Produtos Derivados de Amendoim-PESQISA ANVISA
Produtos Derivados de Amendoim-PESQISA ANVISA
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Objetivo
Justificativa
Normas e Documentos de Referência
Laboratório Responsável pelos Ensaios
Marcas Analisadas
Informações das Marcas Analisadas
Ensaios Realizados
Resultados Obtidos
Conclusões
Conseqüências
Objetivo
A apresentação dos resultados obtidos nos ensaios realizados em amostras de produtos derivados
de amendoim (amendoim e paçoca) é parte integrante dos trabalhos do Programa de Análise de
Produtos desenvolvido pelo Inmetro e que tem por objetivos:
Deve ser destacado que estes ensaios não se destinam a aprovar marcas ou modelos de produtos.
O fato das amostras analisadas estarem ou não de acordo com as especificações contidas em uma
norma/regulamento técnico indica uma tendência do setor em termos de qualidade, em um
determinado tempo. A partir dos resultados obtidos são definidas, em articulação com as partes
interessadas, as ações necessárias de apoio aos setores produtivos na busca da melhoria da
qualidade dos produtos, tornando o produto nacional mais competitivo e contribuindo para que o
consumidor tenha, à sua disposição no mercado, produtos adequados às suas necessidades.
Justificativa
O principal ensaio realizado refere-se à contaminação do produto por aflatoxina. Entretanto, foram
realizados outros ensaios que verificaram as características microscópicas, microbiológicas e de
rotulagem das amostras de paçoca.
A aflatoxina é produzida por um fungo que contamina o alimento quando este se encontra em
condições de umidade e temperatura ideais. É um dos principais tipos de micotoxina existentes e
seus efeitos em seres humanos e animais são incessantemente pesquisados em todo o mundo.
Em meados dos anos 50, a Inglaterra descobriu a primeira incidência da aflatoxina em alimentos.
As pesquisas começaram quando um grande número de animais de pequeno porte começou a
morrer e identificou-se como causa das mortes a ração que os alimentava, a base de farelo de
amendoim que era exportado pelo Brasil.
Entre os principais efeitos à saúde humana causados pela aflatoxina estão: a hepatite do tipo B,
sérios danos ao sistema nervoso e o câncer primário do fígado.
A Organização Mundial de Saúde já concluiu que a aflatoxina pode desenvolver câncer primário no
fígado do homem. Isto não significa que, ingerindo aflatoxina, a pessoa fatalmente contrairá
câncer, mas sim, que existe o risco.
Marcas Analisadas
A análise foi precedida de uma pesquisa de mercado realizada em 11 (onze) Estados: Amazonas,
Pará, Goiás, Bahia, Rio Grande do Norte, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais,
Paraná e Santa Catarina, e identificou 43 (quarenta e três) diferentes marcas de amendoim e 32
(trinta e duas) marcas de paçoca.
Com relação às informações contidas na homepage sobre o resultados dos ensaios, você vai
observar que identificamos as marcas dos produtos analisados apenas por um período de 90 dias.
Julgamos importante que você saiba os motivos:
Uma última razão diz respeito ao fato de a Internet ser acessada por todas as partes do
mundo e informações desatualizadas sobre os produtos nacionais poderiam acarretar
sérias conseqüências sociais e econômicas para o país.
Ensaios Realizados
Os ensaios realizados verificaram diversas características das amostras dos produtos analisados
que variaram desde a conformidade das informações presentes nos rótulos das embalagens até
questões que envolvem diretamente a saúde dos consumidores, como a presença de
contaminações microbiológicas e por micotoxinas, e a prática de fraudes por parte dos fabricantes,
identificadas pela presença de elementos estranhos ao produto.
Amendoim: 2kg
Paçoca: 3kg
Essas quantidades visaram atender às solicitações do laboratório, sendo a metade utilizada para a
realização dos ensaios e a outra metade foi mantida lacrada, em sua embalagem original, para o
caso do fabricante contestar os resultados e fornecer dados tecnicamente convincentes que
determinassem a repetição dos ensaios.
O quadro abaixo lista os produtos analisados e os ensaios realizados para cada um deles.
