Solos - Engenharia Civil
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Solos
Esta aula tem como objetivo descrever os conceitos mais importantes concernentes
ao estudo dos solos com o foco para concursos públicos. O material é baseado na NBR
6508/84 e nos resumos preparados para consolidação do conhecimento da matéria ao
longo dos anos.
1. Considerações Iniciais
A mecânica dos solos é uma disciplina da Engenharia Civil que procura prever o
comportamento de maciços terrosos quando sujeitos a solicitações provocadas, por
exemplo, por obras de engenharia.
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Vista da barragem de terra da margem direita da Usina Hidrelétrica Peixe Angical,
durante sua construção no rio Tocantins
Os solos têm sua origem na decomposição das rochas que formavam inicialmente a
crosta terrestre. Esta decomposição ocorre devido a agentes físicos e químicos chamados
de agentes de intemperismo. Os principais agentes que promovem a transformação da
rocha matriz em solo são: as variações de temperatura, a água ao congelar e degelar, o
vento ao fazer variar a umidade do solo, e a presença da fauna e da flora.
A figura (a) abaixo mostra o solo em seu estado natural e a figura (b) mostra, de
forma esquemática, as três fases que compõem o solo.
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O estado do solo é decorrente da proporção em que essas três fases se
apresentam, e isso irá determinar como ele vai se comportar. Se o vazios de um solo é
reduzido através de um processo mecânico de compactação, por exemplo, a sua
resistência aumenta. Outro exemplo: caso o solo esteja seco e lhe é adicionada uma
quantidade adequada de água, sua coesão e consequentemente a sua resistência e
plasticidade irão aumentar também.
Existem diversos índices que correlacionam o volume e o peso das fases do solo, e
que nos possibilitam determinar o estado do solo. Os principais índices utilizados para
indicar o estado do solo, estão listados abaixo:
● Umidade do solo: Teor de água contida no solo em função do peso dos sólidos
● Índice de vazios: Volume de vazios em relação ao volume dos sólidos
● Porosidade do solo: Volume de vazios em relação ao volume total
● Grau de Saturação: Teor de vazios preenchidos por água
● Peso Específico Real dos Grãos: Densidade dos grãos sólidos
● Peso Específico natural: Densidade do solo in situ
● Peso Específico Aparente Seco: Densidade do solo in situ excluído o peso da
água
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A umidade do solo (h) é definida como o peso da água (Pa) contida em uma
amostra de solo dividido pelo peso seco das partículas sólidas (Ps) do solo, sendo expressa
em percentagem.
O volume dos sólidos (Vs) é obtido através do ensaio de Massa Específica Real
dos Grãos, o volume total da amostra (V) é calculado, por exemplo, pelo Método da
Balança Hidrostática e por consequência, o volume de vazio (Vv) é a diferença entre os
dois.
Os poros dos solos, que apesar de também serem chamados de volume de vazios,
podem estar preenchidos com água (quando solo está saturado), com ar (quando o
solo está totalmente seco) ou com ambos, que é a forma mais comum encontrada na
natureza.
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Porosidade é a característica de uma rocha poder armazenar fluidos em seus
espaços interiores, chamados poros. A matéria é descontínua. Isso quer dizer que existem
espaços (poros) entre as partículas que formam qualquer tipo de matéria. Esses espaços
podem ser maiores ou menores, tornando a matéria mais ou menos densa. Ex.: a cortiça
apresenta poros maiores que os poros do ferro, logo a densidade da cortiça é bem menor
que a densidade do ferro. Porosidade pode ser contrastada com permeabilidade: nem
sempre uma rocha que contém fluidos em seu interior vai permitir que essa água flua, ou
seja permeada, pela rocha.
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Porosidade(n)(compara com volume total):
O volume de vazio (Vv) é obtido pela diferença entre o volume dos sólidos (Vs),
que é calculado também através do ensaio de Massa Específica Real dos Grãos, e o
volume total da amostra (V) que pode ser calculado, por exemplo, pelo Método da Balança
Hidrostática. O volume da água (Va) é obtido na determinação da Umidade do solo.
Assim quando S=100% dizemos que o solo está saturado porque todos os seus
poros estão preenchidos com água. No outro extremo se S=0% significa que o solo está
totalmente seco. O peso específico real dos grãos ( ) é definido numericamente como o
peso dos sólidos (Ps) dividido pelo seu volume (Vs), ou seja:
De um modo geral este valor não varia muito de solo para solo. Não importa se é
argila, areia ou pedregulho, pois o fator preponderante é a sua mineralogia, ou seja,
depende principalmente da rocha matriz que deu origem ao solo.
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O ensaio para determinação do peso específico real dos grãos é padronizado no
Brasil pela norma ABNT NBR 6508/84. O método consiste basicamente em determinar o
peso seco de uma amostra por simples pesagem e em seguida determinar seu volume
baseando-se no princípio de Arquimedes.
O ensaio mais comum para determinação do peso específico natural do solo in situ é
o método do cilindro de cravação, que é padronizado no Brasil pela norma ABNT NBR
09813/87. O método consiste basicamente na cravação no solo de um molde cilíndrico de
dimensões e peso conhecidos. O volume do solo será igual ao volume interno do cilindro e
seu peso igual ao peso total subtraído do peso do cilindro.
O valor obtido corresponde ao peso específico que o solo teria se ele perdesse toda
a sua água sem, entretanto, variar seu volume.
