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Atenção Integral À Saúde Do Adulto e Do Idoso 1

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0

SUMÁRIO

1 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 3

2 ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO ADULTO E DO IDOSO ................... 4

3 AÇÕES DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE ......................................................... 6

Vigitel.................................................................................................... 7

Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças


Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) ..................................................................... 9

4 POLÍTICA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA SAÚDE ............................... 11

5 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO HOMEM


14

Diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem:


17

O homem e o acesso aos serviços de saúde ..................................... 18

6 O ENVELHECIMENTO: Políticas, Programas e Rede de Atenção à Saúde


do Idoso 19

População Idosa no País.................................................................... 19

Plano de Ação Internacional para o Envelhecimento ......................... 20

Plano de ação sobre a saúde das pessoas idosas ............................ 21

Políticas, programas e ações nacionais ............................................. 21

7 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA ........................................ 22

8 POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DA PESSOA IDOSA ......................... 24

Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa ............................................... 26

Rede de Atenção à Saúde do Idoso ................................................... 27

Unidades Básicas de Saúde (UBS) .................................................... 28

Unidades de atendimento ambulatorial especializado ....................... 29

Unidades de reabilitação .................................................................... 30

9 IMPACTO DO ENVELHECIMENTO NO ORGANISMO HUMANO ........... 31

1
10 SEDENTARISMO COMO PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA E
BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA PARA OS IDOSOS....................................... 34

Práticas Corporais e Atividades Físicas .......................................... 36

Preparando os idosos para atividades físicas ou práticas corporais


37

Como devem ser realizadas as atividades físicas ou práticas


corporais com idosos ............................................................................................. 38

11 QUEDAS ENTRE OS IDOSOS ............................................................. 39

Fatores de risco .............................................................................. 40

Prevenção de quedas ..................................................................... 41

Orientações aos idosos e cuidadores ............................................. 42

12 O CUIDADO OFERTADO AOS IDOSOS .............................................. 43

O autocuidado ................................................................................. 44

O cuidador....................................................................................... 45

O cuidador e a equipe de saúde ..................................................... 48

O cuidador e a família ..................................................................... 49

13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 52

2
1 1 INTRODUÇÃO

Prezado (a) aluno (a)!

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro quase improvável, um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora
que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

3
2 ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO ADULTO E DO IDOSO

Fonte: imagem.band.com.br

Algumas mudanças ocorridas no país nas últimas décadas como, o processo


de urbanização, aumento da expectativa de vida, redução da fecundidade, migração,
entre outras, contribuíram para a modificar a estrutura de faixa etária da população. O
quantitativo de pessoas adultas, ou seja, com idade de 20 a 59 anos, foi
significativamente ampliado. Como consequência do envelhecimento da população,
as doenças crônico degenerativas surgem como sendo as principais causas de
morbidade e mortalidade (JÚNIOR et al.,2013).
Conforme afirma Malta et al. (2017), são responsáveis por 70% das mortes no
mundo, as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), sendo elas: Doenças
Cardiovasculares, Respiratórias Crônicas, Diabetes Mellitus e Cânceres. A estimativa
é de 38 milhões de mortes por ano e dentre esses óbitos, 16 milhões são de pessoas
com menos de 70 anos de idade.
Essas doenças tendem a ser de longa duração e surgem como o resultado da
combinação de fatores genéticos, fisiológicos, ambientais e comportamentais.
Tabagismo, sedentarismo, alcoolismo e dieta pouco saudável contribuem para o
aumento do risco de morte por DCNT, além da poluição do ar, que também é um fator
de risco para as enfermidades (ONU, 2018).

4
Para atender às necessidades sociais em saúde, a promoção da saúde que é
parte estratégica de produção de saúde, deve ocorrer de forma articulada às demais
políticas e tecnologias desenvolvidas no sistema de saúde brasileiro. Ações que
possibilitam responder à essas necessidades são construídas (BRASIL, 2010).
A Atenção Integral à Saúde do Adulto, atua nas condições específicas a esse
público. No Brasil, além das DCNT citadas anteriormente, também são foco do
Programa de Atenção Integral à Saúde do Adulto (PAISA): Tuberculose; Hanseníase
e Saúde do Homem. A execução dessas ações se constitui como uma das iniciativas
do Ministério da Saúde (MS) que priorizam condições pautadas no perfil
epidemiológico desta população, com o intuito de articular ações de caráter individual
e coletivo. Programas educativos sobre doenças crônicas e degenerativas reduz o
número de hospitalizações, melhora as complicações agudas e crônicas e previne de
algumas enfermidades (GARCIA; FONSÊCA, 2016).
Algumas estratégias podem ser utilizadas no desenvolvimento de ações à
saúde do adulto, como por exemplo:
 Atividades de grupo para a população adulta: Grupos de promoção à
saúde para portadores de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e
Diabetes Mellitus (DM), grupo de atividade física, grupo de saúde
mental, grupo de trabalhos manuais, grupo de tabagismo e grupo de
reabilitação;
 Atividades de sala de espera: Espaço que possibilita práticas pontuais
de educação em saúde e troca de informações; e
 Visita domiciliar: Priorizar portadores de doenças crônicas com
limitação física, egressos de hospital com condição incapacitante,
usuários em fase terminal, portadores de doença mental com limitação
de acesso à UBS, abordagem familiar, busca ativa de marcadores do
Siab/Sisab ou de doenças de notificação compulsória.
Para reorganizar as Redes de Atenção à Saúde (RAS), bem como as linhas de
cuidado às doenças crônicas, o Ministério da Saúde tem investido em diretrizes que
oriente essa reorganização. Ações de vigilância das doenças infecciosas mais
prevalentes também receberam orientações do MS. Na Atenção à saúde do homem,
as ações voltadas para prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação,

5
manutenção, promoção e proteção da saúde tem sido de grande importância para a
saúde do adulto.

3 AÇÕES DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE

É responsabilidade da Vigilância em Saúde, desenvolver ações que possibilite


acompanhamento, prevenção e controle de doenças transmissíveis, bem como a
responsabilidade de atuar na vigilância de fatores de risco para o desenvolvimento de
doenças crônicas não transmissíveis, na promoção da saúde, na saúde ambiental e
do trabalhador, vigilância sanitária e também analisar a situação de saúde da
população brasileira (BRASIL, 2017).
De acordo com o relatório final da 1ª Conferência Nacional de Vigilância em
Saúde (2018), realizada entre os dias 27 de fevereiro a 2 de março de 2018, no Centro
de Eventos da Ascade, em Brasília (DF), as ações da Vigilância em Saúde, para que
possam superar vulnerabilidades sociais, econômicas e ambientais, devem ser
orientadas da seguinte forma:
 Por meio do planejamento a partir dos territórios das Regiões e Unidades
de Saúde;
 Deve haver fortalecimento das ferramentas de comunicação social; e
 Deve haver educação permanente dos profissionais de saúde e
conselheiros de saúde municipais, estaduais e do Distrito Federal.
A tuberculose e a hanseníase, estão relacionadas como sendo os agravos
transmissíveis mais frequentes dentre a população adulta em nosso país, quando se
trata de saúde do adulto. Dessa forma é necessária a promoção de ações de
prevenção e controle das mesmas, o que refletirá na ampliação da capacidade de
respostas dos serviços às doenças emergentes e às endemias. O diagnóstico e
tratamento dos pacientes acometidos por essas doenças, constituem em foco
importante da ação de controle desses agravos, afim de interromper a cadeia de
transmissão. E grande parte das ações encontra-se no âmbito da Atenção
Básica/Saúde da Família.
A saúde do trabalhador também corresponde a uma área importante
incorporada as ações de vigilância em saúde, juntamente com a saúde do adulto.
Compreende um conjunto de atividades voltadas à promoção e proteção da saúde
6
dos trabalhadores, visando a recuperação e reabilitação da saúde desses
trabalhadores, submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho.
Abrange os seguintes aspectos:

(1) assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho ou portador de


doença profissional e do trabalho; (2) participação em estudos, pesquisas,
avaliação e controle dos riscos e agravos potenciais à saúde existentes no
processo de trabalho; (3) informação ao trabalhador e à sua respectiva
entidade sindical e às empresas sobre os riscos de acidentes de trabalho,
doença profissional e do trabalho, bem como os resultados de fiscalizações,
avaliações ambientais e exames de saúde, de admissão, periódicos e de
demissão, respeitados os preceitos da ética profissional (BRASIL, 2008 apud
GARCIA; FONSÊCA, 2016).

De acordo com Brasil (2018), eventos decorrentes do exercício da profissão ou


ocorridos no percurso de ida e volta entre a residência e o local de trabalho, que cause
lesão ou prejuízo funcional, levando a morte ou perda ou redução da capacidade para
o trabalho, é considerado acidente de trabalho. A taxa de incidência por sexo aponta
índice superior a 76% para a população masculina, conforme divulgado pelo Portal
Brasileiro de Dados Abertos, na série histórica 1997-2008. Os estereótipos de gênero
colaboram para que os homens se exponham mais a situações de risco no trabalho,
evidenciadas em descumprimentos de normas básicas de segurança e proteção,
rotinas de trabalho desfavoráveis, entre outras.

