preciso prever planos de proteção
e recuperação psicossocial em três momentos (antes, durante e depois)
e quatro grupos de pessoas:

• Os doentes;
• Os que sofreram da doença e sobreviveram;
• Os que não estão doentes, mas podem potencialmente
adoecer; e podem ter sofrido perdas importantes
(mortes ou doentes entre seus familiares, amigos
ou vizinhos);
• Os membros das equipes de resposta que trabalham
na emergência.

28
Ações de saúde mental de acordo com as fases

Fases/manifestações psicossociais Ações de saúde mental

Antes: • Sensibilização e informação sobre


o assunto;
• Expectativa de inevitabilidade;
• Identificação dos grupos vulneráveis
• Supervalorização ou subvalorização
do ponto de vista psicossocial;
(negação) da epidemia;
• Estímulo ao espírito solidário e incentivo
• Características humanas preexistentes
à participação da comunidade;
são potencializadas (positivas e negativas);
• Preparação de grupos de apoio
• Ansiedade, tensão, insegurança e
emocional (suporte entre colegas) e
vigilância obsessiva dos sintomas
primeiros cuidados psicológico - PCP;
da doença.
• Identificação/organização dos serviços
de saúde mental para uma resposta
adequada de emergência.

29
Fases/manifestações psicossociais Ações de saúde mental

Durante: • Avaliação rápida das necessidades

• Medos, sentimentos de abandono e psicossociais da população;


• Ações de detecção precoce, notificação,
vulnerabilidade;
atenção;
• Necessidade de sobrevivência e de
• Comunicação social, informação e
adaptação a mudanças nos hábitos
orientação sobre: o que está ocorrendo,
de vida;
o que se está fazendo e o que as pessoas
• Perda de iniciativa;
devem fazer.
• Lideranças espontâneas (positivas
• Transmitir: organização, segurança,
ou negativas);
autoridade, moral, sossego, apoio
• Aparecimento de condutas que podem
e ânimo;
oscilar entre: heróicas ou mesquinhas;
• Apoio e atenção psicossocial (individual
violentas ou passivas; solidárias
e em grupo) a pessoas, famílias e
ou egoístas;
comunidades afetadas;
• restrições de movimentos, uso de
• Promover mecanismos de auto-ajuda
máscaras, redução nos contatos físicos
e ajuda mútua. Recuperar a iniciativa e
diretos, fechamento temporário de
elevar a auto-estima.
escolas etc.;
• Estimular voluntariado social com
• Ansiedade, depressão, lutos, estresse,
projetos colaborativos e comunitários;
crises emocionais e de pânico, reações
• Primeiros cuidados psicológicos
coletivas de agitação, descompensação
de transtornos psíquicos preexistentes, por colegas ou voluntários não
especializados;
transtornos psicossomáticos.
• Atenção psiquiátrica a pessoas com
transtornos mentais definidos;

30
Fases/manifestações psicossociais Ações de saúde mental

Depois: a pandemia está sob controle: • Continuação de uma estratégia boa


• Medo de uma nova epidemia; de comunicação social que favoreça
a recuperação;
• Comportamentos agressivos e de
• Implementação da atenção à saúde
protesto contra autoridades
mental individual e de grupo às pessoas,
e instituições.
famílias e comunidades que foram
• Seqüelas sociais e de saúde mental:
afetadas, como parte de um plano de
depressão, lutos patológicos, estresse
recuperação psicossocial de médio prazo
pós-traumático, abuso de álcool
(6 meses, no mínimo);
e drogas, bem como violência;
• Atenção à saúde mental focada em
• Começo de um processo lento
recuperar a esperança e fortalecer
e progressivo de recuperação.
os novos projetos de vida;
• Incentivar o compartilhamento de
experiências e as lições aprendidas.
Tabela adaptada da OPAS – Proteção de Saúde Mental em Situações de Pandemia.

31
Mensagens essenciais para os planos
de proteção da saúde mental

1. Não pensar apenas nas doenças mentais, mas também na


ampla gama de fatores de vulnerabilidade social;

2. Profissionais de saúde mental da empresa devem agir de forma


mais ampla, além do atendimento clínico: capacitação, construção de
iniciativas coletivas de suporte social, estratégias de detecção precoce;

3. Os problemas psicossociais podem e devem ser atendidos,


em grande proporção, por pessoal não especializado (pares,
supervisores, voluntários da comunidade).

