Graviola - Manejo e Práticas Culturais PDF
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A gravioleira (Annona muricata L) é uma fruteira de grande danos ocasionados e determinados os métodos integrados
potencial para a Região do Cerrado do Distrito Federal de controle de pragas. O trabalho foi instalado em outubro
devido à sua adaptação e à utilidade na preparação de de 1999 em área de um produtor do Distrito Federal
produtos agroindustriais (Pinto & Genú, 1984). No (Oliveira et al., 2001).
entanto, vários fatores prejudicam a produção, entre eles, a
baixa polinização natural e a falta de um sistema integrado
de controle de pragas. A colheita em plantas de quatro
anos sem poda (Figura 1) torna-se impraticável, por causa
do hábito de crescimento ereto. Uma alternativa é a poda
de renovação de copa (Figura 2) visando a dar à planta,
uma forma assimétrica para melhorar a eficiência nas
polinizações, na colheita e no controle fitossanitário. Em
experimento conduzido na Embrapa Cerrados, a
polinização artificial (Figura 3) obteve percentual de 73%
de sucesso no vingamento dos frutos, enquanto, com a
polinização natural, atingiu apenas 26% (Pinto & Vargas
Ramos, 1999). Todavia, de uma polinização deficiente
originam frutos defeituosos que, juntamente com as
brocas que atacam os frutos da gravioleira, em diferentes
etapas de seu desenvolvimento, causam grandes perdas
(Figura 4).
1
Eng. Agrôn., Ph.D., Embrapa Cerrados, vhugo@cpac.embrapa.br
2
Eng. Agrôn., M.Sc., Embrapa Cerrados, alice@cpac.embrapa.br
3
Eng. Agrôn., Ph.D., Embrapa Cerrados, alcapi@cpac.embrapa.br
4
Eng. Agrôn., Ph.D., Embrapa Cerrados, junqueir@cpac.embrapa.br
5
Biól., Ph.D., Bolsista CNPq
2 Manejo e Práticas Culturais e Fitossanitário em Gravioleira...
Material e Métodos
O experimento foi instalado num pomar de um produtor,
implantado há quatro anos, localizado no Núcleo Rural
Tabatinga no Distrito Federal. O espaçamento de plantio
Figura 2. Renovação da copa da gravioleira pela poda do foi de 5 x 4 m. O delineamento experimental foi o de
tronco principal a 1, 20 m de altura. blocos ao acaso, com 3 x 2 x 2 tratamentos, sendo três
alturas de poda, dois tipos de polinização, dois números
de ramos depois da poda, mais a testemunha e quatro
plantas por unidade experimental, com três repetições,
perfazendo o total de 52 plantas por bloco e 156 plantas
no experimento. Ocupa área total de 3120 m2 ou 0,312
ha. Uma avaliação inicial da altura das plantas foi
necessária como ponto de partida, assim como a coleta de
amostras de solo para análise, visando a adubações
orgânica e química equilibradas. Devido à degradação e a
má condução desse plantio, bem como aos problemas
fitossanitários, inicialmente, foi feita uma adubação e uma
poda de renovação da copa a 1,0 m (A1); a 1,20 m (A2)
e a 1,50 m (A3) de altura, a partir da superfície do solo
(Figura 2), deixando três ou cinco ramos laterais
conforme o tratamento, visando a favorecer o
Figura 3. Execução da polinização artificial da flor receptiva da desenvolvimento dos ramos horizontais que são os
gravioleira. frutíferos. Foram feitas três adubações em cobertura, a
primeira em 4/11/1999 com a fórmula: 10-10-10, na
base de 350 g/planta na projeção da copa e a segunda
O perfeito reconhecimento e a distinção dos sintomas em 22/02/00 na mesma proporção da primeira, e a
provocados pelos diferentes organismos causadores, seus terceira em 10/10/00, com a mesma fórmula e dosagem;
danos, bem como as condições mais favoráveis ao seu aplicou-se também FTE- BR-12, na base de 50 g/planta e
aparecimento são informações fundamentais para o esterco de curral curtido, 10 kg/planta.
estabelecimento de um programa de controle integrado que
resulte na produção de frutos de alta qualidade.
