Exame Fisico Revisada
Exame Fisico Revisada
Exame Fisico Revisada
exame físico
semiologia
ectoscopia
É a impressão geral do paciente, não necessariamente a inicial. Esse aspecto do exame físico pode tomar
forma durante o processo de avaliação do paciente e das impressões do médico/avaliador. É preciso ser muito
minucioso na observação e descrição. É adequado avaliar a qualidade desses sinais em cruzes, medidos de
uma a quatro, sendo quatro o máximo.
• Estado de saúde aparente: bom, regular e mal estado geral (BEG, REG, MEG).
• Nível de consciência: avaliar se o paciente está lucido, informando bem, orientado em tempo e espaço
(LOTE). Caso não esteja, avaliar nível de consciência, através da escala de Glasgow – caso o paciente
esteja sedado, usamos a escala RASS.
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Semiologia – exame físico
• Nível de hidratação (hidratado, ou desidratado), observar mucosa palpebral conjuntiva, mucosa oral,
globo ocular e turgor da pele. Em idosos, de preferência avaliar próximo a clavícula.
• Grau de Palidez: avaliar mucosa palpebral da conjuntiva, mucosa oral, leito ungueal e palma das mãos.
Pode estar corado/normocorado ou descorado.
• Icterícia: avaliar palma da mão, esclera e freio da língua. Essas regiões podem estar amareladas. O
paciente pode estar ictérico ou anictérico.
• Cianose: coloração mais azulada no lábio, leito ungueal e outras extremidades – indicativo de
diminuição da oxigenação. Pode ser periférica ou central.
• Estado de Nutrição: bom, regular ou mal. Se é magro, gordo, obeso. Aumento do tecido adiposo e sua
distribuição. Panículo adiposo (médio, escasso, abundante).
• Fácies: é o conjunto de dados exibidos na face do paciente. Resultante de traços ou
alterações anatômicas, expressão fisionômica e elementos patológicos. Exemplos:
▪ Fácies caquética: paciente em grave estado da doença, com aspecto próximo a agonia.
Pele com coloração escura, olhos fundos e parados, lábios afilados
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Semiologia – exame físico
• Decúbito preferencial: qual a posição que o paciente costuma/gosta de dormir em casa. Dorsal,
ventral, lateral esquerda ou direita.
• Pilificação: normal para idade e sexo.
• Musculatura: normotônica e normotrófica. Hipotrófica, hipotônica e mialgias.
• Esqueleto: sem alterações ou amelia, hemimelia, sindactilia. Perda de membro ou não.
• Edema: presente ou ausente. Sinal de cacifo - avaliar em cruzes
• Postura, marcha ou atividade motora: qual a postura preferida, se está inquieto ou tranquilo, a
velocidade dos seus movimentos e se os fazem de forma normal, alterada ou involuntária. Se ele anda
com desenvoltura, equilíbrio ou claudica e mostra desconforto, perda de equilíbrio ou transtorno do
movimento.
sinais vitais
• Pressão arterial
Valor normal: 120x80mmHg Hipertensão: valores iguais ou maiores que 140mmHg (sistólica) e/ou
90mmHg (diastólica).
Etapas para a aferição:
1. Certificar-se que o paciente não tenha fumado ou ingerido café e/ou bebidas alcoólicas; que está com
a bexiga vazia e que não tenha praticado atividade física na última hora. Deixar o paciente em repouso
de 3 a 5 minutos em ambiente tranquilo.
2. Posicionar o braço do paciente, de maneira que fique na altura do coração (4°/5° espaço intercostal).
Se o paciente estiver sentado, deixe o braço repousar sobre uma mesa. Se estiver em pé, tente apoia-
lo em uma altura próximo a da metade do seu tórax. 5
3. Avaliar o braço do paciente, que deve estar sem qualquer vestimenta. Nele, não pode haver fístula de
dialise, dissecções de artéria braquial, sinais de linfedema ou mastectomia. Observar o ponto médio
entre olecrano e acrômio, onde deve ser posto o manguito.
4. Escolher um manguito que recubra pelo menos 40% do braço do paciente. Coloque-o de forma não
muito apertada, como se ainda coubesse um dedo entre o manguito e o braço.
5. Estimar a pressão sistólica através da insuflação do manguito e da apalpação do pulso radial.
6. Na fossa cubital, apalpar a artéria braquial e colocar o diafragma do estetoscópio para ouvir a
passagem de sangue por ela.
7. Inflar o manguito 20 a 30mmHg a mais que na estimativa.
8. Começar a desinflar o manguito lentamente.
9. O primeiro som (sons de Korotkoff) a ser ouvido corresponderá a pressão sistólica (fase I). Quando o
som desaparecer (fase V), o valor será correspondente a pressão diastólica. Ainda assim, deve-se
auscultar de 20 a 30mmHg depois do que se acredita ser o último som, a fim de confirmar o valor.
- Efeito do jaleco branco: é uma situação clínica caracterizada por valores anormais de PA no consultório. Ela
não muda o diagnóstico, mas pode dar a impressão de necessidade de adequação terapêutica.
- ITB (índice tornozelo braquial): é utilizado para diagnostico de doença obstrutiva periférica. É dado pela
razão entre a maior PA sistólica da artéria tibial anterior e a braquial. A medição deve ser feita em ambos os
membros para determinar qual é a maior. Para o cálculo, utiliza-se a PAS no braço e tornozelo, em ambos os
lados. Define-se como normal uma relação PAS braço/PAS tornozelo acima de 0,90, definindo-se a presença
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Semiologia – exame físico
de DAP (doença arterial periférica) como: leve, se a relação é 0,71-0,90; moderada 0,41-0,70; e grave, 0,00-
0,40.
- Caso haja diferença entre a aferição da PA dos dois braços maior que 20mmHg, isso indica obstrução arterial
no braço com menor valor.
- A pressão deve ser aferida também nos membros inferiores. Contudo, em condições normais, os valores não
são iguais aos dos braços, uma vez que a resistência vascular periférica é geralmente maior para vencer a
força da gravidade. Assim, em condições normais, a pressão arterial sistólica nas pernas é geralmente 10 a
20% mais elevada do que a pressão verificada na artéria braquial. Diferenças maiores que 20mmHg na pressão
sistólica e de 10mmHg na diastólica indicam vasculopatia significativa, justificando investigação.
• Dados antropométricos
- Peso - Biotipo
- Altura - Circunferência abdominal.
- IMC
cabeça e pescoço
• Cabeça
Este exame compreende a observação e análise do tamanho e da forma do crânio, superfície e couro
cabeludo, exame geral da face, olhos e supercílios, nariz, região bucomaxilofacial e otorrinolaringológico.
▪ FACE
- Observar fácies características ou que podem levar a suspeita de alguma patologia, analisamos a
simetria, expressão fisionômica ou mímica facial, a pele e os pelos. Já na apalpação buscamos alguns
achados físicos, como tamanho e contorno da face, registrando se há deformidades, depressões,
nódulos ou dor a apalpação.
▪ OLHOS
- Sinais e sintomas: sensação de corpo estranho, queimação ou ardência, prurido, sensação de olho
seco, lacrimejamento, dor ocular, fotofobia, cefaleia, hemeralopia (cegueira diurna) e nictalopia
(cegueira noturna), xantopsia, iantopsia e cloropsia, alucinações visuais, diplopia, nistagmo
- Observar o globo ocular e a cavidade orbitária, conjuntiva e esclera em busca de alterações. Se há
ptose palpebral (queda da pálpebra superior), alteração do globo ocular (exoftalmia: protusão;
microftalmia: globo pequeno; hipertelorismo: afastamento das cavidades orbitárias, nistagmo:
movimentação involuntária).
- Inspecionar as glândulas lacrimais e do saco lacrimal, em busca de tumefação. Investigue se há
lacrimejamento excessivo ou ressecamento ocular.
- Avaliar as pupilas, tamanho, formato e simetria. Fazer teste de reação a luz: reação direta (mesmo
olho) e reação consensual (olho oposto). Anisocoria é quando há tamanho desigual das pupilas. Miose
indica uma pupila estreita e a midríase, aumentada
- Acuidade visual: exame para avaliar a capacidade visual de longe. Com a ajuda de um cartão – Quadro
de Snellen -, peça para o paciente cobrir um olho e dizer o que está escrito na parede. O teste de visão
para perto é feito com o uso de um cartão especial e com a ajuda de uma das mãos, indica ou não a
necessidade de óculos para perto. Ele avalia o funcionamento da fóvea, área da retina responsável
pela melhor acuidade visual.