Vigitel

Para planejar ações e programas que reduzam a ocorrência e a gravidade das


DCNT é necessário primeiramente, conhecer a situação de saúde da população.
Dessa forma, pesquisas são realizadas pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS)
do Ministério da Saúde, através do Vigitel, que compõe o sistema de Vigilância de
Fatores de Risco para DCNT, atuando em parceria com outros inquéritos, como os
domiciliares e os voltados para a população escolar (BRASIL, 2017).
O sistema foi implantado em 2006 em todas as capitais dos 26 estados
brasileiros e no Distrito Federal. O objetivo é monitorar a frequência e a distribuição
desses fatores de risco e proteção para as doenças, através de inquérito telefônico.
As entrevistas telefônicas são realizadas anualmente com a população adulta a partir
de 18 anos, residente em domicílios com linha de telefone fixo.
O Vigitel monitora as seguintes Doenças Crônicas Não Transmissíveis:
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 Diabetes;
 Câncer;
 Doenças respiratórias crônicas, e
 Doenças cardiovasculares (HAS-Hipertensão Arterial Sistêmica).

“ A HAS tem grande impacto na morbimortalidade e na qualidade de vida


da população. ”

Alguns fatores de risco são comuns para as doenças supracitadas e são


também monitorados pelo Vigitel. São eles:
 Tabagismo;
 Alimentação não saudável;
 Inatividade física; e
 Uso nocivo de bebidas alcoólicas.
Os indicadores avaliados pelo Vigitel também abordam os seguintes temas:
 Excesso de peso e obesidade;
 Condução de veículo motorizado após consumo de qualquer quantidade
de bebidas alcoólicas;
 Autoavaliação do estado de saúde;
 Prevenção de câncer; e
 Morbidade referida.
Através desse monitoramento são obtidas informações importantes para o
planejamento de políticas públicas de promoção e prevenção, além da avaliação de
intervenções realizadas. A elaboração do Plano de Ações Estratégicas para o
Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis no Brasil 2011–2022,
bem como o acompanhamento das metas propostas no mesmo, é resultado das
ações do sistema de Vigilância de Fatores de Risco de DCNT. Dentro do sistema, o
Vigitel apoia também o monitoramento das metas do Plano Regional de DCNT
(Organização Pan-Americana da Saúde - OPAS) e do Plano Global para o
Enfrentamento das DCNT (Organização Mundial da Saúde).

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Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas
Não Transmissíveis (DCNT)

As DNCT compõem um grupo de doenças de maior proporção no país,


acometendo principalmente, as populações mais vulneráveis (de baixa renda e baixa
escolaridade). Diante da situação, o Ministério da Saúde elaborou o Plano de Ações
Estratégicas para o Enfrentamento das DCNT, em parceria com vários ministérios,
instituições de ensino e pesquisa, ONGs da área da saúde, entidades médicas e
associações de portadores de doenças crônicas, visando preparar o Brasil para
enfrentar e deter as DCNT até 2022.
O desenvolvimento e a implementação de políticas públicas efetivas,
integradas, sustentáveis e baseadas em evidências, a fim de prevenir e controlar as
DCNT e seus fatores de risco, além de apoiar os serviços de saúde voltados às essas
doenças, faz parte do Plano.
As doenças crônicas não transmissíveis abordadas no Plano são:
 Doenças circulatórias;
 Doenças respiratórias crônicas;
 Diabetes; e
 Câncer.
Os fatores de risco em comum modificáveis para essas doenças, também
abordados no Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das DCNT são:
 Tabagismo;
 Álcool;
 Inatividade física;
 Alimentação não saudável; e
 Obesidade.
A promoção da saúde, como escopo da Vigilância em Saúde, compreende o
conjunto de intervenções individuais, coletivas e ambientais responsáveis pela
atuação sobre os determinantes sociais da saúde, visto a diferenças entre as
necessidades, territórios e culturas em nosso país. A atenção à saúde, deve seguir
um modelo diferenciado que vai além dos “muros das unidades” de saúde, atuando
na prevenção de riscos e agravos e na promoção da saúde. E isso só é possível
quando a equipe atua no território onde vive e trabalha a população da área de
9
abrangência, superando assim o modelo voltado à atenção à “demanda espontânea”,
de atendimento a doentes.
É importante ressaltar que, um modelo não substitui o outro, ou seja, faz-se
necessário realizar tanto a busca ativa e atenção domiciliar, quanto o acolhimento aos
usuários e, esse acolhimento para que ocorra de maneira adequada, implica em
responder às necessidades atuais dos usuários e programar o acompanhamento de
suas condições crônicas.
Geralmente os usuários portadores de doenças crônicas são frequentadores
assíduos da Unidade Básica de Saúde e diversas são as razões:
 Verificar a pressão e/ou glicemia;
 Renovar receitas;
 Consulta de acompanhamento;
 Atendimento para agudização de sua condição crônica, entre outras.
Durante o acolhimento à uma condição aguda, o enfermeiro deve avaliar o
usuário investigando as seguintes condições:
 O uso correto das medicações prescritas;
 A alimentação (recente, eventuais exageros ou dieta muito restritiva);
 Realização ou não de atividade física;
 O uso de álcool, tabaco e outras drogas;
 Episódios de conflitos e outros estresses emocionais.
“Os protocolos clínicos baseados em evidências são muito úteis ao recomendar
o que fazer em cada situação, a exemplo dos Cadernos de Atenção Básica. ” (BRASIL,
2014).

10
4 POLÍTICA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA SAÚDE

Fonte: fafich.ufmg.br

A Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS), a qual foi aprovada através


da Portaria MS/GM nº 687, de 30 março de 2006, revogada e redefinida pela Portaria
nº 2.446, de 11 de novembro de 2014, atua em sintonia com a lei nº 8.080, de 19 de
setembro de 1990 que institui o Sistema Único de Saúde (SUS), afirmando que as
ações públicas em saúde devem ultrapassar a ideia de cura e reabilitação, ou seja,
que é necessário priorizar medidas preventivas e de promoção da saúde à fim de
transformar os fatores da vida que colocam as coletividades em situação de iniquidade
e vulnerabilidade, tais como: violência, desemprego, subemprego, falta de
saneamento básico, habitação inadequada ou ausente, dificuldade de acesso à
educação, fome, urbanização desordenada e má qualidade do ar e da água. Dessa
forma a PNPS envolve ações e serviços, operando sobre os determinantes do
adoecer (BRASIL, 2013).

11
Os 13 objetivos específicos da PNPS são:
 Estimular a promoção da saúde como parte da integralidade do cuidado
na RAS, articulada às demais redes de proteção social;
 Contribuir para a adoção de práticas sociais e de saúde centradas na
equidade, na participação e no controle social, visando reduzir as
desigualdades sistemáticas, injustas e evitáveis, com respeito às
diferenças de classe social, de gênero, de orientação sexual e identidade
de gênero, entre gerações, étnico-raciais, culturais, territoriais e
relacionadas às pessoas com deficiências e necessidades especiais;
 Favorecer a mobilidade humana e a acessibilidade e o desenvolvimento
seguro, saudável e sustentável;
 Promover a cultura da paz em comunidades, territórios e municípios;
 Apoiar o desenvolvimento de espaços de produção social e ambientes
saudáveis, favoráveis ao desenvolvimento humano e ao bem viver;
 Valorizar os saberes populares e tradicionais e as práticas integrativas e
complementares;
 Promover o empoderamento e a capacidade para tomada de decisão e
a autonomia de sujeitos e coletividades por meio do desenvolvimento de
habilidades pessoais e de competências em promoção e defesa da
saúde e da vida;
 Promover processos de educação, formação profissional e capacitação
específicas em promoção da saúde, de acordo com os princípios e
valores da Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS), para
trabalhadores, gestores e cidadãos;
 Estabelecer estratégias de comunicação social e mídia direcionadas ao
fortalecimento dos princípios e ações em promoção da saúde e à defesa
de políticas públicas saudáveis;
 Estimular a pesquisa, produção e difusão de conhecimentos e
estratégias inovadoras no âmbito das ações de promoção da saúde;
 Promover meios para a inclusão e qualificação do registro de atividades
de promoção da saúde e da equidade nos sistemas de informação e
inquéritos, permitindo análise, monitoramento, avaliação e
financiamento das ações;
12
 Fomentar discussões sobre modos de consumo e produção que estejam
em conflito de interesses com os princípios e valores da promoção da
saúde e que aumentem vulnerabilidades e riscos à saúde; e
 Contribuir para a articulação de políticas públicas inter e intrassetoriais
com as agendas nacionais e internacionais.
A PNPS, apresenta no Art. 10 (BRASIL, 2014), os temas prioritários, os quais
foram evidenciados pelas ações de promoção da saúde realizadas, sendo
compatíveis com o Plano Nacional de Saúde, pactos interfederativos e com o
planejamento estratégico do MS, bem como acordos internacionais que foram
firmados pelo governo brasileiro, em permanente diálogo com as demais políticas,
com os outros setores e especificidades sanitárias:
 Formação e educação permanente;
 Alimentação adequada e saudável;
 Práticas corporais e atividades físicas;
 Enfrentamento do uso do tabaco e seus derivados;
 Enfrentamento do uso abusivo de álcool e outras drogas;
 Promoção da mobilidade segura (redução da morbimortalidade por
acidentes de trânsito);
 Promoção da cultura da paz e de direitos humanos; e
 Promoção do desenvolvimento sustentável.

13
5 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO HOMEM

Fonte: saude.gov.br

A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) é uma


das prioridades do governo, apresentada pelo Ministério da Saúde, que atua de forma
alinhada com a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) e em consonância com
os princípios do SUS. “Entre seus principais objetivos, insere-se a orientação com as
ações e serviços de saúde para a população masculina, com integralidade e equidade,
primando pela humanização da atenção. ” (GARCIA; FONSÊCA, 2016).
Foi instituída pela Portaria GM nº 1.944, de 27 de agosto de 2009, hoje incluída
no Anexo XII da Portaria de Consolidação nº 2, de 28 de setembro de 2017,
Consolidação das Normas sobre as Políticas Nacionais de Saúde do Sistema Único
de Saúde. A população masculina apresenta menor acesso aos serviços de saúde e,
portanto, a atenção requer que os trabalhadores da saúde ampliem o olhar quanto a
esse acesso, quanto ao acolhimento e ao atendimento a essa população (BRASIL,
2018).

