Beatriz Pereira - 1010812
Beatriz Pereira - 1010812
Beatriz Pereira - 1010812
TPG daiGuarda
Polytechnic
of (unrda
RELATÓRIO DE ESTÁGIO
dezembro 1 2017
ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA E GESTÃO
AMBIENTE
Dezembro de 2017
FICHA DE IDENTIFICAÇÃO
Identificação da Aluna:
Dados do Projeto:
Página ii
PLANO DO PROJETO
Página iii
RESUMO
Página iv
ABSTRACT
Introductory Note - Many dairies and countries have been introducing programs in dairy
farms to ensure safety, quality and ensure the same standards in dairy products. It is
therefore necessary to draw up a risk assessment in order to gain a better understanding
of the causes of harmful effects and their control measures.
The Theme - The Program – Leite de Vacas Felizes (Puro Leite de Pastagem) created by
the company Fromageries Bel's mission is "Doing good, well done". This program is
about doing good for the animals, for the producers, for the economy, for the ecosystem
of the island and for all of us, guaranteeing the pasture 365 days a year and the most
rigorous criteria of quality, sustainability and animal welfare, the target farm of this
project, belongs to the Program- Leite de Vacas Felizes (Puro Leite de Pastagem) and
with this study intends to detect improvement opportunities related to Occupational
Health and Safety with the support of OHSAS 18001 of 2007
Methodology - Through various site analyses, risks related to health and safety at work
will be identified that the study exploration under the program – Leite de Vacas Felizes
(Puro Leite de Pastagem) may be exposed. All items identified will be verified and
assigned their respective probabilities and consequences according to the risk matrix
adopted. The proposals and improvement actions will be elaborated together with the risk
matrix. Once the risks are quantified, they will be prioritized according to the level of risk
from the highest risk to the lowest risk.
Desired Results - This project aims to serve as a source for the detection of opportunities
for improvement for the exploration under study. This project has no normative validity
and does not replace official national or international standards.
Página v
AGRADECIMENTOS
Ao orientador Professor Rui Pitarma pela orientação dada, pela motivação e o valioso
acompanhamento durante o desenvolvimento deste projeto. Assim como a todos os
professores pela incansável vontade de partilhar o saber.
À minha família por todo o carinho, motivação e apoio económico, que sempre me
prestaram ao longo de todo este percurso académico.
Página vi
ÍNDICE
Ficha de identificação ....................................................................................................... ii
Resumo ............................................................................................................................ iv
Abstract ............................................................................................................................. v
Agradecimentos ............................................................................................................... vi
Glossário ........................................................................................................................... x
1. Introdução ................................................................................................................. 1
2.2.1. Análise critica ao programa “Leite de vacas felizes- puro leite de pastagem”
3
2.6. Identificação dos riscos a que está exposta a exploração em estudo ............... 20
Página vii
2.6.2. Riscos intrínsecos aos negócios da exploração ........................................ 25
Anexo 1 .......................................................................................................................... 52
Lista de verificação para certificação do programa “Leite de Vacas Felizes – puro Leite
de pastagem”............................................................................................................... 52
Anexo 2 .......................................................................................................................... 62
Boas práticas para aplicar ao longo dos cinco pilares (nutrição animal, qualidade do
leite, saúde animal, bem-estar, ambiente) da Exploração........................................... 62
Anexo 3 .......................................................................................................................... 77
Página viii
ÍNDICE DE FIGURAS
ÍNDICE DE IMAGENS
ÍNDICE DE TABELAS
Página ix
GLOSSÁRIO
NOTA 1: pode existir mais do que uma causa para uma potencial não-
conformidade.
Dipping Imergir
Página x
*Identificação do Processo de reconhecer a existência de um perigo e de definir as
perigo suas características.
Página xi
Novilhas Cria de vaca do sexo feminino = Bezerra
Pedilúvio Banho dado aos pés ou às patas; Local destinado a lavar os pés
ou as patas.
Página xii
*Risco Combinação da probabilidade da ocorrência de um
acontecimento perigoso ou exposição(ões) e da severidade das
lesões, ferimentos ou danos para a saúde, que pode ser causada
pelo acontecimento ou pela(s) exposição(ões).
Vacas pluríparas Vaca que vai parir ou pariu mais de uma vez.
Vacas primíparas Vaca que vai parir ou pariu pela primeira vez.
Nota: as definições presentes no glossário assinaladas com [*] têm como fonte a OHSAS 18001:2007
Página xiii
ACRÓNIMOS
Página xiv
INTROUÇÃO
1. INTRODUÇÃO
A Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho é uma área onde se tem verificado um grande
desenvolvimento, especialmente durante as duas últimas décadas, e que assume, cada vez
mais, preponderância nos mais diversos ramos de atividade humana. A prevenção é a
prioridade da Higiene e Segurança no Trabalho, ou seja, privilegia-se a intervenção a
montante, por forma a minimizar ou eliminar os riscos intrínsecos a cada atividade. A
utilização de medidas preventivas permite às empresas ressalvarem a segurança dos
trabalhadores, e desfrutarem de benefícios como: a redução do absentismo por baixas de
doença, redução das pensões e indemnizações por invalidez e morte; e o mais relevante,
o aumento da produtividade e a consequente melhoria da própria imagem no mercado.
A metodologia adotada para a realização deste trabalho envolveu primeiramente, uma
revisão bibliográfica, sendo esta fulcral para o desenvolvimento de conhecimentos
necessários para a realização do caso de estudo proposto, seguidamente foi de suma
importância a observação e o levantamento de riscos no local de trabalho para
posteriormente ser feita a avaliação destes.