- Campo visual (descrito no exame neurológico)
- Oftalmoscopia
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Semiologia – exame físico
Observação: caso você use óculos, retire pra fazer a oftalmoscopia; quando feita nos bonecos do CSC, não
ligue a luz do oftalmoscópio.
Passos:
1. Escureça a sala e ligue a luz do oftalmoscópio.
2. Ajuste as dioptrias. Comece com 0 dioptrias, e tente focar os pelos em seu braço girando o disco que
define as dioptrias.
3. O oftalmoscópio deve ser segurado com a mão direita para examinar o olho direito do paciente e vice-
versa. Assim, você não esbarra seu nariz com o nariz do paciente e tem mais mobilidade para encontrar
as estruturas do fundo de olho.
4. Oriente o paciente a olhar para cima, reto e por sobre o seu ombro em um ponto especifico a sua
frente. Segure o oftalmoscópio com firmeza, apoie a sua mão livre na sobrancelha do paciente a fim
de ganhar mais estabilidade e evitar que o aparelho bata no rosto dele.
5. Com o oftalmoscópio inclinado lateralmente e a cerca de
30cm do paciente, ilumine a pupila com o feixe luminoso e
observe o brilho alaranjado na pupila ou um reflexo
vermelho – pode haver a existência de alguma opacificação
que interrompa o reflexo, como um sinal patológico.
6. Mantenha o feixe de luz focalizado no reflexo vermelho e
vai se aproximando da pupila, ficando o mais próximo
possível do paciente. Para conseguir focar, mantenha os
dois olhos abertos e como se estivesse vendo um ponto
distante.
7. Agora, focalize bem o disco óptico pelo ajuste do oftalmoscópio. Se paciente e examinador não
tiverem problemas de refração, ela ficara focada com 0 dioptrias. Caso as estruturas estejam borradas,
gire o disco até encontrar um bom foco.
8. Inspecione o disco óptico e observe as seguintes características: a nitidez ou definição do contorno do
disco; a coloração do disco; o tamanho da escavação fisiológica central; a simetria comparativa entre
os olhos e os achados nos fundos de olho.
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Semiologia – exame físico
Fundo de olho normal:
- Retinopatias:
Diabética: é uma microangiopatia que afeta as arteríolas pré-capilares,
capilares e vênulas retinianas. São achados comuns os exsudatos duros,
neovascularização, hemorragias na camada plexiforme externa com áreas
arredondadas. A retinopatia diabética é uma causa importante de
comprometimento visual e cegueira.
Hipertensiva: é uma lesão vascular da retina causada pela hipertensão. Ela se apresenta com acentuada
alteração nos cruzamentos arteriovenosos, especialmente ao longo dos vasos inferiores. O exame de fundo
de olho mostra contrição arteriolar, entalhes arteriovenosos, alterações na parede vascular, hemorragias em
chama de vela, exsudatos algodonosos.
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Semiologia – exame físico
▪ ORELHA
- Inspecione o pavilhão auricular e os tecidos adjacentes, em busca de deformidades, nódulos ou lesões
cutâneas.
- Sinais e sintomas: otalgia, otorreia, otorragia, prurido, distúrbios da audição (transmissão ou
neurossensorial), zumbidos, vertigem.
- Inspeção: possibilita reconhecer os processos inflamatórios e neoplásicos do pavilhão da orelha, os cistos,
as fistulas congênitas, as reações edematosas da região mastoidea no decurso da mastoidite aguda e da
furunculose do meato acústico externo, corpos estranhos e as malformações congênitas da orelha.
- Palpação: fornece elementos de valor na orientação diagnostica pela comprovação de pontos dolorosos a
pressão do antro mastoideo nas mastoidites agudas, assim como do pavilhão da orelha as otites externas
agudas.
Condições patológicas:
- Perfuração do tímpano: são decorrentes, em geral, de infecções purulentas na orelha
média. São classificadas em centrais, no centro da membrana, ou marginais, na periferia. A
perfuração timpânica muitas vezes se fecha no decorrer do processo de cicatrização.
- Derrame seroso/otite média secretora ou serosa: são causados em geral por infecções virais
das vias respiratórias superiores ou por alterações de pressão bruscas, como voar ou
mergulhar – barotrauma otitíco. É comum observar na otoscopia um
liquido de cor âmbar por trás do tímpano e bolhas de ar, que nem
sempre existem. Os sinais e sintomas incluem plenitude ou pressão
na orelha, perda auditiva condutiva leve e, algumas vezes, dor.
- Otite média aguda: é uma infecção bacteriana ou viral da orelha média, geralmente
acompanhada a infecção de via aérea superior – IVAS. Os sintomas incluem otalgia e perda
auditiva do tipo condutiva, muitas vezes associada a sintomas sistêmicos, como
febre, náuseas, vômitos e diarreias. O tímpano fica hiperemiado e abaulado,
perde seus marcos anatômicos e projeta-se lateralmente, em direção aos olhos
do examinador. A ruptura espontânea do tímpano pode acompanhar o quadro,
com saída de material purulento para o meato acústico.
• NARIZ
- Inspecione as superfícies anterior e inferior do nariz, observar se há assimetria ou deformidade do nariz.
Pesquise se há obstrução nasal.
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Semiologia – exame físico
- Inspecione a parte interna do nariz, com a ajuda de um otoscopio. A mucosa nasal recobre o septo e as
conchas. Verifique sua coloração e se existe edema, sangramento ou exsudato. No septo nasal, observe se
existe desvio, inflamação ou perfuração.
- Palpe os seios paranasais, comprimindo a parte óssea das sobrancelhas, de baixo
pra cima, para palpar os seios frontais. Em seguida, comprima os seios maxilares,
também de baixo pra cima. A hipersensibilidade local, associada a manifestações
como febre, dor e secreção nasala, sugere sinusite aguda dos seios frontais ou
maxilares. A transiluminação pode ter utilidade diagnostica.
• BOCA E FARINGE
- Observar lábios, gengivas, dentes e língua. Observe sua cor, umidade, existência de nódulos, ulceras,
rachaduras, descamação.
- Orofaringe: para examinar, peça para o paciente dizer ‘ahhh’. Pode ser necessário o uso de um abaixador de
língua. Note se há a presença de alterações de coloração, secreção e placas, que podem indicar processos
infecciosos.
• PESCOÇO
- Inspecione o pescoço, notando a simetria e se existem massas ou cicatrizes.
- Palpe os linfonodos, fazendo movimentos circulares com as polpas dos dedos, movendo a pele sobre eles.
Se perceber algum, note a sua consistência, seu tamanho e verifique se está aderido a planos profundos, se
há fistula e confluências e se dói.
Sequência de palpação:
1- Pré-auriculares
2- Auriculares posteriores
3- Occipitais
4- Tonsilares
5- Submandibulares
6- Submentonianos
7- Cervicais superficiais
8- Cervicais posteriores
9- Cadeia cervical profunda
10- Supraclaviculares
tórax e pulmões
• Técnica:
Com o paciente sentado: examine a região posterior do tórax e dos pulmões. (Se possível, peça para o
paciente ficar com os braços cruzados a frente do tórax, com as mãos nos ombros)
Com o paciente em decúbito dorsal: examine a região anterior do tórax e dos pulmões (melhor para
mulheres, mas pode também ser feita a avaliação anterior sentada)
Quando o paciente não consegue ficar sentado: peça ajuda, de modo que o exame da região posterior do
tórax possa ser feito na posição sentada. Caso não seja possível, vire o paciente de um lado e do outro.
Ou, examine somente a parte anterior do tórax, quando não for possível de forma alguma examinar a
parte posterior.
A avaliação deve ser feita em todas as regiões pulmonares e bilateralmente, comparando um hemitórax
com o outro.
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Semiologia – exame físico
• Inspeção
Dinâmica:
- Observar a frequência, ritmo, profundidade e o esforço respiratório.
- Procure sinais de dificuldade respiratória, como cianose, escutar a respiração (há sibilo?)
- Inspecione o pescoço, se há uso de músculos acessórios, retração clavicular ou se há desvio da
traqueia.