14
Fonte: Ministério da Saúde

Promover ações que contribuam para a compreensão da realidade singular


masculina, em seus diversos contextos socioculturais e político-econômicos e
respeitar os diferentes níveis de desenvolvimento e organização dos sistemas locais
de saúde e tipos de gestão de Estados e Municípios é uma das diretrizes da PNAISH.
Tem como objetivo geral, ampliar o acesso da população masculina da faixa etária de
20 a 59 anos aos serviços de saúde, bem como melhorar esse acesso. Para que seja
alcançado esse objetivo, a PNAISH é desenvolvida a partir de cinco (05) eixos
temáticos (BRASIL, 2019):
 Acesso e Acolhimento: Visa a reorganização das ações de saúde, por
meio de uma proposta inclusiva, na qual os homens considerem os
serviços de saúde também como espaços masculinos e, por sua vez, os
serviços reconheçam os homens como sujeitos que necessitam de
cuidados.

15
 Saúde Sexual e Saúde Reprodutiva: Visa a sensibilização de gestores
(as), profissionais de saúde e a população em geral à fim de reconhecer
os homens como sujeitos de direitos sexuais e reprodutivos, os
envolvendo nas ações voltadas a esse fim e implementando estratégias
para aproximá-los desta temática.
 Paternidade e Cuidado: Objetiva sensibilizar gestores (as),
profissionais de saúde e a população em geral sobre os benefícios do
envolvimento ativo do homem com sua parceira durante as fases da
gestação e participação nas ações de cuidados com os (as) filhos (as),
destacando como esta participação pode trazer saúde, bem-estar e
fortalecimento de vínculos saudáveis intrafamiliar.
 Doenças prevalentes na população masculina: Busca fortalecer a
assistência básica no cuidado à saúde dos homens, facilitando e
garantindo o acesso e a qualidade da atenção necessária ao
enfrentamento dos fatores de risco das doenças e dos agravos à saúde.
 Prevenção de Violências e Acidentes: Busca propor e desenvolver
ações que chamem atenção para a grave relação entre a população
masculina e as violências (em especial a violência urbana) e acidentes,
bem como sensibilizar a população em geral e também os profissionais
de saúde sobre o tema.
As doenças prevalentes na população masculina e que conforme pesquisas
como a Vigitel, ocorrem com maior frequência entre os homens, estão relacionadas
aos seguintes fatores de risco, conforme Brasil (2018):
 Tabagismo;
 Consumo de bebidas alcoólicas;
 Alimentação inadequada;
 Excesso de peso.
Um dos desafios da PNAISH é a mobilização da população masculina brasileira
para a luta pela garantia de seu direito social à saúde. É necessário sensibilizar os
homens para que possam reconhecer e expressar suas condições sociais e de saúde,
para que sucedam sujeitos protagonistas de suas demandas, consolidando seu
exercício e gozo dos direitos de cidadania (GARCIA; FONSÊCA, 2016).

16
Diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem:

As diretrizes da PNAISH, conforme Ministério da Saúde (2009) foram


elaboradas a partir da integralidade, factibilidade, coerência e viabilidade, sendo
norteadas pela humanização e a qualidade da assistência a ser prestada ao público
masculino, princípios que devem permear todas as ações. Essas devem conduzir a
elaboração dos planos, programas, projetos e atividades, como formulações que
indicam as linhas de ação a serem seguidas pelo setor saúde:
 Entender a Saúde do Homem como um conjunto de ações de promoção,
prevenção, assistência e recuperação da saúde, executado nos
diferentes níveis de atenção. Deve-se priorizar a atenção básica, com
foco na Estratégia de Saúde da Família, porta de entrada do sistema de
saúde integral, hierarquizado e regionalizado;
 Reforçar a responsabilidade dos três níveis de gestão e do controle
social, de acordo com as competências de cada um, garantindo
condições para a execução da presente Política;
 Nortear a prática de saúde pela humanização e a qualidade da
assistência a ser prestada, princípios que devem permear todas as
ações;
 Integrar a execução da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do
Homem às demais políticas, programas, estratégias e ações do
Ministério da Saúde;
 Promover a articulação interinstitucional, em especial com o setor
Educação, como promotor de novas formas de pensar e agir;
 Reorganizar as ações de saúde, através de uma proposta inclusiva, na
qual os homens considerem os serviços de saúde também como
espaços masculinos e, por sua vez, os serviços de saúde reconheçam
os homens como sujeitos que necessitem de cuidados;
 Integrar as entidades da sociedade organizada na corresponsabilidade
das ações governamentais pela convicção de que a saúde não é só um
dever do Estado, mas uma prerrogativa da cidadania;
 Incluir na Educação permanente dos trabalhadores do SUS temas
ligados a Atenção Integral à Saúde do Homem;
17
 Aperfeiçoar os sistemas de informação de maneira a possibilitar um
melhor monitoramento que permita tomadas racionais de decisão; e
 Realizar estudos e pesquisas que contribuam para a melhoria das ações
da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem.

O homem e o acesso aos serviços de saúde

Algumas barreiras socioculturais envolvendo os homens como: medo de


descobrir doenças, crenças de que o “homem é o sexo forte”, que são violentos por
natureza, papel de provedor, entre outras serão mudadas através do acesso e
acolhimento na PNAISH. As barreiras institucionais, também serão modificadas
através de ações da política, como o fato de o homem ter dificuldade em ser liberado
do trabalho para cuidados relacionados à saúde, horário de funcionamento das
Unidades Básicas de Saúde (UBS), as filas e a qualidade dos serviços prestados por
essas unidades.
Conforme o Ministério da Saúde (2018), “É importante que trabalhadores (as)
da saúde ampliem o olhar quanto à ambiência necessária nos serviços, de modo que
os homens os reconheçam como espaços de cuidado também masculino.” Pois dados
apontam que o homem, não acessa os serviços de saúde com frequência.
Os serviços de saúde, bem como o ambiente das unidades, foram construídos
a partir de estereótipos de gênero, onde o foco do acolhimento, primava por mulheres
e crianças, prejudicando assim homens e outros usuários. A mediação permanente
de conflitos na rotina dos serviços de saúde deve envolver toda a equipe, respeitando
as singularidades dos usuários homens (BRASIL, 2018).
Para o MS, segundo Brasil (2008 apud GARCIA; FONSÊCA, 2016), é
necessário compreender as barreiras socioculturais e institucionais aqui
apresentadas, bem como outras não descritas, para propor estratégias de medidas
que promovam o acesso dos homens aos serviços de atenção primária, que deve ser
a porta de entrada ao sistema de saúde, a fim de resguardar a prevenção e a
promoção como eixos necessários e fundamentais de intervenção.

18
6 O ENVELHECIMENTO: Políticas, Programas e Rede de Atenção à Saúde do
Idoso

Fonte: mansaoreal.com.br

População Idosa no País

O aumento da expectativa média de vida trouxe repercussões diretas na saúde


pública. O Brasil tem sofrido profundas transformações demográficas, políticas e
sociais e ao mesmo tempo, o país experimenta uma transição de morbimortalidade
onde predominam as enfermidades crônicas, mais complexas e onerosas, que exigem
cuidados constantes (LIMA-COSTA et al., 2011 apud ALCÂNTARA; CAMARANO;
GIACOMIN, 2016)). Doenças crônicas afetam mais os segmentos de maior idade.
É para esta complexa dinâmica populacional que os formuladores de políticas
públicas devem atentar. Tais políticas precisam oferecer suporte ao processo de
envelhecimento no Brasil, de forma que atenda às necessidades dessa população.
Martins et al (2007) afirma:

Contudo, para atenção adequada ao idoso, juntamente com a magnitude e a


severidade dos seus problemas funcionais, é imperativo o desenvolvimento
de políticas sociais e de saúde factíveis e condizentes com as reais
necessidades das pessoas nessa fase da vida.

19
Segundo o IBGE (PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
Contínua) 2018, o número de idosos cresceu 18% de 2012 a 2017, ou seja, 4,8
milhões de novos idosos em cinco anos, ultrapassando 30 milhões de idosos no país.
Esse crescimento representa uma importante conquista social, é resultado da
melhoria das condições de vida, com ampliação do acesso aos serviços de saúde, em
especial a Atenção Básica, aos cuidados preventivos e curativos, do avanço da
tecnologia médica, da ampliação da cobertura de saneamento básico, aumento da
escolaridade e da renda, entre outros determinantes (BRASIL, 2015).
Apesar dos avanços, resultando no aumento da expectativa de vida para a
população brasileira, muitos idosos são portadores de doenças ou disfunções
orgânicas, mas cabe destacar que esse quadro não significa necessariamente
limitação de suas atividades, restrição da participação social ou do desempenho do
seu papel social.

Plano de Ação Internacional para o Envelhecimento

O Brasil vem formulando várias políticas públicas para atender a demanda


idosa no país, a fim de garantir os direitos sociais e de cidadania para esta população,
trabalhando de forma alinhada à posição internacional sobre o tema. Foram
elaboradas várias Leis, Decretos, Portarias e Políticas, tornando os idosos o público-
alvo, conforme exemplifica Romero et al. (2019):
 Normas exigíveis imediatamente (direito ao transporte público gratuito);
 Normas-diretrizes para a ação do Estado (instrução para diminuir as
desigualdades sociais nesse grupo etário e colocar a funcionalidade no
centro da definição de saúde dos idosos).