- No presente capítulo será feita uma introdução ao tema em estudo a ser desenvolvido;
Página 1
CARACTERIZAÇÃO DA EXPLORAÇÃO
2. CARACTERIZAÇÃO DA EXPLORAÇÃO
O Grupo Bel foi fundado em 1865 na França e é uma empresa internacional liderada pela
quinta geração de gestores da mesma família. O foco do seu modelo de negócio é
essencialmente o queijo, sendo o Grupo um líder global em porções individuais.
Estas marcas representam 70% das vendas do Grupo a nível mundial. Em Portugal possui
as seguintes marcas:
A Bel Portugal, através da marca Terra Nostra, criou o Programa Leite de Vacas Felizes,
este projeto tem como missão contribuir para uma produção mais sustentável, de forma a
conseguir um leite único de qualidade superior – um puro leite de pastagem.
O Programa Leite de Vacas Felizes está dividido em 5 pilares: Nutrição animal, Higiene
do Leite, Saúde Animal, Bem-Estar Animal e Ambiente. Para aderir ao Programa e ser
um produtor certificado, este tem de cumprir um conjunto de requisitos e boas-práticas
agropecuárias tendo, por outro lado, à sua disposição um conjunto de benefícios que
passam por uma melhor valorização do leite, suporte técnico dedicado, apoio na aquisição
de sistemas informáticos adequados e vários benefícios sociais. A marca Terra Nostra,
símbolo de pura naturalidade, reforça com este programa o investimento na sua origem
única, Açores (Revista Ruminantes, s.d.).
Apesar de os produtores assumirem que o programa “Leite de vacas felizes- Puro leite de
pastagem” permite que estes tenham práticas agrícolas mais sustentáveis e elevados
controlos de qualidade, a burocracia inerente a este programa para permitir a melhoria
continua e a obtenção de um produto de excelência é muito elevada, no inicio do
programa esta era vista como uma obrigação por parte dos produtores, mas quando estes
se aperceberam que o tempo gasto nos registos era poupado mais à frente e/ou que lhe
permitiam gerir melhor a sua exploração, já se tornou parte integrante do seu trabalho.
2.3. A EXPLORAÇÃO
Aos 13 anos passou a trabalhar a tempo inteiro e como um trabalhador adulto nas vacas,
juntamente com um outro trabalhador contratado pela família (Augusto Costa) que tinha
apenas 18 anos. Utilizavam para ordenhar as vacas uma ordenha com capacidade de
ordenhar quatro vacas de cada vez. Desde cedo foi adquirindo experiência e apurando a
qualidade do leite, nesta altura encontrava-se com 70 vacas em produção. Com apenas 16
anos, após o pai falecer, teve de tomar responsabilidade pela exploração da família
juntamente com o seu irmão Silvério, que era apenas 11 meses mais novo. Três anos mais
tarde, um outro irmão (Daniel) finaliza a sua escolaridade e junta-se à lavoura, desta
forma foram progredindo lentamente e aumentado o seu património (que se encontrava
agora com 120 vacas e muitos mais terrenos).
•Aos 25 anos, altura em que se casou, decidiu montar a sua própria exploração, fê-lo
1992 com um terreno de 12,5 hectares (comprado a Tiago Plácido por 110000 euros) com
12 vacas de primeira barriga (primíparas) e 13 vacas de segunda (pluríparas), uma
ordenha de segunda mão (com 12 anos de serviço) e um cavalo.
•Após aprovação do projeto, iniciou as atividades da exploração e adquiriu um trator de
1994 60 cavalos e uma ordenha de circuito fechado com capacidade de ordenhar 6 vacas
para obter melhores condições de trabalho e qualidade.
•Aquisição de 6,5 hectares de terreno e mais dez vacas (comprados a Manuel Jacinto
1995 por 100000 euros), ficando desta forma com um total de 35 vacas.
•Aquisição de 12,5 hectares de terreno de renda (Pico do Pavão) e aumento do seu
1998 número de animais para 50 (compra mais 15). Nesta data adere também aos Contraste
Leiteiro, onde foi classificado desde a data em questão aos dias correntes, sempre no
top 10, tanto em gordura/proteína e quantidade de leite, amealhando ainda diversos
prémios individuais como vacas excelentes e vacas a ultrapassar a barreira dos 100000
litros de leite em vida. Todos os anos é-lhe atribuído o prémio de produtor excelente
por nunca ter perdido um único ponto na sua classificação.
• Construção de uma manjedoura tapada e um armazém onde passa a ordenhar
2003 as vacas abrigado.
• Compra de um Unifeed, uma trincheira para armazenar comida, um reservatório de
2005 água com cerca de 900000 m³ e um trator de 75 cavalos, através de um segundo
projeto aprovado.
2
1
4
1- Parque de alimentação;
2- Sala de leite e refrigeração;
3- Nitreira e estábulo de recriação;
4- Armazenamento de maquinaria, equipamento e produtos fitofarmacêuticos.
5- Zona de pastagem permanente.
Figura 4 - Mapa da exploração
Fonte: Arquivo Pessoal
As vacas leiteiras são animais que estabelecem rotinas, sendo evidente a definição de
horários específicos para alimentação e descanso, e também para a ordenha. É bem
conhecido, por exemplo, que as vacas leiteiras se sentem mais confortáveis quando a
oferta de alimentos é realizada pela mesma pessoa e nos mesmos horários. Da mesma
forma com a ordenha, que deve ser conduzida com cuidado e de preferência sempre nos
mesmos horários e pelas mesmas pessoas.
O ordenhador
A ordem com que as vacas são ordenhadas é chamada de linha de ordenha. Esta é
geralmente definida com base no diagnóstico de mastite, realizando-se a ordenha na
seguinte sequência:
Metodologia da ordenha
Açores, 8,5% do Valor Acrescento Bruto (VAB), enquanto em Portugal se limita aos
2,3%, verificando-se que também a percentagem de população empregada no setor
primário é superior à registada a nível nacional (INE, Anuário Estatístico da Região
Autónoma dos Açores, 2011).