Estática:
- Formato do tórax, diâmetro anteroposterior e lateral
• Apalpação
- Identifique regiões de hipersensibilidade, palpe cuidadosamente regiões com relato de
dor
- Avalie a expansão torácica, posicionando as mãos de forma a envolver lateralmente a
caixa torácica. Solicite que o paciente inspire profundamente. Observe o afastamento dos
polegares durante a inspiração e procure perceber a amplitude e a simetria da caixa
torácica a medida que ela se expande e contrai. Repetir com as mãos no ápice do tórax.
- Avalie a elasticidade, fazendo uma leve compressão no eixo antero-posterior e pedindo para o paciente
respirar.
- Palpe o frêmito toracovocal (FTV): consiste em vibrações palpáveis
transmitidas da arvore broncopulmonar para a caixa torácica enquanto o
paciente fala. Peça para ele repetir a palavra trinta e três. Utilize uma mão
para perceber o frêmito e o faça de forma simétrica, com a mesma mão.
Compare as regiões simétricas, identifique e localize regiões de aumento,
diminuição ou ausência do frêmito.
• Percussão
Essa técnica serve para determinar se os tecidos adjacentes estão cheios de ar, de
liquido ou se são sólidos. Compare as regiões, percutindo um dos lados do tórax
e, em seguida, outro na mesma altura. Os pulmões normais são ressoantes – som
claro pulmonar (entre a macicez e o timpanismo)
- Som timpânico: som característico de estruturas mais ocas, com grande
quantidade de ar no parênquima pulmonar ou na cavidade torácica, é encontrado
em casos de enfisema pulmonar e de pneumotórax.
- Som maciço: quando se percute regiões mais densas, ou seja, quando há diminuição da quantidade de
ar no pulmão ou em suas proximidades. Presente em tumores periféricos ou pneumonias (consolidação).
• Ausculta
É a técnica mais importante para avaliar o fluxo de ar pela árvore traqueobrônquica, ajudando a avaliar as
condições dos pulmões e do espaço pleural. Ela compreende: ouvir os sons gerados pela respiração,
pesquisar ruídos adventícios e, se houve suspeita de anormalidades, auscultar os sons da voz falada ou
sussurrada do paciente durante sua transmissão através da parede torácica. Os locais de ausculta são
semelhantes aos de percussão, também comparando um lado com o outro. É recomendado auscultar
também a parede anterior do tórax, uma vez que RA podem aparecer somente nesta região.
Os sons respiratórios são:
1- Murmúrio vesicular: som grave e suave. Auscultado durante toda a inspiração, continua sem pausa
pela expiração e, sem seguida, desaparece em torno do terço inicial da expiração.
2- Broncovesicular: compreende sons inspiratórios e expiratórios de mesma duração, por vezes
separados por um intervalo (gap)
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Semiologia – exame físico
3- Respiração brônquica: sons mais fortes, ásperos e agudos, com um breve intervalo de silêncio
(gap) entre os componentes inspiratório e expiratório. Os sons expiratórios duram mais tempo que
os inspiratórios. Se for encontrada em localização anormal, deve ser avaliado.
- Os sons respiratórios são auscultados com o diafragma do estetoscópio, após orientar o paciente a respirar
profundamente com a boca aberta.
Observe a intensidade dos sons respiratórios que refletem o fluxo de ar na boca. Os ruídos respiratórios são,
em geral, mais altos na região inferoposterior dos campos pulmonares.
Pesquise se existem sons adventícios ou adicionais, que se superponham aos sons respiratórios habituais. A
detecção de sons adventícios – estertores, sibilos e roncos – é parte importante do exame e que possibilita
diagnostico de patologias cardíacas e/ou pulmonares.
ESTERTORES: sons do tipo descontínuo e que se forem auscultados, deve-se determinar as seguintes
características – intensidade, tom e duração; quantidade; momento de ocorrência no ciclo respiratório;
localização na parede torácica; persistência de seu padrão entre um ciclo respiratório; localização na parede
torácica; persistência de seu padrão entre um ciclo respiratório e outro; alteração após a tosse ou na
modificação na posição do paciente.
ESTERTOR FINO – CREPITAÇÕES ESTERTOR GROSSO
Abertura de via aérea de menor calibre, em geral
Obstrução de via aérea de menor calibre, geralmente
contem liquido no alvéolo. bronquíolo contendo secreção viscosa e espessa.
Som semelhante ao velcro ou a fricção de cabelos
Som de liquido borbulhando
Presente no meio/final da inspiração Presente no início da inspiração e durante toda a
expiração – bifásico
Não somem com a tosse, mas pode sumir com Não somem com mudança de decúbito e costuma
mudança de decúbito. sumir com a tosse
Edema, pneumonia Bronquite, bronquiectasia, edema pulmonar
ATRITO PLEURAL: indica que o folheto pleural está doente, gerando ruídos durante a respiração. Pode ser
causado por inflamação, neoplasia, derrame pleural extenso. Som semelhante a rangido de móveis ou atrito
de couro. Acontece na inspiração e/ou expiração (atrita 2x no mesmo lugar)
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Semiologia – exame físico
• Sons contínuos que indicam obstrução da via aérea são:
Obstrução por corpo estranho, Gerado por turbilhamento aéreo Gerado pela vibração das paredes
doenças da laringite ou edema de que se forma com a brônquicas ao serem atingidas por
glote – via aérea superior. movimentação de mudo e liquido fluxos aéreos em alta velocidade.
dentro da luz da via aérea inferior. Em geral são múltiplos e
disseminados por todo o tórax.
Acontece em qualquer fase da Aparecem na inspiração e, com Acontece na inspiração (mais
inspiração e/ou expiração maios frequência, na expiração. comum) ou na expiração – miado
São fugazes, mutáveis, surgem e de gato ou apito de chaleira
desaparecem.
Som intenso e agudo Som grave/rude de baixa Som de alta frequência, agudo
frequência
Laringite aguda, câncer de laringe Indicam asma brônquica, Provocados por doenças que
e estenose da traquéia bronquites, bronquiectasias e acometem a arvore brônquica,
obstruções localizadas como na asma e na bronquite
(DPOC)
sistema cardiovascular
• Revisão de anatofisiologia cardíaca
As valvas tricúspide e mitral são as valvas
atrioventriculares e a aórtica e pulmonar são
chamadas de semilunares. O fechamento dessas
valvas origina as bulhas cardíacas, B1 e B2,
derivadas das vibrações geradas nas válvulas,
estruturas cardíacas adjacentes e fluxo sanguíneo.
• O CICLO CARDÍACO
A sístole é o período de contração ventricular. É
quando a valva aórtica fica aberta, viabilizando a
ejeção de sangue do ventrículo esquerdo para a
aorta. A valva mitral permanece fechada,
impedindo o refluxo de sangue da aorta para o átrio
esquerdo.
A diástole é o período de relaxamento ventricular. A
valva aórtica permanece fechada, impedindo
refluxo de sangue da aorta para o ventrículo esquerdo. A valva mitral fica
aberta, possibilitando que o sangue flutua do átrio esquerdo para o
ventrículo esquerdo relaxado. Ao mesmo tempo, a valva pulmonar se abre
e a valva tricúspide se fecha, quando o sangue é ejetado do ventrículo
direito para a artéria pulmonar. Durante a diástole, a valva pulmonar se
fecha e a valva tricúspide se abre de modo que o sangue possa fluir para o
átrio direito.
• DESDOBRAMENTO DE BULHAS
Os eventos do lado direito ocorrem, em geral, um pouco
mais tarde que os verificados do lado esquerdo. Por isso, em vez de uma bulha cardíaca única, é possível
auscultar dois componentes distintos, o primeiro derivado do fechamento da valva aórtica do lado esquerdo
(A2) e o segundo do fechamento no lado direito da valva pulmonar (P2).
Durante a inspiração, ocorre aumento do tempo de enchimento do coração direito, o que incrementa o
volume sistólico ventricular direito e a duração da ejeção ventricular direita em comparação ao ventrículo
vizinho. Isso retarda o fechamento da valva pulmonar (P2), ocasionando o desdobramento de B2 em dois
componentes audíveis. Durante a expiração,
esses dois componentes fundem-se em um
único som (B2). Uma vez que as paredes das
veias têm menos musculo liso, o sistema
venoso tem capacitância maior que o sistema
arterial e pressão sistêmica baixa. A
distensibilidade e a impedância no leito
vascular pulmonar contribuem para o retardo
de P2.
