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2019.04.16 Portaria SEMA - INEMA

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Salvador, Bahia-Quarta Feira

17 de Abril de 2019
Ano · CIII · No 22.641

PORTARIA CONJUNTA SEMA/INEMA N° 03 DE 16 DE ABRIL E 2019

Dispõe sobre os critérios e procedimentos para a concessão da


Autorização de Manejo da Cabruca - AMC.

O SECRETÁRIO DO MEIO AMBIENTEE A DIRETORA GERAL DO INSTITUTO DO MEIO AMBIENTE E RECURSOS


HÍDRICOS, no uso das atribuições legalmente conferidas, e

CONSIDERANDO que o sistema agrossilvicultural Cabruca desempenha papel importante na manutenção e


recuperação dos remanescentes florestais do Bioma Mata Atlântica, e

CONSIDERANDO o quanto disposto na Seção IV do Decreto Estadual n° 15.180, de 02 de junho de 2014, que dispõem
sobre o manejo da Cabruca visando ao planejamento do uso dos recursos naturais, à conservação e o uso sustentável
do cultivo do cacau em sistemas agroflorestais cabruca, RESOLVEM:

Art. 1º. Estabelecer os critérios e procedimentos para a concessão da Autorização de Manejo da Cabruca - AMC.

§1º - Para efeito desta Portaria, entende-se como AMC o ato administrativo pelo qual o INEMA autoriza o manejo da
cabruca, visando o planejamento do uso dos recursos naturais, tendo em vista a manutenção da produtividade do
cacaueiro e a conservação e o uso sustentável do agrossistema.
§2º - Para a obtenção da autorização de que trata o caput será obrigatório o cadastro prévio das áreas a serem
manejadas no Cadastro Estadual Florestal de Imóveis Rurais - CEFIR como cultivo tradicional do cacau em sistema
agrossilvicultural Cabruca.
§3º - O manejo de espécies exclusivamente exóticas nas áreas de Cabruca independe de autorização.

Art. 2º. A autorização de manejo das espécies nativas de vegetação nas áreas de Cabruca somente será emitida para:

I - a melhoria das condições fitotécnicas visando o favorecimento da produtividade, considerando o conforto


ambiental do cacaueiro;
II - a melhoria das condições fitossanitárias objetivando o controle e a prevenção de pragas do cacaueiro no Estado da
Bahia.

§1º - O manejo de espécies nativas de vegetação será autorizado pelo INEMA com base na análise técnica do Projeto
Técnico de Manejo da Cabruca (PTMC) apresentado pelo interessado, respeitados os limites estabelecidos na Seção IV
do Decreto Estadual n° 15.180/2014 e não deverá comprometer os produtos e serviços ambientais da Cabruca.
§2º - O transporte e o armazenamento de produtos, subprodutos e matérias-primas florestais de espécies nativas
resultantes do manejo da Cabruca estão condicionados ao seu cadastramento no Sistema DOF (Documento de Origem
Florestal) como exploração em Plano de Manejo, para fins de rastreamento do produto, sendo isentos de reposição
florestal.

Art. 3º. A autorização de manejo das espécies nativas de vegetação nas áreas de Cabruca não se aplica ao objetivo
único de exploração de produtos florestais.

Art. 4º. O plantio ou a semeadura de espécies nativas visando ao enriquecimento ecológico ou o adensamento das
áreas de Cabruca independem de autorização de manejo quando realizados sem necessidade de qualquer corte ou
supressão de espécies nativas existentes.

Art. 5º. Constituem-se como pressupostos e condicionantes para a Autorização do Manejo da Cabruca:

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I - O manejo com finalidade de raleamento da densidade de espécies arbóreas estará condicionado à manutenção de,
no mínimo, 40 (quarenta) indivíduos de espécies nativas por hectarecom diâmetro a altura do peito (DAP) superior a
20 (vinte) centímetros;
II - Os indivíduos de espécies ameaçadas de extinção (lista oficial), as espécies raras, as sob forte pressão antrópica e
as não identificadas não poderão ser suprimidos da área;
III - Indivíduos arbóreos fenotipicamente superiores, presentes na área a ser manejada deverão ser conservados como
porta sementes e indicados para cadastramento como árvore matriz;
IV- A compensação pela supressão de vegetação nativa em áreas do agrossistema cabruca deve ocorrer mediante
plantio compensatório e seu acompanhamento na proporção mínima de 3:1 (três pra um) exemplares nativos,
cabendo ao órgão estadual competente a responsabilidade de indicar a quantidade e as espécies a serem plantadas
após análise do PTMC, e ao interessado o acompanhamento do desenvolvimento deste plantio.
V - A realização, previamente à intervenção, do afugentamento da fauna silvestre e do resgate da flora nativa
associada aos indivíduos a serem suprimidos e para os casos de ocorrência de espécies da flora e fauna nativas
listadas como em perigo ou ameaçadas de extinção, associadas aos indivíduos a serem suprimidos, o plantio
compensatório de que trata o inciso anterior deve ocorrer na proporção mínima de 15:1 (quinze para um) exemplares
da espécie suprimida.

