Antropologia - Religiosa Analzira
Antropologia - Religiosa Analzira
Antropologia - Religiosa Analzira
1
MARCONI, Marina Andrade; PRESOTTO, Zelia Maria Neves. Antropologia: uma introdução,
pg. 23.
2
GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. LTC, 1989, pg. 15.
3
IDEM, pg. 41.
também grandes desafios, tais como os etnocentrismos, fundamentalismos,
pluralismos e outros.
A disciplina procura analisar o sentido que o fenômeno religioso traz
para o cotidiano do ser humano, especialmente as crenças e rituais com
critérios científicos. Entende a religião como um sistema de crenças e práticas
que determinam a cosmovisão de uma sociedade ou comunidade. Os
antropólogos reconhecem sua importância na conservação e transmissão de
conhecimentos e valores culturais.
“A Antropologia da Religião, partindo de uma reflexão sobre a
humanidade e sobre a cultura como realidades complexas, busca compreender
como o ser humano foi e continua sendo visto por ele mesmo e por uma das
suas mais significativas e originais manifestações – a religião” (José Lisboa
Moreira de Oliveira – PUC Brasília).
A experiência religiosa é a experiência do transcendente e da
transcendência na busca por sentido da vida, a religiosidade é a manifestação
da experiência religiosa em um determinado grupo e a religião é a
institucionalização da experiência religiosa, “é a padronização do caminho para
a relação com o transcendente feito por um grupo social ou cultural” (José
Lisboa M. Oliveira, PUC, DF).
Geertz define religião como “um sistema de símbolos que atua para
estabelecer poderosas, penetrantes e duradouras disposições e motivações
nos homens através da formulação de conceitos de uma ordem de existência
geral e vestindo essas concepções com tal aura de fatualidade que as
disposições e motivações parecem singularmente realistas”.4
A Semiótica, ciência geral dos símbolos, que “estuda como o ser
humano interpreta os vários elementos da linguagem utilizando seus sentidos e
quais reações esses elementos provocam” (Wikipédia, 12/10/2015), pode
trazer uma contribuição na análise da cultura, especialmente dos símbolos.
“O século XX viu nascer e estamos testemunhando o crescimento de
duas ciências da linguagem. Uma delas é a Lingüística, ciência da linguagem
verbal. A outra é a Semiótica, ciência de toda e qualquer linguagem” (Lucia
Santaella – PUC, São Paulo).
4
GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. LTC, 1989, pg. 105.
Aqui nossa ênfase será uma Antropologia Missionária e por isso
trabalharemos com alguns pressupostos básicos na comunicação do
evangelho, considerando elementos fundamentais apontados pelos
antropólogos:
* informação (mensagem),
* interpretação (decodificação) e
* associação (aplicação), ou seja, a comunicação é formada por:
- um significante (a imagem acústica) +
- um significado (a imagem mental) +
- pelo referente (o objeto real ou imaginário a que o signo faz alusão).
Falando especificamente da transmissão do Evangelho para diferentes
culturas, precisamos considerar que muitos erros aconteceram no passado e
ainda podemos pontuar hoje tais situações que tem ocasionado silenciamentos
culturais, colonização evangélica, sincretismo religioso e outros. Lemos na
história que alguns missionários não conseguiram expor a mensagem do
evangelho com uma fundamentação bíblico-teológica, e também considerar a
singularidade da cultura receptora, mas levaram seus padrões culturais e estilo
de vida da cultura enviadora.
Ronaldo Lidório nos traz um contraponto advertindo sobre o perigo do
pragmatismo que pode nos levar a valorizar mais a metodologia da
contextualização do que o conteúdo a ser contextualizado 5. Entretanto um dos
grandes perigos atuais é a contextualização baseada em uma interpretação e
avaliação sociológica e não nos conteúdos bíblicos e suas recomendações.
Cremos que em algum momento, a Palavra de Deus vai confrontar a cultura
pois, o Evangelho:
- é supracultural – explica o homem, sua identidade e o propósito - 2Tm
3:16,17;
- é multicultural – atrai pessoas de todas as línguas, tribos e nações à
Jesus – Ap 5:9;
- é transcultural – enviado de uma cultura a outra até que todos ouçam –
At 1:8;
5
LIDÓRIO, Ronaldo. Antropologia Missionária, pg. 22.
- é cultural – tendo sido revelado à humanidade em sua história, Jesus
encarnado em nosso tempo e espaço – Jo 1:14;
- é intercultural – à medida que promove comunicação, entendimento e
comunhão entre pessoas de diferentes culturas - Cl 3:11;
- contracultural – confronta o homem em sua própria vida e cultura,
produzindo real, pessoal e eterna transformação – At 26:18.
Portanto, o estudioso da Bíblia, especialmente o missionário, em sua
comunicação com o outro precisa lembrar constantemente a importância de
buscar uma adequada interpretação para uma boa compreensão da cultura
receptora e então estabelecer pontes com ênfases teológicas adequadas para
conseguir abordagens eficazes.
Destacamos que o missionário precisa considerar a fenomenologia
religiosa que é “a sistemática categorização dos elementos do além em certa
cultura, sociedade ou segmentação humana, objetivando a coleta de
informação necessária para a comunicação de uma mensagem de maneira
compreensiva, relevante e transformadora”. O conceito de profano e sagrado
nestes grupos deve ser observado com atenção e abrirão preciosas janelas de
interpretação da religiosidade local.
Colonialidade e Dialogicidade na Prática Missionária
(Analzira Nascimento)
PENSAMENTO COLONIALISTA PENSAMENTO DESCOLONIAL
Cumprir Metas Dialogicidade
Cristandade Cristianismo Bíblico
Objetivo da
Período Texto Projeto Motivação Método Lógica
Missão
Considerações Finais:
6
LIDÓRIO, Ronaldo. Antropologia Missionária, pg. 213.
1. Contribuição da cultura religiosa para uma cultura de paz –
reconhecimento da alteridade – base para o diálogo;
2. Princípios bíblicos – recuperação de valores éticos na sociedade e o
bem estar comum;
3. Praticas missionárias descolonizadas – matriz ocidental e cultura
dominante;
4. Humanização da sociedade – revalorização da diversidade e
pluralidade;
5. Teologia inculturada – encarnar a mensagem cristã em outras culturas;
6. Sentido de vida - redescoberta da nossa participação no cumprimento
dos propósitos de Deus para o mundo.