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Semiologia – exame físico
• SOPROS
Podem ser diferenciados das bulhas por sua maior duração. São atribuídos a turbulência do fluxo sanguíneo,
mas podem ser inocentes ou firmarem o diagnóstico de uma valvopatia cardíaca. Uma valva estenosada
apresenta um orifício anormalmente estreitado, que reduz o fluxo, como na estenose aórtica, e causa um
sopro característico. O mesmo ocorre com uma valva que não se fecha completamente, como na regurgitação
ou na insuficiência aórtica, que possibilita o refluxo de sangue e produz um sopro de regurgitação.
As oscilações na veia jugular interna e, com frequência, na externa, refletem as pressões variáveis no átrio
direito. A inspeção cuidadosa revela que essas oscilações consistem em dois picos rápidos e dois colapsos. A
primeira elevação, a onda a pré-sistólica refrete o discreto aumento da pressão atrial que acompanha a
contração atrial. Ocorre pouco antes de B1 e do pulso carotídeo. A queda subsequente, o colapso x, começa
com o relaxamento atrial. Continua enquanto o ventrículo direito, que está se contraindo durante a sístole,
traciona o assoalho do átrio para baixo. Durante a sístole ventricular, o sangue continua a fluir para o átrio
direito a partir das veias cavas. A vala tricúspide está fechada, é iniciado o enchimento da câmara e a pressão
atrial direita começa a se elevar mais uma vez, produzindo uma segunda elevação, a onda v. Quando a valva
tricúspide se abre no início da diástole, o sangue no átrio direito flui passivamente para o ventrículo direito e
a pressão atrial cai novamente, criando o colapso y.
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Semiologia – exame físico
▪ PULSO CAROTÍDEO
Ele fornece informações valiosas sobre a função cardíaca, sendo particularmente útil para detectar estenose
ou insuficiência aórtica. Para avaliar a amplitude e o contorno, o paciente deve estar em decúbito dorsal com
a cabeceira elevada a aproximadamente 30°. Ao tentar palpar a artéria carótida, faça primeiro uma inspeção
do pescoço, pesquisando as pulsações carotídeas, que podem estar visíveis na região imediatamente medial
aos músculos esternocleidomastóideos. Em seguida, coloque seus dedos indicador e médio sobre a artéria
carótida direita no terço inferior do pescoço, pressione para trás e verifique se há pulsações. Faça manobra
semelhante do lado esquerdo. Tente avaliar:
- Amplitude do pulso
- Contorno da onda de pulso
- Variações de amplitude
- Cronologia do impulso ascendente carotídeo em relação a B1 e B2
- Pulso alternante: a força do pulso varia em decorrência da alternância de contrações ventriculares fortes e
fracas. Esse tipo de pulso quase sempre indica insuficiência cardíaca esquerda grave e, em geral, é mais bem
percebido pela aplicação de pressão leve nas artérias radiais ou femorais.
- Presença de frêmito: é um zumbido, que quando percebido, deve-se auscultar as carótidas a procura de um
ruído, semelhante a um sopro, que é consequência de um fluxo sanguíneo turbulento.
▪ CORAÇÃO
Para isso, o paciente deverá estar em decúbito dorsal, com elevação da cabeça em aproximadamente em 30°.
Proporcionando a aproximação do ápice ventricular da parede torácica, para avaliar o ictus cordis, deve-se
colocar o paciente em decúbito lateral esquerdo. Para avaliar e auscultar melhor uma insuficiência aórtica, o
paciente é colocado sentado, inclinado para frente e expirando.
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Semiologia – exame físico
Para a avaliação, lembre-se de relacionar os seus achados com a PVJ e o pulso carotídeo do paciente.
- Observe a localização anatômica das bulhas auscultadas, no que se refere aos espaços intercostais e sua
distância as linhas medioesternal, hemiclavicular ou axilar.
- Identifique o momento de ocorrência dos impulsos ou das bulhas em relação ao ciclo cardíaco e a
intensidade delas. A palpação da artéria carótida durante a ausculta é muito útil na determinação do
momento de ocorrência da bulha ou do sopro. Como o impulso ascendente carotídeo sempre ocorre na
sístole, imediatamente após B1, as bulhas ou sopros que coincidem com ele são sistólicos; as bulhas ou sopros
que ocorrem depois do impulso ascendente carotídeo são diastólicos.
- INSPEÇÃO: bem-feita, pode revelar a localização do ictus cordis, ou em menor frequência, os movimentos
ventriculares correspondentes com a B3 ou B4.
- PALPAÇÃO: útil para confirmar as características do ictus; detecção de frêmitos usando a palma das mãos
e/ou as polpas digitais, é percebido como uma vibração ou um zumbido consequente a turbulência vascular
dos sopros cardíacos.
Avaliação do ictus:
1- Localização: normalmente encontrado na linha hemiclavicular. O deslocamento
lateral ocorre por cardiomegalia nos casos de insuficiência cardíaca, miocardiopatia
e cardiopatia isquêmica.
2- Diâmetro: palpe o diâmetro do pulso apical. Costuma medir menos de 2,5cm e
ocupar menos de um espaço intercostal. Em decúbito lateral esquerdo, quando
difuso e superior a 3cm, indica aumento do ventrículo esquerdo. Se for maior que
4 ou 5cm com o paciente em decúbito dorsal, a sobrecarga ventricular esquerda é
quase cinco vezes mais provável.
3- Amplitude: faça uma estimativa da amplitude dele, sendo
habitualmente vigoroso e propulsivo. O aumento pode refletir
hipertireoidismo, anemia grave, sobrecarga de pressão ou de
volume do ventrículo esquerdo.
4- Duração: para avaliar, ausculte as bulhas e simultaneamente palpe
o ictus cordis, observando a movimentação do estetoscópio
durante o tempo que estiver auscultando. Estime a parcela da
sístole ocupada pelo ictus, que ocupa os dois terços iniciais dela,
mas não se mantem até a segunda bulha.
- AUSCULTA
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Semiologia – exame físico
- Locais de Ausculta:
o Foco aórtico: segundo espaço intercostal direito
o Foco pulmonar: segundo espaço intercostal esquerdo
o Foco tricúspide: quinto espaço intercostal esquerdo
o Foco mitral: quinto espaço intercostal esquerdo, na
linha hemiclavicular (ictus)
Ruídos originários da valva mitral propagam-se
frequentemente em direção a axila. O decúbito lateral
esquerdo tende a amplificar a ausculta dos sons originários da
valva mitral, enquanto a posição sentada tende a tornar mais
audíveis aos ruídos produzidos nas valvas átrio-ventriculares.
Concentre-se nos eventos do ciclo cardíaco constitui um grande desafio diagnostico. Sistematizar a
abordagem pode facilitar o diagnóstico. Uma sugestão:
1- Caracterização do ritmo cardíaco (regular, irregular)
2- Frequência cardíaca
3- Bulhas (1ª e 2ª, intensidade – normofonético, hiperfonético ou hipofonético - e desdobramentos)
4- Ruídos adicionais (3ª e 4ª bulhas, clicks, estalidos)
5- Sopros (fases do ciclo, tipo, localização, duração, intensidade, irradiação)
6- Atritos
Identifique as bulhas cardíacas B1 e B2 observando sua intensidade e qualquer aparente desdobramento. As
bulhas geralmente ocorrem de forma rítmica e não acompanhadas de demais, sons, sendo descritas como
TUM-TÁ. Em cada região atente-se ao ciclo cardíaco pelos ruídos correspondentes a sístole e a diástole.
- B1 é composta pelo fechamento da valva mitral, M1, e em seguida, pelo fechamento da valva tricúspide, T1.
Coincide com o ictus e com o pulso carotídeo, sendo mais intenso no foco mitral. Início da sístole (TUM)
▪ Alterações de B1:
- B1 hipofonético: regurgitação mitral, diminuição da contratilidade de VE – ICC
- B1 hiperfonético: taquicardia e estados de alto débito cardíaco e estenose mitral
- Desdobramento de B1: se for muito amplo, suspeitar de bloqueio do ramo direito, acarretando atraso
no fechamento da valva tricúspide – TRUM-TÁ
- B2 é composta pelo fechamento da valva aórtica, A2, seguido do da valva pulmonar, P2. Início da diástole.
