APOSTILA CURSO DE LITURGIA - Missa - PDF - Paróquia Sagrado ...
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ASSUNTO PÁG
Preliminares
1. A Missa: testemunho de fé de todos os tempos 05
2. Importância e dignidade da Missa 05
3. A Missa: uma tradição que nunca se interrompe e que se atualiza 06
4. A Missa: uma oração comunitária 07
5. As celebrações dos primeiros cristãos 08
6. Evolução da Liturgia no Brasil 09
7. O espaço litúrgico – presbitério 10
8. O Crucifixo no centro do Altar 12
9. A Cadeira da Presidência litúrgica 13
10. As partes do sacerdote e as partes do povo 14
11. Gestos e posições corporais e o silêncio na Liturgia 15
12. A função litúrgica do animador 17
Ritos Iniciais
13. Procissão da Entrada 20
14. Os Ritos Iniciais segundo o Missal Romano 21
15. As saudações do Apóstolo Paulo e a saudação inicial da Missa 22
16. Ato Penitencial – Kyrie 23
17. História do “Gloria in excelsis” 24
18. O Hino do Gloria (significado) 25
19. Oração do Dia ou Coleta (histórico e formação) 27
20. Oração da Coleta segundo o Missal Romano 28
Liturgia da Palavra
21. Liturgia da Palavra (visão histórica) 31
22. Liturgia da Palavra (visão geral) 32
23. As Leituras Bíblicas e o Salmo Responsorial 34
24. Os “comentários” na Liturgia da Palavra 35
25. Inclinemos o ouvido do coração 36
26. Liturgia da Palavra segundo o Missal Romano 38
27. O “Aleluia” 38
28. Proclamação do Evangelho 40
29. Evangeliário 41
30. A homilia, a profissão de fé, a oração universal 43
Liturgia Eucarística
31. Preparação das oferendas (visão histórica) 45
32. Os dons escolhidos pelo Senhor e o significado da nossa oferta 46
33. Liturgia Eucarística (ordem da celebração) 47
34. Apresentação das oferendas segundo o Missal Romano 48
35. O Prefácio e o Sanctus-Benedictus 49
36. Oração Eucarística conforme o Missal Romano 50
37. Rito da Comunhão 52
38. A distribuição da Comunhão 53
Ritos Finais
39. Ritos Finais 55
Anexos
I. Como preparar uma celebração eucarística 57
II. O serviço do Leitor na Liturgia (dicas práticas) 61
2
AMÉM
3
SACROSSANCTUM CONCILIUM2
DO CONCÍLIO VATICANO II
• A Liturgia é a meta da ação da Igreja e, ao mesmo tempo, a fonte de toda Sua força
(§ 10º)
• A música na Liturgia tem por finalidade a glória de Deus e a santificação dos fiéis (§
112)
2
Do latim: O Sagrado Concílio. Foi o primeiro documento emanado pelo Concílio Vaticano II (04.12.1963), o que demonstra a
importância da Liturgia na vida da Igreja.
5
1. A MISSA: TESTEMUNHO DE FÉ DE TODOS OS TEMPOS
Quando Cristo Senhor estava para celebrar com os discípulos a ceia pascal, na qual
instituiu o sacrifício do seu Corpo e Sangue, mandou preparar uma grande sala mobilada (Lc 22,
12). A Igreja sempre entendeu que esta ordem lhe dizia respeito e, por isso, foi estabelecendo
normas para a celebração da santíssima Eucaristia.
Naquela mesma noite em que ia ser entregue, o Senhor tomou o pão e o vinho; deu graças
(ao pé da letra, do grego, eucaristiou) e pronunciou sobre o pão e o vinho as palavras que
mudaram a substância deles no seu próprio Corpo e Sangue. Depois, partiu o pão consagrado e
distribuiu-o entre os Apóstolos, bem como o Cálice com vinho.
Estes elementos essenciais da Instituição da Eucaristia aparecem exatamente nas primeiras
assembléias dos cristãos que os fiéis denominavam “fração do pão” ou “refeição do Senhor”.
Ao longo dos séculos, a Igreja sempre afirmou a natureza da Missa como verdadeiro
sacrifício de Cristo. Assim foi no Concílio de Trento, reafirmado no Concílio Vaticano II.
Isso é bem visível nas Orações Eucarísticas quando o sacerdote, dirigindo-se a Deus, em
nome de todo o povo, dá-Lhe graças e oferece o sacrifício vivo e santo, ou seja, a oblação da
Igreja e a Vítima, por cuja imolação Deus quis ser aplacado, e ora também para que o Corpo e
Sangue de Cristo sejam um sacrifício agradável ao Pai e salutar para todo o mundo.
Assim, no novo Missal, a regra de orar (lex orandi) da Igreja corresponde à regra de crer
(lex credendi). Consequentemente, a Missa é ao mesmo tempo sacrifício de louvor, de ação de
graças, de propiciação e de satisfação.
É na Missa que vemos claramente a natureza do sacerdócio ministerial, próprio do
presbítero (padre). Ele, em nome de Cristo, oferece o sacrifício e preside a assembléia do povo
santo. Os próprios ritos demonstram a importância deste ministério, já que lhe confere as partes
mais importantes da celebração.
Porém, ao iluminar a importância do ministério do presbítero, a Missa também coloca em
relevo o sacerdócio real dos fiéis. Com efeito, a celebração da Eucaristia é ação de toda a Igreja;
nesta ação, cada um intervém fazendo só e tudo o que lhe compete, conforme a sua posição dentro
do povo de Deus. Este povo é o povo de Deus, adquirido pelo Sangue de Cristo, congregado pelo
Senhor, alimentado com a sua palavra; povo chamado para fazer subir até Deus as preces de toda
a família humana; povo que em Cristo dá graças pelo mistério da salvação, oferecendo o seu
Sacrifício; povo, finalmente, que, pela comunhão do Corpo e Sangue de Cristo, se consolida na
unidade. E este povo, embora seja santo pela sua origem, vai continuamente crescendo em
santidade, através da participação consciente, ativa e frutuosa no mistério eucarístico.
O Concílio Vaticano II, como é sabido, em sua primeira Constituição, que começa com as
palavras Sacrossanctum Concilio (O Sacrossanto Concílio) tratou da reforma da Liturgia para
deixá-la mais próxima da realidade do nosso tempo. Para essa reforma, foram usados alguns
princípios, sendo o principal aquele que determinava que os ritos deveriam ser restaurados em
conformidade com a antiga norma dos Santos Padres. Isto é, que deveria se voltar às origens, ao
ensinamento dos primeiros Padres da Igreja.
Na verdade, o Novo Missal veio aperfeiçoar o primeiro, aquele antigo Missal de 1570, que
foi preparado por ordem do Concílio de Trento.
A Igreja, desde o tempo dos Apóstolos, sempre celebrou a Eucaristia. Com o Concílio de
Trento, as formas litúrgicas foram unificadas, especialmente para dar resposta às heresias que
estavam colocando em perigo a fé católica sobre a presença real e permanente de Cristo na
Eucaristia.
O Papa São Pio V (que promulgou o Missal de 1570), tinha a preocupação de guardar a
tradição que vinha desde os tempos apostólicos e coloca-la no Missal. Porém, muito dos
ensinamentos dos primeiros Padres não foi inserido nas normas, por motivos diversos,
especialmente pelas limitações de pesquisa da época.
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Hoje em dia, ao contrário, aquela “norma dos Santos Padres”, que os corretores do Missal
de S. Pio V se propunham seguir, encontra-se enriquecida com numerosos estudos de eruditos.
Após a descoberta de numerosos documentos litúrgicos, também se conhecem melhor as tradições
dos primeiros séculos, anteriores à formação dos ritos do Oriente e do Ocidente. Também se
aprofundou o estudo principalmente dos Padres da antiguidade cristã, como S. Irineu, S.
Ambrósio, S. Cirilo de Jerusalém, S. João Crisóstomo.
Por isso, o princípio de buscar na antiguidade as bases litúrgicas não reclama somente a
conservação daquelas tradições que nos legaram os nossos antepassados imediatos; exige também
que se abranja e examine mais profundamente todo o passado da Igreja e todos esses diversos
modos pelos quais se exprimiu a única e mesma fé, através das mais variadas formas de cultura e
civilização, nas diferentes regiões. Isso demonstra como o Espírito Santo inspira ao povo de Deus
uma admirável fidelidade à verdadeira Fé, por mais variadas que se apresentem as formas da
oração e dos ritos sagrados.
Adaptação às novas circunstâncias
O novo Missal (Concílio Vaticano II) demonstra a “regra de oração” (lex orandi), ou seja,,
a forma de celebrar da Igreja Romana. Ao mesmo tempo salvaguarda o depósito da Fé de todos os
tempos.
Embora os Padres do II Concílio do Vaticano tenham reafirmado os dogmas do Concílio de
Trento, estavam numa época da vida do mundo muito distante daquela, o que os levou a
apresentar, no campo pastoral, resoluções e orientações impensáveis quatro séculos atrás.
Exemplo dessas novas orientações e resoluções são (a) o grande valor catequético e
didático da celebração da Missa; (b) a permissão para o uso da língua vernácula em algumas
partes da Missa; (c) a participação ativa, frutuosa e autêntica do povo na Missa; (d) a comunhão
sob duas espécies...
Desse modo, a Igreja, mantendo-se fiel à sua missão de mestra da verdade, conservando o
que é “antigo”, isto é, o depósito da tradição, cumpre também o dever de considerar e adotar o que
é “novo” (cf. Mt 13, 52). Por isso, uma parte do novo Missal apresenta orações da Igreja mais
diretamente orientadas para as necessidades dos nossos tempos. Da mesma forma, utiliza textos
da mais antiga tradição, atualizando suas frases e expressões para a realidade atual, sem jamais
alterar a sua substância.
Deste modo, as normas litúrgicas do Concílio de Trento foram em grande parte
completadas e aperfeiçoadas pelas do II Concílio do Vaticano, que pôde levar a termo os esforços
no sentido de aproximar mais os fiéis da sagrada Liturgia, esforços estes desenvolvidos ao longo
dos últimos quatro séculos, sobretudo nos tempos mais recentes, graças especialmente ao zelo
litúrgico de S. Pio X e seus Sucessores.
Este relato nos dá uma idéia clara de como eram as reuniões dos cristãos nos primeiros
séculos. A ordem original dos ritos sofrerá algumas modificações com o passar do tempo:
umas partes serão alongadas, outras abreviadas. A nossa liturgia da Sexta-feira Santa, até a
adoração da cruz, é a reprodução fiel do início da Missa romana, no início do século IV.