Primeiros cuidados psicológicos - PCP

Os primeiros cuidados psicológicos descrevem uma resposta humana e de


apoio às pessoas em situação de sofrimento e com necessidade de apoio. São úteis
à recuperação das pessoas em longo prazo pois contribui para que elas:

• sintam-se seguras, próximas às pessoas, calmas


e esperançosas;
• tenham acesso a apoio social, físico e emocional; e
• sintam-se capazes de ajudar a si mesmas enquanto
indivíduos e comunidades.
32
O caderno completo para capacitação em PCP, do qual
esse capítulo foi adaptado, pode ser acessado para download no
site da OPAS: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_
docman&view=download&category_slug=prevencao-e-cont-
doencas-e-desenv-sustentavel-071&alias=1517-primeiros-cuidados-
psicologicos-um-guia-para-trabalhadores-campo-7&Itemid=965

O que são: O que não são:

• Oferecer apoio e cuidado práticos • Não é algo que apenas profissionais


Primeiros cuidados psicológicos PCP

não invasivos. podem fazer.


• Avaliar necessidades e preocupações. • Não é um atendimento psicológico
• Ajudar as pessoas a suprir suas profissional.
necessidades básicas (alimentação, • Não envolve necessariamente uma
água e informação). discussão detalhada sobre o evento
• Escutar as pessoas, sem pressioná-las que causou o sofrimento.
a falar. • Não é solicitado que as pessoas
• Confortar as pessoas e ajudá-las a se analisem o que aconteceu ou que
sentirem calmas. relatem os eventos ocorridos em
• Ajudar as pessoas na busca de ordem cronológica.
informações, serviços e suportes • Não significa pressionar as pessoas a
sociais. falar sobre sentimentos e reações que
• Proteger as pessoas de danos tiveram em relação a um evento.
adicionais.

33
Para quem são os PCP?
Os PCP destinam-se a pessoas muito abaladas e que foram recentemente
expostas a uma situação de crise grave e que querem ter acesso aos PCP. Não force
ajuda a quem não queira, mas esteja inteiramente à disposição daqueles que possam
querer apoio.
Há situações nas quais as pessoas precisam muito mais de assistência
especializada do que apenas PCP. Reconheça seus limites e peça apoio especializado.

Pessoas com lesões sérias, que corram risco de morte


e que necessitam de cuidados médicos emergenciais.

PESSOAS QUE Pessoas que estejam tão abaladas a ponto de não


PRECISAM DE conseguirem cuidar de si ou dos próprios filhos.
APOIO MAIS
ESPECIALIZADO
IMEDIATO Pessoas que possam ferir a si mesmas.

Pessoas que possam ferir outras pessoas.

34
Quando os PCP são oferecidos?
Os PCP estão direcionados a pessoas que foram muito recentemente afetadas por
um evento de emergência ou crise. É um primeiro contato com pessoas muito abaladas.
Isso normalmente ocorre durante ou imediatamente após uma situação de emergência.
Algumas vezes, esse contato pode acontecer dias ou semanas após o ocorrido.

Onde os PCP são oferecidos?


Presencialmente ou a distância os PCP devem ser oferecidos em local com
privacidade para conversar com a pessoa.

35
Como oferecer ajuda com responsabilidade

Para oferecer ajuda com responsabilidade, é preciso considerar quatro pontos:


1. Respeitar a segurança, a dignidade e os direitos.
2. Adaptar sua ação levando em consideração a cultura das pessoas.
3. Ficar atento a outras medidas de respostas de crise.
4. Cuidar-se .

1. Respeitar a segurança, a dignidade e os direitos


Respeito a segurança, dignidade e direitos deve estar presente
em todas as ações de PCP e com todas as pessoas apoiadas,
independentemente de idade, gênero ou etnia.