“ O Brasil é considerado um dos países que efetiva os acordos internacionais


em matéria de envelhecimento.” O conceito de saúde foi transformado graças a
Constituição Federal de 1988, e a partir daí o país aprovou a Política Nacional do
Idoso (PNI), a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI) e o Estatuto do
Idoso, além de ter assinado diversos acordos internacionais na área, como por
exemplo o Plano de Ação Internacional para o Envelhecimento, em 2002 (ROMERO
et al., 2019).
20
Esse Plano exigiu mudanças das atitudes, das políticas e das práticas em todos
os níveis, fosse nacional ou internacional e em todos os setores, para que pudesse
concretizar as enormes possibilidades que oferece o envelhecimento no século XXI.
Oferece como um instrumento prático para ajudar os responsáveis pela formulação
de políticas a considerar as prioridades básicas associadas com o envelhecimento
dos indivíduos e das populações. O objetivo é garantir que a população possa
envelhecer de forma segura e digna, e que os idosos possam continuar participando
ativamente em suas sociedades como cidadãos plenos de direitos (BRASIL, 2003).

Plano de ação sobre a saúde das pessoas idosas

A promoção da saúde e bem-estar na velhice é uma das prioridades do plano


de ação e o Brasil recebe apoio da ONU em sua estratégia de promoção do
envelhecimento saudável. Trata-se da “Estratégia Brasil Amigo da Pessoa Idosa”, que
foi implementada pelo Governo Federal, em parceria com a Organização Pan-
Americana da Saúde (OPAS), com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O intuito da iniciativa
visa agregar políticas públicas em prol do idoso em municípios e comunidades,
garantindo a efetivação do Estatuto do Idoso, em linha com os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS) (ONU, 2019).
Em relação a agenda 2030 do ODS, o Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (2019) afirma:

“Valorizar a pessoa idosa e considerar seriamente o envelhecimento da


população são vitais para a realização da Agenda 2030. Afinal, as questões
que envolvem esse segmento populacional são transversais, perpassam
quase todos os ODS, como os que abordam a erradicação da pobreza, a
saúde e o bem-estar, a igualdade de gênero, o crescimento econômico, o
trabalho decente, a redução das desigualdades e cidades sustentáveis”.

Políticas, programas e ações nacionais

Importantes instrumentos de organização do SUS, tiveram como parte


integrante a Saúde do Idoso, como o Pacto pela Saúde em 2006, comtemplando três
Eixos (Pacto em Defesa do SUS; Pacto em Defesa da Vida e Pacto de Gestão). Uma
das prioridades do eixo Pacto em Defesa da Vida é a implantação da Política Nacional
21
de Saúde da Pessoa Idosa, buscando a atenção ao idoso de forma integral. O
Contrato Organizativo de Ação Pública – Coap (2011) também teve como parte
integrante, a Saúde do idoso (ROMERO et al., 2019).

Fonte: Acervo do autor

7 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA

A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), foi regulamentada em 2006,


através da Portaria GM nº 648 de 28 de março. A concepção de Atenção Básica (AB)
foi ampliada, incorporando as atribuições da atenção primária à saúde abrangente e
reconhecendo a Saúde da Família como o modelo que substitui e reorganiza a AB.
Além disso, as funções das Unidades Básicas de Saúde (UBS) foram revisadas e
também reconhecidas diferentes modalidades dessas UBS, ou seja, com ou sem
Estratégia de Saúde da Família (ESF) (BRASIL, 2006; GIOVANELLA e MENDONÇA,
2012 apud MELO et al., 2018).
Apesar da expansão da ESF nos grandes centros urbanos, pela incorporação
e ampliação das Equipes de Saúde Bucal (ESB) e também a criação dos Núcleos de
Apoio à Saúde da Família (NASF), alguns pontos críticos (infraestrutura inadequada,
subfinanciamento, modelo assistencial ultrapassado e a dificuldade de adesão de
profissionais médicos), se mantiveram persistentes (MELO et al., 2018).
A PNAB foi revista por meio da Portaria 2488 de 21 de outubro de 2011, com o
objetivo de fortalecer a Atenção Primária à Saúde (APS), que é a porta de entrada ao
SUS e coordenadora do cuidado nas Redes de Atenção. Iniciou-se então, naquele
ano, segundo Pinto; Souza e Ferla (2014 apud MELO et al., 2018) um movimento de
mudança dessa política, em grande parte no intuito de enfrentar os pontos críticos. O
22
Requalifica UBS (reformas, ampliações, construções e informatização), o Programa
de Melhoria do Acesso e da Qualidade (PMAQ) e o Programa Mais Médicos (PMM)
são demonstrações desse esforço.
Porém em 2017, a Política Nacional de Atenção Básica, foi reformulada,
através da Portaria 2.436 de 21 de setembro, definindo as Redes de Atenção à Saúde
(RAS) como estratégia para a organização do SUS, destacando a AB como a porta
de entrada preferencial ao SUS e reconhecendo além da ESF, outras estratégias de
organização da Atenção Primária, com parâmetros populacionais incertos de
adscrição e carga horária (BRASIL, 2017).
A implantação do NASF se deu em 2008 através da Portaria 154, constituindo-
se em mais um esforço de reestruturação do processo de trabalho em saúde. Após a
nova versão da PNAB em 2017, o NASF passou a se chamar Núcleo Ampliado de
Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB).
A consolidação dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) é ponto
essencial da PNAB. São organizados por equipes compostas por profissionais de
diferentes áreas de conhecimento, atuando de maneira integrada e apoiando os
profissionais das ESF e das equipes de AB no atendimento a populações específicas
(consultórios na rua, equipes ribeirinhas e fluviais e Academia da Saúde),
compartilhando de práticas e saberes em saúde.
Os NASF fazem parte da AB, porém não são serviços com unidades físicas
independentes ou especiais e o atendimento se dá conforme ofertado e referenciado
pelas equipes de AB. Trabalham em conjunto com essas equipes e as ações são
baseadas nas demandas identificadas, atuando de maneira integrada à RAS e outras
redes, como por exemplo:
 Centros de Atenção Psicossocial - CAPS;
 Centro de Referência em Saúde do Trabalhador - CEREST;
 Ambulatórios especializados;
 Sistema Único de Assistência Social - SUAS;
 Redes sociais e comunitárias. (ENSP, 2012 apud COELHO et al., 2018).

23
8 POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DA PESSOA IDOSA

A proteção dos idosos no Brasil vem ganhando ênfase desde a promulgação


da Constituição Federal de 1988 e a partir de então, leis foram criadas a fim de atender
as necessidades dessa população. Foi promulgada a Lei 8842/94, que dispõe sobre
a Política Nacional do Idoso, a Lei 10741/03, que dispõe sobre o Estatuto do Idoso e
a Portaria 2528 de 19 de outubro de 2006, que instituiu a Política Nacional de Saúde
da Pessoa Idosa (PNSPI) (BORBA et al., 2019).
A elevação da expectativa de vida suscitou o interesse de diferentes setores da
sociedade no sentido de melhor compreender as necessidades da população idosa.

A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, regulamentada na portaria


2528/06, reconhece a saúde como um direito universal e integral conquistado
pela sociedade e compreende que o exercício de tal direito deva se pautar
pelas garantias de acesso universal e igualitário à integralidade dos serviços,
cujas ações devam ser pensadas de forma descentralizada. Dentro de suas
determinações principais destaca-se a obrigação dos órgãos e entidades do
Ministério da Saúde em promoverem a readequação de seus programas,
projetos e atividades, de acordo com as diretrizes estabelecidas na lei
(BRASIL, 2006 apud BORBA et al., 2019).

Tem como finalidade primordial recuperar, manter e promover a autonomia e a


independência das pessoas idosas, direcionando medidas consonantes com os
princípios do SUS para esse fim e definindo as seguintes diretrizes para o atendimento
das necessidades de saúde dessa população:

24
A escolha do melhor tipo de intervenção e monitorização do estado clínico e
funcional da população idosa deve ser baseada na avaliação da capacidade funcional
individual e coletiva. Quando se trata de funcionalidade é necessário ter um olhar que
vá além das doenças e que considere todos os aspectos funcionais do indivíduo em
seu processo de envelhecimento, desde a saúde física e mental até as condições
socioeconômicas e a capacidade de autocuidado (BRASIL, 2006).
A PNSPI determina que de acordo com a condição funcional do indivíduo, serão
estabelecidas ações de atenção primária, de prevenção primária, secundária e
terciária, de reabilitação, para a recuperação da máxima autonomia funcional,
prevenção do declínio funcional, e recuperação da saúde. Estarão incluídas nessas
ações o controle e a prevenção de agravos de doenças crônicas não-transmissíveis.
Todo profissional deve procurar promover a qualidade de vida da pessoa idosa,
quando chamado a atendê-la. É importante viver muito, mas é fundamental viver bem.
Preservar a autonomia e a independência funcional dessa população deve ser a meta
em todos os níveis de atenção.

25
Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa

Fonte: doutorricardo.rs.gov.br

O Ministério da Saúde reconhece que ainda existem muitos desafios para que
o envelhecimento ocorra com qualidade de vida. No campo das políticas e dos
programas voltados para os idosos, o desafio é contemplar seus direitos, preferências
e necessidades, para a manutenção e melhoria de sua capacidade funcional e garantir
atenção integral dos mesmos (BRASIL, 2018).
O objetivo da caderneta de Saúde da Pessoa Idosa é qualificar a atenção
ofertada à essa demanda, no SUS. Ela associa um conjunto de iniciativas, servindo
de instrumento para auxiliar no bom manejo da saúde da pessoa idosa, sendo usada
tanto pelas equipes de saúde, quanto pelos próprios idosos, por seus familiares e por
seus cuidadores
Dessa forma, além do registro, a caderneta permitirá também o
acompanhamento durante o período de 5 anos, com informações bastante relevantes
como:
 Dados pessoais, sociais e familiares;
26
 Condições de saúde;
 Hábitos de vida; e
 Vulnerabilidades.
Além de ofertar orientações ao idosos para o autocuidado.
É de responsabilidade da ESF a distribuição da caderneta, porém a mesma
deve ser utilizada nos diferentes níveis de atenção à saúde.