No âmbito da evolução e das principais tendências no setor dos laticínios, são de destacar
alguns desafios com que este setor se depara:
Peso do setor cooperativo - A agricultura nos Açores tem uma forte presença do setor
cooperativo. São disso exemplos casos como a UNICOL, a LACTAÇORES, a
UNILEITE, a Cooperativa Agrícola do Bom Pastor, a Cooperativa União Agrícola, ou a
União de Cooperativas Agrícolas de Laticínios de S. Jorge. Estas cooperativas são
responsáveis por uma fração significativa do volume de negócios e do emprego no setor.
Nos últimos anos tem vindo a ser apontada a necessidade de introdução de melhorias na
gestão nas cooperativas no sentido de assegurar a sua sustentabilidade.
Baixas qualificações – A grande maioria dos produtores regionais apresenta níveis muito
reduzidos de formação. Este facto acarreta consequências negativas ao nível da sua
capacidade de gestão, dificultando o crescimento das empresas existentes e o surgimento
de atividades inovadoras.
A exploração é gerida pelo seu único proprietário, que é também o responsável pela
implementação das políticas e objetivos estratégicos, assim como as tomadas de decisão.
Seguindo ainda os requisitos da norma NP 4469-1 (IPQ, 2008), a identificação das partes
interessadas deve ter em conta a escala, a natureza e a localização geográfica das
atividades e produtos da organização e deve ter em conta os seguintes critérios:
• Vínculo: as partes interessadas para com as quais a organização tem, ou poderá vir a
ter, obrigações legais, financeiras ou operacionais na forma de regulamentos,
contratos, políticas ou códigos de conduta;
• Influência: as partes interessadas que influenciam ou possam vir a influenciar a
capacidade de a organização atingir os seus objetivos, independentemente das suas
ações serem no sentido de facilitar ou de dificultar o seu desempenho;
Representaçã
Proximidade
Dependência
Influência
Vínculo
Partes Interessadas
o
Autoridades Locais e Regionais X X
Autoridades Nacionais X
Autoridades Reguladoras X
Instituições Financeiras X X X
Fornecedores X X X
Associação de Produtores X X
Empresas Prestadoras de Serviços X X
Clientes X X X
Externas Consumidores X
Associação de Consumidores X X
Família dos Colaboradores X
Média X X X
ONGs X
Entidades Certificadoras X X
Sindicatos X X X
Associações Ambientalistas X X
Concorrentes X
Acionistas X X X X X
Internas Colaboradores X X X X X
Gado X X X
Ainda de acordo com a norma NP 4469-1 (IPQ, 2008), “a organização deve estabelecer,
implementar e manter um ou mais procedimentos para, a partir do conjunto de partes
interessadas identificadas, determinar:
• as que são ou possam vir a ser mais afetadas pelas atividades e produtos da
organização, e
• as que mais afetam ou podem vir a afetar as atividades e produtos da organização,
isto é, as suas partes interessadas significativas”.
Os clientes são a parte interessada mais significativa uma vez que a exploração tem como
único cliente o Grupo Bel, classificada de acordo com os critérios de vínculo, influência
e proximidade por serem aqueles que compram com regularidade numa empresa ou que
tem uma relação continua e estável com a mesma (adaptado de Brandão, 2009).
Os consumidores “são aqueles que adquirem bens sem estabelecer um vínculo comercial
a longo prazo com a empresa, restringindo-se ao atendimento das suas necessidades no
momento da compra” (Brandão, 2009). Sendo por isso classificados apenas consoante o
critério de influência.
Os média são o conjunto dos meios de comunicação social (Priberam, 2013) e foram
classificados conforme os critérios de influência, proximidade e dependência já que a
relação estabelecida entre eles e o Programa é de benefício mútuo, isto é, por ser uma
forma eficiente de publicitar os produtos do Programa ao mesmo tempo que é uma fonte
de renda para os média.
Os concorrentes são organizações que atuam e competem no mesmo setor e por este
motivo, foram classificados pelo critério de influência pela pressão que podem exercer
no Grupo. Para atingir o progresso contínuo torna-se imprescindível que a organização
esteja a par das tendências de mercado e das políticas comerciais dos principais
concorrentes para acompanhar as mesmas, mantendo a sua posição estratégica, através da
apresentação de produtos com caraterísticas mais vantajosas em relação à concorrência.
(David & Sanches, 2016).
Os acionistas são titulares de ações de uma sociedade anónima ou de uma sociedade por
ações (Infopédia, 2017), e como tal são fundamentais para manter a liquidez e
consequentemente a credibilidade da exploração e consequentemente do Programa,
E por último o gado, considerado como um conjunto de animais criados no campo para
trabalhos agrícolas ou uso doméstico e industrial (Significados, 2017c), são partes
interessadas classificadas consoante os critérios de vínculo, influência e proximidade.
Tendo em conta a importância que o gado tem ao fornecer a principal matéria prima para
a exploração desenvolver as suas atividades, convém que seja devidamente identificado
enquanto parte interessada, mesmo porque conforme a legislação comunitária e nacional
os animais passaram a ter um estatuto jurídico próprio que os reconhece como seres vivos
dotados de sensibilidade e os autonomiza face a pessoas e coisas.