Quanto ao problema fitossanitário no pomar já implantado poda a 1,50 m do solo, a polinização natural, cinco ramos
(incidência de broca-do-fruto, broca-da-semente e broca- depois da poda e uso de semente de graviola triturada
do-tronco), inicialmente, fêz-se uma poda de renovação de como defensivo (44,7 kg frutos/tratamento), seguido pelo
copa e de limpeza, pincelamento dos troncos e outros tratamento (A3R1P1), em que se utilizou a poda a 1,50 m
tratos culturais, com a finalidade de recuperar as plantas, do solo, a polinização natural, três ramos depois da poda e
para, então, dar início ao experimento proposto. Feito isto, uso de semente de graviola como defensivo (41,7 kg/
foram marcadas as plantas para aplicação dos tratamentos frutos /tratamento). Quanto ao tratamento (A3P2R1), em
fitossanitários, conforme discriminado abaixo: que se utilizou a poda a 1,50 m do solo, a polinização
artificial e três ramos depois da poda e uso de sementes de
Tratamentos Descrição
graviola como defensivo, o resultado foi (38,7 kg frutos/
1 Neem (substrato) + 80mL de óleo mineral tratamento), seguido pelo tratamento (A2P2R1), no qual
+ 4 L de água
se utilizou a poda a 1,20 m do solo e a polinização
2 Decamethrine (2mL) + Benomyl (3g) + artificial, mas deixando três ramos depois da poda e
Assist (80 mL) + 4 L de água decamethrine como defensivo, resultou em (36,8 kg
3 Semente seca e triturada de graviola (2g) + frutos/tratamento). Esses resultados da polinização artificial
melaço (2mL) + Mimic (2mL) + 4 L de estão de acordo com Pinto & Vargas Ramos (1999).
água Enquanto a poda da copa em que se quebra a dominância
Testemunha Sem tratamento apical que estimula os ramos horizontais e favorece a
frutificação pelo acúmulo de amido e hidratos de carbono,
Resultados e está de acordo com Brunelli (1993) e Sacramento & Leite
Discussão (1997), tendo consistência técnica em relação à
testemunha (23,6 kg frutos/tratamento). Quanto aos
Fêz-se o levantamento do número e do peso dos frutos, demais dados, utilizando o neem e o decamethrine como
por tratamento, conforme Tabela 1. defensivos, aliados à altura de poda e à polinização, os
resultados não tiveram consistência. Os frutos da
Conforme os resultados apresentados na Tabela 1, gravioleira depois de maduros foram beneficiados,
destacou-se o tratamento (A3P1R2) no qual se utilizou a usando-se uma despolpadeira.
Tabela 1. Número e peso médio (kg) dos frutos de graviola, de acordo com altura de poda e ramos deixados depois da poda,
aliado ao tratamento fitossanitário, visando ao controle de broca-do-fruto. Planaltina – DF, 2001.
Tratamento Nº de frutos Peso médio dos frutos colhidos (kg) Nº de frutos colhidos
Brocados Sadios
Legenda: A1= altura de poda do tronco principal, a 1,0 m; A2 = a 1,20m; e A3 = a 1,50 m, do solo.
R1= 3 ramos depois da poda; R2 = 5 ramos depois da poda.
P1= Polinização natural ; P2 = Polinização artificial.
4 Manejo e Práticas Culturais e Fitossanitário em Gravioleira...
Ao se analisar a Tabela 2, observa-se que dos 763 botões avaliação, não restou nenhum fruto, devido à queda
florais marcados, apenas 104 frutos vingaram; prematura deles, causada, provavelmente, pelo mau estado
50 estavam infestados; e 54 sadios. Numa segunda nutricional e fitossanitário das plantas.
1. Neem 244 14 18
2. Decamethrine 253 18 26
3. Semente de graviola 266 18 10
Testemunha - - -
Total 763 50 54
Ao se analisar a Tabela 3, observa-se que dos 929 bombina), a broca-do-coleto (Heilipus catagraphus), a
botões florais, marcados em 2001, apenas 162 frutos broca-do-fruto (Cerconota anonella) e a broca-da-semente
vingaram, ou seja, 17,42% dos botões marcados. (Bephratelloides pomorum). A broca-do-fruto é a praga
mais séria da gravioleira. Os danos causados por essa
Em relação aos tratamentos aplicados, verifica-se que os
praga varia de 70% a 100% na produção dos frutos
tratamentos com decamethrine e neem seguraram mais
Oliveira et al., 2001; Junqueira et al., 1999.
frutos, embora, nem sempre, sadios.