Nosso Rito segue a liturgia celebrada na Igreja de Roma que, como vimos, tem o Papa
como suprema autoridade nesta matéria.
3
S. JUSTINO, Primeira apologia, 65, 66 e 67.
10
Anos 70
Três principais aspectos caracterizam este período: (a) a introdução dos novos livros litúrgicos, (b)
os documentos pastorais, (c) abertura da Igreja para a dimensão social. Nesse contexto, aparecem
elementos positivos e negativos da caminhada litúrgica. Foi positivo o novo modo de celebrar os
sacramentos. A Penitência, por exemplo, se enriqueceu com as celebrações comunitárias, segundo o novo
Ritual. E a Unção dos Enfermos tomou outras dimensões, mais na linha da Pastoral da Saúde. A
valorização dos ministérios na Liturgia estimula o aparecimento de novos ministérios na pastoral e a
mulher consegue lugar de destaque na Liturgia mais participada. Enfim, tem início a valorização da
religiosidade popular em suas diversas formas e expressões. Há, porém, elementos negativos nessa
década. Com a deficiente formação litúrgica nos seminários e a insuficiente reciclagem oferecida ao clero,
os padres, em geral, ficaram privados da espiritualidade litúrgica, ao mesmo tempo em que, no culto,
infiltrava-se descabido desprezo pelas rubricas (normas litúrgicas) indispensáveis. Ao mesmo tempo,
surgiu um novo “rubricismo”: o uso servil dos folhetos. Sensível foi nesse período a diminuição na
confissão particular. O exercício das “confissões comunitárias” não bem orientado, privou o povo das
riqueza da confissão sacramental. Em alguns lugares, reduziu-se a Missa a mero meio de mentalização
ideológica. Em que pese a benéfica integração da religiosidade do povo, parece, às vezes, que se alimenta
a possibilidade de outra Liturgia, a “popular” em oposição à oficial.
Anos 80
Nessa época, junto com um certo cansaço no campo da Liturgia, cresce uma busca de soluções em
nível mais profundo. Persistem falhas já apontadas, como deficiente formação litúrgica dos agentes em
todos os níveis, com uma defasagem agravante entre leigos que estudam e um clero pouco interessado.
Cerca de 70% das celebrações dominicais são realizadas comunitariamente sem um ministro ordenado.
Abrem-se perspectivas para a difícil tarefa de fazer confluir numa Liturgia viva, as riquezas da tradição
romana, da religiosidade popular, da oração comprometida com a transformação do mundo e a oração de
louvor cada vez mais difundida, sobretudo nas grande cidades nos grupos de oração, como pediu o Papa
João Paulo II em sua mensagem ao episcopado brasileiro de 1986. Estes desafios são os nossos, ainda
hoje. Muitos avanços se fizeram. Porém muitos erros permanecem...
Por esta definição, s ecompreende que no centro da ação litúrgica da Igreja está Cristo,
Sumo e Eterno Sacerdote e o seu Mistério pascal de Paixão, Morte e Ressurreição. A celebração
litúrgica deve ser transparência celebrativa desta verdade teológica. Desde muitos séculos, o sinal
escolhido pela Igreja para o orientamento do coração e do corpo durante a liturgia é a
representação de Jesus crucificado.
A centralidade do crucifixo na celebração do culto divino podia ser melhor vista no
passado, quando vigia o costume de, tanto o sacerdote quanto os fiéis, voltarem-se, durante a
celebração eucarística, para o crucifixo, colocado no centro, sobre o altar (acima do sacrário), que,
via de regra, estava encostado na parede. Para o atual costume de celebrar “voltado para o povo”,
frequentemente o crucifixo é hoje colocado ao lado do altar, perdendo, assim, a posição central.
O então teólogo e cardeal Joseph Ratzinger por várias vezes havia sublinhado que, também
durante a celebração “voltado para o povo”, o crucifixo deveria manter a sua posição central,
sendo impossível pensar que a representação do Senhor crucificado – que exprime o seu sacrifício
e, portanto, o significado mais importante da Eucaristia – possa de qualquer maneira atrapalhar.
Eleito Papa, Bento XVI, no prefácio ao primeiro volume da sua Obra Magna (que recolhe
os seus escritos como teólogo), disse estar feliz pelo fato que, cada vez mais esteja ganhando
terreno a proposta que ele havia indicado no seu célebre livro Introdução ao espírito da Liturgia.
Tal proposta consistia na sugestão de “não proceder a novas transformações, mas, simplesmente,
colocar a cruz ao centro do altar, para a qual possam olhar juntos tanto o sacerdote quanto os fiéis,
para deixarem-se guiar, de tal modo, ao Senhor, a quem todos se dirigem juntos em oração”.
O crucifixo no centro do altar evoca tantos esplêndidos significados da sagrada liturgia,
dentre os quais se pode citar o que é ensinado no n. 618 do Catecismo da Igreja Católica; uma
passagem que se conclui com uma bela citação de Santa Rosa de Lima:
618. A cruz é o único sacrifício de Cristo, mediador único entre Deus e os homens. Mas
porque, na sua pessoa divina encarnada «Ele Se uniu, de certo modo, a cada homem»,
«a todos dá a possibilidade de se associarem a este mistério pascal, por um modo só de
Deus conhecido». Convida os discípulos a tomarem a sua cruz e a segui-Lo porque
sofreu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigamos os seus passos. De fato, quer
associar ao seu sacrifício redentor aqueles mesmos que são os primeiros beneficiários.
13
Isto realiza-se, em maior grau, em sua Mãe, associada, mais intimamente do que
ninguém, ao mistério do seu sofrimento redentor:
Há uma só escada verdadeira fora do paraíso; fora da cruz, não há outra escada por
onde se suba ao céu».
No fundo, é a figura divina de Cristo Senhor na sua tríplice função de sacerdote, mestre
(profeta) e pastor, que está sendo evocado. E a cadeira da presidência litúrgica, bem distinta e
situada no espaço da celebração, nos faz sentir melhor, a presença viva deste Cristo na pessoa do
sacerdote celebrante. Também a oração de bênção da cadeira da presidência deixa entrever o
sentido teológico-litúrgico e espiritual que ela (a cadeira) deve evocar.
Diz a oração:
“Louvamos a uma só voz, Senhor, o vosso nome e humildemente vos suplicamos: como
bom Pastor, que viestes para reunir, num só rebanho, vossas ovelhas dispersas, com a
cooperação daqueles que escolhestes, dai o alimento da verdade aos vossos fiéis, e
conduzi-os com segurança, para que, um dia, ovelhas e pastores, mereçam ser, com
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alegria, recebidos na habitação eterna. Vós que viveis e reinais para sempre” –
“Amém” (cf. ibid., n.º 890).
Portanto, o presidir é antes de tudo um “serviço” à assembléia reunida, que vem do Servo
de todos, Jesus Cristo. Daí a conseqüência prática de toda esta teologia resgatada a partir do
Concílio Vaticano II. A saber: para visualizar o mistério da presidência de Cristo na pessoa do
ministro (cf. SC 14), a Igreja recomenda que se coloque em destaque a cadeira de quem preside.
Como vimos pela nova Instrução Geral sobre o Missal Romano:
“A cadeira do sacerdote celebrante deve manifestar a sua função de presidir a assembléia
e dirigir a oração”, pois, como já insistimos, a cadeira presidencial em destaque evoca a presença
invisível do Cristo que preside a Liturgia na pessoa do ministro. Graças a Deus, hoje muitíssimas
comunidades já têm consciência deste detalhe de sua vida litúrgica. Colocam em suas igrejas a
cadeira da presidência com certo destaque, e até mesmo com bom gosto artístico, e, assim, podem
celebrar a Liturgia de maneira mais plena, consciente e ativa. Outras estão em vias de
aperfeiçoamento. Oxalá, um dia todas possam melhor sentir o Cristo invisível (mestre, sacerdote e
pastor) na pessoa de quem preside a Liturgia, também pelo destaque que é dado à cadeira que
ocupa.
O sacerdote
A beleza e a harmonia da ação litúrgica encontram significativa expressão na ordem com
que cada um é chamado a participar ativamente nela. Isso requer o conhecimento das diversas
funções hierárquicas da celebração. É bom lembrar que a participação ativa não significa todo
mundo fazer tudo, ou seja, causar uma confusão pela incapacidade de distinguir, na comunhão
eclesial, as diversas funções que cabem a cada um.
É importantíssimo que exista uma clareza com relação às funções específicas e próprias do
sacerdote. Conforme a Tradição da Igreja, desde os tempos apostólicos, é ele quem preside a
celebração eucarística inteira, desde a saudação inicial até a bênção final. Ele representa Jesus
Cristo, cabeça da Igreja e, por isso, exerce essa função de “presidir” a celebração. O sacerdote,
quando presente, jamais poderá ser substituído na presidência da celebração por outra pessoa.
Deve-se cuidar para que o excesso de intervenções na Missa não retire do sacerdote esse seu
caráter presidencial.
Dentre as partes que competem ao sacerdote, ocupa o primeiro lugar a Oração Eucarística,
que é o centro de toda a celebração. A Oração Eucarística só pode ser proferida pelo sacerdote
celebrante e, se houverem outros concelebrantes, por eles onde for indicado. Portanto, desde após
o Sanctus até a doxologia Por Cristo, é somente a voz do sacerdote que deve ser ouvida e
acompanhada. Ele, em nome de todos, eleva a Deus a ação de graças, ou seja, a Eucaristia. Os
fiéis participam respondendo após o Eis o mistério da Fé e a resposta mais importante de toda a
Liturgia: o Amém que encerra a Oração Eucarística. Desde os primeiros cristãos tem sido assim.
No Brasil, a pedido da CNBB, a Santa Sé autorizou alguns refrões para serem ditos durante
a Oração Eucarística, tais como: Santificai nossa oferenda... Recebei, ó Senhor a nossa oferta...
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Estas intervenções, porém, não são obrigatórias, podendo ser omitidas em qualquer Missa (por
exemplo, nas Missas de dia de semana). A regra é que a Oração Eucarística seja proferida sem
intervenções. Quando for oportuno, é conveniente que se convide o povo para responder dizendo
ou cantando. O que se deve cuidar, porém, é que elas não se tornem a regra, mas que fique claro
que são uma concessão excepcional somente para o Brasil.