Amendoim:
a. Pesquisa de Aflatoxinas
Paçoca:
a. Características Microbiológica
b. Características Microscópica
c. Análise de Rotulage
Pesquisa de Aflatoxinas
1. Pesquisa de Aflatoxinas
As micotoxinas são elementos tóxicos, originárias de fungos, que sob certas condições de
umidade, oxigênio e temperatura, se desenvolvem em produtos agrícolas e alimentos. Elas são
estáveis e termo-resistentes e, portanto, muito difíceis de serem eliminadas através de controles
de temperatura e químicos.
É comprovado cientificamente o vínculo da ação das micotoxinas com inúmeros problemas de
saúde, tanto no homem como nos animais. A contaminação ocorre com maior freqüência pela via
digestiva através da ingestão de alimentos contaminados, e sua absorção geralmente provoca
reações sob a forma de hemorragias e necroses. Muitas das micotoxinas têm afinidade por um
determinado órgão ou tecido, sendo o fígado, os rins e o sistema nervoso os mais afetados.
Apesar da pesquisa e comprovação dos graves efeitos das micotoxinas em seres humanos e
animais ser uma preocupação mundial, são poucos os países que estabelecem limites máximos,
em suas respectivas legislações, para a presença de micotoxinas além das aflatoxinas.
Os efeitos que a aflatoxina pode causar dependem da dose e da freqüência com que é ingerida, ou
seja, são cumulativos, e podem ser classificados em: agudo ou sub-agudo. O efeito agudo é
resultante da ingestão de doses elevadas que geram manifestação e percepção rápidas pois
causam alterações irreversíveis que podem levar o animal à morte. O efeito sub-agudo é o
resultado da ingestão de doses não elevadas e provoca distúrbios e alterações nos órgãos do
homem e dos animais.
Atualmente, sabe-se que a aflatoxina pode provocar, entre outros problemas: cirrose, necrose do
fígado, hemorragia nos rins, hepatite do tipo B e lesões sérias na pele. Além disso, os produtos do
seu metabolismo no organismo reagem com o DNA, em nível celular, interferindo com o sistema
imunológico do indivíduo contaminado, reduzindo, com isso, a resistência à doenças.
Em relação aos animais, o consumo de farelo de amendoim, milho, ou de qualquer outro alimento
contaminado, pode causar a morte de animais ou reduzir seu desempenho e desenvolvimento,
além de provocar câncer no fígado em várias espécies.
Além desta Resolução, outra legislação brasileira também estabelece parâmetros para a presença
de aflatoxinas em alimentos. Em 21 de março de 1996, o Ministério da Agricultura, do
Abastecimento e da Reforma Agrária, através da Portaria nº 183, internalizou, ou seja, adotou
como válida, a Resolução do Grupo Mercado Comum do Sul – MERCOSUL nº 56, de 01 de janeiro
de 1995, que estabelece o limite de 20ppb para o somatório das aflatoxinas B1, B2, G1 e G2 nos
seguintes alimentos: leite, amendoim e milho.
Apesar de mais rigorosa, essa Portaria não pode ser utilizada para produtos industrializados, sob
responsabilidade do Ministério da Saúde pois, como foi internalizada apenas pelo Ministério da
Agricultura, ela é aplicável apenas para produtos in natura.
No caso específico do amendoim, a contaminação pode ocorrer em qualquer uma das diversas
etapas do processo produtivo, desde a colheita até o comércio, porém, sua incidência é maior no
campo, devido às dificuldades de se manter condições de umidade e temperatura que inibam a
proliferação do fungo. Estas condições podem ser agravadas em função de alguns fatores como: a
época de colheita do amendoim; a posição em que os grãos são colocados após a colheita; a
forma de armazenamento e transporte dos grãos, entre outros.
Outra característica inerente à contaminação por aflatoxina é que apenas um grão pode
contaminar todo um lote de produção, daí a dificuldade do agricultor e do fabricante controlarem a
qualidade do produto que chega ao consumidor. Mesmo os fornecedores que exercem controle
rigoroso do produto acabado não podem garantir que todo o lote esteja isento da micotoxina, uma
vez que se a partes retiradas do lote não apresentam contaminação e, todo o lote é aprovado para
a produção.
2. Características Microbiológicas
Esta classe de ensaios visa determinar as possíveis contaminações microbiológicas que o produto
pode sofrer durante o processo produtivo, tanto pela utilização de matéria-prima inadequada,
quanto por questões que envolvem a manipulação, armazenamento e transporte do produto, seja
por parte do fabricante, ou do estabelecimento que o comercializa.