36
Segurança
• Evite que as suas ações coloquem as pessoas em maior
risco ou dano.
• Assegure-se de que os adultos e as crianças que recebem
a sua assistência estejam seguros e proteja-os de danos
físicos e psicológicos.
Dignidade
ASPECTOS DAS • Trate as pessoas com respeito e de acordo com suas
PESSOAS A SER normas sociais e culturais.
RESPEITADOS
Direitos
• Tenha certeza de que as pessoas possam ter acesso
à assistência oferecida de maneira justa e sem
discriminação.
• Ajude as pessoas a buscar por direitos e ter acesso ao
apoio disponível.
• Aja somente em beneficio dos interesses das pessoas
que encontrar.

37
Do ponto de vista ético, é preciso seguir recomendações que visam evitar
danos ainda maiores às pessoas afetadas, proporcionando o melhor cuidado
possível e atuando apenas em benefício dos interesses de tais pessoas.

O que fazer O que não fazer


• Seja honesto e confiável. • Não se aproveite da sua relação
• Respeite o direito das pessoas decidir de cuidador.
por si mesmas. • Não peça dinheiro ou favores para
Recomendações éticas

• Esteja atento sobre suas preferências ajudar as pessoas.


e preconceitos e coloque-os de lado. • Não faça falsas promessas ou forneça
• Deixe claro para as pessoas que falsas informações.
mesmo que elas não queiram ajuda • Não force as pessoas a receberem
agora, elas poderão recebê-la ajuda e não seja invasivo ou agressivo.
posteriormente • Não pressione as pessoas para contar-
• Respeite a privacidade e mantenha a lhe histórias pessoais.
história da pessoa em sigilo. • Não conte as histórias das pessoas
• Comporte-se apropriadamente, aos outros.
considerando a cultura, a idade e o • Não julgue as pessoas por suas ações
gênero da pessoa. ou sentimentos.

38
2. Adaptar sua ação levando em consideração a cultura das pessoas
A cultura determina como nos relacionamos com as pessoas e o que
podemos ou não podemos dizer ou fazer. Como cuidador é importante estar
atento ao seu próprio contexto cultural e às suas crenças para que, então,
possa colocar de lado seus julgamentos e oferecer ajuda mais apropriada e
confortável às pessoas que recebem cuidados.

Vestuário:
• Preciso me vestir de uma maneira específica para ser visto como respeitoso?
• As pessoas impactadas precisarão de determinadas roupas para manter
dignidade e costumes próprios?

Idioma:
• Qual é a maneira usual de cumprimentar as pessoas nesta cultura?
QUESTÕES PARA • Qual é o idioma que eles falam?
AVALIAR AO Gênero, idade e poder:
OFERECER PCP • As mulheres afetadas deveriam ser abordadas apenas por profissionais
EM DIFERENTES do sexo feminino?
CULTURAS • Quem eu devo abordar? (na família, na comunidade)
• Toque e comportamento:
• Quais são os costumes no que diz respeito a tocar as pessoas?
• Há problema em segurar a mão de alguém ou tocar o ombro das pessoas?

Religião e crenças:
• Quais crenças ou práticas são importantes para as pessoas afetadas?
• Como podem entender ou explicar o que aconteceu?

39
3. Ficar atento a outras medidas de resposta de crise
Normalmente, é um desafio para funcionários e voluntários PCP
saber exatamente quais serviços estão disponíveis e onde estão
esses serviços. É preciso estar atento a quais serviços e suportes
podem estar disponíveis para compartilhar essa informação com
as pessoas que recebem sua ajuda e informá-los sobre como
podem ter acesso à ajuda prática.

Para poder oferecer PCP não é necessário ser profissional da


área ou ter experiência de trabalho na atenção psicossocial.
Entretanto, é necessário que os PCP sejam realizados por meio de
uma organização ou grupo comunitário e que os voluntários sejam
capacitados e acompanhados por profissionais especializados.

4. Cuidar-se
Os cuidadores podem ser afetados
pelo que vivenciam em cada situação
de crise e como isso pode afetar
também os familiares ou entes
queridos dos cuidadores. Por isso,
é fundamental que os cuidadores
tenham atenção redobrada a sua
própria saúde e bem-estar.