Cabe também ao sacerdote fazer as três orações principais da Missa (Coleta, Sobre as
Oferendas e Após a Comunhão). O sacerdote, presidindo a comunidade como representante de
Cristo, dirige a Deus estas orações em nome de todo o povo santo. Por isso, estas orações são
chamadas “orações presidenciais”.
Também compete ao sacerdote dar algumas breves explicações introdutórias dos ritos que
são chamadas “monições” em alguns momentos da Missa (e, talvez, pode-se considerar que são
estes os “comentários” permitidos pela Liturgia: (a) após o sinal da cruz e a saudação no início da
Missa e antes do Ato Penitencial, (b) na Liturgia da Palavra, antes das leituras, (c) na Oração
Eucarística, antes do Prefácio, nunca, porém, dentro da própria Oração.
É também o sacerdote quem proclama o Evangelho (se não tiver um diácono presente) e
profere a homilia, bem como dá a bênção final.
Os fiéis
Sendo a Missa, uma celebração comunitária, assume uma grande importância os diálogos
entre o sacerdote e os fiéis reunidos, bem como as aclamações. Elas não são apenas sinais
externos que mostram ser uma celebração “comunitária”, mas promovem e realizam a comunhão
entre o sacerdote e o povo.
Os fiéis, portanto, participam, em primeiro lugar, respondendo às orações do sacerdote e
proferindo as aclamações que lhe são próprias.
Outras partes em que se deve promover a participação plena dos fiéis são: ato penitencial,
profissão de fé, preces dos fiéis (oração universal) e a oração do Senhor (Pai Nosso).
As respostas e orações do povo, bem como do sacerdote, podem ser sempre cantadas.
Nesse ponto, é bom ressaltar a importância fundamental que tem o canto na Liturgia. Pode-
se dizer, sem excluir uma da outra, que ele é oração (quando se canta as partes próprias da Missa)
e também é função (quando acompanha um rito, por exemplo, a entrada, a procissão das oferendas
e da comunhão).
De pé
Os fiéis permanecem de pé: do início do canto da entrada ou enquanto o sacerdote se
aproxima do altar, até o final da oração do dia; durante o canto do Aleluia, antes do Evangelho;
durante a proclamação do Evangelho; durante a profissão de Fé e a oração universal (preces); do
Orai irmãos até o fim da Missa, exceto nas partes citadas em seguida.
Sentados
Sentam-se os fiéis durante as leituras antes do Evangelho e durante o salmo responsorial;
durante a homilia e durante a preparação da oferendas (ofertório); se for conveniente, também
enquanto se observa o silêncio sagrado após a Comunhão.
De joelhos
Ajoelha-se durante a consagração (a não ser por motivo de saúde ou falta de espaço).
Contudo, os que não se ajoelham na consagração, devem fazer uma inclinação profunda com todo
o corpo enquanto o sacerdote faz genuflexão após a consagração. Onde é costume o povo
permanecer de joelhos do fim do Sanctus até o final da Oração Eucarística e antes da comunhão
quando o sacerdote diz Eis o Cordeiro de Deus, é louvável que seja mantido.
É extremamente importante ajoelhar-se durante os momentos salientes da Oração
Eucarística. Com isso, exprime-se a consciência de que estamos diante da majestade infinita de
Deus que chega até nós humildemente nos sinais sacramentais.
Na Missa, o sacerdote celebrante faz três genuflexões: depois da apresentação da hóstia,
após a apresentação do cálice e antes da comunhão.
Se no presbitério está o Sacrário, todos devem fazer genuflexão quando chegarem ao altar e
quando dele se retirarem, não, porém, durante a celebração da Missa.
Os ministros que levam a cruz e as velas na procissão, ao invés da genuflexão, fazem uma
inclinação com a cabeça.
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Inclinação
Pela inclinação se manifesta a reverência e a honra que se atribui às pessoas ou símbolos.
Há duas espécies de inclinação: de cabeça e de corpo.
• faz-se inclinação de cabeça quando se nomeiam juntamente as Três Pessoas da Santíssima
Trindade, ao nome de Jesus, da Virgem Maria e do Santo em cuja honra se celebra a
Missa;
• inclinação de corpo ou inclinação profunda o sacerdote faz na oração silenciosa antes de
proclamar o Evangelho, ao final da apresentação das oferendas e enquanto profere as
palavras da consagração.
São também considerados gestos as procissões (entrada, oferendas, comunhão). Por isso,
devem sempre ser feitas com muita calma, dignidade e solenidade.
O Silêncio
O silêncio é também oração. Muitas vezes ele é mais profundo do que milhares de palavras
que não são sequer absorvidas pelos fiéis. A liturgia prescreve que se observe silêncio:
* no ato penitencial
* após o convite de cada oração (coleta, sobre as oferendas, após a comunhão)
* após uma leitura ou a homilia
* após a comunhão.
Convém que já antes da própria celebração se conserve o silêncio na Igreja, na sacristia e
mesmo nos lugares mais próximos, para que todos se disponham devota e devidamente para
realizarem os sagrados mistérios.
É bom sempre lembrar que o princípio do silêncio na Liturgia de maneira genérica pode ser
exprimido pela frase: o silêncio ajuda a rezar!
Vemos, assim, que a função litúrgica do animador hoje estaria bem reduzida,
principalmente quando a assembléia está “acostumada” à celebração.
Resumindo, suas funções específicas são:
RITOS INICIAIS
13. PROCISSÃO DA ENTRADA – Visão histórica
Os séculos V e VI foram a “idade de ouro” da Liturgia. Nesse período, o povo tem lugar
determinado dentro do edifício: os homens à direita, as mulheres à esquerda. Os cantores ficam
agrupados acima da nave central, na chamada cantoria, fazendo parte do povo. Ao fundo do
presbitério, onde hoje está, em muitas Igrejas como a nossa, o Altar-mór, fica a cátedra, isto é, a
cadeira episcopal (do Bispo); dali o celebrante vê todos os fiéis. Também os fiéis o enxergam.
Nada o esconde. Com este espaço litúrgico, as funções de cada um ficam bem mais claras,
especialmente a função do sacerdote: ele é o presidente da assembléia.
Contudo, a atenção de todos volta-se para o altar que se levanta à entrada do presbitério. O
Altar tem a forma de uma mesa: é a “mesa do Senhor”4. Nenhuma ornamentação supérfula altera
a majestosa nudez do altar.
A assembléia (ecclesia) coloca-se em volta da mesa sobre a qual os acólitos estenderão
uma toalha.
O ofício vai começar. A porta do secretarium (nossa atual “sacristia”), que fica anexo à
igreja e onde o pontífice e sua comitiva se paramentaram, abriu-se enfim. Sai primeiro um acólito
e toda a assembléia se levantou à sua passagem, porque este jovem clérigo traz consigo, com todo
o respeito, o livro dos Evangelhos. Um subdiácono (ordem suprimida pelo Concílio Vaticano II)
espera-o no santuário para pegar no evangeliário e colocá-lo sobre o altar.
Depois desta cerimônia preliminar, o cortejo avançava processionalmente em direção à
nave, enquanto a Schola (o Coro) cantava um salmo de introdução.
À frente ia um subdiácono com o turíbulo; depois, adiante do celebrante e dos diáconos,
sete acólitos que levavam cada um o seu castiçal aceso. Estas sete velas eram uma evocação das
visões de S. João descritas no Apocalipse; nelas o Apóstolo chama a Cristo: “Aquele que caminha
no meio dos sete candeeiros de ouro”5.
Antes de chegar ao altar, o cortejo parava. Dois acólitos apresentavam à veneração do
pontífice um cofre com as sagradas hóstias que haviam ficado da missa precedente.
Ao chegar em frente do Altar, o celebrante inclinava-se e dava o beijo da paz aos seus
assistentes. Tendo feito o sinal da Cruz na fronte, ajoelhava sobre um genuflexório móvel e orava
em silêncio. A Schola terminava então o canto do salmo, dando-lhe por conclusão a doxologia
habitual, Gloria Patri... (Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo...). No fim, o celebrante
levantava-se e subia os degraus. Depois, beijava o Altar e o livro dos Evangelhos. A seguir,
dirigia-se à cátedra, enquanto os sete ceroferários (que carregavam as sete velas) colocavam os
castiçais em volta do Altar.
4
ICor X, 21
5
Ap I,12-13; II,1
21
Na época de Carlos Magno (por volta do ano 800), estabeleceu-se a norma de levar a
cruz à frente das procissões, a cruz processional, que era colocada atrás do Altar. Por isso, hoje, há
a regra de colocar-se sobre o Altar uma cruz entre seis castiçais.
14. OS RITOS INICIAIS (1ª parte) – Uma visão geral segundo as normas do Missal
Os ritos que precedem a Liturgia da palavra – entrada, saudação, ato penitencial, Kírie
(Senhor, tende piedade de nós), Glória e oração coleta – têm o caráter de exórdio, ou seja, de
introdução e preparação para o que se vai celebrar.
A finalidade principal desta “introdução” é estabelecer a comunhão entre os fiéis reunidos
e prepara-los para ouvir a Palavra de Deus e celebrarem dignamente a Eucaristia.
Tendo vindo da agitação do mundo, os fiéis precisam para por alguns instantes para se
prepararem a fim de melhor celebrar o grande mistério de Cristo.
Existem algumas celebrações em que esses ritos são suprimidos ou substituídos. Por
exemplo: * no Domingo de Ramos, são substituídos pela bênção e procissão dos ramos; * no dia 2
de fevereiro, pela bênção das velas; * na Vigília Pascal, pela bênção do fogo novo e Proclamação
da Páscoa.
Entrada
Reunido o povo, enquanto entra o sacerdote com o diácono e os ministros, inicia-se o
cântico de entrada. A finalidade deste cântico é dar início à celebração, favorecer a união dos fiéis
reunidos e introduzi-los no mistério do tempo litúrgico ou da festa, e ao mesmo tempo
acompanhar a procissão de entrada do sacerdote e dos ministros. Pode ser um salmo introdutório
ou mesmo outro canto aprovado pela Conferência dos Bispos.
Caso não seja entoado canto de entrada, isto é, entrando o sacerdote e ministros em
silêncio, o sacerdote ou todos os fiéis com ele, recitam a Antífona da Entrada que vem descrita no
Missal.