(TÁ) *Na inspiração pode ocorrer a identificação separada desses componentes, o que chamamos de
desdobramento fisiológico. (TRÁ)
▪ Alterações de B2:
- A2 hipofonético: estenose aórtica calcificada e regurgitação aórtica
- A2 hiperfonético: HAS, dilatação aórtica e coarctação aórtica
- P2 hipofonético: aumento do diâmetro ântero-posterior do tórax e estenose pulmonar
- P2 hiperfonético: hipertensão pulmonar, dilatação da artéria pulmonar e comunicação interatrial
- Desdobramento de B2: em situações patológicas ocorre um amplo desdobramento de B2, indicando
bloqueio do ramo direito, estenose pulmonar, dilatação aguda ou crônica do VD.
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Semiologia – exame físico
- B3 acontece na fase de enchimento rápido ventricular, pela brusca desaceleração da coluna de sangue
contra as paredes ventriculares, logo após B2. Então, é um som protodiastólico, referente a uma sobrecarga
de volume. (TUM-TÁ-TÁ). Melhor audível no foco mitral em decúbito lateral esquerdo.
- B4 acontece na fase de sístole atrial, logo antes de B1. É um som pré-sistólico, relacionado a sobrecarga de
pressão e gerado pela desaceleração da coluna sanguínea que é impulsionada pelos átrios na fase de
contração atrial contra a massa sanguínea existente no interior do ventrículo esquerdo, no final da diástole.
Representa uma contração (TRUM-TÁ)
- Outros sons: clique de ejeção sistólica, clique mesosistólico e estalido de abertura mitral.
- Ritmos de galope: ocorre em disfunção miocárdica por súbita desaceleração do fluxo sanguíneo ao penetrar
nos ventrículos. Indica sofrimento miocárdico ou insuficiência cardíaca.
▪ Ritmo de galope ventricular (TUM-TÁ-TÁ): sempre associado a taquicardia, formado por B3 patológica,
sendo indicativo de ICC
▪ Ritmo de galope atrial (TRRUM-TÁ): formado por B4, indicando crise hipertensiva, cardiopatia
isquêmica, estenose aórtica e miocardiopatia hipertrófica.
▪ Ritmo de galope de soma: ritmo de galope ventricular + ritmo de galope atrial (B3+B4)
- SOPROS: o sangue costuma fluir de forma laminar dentro dos vasos, mas, se houver algum obstáculo, há a
geração de um turbilhonamento sanguíneo que gera um ruído diferente, como um shhh. Pode acontecer
quando o sangue atravessa um orifício restritivo, como em estenoses e insuficiências valvares, em obstruções
arteriais, na coarctação da aorta, em pequenas comunicações atrioventriculares, em situações de hiperfluxo
transvalvar, como na comunicação interatrial, em estados circulatórios hiperdinâmicos, ou, ainda, quando ele
flui através de dilatações vasculares, como na aorta ou na artéria pulmonar.
No caso das valvas, elas não se fecham/abrem adequadamente, deixando pequenos orifícios por onde passa
o sangue, onde há o turbilhonamento. Existe um conjunto de características que devem ser observadas na
avaliação de um sopro, como fase do ciclo em que ocorre, duração, intensidade, frequência, timbre,
configuração, localização, irradiação e relação com a respiração. Observe se é um sopro sistólico ou diastólico.
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Semiologia – exame físico
Sistólicos acontecem entre B1 e B2, enquanto o diastólico acontece entre B2 e B1. A apalpação do pulso
carotídeo, enquanto se ausculta o sopro, auxilia a determinar a cronologia. Os sopros que coincidem com o
impulso ascendente carotídeo são sistólicos. Eles costumam indicar valvopatia cardíaca.
Verifique a cronologia do sopro, localize o ponto da região precordial em que o sopro é mais forte – na base,
ao longo da borda esternal, no ápice?; determinar a forma do sopro (crescendo, decrescendo, holossistólico);
observar se tem uma irradiação, quando o sopro é audível em outros focos e locais e a intensidade, segundo
a tabela.
SOPROS SISTÓLICOS
ESTENOSE INSUFICIÊNCIA
Aórtica** Pulmonar Tricúspide Mitral**
SOPROS DIASTÓLICOS
ESTENOSE MITRAL INSUFICIÊNCIA AÓRTICA
SOPROS CONTÍNUOS
SOPRO VENOSO ATRITO PERICÁRDICO PERSISTÊNCIA DO CANAL ATRIAL
- Pode ser obliterado pela compressão - Mais bem auscultado no 3° espaço - Mais forte ao final da sístole,
das veias jugulares intercostal, aumentado quando o obscurece B2 e se desvanece na
- Sopro continuo, sem intervalo paciente se inclina para frente diástole
silencioso e mais alto na diástole. - Característica de arranhão, raspagem - Geralmente intenso e associado a
- Característica em zunido frêmito; característica dissonante,
semelhante a maquinário
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Semiologia – exame físico
vascular
▪ ARTÉRIAS
Os principais sinais e sintomas são: dor, alteração da cor e temperatura da pele, alterações tróficas e edema.
A dor mais característica é a claudicação intermitente, que é uma dor relacionada com a prática de exercício,
relata como dor, aperto, caibra ou queimação, ela surge após a realização de um exercício e vai aumentando
de intensidade com sua continuação, podendo obrigar o paciente a interromper o que estava fazendo. Com
a interrupção do exercício, a dor some rapidamente. Se houver agravamento da isquemia, o paciente pode
passar a relatar dor em repouso, que pode ser piorada até com o toque do lençol.
Alterações da cor da pele podem compreender palidez, cianose, eritrocianose, rubor e o fenômeno de
Raynaud, que é quando há uma alteração na cor da pele caracterizada por palidez, cianose e rubor de
aparecimento sequencial, que costuma ser desencadeado pelo frio.
Nas doenças obstrutivas, a redução do aporte sanguíneo provoca diminuição da temperatura da pele. Nos
casos agudos, a interrupção abrupta do fluxo sanguíneo provoca nítidas alterações da temperatura abaixo do
local da obstrução. Já as alterações tróficas compreendem a atrofia da pele, a diminuição do tecido
subcutâneo, a queda de pelos, alterações unguenais, calosidades, lesões ulceradas de difícil cicatrização,
edema, sufusões hemorrágicas, bolhas e gangrena.
Avaliação Geral:
MEMBROS SUPERIORES ABDOME MEMBROS INFERIORES
• Tamanho, simetria e • Largura da aorta • Tamanho, simetria e
coloração da pele • Massa pulsátil coloração da pele
• Pulso radial e braquial • Pulso femoral e linfonodos
• Linfonodos inguinais
• Pulsos poplíteo, pedioso e
tibial posterior
• Edema periférico
- INSPEÇÃO: a pele deve-se ser examinada em toda a extensão da superfície corporal, procurando-se
alterações de coloração, assimetria de membros e de grupos musculares, alterações ungueais, ulcerações,
calosidades, gangrenas e micoses interdigitais. Observar se há eventuais batimentos arteriais anormais.
- PALPAÇÃO: avaliar a temperatura da pele, de preferência com o dorso das mãos ou dos dedos; avaliar a
elasticidade da pele, sua consistência e a mobilidade Classificação dos pulsos arteriais
sobre planos profundos; avaliar a umidade; avaliar se há 3+ Amplo
frêmito ou não, produzido por turbilhonamento de 2+ Brusco, dentro do esperado - NORMAL
sangue ao passar por uma estenose ou dilatação. Palpar 1+ Reduzido, mais fraco que o esperado
os pulsos periféricos, radial, carotídeo, temporal 0 Ausente, impossível de ser palpado
superficial, braquial, cubital, aórtico abdominal, ilíaco,
femoral, poplíteo, tibial anterior, pedioso.
- AUSCULTA: usa-se para a detecção de sopros e deve ser feita no trajeto das artérias. Podem ser sistólicos ou
contínuos, os sistólicos são em razão de estenose ou dilatação da artéria; os contínuos ou sistodiastolicos
originam-se nas fistulas arteriovenosas. Ao se auscultar a artéria, deve-se tomar o cuidado de não a comprimir
fortemente, pois isso pode determinar estreitamente artificial do vaso, com o aparecimento do sopro. Nos
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Semiologia – exame físico
indivíduos com hipertensão arterial, é indispensável a ausculta nas regiões epigástricas e lombares, buscando
detectar sopros originados em artérias renais estenosadas.