como pode esta aproveitar tais oportunidades e minimizar essas ameaças. A seguir
apresentamos os riscos externos:
• Fim da Quotas Leiteiras em 2015
• Diferenças de Remuneração
• Riscos Relacionados ao Ambiente Económicos nos Principais Mercados
• Riscos Relacionados à Exposição ao Ambiente Geopolítico e Distribuição
Regional dos Negócios do Grupo
• Riscos Relacionados Com a Volatilidade dos Preços das Matérias Primas
• Riscos Relacionados com a Regulamentação
• Riscos Relacionados Com a Concorrência
• Riscos Reputacionais
• Riscos Relacionados ao Aquecimento Global
• Riscos Legais e Judiciais
• Riscos Financeiros
• Riscos de Liquidez
• Riscos da Taxa de Juros
• Riscos de Contrapartida
Na altura em que, a dois anos de Portugal aderir à Comunidade Europeia, foi decidida a
introdução de quotas à produção leiteira dos seus Estados-membros, o preço estava
garantido independentemente da real procura no mercado e não havia limite de produção,
com as quotas começou a haver limite. O fim destas teve como consequência a redução
do preço do litro de leite, muitas vezes inferior ao custo de produção. Os países que
anteriormente não possuíam uma quota de leite, passaram a produzir muito mais,
decorrendo, portanto, um excesso de produção e fazendo com que muitos produtores
declarassem insolvência por não obterem retorno para pagar o custo de produção.
Diferenças de Remuneração
A produção de leite e suas vendas são influenciadas pelo clima económico global nos
seus principais mercados. Nos períodos em que a economia diminui substancialmente, o
consumo pode diminuir com um efeito negativo no crescimento das vendas.
A volatilidade dos preços das matérias primas que a exploração utiliza para produzir o
leite afeta o lucro gerado, já que a influência do preço da matéria prima nas quantidades
produzidas, o clima e as flutuações da procura global e regional afetam o preço final do
leite.
Riscos Reputacionais
Esses fenômenos têm graves consequências para o setor agrícola e segurança alimentar a
nível global. O setor lácteo é afetado ao longo da sua cadeia de valor, desde culturas
cultivadas para alimentação de gado até rendimentos de leite (que dependem de condições
climatéricas) para consumidores cada vez mais preocupados com o impacto de sua dieta
no meio ambiente.
Riscos Financeiros
• Risco de Liquidez
Este risco refere-se à possibilidade de ocorrência de uma diferença entre os fluxos de
pagamento e de recebimento, gerando, desse modo, uma incapacidade para cumprir os
compromissos assumidos. Ou seja, em tal situação, as reservas e disponibilidades de uma
instituição tornam-se insuficientes para honrar as suas obrigações.
O Programa Leite de Vacas Felizes está dividido em 5 pilares: Nutrição animal, Higiene
do Leite, Saúde Animal, Bem-Estar Animal e Ambiente. Todos esses pilares que
constituem o programa implicam o cumprimento de requisitos estipulados pelo Grupo
Bel, se os produtores não cumprirem os requisitos mínimos não poderão ser fornecedores
de leite. São feitas auditorias de modo a confirmar se os fornecedores cumprem os
requisitos, caso algum falhe o produtor tem dois meses para tentar compor a falha de
incumprimento, depois é auditado novamente para saber se está de acordo ou não, a
qualquer momento um produtor pode deixar de ser certificado pelo programa.
O produtor selecionado para este estudo pretende futuramente criar uma queijaria e a
abertura de turismo rural na exploração em questão. O turismo no espaço rural constitui
uma atividade geradora de desenvolvimento económico para o mundo rural quer por si
só, quer através da dinamização de muitas outras atividades económicas que dele são
geradas e que com ele interagem. Apesar disso tudo é necessário ter preocupações
relativas ao bem-estar animal, dado que, muita afluência de pessoas pode gerar stress nos
animais e uma maior propensão a doenças, é necessário haver limites de fluxo de pessoas
e respeitar o ecossistema existente anteriormente.
Os vários produtos da Bel estão sujeitos aos gostos e expectativas dos consumidores. Se
não se conseguir antecipar, identificar e entender as mudanças nos gostos e hábitos
alimentares dos consumidores, as vendas e resultados poderiam ser afetados
negativamente.
Embora a lista de vantagens de uma estratégia de fornecedor único seja mais longa, é
importante não subestimar a importância de diminuir a dependência. Os negócios
dependem de um fluxo ininterrupto de produtos ou serviços ao longo da cadeia de
suprimentos e, quando esse fluxo é interrompido devido a limitações de capacidade,
podem ocorrer complicações financeiras e potenciais problemas de qualidade na
exploração.
Muitas empresas acabam focando nos grandes clientes porque é mais fácil lidar com
poucos clientes que gerem maior valor de negócios e porque ter uma carteira com muitos
clientes que fazem pedidos pequenos tem um problema sério de custos. Mas a elevada
dependência deixa a exploração a mercê das políticas do Grupo Bel.
Como exemplo de uma das doenças associadas ao gado e que teve grandes consequências,
podemos referir a doença da “Vaca Louca”, esta pode ser transmitida através de uma
proteína chamada Príon, presente na farinha de carne e ossos de animais infetados com a
doença. Uma epidemia como estas no gado pode fazer com que o dono da exploração
perca a sua principal fonte de rendimento, tendo consequências gravíssimas para a
sustentabilidade do seu negócio que depende fortemente do gado.
OHSAS é uma sigla em inglês para Occupational Health and Safety Assessment Series,
ou seja, Série de Avaliação de Segurança e Saúde Ocupacional. Esta norma é baseada
num modelo de implementação do ciclo PDCA ou ciclo de Deming. O PDCA consiste
numa metodologia que potencia a melhoria contínua, e desenvolve-se em 4 fases,
podendo ser aplicada a cada processo ou a todo o sistema.
de decisões, onde as escolhas tenham que ser feitas e as opções envolvam diferentes tipos
e níveis do risco.
Entradas:
Convém que a escala (ou escalas) de consequência abranja toda a faixa dos diferentes
tipos de consequência a serem considerados, bem como da consequência máxima credivel
até a consequência de menor grau de preocupação.
Tabela 4 - Consequências
Impacto Pequenos cortes, irritação dos olhos, dor de cabeça,
1 Leve
Consequência
irrelevante desconforto.