40
Comunicação adequada com as pessoas afetadas
As pessoas que passaram por um evento crítico podem estar tristes, ansiosas
ou confusas, enquanto outras podem culpar-se por coisas que aconteceram durante
uma situação de pandemia. Manter a calma e mostrar compreensão pode ajuda-las
a se sentir mais seguras, protegidas, compreendidas, respeitadas e atendidas de
forma apropriada.

Ouvir a história de alguém pode ser um grande apoio. Entretanto, algumas


pessoas podem não querer falar sobre o que aconteceu. Elas podem apreciar ter a
companhia de um cuidador, mesmo em silêncio. É importante que o cuidador as faça
saber que está disponível quando quiserem conversar ou ofereça uma ajuda prática,
como uma refeição ou um copo de água.

Manter o silêncio por certo período de tempo pode dar espaço às pessoas e
encorajá-las a compartilhar o que houve.

Para comunicar-se bem, o cuidador deve estar atento tanto às suas palavras
quanto a sua linguagem corporal, tais como expressões faciais, contato visual, gestos
e a forma como se senta ou se levanta em relação a outra pessoa. Cada cultura tem
maneiras particulares de se comportar que são apropriadas e respeitosas. Por isso é
importante falar e comportar-se de modo que sejam considerados a cultura, a idade,
o gênero, os costumes e a religião da pessoa.

41
O que dizer e fazer O que não dizer e fazer
• Encontre um lugar silencioso para conversar • Não pressione alguém para te contar sua
e limite as distrações externas. história pessoal.
• Respeite a privacidade e a confidencialidade • Não interrompa ou apresse a história de
da pessoa. alguém (por exemplo, não olhe no relógio ou
• Esteja perto, mas mantenha uma distância fale muito rapidamente).
apropriada de acordo com a idade, o gênero e • Não toque a pessoa se você não tiver certeza
a cultura da pessoa. de que é apropriado fazê-lo.
• Mostre que você está ouvindo: por exemplo, • Não julgue o que elas fizeram ou não fizeram
Comunicação adequada

balance sua cabeça ou diga “hmmmm...”. ou como estão se sentindo. Não diga: “Você
• Forneça informações, se você as tiver. não deveria se sentir assim”, ou “Você deveria
Seja honesto sobre o que você sabe e não se sentir sortudo por ter sobrevivido.”
sabe. “Eu não sei, mas eu vou me informar • Não invente coisas que você não conhece.
sobre isso para você.”. • Não use termos muito técnicos.
• Forneça informações de modo que a pessoa • Não conte a elas a história de outra pessoa.
entenda – fale de maneira simples. • Não fale sobre seus próprios problemas.
• Reconheça como elas estão se sentindo e • Não faça falsas promessas ou
quaisquer perdas ou eventos importantes dê falsas garantias.
que te contarem “Eu lamento pelo que houve. • Não pense ou aja como se você devesse
Posso imaginar o quão triste isso é para você." resolver todos os problemas da pessoa
• Reconheça os esforços da pessoa e como no lugar dela.
eles ajudaram. • Não menospreze os esforços das pessoas e
• Permita o silêncio. seu senso de capacidade de cuidar
delas mesmas.
• Não fale sobre as pessoas utilizando termos
negativos (por exemplo, não os chame de
“loucos” ou “malucos”)..

42
Princípios de ação dos PCP: Observar, Escutar, Aproximar.
Os três princípios básicos de ação dos PCP (observar, escutar e aproximar)
servem de guia para: enxergar e entrar em uma situação de crise com segurança;
aproximar-se de pessoas afetadas; entender as necessidades dessas pessoas, bem
como encaminhá-las para conseguir ajuda prática e informações disponíveis.

Princípios de ação dos PCP

OBSERVAR: verifique a segurança; verifique se há pessoas com necessidades


básicas evidentes e urgentes; verifique se há pessoas com reações sérias
de estresse psicológico.

ESCUTAR: aborde pessoas que possam precisar de ajuda; pergunte sobre


as preocupações e necessidades das pessoas; escute as pessoas e ajude-as
a se sentir calmas.

APROXIMAR: ajude as pessoas a resolver suas necessidades básicas e ter


acesso aos serviços; ajude-as a lidar com problemas, forneça informações;
aproxime as pessoas de entes queridos e do apoio social.