Rede de Atenção à Saúde do Idoso

As Redes de Atenção à Saúde (RAS) são conjuntos de serviços de saúde


vinculados entre si, permitindo ofertar uma atenção contínua e integral a determinada
população. Constituem-se de três elementos:
 População;
 Estrutura operacional; e
 Modelo de atenção à saúde.
A Portaria 4.279 de 30 de dezembro de 2010 estabelece as diretrizes para a
organização das RAS no âmbito do SUS. Ela anuncia o papel central da Atenção
Primária à Saúde (APS) como ponto de comunicação e ordenação do fluxo de
usuários na rede e deve ser estruturada de forma espalhada, no intuito de alcançar
toda a população definida. A ESF assume papel fundamental na implementação de
ações de saúde para a população idosa e coordenação do fluxo desses usuários no
sistema de saúde.
Apesar do avanço da legislação brasileira, a prática da assistência ao idoso
ainda é insatisfatória. As ações de assistência voltadas a atender especificamente as
doenças crônicas não são satisfatórias, sendo necessário buscar estratégias que
atendam às demandas dessa população cujo declínio funcional se apresenta como a
mais relevante manifestação a ser combatida, acompanhada de um perfil de múltiplas
comorbidades e alta utilização dos recursos de saúde (VERAS, 2012; MORAES,
2012; MARTINS et al., 2014 apud COELHO; MOTTA; CALDAS, 2019).
O usuário idoso deve estar sempre vinculado à APS, que deve atuar de forma
articulada e integrada aos outros pontos da atenção. Dessa forma, a continuidade do
cuidado é assegurada, reduzindo a probabilidade de evolução para perda funcional e

27
melhorando a qualidade da assistência. Modelo ideal para o sustento das redes de
atenção ao idoso (COELHO; MOTTA; CALDAS, 2019).

Unidades Básicas de Saúde (UBS)

Fonte: maismedicos.gov.br

A Atenção Básica consiste na porta de entrada prioritária dos usuários do


sistema de saúde, em especial do idoso, seja através de demanda espontânea ou de
busca ativa. As Unidades Básicas de Saúde (UBS) são compostas por equipes
multiprofissionais, promovendo ações de saúde em caráter individual e coletivo
(BRASIL, 2015).
Uma das ações de saúde, que é essencial no âmbito da AB na UBS, é a visita
domiciliar, onde é realizado o registro e acompanhamento da população geral. Dentre
as atividades e prioridades das equipes de UBS, encontra-se a identificação da
população idosa, com ênfase na população idosa frágil ou em processo de fragilização
no território da área de abrangência.
“O cuidado da pessoa idosa é baseado na corresponsabilidade entre
profissionais da atenção básica e dos profissionais que atuam nos demais pontos de
atenção, dos diferentes componentes das diversas Redes de Atenção à Saúde. ”
São diversas as ações e serviços ofertados:
 Ações e serviços de promoção;
 Prevenção;
 Proteção;
 Diagnóstico e reabilitação da saúde;
 Cobertura vacinal;
28
 Orientações sobre alimentação, nutrição e práticas de atividades físicas;
 Orientações sobre prevenção e acompanhamento de vítimas de
violência;
 Orientações sobre prevenção de quedas, higiene, saúde bucal,
autocuidado e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis;
 Orientações e acompanhamento às doenças crônicas, ao sofrimento
mental, decorrentes ou não do uso de álcool e outras drogas.
As ações supracitadas devem ser conduzidas não somente ao idoso, mas
também aos seus familiares e cuidadores, que atuam na assistência as condições
clinicas mais comuns que os afetam. A ESF deve atuar de forma integral,
considerando todos os idosos na área adscrita, incluindo aqueles que se encontram
em Instituições de Longa Permanência - ILPI.

Unidades de atendimento ambulatorial especializado

Além do atendimento e acompanhamento realizado pela atenção primária, é


importante que os idosos também tenham acesso ao atendimento especializado,
quando necessário, possibilitando a recuperação da saúde por meio de
procedimentos específicos de cada especialidade. Garcia; Fonsêca (2016) citam 2
exemplos:
Perda auditiva: Muitos idosos encaram como “normal da idade”.
Catarata: Frequentemente encontrada no paciente idoso.
Ambos podem ser corrigidos, melhorando a qualidade de vida desse paciente.
Independentemente do acompanhamento por especialista, deve-se manter o
vínculo e acompanhamento dos idosos na atenção básica. Devido as diferentes
comorbidades que atingem os idosos, é comum que este seja acompanhado por
diversos médicos especialistas, sem homogeneização dos tratamentos e sem
comunicação entre eles, o que, frequentemente, leva à iatrogenia e à polifarmácia.
Cabe ao profissional da atenção básica, que acompanha a população em geral,
gerenciar e harmonizar o tratamento.

29
Unidades de reabilitação

Preservar e recuperar a funcionalidade é essencial para a manutenção da


condição de saúde do idoso. A reabilitação conta com diversos profissionais da área
da saúde, como fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicólogos,
dentre outros e pode ser física ou cognitiva.
No Brasil, no âmbito do SUS, as políticas públicas voltadas para a questão de
reabilitação ainda estão focadas para atender a demanda das pessoas com
deficiências. A Portaria nº 793 de 24 de abril de 2012, institui a Rede de Cuidados à
Pessoa com Deficiência no âmbito do Sistema Único de Saúde.
A referida política estabelece:
Dos Centros Especializados em Reabilitação (CER)
Art. 19. O CER é um ponto de atenção ambulatorial especializada em
reabilitação que realiza diagnóstico, tratamento, concessão, adaptação e manutenção
de tecnologia assistiva, constituindo-se em referência para a rede de atenção à saúde
no território, e poderá ser organizado das seguintes formas:
I - CER composto por dois serviços de reabilitação habilitados - CER II;
II - CER composto por três serviços de reabilitação habilitados - CER III; e
III - CER composto por quatro ou mais serviços de reabilitação habilitados -
CER IV.
§ 1º O atendimento no CER será realizado de forma articulada com os outros
pontos de atenção da Rede de Atenção à Saúde, através de Projeto Terapêutico
Singular, cuja construção envolverá a equipe, o usuário e sua família.
§ 2º O CER poderá constituir rede de pesquisa e inovação tecnológica em
reabilitação e ser polo de qualificação profissional no campo da reabilitação, por meio
da educação permanente.

30
9 IMPACTO DO ENVELHECIMENTO NO ORGANISMO HUMANO

Fonte: reflectionsonnursingleadership.org

O processo de envelhecimento “é determinado pela interação constante e


acumulativa de eventos de natureza genético-biológica, psicossocial e sociocultural. ”
Ao definir que idoso é a pessoa na faixa etária de 60 anos ou mais a legislação buscou
um critério uniforme, de acordo com estudos científicos da OMS, a qual considera
idosas as pessoas nas seguintes faixas etárias:
 60 anos ou mais: Nos países em desenvolvimento.
 65 anos ou mais: Nos países desenvolvidos.
O Brasil é um país em desenvolvimento e, portanto, a Política Nacional do Idoso
e o Estatuto do Idoso, seguiram essa diretriz.
Porém não devemos considerar somente os aspectos psicofísicos que tornam
uma pessoa idosa. Vários fatores influenciam no processo de envelhecimento,
dificultando a definição de quando se inicia a chamada “terceira idade”, ao
considerarmos a pessoa individualmente, como:
 O sexo;
 A classe social;
 A educação;
 A personalidade;
 As vivências passadas;
31
 O contexto socioeconômico, entre outros fatores.
De acordo com Barletta (2008), “pode haver enorme diferença no estado de
saúde (física e mental) entre duas pessoas sexagenárias, uma delas pode ser doente
e debilitada, enquanto a outra se encontra em pleno vigor, sendo perfeitamente
lúcida”. Porém o fato de a pessoa com 60 anos ou mais encontrar-se em boas
condições de saúde, não lhe afasta a condição de pessoa biologicamente
envelhecida. Com o avanço dos anos, algumas alterações biológicas (estruturais e
funcionais), por mais que variem de um indivíduo a outro, são comuns em todos os
idosos.
“O envelhecimento saudável é mais que apenas a ausência de doença. Para
a maioria dos adultos maiores, a manutenção da habilidade funcional é mais
importante” (OMS, 2015).
Ocorre durante o processo de envelhecimento um decréscimo das capacidades
motoras, com redução da força, flexibilidade, velocidade e dos níveis de VO2 máximo,
o que dificulta na realização das atividades diárias e na manutenção de um estilo de
vida saudável.
As alterações fisiológicas de perda da capacidade funcional ocorrem durante o
envelhecimento em idades mais avançadas, comprometendo a saúde e a qualidade
de vida do idoso. As alterações biológicas são irreversíveis, devido a modificações
nas estruturas e funcionamento das células, tecidos e sistemas do organismo. Ocorre
de forma lenta e contínua, gerando uma diminuição das reservas funcionais dos
diferentes órgãos progressivamente (MOLETA, 2017).
O processo de envelhecimento é caracterizado por mudanças biológicas e
fisiológicas, que acontecem em diferentes níveis, nos seguintes sistemas:
 Composição e forma do corpo: Ocorre a diminuição na quantidade de
água corporal, perda de massa muscular, diminuição do peso corporal,
menor tolerância ao exercício físico, redução de massa óssea (nas
mulheres geralmente ocorre após a menopausa), diminuição da estatura
e curvatura da coluna vertebral, aumento da gordura corporal
principalmente na faixa abdominal, entre outras.
 Pele e anexos: Surgimento da flacidez, redução do turgor e elasticidade,
redução da espessura, maior mobilidade aumentando o risco de lesões
cutâneas, rugas, alteração da regulação térmica corporal, manchas na