É conveniente que, aos domingos e dias festivos, faça-se uma procissão um pouco maior e
mais solene. Neste caso, a ordem da entrada é a seguinte:
1. o turiferário com o turíbulo fumegante, caso se use o incenso
2. os ceroferários com as velas acesas e, entre eles, um acólito ou ministro com a cruz;
3. os acólitos e outros ministros (leitores, ministros da comunhão...)
4. o leitor, que pode levar o Evangeliário um pouco elevado, mas nunca o Lecionário.
5. o sacerdote que vai celebrar a Missa.
A cruz adornada com a imagem de Cristo crucificado e levada na procissão pode colocar-se
junto do altar, para se tornar a cruz do altar, que deve ser apenas uma, ou então seja guardada; os
candelabros, porém, colocam-se sobre o altar ou junto dele; o Evangeliário depõe-se sobre o altar
Saudação inicial
Após o sinal da Cruz, o sacerdote, faz uma das saudações previstas no Missal (ex.: A graça
de Nosso Senhor Jesus Cristo...), fazendo com que a comunidade reunida sinta a presença do
Senhor. Com esta saudação e a resposta do povo (Bendito seja Deus que nos reuniu...), manifesta-
se o mistério da Igreja reunida. Portanto, a melhor saudação não é bom dia ou boa tarde, mas sim
as próprias palavras dos Apóstolos.
Motivação Inicial
Depois da saudação do povo, o sacerdote, ou o diácono, ou outro ministro, pode, com palavras
muito breves, introduzir os fiéis na Missa do dia.
Aqui fica claro que o momento para se fazer o “comentário inicial” não é antes da procissão da
entrada e, sim, após a saudação do presidente. Isso porque, quem deve, em primeiro lugar, dirigir-
se ao povo em nome de Cristo é o sacerdote e não o comentarista. E o sacerdote o faz com a
saudação bíblica prevista, ao contrário do que ocorre, muitas vezes em nossos comentários, com
uma saudação “jovial” como: “bom dia”, “sejam bem-vindos”, fazendo a Missa mais parecer-se
com uma “apresentação”, um concerto, um: “Senhoras e Senhores!”, “Respeitável Público!”...
8
De Oratione, caps. 14 e 17
29
Advento foram modificadas e atualmente dirigem-se ao Filho, o Salvador tão ardentemente
desejado. Nenhuma oração invoca diretamente o Espírito Santo.
2. A invocação é seguida de um motivo que autoriza a confiança de que seremos ouvidos, ou a
evocação do mistério da festa do dia.
3. Vem depois a petição/pedido, que desenvolve mais ou menos o objeto da súplica.
4. Finalmente, a conclusão apoia nosso pedido na intercessão do único mediador, Nosso Senhor
Jesus Cristo, e rende homenagem à indivisível Trindade.
A oração da coleta é oração de todos, oração da Igreja. Isso porque, quando o celebrante
termina a conclusão trinitária, todos os fiéis ratificam o que ele acaba de dizer, respondendo ao
mesmo tempo e em voz alta: Amém.
Num dos sermões, Santo Agostinho mostra o alcance deste Amém dos fiéis:
“Porventura é em vão que desejamos todas estas coisas para vós? Não; porque vós subscreveis
estas nossas súplicas, respondendo conscientemente: Amém. O vosso Amém, meus irmãos, é a
vossa assinatura, a vossa aprovação, o vosso consentimento.”9
Amen, que nós traduzimos com exatidão pela fórmula “assim seja”, é uma palavra hebraica
que os judeus empregavam, quer para tomar um compromisso, quer para formular um voto.
Servia também para confirmar uma verdade, e Cristo usava dela para dizer: “Amen, amen dico
vobis” – Em verdade, em verdade vos digo...
Amen é a última palavra da Bíblia. É ela que encerra a revelação cristã. E o livro do
Apocalipse, descrevendo a liturgia celeste, faz ressoar o Amen como o cântico de louvor da Igreja
triunfante. Amen é realmente a última palavra de toda a oração, a última palavra de toda a
santidade; pois que é a santidade, se não a adesão total e amorosa do homem à vontade de Deus?
“O que vós quereis, Senhor, assim se faça! Eu digo amém a tudo o que vós me pedis”.
Sendo membros de uma unidade, devemos sair do nosso individualismo e rezar no plural
com a liturgia, fazer nossos os votos e esperanças de todos os cristãos e de todos os homens –
pronunciar palavras de alegria mesmo se o nosso coração está triste, tomar atitudes de humildade
– pensar nos outros quando nós mesmos não estamos em segurança.
9
Fragmenta Sermon. P.L. XXXIX, col 1721
30
E isto, longe de abafar a nossa personalidade, enriquece-a, dilata-a. Desde o Oremos até o
Amém, as nossa coletas convidam-nos à oração coletiva, a oração da comunidade cristã, a oração
de todos por todos. É bem o caso de se dizer com alegria, profundidade e força: Amém!
31
LITURGIA DA PALAVRA
21. LITURGIA DA PALAVRA – Visão histórica
Depois da oração coletiva, o pontífice sentava-se no trono. Neste momento, eram os
ministros subalternos que entravam em função. O antigo privilégio do bispo hoje tornou-se regra
comum: clero e fiéis também sentam-se.
Nos primeiros séculos, orar sentado era irreverência. “Ninguém se senta em presença duma
pessoa que se quer reverenciar” dizia Tertuliano, “com maior razão, quando se está na presença
de Deus”10 Nos dias de jejum, os cristãos oravam de joelhos, mas ao domingo e durante os
cinquenta dias do tempo pascal, ficavam de pé durante o ofício, que era bastante longo. Os
assistentes, porém, estavam autorizados a apoiar-se num cajado, exceto durante a leitura do
Evangelho. Mais tarde foi autorizado o uso de pequenas cadeiras antes do ofertório, mas somente
durante as leituras e durante o sermão e os cânticos, nunca durante uma oração.
Sentavam-se para ouvir as primeiras leituras, que constituíam a parte principal e a mais
antiga da ante-missa. Devendo ser explicadas em seguida, destinavam-se a instruir os fiéis na
doutrina de Cristo e nos seus deveres cristãos. Os catecúmenos (aqueles que se preparavam para o
Batismo) assistiam a esta parte não sacrificial da liturgia.]
Liam-se, então, fragmentos da Bíblia, cuja escolha era deixada ao arbítrio do bispo, que
também determinava o número de leituras e sua extensão. Quando ele julgasse que uma leitura era
já suficientemente longa, interrompia o leitor, dizendo: Deo gratias (Graças a Deus!). E seguiam-
se outras leituras enquanto o presidente julgasse conveniente.
Desde muito cedo, porém, o número normal de leituras foi fixado e três: a primeira, tirada
do Antigo Testamento, que se chamava Profecia; a segunda, tirada da parte apostólica do Novo
Testamento, era chamada o Apóstolo ou a Epístola. Vinha, finalmente, uma passagem do
Evangelho.
Nota-se, desde muito cedo, a preocupação de diminuir a duração do ofício. No decorrer do
século V, exceto para algumas missas, as leituras eram reduzidas a duas: a Epístola e o
Evangelho.
Antes da leitura, um diácono chamava a atenção de todos: “State cum silentio, audiens
attente” (Estai em silêncio e escutai atentamente). Esta recomendação não era supérfula, como se
deduz da exclamação de Santo Ambrósio: “Como é difícil conseguir o silêncio na igreja quando
se fazem as leituras”11. E contudo, a leitura era lida dirigindo-se ao povo na língua que o povo
falava.
E para que os fiéis mais afastados percebessem a leitura, o leitor subia a um estrado (em
latim pulpitum, nome que os ingleses conservaram) ou a uma tribuna, que pela sua raiz grega se
costuma chamar ambon.
O leitorado era – e ainda é – um dos graus menores da hierarquia sagrada. Quando um
clérigo é ordenado leitor, o bispo indica-lhe as suas atribuições: “Quando lerdes, colocai-vos num
10
De Oratione, cap. 16
11
In Psalm. I, praef. 9
32
lugar elevado da igreja, a fim de serdes vistos e ouvidos por todos. Esforçai-vos por ler as
santas leituras de modo claro e distinto, para que os fiéis compreendam e fiquem edificados.
Seria mau que, por negligência vossa, a verdade fosse alterada em detrimento dos auditores.”
A preferência que se dá ao Evangelho da missa, não pode nos levar a negligenciar as outras
leituras da Missa, especialmente a da Carta dos Apóstolos. Isso porque, ouvindo os ensinamentos
dos Apóstolos, podemos assemelhar-nos aos fiéis da primeira comunidade de Jerusalém “que
eram assíduos à pregação dos Apóstolos”12
Papias, bispo da Frígia na primeira metade do século II, num livro que chegou até nós
fragmentado, confia-nos que todos se compraziam em interrogar os “anciãos” que tinham
conhecido os Apóstolos. “Quando encontrava um deles” escreve, “interrogava-o. Que dizia
André? Que dizia Pedro? Que dizia Filipe, Tomé, Tiago, João, Matias, e tal outro dos discípulos
do Senhor?... pois eu pensava que nem todos os livros podiam trazer-me tanto proveito como os
dados recolhidos duma palavra viva e permanente.” A leitura (principalmente a do Novo
Testamento) faz chegar até nós um eco deste ensinamento apostólico do qual saiu a nossa fé
cristã.
As Leituras são para nós sempre uma luz: por isso, podemos terminar coma a aclamação
que a Igreja nos confia, depois que o bispo deixou de pronunciá-la: Deo gratias (Graças a Deus!).
Porventura não demos nós agradecer a Deus por nos ter escolhido para sermos do número
daqueles que têm a felicidade de conhecer a verdade? Deo gratias! Esta exclamação encerra
também o propósito de cumprir alegremente os conselhos do escritor sagrado. Finalmente, não
deveriam estas duas palavras constituir uma jaculatória familiar aos cristãos? Deo gratias!
escrevia Santo Agostinho, “nenhuma palavra é mais breve ao dizer, mais alegre ao ouvir, maior
ao compreender, mais frutuosa na prática.”13
O Silêncio
A Liturgia da Palavra deve ser celebrada de tal modo que favoreça a meditação; por isso
deve ser evitado de todas as maneira qualquer pressa que impeça o recolhimento. Fazem parte da
Liturgia da Palavra, também momentos de silêncio, de acordo com a assembléia reunida. Por estes
momentos de silêncio, sob a ação do Espírito Santo, se acolhe no coração a Palavra de Deus e se
prepara a resposta pela oração.