As contaminações ocasionadas por esta bactéria podem ser classificadas em: moderadas, que
comprometem apenas as funções intestinais; e severas, podendo comprometer outras partes do
corpo. Sua fonte está relacionada à ingestão de alimentos contaminados como: carne de frango,
leite, ovos, entre outros, ou ao contato físico com pessoas que já estejam contaminadas,
principalmente, em função de uma higiene pessoal deficiente
A contaminação por bolor, vulgarmente conhecido como mofo, está relacionada, principalmente, à
problemas de conservação e armazenamento do produto.
3. Características Microscópicas
Esses contaminantes podem causar risco à saúde humana pois possuem potencial alergênico, ou
seja, podem provocar alergia.
Este ensaio está diretamente vinculado à análise de rotulagem pois verifica se o fabricante
declara, no rótulo do produto, todos os ingredientes encontrados que são identificados,
microscopicamente, através de seus elementos histológicos padrões, ou seja, cada produto, como
um cereal, por exemplo, possui, a nível microscópico, uma particularidade que o caracteriza.
4. Análise de Rotulagem
Resultados Obtidos
1. Amendoim:
a. Pesquisa de Aflatoxinas
Neste ensaio, das amostras das 15 (quinze) marcas de amendoim analisadas, 06 (seis),
ou seja, 40% (quarenta por cento) do total, foram consideradas não conformes por
apresentarem contaminação por aflatoxina acima do limite permitido pelo Ministério da
Saúde.
A tabela abaixo descreve o limite máximo permitido, os resultados obtidos pelas marcas
consideradas não conformes e observações a respeito do teor de aflatoxina encontrado em cada
uma delas.
Pesquisa de Aflatoxinas Resultado Final Observações
AFB1 AFG1 (Limite Máximo
AFB1+AFG1=30m
g/kg)
149,0 - cerca de 5 vezes acima do máximo
149,0
permitido
139,0 - cerca de 4 vezes e meia acima do
139,0
máximo permitido
582,0 - cerca de 20 vezes acima do máximo
582,0
permitido
70,0 - cerca de 2 vezes e meia acima do
70,0
máximo permitido
194,0 27,0 cerca de 7 vezes e meia acima do
221,0
máximo permitido
485,0 - cerca de 16 vezes acima do máximo
485,0
permitido
A contaminação do alimento pela aflatoxina é considerada grave pois representa risco direto à
saúde dos consumidores. A ingestão freqüente e em doses elevadas do alimento contaminado por
este tipo de micotoxina pode causar a médio e longo prazo, pois os efeitos são cumulativos,
podendo variar desde sérios danos ao sistema nervoso até a ocorrência de câncer primário de
fígado, com incidência comprovada cientificamente em seres humanos.
a. Características Microbiológicas
Neste ensaio, todas as amostras das marcas analisadas foram consideradas conformes.
b. Características Microscópicas
Além disso, este ensaio está vinculado à identificação de fraude pela mistura ao
amendoim de outros cereais não permitidos pela legislação vigente como: soja, milho e
trigo.
Cabe destacar que a presença de cereais não permitidos não representa risco para a
saúde dos consumidores porém, está relacionada à possibilidade de fraude praticada pelo
fabricante, que se utiliza de cereais mais baratos com o objetivo de baixar o custo de
produção do produto e também está associada à falta de controle da entrada da matéria-
prima.
A tabela abaixo detalha as não conformidades encontradas em cada uma das amostras.
Durante a etapa de posicionamento, um dos fabricantes enviou fax ao Inmetro
informando que, apesar de permitido, a farinha de mandioca não era adicionada à
formulação do produto e solicitando, pela apresentação de um laudo do mesmo lote do
produto analisado, a realização de outro ensaio a fim de confirmar tal afirmação.
O novo ensaio foi realizado na presença de um técnico indicado pela empresa e ratificou o
resultado obtido anteriormente, com a ressalva de que, além da farinha de mandioca,
foram encontrados outros cereais, como milho e trigo, através da análise microscópica.
c. Análise de Rotulagem
Cabe destacar que a utilização da farinha de mandioca é permitida, porém deve ser
declarada pelo fabricante na lista de ingredientes que compõem o produto pois, segundo o
parágrafo III, do artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor, é direito básico do
consumidor "a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com
especificação correta de quantidade, características, COMPOSIÇÃO, qualidade ...".
d. Pesquisa de Aflatoxinas
Assim como no amendoim, a presença da aflatoxina na paçoca também representa graves riscos à
saúde dos consumidores, principalmente, daqueles que consomem o produto freqüentemente e
em grande quantidade.