43
Observar
É importante reservar um tempo – mesmo que breve – para observar ao redor
antes de iniciar a oferta de ajuda. Esse olhar pode ser apenas uma verificação
rápida, mas permitirá uma preparação do cuidador para manter a calma, estar
seguro e pensar antes de agir.

Observar Questões Mensagem Importante

Segurança Quais riscos de segurança Iniciar a ajuda em situações


há no local de atendimento inseguras pode gerar
(calor, oportunidades de distrações e comprometer
contágio, ruído, objetos a saúde de todos.
cortantes)? Que medidas
preciso tomar para proteger
a mim e a pessoa em crise?

Pessoas com necessidades A pessoa está passando Saiba o seu papel e peça
básicas evidentes e mal? Parece necessitar ajuda especializada sempre
urgentes de atendimento médico de que necessário.
emergência? Em caso de
emergência, há alguém por
perto para ajudar?

Pessoas com sérias reações A pessoa está tão abalada Avalie quem pode ser
de estresse psicológico com que não consegue beneficiado pelo PCP e
andar sozinha, responder qual seria a melhor forma
a comandos, ou está em de ajudar.
estado de choque?

44
Há diferentes maneiras de reagir psicologicamente a uma situação de crise:
• sintomas físicos (por exemplo: tremores, dores de cabeça, cansaço
intenso, perda de apetite, dores);
• choro, tristeza, humor deprimido, pesar;
• ansiedade, medo;
• ficar “na defensiva” ou “agitado”;
• preocupação de que algo muito ruim irá acontecer;
• insônia, pesadelos;
• irritabilidade, raiva;
• culpa, vergonha (por exemplo, por ter sobrevivido ou por não ter ajudado
ou salvo outros);
• confusão, emocionalmente anestesiada ou sentindo que a situação é
irreal ou que está delirando;
• alheamento ou muito quieta (sem se movimentar);
• não responder às pessoas, ficar calada;
• desorientação (por exemplo, não saber o próprio nome, de onde é ou o
que aconteceu);
• não ser capaz de cuidar de si mesma ou dos próprios filhos (por exemplo,
não comer ou beber, não ser capaz de tomar decisões simples).

A maioria das pessoas se recupera bem com o passar


do tempo, especialmente se tiveram as necessidades
básicas resgatadas e receberam ajuda, tais como
apoio daqueles que os cercam e/ou PCP.

Assegure-se de que as pessoas severamente


afetadas não sejam deixadas sozinhas e tente
mantê-las em segurança até que você encontre
auxílio de profissionais da área da saúde ou um
supervisor da empresa que possa encaminha-las.

45
Escutar:
Ouvir adequadamente as pessoas que estão sendo auxiliadas é essencial para
entender a situação em que estão, bem como do que necessitam, para ajudá-
las a se sentirem calmas e para que se lhes possa oferecer a ajuda apropriada.
Aprenda a escutar com seu(s): olhos (atenção exclusiva), ouvidos (ouvindo
verdadeiramente suas preocupações) e coração (com carinho e respeito).

1. Aproxime-se das pessoas que possam precisar


de apoio.

ESCUTAR: COM
2. Pergunte sobre as necessidades e preocupações
OLHOS, OUVIDOS
das pessoas.
E CORAÇÃO

3. Escute as pessoas e ajude-as a se sentirem calmas.

46
1. Aproxime-se das pessoas que possam precisar
de apoio:
• Aborde as pessoas de maneira respeitosa e de
acordo com a cultura de cada um.
• Apresente-se.
• Pergunte se você pode oferecer ajuda.
• Se possível, encontre um lugar seguro e
silencioso para conversar.
• Ajude a pessoa a sentir-se confortável; por
exemplo, ofereça água.
• Se a pessoa estiver muito angustiada, garanta
que ela não fique sozinha.

2. Pergunte sobre as necessidades e preocupações


das pessoas:
• Apesar de algumas necessidades serem
evidentes, sempre pergunte o que as pessoas
precisam e com o que elas estão preocupadas.
• Procure saber o que for mais importante para
elas naquele momento e ajude-as a definir quais
são as prioridades.