Impacto Lacerações, queimaduras, fraturas menores, surdez,
2 Média
Considerável dermatoses, asma, lesões músculo-esqueléticas.
Impacto Muito Amputações, fraturas maiores, intoxicações, lesões
3 Grave
Alto múltiplas, cancro e doenças crónicas, morte.
Tabela 5 – Probabilidades
Espera-se que A verossimilhança (probabilidade de ocorrência) dos
A Improvável possa ocorrer eventos de risco é baixa, sendo a vulnerabilidade dos
raramente trabalhadores também reduzida.
Probabilidade
Espera-se que
Os eventos de risco podem ocorrer com relativa
venha a ocorrer
B Ocasional probabilidade, onde a vulnerabilidade dos
com relativa
trabalhadores está condicionada às ocorrências.
facilidade
Espera-se que Os eventos de risco podem ocorrer com
venha a ocorrer probabilidade muito elevada, possuindo os
C Provável
com muita trabalhadores uma vulnerabilidade também muito
facilidade elevada perante essa ocorrência.
Processo:
Muitos eventos de risco podem ter uma faixa de resultados com diferente probabilidade
associada. Normalmente, os menores problemas são mais comuns do que as catástrofes.
Portanto, há uma escolha em se classificar os resultados mais comuns, ou a combinação
mais grave ou alguma outra combinação. Em muitos casos, é apropriado focar nos
resultados confiáveis mais graves já que estes representam a maior ameaça e são muitas
vezes os mais preocupantes. Em alguns casos pode ser apropriado classificar problemas
comuns e catástrofes improváveis como riscos separados. É importante que a
probabilidade pertinente para a consequência selecionada seja utilizada e não a
probabilidade do evento como um todo.
Por fim, consoante os resultados, prioriza-se os riscos a tratar, sendo os de nível mais alto
os que requerem atenção imediata.
Saídas:
As saídas são uma classificação para cada risco com níveis de significância definidos.
Imagem 1 - Entrada para a sala de ordenha Imagem 2 - Cordéis de puxar o concentrado na sala de
ordenha
O tratamento do risco implica a seleção de uma ou mais opções para modificar os riscos
e a implementação dessas opções. Uma vez implementados, os tratamentos proporcionam
ou modificam controlos (IPQ, 2013).
Para este projeto, foi elaborado um plano de ação feito a partir dos riscos identificados.
Para cada risco é associada uma probabilidade e uma consequência e a partir destas são
elaborados os níveis de risco. Por fim, consoante os resultados, são escolhidos os níveis
de risco e a sua respetiva priorização, os prazos, os responsáveis pelo tratamento do risco
e as formas como estes tratamentos serão abordados de forma a promover a melhoria
contínua, algumas observações também serão tecidas. A seleção, aplicação e
implementação das ações corretivas descritas no decurso do plano de ação são da
responsabilidade da empresa. A seguir apresentamos o plano de ação para os riscos
identificados na exploração em estudo:
Exploração de gado bovino: José Eduardo Botelho Pereira Lda. Página 1/7
Por fim, consoante os resultados, prioriza-se os riscos a tratar, sendo os de nível mais alto os
que requerem atenção imediata.
Exploração de gado bovino: José Eduardo Botelho Pereira Lda. Página 2/7
Responsável Prazo
José Eduardo Botelho Pereira e Fernando Luis Diariamente
Pimentel Pacheco
Responsável Prazo
José Eduardo Botelho Pereira e Fernando Luis
Sempre que utilizados
Pimentel Pacheco
Observações: Por uma questão de praticidade os trabalhadores ainda não adotaram o hábito de utilizar os
medicamentos selecionados pelo veterinário e armazenar imediatamente após utilização.
Normalmente antes do inicio da ordenha, se alguma das vacas necessitar de tratamento, o
medicamento é selecionado previamente, é administrado e só no final da ordenha é
armazenado no local correto.
Responsável Prazo
José Eduardo Botelho Pereira e Fernando Luis Diariamente
Pimentel Pacheco
Observações: Após a realização da identificação de riscos deste projeto os trabalhadores tomaram como
prática corrente a utilização de luvas.
Exploração de gado bovino: José Eduardo Botelho Pereira Lda. Página 3/7
Responsável Prazo
José Eduardo Botelho Pereira e Fernando Luis A frequência de utilização do pedilúvio não deve ser
Pimentel Pacheco superior a um dia por semana, caso contrário deve ser
prescrito pelo médico veterinário.
Observações: Uma vez que, semanalmente são produzidos cerca de 80 litros de águas residuais no
pedilúvio, a solução sugerida, seria pedir apoio à fábrica para recolher num camião cisterna
esses residuos e tratar na ETAR da fábrica.
Responsável Prazo
José Eduardo Botelho Pereira Até ao final do ano de 2017
Observações: Após a realização da identificação de riscos deste projeto o dono da exploração decidiu
arredondar as ombreiras das portas e constatou que a quantidade de bovinos com pequenas
lesões diminuiu.
Responsável Prazo
José Eduardo Botelho Pereira e Fernando Luis Diariamente
Exploração de gado bovino: José Eduardo Botelho Pereira Lda. Página 4/7
Responsável Prazo
José Eduardo Botelho Pereira Até ao final do ano de 2017
Observações: Após a realização da identificação de riscos deste projeto o dono da exploração corrigiu as
bolhas no tapete antiderrapante.
Responsável Prazo
José Eduardo Botelho Pereira Até ao final do ano de 2017
Observações: Após a realização da identificação de riscos deste projeto o dono da exploração aplicou um
corrimão nas escadas.