Conclusões
Os resultados dos ensaios realizados evidenciam que a tendência da conformidade dos produtos
Amendoim e Paçoca encontrados no mercado é de se apresentarem não conformes em relação aos
padrões nacionais de identidade e qualidade existentes.
Das 15 (quinze) marcas de Amendoim analisadas, 06 (seis) foram consideradas não conformes, o
que representa 40% (quarenta por cento) do total de marcas selecionadas, no ensaio que verifica
a contaminação do produto por aflatoxina, um tipo de micotoxina que, tanto em seres humanos,
quanto em animais, causa sérios danos à saúde sendo associada ao câncer primário de fígado.
Estes resultados são preocupantes, pois esta micotoxina foi encontrada em níveis muito elevados,
variando de 2 (duas) a 20 (vinte) vezes acima do limite máximo de 30m g/kg permitido pela
Resolução do Ministério da Saúde.
Em relação às amostras de Paçoca, 08 (oito) das 10 (dez) marcas selecionadas para análise, ou
seja, 80% (oitenta por cento) do total, foram consideradas não conformes em, pelo menos, um
dos ensaios realizados.
No ensaio que verifica a presença da aflatoxina, esta micotoxina também foi encontrada
em amostras de 03 (três) marcas também com níveis elevados, demonstrando que a provável
origem do problema seja o campo, onde, na maioria das vezes, as condições de colheita e
armazenamento dos grãos são precárias, expondo o produto à situações de risco de contaminação
pelo fungo que produz a micotoxina. Além disso, verifica-se que o problema não é extensivo só ao
amendoim, mas também aos seus derivados.
Três marcas de paçoca foram consideradas não conformes no ensaio que verifica as
características microscópicas do produto. Nas amostras destas marcas foram encontradas
evidências de fraude, em função do percentual elevado de mistura do amendoim com outros grãos
de cereais não permitidos pela legislação, como soja, milho e trigo, na formulação do produto,
prática que visa baixar o custo de fabricação do produto.
O gráfico abaixo faz uma relação entre o número de marcas consideradas conformes e não
conformes para cada um dos produtos analisados.
De acordo com os resultados, verifica-se um índice elevado de não conformidades nos dois
produtos. Além disso, ambos apresentaram problemas que afetam diretamente a saúde dos
consumidores no que se refere à presença de contaminação por aflatoxina.
Como medidas adotadas, o Inmetro enviará cópia do relatório para a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, órgão responsável pela fiscalização de produtos
alimentícios industrializados, e para o Ministério da Agricultura e do Abastecimento, que também
regulamente e fiscaliza gêneros alimentícios, porém com campo de atuação voltado para os
produtos in natura, ou seja, que ainda não passaram por algum processo de industrialização, para
que analisem os resultados obtidos e julguem as medidas cabíveis.
Conseqüências
DATA AÇÕES
Julho/2000 Encaminhamento dos laudos com os resultados dos ensaios realizados
pelo Instituto Adolfo Lutz para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária -
ANVS do Ministério da Saúde.
28/07/2000 A Diretoria de Alimentos e Toxicologia da ANVS, através da Resolução nº 89,
de 28 de julho de 2000, determina a interdição dos lotes das marcas de
amendoim e de paçoca analisadas pelo Programa de Análise de Produtos do
INMETRO que apresentavam contaminação por aflatoxina.
30/07/2000 Divulgação no Programa Fantástico da Rede Globo de Televisão
01/08/2000 Divulgação no Jornal O Estado de São Paulo/SP sobre a fiscalização da
Vigilância Sanitária
02/08/2000 Divulgação no Jornal O Globo/RJ
13/08/2000 Divulgação no Programa Fantástico da Rede Globo de Televisão, no quadro
Fique de Olho, sobre as medidas tomadas pela ANVS em função da análise
realizada pelo INMETRO.
15/08/2000 Divulgação no Jornal Nacional da Rede Globo de Televisão
25/04/2001 Reunião com representantes da Associação Brasileira da Indústria de
Chocolate, Cacau, Balas e Derivados - ABICAB com o objetivo de apresentar
as medidas tomadas pelo setor visando minimizar os riscos de contaminação
do produto por aflatoxina.