47
3. Escute as pessoas e ajude-as a se
sentirem calmas:
• Fique perto da pessoa.
• Não a pressione para falar.
• Se a pessoa quiser falar sobre o que
aconteceu, escute.
• Se a pessoa estiver muito angustiada,
ajude-a a acalmar-se e assegure-se de
que ela não está sozinha.

Técnicas para ajudar pessoas a se acalmarem

• Mantenha sua voz em um tom calmo e suave;


• Se for culturalmente apropriado, tente manter contato visual com a pessoa
enquanto conversa com ela;
• Lembre as pessoas de que você está lá para ajudar e de que estão seguras,
se isso for verdade;
• Se alguém delirar ou se sentir desconectado do ambiente circundante, fazer
contato com o ambiente atual e consigo mesmas pode ajudar. Você pode
fazer isto pedindo para elas:
► Pisarem e sentirem seus pés no chão.
► Tocarem os dedos ou as mãos em seu próprio colo.
► Procurarem por coisas tranquilizadoras no ambiente (que elas possam
ver, ouvir e tocar);
• Incentive as pessoas a se concentrar na própria respiração e a respirar
vagarosamente.

48
Aproximar
Aproximar as pessoas da ajuda prática oferecida é parte principal dos PCP.
Os PCP são normalmente uma intervenção única e o apoio oferecido pode
durar um curto período de tempo. As pessoas afetadas precisarão usar suas
próprias habilidades para lidar com seus problemas para se recuperar a longo
prazo. Os PCP visam ajudar as pessoas a se ajudarem, saindo de uma situação
de confusão e impotência para reassumirem o controle das suas vidas.

Ajude as pessoas a resolver suas necessidades básicas


e ter acesso aos serviços.

Ajude as pessoas a lidar com os problemas.

APROXIMAR

Forneça informações.

Aproxime as pessoas de entes queridos e do apoio social.

49
1. Ajude as pessoas a atender suas necessidades básicas e acessar
os serviços.
As pessoas em situação de crise devido a pandemia de Covid-19 podem necessitar:
• Necessidades básicas: moradia, comida, água, renda, recursos para
higienização e isolamento.
• Serviços de saúde e medicamentos para Covid-19 e para outros agravos
à saúde ou doenças crônicas.
• Informações precisas e corretas sobre a pandemia, formas de prevenção,
situação dos entes queridos e serviços disponíveis.
• Possibilidade de contatar entes queridos, amigos e acessar outros
apoios sociais.
• Acesso a apoio específico relacionado à própria cultura ou religião.
• Serem consultadas e estarem envolvidas nas decisões importantes.
Ajude as pessoas afetadas a atender suas necessidades básicas:
• Identificando as necessidades básicas específicas que precisam
• Aproximando as pessoas do serviço disponível associado às
necessidades identificadas.
• Acompanhando as pessoas se tiver se comprometido a fazer isso.

50
2. Ajude as pessoas a lidar com os problemas
• Ajude as pessoas afetadas a identificar quais são as necessidades
mais urgentes, como priorizá-las e resolvê-las.
• Peça que elas pensem sobre o que precisam resolver agora e o
que pode esperar.
• Ser capaz de gerenciar alguns problemas dá à pessoa maior
senso de controle da situação e fortalece suas próprias habilidades de
lidar com os problemas.
• Ajude as pessoas a identificar apoios em suas vidas (amigos ou
familiares), que possam ajudá-las na situação atual.
• Dê sugestões práticas às pessoas para que consigam suprir suas
próprias necessidades (por exemplo, explique como a pessoa pode se
cadastrar nos programas sociais de apoio do governo ou da iniciativa
privada).
• Peça às pessoas que avaliem como conseguiram lidar com as
situações de dificuldade do passado e afirme a habilidade que elas têm
de lidar com a situação atual.
• Pergunte às pessoas o que as ajuda a se sentir melhor. estimule-
as a utilizar estratégias positivas para lidar com os problemas e a evitar
as estratégias negativas.