• Sinais de alerta de doença arterial periférica: fadiga, dor vaga, dormência ou nas pernas que limita a
deambulação ou a prática de exercícios, se existente, identifique a localização. Perguntar sobre
disfunção erétil. Quaisquer ferimentos nas pernas ou nos pés com cicatrização insatisfatória ou sem
cicatrização. Qualquer dor em repouso na perna ou no pé, que se altera quando no decúbito dorsal
ou na posição ortostática. Dor abdominal após refeições, associada a “medo de se alimentar” e
perda ponderal. Qualquer parente de primeiro grau com aneurisma da aorta abdominal.
- MANOBRAS ESPECIAIS
▪ Teste de Allen: solicite que o paciente cerre o punho de uma das
mãos; em seguida, comprima firmemente tanto a artéria radial
quanto a ulnar entre seus dedos e polegares. Peça para o paciente
então abrir a mão, mantendo-a em posição relaxada e suavemente
fletida. A palma da mão ficará pálida. Libere a compressão da artéria
ulnar. Se a artéria ulnar estiver pérvia, a região palmar apresentará
rubor em 3 a 5s. A perviedade da artéria radial pode ser testada pela
liberação da artéria radial, enquanto a ulnar é mantida comprimida.
▪ Solicitar que o paciente, sentado e reto, fique com as duas pernas pendentes. Compare os dois pés,
observando o tempo necessário para o retorno da coloração rósea da pele (em geral, 10s ou menos),
enchimento das veias dos pés e dos tornozelos, normalmente em torno de 15s. As respostas normais
em vigência de redução dos pulsos arteriais sugerem que se tenha desenvolvido uma boa circulação
colateral em torno da oclusão arterial.
▪ VEIAS
Os principais sinais e sintomas incluem dor, referida como peso nas pernas, queimação, ardência, cansaço,
cãibra, formigamento. Alterações tróficas, como edema, celulite, hiperpigmentação, eczema, úlceras e
dermatofibrose.
- INSPEÇÃO: deve ser feita inicialmente com o paciente em pé, examinando ele de frente, perfil e de costas.
Isso possibilita observar a ocorrência de varizes e sua distribuição dos pés as coxas, além de circulação
colateral na raiz da coxa, na região pubiana, na parede abdominal e torácica. De perto, é possível avaliar
melhor eritemas, cianose, purpuras, petéquias e telangiectasias.
- PALPAÇÃO: o médico pesquisa alteração de temperatura, de umidade e de sensibilidade da pele e do tecido
subcutâneo, as características do edema e o estado da parede venosa, que pode ter consistência elástica
normal ou estar espessada, de consistência endurecida. Procura-se localizar as perfurantes, os frêmitos
espontâneos, como os das fistulas arteriovenosas ou das neoplasias altamente vascularizadas.
- AUSCULTA: feita dos segmentos venosos, tem por finalidade detectar sopros espontâneos que podem
aparecer nas fistulas arteriovenosas, ou provocados, como ocorre na grande insuficiência da crossa da safena
interna.
- MANOBRAS ESPECIAIS:
- Trombose venosa: consiste na coagulação intravenosa do sangue com obstrução parcial ou total do lúmen
de uma veia. Os fatores mais importantes para o seu desenvolvimento são o aumento da coagubilidade
sanguínea, diminuição do fluxo sanguíneo e a lesão do endotélio vascular. Pode causar embolia pulmonar.
- Síndrome pós trombótica: é determinada por hipertensão venosa crônica que se instala como complicação
tardia da trombose venosa em veias profundas de membros inferiores.
- Insuficiência venosa crônica: as principais manifestações clínicas são dor ou sensação de repleção ou cansaço
nas pernas que aparecem ou pioram na posição de pé e são aliviadas em repouso. Edema e dilatação das veias
são os sinais clínicos mais importantes. Pode apresentar dermatite ocre (com bordos irregulares, molhadas,
geralmente mediais e em perna)
▪ LINFÁTICOS
Investigar sinais e sintomas como edema, adenomegalia e linfangite.
- INSPEÇÃO: avaliar o paciente de pé, procurando identificar assimetrias no corpo, principalmente aumento
de volume, lesões da pele como hiperqueratose, hiperpigmentação, úlceras, vesículas, micoses superficiais e
eritemas.
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Semiologia – exame físico
- PALPAÇÃO: procura-se alterações de temperatura, da
consistência, da sensibilidade e da elasticidade da pele e do
tecido subcutâneo. Nesta etapa, devem ser analisadas a
localização, tamanho ou volume, coalescência, consistência,
mobilidade, sensibilidade e alterações na pele passando por
todas as cadeias (cabeça e pescoço, axilares, espitrocleares,
inguinais, poplíteos)
DOENÇAS DOS LINFONODOS
▪ Erisipela: é uma doença infecciosa por estreptococo do
grupo A, raramente do grupo C. Caracteriza-se por
febre elevada, cefaleia, náusea e vomito, concomitante
com sinais inflamatórios. Mais frequente nos membros
inferiores.
▪ Linfedema: resultante do comprometimento linfático.
No início, é mole, depressível, frio, indolor e regride
com o repouso. O de longa duração costuma ser duro,
não depressível, frio, indolor e não regride com o
repouso. Pode ser congênito, pós surtos infecciosos,
traumatismo ou por alterações dos linfonodos, como neoplasias, fibrose, esvaziamento ganglionar,
mastectomia.
abdômen
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Semiologia – exame físico
Verifique se o paciente está com a bexiga vazia. O exame deve ser feito em local com iluminação adequada,
com o paciente confortável, em decúbito dorsal com as pernas estendidas, relaxado e reto, com um
travesseiro baixo sob a cabeça ou sem travesseiro. Solicite que ele coloque as mãos ao lado do corpo. Exponha
a região a ser examinada, da linha do mamilo/diafragma até a sínfise pubiana. As regiões com dor devem ser
as ultimas abordadas. Aqueça as suas mãos e o estetoscópio antes de tocar o paciente. Aborde ele com
bastante calma, explicando o que será feito e evitando movimentos bruscos e inesperados. Observe
atentamente a face do paciente, a procura de sinais de dor ou desconforto.
- INSPEÇÃO: observar a superfície, o contorno e os movimentos do abdome. Na pele, observe cicatrizes,
estrias, veias dilatadas, erupções cutâneas ou equimoses, cicatriz umbilical. O abdômen normal é levemente
abaulado e simétrico.
2. Pesquisa da ascite de médio volume: quando o piparote é negativo, torna-se necessário utilizar outra
técnica, denominada pesquisa de macicez móvel. A primeira etapa consiste em percutir todo o
abdome com o paciente em decúbito dorsal. Este procedimento possibilita a determinação e macicez
nos flancos e som timpânico na parte média do abdome. Posiciona-se o paciente em decúbito lateral
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direito e percute-se o abdômen, havendo ascite, encontra-se
timpanismo no flanco esquerdo e macicez no flanco direito (ou o
contrário no outro decúbito lateral). Na posição A da figura, há a
presença de semi-circulo de Skoda. Haverá a presença de liquido
no toque retal.
▪ O ponto apendicular ou ponto de McBurney situa-se geralmente na extremidade dos dois terços da
linha que une a espinha ilíaca anterossuperior direita
ao umbigo. Sinal de Rovsing, é quando se comprime
esse ponto, fazendo uma pressão progressiva, lenta e
contínua, procurando-se averiguar se isso produz
sensação dolorosa. Quando se descomprime
bruscamente a região, se estiver inflamado provoca dor
aguda e intensa. O sinal de Blumberg ocorre quando há
essa descompressão brusca da parede abdominal. Essa
manobra indica peritonite quando referida dor,
podendo ser feita em qualquer área do abdome.
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Semiologia – exame físico
2. Profunda: é usada para investigação dos órgãos contidos na
cavidade abdominal e eventuais massas palpáveis, visceromegalias
ou tumores. Em condições normais não é possível distinguir os
órgãos da cavidade, somente quando há alterações estruturais que
eles serão reconhecidos a palpação. Deve ser feita de forma
bimanual, com as mãos superpostas. Tenta-se ir um pouco mais
profundo que na superficial, usando a técnica de deslizamento. É
necessário avaliar fígado, baço, estômago e intestino.
• Palpação do fígado: é importante para encontrar a borda inferior do fígado, abaixo da 12ª costela
direita. Para ter noção da localização do fígado, pode-se percutir a região a procura da macicez
hepática.