32
pele (mancha senil), redução de pelos corpóreos, perda de pigmentação
(cabelos brancos).
 Sistema cardiovascular: A frequência cardíaca em repouso é
diminuída, enquanto a pressão arterial e resistência vascular são
aumentadas, é frequente a hipotensão postural, aterosclerose, etc.
 Sistema respiratório: Com a rigidez da parede torácica a capacidade
respiratória máxima é diminuída, acarretando reflexo pulmonar, como
tosse e predisposição ao acúmulo de secreção.
 Sistema gastrointestinal: Atrofia das papilas gustativas, causando
alteração do paladar, desgaste dos dentes, dificuldade de fala, alteração
no processo de mastigação, refluxo esofagiano, propensão à gastrite,
maior tempo de esvaziamento gástrico, possíveis alterações de
absorção, aumento da prevalência de constipação, predisposição à
diverticulite, enfraquecimento da musculatura da bexiga e aumento do
volume residual, menor capacidade de armazenamento de urina.
 Sistema gênito-urinário: Nas mulheres: atrofia de útero e ovário, atrofia
da mucosa vaginal e diminuição da secreção lubrificante, atrofia de
glândulas mamárias, de substituição por tecido adiposo,
enfraquecimento da musculatura da mama; nos homens: diminuição da
produção de espermatozoides, aumento do peso e tamanho da próstata,
diminuição da produção de testosterona, pode ocorrer dificuldade de
micção (estenose de uretra).
 Sistema nervoso: Redução do tamanho e peso do cérebro, redução de
neurônios, maior prevalência de demência (demência senil, Doença de
Alzheimer, Doença de Parkinson), processamento de informações mais
lento, alterações nos reflexos.

33
10 SEDENTARISMO COMO PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA E BENEFÍCIOS
DA ATIVIDADE FÍSICA PARA OS IDOSOS

Fonte: ginast.com.br

O sedentarismo está relacionado à diminuição da qualidade de vida, assim


como ao aumento de peso e ao aumento do risco para doenças cardiovasculares,
doenças respiratórias e metabólicas.
Estudos apontam alto índice de sedentarismo na população em geral,
causando grande preocupação em relação à qualidade de vida da população e,
principalmente, com os idosos (MOLETA, 2017).
Exercícios físicos são fundamentais e ajudam a melhorar a função em diversas
atividades, mantendo o vigor e melhorando a qualidade de vida. Sua prática como
medida de combater o sedentarismo, contribui para a manutenção da aptidão física
do idoso e diversos são os benefícios:
 Melhora da capacidade funcional;
 Melhora da qualidade do sono;
 Melhora das funções orgânicas e cognitivas;
 Controle de peso;
 Garantia de independência pessoal;
 Prevenção de doenças;
 Melhora no sistema locomotor;
34
 Mais agilidade, flexibilidade e força;
 Diminuição das dores musculares e articulares;
 Diminuição da ansiedade e do estresse, melhorando o estado de humor
e autoestima.
De acordo com Quintiliano, 2003 (apud MOLETA, 2017) a prática de exercícios
físicos retarda a atrofia dos músculos, evitando, assim, a descalcificação dos ossos.
Também é reconhecida como um meio de prevenção e controle de doenças
associadas ao envelhecimento. Assim, podemos afirmar que a atividade física bem
aplicada na adolescência é capaz de induzir um adulto à prática permanente,
tornando-se, no futuro, um idoso saudável.
Segundo o Ministério da Saúde:

O incentivo e o apoio à adoção de modos de viver saudáveis devem ser


prioridades no acompanhamento dos usuários. Dessa forma, busca-se
promover a melhoria da saúde e da qualidade de vida da população por meio
de ações que permitam aos cidadãos conhecer, experimentar e incorporar a
prática regular de atividades físicas. (BRASIL, 2006c, [s.p])

Manter uma vida mais saudável, ativa e independente é uma preocupação da


população idosa no país e também objetivo de diferentes políticas públicas. Dessa
forma, ações de incentivo à prática de atividades físicas são desenvolvidas, afim de
promover uma vida saudável e com qualidade, principalmente se elas forem
realizadas de maneira sistemática (FERRETTI et al., 2019).
É fundamental a participação da equipe multiprofissional da AB, na avaliação
do idoso e adoção da prática de atividades físicas. Dessa forma, como benefícios além
da redução do consumo de medicamentos, também a socialização com outros idosos
é estimulada.
Em 2011, foi instituído o “Programa Academia da Saúde”, através da Portaria
MS/GM nº 719, de 7 de abril de 2011, pelo Ministério da Saúde, o qual passou por
reajustes, sendo redefinido em 2013, no âmbito do SUS, através da Portaria nº 2.681,
de 7 de novembro desse mesmo ano. O objetivo do programa é contribuir para a
promoção da saúde da população a partir da implantação de polos com infraestrutura,
equipamentos e quadro de pessoal qualificado para a orientação de Práticas
Corporais (PC) e Atividades Físicas (AF), de lazer e modos de vida saudáveis.
Conforme o Art. 6º da portaria que redefine o programa, as atividades no âmbito
do Programa Academia da Saúde serão desenvolvidas conforme os 8 eixos a seguir:

35
 Práticas corporais e atividades físicas;
 Produção do cuidado e de modos de vida saudáveis;
 Promoção da alimentação saudável;
 Práticas integrativas e complementares;
 Práticas artísticas e culturais;
 Educação em saúde;
 Planejamento e gestão; e
 Mobilização da comunidade.

Práticas Corporais e Atividades Físicas

As Práticas Corporais (PC) e Atividades Físicas (AF) são ações ofertadas nas
unidades de saúde no âmbito do SUS, e devem ser compreendidas não somente
como atividades de prevenção das doenças crônicas não transmissíveis, mas num
sentido amplo, onde o encontro, a convivência, a formação e fortalecimento de grupos
sociais nos territórios, contribui proporcionando vínculo entre os sujeitos participantes
e destes com os profissionais de saúde.
Os benefícios das PC e AF estão evidenciados na literatura.
Destacam-se:
 Socioafetivos: Como a maior inserção e interação na comunidade,
aumento da autoestima, diminuição nos níveis de ansiedade e
depressão;
 Biológicos: Como a prevenção das DCNT e seus fatores de risco, a
prevenção e combate da osteoporose através do aumento e/ou
manutenção da densidade mineral óssea, a diminuição ou cessação de
dores crônicas; e
 Cognitivos: Como o aprimoramento da memória.

Englobam uma diversidade de ações.


São exemplos de PC e AF:
 Jogos cooperativos e competitivos;
 Brincadeiras;
 Esportes;
36
 Exercícios resistidos (ajudam a desenvolver massa muscular, aumentar
a força e melhorar o equilíbrio);
 Ginásticas;
 Atividades recreativas;
 Lutas, danças, atividades de aventura;
 Movimentos corporais que levem o sujeito a reconhecer seu corpo e
suas partes;
 Movimentos que trabalhem a coordenação motora, equilíbrio e agilidade,
relacionadas à postura, alongamentos e relaxamentos;
 Exercícios respiratórios;
 Caminhada e corrida, entre outros.

As atividades coletivas são fundamentais para a formação de grupos


heterogêneos, o que fará com que as pessoas vivenciem as diferenças e percebam
que elas não devem ser impeditivas, mas constituintes da diversidade que é própria à
condição humana. Os profissionais de saúde que conduzem os grupos, precisam
estabelecer um ambiente que acolha os sujeitos, onde as diferenças sejam tratadas
de maneira positiva, tornando as atividades mais atrativas.
“É possível levantar e debater questões de gênero, étnico-raciais, ligadas aos
ciclos de vida, a competitividade exacerbada, os padrões estéticos, doenças
prevalentes, enfim, são muitas as possibilidades.” (CARVALHO, 2016)
Ao escolher as atividades a serem desenvolvidas junto aos grupos, em especial
na atenção aos idosos, é essencial que a equipe da AB avalie individualmente as
demandas de cada indivíduo, levando em consideração fatores como, a aptidão física
de cada um ou possível risco associado à atividade. É essencial que os exercícios
sejam realizados com orientação profissional para evitar efeitos indesejados ou
prejuízos à saúde do praticante.

Preparando os idosos para atividades físicas ou práticas corporais

Considerar as particularidades de cada idoso no desenvolvimento das


atividades é entender que: “O processo de envelhecimento é bastante variável entre

37
as pessoas e é influenciado pelo estilo de vida adotado e pelos fatores hereditários do
indivíduo. ” (CIVINSKI, et al 2011).
As práticas seguintes são as mais indicadas, pois causam pouco impacto, a fim
de não causar lesões. Além de desenvolver flexibilidade, bem como equilíbrio e força
muscular, são ainda de fácil realização:
 Caminhadas;
 Atividades na água (natação/hidroginástica);
 Alongamento;
 Dança; e
 Musculação.
As atividades junto aos idosos devem ser realizadas mediante as seguintes
orientações:
 O bem-estar físico é fundamental para iniciar qualquer atividade;
 Extremos de temperatura devem ser evitados;
 Manter a hidratação;
 Usar roupas adequadas;
 Não realizar exercícios em jejum (Comer algo leve e saudável antes das
atividades);
 Usar calçados adequados;
 Interromper as atividades em caso de dor ou desconforto, respeitando
os limites pessoais;
 As atividades devem ser iniciadas de forma lenta e gradativa, permitindo
assim a adaptação.