51
3. Ofereça informações
Conseguir informações precisas em uma situação de pandemia pode
ser difícil porque a situação e as estratégias de enfrentamento podem
mudar conforme as novas informações sobre a evolução da Covid-19 vão
sendo conhecidas e as medidas de apoio vão sendo ajustadas. Soma-se
a isso a grande volume de fake News a que as pessoas estão submetidas
nos dias de hoje. É importante que as empresas e os trabalhadores
voluntários para os PCP tenham informações atualizadas antes de
fazer os atendimentos e que forneçam, sempre que possível, contatos
detalhados sobre serviços disponíveis.

Pessoas afetadas por uma situação de crise desejarão informações


precisas sobre:

• a pandemia e os eventos ocorridos em função dela


• entes queridos ou outros que foram afetados
• sua segurança
• seus direitos
• como ter acesso aos serviços e a coisas que eles precisem
Quando for oferecer informação a pessoas afetadas:
• explique a fonte das informações e sua confiabilidade;
• apenas diga o que você souber – não invente informações ou forneça
falsas garantias;
• transmita mensagens simples e precisas e repita a mensagem para
se garantir que as pessoas ouviram e entenderam a informação;
• pode ser útil transmitir informações a grupos de pessoas afetadas,
para que assim todos ouçam a mesma mensagem;
• avise as pessoas se você vai mantê-las informadas sobre as últimas
notícias, definindo local e horário.

52
4. Aproxime as pessoas afetadas de entes queridos
e do apoio social.
Pessoas que sentiram ter tido bom apoio social após uma
crise lidam melhor com a situação do que outras que não
tiveram. Por isso, aproximar as pessoas de entes queridos
e do apoio social é uma parte importante dos PCP.
• Ajudar a manter as famílias unidas e as crianças
com os próprios pais e entes queridos.
• Ajudar as pessoas a contatar (telefonar) amigos e
parentes, porque assim poderão obter apoio
• Se as pessoas te avisarem que orações, práticas
religiosas ou apoio de líderes religiosos podem ajudá-las,
tente aproximá-las da sua comunidade espiritual.
• Ajude a reunir pessoas afetadas para que se ajudem
umas às outras. Por exemplo, estimule redes de apoio
entre colegas.

Finalizando seu apoio


Explique à pessoa que você está deixando o trabalho e,
se for o caso de alguém o substituir daquele momento
em diante, tente apresentá-lo a essa pessoa. Se você
tiver encaminhado alguém a outros serviços, informe
sobre quais devem ser as expectativas acerca dos
serviços e certifique-se de que elas têm os detalhes
para poder dar continuidade. Despeça-se de forma
positiva, desejando-lhe o melhor.

53
Como praticar a suporte social nas equipes:
círculo da solidariedade social

Esta prática foi baseada no Social Solidarity Circle


Guidelines que faz parte do Presencing Institute Toolkit.
O círculo de solidariedade social permite acessar a inteligência
coletiva da equipe para deixar emergir juntos novos significados
e soluções para lidar com os desafios da pandemia de COVID-19.
Embora os membros da equipe possam estar em suas casas
(home office) ou em um estado de distanciamento físico na
empresa, é possível praticar a Solidariedade Social. O círculo
de solidariedade é uma versão atualizada da metodologia do
'Coaching Circle'.

• Ative um Círculo de Solidariedade Social


organizando-se com os membros da equipe ou da empresa.
• Encontre um horário, encontre seu pessoal e
coloque-o no seu calendário para uma sessão semanal.