12
At II,42
13
Epist, XLI
33
Convém que estes momentos de silêncio sejam observados, por exemplo, antes de se
iniciar a própria liturgia da Palavra, após a primeira e a segunda leitura, como também após o
término da homilia.
O Ambão
A dignidade da Palavra de Deus requer na Igreja um lugar digno de onde possa ser
anunciada e para onde se volte espontaneamente a atenção dos fiéis no momento da liturgia da
Palavra.
No recinto da Igreja deve existir um lugar elevado, fixo, adequadamente disposto e com a
devida nobreza, que ao mesmo tempo corresponda à dignidade da Palavra de Deus e lembre aos
fiéis que na missa se prepara a mesa da Palavra de Deus e do corpo de Cristo, e que ajude da
melhor maneira possível a que os fiéis ouçam bem e estejam atentos durante a liturgia da palavra.
Por isso se deve procurar, segundo a estrutura de cada igreja, que haja uma harmonia entre o
ambão e o altar.
De modo geral, convém que este lugar seja uma estrutura estável e não uma simples estante
móvel. O ambão seja disposto de tal modo em relação à forma da Igreja que os ministros
ordenados e os leitores possam ser vistos e ouvidos facilmente pelos fiéis.
Convém que o ambão, de acordo com a sua estrutura seja adornado com sobriedade, ou de
mandeira permanente ou, ao menos ocasionalmente, nos dias mais solnes.
Do ambão são proferidas somente as leituras, o salmo responsorial e a proclamação da
Páscoa; também se podem proferir a homilia e as intenções da oração universal ou oração dos
fiéis.
Para que o ambão ajude, da melhor maneira possível, nas celebrações, deve ser amplo,
porque em algumas ocasiões têm que estar nele vários ministros. Além disso, é preciso procurar
que os leitores que estão no ambão tenham suficiente luz para ler o texto e, na medida do possível,
bons microfones para que os fiéis possam escutá-los facilmente.
A dignidade do ambão exige que a ele suba somente o ministro da palavra. Não é
conveniente que subam ao ambão outras pessoas, como o comentarista, o cantor, o dirigente do
coro.
Leituras Bíblicas
Através das leituras, é preparada para os fiéis a mesa da Palavra de Deus e se abrem para
eles os tesouros da Bíblia. Por isso, não é permitido que na celebração da Missa, as leituras
bíblicas, juntamente com os cânticos tirados da Sagrada Escritura (Salmo e Aclamção), sejam
suprimidas, nem abreviadas nem, coisa ainda mais grave, substituídas por outras leituras não
bíblicas.
Na celebração da missa com povo, as leituras são sempre proferidas do ambão.
Por tradição, o ofício de proferir as leituras não é função do presidente da celebração, mas
sim uma função ministerial, isto é, do ministro da Palavra. As leituras sejam, portanto,
proclamadas pelo leitor. O Evangelho, porém, deve ser anunciado pelo diácono ou, na sua
ausência, por um sacerdote, nunca por um leigo. Na falta de outro leitor idôneo, o sacerdote
celebrante proferirá também as demais leituras.
Depois de cada leitura, quem leu profere a aclamação “Palavra do Senhor” e o povo
reunido, por sua resposta “Graças a Deus!” presta honra à Palavra de Deus, acolhida com fé e com
ânimo agradecido.
A proclamação do Evangelho constitui o ponto alto da liturgia da palavra. A própria
Liturgia ensina que se deve manifestar ao Evangelho a maior veneração, uma vez que é o
momento em que se presta honra especial, tanto por parte de quem vai anunciá-la (através da
oração e bênção), como pelos fiéis, através das aclamações que reconhecem e professam que
Cristo está presente e lhes fala, e que ouvem de pé a sua leitura.
O que mais contribui para uma adequada comunicação da Palavra de Deus à assembléia
por meio das leituras é a própria maneira de proclamar dos leitores, que devem fazê-lo em voz alta
e clara, tendo conhecimento do que lêem.
Salmo Responsorial
Após a primeira leitura, segue-se o salmo responsorial, que é parte integrante da Liturgia da
Palavra. É um momento de grande importância litúrgica e pastoral, porque favorece a meditação
da Palavra de Deus.
O Salmo responsorial corresponda a cada leitura e normalmente seja tomado do
Lecionário.
O Salmo responsorial, tem uma importância singular. Por isso, é preciso instruir
constantemente os fiéis sobre o modo de escutar a Palavra de Deus que nos é transmitida pelos
salmos, e sobre o modo de converter estes salmos em oração da Igreja. Isso “se realizará mais
35
facilmente quando se promover com diligência, entre o clero, um conhecimento mais profundo
dos salmos, segundo o sentido com que se cantam na sagrada liturgia, e quando se fizer que
participem disso todos os fiéis com uma catequese oportuna.”14
O Salmo responsorial preferencialmente deve ser cantado. Há duas formas de cantar o
salmo depois da primeira leitura: a forma responsorial e a forma direta. Na forma responsorial,
que se deve preferir sempre que possível, o salmista ou o cantor do salmo canta as estrofes do
salmo e toda a assembléia participa cantando a resposta. Na forma direta, os almo é cantado sem
que a assembléia intercale a resposta, e o cantam, ou o salmista ou o cantor do salmo sozinho, e a
assembléia escuta, ou então o salmista e os fiéis juntos.
O canto do salmo ou da resposta, contribuem muito para compreender o sentido espiritual
do salmo e para meditá-lo profundamente.
Seria interessante retomar tudo o que o Missal Romano prevê para a celebração da Liturgia da
Palavra, com destaque aos momentos de silêncio após cada leitura (cf. IGMR, 128-134). Aí está
claro que os “comentários” não têm a finalidade de dar informações catequéticas ou moralistas,
mas devem ser mistagógicos, isto é, conduzir a assembléia à plena participação da ação litúrgica.
Devem ser convites de cunho espiritual, sempre discretos, orantes, a serviço do diálogo entre
Deus e seu povo reunido, portanto, sem interrupção do fluxo do rito. Vale lembrar um dos
princípios na ação litúrgica: “que as nossas palavras na Liturgia não neguem a Palavra, mas a
sirvam”.
27. O “ALELUIA”
“Aleluia”! Esta exclamação hebraica vem do livro dos Salmo e significa: Louvai o Senhor!
Desde muito cedo, esta exclamação foi incorporada nos ofícios da Igreja Oriental e, assim,
passou do culto para a vida corrente. Os marinheiros, quando as embarcações se cruzavam,
saudavam-se duma extremidade à outra com um “Aleluia”. No ano de 429 os cristãos da Bretanha
venceram os Saxões tendo o Aleluia como o grito de guerra. Não somente se dizia, mas também
39
se cantava o Aleluia. São Jerônimo, o tradutor da Bíblia, ao atravessar os campos de Belém,
ouvia que os lavradores cantavam o Aleluia enquanto trabalhavam. Foi ele, aliás, quem importou
o Aleluia para a Igreja de Roma, e por ele sabemos ainda que esta aclamação foi cantada nos
funerais de Fabíola.
O Aleluia penetrou no rito romano da Missa por um fenômeno semelhante àquele que fez
entrar nela o Gloria.
Em princípio, o Aleluia era executado em Roma só uma vez por ano, no dia de Páscoa,
como um cântico de circunstância. O historiador Sozomeno dá-nos a conhecer um provérbio que
circulava em Roma no século V: “Digne-se Deus conceder-me que eu ouça e cante o Aleluia”.
Do domingo de Páscoa, o Aleluia foi se estendendo aos cinquenta dias do tempo pascal, e
no fim do século VII, S. Gregório ordenou que em todas as missas dominicais, fora da Quaresma,
o Aleluia substituísse o antigo “Tracto” (que era um responsório cantado após o Salmo e antes do
Evangelho). O grande papa Gregório “não previu todas as consequencias desta medida”, escreve o
Cardeal Schuster. Ele quiser recordar perpetuamente que o domingo é a comemoração semanla da
Ressurreição do Salvador; mas dentro em breve, as festas dos mártires, dos confessores, das
virgens, forma equiparadas à celebração do domingo e também receberam o privilégio do Aleluia.
“O que nas origens fora o cântico pascal por excelência, torna-se o cântico quotidiano do
coro. O Aleluia perde assim toda a esplendorosa beleza que tivera para os antigos, que o entoavam
na aurora da noite pascal, quando, com Cristo triunfador da morte, o exército branco dos novos
batizados saía processionalmente do batistério para se aproximar pela primeira vez do Altar
eucarístico do Senhor”, continua o Cardeal Schuster.
A partir da Idade Média, o Aelluia desaparece do domingo anterior à quaresma para só
aparecer na Vigília Pascal, sendo cantado três vezes pelo celebrante que eleva progressivamente a
voz, subindo meio tom de cada vez, enquanto os fiéis o repetem imediatamente com entusiasmo.
Além disso, durante o tempo pascal, o Salmo é substituído por um responsório “aleluiático”, ou
seja, com a resposta sempre Aleluia.
Em princípio, o Aleluia está ligado a um versículo de um salmo. No entanto, nem sempre o
versículo do Aleluia é tirado dos salmos, mas de qualquer outro livro da Escritura ou da Tradição.
Hoje, a Instrução Geral do Missal Romano assim dispõe:
Depois da leitura, que precede imediatamente o Evangelho, canta-se o Aleluia ou outro cântico,
indicado pelas rubricas, conforme o tempo litúrgico. Deste modo a aclamação constitui um rito ou
um acto com valor por si próprio, pelo qual a assembleia dos fiéis acolhe e saúda o Senhor, que lhe
vai falar no Evangelho, e professa a sua fé por meio do canto. É cantada por todos de pé, iniciada
pela schola ou por um cantor, e pode-se repetir, se for conveniente; mas o versículo é cantado pela
schola ou pelo cantor.
a) O Aleluia canta-se em todos os tempos fora da Quaresma. Os versículos tomam-se do
Leccionário ou do Gradual;
b) Na Quaresma, em vez do Aleluia canta-se o versículo antes do Evangelho que vem no
Leccionário. Também se pode cantar outro salmo ou tracto, como se indica no Gradual.
No caso de haver uma só leitura antes do Evangelho:
a) nos tempos em que se diz Aleluia, pode escolher-se ou o salmo aleluiático, ou o salmo e o Aleluia
com o seu versículo;
b) no tempo em que não se diz Aleluia, pode escolher-se ou o salmo e o versículo antes do
Evangelho ou apenas o salmo.
c) O Aleluia ou o versículo antes do Evangelho, se não são cantados, podem omitir-se.