Como devem ser realizadas as atividades físicas ou práticas corporais com


idosos

A equipe multidisciplinar responsável por conduzir os grupos, deve seguir os


seguintes critérios:

 Todo programa de exercícios deve ser realizado com frequência regular,


com continuidade. Os exercícios não devem ocorrer de forma esporádica;

38
 A recomendação é de que haja atividade física no mínimo 3 vezes por
semana, por 40 a 60 minutos de cada vez;
 O alongamento é indispensável e fundamental, para todos os participantes
do grupo de atividades.

11 QUEDAS ENTRE OS IDOSOS

Fonte: bhmulher.com.br

As quedas sofridas por pessoas idosas representam um problema de saúde


pública, sendo comuns entre essa população e aumentando progressivamente com a
idade, em ambos os sexos. Podem ser sinal de declínio das funções fisiológicas ou
de alguma patologia específica e dependendo da situação, podem provocar fraturas,
traumatismos cranianos e até morte.
Os acidentes por quedas afetam a qualidade de vida do idoso com
consequências psicossociais, provocando sentimentos de medo, fragilidade e falta de
confiança. “Muitas vezes funcionam como o início da degeneração do quadro geral do
idoso, pois além de reduzir sua mobilidade, também afeta as atividades sociais e
recreativas. ”

39
Fatores de risco

Alguns fatores predispõem à queda no idoso, podendo ser divididos em:


Intrínsecos: Fatores relacionados às alterações fisiológicas do processo de
envelhecimento, a uma patologia específica ou ao uso de medicamentos.

Fonte: biblioteca.cofen.gov

40
As medicações devem ser administradas somente sob orientação médica e é
necessário um cuidado especial para os diuréticos, remédios para pressão e
calmantes.
Extrínsecos: Fatores relacionados ao ambiente em que o idoso interage,
como, sua casa, locais públicos, transporte coletivo, entre outros. São várias as
circunstâncias do dia-a-dia que predispõem o idoso a sofrer quedas:
 Má iluminação dos espaços;
 Tapetes soltos;
 Superfícies molhadas;
 Calçado inadequado;
 Escadas pouco seguras ou sem corrimões;
 Banheiras;
 Objetos espalhados no chão, incluindo fios elétricos ou do telefone;
 Animais de estimação;
 Piso irregular dos passeios públicos;
 Árvores nas calçadas, buracos;
 Barreiras à passagem (automóveis incorretamente estacionados);
 Falta de segurança para pessoas com dificuldade motora nos
transportes públicos, etc.

Prevenção de quedas

Um instrumento de auxílio para os familiares e cuidadores de idosos é a


Caderneta de Saúde do Idoso, que oferece um recurso importante para a qualificação
do cuidado diário, chamando a atenção não somente para a prevenção de doenças e
agravos, vacinação, alimentação saudável, saúde sexual e bucal, mas também com
orientações pertinentes a prevenção de quedas.
As ações desenvolvidas na AB, pelo Programa Academia da Saúde, o qual traz
diversos benefícios para as pessoas idosas, por meio de ações voltadas à
preservação da capacidade funcional, através da realização de atividades como
Dança Sênior, Tai Chi Chuan, atividades físicas orientadas para ganho de massa
muscular, força, equilíbrio e coordenação motora, entre outras, conferem em itens

41
essenciais para a prevenção de quedas em idosos e outros agravos. Os reflexos e
velocidade são melhores nos idosos praticantes de atividades físicas.
Pino-Casado, 2016 (apud BRASIL, 2018), também relaciona as práticas como
Tai Chi Chuan no auxílio a prevenção de quedas.

Orientações aos idosos e cuidadores

 Ao acordar, o idoso precisa esperar alguns minutos antes de sentar e de


caminhar. Evite levantar rapidamente;
 O ambiente domiciliar deve ser livre de entulhos e o caminho/acesso deve
ser livre;
 Tapetes não são ideais, principalmente os de tecido ou retalhos, por serem
escorregadios;
 Caso use tapetes, opte por tapetes emborrachados antiderrapantes, em
especial nos banheiros;
 Não se utiliza cera nos pisos, quando reside idoso no domicílio;
 A iluminação do ambiente deve ser adequada;
 Deixe uma luz acesa à noite, para o caso de o idoso se levantar;
 Deve haver corrimão nas escadas ou próximo a degraus, bem como faixa
antiderrapante e ambiente bem iluminado;
 Para o banheiro, o vaso não deve ser muito baixo e deve haver barras de
apoio laterais e paralelas ao mesmo;
 Para o chuveiro, também deve haver barras de apoio nas paredes;
 Não tranque a porta do banheiro;
 Substitua ou conserte móveis instáveis;
 Evite cadeiras muito baixas e camas muito altas (deve ter a altura do joelho
do idoso);
 Os calçados dos idosos devem ter solado antiderrapante;
 Não devem em nenhuma hipótese, andar/caminhar somente de meias;
 Os itens pessoais e objetos mais usados devem ser guardados ao nível do
olhar ou um pouco mais abaixo, facilitando o acesso para o idoso;

42
 Mantenha os fios dos aparelhos próximos às tomadas deixando o caminho
livre;
 Instale iluminação adequada em calçadas e rampas (ambas com corrimão);
 Mantenha um telefone em local acessível;
 Se necessário, o idoso deve usar instrumentos de apoio (bengalas, muletas,
etc). O importante é a segurança.

12 O CUIDADO OFERTADO AOS IDOSOS

Fonte: cdlcampos.org.br

Conhecer as diferentes necessidades dos idosos e a demanda específica da


área de abrangência da ESF é fundamental para o planejamento das ações voltadas
para essa população. O cuidado a partir dessas necessidades pode ser planejado
através da classificação dos idosos de acordo com a capacidade funcional (BRASIL,
2019).
Como já mencionado, a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa é um
instrumento que proporciona fundamental apoio para identificar e avaliar os critérios,
durante a visita domiciliar ou acolhimento ao idoso. “É um instrumento estratégico
de acompanhamento longitudinal das condições de saúde da população idosa
nos serviços de saúde. ”

43
O plano de cuidados é elaborado de forma coordenada e integrada, em curto,
médio e longo prazo, visando em especial a recuperação e/ou a manutenção da
capacidade funcional da pessoa idosa. É de grande importância o envolvimento do
usuário, de seus familiares e/ou cuidadores e da equipe de saúde, para alcançar o
sucesso no plano de ação.
Foi publicado em 2013 e 2014, pela Coordenação de Saúde da Pessoa Idosa
do Ministério da Saúde, o documento “Diretrizes para o cuidado das pessoas idosas
no SUS: proposta de Modelo de Atenção Integral”. O objetivo do documento é orientar
a organização do cuidado à pessoa idosa no âmbito do SUS, potencializar as ações
já desenvolvidas e propor estratégias a fim de fortalecer a articulação, a qualificação
do cuidado e a ampliação do acesso da pessoa idosa aos pontos de atenção das RAS.
O cuidado à Saúde da Pessoa Idosa apresenta características peculiares
quanto à apresentação, instalação e desfechos dos agravos em saúde, traduzidas
pela maior vulnerabilidade a eventos adversos, necessitando de intervenções
multidimensionais e multissetoriais com foco no cuidado. Esse cuidado deve ir além
dos cuidados com o corpo físico, pois além do sofrimento físico decorrente de uma
doença ou limitação, há que se levar em conta as questões emocionais, a história de
vida e os sentimentos do idoso. O cuidar do outro representa a essência da cidadania,
do desprendimento, da doação e do amor.

O autocuidado

Autocuidado constitui em ações do indivíduo em cuidar de si próprio, são


condutas ou atitudes tomadas em seu próprio benefício, no intuito de promover a
saúde, preservar, assegurar e manter a vida. Representa a essência da existência
humana.
O indivíduo que apresenta limitações, necessitando de ajuda de um cuidador,
deve realizar atividades de autocuidado sempre que possível. O papel do cuidador vai
além de fazer para o outro, o qual se encontra em situação de risco ou fragilidade.
Consiste também em observar e identificar o que a pessoa pode fazer por si e ajudar
nas atividades diárias, quando este outro necessita, seja no domicílio e/ou em
qualquer tipo de instituição na qual este necessite de atenção ou cuidado diário.

44
Dessa forma a pessoa que está recebendo os cuidados, será estimulada a
conquistar sua autonomia e isso requer tempo e paciência (BRASIL, 2008).
É fundamental que a equipe da AB apoie o autocuidado e oriente os idosos e
demais indivíduos que necessitem de cuidado, a adotarem comportamentos
saudáveis. A equipe de saúde deve ampliar a capacidade de confiança e eficácia dos
indivíduos assistidos no manejo de suas condições, como por exemplo, na tomada de
decisões cotidianas sobre alimentação, atividade física, medicação, estilo de vida e
higiene pessoal. Na assistência prestada no apoio ao autocuidado, o profissional de
saúde colabora para que os indivíduos desenvolvam habilidades para resolver
problemas e lidar com as limitações (FIOCRUZ, 2015).
Como agente fundamental integrante da Equipe de Saúde da Família, o
enfermeiro deve utilizar de estratégias e planos de ação, a fim de estimular os idosos
e demais indivíduos com capacidade funcional comprometida, a promover a saúde,
adotando comportamentos saudáveis, mantendo o bem-estar, alcançando objetivos,
prevenindo doenças e agravos e fortalecendo a autonomia na execução de atividade
de vida diárias.