54
Descrição da atividade
Etapa Tempo Processo
1 5 min Boas-vindas + Introdução:
• Aberto de forma voluntária para quem quiser falar:
► Nome
► Local
► Qual a questão que está viva nesse momento e que você quer
explorar adiante?
• No começo das sessões semanais o gestor começa se
apresentando para quebrar o gelo e servir de modelo/referência.
Ao longo das semanas, com o treino, outros integrantes da
equipe podem começar.
2 5 min Quietude (pessoas permanecem um tempo em silêncio)
Facilitador pode conduzir o grupo para respirarem fundo, juntos,
por três vezes, soltando o ar devagar.
3 25 min Compartilhar o contexto pessoal, um por um (5 min por pessoa).
Se a equipe for grande, separar em pequenos grupos de até 5 pessoas.
• Como você está?
• O que está acontecendo na sua equipe ou família durante esse
processo da pandemia?
• Qual é o seu estado interior no meio de tudo isso?
• Como você é chamado para deixar sentimentos e crenças irem
embora (desapego)?
• O que está começando a surgir (ideias, aprendizados, novas
formas de ser e estar)?
Obs.: se o círculo for feito a distância, criar subgrupos na ferramenta
de reunião virtual.
55
Etapa Tempo Processo
4 10 min Espelhamento (ainda em grupos menores, quando for o caso)
• Depois de todos terem compartilhado .... PAUSA.
• Inspire. Expire.
• Deixe a ressonância das histórias passar por você.
• Reserve um momento para perceber o que está acontecendo em
você (mente, coração, corpo) agora.
• Compartilhe a imagem / metáfora, sentimento, desenho ou gesto
que surgiu no silêncio ou enquanto ouviu as histórias.
5 5 min Considerações finais (no grupo maior)
• O que você está fazendo para se sustentar nas próximas semanas
para fortalecer sua capacidade de lidar com essa situação e se
preparar para o que está surgindo?
• Abrir para duas pessoas da equipe compartilharem
6 3 min Registro no diário / cada um no seu
• Quaisquer pensamentos, práticas ou inspirações que você
tenha para si mesmo que gostaria de continuar a explorar nas
próximas semanas.
7 5 min Encerramento
• Verifique se o horário da reunião semanal funciona durante as
próximas 14 semanas.
• Existe uma pergunta/questão compartilhada que gostaríamos de
explorar juntos nesse período?

56
Referências técnicas

Organização Pan-Americana da Saúde (2015). Primeiros cuidados psicológicos: guia para


trabalhadores de campo. Brasília, DF: OPAS. Disponível em https://www.paho.org/bra/
index.php?option=com_docman&view=download&category_slug=prevencao-e-cont-
doencas-e-desenv-sustentavel-071&alias=1517-primeiros-cuidados-psicologicos-um-
guia-para-trabalhadores-campo-7&Itemid=965

Organização Pan-Americana da Saúde (2005). Proteção da Saúde Mental em situações


de epidemias. Disponível em: https://www.paho.org/hq/dmdocuments/2009/Protecao-
da-Saude-Mental-em-Situaciones-de-Epidemias--Portugues.pdf

Parteaguas Podcast (2020). Adversidade, Mudança e Resiliência: Celina Canales


entrevista pessoas que cruzaram o caminho para a sobrevivência até alcançarem sua
realização. Disponível em youtube.com/channel/UC5kMaMiGtr-f9TaBgabaG5Q

Presencing Institute (2020). Social Solidarity Circle Guidelines – disponível em https://


drive.google.com/file/d/16eUIxSXnM_cNdGO4NVxSefICQRYS-HAe/view

Presidência da República (2020). Decreto N° 10.282 de 20 de março de 2020: regulamenta


lei No 13.979 para definir os serviços públicos e as atividades essenciais. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/decreto/D10282.htm

World Health Organization – WHO (2015). Manejo Clínico de Condições Mentais,


Neurológicas e por Uso de Substâncias em Emergências Humanitárias. Guia de
Intervenção Humanitária mhGAP (GIH-mhGAP)Disponível em https://iris.paho.org/
handle/10665.2/51948

World Health Organization – WHO (2020). Mental Health Considerations during COVID-19
Outbreak. Disponível em https://www.who.int/docs/default-source/coronaviruse/
mental-health-considerations.pdf?sfvrsn=6d3578af_2

57
Gerência Executiva de Saúde e Segurança na Indústria
Emmanuel de Souza Lacerda
Gerente-Executivo de Saúde e Segurança na Indústria

Geórgia Antony Gomes de Matos


Coordenação técnica

Amilton Cabral Junior


Antonio Eduardo Muzzi
Claudio Patrus Campos Bello
Gabriella de Oliveira Ribeiro
Katyana Aragão Menescal
Luciana Mercês de Lucena
Equipe Técnica

Alyne Zgieviski
Carolina Nunes Scherer Camargo
Graziela Alberici
Letícia Lessa da Silva
Consultoria técnica
Centro de Inovação SESI em Fatores Psicossociais

58

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