A sequência, que excepto nos dias da Páscoa e do Pentecostes é facultativa, canta-se depois do
Aleluia.
40
29. EVANGELIÁRIO
O Evangelho no quadro da Revelação
Por toda a história da salvação, Deus se manifestou e fez-se presente por palavras e gestos.
Deste modo, Ele entrou na história humana e se tornou “conhecível”.
A salvação, de forma mais suprema e anunciada por Deus através dos profetas, se revela e
se cumpre definitivamente em Cristo, já que, vendo Jesus, se vê o Pai (cf. Jo 14,9).
Para que fosse preservado integralmente esta “boa Nova” (isto é, o Evangelho) através dos
tempos e todos os homens pudessem conhecê-lo e, através disso, alcançar a salvação, foi confiado
pelo próprio Senhor à pregação apostólica e à transmissão por escrito pelos evangelistas.
No centro das Escrituras está o Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus. O Evangelho –
testemunho da revelação de Deus em Jesus Cristo – goza de uma particular preeminência não só
dentro das Escrituras, mas do próprio Novo Testamento.
17
ORDEM DAS LEITURAS DA MISSA, n. 21
42
A exemplo de Cristo, que no próprio dia da sua ressurreição confortou os discípulos de
Emaús ao longo do caminho, a Igreja nunca deixou de reunir-se para fazer memória dos mistérios
da salvação, especialmente aos domingos, não só através da “fração do pão”, mas também com a
proclamação da Palavra de Deus, particularmente naqueles textos da Escritura que, segundo o
testemunho do evangelista Lucas (Cf. Lc 24,27.44-47), o próprio Cristo ressuscitado deveria
explicar aos discípulos:
“Segundo a tradição apostólica, que tem origem no mesmo dia da ressurreição de Cristo, a
Igreja celebra o mistério pascal no oitavo dia, naquele que se chama justamente dia do
Senhor ou domingo. Neste dia, assim, os fiéis devem reunir-se em assembléia para escutar a
Palavra de Deus e participar da Eucaristia e, dessa forma, fazer memória da paixão, da
ressurreição e da glória do Senhor Jesus, e render graças a Deus que os regenerou na
esperança viva por meio da ressurreição de Jesus Cristo dos mortos (I Pd 1,13)”18
O Evangeliário
A centralidade de Cristo na economia da salvação baseia e determina a preeminência que a
Igreja reserva ao Evangelho, colocando-o ao centro da Liturgia da Palavra, assim como funda
todos os gestos de respeito e de veneração a ele tributados, como o beijo e a incensação, a
elevação ou a procissão acompanhada das velas e do incenso.
À leitura do Evangelho se deve o máximo respeito; assim ensina a própria Liturgia porque a
distingue das outras leituras com particulares honras; seja por parte do ministro encarregado
de proclamá-la, que se prepara com a bênção ou com a oração; seja por parte dos fiéis, os
quais, com a aclamação reconhecem e professam que Cristo está presente e lhes fala, e
escutam a leitura permanecendo em pé; seja por meio dos sinais de veneração que se rende
ao livro dos Evangelhos”19
O Evangeliário contém, portanto, o texto dos quatro evangelhos. Por isso, é símbolo
peculiar de Cristo (IGMR, n. 349), e, consequentemente, superior a todos os outros livros
litúrgicos (assim compreendidos aqueles que recolhem as outras leituras da Sagrada Escritura).
Dele não só são proclamadas as passagens do curso das celebrações, mas está ao centro de uma
vasta série de gestos rituais, que lhe consagram a importância e o alto valor simbólico.
Nem sempre o Evangeliário esteve presente nas ações litúrgicas e apenas recente e
acanhadamente vem sendo usado, sobretudo após o Concílio Ecumênico Vaticano II.
Por ser uma peça do Culto Divino, como o Cálice e a Patena, sempre teve uma capa
artisticamente trabalhada. Às vezes, com incisões em ouro e prata e pedras preciosas; outras
vezes, uma capa com bordado ou pintura ou esmalte ou, ainda, outro trabalho em couro; porém
sempre com a face do Cristo, ou o Pantocrátor ou outra ora representando o Mistério Pascal.
18
SACROSSANTUM CONCILIUM, n. 106
19
PRINCÍPIOS E NORMAS GERAIS DO MISSAL ROMANO, ed. 1983, n. 35
20
ORDEM DAS LEITURAS DA MISSA, n 36
43
30. A HOMILIA, A PROFISSÃO DE FÉ, A ORAÇÃO UNIVERSAL
A homilia
A homilia é parte da liturgia e muito recomendada. É um elemento necessário para
alimentar a vida cristã. Deve ser a explanação de algum aspecto das leituras da Sagrada Escritura
ou de algum texto do Ordinário (Ato Penitencial, Glória, Creio, Sanctus, Cordeiro de Deus) ou do
Próprio da Missa do dia (Orações, canto..) , tendo sempre em conta o mistério que se celebra, bem
como as características de quem está ouvindo.
Habitualmente a homilia deve ser feita pelo sacerdote celebrante ou por um sacerdote
concelebrante, por ele encarregado, ou algumas vezes, se for oportuno, também por um diácono,
mas nunca por um leigo. Em casos especiais e por justa causa, a homilia também pode ser feita,
por um Bispo ou presbítero que se encontra na celebração mas que não está concelebrando.
Nos domingos e festas de preceito, deve haver homilia em todas as Missas celebradas com
participação do povo, e não pode omitir-se senão por causa grave. Além disso, é recomendada,
particularmente nos dias feriais do Advento, Quaresma e Tempo Pascal, e também noutras festas e
ocasiões em que é maior a afluência do povo à Igreja. Depois da homilia, observe-se
oportunamente um breve espaço de silêncio.
Profissão de fé
O símbolo, ou profissão de fé, tem como finalidade permitir que todo o povo reunido,
responda à palavra de Deus anunciada nas leituras da sagrada Escritura e exposta na homilia.
Proclamando a regra da fé, o fiel recorda e professa os grandes mistérios da fé, antes de
começarem a ser celebrados estes mistérios na Eucaristia. Somente podem ser proferidas as
fórmulas aprovadas liturgicamente que é o Símbolo dos Apóstolos e o Símbolo Niceno-
Constantinopolitano.
O símbolo deve ser cantado ou recitado pelo sacerdote juntamente com o povo, nos
domingos e nas solenidades. Pode também dizer-se em celebrações especiais mais solenes.
Às palavras: foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria ou e se
encarnou por obra do Espírito Santo no seio da Virgem Maria e se fez homem, todos devem fazer
uma inclinação profunda. Dois dias no ano, a profissão de fé neste grande mistério da encarnação
é ornada com uma solenidade especial: 25 de dezembro e 25 de março. Nestes dias, ao invés de
inclinar-se, todos devem ajoelhar-se enquanto estas palavras são proclamadas.
Oração universal
Na oração universal ou oração dos fiéis, o povo responde, de algum modo à palavra de
Deus recebida na fé. Além disso, exerce o seu sacerdócio batismal apresentando preces a Deus
pela salvação de todos. Convém que em todas as Missas com participação do povo se faça esta
oração, na qual se pede pela santa Igreja, pelos governantes, pelos que se encontram em
necessidade, por todos os homens em geral e pela salvação do mundo inteiro.
Normalmente a ordem das intenções é a seguinte:
a) pelas necessidades da Igreja;
b) pelas autoridades civis e pela salvação do mundo;
c) por aqueles que sofrem dificuldades;
d) pela comunidade local.
Em celebrações especiais – por exemplo, Confirmação, Matrimónio, Exéquias – a ordem
das intenções pode acomodar-se às circunstâncias.
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O importante é que as preces sejam sóbrias, simples, objetivas, curtas e compreensíveis
aos fiéis. Afinal, é uma oração do próprio povo.
Compete ao sacerdote celebrante dirigir da cadeira esta prece. Ele próprio a introduz com
uma breve admonição, na qual convida os fiéis a orar, e a conclui com uma oração. As intenções
que se propõem, formuladas de forma sóbria, com sábia liberdade e em poucas palavras, devem
exprimir a súplica de toda a comunidade. Pode-se usar a fórmula de composição das Orações da
Coleta: (1) invocação (2) motivo (3) pedido (4) conclusão.
Ex:
Jesus, Bom Pastor (invocação), que nos destes o sacramento da Vossa Igreja (motivo),
protegei o Papa, os Bispos e todo o clero (pedido). Nós Vos pedimos. (conclusão)
Habitualmente são enunciadas do ambão ou de outro lugar conveniente, por um diácono,
por um cantor, por um leitor, ou por um fiel leigo.
O povo, de pé, faz suas estas súplicas, ou com uma resposta comum proferida depois de
cada intenção, ou orando em silêncio.
45
LITURGIA EUCARÍSTICA
Volta ao meio do altar, toma o cálice com ambas as mãos e, sustentando-o um pouco
elevado sobre o altar, diz em voz baixa:
Bendito sejais, Senhor, Deus do universo, pelo vinho que recebemos de vossa bondade,
fruto da videira e do trabalho humano, que agora vos apresentamos e para nós se vai tornar vinho
da salvação.
Depõe, em seguida, o cálice sobre o corporal e, se parecer oportuno, cobre-o com a pala.
Se não há cântico do ofertório ou não se toca o órgão, o sacerdote pode, na apresentação do
pão e do vinho, dizer em voz alta as fórmulas de bênção, às quais o povo aclama: Bendito seja
Deus para sempre.
Colocado o cálice no altar, o sacerdote inclina-se profundamente e diz em silêncio:
De coração contrito e humilde, sejamos, Senhor, acolhidos por vós; e seja o nosso
sacrifício de tal modo oferecido que vos agrade, Senhor, nosso Deus.
48
A seguir, se é usado o incenso, o sacerdote impõe-o no turíbulo e incensa as oferendas, a
cruz e o altar. Um ministro, de pé ao lado do altar, incensa o sacerdote, e depois o povo.
Depois da oração: De coração contrito e humilde ou depois da incensação, o sacerdote vai
ao lado do altar e lava as mãos, dizendo em silêncio, enquanto o ministro lhe serve a água:
Lavai-me, Senhor, de minhas faltas e purificai-me de meus pecados.