Responsável Prazo
José Eduardo Botelho Pereira Até ao final do ano de 2018
Observações: As saídas da sala de ordenha neste momento ainda se encontram em esquina, o dono da
exploração decidiu priorizar as suas áreas de intervenção relativas às melhorias e achou que
corrigir as esquinas à entrada da sala de ordenha seria mais relevante, uma vez que depois de
ordenhadas as vacas encontram-se mais calmas e estáveis e nunca foi detetado até ao
momento ferimentos causados à saida. Futuramente o dono pretende arredondar estas como
modo de prevenção.
Exploração de gado bovino: José Eduardo Botelho Pereira Lda. Página 5/7
Responsável Prazo
José Eduardo Botelho Pereira e Fernando Luis
Diariamente
Pimentel Pacheco
Responsável Prazo
José Eduardo Botelho Pereira Mensalmente
Responsável Prazo
José Eduardo Botelho Pereira Diariamente
Observações: A exploração em estudo limita o acesso à sala de leite só a pessoas. Possui estações rateiras
aplicadas em diversos sitios, e ao invés de possuir electrocaçadores possui telas colantes,
uma vez que estas têm a vantagem de n‹ã o dispersar as partí’culas dos insectos capturados.
Exploração de gado bovino: José Eduardo Botelho Pereira Lda. Página 6/7
Responsável Prazo
José Eduardo Botelho Pereira Até ao final do ano de 2018
Observações: O próximo projeto almejado pelo gestor ao abrigo do programa PRORURAL será a instalação
de um método de controlo automatizado. O dono ainda não realizou esta ação, uma vez que
ainda está a concluir um projeto de investimento de máquinas agricolas ao abrigo deste
programa e só no final o poderá fazer. No entanto, sugere-se a aplicação de um outro tipo de
extremidades, como por exemplo, uma esfera em plástico.
Exploração de gado bovino: José Eduardo Botelho Pereira Lda. Página 7/7
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
É necessário que estas ações façam parte da estratégia organizacional, não como uma
obrigação, mas como ação voluntária sempre com o intuito de melhorar continuamente a
empresa e lhe agregar valor.
ABNT. (2012). NBR ISO/IEC 31010 - Gestao de Riscos - Tecnicas para o Processo de
Avaliaçao de Riscos. Rio de Janeiro: ABNT.
Abreu, R., & Carreira, F. (2010). A relevância Responsabilidade Social para o Valor da
Empresa:. II CONFERÊNCIA IIRH - DILEMAS DE UMA SOCIEDADE EM
TRANSFORMAÇÃO, (pp. 1-18). Setúbal.
APDL – Administração dos Portos do Douro e Leixões, S.A. (2015). Gestão do Risco
Empresarial, Incluindo os Riscos de Corrupção e Infrações Conexas. APDL.
Obtido de
http://www.apdl.pt/documents/10180/46025/ManualGestaoRiscos_v02_AprovC
A_16Jul2015_2.pdf/16fb5e46-b1ec-48c4-961e-06bec37f30f5
Bel Group. (2012). Code of Good Business Practices. Obtido em 26 de Abril de 2017, de
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Bel Group. (2014a). Bel Group 2014 Corporate Social Responsibility Report. Obtido em
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David, F., & Sanches, E. (2016). Responsabilidade Social das Empresas no Contexto
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FAO e IDF. (2013). Guia de Boas Práticas na Pecuária de Leite - Produção e Saúde
Animal Diretrizes. 8. Roma.
Raytheon Company. (2003). Risk Management Plan for the EMD Project. Upper
Marlboro, Maryland.
ANEXO 1
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5 Ambiente 8 Itens
Nº Item C N.C. N.A.
5.1 Nitreiras e fossas devem estar adequadamente implantadas e necessitam de ser
frequentemente inspecionadas para verificação da sua estanquicidade, de modo X
a evitar fugas de produtos potencialmente poluentes para o ambiente.
5.2 A exploração deve dispor de um plano de gestão dos efluentes que identifique os
períodos do ano, as quantidades de produtos e a sua taxa de aplicação no solo,
X
para minimizar os riscos de poluição, como a contaminação dos lençóis
freáticos. Tal aplica-se a chorumes, estrumes e outros efluentes orgânicos.
5.3 As embalagens vazias dos produtos fitofarmacêuticos devem ser removidas das
X
explorações agrícolas e eliminadas em condições de segurança
5.4 As embalagens usadas de medicamentos veterinários e produtos de uso
veterinário devem ser entregues bem-acondicionadas dentro de um saco de
plástico fechado nos centros VALORMED, ou ao seu fornecedor. As embalagens,
quando colocadas no saco, devem estar devidamente fechadas contendo todos X
os seus constituintes, incluindo cartonagens, bulas, frascos, ampolas, etc.. No
caso de existir alguma embalagem com excedente fora de prazo esta deve ser
encaminhada para o seu fornecedor e/ou médico veterinário.
5.5 Utilizar apenas produtos químicos homologados de acordo com as
recomendações que constam no rótulo. Eliminar as embalagens vazias de forma X
ambientalmente segura.
5.6 Os materiais poluentes como plásticos, sacas de adubos, de ração, plásticos de
rolos e de silagem, devem ser separados dos restantes resíduos e depositados X
nos pontos de recolha criados para o efeito.
5.7 As salas de ordenha e de leite devem possuir entradas e saídas de ar adequadas.
Na sala de leite a entrada de ar é importante para que o ar quente produzido
pelo refrigerador possa ser renovado. A saída de ar serve para que esse mesmo
ar quente possa sair da sala de leite, de forma a reduzir o consumo de energia
X
elétrica. A área de entrada de ar para a sala de leite deve ser o dobro da área de
saída do ar quente proveniente dos evaporadores. Entre a parede e a unidade do
evaporador deve existir uma conduta de ar que canalize o ar quente diretamente
para o exterior.