Ainda em 2001, observou-se, além das pragas que
No experimento, ocorreu sério ataque de lagarta-da-mariposa
normalmente ocorrem em graviola um ataque intenso de
Pseudodirphia sp., aos brotos novos provenientes da poda,
cigarrinhas (Membracidae), vulgarmente conhecidas como
porém, foi controlada sem grandes prejuízos.
soldadinhos sugando os botões florais até sua queda
Dentre as pragas que mais ocorrem em gravioleira, prematura. A ocorrência de cochonilhas também foi
destacam-se: a broca-do-tronco (Cratosomus bombina bastante intensa em todo o experimento.
Tabela 3. Marcação de botões florais e aplicação dos tratamentos e avaliação dos resultados, em 2001.
1. Neem 300 53 18
2. Decamethrine 308 61 20
3. Semente de Graviola 321 48 15
Testemunha - - -
Total 929 162 17,42
Referências
Conclusões Bibliográficas
1. O tratamento que se destacou foi (A3P1R2) em que se BRUNELLI, M. Manual completo de la Poda y de los
utilizou a poda a 1,50 m do solo, a polinização Injertos. Barcelona: Editorial de Vecchi, 1993. p. 1-30
natural, cinco ramos depois da poda e uso da semente
de graviola triturada em pulverização como defensivo JUNQUEIRA, N. T. V.; OLIVEIRA, M. A. S.; ICUMA, I.
(44,7 kg frutos/tratamento). M.; RAMOS, V. H. A cultura da gravioleira In: SILVA, J.
M. de M. (Coord.). Incentivo à fruticultura no Distrito
2. O tratamento que se mostrou promissor também foi o Federal: manual de fruticultura. 2. ed. atual. Brasília:
(A2P2R1) no qual se utilizou a poda a 1,20 m do OCDF,1999. p. 96-103.
solo, a polinização artificial, três ramos depois da poda
e uso do decamethrine como defensivo (36,8 kg LIMA, M. M.; MOURA, I. F.; CARABALLO, F. F.;
frutos/ tratamento). NASCIMENTO, P. J. S. Verticalização da produção de
Manejo e Práticas Culturais e Fitossanitário em Gravioleira... 5
frutas no Distrito Federal. In: CONGRESSO BRASILEIRO PINTO, A. C. de Q.; GENÚ, P. J. de C. Contribuição ao
DE FRUTICULTURA, 14.; REUNIÃO INTERAMERICANA estudo técnico científico da graviola (Annona muricata L.).
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 7.,
DE HORTICULTURA TROPICAL, 42.; SIMPÓSIO
1983, Florianópolis. Anais... Florianópolis: SBF/EMPASC,
INTERNACIONAL DE MIRTÁCEAS, 1996, Curitiba.
1984. p. 529 - 546.
Resumos. Londrina: SBF/IAPAR, 1996. p. 426.
PINTO, A. C. de Q.; VARGAS RAMOS, V. H. A
MOURA, J. V. Pragas e doenças da gravioleira. Polinização artificial da gravioleira: guia do produtor.
Informativo SBF, Brasília, v. 6, n. 3, p. 18, set. 1987. Planaltina, DF: Embrapa Cerrados, 1999. 2 p.
Comunicado Exemplares desta edição podem ser adquiridos na: Expediente Supervisão editorial: Nilda Maria da Cunha Sette.
Técnico, 81 Embrapa Cerrados Revisão de texto: Maria Helena Gonçalves Teixeira /
Endereço: BR 020 Km 18 Rod. Brasília/Fortaleza Jaime Arbués Carneiro.
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, Caixa postal: 08223 CEP 73301-970 Editoração eletrônica: Leila Sandra Gomes Alencar.
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Fone: (61) 388-9898 Fotos: Víctor Hugo Vargas Ramos.
GOVERNO Fax: (61) 388-9879 Impressão e acabamento: Divino Batista de Souza /
FEDE R AL
Trabalhando em todo o Brasil E-mail: sac@cpac.embrapa.br Jaime Arbués Carneiro.
1a edição
1a impressão (2002): 100 exemplares