O sacerdote vem ao meio do altar e, voltado para o povo, abrindo e juntando as mãos,
convida-o à oração, dizendo: Orai, irmãos, etc... (Em Portugal pode o sacerdote dizer apenas
Oremos, sem resposta do povo). O povo levanta-se e responde: Receba o Senhor. Depois o
sacerdote, recita, de braços abertos, a oração sobre as oblatas. No fim o povo aclama: Amém.
Recentemente, o Santo Padre Bento XVI, na Exortação Apostólica pós-sinodal
Sacramentum Caritatis, assim se manifestou quanto à apresentação das oferendas:
“Os padres sinodais chamaram a atenção também para a apresentação das oferendas.
Não se trata simplesmente duma espécie de «intervalo» entre a liturgia da palavra e a
liturgia eucarística, o que faria, sem dúvida, atenuar o sentido de um único rito
composto de duas partes interligadas; realmente, neste gesto humilde e simples,
encerra-se um significado muito grande: no pão e no vinho que levamos ao altar, toda a
criação é assumida por Cristo Redentor para ser transformada e apresentada ao Pai.
Nesta perspectiva, levamos ao altar também todo o sofrimento e tribulação do mundo,
na certeza de que tudo é precioso aos olhos de Deus. Este gesto não necessita de ser
enfatizado com descabidas complicações para ser vivido no seu significado autêntico: o
mesmo permite valorizar a participação primeira que Deus pede ao homem, ou seja,
levar em si mesmo a obra divina à perfeição, e dar assim pleno sentido ao trabalho
humano que, através da celebração eucarística, fica unido ao sacrifício redentor de
Cristo.” (SC 47)
Na última Ceia, Cristo instituiu o sacrifício e banquete pascal. Todas as vezes que o
sacerdote – representando Jesus – faz o mesmo que o Senhor fez e mandou aos discípulos que
fizessem em sua memória, se torna continuamente presente o sacrifício da cruz. Ou seja, a Missa
atualiza e faz se tornar presente o sacrifício de Jesus na Cruz.
Cristo tomou o pão e o cálice, pronunciou a ação de graças, partiu o pão e deu-o aos seus
discípulos, dizendo: «Tomai, comei, bebei: isto é o meu Corpo; este é o cálice do meu Sangue.
Fazei isto em memória de Mim». Foi a partir destas palavras e gestos de Cristo que a Igreja
organizou toda a celebração da liturgia eucarística. Efetivamente:
1) Na preparação dos dons, levam-se ao altar o pão e o vinho com água, isto é, os mesmos
elementos que Cristo tomou em suas mãos.
2) Na Oração eucarística, dão-se graças a Deus por toda a obra da salvação, e as oferendas
convertem-se no Corpo e Sangue de Cristo.
3) Pela fração do pão e pela Comunhão, os fiéis, embora muitos, recebem, de um só pão, o
Corpo e Sangue do Senhor, do mesmo modo que os Apóstolos o receberam das mãos do próprio
Cristo.
49
Preparação dos dons
A iniciar a liturgia eucarística, levam-se para o altar os dons, que vão se transformar no
Corpo e Sangue de Cristo.
Em primeiro lugar, prepara-se o altar ou mesa do Senhor, que é o centro de toda a liturgia
eucarística; nele se coloca o corporal, o purificador (ou sanguíneo), o Missal e o cálice.
Em seguida são trazidas as oferendas. É de louvar que o pão e o vinho sejam apresentados
pelos fiéis. Recebidos pelo sacerdote ou pelo diácono em lugar conveniente, são depois levados
para o altar. Embora, hoje em dia, os fiéis já não tragam do seu próprio pão e vinho, como se fazia
noutros tempos, no entanto o rito desta apresentação conserva ainda valor e significado espiritual.
Portanto, as oferendas trazidas são aquelas que serão usadas no Sacrifício Eucarístico, isto
é, o pão (hóstias) e o vinho que serão consagrados, não qualquer pão ou qualquer “jarra” de vinho.
Além do pão e do vinho, são permitidas ofertas em dinheiro e outros dons, destinados aos
pobres ou à Igreja, e tanto podem ser trazidos pelos fiéis como recolhidos dentro da Igreja. Estes
dons serão dispostos em lugar conveniente, fora da mesa eucarística.
A procissão em que se levam os dons é acompanhada do cântico do ofertório, que se prolonga
pelo menos até que os dons tenham sido depostos sobre o altar. O rito do ofertório pode ser
sempre acompanhado de canto.
O pão e o vinho são depostos sobre o altar pelo sacerdote, acompanhados das fórmulas
prescritas. O sacerdote pode incensar os dons colocados sobre o altar, depois a cruz e o próprio
altar. Deste modo se pretende significar que a oblação e oração da Igreja se elevam, como a
fumaça do incenso, à presença de Deus. Depois, por um diácono ou outro ministro, é incensado o
próprio sacerdote, por causa do sagrado ministério, e o povo, em razão da dignidade baptismal.
A seguir, o sacerdote lava as mãos, ao lado do altar: com este rito se exprime o desejo de
uma purificação interior.
21
Is, VI,3
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d) Narrativa da instituição e a consagração: pelas palavras e ações de Cristo (Isto é o meu
Corpo – Isto é o meu sangue – tomar o pão nas mãos...), se realiza o sacrifício que ele institui
na Última Ceia, ao oferecer o seu Corpo e Sangue sob as espécies de pão e vinho. Entregou
estes dons santíssimos aos seus apóstolos como comida e bebida e deu-lhes a ordem de repetir
e perpetuar este mistério.
e) Anamnese: cumprindo a ordem recebida de Cristo através dos Apóstolos, a Igreja faz a
memória do próprio Cristo, relembrando principalmente a sua beata paixão, a gloriosa
ressurreição e a ascensão aos céus. (Anunciamos, Senhor, a Vossa morte e proclamamos a
Vossa ressurreição).
f) Oblação: a Igreja, em particular a assembléia reunida naquele momento realizando esta
memória, oferece ao Pai, no Espírito Santo, a hóstia imaculada; ela deseja, porém, que os fiéis
não apenas ofereçam a hóstia imaculada, mas aprendam a oferecer-se a si próprios, e se
aperfeiçoem cada vez mais, pela mediação do Cristo, na união com Deus e com o próximo,
para que finalmente Deus seja tudo em todos. Este é o momento do verdadeiro “ofertório”.
(Nós Vos oferecemos, ó Pai, o pão da vida e o cálice da salvação...)
g) Intercessões: por elas, se exprime que a Eucaristia não é uma oração particular, mas celebrada
em comunhão com toda a Igreja, tanto a do céu como a da terra. A oblação é feita por ela e por
todos os seus membros vivos e falecidos, que foram chamados a participar da redenção e da
salvação obtidas pelo Corpo e Sangue de Cristo. (Lembrai-vos, ó Pai da Vossa Igreja que se
faz presente – Lembrai-vos também dos nossos irmãos e irmãs que partiram desta vida...)
h) Doxologia final: exprime a glorificação de Deus. É rezada pelo sacerdote sozinho e
confirmada e concluída pela aclamação AMÉM do povo.
A Oração do Senhor
No Pai Nosso pede-se o pão de cada dia que, para os cristãos é, antes de tudo, o pão
eucarístico. Não é, portanto, uma oração nesta ou naquela intenção, mas é para nos preparar para
receber o Corpo do Senhor. É o sacerdote quem faz o convite para que os fiéis orem com ele,
utilizando uma das fórmulas de convite previstas no Missal. A oração é rezada pelo sacerdote
juntamente com todo o povo.
Ao final não se diz Amém. Por quê? Porque a oração do Senhor na Liturgia, não termina
com o mas livrai-nos do mal. O sacerdote continua a oração sozinho no chamado embolismo, que
começa com as palavras: Livrai-nos de todos os males, ó Pai... É assim chamado porque
desenvolve o último pedido do Pai Nosso, isto é, suplica que toda a comunidade dos fiéis seja
libertada do poder do Maligno.
O povo encerra o embolismo com a aclamação: Vosso é o Reino, o poder e a glória para
sempre! Aqui, de fato, encerra-se a oração do Pai Nosso.
Rito da Paz
Segue-se o rito da paz, no qual a Igreja implora a paz e a unidade para si mesma e para toda
a família humana. O sacerdote, sozinho, em nome de todos, profere a oração: Senhor Jesus Cristo,
dissestes aos Vossos Apóstolos... e todos confirmam ao final com o Amém. Em seguida, o
sacerdote saúda os fiéis com as mesmas palavras do Cristo ressuscitado aos discípulos: A paz
esteja convosco... e os fiéis exprimem entre si a comunhão eclesial e mútua caridade antes de
comungar o sacramento, através do “abraço da paz”.
A Eucaristia é, por sua natureza, sacramento de paz. A saudação da paz exprime isso e é
um sinal de grande valor (Jo 14,27). Neste tempo cheio de conflitos, este gesto adquire um relevo
particular, pois a Igreja sente cada vez mais como sua missão própria a de implorar ao Senhor o
dom da paz e da unidade para si mesma e para a família humana inteira.
Os Bispos do mundo inteiro, reunidos com o Papa no Sínodo sobre a Eucaristia (2005)
insistiram para que se moderasse neste gesto. Isso porque ele pode assumir expressões excessivas,
causando um pouco de confusão na assembléia precisamente antes da comunhão. Porém, é bom
lembrar que nada tira ao alto valor do gesto a sobriedade no cumprimento para se manter um
clima apropriado à celebração, limitando, por exemplo, a saudação da paz a quem está mais
próximo.22
O costume de dar a paz um pouco antes de distribuir a sagrada Comunhão, no Rito
Romano, não tem um sentido de reconciliação, nem de perdão dos pecados, mas sim significa a
22
Sacramentum Caritatis, n. 49
53
paz, a Comunhão e a caridade, antes de receber a Santíssima Eucaristia. O sentido de conversão
ou de reconciliação entre os irmãos se manifesta claramente no ato penitencial que se realiza no
início da Missa.23
A CNBB, na XI Assembléia Geral de 1970 decidiu que o rito da paz seja realizado por
cumprimento entre as pessoas do modo com que as mesmas se cumprimente entre si em qualquer
lugar público.
Durante o abraço da paz, que deve ser sóbrio e rápido, não há previsão de cantos, porque o
canto importante neste momento é o que vem em seguida, na fração do pão.
Fração do Pão
O sacerdote parte, então, o pão eucarístico, imitando o gesto realizado por Cristo na última
Ceia. Este gesto da “fração do pão”, no tempo dos Apóstolos deu nome a toda a ação eucarística.