▪ Método de Lemos Torres: com a mão esquerda espalmada sobre a região lombar direita do
paciente, o examinador tenta evidenciar o fígado para gente e, com a mão direita espalmada
sobre a parede anterior do abdome, tenta palpar a
borda hepática anterior, durante a inspiração
profunda, com as falanges distais dos dedos indicador
e médio em forma de gancho com o polegar
indicador. Localização do limite inferior do fígado,
com a mão direita aberta e espalmada na fossa ilíaca
direita e subindo, por meio de movimentos
telegrafados ascendentes, chega ao hipocôndrio
direito, procurando a margem anterior do fígado
abaixo do rebordo costal.
• Palpação do baço: deve-se tentar palpar o baço quando o espaço de Traube estiver preenchido
(macicez a percussão no flanco esquerdo). Para palpá-
lo, deve-se posicionar na lateral do paciente, e com mão
direita em garra, procura sentir o polo inferior esplênico
durante a inspiração profunda, abaixo ou junto ao
rebordo costa esquerdo. O mesmo pode ser repetido
com o paciente em posição de Schuster, quando o
paciente se coloca em posição intermediária entre o
decúbito lateral direito e o dorsal o paciente estende a
perna direita e flexiona a esquerda, coloca o braço
esquerdo atrás da cabeça.
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Semiologia – exame físico
- Posição de Schuster
• Hipertensão portal: o sistema venoso portal tem a função de recolher o sangue de todas as vísceras
abdominais, exceto rim e suprerrenais, e encaminha-lo ao fígado através da veia porta e, depois, para
a veia cava. Qualquer obstáculo no fluxo desse sangue produz a elevação da pressão venosa,
acarretando nessa síndrome. Ela acarreta alterações circulatórias hemodinâmicas importantes. O
sangue represado inverte o sentido do fluxo sanguíneo em veias tributárias do sistema porta,
desenvolvendo circulação colateral, através da qual o sangue passa diretamente do sistema porta para
a circulação geral, sem atravessar o
fígado. As principais consequências da
hipertensão portal são: varizes
esofágicas e gástricas, esplenomegalia,
ascite, circulação colateral superficial –
o sangue deixa o sistema porta pelas
veias paraumbilicais e, por meio de
anastomoses, alcança as veias
epigástricas inferiores e as veias
superficiais da parede abdominal.
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Semiologia – exame físico
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Semiologia – exame físico
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Semiologia – exame físico
❖ SISTEMA URINÁRIO
Investigar quando há sinais e sintomas que incluem alterações da micção e do volume, alterações da cor da
urina, dor, edema, febre e calafrios. São características: oligúria, anúria, poliúria, disúria, urgência, polaciúria,
hesitação, nictúria, retenção ou incontinência urinária; urina
avermelhada, turva, com espuma, com mau cheiro; dor lombar
e no flanco, cólica renal, dor vesical, estrangúria e dor perineal;
edema; febre e calafrios.
A dor pode ser detectada durante a palpação abdominal, mas
deve ser pesquisada nos dois ângulos costovertebrais. A
simples compressão da região com as pontas de seus dedos
pode ser suficiente para desencadear a dor, mas, se isso não
pode ocorrer, recorra a punhopercussão.
exame neurológico
É importante investigar alguns aspectos: data do inicio da doença, modo de instalação, evolução cronológica
dos sintomas, exames e tratamentos realizados com os respectivos resultados, estado atual do enfermo,
antecedentes, condições pré-natais, condições do nascimento, condições do desenvolvimento psicomotor,
vacinações, doenças anteriores e hábitos de vida.
Os principais sinais e sintomas são distúrbios da consciência, cefaleia, dor na face, tonturas e vertigem,
convulsões, ausências, automatismos, amnésia, movimentos involuntários, distúrbios visuais, distúrbios
auditivos, náuseas e vômitos, disfagia, distúrbios da marcha, paresias, paralisias, distúrbios da sensibilidade,
dores radiculares, distúrbios esfincterianos, distúrbios do sono e distúrbios das funções cerebrais superiores.
• Nervos cranianos
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• I – Nervo Olfatório
Devemos usar substâncias com odores conhecidos, como café, canela. O paciente, de olhos fechados, deve
reconhecer o aroma que o examinador coloca diante de cada narina, tampando a oposta.
- Anosmia: perda do olfato
- Paraosmia: percepção alterada do olfato
• II – Nervo óptico
Avaliar a acuidade visual: pede-se ao paciente para ler alguma coisa
ou ler o quadro de Snellen. Ele deve identificar as palavras, letras
e/ou números ora com um olho, ora com o outro.
Avaliar o campo visual: sentado, o paciente fixa um ponto na face do
examinador, que estará a sua frente. O examinador se coloca a sua
frente. O examinador coloca suas mãos na periferia do seu campo
visual e as move enquanto pergunta se ao paciente se ele está vendo
os movimentos. Isso deve ser realizado em cada olho
separadamente, e, depois, com os dois olhos abertos. As alterações
campimétricas causadas por tumores, infecções e desmielinização
são anotadas em relação ao campo visual.
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• III – Nervo Oculomotor; IV – Nervo Troclear; VI – Nervo Abducente
Estes três nervos são examinados em conjunto, pois inervam os
vários músculos que tem por função a motilidade dos globos
oculares. São eles: reto medial, reto superior, reto inferior,
obliquo inferior, obliquo superior e o reto lateral. O III também
inerva a musculatura elevadora da pálpebra.
Motilidade extrínseca: o exame deve ser feito com cada olho de forma separada e, depois, de forma
simultânea. Deve ser feito com a cabeça imóvel, o paciente é solicitado pelo examinador que desloque os
olhos nos sentidos horizontal e vertical, seguindo o dedo do examinador ou uma caneta. No exame
simultâneo, acrescenta-se a prova da convergência ocular, que se faz aproximando um objeto do olho do
paciente.
Mobilidade intrínseca: é o exame da pupila. Ela é normalmente circular, bem centrada e tem diamentro de 2
a 4 mm. A irregularidade do contorno pupilar, chamado de discorria; quando o diâmetro se acha aumentado,
fala-se em midríase e, o contrário, miose. A igualdade de diâmetro denomina-se isocoria e a desigualdade,
anisocoria.
A pupila é examinada por meio de um feixe luminoso e pela convergência ocular. Em ambiente de pouca
luminosidade, o paciente deve olhar um ponto mais distante. O
examinador incide o feixe de luz em uma pupila e observa a
resposta nos dois lados. Chama-se reflexo fotomotor direto a
contração da pupila na qual se fez o estimulo, e do reflexo
fotomotor consensual a contração da pupila oposta. Os reflexos
podem estar normais, diminuídos ou abolidos.
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• V – Nervo trigêmeo
É um nervo misto, que contem raiz motora e sensitiva. A raiz motora é
representada pelo nervo mastigador, que inerva músculos destinados a
mastigação (temporal, masseter e pterigoideos). Raízes sensitivas:
compreendem os nervos oftálmico, maxilar e mandibular. Elas se
responsabilizam pela sensibilidade geral da metade anterior do segmento
cefálico.
A divisão oftálmica (I) da sensibilidade aos seios frontais, conjuntiva, córnea,
pálpebra superior, ponte do nariz, fonte e couro cabeludo até o vértice do
crânio. A divisão maxilar da a sensibilidade as maçãs do rosto, seio maxilar e
faces laterais do nariz, dentes superiores, rinofaringe, palato duro e úvula. A divisão mandibular da
sensibilidade ao queixo, mandíbula, dois terços anteriores da língua, dentes inferiores, gengivas e assoalho da
boca e mucosa bucal das maçãs do rosto. A divisão motora inerva os músculos da mastigação e o tensor do
tímpano.
- Exame do reflexo da córnea: para avaliar o reflexo da córnea o examinador usa
um cotonete ou algodão cuja ponta forma um fio fino. O examinador estabiliza
a cabeça do paciente, colocando uma das mãos na sobrancelha do paciente e
na cabeça. O paciente deve olhar para o lado direito e a ponta de algodão deve
ser trazida ao lado direito e toca a córnea. A resposta normal é um fechamento
bilateral, imediato, das pálpebras. O exame deve ser feito em ambos os olhos.
• IX – Nervo Glossofaríngeo
Ele fornece sensibilidade a faringe, ao terço posterior da linga e a membrana timpânica, vem como as fibras
secretoras da glândula parótida. O exame dele envolve o reflexo do vômito. Outra forma é pedir para o
paciente abrir a boca e dizer ‘Ah’. A elevação simétrica do palato mole demonstra função normal dos nervos
IX e X. A úvula deve continuar na linha média.