O cuidador

Fonte: altoastral.com.br

45
Cuidar é uma tarefa nobre e complexa, envolvendo sentimentos diversos e
contraditórios como, raiva, culpa, medo, angústia, confusão, cansaço, estresse,
tristeza, nervosismo, irritação, choro e medo da morte e da invalidez. É importante que
o cuidador compreenda as reações e os sentimentos que envolvem o indivíduo, para
que possa prestar a assistência da melhor maneira possível.
Nem sempre se pode escolher ser cuidador, em especial quando a pessoa que
se encontra fragilizada e limitada, necessitando de cuidados, compõe de um familiar
ou alguém próximo, como por exemplo, um amigo.
O cuidador é responsável por oferecer cuidados paliativos à pessoa assistida.
É um ser humano de qualidades especiais, expressas pelo forte traço de amor à
humanidade, de solidariedade e de doação.
De acordo com Ministério da Saúde (2018):

Os cuidados paliativos são tomados a partir do diagnóstico de uma


enfermidade, visando a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus
familiares. Por exemplo, um paciente que foi diagnosticado com câncer com
metástase em vários lugares do corpo, ele pode receber o cuidado junto à
sua família, para que tenha uma condição de conforto até o final da sua vida.

A ocupação de cuidador integra a Classificação Brasileira de Ocupações – CBO


sob o código 5162, que define o cuidador como alguém que “cuida a partir dos
objetivos estabelecidos por instituições especializadas ou responsáveis diretos,
zelando pelo bem-estar, saúde, alimentação, higiene pessoal, educação, cultura,
recreação e lazer da pessoa assistida”.
Pode ser alguém da família ou não, prestando cuidados à quem esteja
necessitando, seja por limitações físicas ou mentais, idosos ou não, fazendo pela
pessoa assistida, o que ela mesma faria por si, em termos do autocuidado, porém as
limitações próprias à sua condição, não lhe permite.
A pessoa a ser cuidada se encontra em estado de fragilidade e vulnerabilidade,
podendo apresentar reações e comportamentos que dificultam a assistência prestada
por parte do cuidador, como recusa em aceitar a alimentação ofertada ou para tomar
banho. É importante reconhecer e compreender essas possíveis dificuldades, lidando
de forma a não se frustrar, não se culpar.
O indivíduo à quem se presta a assistência deve ser tratado conforme com sua
idade. De acordo com o Ministério da Saúde, no Guia Prático do Cuidador, adultos e
idosos não se sentem à vontade se forem tratados como crianças. Mesmo fragilizados

46
ou com limitações, a pessoa a qual se presta o cuidado, deve ser incluída nas
decisões, sempre que possível, o que lhe confere autonomia e autoestima elevada.
Acompanhar e auxiliar o indivíduo é função do cuidador, realizando somente as
atividades as quais esse indivíduo não esteja em condições de fazer sozinho. É
importante ressaltar que algumas técnicas e procedimentos específicos da área da
saúde, principalmente área da enfermagem, não podem e não devem ser atribuídos
ao cuidador, ainda que ele tenha noções básicas de saúde, seu conhecimento se
aplica apenas para observar os sintomas e agravos, identificar situações de
emergência e solicitar socorro quando necessário.

Cabe ao cuidador:

 Atuar como elo entre a pessoa cuidada, a família e a equipe de saúde;


 Estar atento e ser solidário com a pessoa cuidada;
 Ajudar nos cuidados com a higiene pessoal;
 Estimular e ajudar na alimentação;
 Ajudar na locomoção e marcha;
 Acompanhar e ajudar em atividades físicas;
 Estimular atividades de lazer e ocupacionais;
 Realizar mudanças de decúbito em caso de acamados;
 Administrar as medicações orais, conforme a prescrição médica e
orientação da equipe de saúde;
 Manter a equipe de saúde informada sobre mudanças no estado de
saúde da pessoa cuidada; entre outras funções.

Não cabe ao cuidador:

 Diagnosticar;
 Indicar ou receitar remédios;
 Ofertar medicamentos não prescritos;
 Administrar medicações injetáveis ou vacinas;
 Realizar curativos;
 Cuidar dos serviços domésticos;
47
 Servir os demais familiares e visitas;
 Passear com animais de estimação e cuidar das crianças.
Ele pode, contudo, acompanhar o paciente em exercícios físicos leves, em
consultas médicas, na realização de exames e também administrar medicamentos
(devidamente prescritos) nos horários certos. Tudo de acordo com a orientação de
especialistas das áreas competentes.

O cuidador e a equipe de saúde

Fonte: acheisudoeste.com.br

É fundamental que a equipe de saúde tenha sensibilidade ao lidar com os


cuidadores. No livro “Você não está sozinho” produzido pela ABRAz, Nori Graham,
Chairman da ADI – Alzheimer Disease International, diz: “uma das maneiras mais
importantes de ajudar as pessoas é oferecer informação. As pessoas que possuem
informações, estão mais bem preparadas para controlar a situação em que se
encontram”.
Como mencionado anteriormente, o cuidador não dever ser caracterizado como
um profissional de saúde, portanto, não devendo executar procedimentos técnicos
que não lhe compete. Porém suas atividades devem ser planejadas junto aos
profissionais de saúde e com os familiares, ficando claro qual o papel que cada um
desempenha para uma assistência de qualidade. A equipe de saúde deve orienta-lo
48
sobre quais procedimentos o mesmo não pode realizar, quando acionar a equipe de
saúde e como reconhecer sinais e sintomas de perigo. A qualidade da assistência
prestada, de forma a atender as demandas do indivíduo a ser cuidado, vai depender
dos conhecimentos e disponibilidade desse cuidador.
Essa parceria entre os profissionais de saúde e o cuidador possibilita a
sistematização das tarefas a serem realizadas no domicílio, em especial aquelas
pertinentes à promoção da saúde, à prevenção de incapacidades e à manutenção da
capacidade funcional da pessoa cuidada, contribuindo assim para diminuição dos
índices de hospitalização, na medida do possível, do encaminhamento para
instituições de longa permanência e outras formas de segregação e isolamento.
Miranda et al., 2015 apud Nunes et al., 2019 afirmam:

Alguns estudos apontaram que os cuidadores carecem de suporte


profissional e de um espaço para compartilhar dúvidas e anseios, reforçando
a necessidade de implementação de políticas públicas voltadas para a
atenção à saúde do cuidador, assim como ações para instrumentalizar as
famílias para a assistência efetiva a seus familiares idosos mais dependentes.

O cuidador e a família

Fonte: olhardacidade.com.br

A partir do diagnóstico de uma doença, inúmeros fatores negativos surgem no


ambiente familiar, refletindo no relacionamento entre o cuidador, a pessoa cuidada
(idosa ou não) e os demais familiares.
49
Dentre eles estão:
 Não aceitação do diagnóstico;
 Administrar o estresse do dia-a-dia;
 Interagir com a família (que muitas vezes não quer ajudar);
 Sobrecarga de responsabilidade (geralmente sobre um elemento da
família);
 Planejar o futuro; entre outros.
O nível elevado de estresse vivenciado pelos cuidadores, os colocam em
condições/situações de risco para um grande número de transtornos.
Dentre eles estão:
 Doenças físicas;
 Depressão;
 Perda de peso;
 Insônia;
 Abuso de álcool e de medicamentos psicotrópicos;
 Alterações na vida conjugal e familiar.
De acordo com Martinelli, 2019, abusar física e verbalmente do paciente
também é um exemplo de problemas enfrentados, como consequência do estresse
em cuidadores. O ideal é que ele seja o sujeito mais tranquilo e fisicamente saudável,
o que lhe permitirá prestar uma assistência de qualidade.

Historicamente, as mulheres assumiram a função de cuidar dos seus


membros familiares mais necessitados, inicialmente, por tal função ser vista
como mais feminina, depois, pelo fato de ainda não estarem inseridas no
mercado de trabalho (MORGIRA; CALDAS,2007 apud NUNES et al., 2019).
Essa mudança é um desafio para os profissionais de saúde, especialmente
os enfermeiros, que devem ampliar seu olhar para o “homem cuidador” e
rever seus estereótipos associados ao cuidar como uma função feminina. É
preciso e possível encorajá-los a assumir essa tarefa familiar, a exemplo
daqueles que decidiram cuidar de suas esposas, contrariando corajosamente
os valores sociais e culturais e lançando-se à tarefa de cuidar, classificada
como eminentemente feminina (GONÇALVES et al., 2011 apud NUNES et
al., 2019).

A família deve se unir em apoio ao cuidador, estando emocionalmente próxima


do mesmo e, para que isso ocorra, é necessário estar ciente de suas necessidades e
anseios, como por exemplo:
 Qualidade do sono;
 Apetite;
50
 Vida social;
 Saúde; entre outros.
É necessário que haja interação familiar no processo do cuidado, para que a
sobrecarga dos cuidadores não o leve a ignorar suas próprias necessidades,
negligenciando o autocuidado, resultando em doenças físicas e mentais e também
para que ele não negligencie a assistência à pessoa cuidada. Diante das condições
desencadeantes dessa sobrecarga, sendo na grande maioria, sob um próprio familiar,
faz-se necessário um planejamento terapêutico que envolva a pessoa cuidada
(geralmente um idoso), o cuidador (geralmente um familiar) e a família, possibilitando,
assim, a prevenção de agravos à saúde e a melhoria na qualidade de vida de todos
os envolvidos (NUNES et al., 2019).
O apoio familiar é essencial para tomar medidas psicossociais que contribuem
imensamente para a qualidade de vida de toda a família.

51
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