Significa que muitos fiéis formam um só Corpo pela Comunhão no único pão da vida, que é o
Cristo, morto e ressuscitado pela salvação do mundo.
A fração do pão inicia quando se acaba de dar o abraço da paz, e é realizada com a devida
reverência, mas de uma forma que não se prolongue desnecessariamente nem sejam considerada
de excessiva importância. Ester rito é reservado ao sacerdote e ao diácono.
O sacerdote faz a fração do pão e coloca uma parte da hóstia no cálice, para significar a
unidade do Corpo e do Sangue do Senhor na obra da salvação, ou seja, o Corpo vivo e glorioso de
Cristo Jesus. O grupo dos cantores ou o cantor canta ou, ao menos, diz em voz alta, a súplica:
Cordeiro de Deus, à qual o povo responde. A invocação acompanha a fração do pão; por isso,
pode-se repetir quantas vezes for necessário até o final do rito. A última vez conclui-se com as
palavras dai-nos a paz.
24
Sacramentum Caritatis, n. 50
55
RITOS FINAIS
Ritos Finais
ANEXOS
COMO PREPARAR UMA CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA
57
3º Passo: Ministérios
Tendo organizado como será o espaço litúrgico, passa-se à distribuição das funções
ministeriais.
a) Quem será o comentarista da Missa? (colocar o nome e analisar a situação da Missa do
Dia: se será necessário fazer muitas ou poucas intervenções, responder no microfone as
orações etc...)
b) Quem proclamará a primeira Leitura? (colocar o nome da pessoa e já passar a Leitura
para haver uma verdadeira preparação a fim de que, na hora, a pessoa leia com clareza e
devoção, ciente de que está emprestando sua voz para Deus)
c) Quem recitará o salmo? (caso não seja cantado pelo Coro, é importante que uma pessoa
bem preparada recite o Salmo responsorial. Caso haja poucas pessoas para auxiliar na
execução da Liturgia, quem proclamou a 1ª Leitura poderá proclamar o Salmo).
d) Quem proclamará a 2ª Leitura? (mesma situação que o ponto “b” acima).
e) As preces serão feitas por quem? (como as preces são a “oração do povo”, seria
interessante que não fosse feita pelos leitores, mas por uma outra pessoa. Além disso, é
melhor que seja proclamada do lugar onde está o comentarista, e não do ambão).
f) Quem fará a acolhida na porta da Igreja? (Este é um ministério muito importante, porque
demonstra a acolhida que Cristo dá àqueles que vão celebrar. É interessante combinar
com os Movimentos e Pastorais para que façam essa parte com alegria, simpatia e
sinceridade. Ideal seria que nunca faltasse uma “pastoral da acolhida” nas nossas
celebrações, nem que fosse só para dar um “bom dia” e entregar o livro ou folheto de
cantos).
4º Passo: Procissões
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PROCISSÃO DA ENTRADA
(a) A procissão da entrada será solene (da porta da Igreja) ou simples (da sacristia)?
(b) Dentro da ordem prevista para a procissão (tanto da sacristia como da porta da Igreja),
quem participará? (colocar o nome do responsável por cada coisa) A ordem da procissão
sempre é a seguinte:
1. Turíbulo e incenso (se houver) (2 pessoas)
2. Cruz e duas velas (3 pessoas)
3. Evangeliário (se houver) (1 pessoa)
4. Leitores (I Leitura, Salmo, II Leitura) (2 ou 3 pessoas)
5. Ministros da Eucaristia (1 ou 2 pessoas)
6. Padre celebrante.
5º Passo: Comentários
Uma vez definidas e distribuídas todas as funções da Liturgia, passa-se à última parte
que é a composição dos comentários a serem lidos pelo comentarista ou animador e as preces
dos fiéis. Estes comentários e preces podem ser elaborados por toda a equipe, pelo sacerdote ou
mesmo pelo próprio comentador. Os folhetos e sugestões podem ajudar, mas o ideal é utilizar a
criatividade à luz do Evangelho, e não de modelos desconexos com a realidade do local. O
importante é que sejam: curtos, objetivos e bem preparados, como pede o Concílio Vaticano II.
Quais comentários se deve fazer?
feitas com base naquilo que se está celebrando. Por exemplo, num dia em que Jesus fala de pão,
pode-se pedir o pão para quem tem fome etc... No dia das mães, pelas mães...
A Liturgia prevê uma ordem para as preces na Missa, sendo que podem ser adaptadas às
circunstâncias do dia sem muitas alterações para não se perder o sentido. É bom lembrar que as
preces são a oração da Igreja como um todo. A ordem prevista pelas normas litúrgicas é:
1ª PRECE – Pela Igreja e suas necessidades (pode-se fazer pelo Papa, Bispos, clero...)
2ª PRECE – Pelas autoridades civis e pela salvação do mundo.
3ª PRECE – Por aqueles que sofrem dificuldades.
4ª PRECE – Pela comunidade local
É IMPORTANTE LEMBRAR
• A equipe deve se organizar para chegar, no mínimo, VINTE MINUTOS
antes do início da Missa, para ver se tudo está no lugar, testar microfones,
distribuir livros, combinar os cantos com o Coral (se já não foi feito na
reunião com a equipe) etc.
• A sacristia não é lugar de REUNIÃO, mas o lugar onde o sacerdote se
prepara para celebrar. Portanto, as combinações devem ser todas feitas numa
reunião anterior da Equipe. Na hora, só as combinações finais com o
sacerdote.
Alguns minutos antes da Missa, fazer uma oração conjunta entre todos
61
•
os que vão atuar na Missa com o sacerdote. Da mesma forma, terminada a
Missa, repetir a oração conjunta.
• Ler as INTENÇÕES de Missa, se forem muitas, DEZ MINUTOS antes do
início da Missa, para que se possa ter uns instantes de silêncio entre o término
das intenções e o início da Missa.
• NÃO IMPROVISAR! Ter tudo preparado, organizado e distribuído. O
povo nota qualquer confusão e isso atrapalha a oração. A equipe deve ser um
instrumento para ajudar o povo a CELEBRAR MELHOR e não para
atrapalha-lo.
• CADA UM FAZ A SUA PARTE. Para isso há distribuição de funções. A
Igreja pede que ninguém seja “multifuncional”, mas que cada um só faça
aquilo que lhe compete. Portanto: Leitor é Leitor (e não ministro da
Eucaristia, nem comentador), Ministro da Eucaristia faz a sua parte (e não é
quem deve passar as caixinhas da coleta ou ler as Leituras). Assim a Liturgia
fica mais rica e mais participativa e vão se envolvendo mais pessoas.
Que estes passos nos ajudem a preparar melhor as nossas celebrações e celebrar melhor, a fim de que exista
uma participação ativa, autêntica e frutuosa do povo na Liturgia, como pede o Concílio Vaticano II.
1. Preparar a leitura
A. Conhecer e compreender o texto
Compreender o sentido do texto, captar a sua estrutura, as suas articulações, os seus pontos mais
altos, a sua vivacidade.
- Quem fala no texto? A quem fala? Sobre quê? Com que finalidade?
- De que gênero de texto se trata? Um relato? Uma exortação? Um diálogo? Uma oração? Uma censura?
- O que sentem os personagens que aparecem no texto?
- Há palavras difíceis de compreender? Que significam?
- O texto é divisível em partes? Onde começa e acaba cada parte?
B. Preparar uma leitura expressiva
Ver que entoação se deve dar a cada frase, quais são as frases que se devem ressaltar, onde estão os
pontos e as vírgulas, qual a pontuação do texto.
- Quais as palavras mais importantes e as expressões ou frases principais que é importante destacar?
- Onde fazer pausa, breve ou prolongada?
- Onde evitar a pausa?
- Qual o tom de voz (ou tons de voz) adequado ao texto?
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- Qual o ritmo (as acentuações, os encadeamentos) e o movimento (acelerado, rápido, espaçado, lento)
que se deve usar, no texto ou nas partes?
C. Ler o texto em voz alta
- Ler o texto antes, em voz alta e várias vezes, com exercícios parcelares e com o texto completo.
- Identificar as armadilhas fonéticas, em que palavras se poderá tropeçar, etc.
- Articular e pronunciar bem cada palavra e cada sílaba; não negligenciar as consoantes.
- Não deixar cair demasiado o tom de voz, mesmo nos pontos finais; o verdadeiro ponto final está no fim
do texto.
5. Postura
- Quando estiver diante do ambão, deve ter em conta a posição do corpo. Não se trata de adotar posturas
rígidas, nem demasiado descontraídas.
- Pés bem assentes, levemente afastados e firmes. Não balancear-se, nem cruzar os pés, nem estar apoiado
apenas num pé, com pés cruzados ou um à frente e outro atrás.
- Não debruçado sobre o ambão, nem com os braços cruzados ou as mãos nos bolsos. Os braços poderão
manter-se pendentes ao longo do corpo, ou dobrados para permitir um leve e discreto apoio das mãos
na orla central do ambão (evitando tocar o Lecionário a fim de não o danificar).
- Colocar-se à distância adequada do microfone para que se ouça bem. Por causa da distância,
freqüentemente, ouve-se mal. Não começar, portanto, enquanto o microfone não estiver ajustado à sua
medida (que deverá ser feito antes: a medida adequada costuma ser a um palmo da boca e na direcção
da mesma). E lembrar-se que os estampidos que acontecem ou os ruídos que se fazem diante do
microfone são ampliados.
6. Apresentação
- Não trajar algo que possa distrair ou ofender os presentes, seja por ostentação, seja por desleixo, pouco
conveniente ou ridículo (camisetas de anúncios, vestuário desalinhado ou sujo, penteados estranhos...).
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- Ter critério e apresentar-se como pessoa educada e normal.
7. Antes de começar
- Esperar que toda a assembléia esteja sentada e tranqüila e se tenha criado um ambiente de silêncio e
escuta.
- Respirar calma e profundamente.
- Guardar uma breve pausa para olhar a assembléia, a fim de a registrar na mente, para estabelecer com ela
contato direto antes de iniciar a proclamação e pedir a sua atenção, pois é para ela que se dirige.
8. Título
- Ler só o título bíblico. Nunca se leia "Primeira Leitura" ou "Salmo responsorial", ou a frase em itálico
que precede a leitura.
- Não deve ser o leitor a ler também a introdução à leitura ou o comentário que a antecede.
- Após a leitura do título, faça-se uma pausa para destacar o texto que vai ser proclamado.
FONTES
• INTRODUÇÃO AO LECIONÁRIO;