Art. 6°. Independe de autorização de manejo da cabruca a implantação de novos sistemas agrossilviculturais em áreas
rurais consolidadas convertidas em outros usos, devendo, contudo, o plantio dos indivíduos das espécies nativas
consorciadas ser registrado no prazo de até 01 (um) ano, para fins de controle de origem quando da eventual
necessidade de manejo, comercialização ou transporte dos produtos deles oriundos.

Art. 7º. Para formalização do requerimento da AMC junto ao INEMA o interessado deverá apresentar os seguintes
documentos:

I - Requerimento via SEIA;


II - Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), ou equivalente, dos profissionais responsáveis pela elaboração e/ou
execução de projeto técnico, inventário florestal e planos operacionais anuais, devidamente registrada no competente
conselho de classe;
III - Cópias dos documentos do requerente, autenticadas ou acompanhadas do original para autenticação: CNPJ e
Inscrição Estadual, para pessoa jurídica; ou RG e CPF, para pessoa física;
IV - Comprovante de representação legal do interessado, acompanhado de CPF;
V - Comprovante de pagamento da(s) taxa(s) devidas pelo exercício do poder de polícia, quando couber;
VI - Comprovante de propriedade ou justa posse do imóvel rural mediante um dos documentos listados na Portaria
INEMA n° 11.292, de 13 de fevereiro de 2016 ;
VII - Comprovante do nº do Imposto Territorial Rural - ITR, obrigatório para imóveis com mais de 04 (quatro) módulos
fiscais, ou, quando se tratar de imóvel urbano do nº do Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU;
VIII - Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - DAP, quando couber.
IX - Comprovante de inscrição no Cadastro Estadual Florestal de Imóveis Rurais - CEFIR;
X - Projeto Técnico de Manejo da Cabruca - PTMC.

Art. 8º. O Projeto Técnico de Manejo da Cabruca (PTMC) a ser apresentado ao INEMA para o requerimento da AMC
deverá conter:

I - Caracterização agroambiental do imóvel (clima, solo, relevo, recursos hídricos georreferenciados, cobertura vegetal
e uso do solo) em meio digital, acompanhada dos memoriais descritivos informando os quantitativos relativos à:

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a) Área total;
b) Áreas de Preservação Permanente;
c) Reserva Legal;
d) Áreas conservadas com cobertura de vegetação nativa excedente de Reserva Legal;
e) Áreas de cultivo tradicional do cacau em sistema agrossilvicultural Cabruca;
f) Áreas degradadas;
g) Área construída.

II - Caracterização descritiva da área objeto do manejo agrossilvicultural:

a) Área do projeto;
b) Diagnóstico da situação atual e atividades desenvolvidas na área objeto do manejo;
c) Mapas de distribuição espacial das árvores inventariadas, anterior e posterior às interferências nas árvores do
sombreamento;

III - Inventário Florestal Censitário:

a) Realizar o censo florestal georreferenciado, em toda a área de manejo, identificando, fotografando e mapeando os
indivíduos arbóreos e classificando os seus usos (exploração, estoque e/ou porta sementes), bem como as
intervenções silviculturais;
b) Fica definido como fator de inclusão para o computo de indivíduos arbóreos no inventário o diâmetro a altura do
peito (DAP) ≥ 8 (oito) cm;
c) Apresentar os resultados do inventário florestal, as coordenadas geográficas, as espécies, procedência
(exótica/nativa), os indivíduos imunes a corte (constantes nas listas oficiais), as matrizes e o tipo de interferência a ser
realizada;
d) Inventariar também árvores desvitalizadas (em pé e caídas) com potencial de aproveitamento comercial;
e) Apresentar planilhas de campo contendo o nome científico e comum, DAP, altura comercial, de esgalhamento e
total; área basal, volume estéreo, volume (m³) usando equação de volume adequada citando a bibliografia e a
metodologia;
f) Realizar a coleta botânica de todos os indivíduos inventariados não identificados em campo até o nível específico,
preferencialmente coletando material fértil, sempre que existente, devendo o material coletado ser prensado,
herborizado e acondicionado adequadamente, com no mínimo 2 (duas) amostras do mesmo indivíduo e com as
devidas numerações e registros do material coletado, a ser depositado em instituições públicas ou privadas que
tenham em sua estrutura herbários em atividade e que detenham dentro de seu corpo técnico taxonomistas aptos a
identificar os indivíduos levantados no Inventário Censitário que não foram passíveis de identificação taxonômica em
nível de espécie no campo;
g) Relatar a existência de espécies da flora e da fauna silvestres associadas aos indivíduos a serem suprimidos,
incluindo, quando couber, indicação do status de ameaça de extinção e situação de endemismo;
h) Os resultados do inventário deverão ser apresentados em tabelas:

1. contendo resultados do inventário (nomenclatura, coordenadas UTM, caracterização dendrométrica e registro de


intervenção e permanência);
2. com dados fitossociológicos (densidades, dominâncias absolutas e relativas, índice de valor de importância das
espécies em ordem decrescente de densidade relativa e outros indicies pertinentes);
3. contendo a florística arbórea e classificações que auxiliem na tomada de decisão do manejo [família, nome
científico e comum, número de indivíduos, classificação quanto a origem (exótica - nativa) e outras];
4. de resumo por espécies com as respectivas estimativas de produção volumétrica do material lenhoso a serem
gerados pela intervenção;

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5. de resumo dendrométrico com os indivíduos imunes de corte e porta sementes;


6. com identificação georreferenciada e arquivo shape das árvores matrizes e dos indivíduos imunes de corte.

IV - Caracterização do lote, o estado vegetativo e fitossanitário dos cacaueiros e do sombreamento existente na área a
ser manejada.
V - Cronograma físico de práticas e estratégias agrossilviculturais, fitotécnicas e de produção agroflorestal contendo a
análise de viabilidade e descrição de serviços.
VI - Proposta de medidas mitigadoras e compensatórias dos impactos ambientais gerados durante o manejo,
especialmente para a conservação da fauna e da flora nativas associadas a esse agroecossistema e manutenção da
integração dessas áreas aos fragmentos de vegetação nativa da Mata Atlântica, para consolidação dos corredores
ecológicos do bioma.
VII - Informações sobre o plantio de compensação incluindo as espécies arbóreas, o número de mudas, os tratos
silviculturais e o local indicado para plantio com localização georreferenciada e arquivo shape, devendo ser observada
a seguinte ordem de prioridade:

a) na área de interferência do manejo (PTMC);


b) na recomposição de áreas degradadas e/ou alteradas;
c) na Reserva Legal (RL) e em Áreas de Preservação Permanente (APP) da propriedade;
d) em áreas fora da propriedade, mas de interesse ambiental coletivo mediante justificativa técnica.

§1º - O INEMA poderá solicitar estudos ambientais específicos para complementar as informações sobre os recursos
faunísticos existentes na área a ser manejada.
§2° - A autorização de que trata o caput somente poderá ser concedida após análise dos documentos apresentados e
prévia vistoria de campo que ateste a veracidade das informações.
§3° - A comprovação do depósito das exsicatas nos referidos herbários, se dará mediante Formulário disponibilizado
pelo INEMA.

Art. 9°. Restam asseguradas a análise e a tramitação prioritárias aos requerimentos das atividades de manejo da
Cabruca desenvolvidas pela agricultura familiar, comunidades tradicionais e assentamentos de reforma agrária.

Parágrafo único. Não serão cobrados os custos de análise para as atividades de que trata o caput.

Art. 10. A SEMA e o INEMA se reservam ao direito de propor alterações a este procedimento caso estas venham a se
tornar pertinentes devido a estudos técnicos posteriores.

Art. 11. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação, revogada a Portaria Conjunta SEMA/INEMA n° 03, de
20 de novembro de 2017.

JOÃO CARLOS OLIVEIRA DA SILVA


Secretário do Meio Ambiente

MÁRCIA CRISTINA TELLES DE ARAÚJO LIMA


Diretora Geral do INEMA

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