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Semiologia – exame físico
• X – Nervo Vago
Ele fornece fibras parassimpáticas para as vísceras do tórax e do abdome; fibras motoras para a faringe e
laringe; e fibras sensitivas para o canal auditivo externo, meninges da fossa craniana posterior, faringe, laringe
e as vísceras das cavidades corporais por cima da pele. O exame foi descrito junto com o do IX. Disfonia ou
disartria podem resultar de paralisia do vago.
• XI – Nervo Acessório
Ele é um nervo motor que inerva os músculos esternocleidomastóideo e o trapézio. Ele é
examinado pedindo para o paciente rodar a cabeça para a direita contra a resistência da
mão do examinador. Ou, pode ser colocada ambas as mãos sobre os músculos trapézios do
paciente. Pede-se para o paciente levantar os ombros contra a
resistência das mãos do examinador. Ambos os lados devem ser
iguais.
• Função motora
O sistema motor é avaliado pelo volume muscular, força muscular e tônus muscular.
A via da motricidade voluntária compreende dois tipos de neurônios, um central ou neurônio motor superior
que liga o córtex aos núcleos dos nervos cranianos ou espinhais, onde se situa o neurônio periférico ou
neurônio motor inferior, que inerva os músculos estriados esqueléticos. O segmento central da via motora
voluntária é constituído pelos neurônios motores superiores agrupados, constituindo uma via compacta e
cruzada. Portanto, o déficit do tipo central é global, cruzado, se a via for atingida acima do cruzamento, e
homolateral, se atingida abaixo. O segmento periférico é constituído pelos neurônios motores periféricos,
tendo a sua origem ao longo do corno anterior da medula e distribuído pelas raízes, plexos e troncos nervosos
periféricos. O déficit do tipo periférico, é, portanto, parcial, localizado em certos músculos. Os axônios do
neurônio motor periférico saem da medula através da raiz anterior e dirigem-se, sem interrupção, até o
musculo estriado, onde fazem sinapse com a membrana da fibra muscular.
Ludmila Boeing – MEDPUC 81
Semiologia – exame físico
• Volume: pode ser avaliado pela inspeção de cada área testada. Compare os contornos de massas
musculares simétricas nas extremidades superiores e inferiores. A inspeção é usada para detectar
atrofia muscular e fasciculações.
• Força: deve ser avaliada pedindo para o paciente realizar um movimento ativo contra sua resistência.
Compare um lado com o outro.
• Tônus: pode ser considerado como o estado de tensão constante a que estão submetidos os músculos,
tanto em repouso como em movimento. O exame é efetuado com o paciente deitado e em completo
relaxamento muscular.
- Inspeção: verifica-se se há ou não achatamento das massas musculares de encontro ao plano do
leito.
- Palpação das massas musculares: averígua-se o grau de consistência muscular, a qual se mostra
aumentada nas lesões motoras centrais e diminuída nas periferias.
- Movimentos passivos: imprimem-se movimentos naturais de flexão e extensão nos membros.
Passividade é para avaliar se há resistência ou se a passividade está aquém do normal. Já a
extensibilidade avalia se existe ou não exagero no grau de extensibilidade da fibra muscular.
Na hipotonia, observam-se achatamento das massas musculares no plano do leito, consistência
muscular diminuída, passividade aumentada, extensibilidade aumentada e prova de balanço com
exageradas oscilações. Na hipertonia, observam-se consistência muscular e extensibilidade aumenta,
passividade diminuída e prova de balanço com reduzidas oscilações.
• Características das lesões:
N. M. Superior N. M. Inferior
Tônus Hipertonia Hipotonia
Reflexos Hiperreflexia Hiporreflexia
Sinais patológicos Presente Ausente
Hemiplegia/Hemiparesia Contra ou ipsislateral Ipsislateral
Fasciculações Ausente Presentes
Atrofia discreta Acentuada
Ludmila Boeing – MEDPUC 81
Semiologia – exame físico
• Coordenação
A coordenação adequada traduz o bom
funcionamento de pelo menos dois setores do
sistema nervoso: o cerebelo e a sensibilidade
proprioceptiva. A perda da coordenação é
denominada ataxia, a qual pode ser te res tipos:
cerebelar, sensitiva e mista.
A prova indicador-nariz é feita com o membro
superior estendido lateralmente, o paciente é
solicitado a tocar a ponta do nariz com o
indicador. Repete-se isso algumas vezes, com os
olhos abertos e fechados.
A prova do calcanhar-joelho deve ser feita em
decúbito dorsal, quando o paciente é solicitado a
tocar o joelho com o calcanhar do membro a ser
examinado. A prova deve ser feita com os olhos abertos e, depois,
fechados. Diz-se que há dismetria quando o paciente não consegue
alcançar com precisão o alvo, errando tanto pra mais quando pra
menos.
Prova dos movimentos alternados: determina-se ao paciente que
realize movimentos rápidos e alternados, tais como abir e fechar a
mão, movimento de supinação e pronação, extensão e flexão dos
pés. A eudiadococinesia é a capacidade de realizar esses
movimentos, a disdiadococinesia são estes movimentos realizados
com dificuldade. E quando há a incapacidade de realiza-los recebe o
nome de adiadococinesia.
• Reflexos
Trata-se de uma resposta do organismo a um estimulo de qualquer natureza. São interessantes os reflexos
motores, cuja a base anatomofuncional é o arco reflexo. Para desencadear um reflexo profundo, apoie a
articulação a ser testada para que o musculo fique relaxado. O martelo de reflexos é segurando entre o
polegar e o indicador e deve ser balançado pelo movimento do punho.
• Função sensitiva
Deve avaliar a sensibilidade tátil, dolorosa,
vibratória, a propriocepção, a localização tátil e
sensações discriminativas – discriminação de
dois pontos, esterognosia, grafestesia e
localização de pontos.
• Avaliação da marcha
• Hemiplégica: ao andar, o paciente mantém o membro superior fletido e em adução e a mão fechada
em leve pronação. O membro inferior do mesmo lado é espástico e o joelho não flexiona. Por isso,
descreve um semicírculo quando o paciente troca o passo. Ocorre em paciente que sofreram AVC.
• Marcha parkinsoniana: o doente anda como um bloco, enrijecido, sem o movimento automático dos
braços. A cabeça permanece inclinada para frente e os passos são miúdos e rápidos. Ocorre na
síndrome parkinsoniana.
• Marcha cerebelar: ao caminhar, o doente faz um zigue-zague como uma pessoa embriagada, com
alargamento da base. Isso traduz descoordenação de movimentos em decorrência de lesões do
cerebelo.
• Marcha escarvante ou do pé caído: o paciente tem paralisia do movimento de flexão dorsal do pé, ao
tentar caminhar toca com a ponto do pé o solo e tropeça. Para evitar isso, levanta acentuadamente o
membro.
• Marcha tabética ou de ataxia sensitiva: para se locomover o paciente mantem o olhar no chão e os
membros inferiores são levantados abrupta e explosivamente e, ao serem recolocados no chão, os
calcanhares tocam o solo de modo intenso. Indica perda da sensibilidade proprioceptiva por lesão do
cordão posterior da medula
Ludmila Boeing – MEDPUC 81
Semiologia – exame físico
As meninges e as raízes nervosas por elas envolvidas podem ser acometidas de processo irritativo, causado
principalmente por infecção ou hemorragia que se exterioriza por uma síndrome clínica comum.
• Sinal de Brudzinski: a rigidez nucal é testada fletindo, subitamente, o segmento cefálico, estando o
paciente, deitado em decúbito dorsal. Mantendo-se a flexão do pescoço, por alguns segundos, na
posição máxima, poderá haver flexão dos membros inferiores. O teste é positivo quando há
levantamento involuntário das pernas do paciente.
• Sinal de Kerning: fletindo-se os membros inferiores nas articulações coxo-femurais e nos joelhos
mantendo-se ângulo de 90° entre os segmentos, haverá resistência na extensão passiva, feita pelo
examinador, dos joelhos. Em caso de doença das meninges, observa-se resistência e limitação do
movimento, pois o paciente refere muita dor
• Sinal de Lasegue, há dor lombar irradiada para a região posterior do membro inferior, quando este é
elevado passivamente pelo examinador até cerca de 30°, e que com a outra mão impede a flexão do
joelho. Sinal positivo quando referida dor na face posterior de membro levantado