5.8 Sempre que possível, devem ser implementados sistemas de recuperação de
X
calor, para o aquecimento de águas da exploração.
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ANEXO 2
BOAS PRÁTICAS PARA APLICAR AO LONGO DOS CINCO PILARES
(NUTRIÇÃO ANIMAL, QUALIDADE DO LEITE, SAÚDE ANIMAL,
BEM-ESTAR, AMBIENTE) DA EXPLORAÇÃO
A seguir apresentamos as boas práticas que ao não serem contempladas podem gerar
riscos potenciais para os animais, para o produtor e para os distribuidores.
NUTRIÇÃO ANIMAL
HIGIENE DO LEITE
• O equipamento de ordenha deve estar limpo e/ou desinfetado antes de ter inicio a
operação de ordenha. Seguir as instruções do fabricante ao usar agentes de
limpeza e desinfeção em equipamentos de ordenha, incluindo recomendações de
enxague após aplicação.
• O fornecimento adequado de água limpa (fria e quente) deve estar sempre
disponível para as operações de ordenha, nomeadamente a limpeza dos
equipamentos e da sala de ordenha. A qualidade da água deve ser adequada para
este uso. Usar água à temperatura requerida pelo produto químico utilizado. Deve
possuir um plano de higienização.
• Deve possuir um plano de manutenção/inspeção e ser implementado por pessoal
qualificado à máquina de ordenha e também o registo atualizado das intervenções
efetuadas.
• A sala de ordenha deve ser projetada para permitir sua limpeza e organização.
Esta deve ser de fácil limpeza; ter água limpa disponível; ter luz e arejamento
suficiente para uma ordenha confortável e segura.
• A sala de ordenha deve conter um pedilúvio, o qual deve ser precedido de um
tanque lava-pés só com água. A sua localização deve ser junto à entrada da sala
de ordenha, (na sala completar a lavagem caso necessário), melhorando a higiene
do local. A finalidade deste tanque é remover a matéria orgânica presente nos
cascos das vacas e evitar que a solução do pedilúvio seja excessivamente
contaminada. O pedilúvio é importante para a prevenção de infeções podais.
Neste, deve-se colocar soluções antissépticas para reduzir a presença de micro-
organismos nos cascos. Podendo ser posicionados à saída da sala de ordenha.
• Deve ser respeitada a concentração da substância antisséptica conforme indicado
no rótulo do produto.
• A frequência de utilização do pedilúvio não deve ser superior a um dia por
semana, caso contrário deve ser prescrito por um médico veterinário.
• Os materiais da sala de leite devem ser resistentes e não podem constituir uma
fonte de contaminação do leite. Devem estar visíveis os planos de higienização e
limpeza da sala. A sala do leite deve apresentar-se limpa e livre de acumulações
de pó e lixo, produtos ou substâncias químicas que não estejam em uso constante.
A sala de leite não deve conter alimentos para animais.
de leite deve ser em cimento ou com um piso similar que garanta uma fácil
limpeza. Esta zona deve apresentar-se sempre limpa, para que o motorista possa
proceder às manobras de recolha de leite sem que exista risco de contaminação
com excreções dos animais, lama, barro e outros possíveis contaminantes. É
importante realçar que a zona de acesso à sala de leite deve ser limitada somente
a pessoas, sendo interdita a circulação de quaisquer animais (incluindo cães).
• O leite deverá ser transportado num tanque próprio, o qual deve apresentar-se
sempre limpo.
• Em momento algum durante o transporte de leite, deverá o veiculo de transporte
conter animais, silagens, ou quaisquer tipo de contaminante. Os tanques cisterna
devem ser sempre corretamente higienizados após cada utilização.
• Quando o leite entregue no posto é refrigerado, a temperatura do mesmo nunca
deve ser superior a 6ºC. Para as restantes entregas e leite no posto o tempo
decorrido entre o início da ordenha e a entrega no posto nunca deve ser superior
a 120 minutos.
SAÚDE ANIMAL
“Animais que produzem leite precisam ser sadios e um programa efetivo de manejo
sanitário do rebanho deve ser adotado”.
• Quando o estado sanitário dos bovinos adquiridos for desconhecido, eles devem ser
mantidos sob quarentena ou separados dos demais animais por um período de tempo
adequado.
• As práticas de saúde do efetivo leiteiro devem incluir o diagnóstico, prevenção,
tratamento e controlo de doenças relevantes, incluindo os parasitas internos e
externos. É importante garantir uma abordagem coerente e percetível para a saúde do
efetivo leiteiro de forma que todos os funcionários possam estar cientes e
compreendam o programa sanitário.
• As práticas devem englobar todos os aspetos da criação e maneio dos animais,
ordenha, bem como outras práticas de gestão relevantes para a saúde animal. Isso
pode incluir diagnóstico da doença, vacinação e/ou medidas de controlo que são
exigidas pelas autoridades de saúde animal.
• Medidas de diagnóstico:
→ Análise do leite: descoloração; presença de grumos; sanguinolento; cheiro
anormal.
→ Úbere: aumento da temperatura; vermelhidão; dureza/rigidez; com hematomas;
tetos gretados.
• Medidas preventivas:
→ Limpeza do chão após a defecação animal;
→ Caso necessária, limpeza apenas dos tetos (secar com papel individual);
→ Remoção dos primeiros jatos (as mãos do ordenhador devem estar limpas e
preferencialmente deverá usar luvas e panos descartáveis);
→ Manutenção do nível de vácuo, e as tetinas devem assentar confortavelmente no
úbere;
→ Utilização do pré-dipping (se necessário) e/ou pós-dipping.
→ Sempre que pretenda-se secar algum animal deve-se realizar um teste
microbiológico ao leite.
• Cada exploração deve ser equipada com instalações adequadas para isolar os animais
doentes e/ou feridos (caso não exista separação física os animais devem ser separados
por cerca elétrica). Caso haja suspeita de doença contagiosa (por indicação do médico
veterinário), os animais doentes e/ou feridos devem ser identificados e separados para
receber tratamento imediato e adequado, sendo que tal tratamento deverá ser prescrito
e controlado por um médico veterinário.
BEM-ESTAR ANIMAL
dos animais para identificar aspetos das instalações ou equipamentos que possam
provocar medo ou causar desconforto.
• Desenvolver um plano apropriado para a reprodução que considere a escolha de
touros (mesmo no caso de inseminação), instalações seguras para partos e
verificação regular dos animais. Ajuda profissional deve ser fornecida, se
necessária. Caso existam problemas de parto, estes devem ser sempre registados.
• Corredores, pátios, salas de ordenha e currais devem ser construídos para
minimizar a incidência de laminite. Cuidados com os cascos devem ser
implantados e a dieta animal ajustada para minimizar a ocorrência de laminite.
Estabelecer uma rotina adequada de ordenha de acordo com a etapa de lactação.
Práticas deficientes de ordenha podem afetar o bem-estar e a produção animal. O
equipamento de ordenha deve ter manutenção e cuidados regulares.
• Os animais devem ser examinados regularmente para deteção de lesões e doenças.
Os animais com problemas devem ser tratados com brevidade. Adotar um
programa sanitário para o efetivo leiteiro baseado na prevenção e no tratamento.
Durante a inspeção diária dos animais, observar qualquer sinal de comportamento
anormal.
• Assegurar que cada animal tem espaço apropriado e que está a alimentar-se
corretamente. Um indicativo precoce de doença pode ser a redução da ingestão de
alimentos.
• O adequado maneio do efetivo leiteiro são fatores importantes para o bem-estar
animal.
• O produtor/funcionário deve ser capaz de:
→ Reconhecer se os animais estão com boa saúde;
→ Perceber o significado da mudança no comportamento dos animais;
→ Saber quando o tratamento veterinário é necessário;
→ Implementar um programa de sanidade animal, que inclua tratamentos
preventivos e vacinações, quando necessário;
→ Implementar programas de alimentação dos animais e maneio de pastagens;
→ Lidar com os animais de forma calma e apropriada.
AMBIENTE
ANEXO 3
SECTOR DOS LACTICÍNIOS
Um ano após terem terminado, quotas leiteiras estão de regresso (Negócios com
Lusa, 2016)
As imagens de leite derramado nas ruas, que fizeram manchetes nos inícios dos anos 80,
voltaram quase quatro décadas depois. Pela mesma razão: o excesso de produção no
espaço da União Europeia.
Na altura em que, a dois anos de Portugal aderir à Comunidade Europeia, foi decidida a
introdução de quotas à produção leiteira dos seus Estados-membros, o preço estava
garantido independentemente da real procura no mercado e não havia limite de produção.
A decisão comunitária manteve-se, assim, com data para acabar com as quotas prevista
para 1 de abril de 2015 – mesmo com as dúvidas dos produtores portugueses,
desconfiados de uma Europa a Norte com mais capacidade produtiva, mais economias de
escala e maior facilidade em colocar produto mais barato a Sul da União. E com maior
peso no Parlamento e Conselho europeus.
Entre abril e dezembro, o preço pago aos produtores de leite do Continente passou de
0,334 euros para 0,282 euros, o que significa uma redução de cinco cêntimos.
Protestos permanentes
Do pacote comunitário, só para ajudar o leite estavam previstos 420 milhões e, destes, 48
milhões couberam a Portugal, onde o tom de protesto em vésperas de eleições legislativas
de 4 de Outubro começava a subir de tom.
Já depois de Capoulas Santos ter substituído Assunção Cristas na tutela e António Costa
ter sucedido a Passos Coelho no Governo do país, Portugal criou um gabinete de crise
para os sectores do leite e da suinicultura, a 16 de Dezembro de 2015, que se reuniu já
três vezes. Além do ministério, o gabinete reúne a ANIL – Associação Nacional dos
Industriais de Lacticínios, a APED – Associação Portuguesa de Empresas de
Distribuição, a APIC – Associação Portuguesa dos Industriais de Carne, a CAP –
Agricultores de Portugal, a CNA – Confederação Nacional da Agricultura, a CONFAGRI
- Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas, a FPAS – Federação Portuguesa de
Associações de Suinicultores.
Mas a produção, que ainda esta quinta-feira, 31 de março se juntou em novo protesto em
Braga, é mais explícita: "A necessidade que temos é a de regulamentação da produção, a
volta do sistema de quotas, ou outro sistema parecido com esse, mas que garanta o direito
de produzirmos", afirmou Jorge Lobato à Lusa.
numa "ação de sensibilização", alertou para o risco de "muita gente" fechar as suas
explorações caso não sejam tomadas medidas para "salvar" a produção nacional, citado
pela agência noticiosa.
"Tendo em conta o estado em que a produção está e os preços que são praticados, vai ser
necessário que tanto a União Europeia como o Estado português tomem algumas medidas
no sentido de salvar a nossa produção e de permitir que os produtores não continuem a
acumular prejuízo", disse.
Segundo aquele dirigente, "se não houver (...) alterações no preço, até ao fim do ano muita
gente vai fechar" a atividade. O dirigente deixou ainda um pedido aos consumidores, mas
também às grandes superfícies "para que tenham sentido nacional e para que tenham
iniciativa no sentido de trabalhar com a produção nacional".
Os preços "baixos" a que conseguem vender o leite é mesmo a preocupação mais apontada
pelos produtores. "Neste momento estou a vender com prejuízo. Pagam-me a 25 cêntimos
o litro de leite e, pelas minhas contas, cada litro que produzo fica-me a 33 cêntimos",
explicou à Lusa o produtor António Valente.