Nos estudos das propriedades dos solos, o emprego de algumas relações entre
características dos constituintes do solo é decisivo. A respeito dessas relações e das
características por elas representadas, o peso específico aparente de um tipo de solo
pode ser determinado em campo com o emprego do processo do frasco de areia.
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Para execução desse ensaio, conhecido como frasco de areia, tem que ter sido
coletado da camada após tratada (processo em que se coloca o material na umidade ótima
e mistura para adquirir homogeneidade) e antes da compactação uma amostra para ensaio
de compactação afim de que possa ter a densidade máxima de laboratório.
Peneirador mecânico
A determinação do peso específico real dos grãos fornece uma ideia sobre a
mineralogia do material e possibilita cálculos que correlacionam vários parâmetros do solo.
Outro ensaio é o de Granulometria o qual é composto pelo Peneiramento, para solos
granulares (areias), e pelo Ensaio de Sedimentação, quando o solo é coesivo (argilas).
Com isso pode-se obter a curva granulométrica da amostra.
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Curva granulométrica
Deve-se observar que esta mudança de estado ocorre nos solos de forma gradual,
em função da variação da umidade, portanto a determinação do limite de plasticidade
precisa ser arbitrado, o que não diminui seu valor uma vez que os resultados são índices
comparativos. Desta forma torna-se muito importante a padronização do ensaio, sendo que
no Brasil ele é realizado pelo método da norma NBR 7180.
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Teste Limite Plasticidade
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O Índice de Plasticidade (IP) é obtido através da diferença numérica entre o Limite
de liquidez (LL) e o Limite de plasticidade (LP), ou seja:
IP = LL – LP
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ou drenos, no caso das areias, se poderão ser utilizados em base de rodovias, no caso
dos cascalhos ou em aterros, como os siltes e as argilas.
Alguns autores o definem como “o menor teor de umidade capaz de saturar uma
amostra do solo”, mas é preciso perceber que a saturação (S=Va/Vv) depende também da
maneira como as partículas sólidas estejam dispostas, e do estado de tensões a que a
amostra esteja sujeita (para um mesmo teor de umidade, podem existir diferentes graus de
saturação). Tem símbolo LC e é expresso em percentagem (inteira).
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Tendo em vista a grande variedade de tipos e comportamentos apresentados pelos
solos, e levando-se em conta as suas diversas aplicações na engenharia, tornou-se
inevitável o seu agrupamento em conjuntos que representassem as suas características
comuns. Não existe consenso sobre um sistema definitivo de classificação de solos, sendo
que os mais utilizados no Brasil são:
● Classificação tátil-visual: sistema baseado no tato e na visão, por isso, para sua
realização, é necessário um técnico experiente e bem treinado, que tenha prática
nesse procedimento.
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pelos engenheiros de fundações que se baseiam nos modelos clássicos, mas também
utilizam do conhecimento prático do comportamento do solo de sua região.
Por exemplo, com base no desenho abaixo que apresenta resultados de ensaios de
granulometria nos solos A e B, podemos calcular o coeficiente de não uniformidade(CNU)
do solo B:
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A expressão bem graduado expressa o fato de que a existência de grãos com
diversos diâmetros confere ao solo, em geral, melhor comportamento sob o ponto de
vista de engenharia. As partículas menores ocupam os vazios correspondentes às
maiores, criando um entrosamento, do qual resulta menor compressibilidade e maior
resistência.
Para o solo B neste caso, temos D60 = 10 e D10 = 1, logo CNU = 10.
3. Tipos de solos
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Solos são materiais naturais não consolidados, isto é, constituídos de grãos
separáveis por processos mecânicos e hidráulicos, de fácil dispersão em água, e que
podem ser escavados com equipamentos comuns de terraplenagem (pá carregadeira,
motoescavotransportadora etc.). Geralmente, os materiais constituintes da parte
superficial da crosta terrestre e que não se enquadram na condição de solo, são
considerados rochas, mesmo que isso contrarie as conceituações adotadas em geologia e
em pedologia.
Os solos lateríticos (later, do latim: tijolo) são solos superficiais, típicos das partes
bem drenadas das regiões tropicais úmidas, resultantes de uma transformação da parte
superior do subsolo pela atuação do intemperismo, por processo denominado laterização.
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predominante e quase sempre exclusivo. Estes minerais conferem aos solos de
comportamento laterítico coloração típica: vermelho, amarelo, marrom e alaranjado.
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O saprolito, ou solo saprolítico, é um solo que mantém a estrutura original da rocha
de origem, inclusive veios intrusivos, fissuras e xistosidades, mas que perdeu a consistência
da rocha.
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● Solo compressível: sofre bastante compressão quando submetido a um
esforço, e isso é um grande problema na hora de se realizar qualquer obra, pois
pode gerar muita instabilidade, e se o solo não for tratado adequadamente
ocasionará a perda de todo trabalho realizado. Nas fotos abaixo podemos ver a
conseqüência de um aterro mal planejado e executado:
● Massapê: é um solo residual, não laterítico, de cor escura, muito fértil, apresentando
comportamento peculiar do ponto de vista geotécnico
● Argilominerais: são constituintes comuns dos solos, dentre eles temos a caulinita,
ilita e esmectica.
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Em 1933, o engenheiro Ralph Proctor apresentou seus estudos demonstrando um
dos mais importantes princípios da Mecânica dos Solos: a densidade com que um solo é
compactado sob uma determinada energia de compactação depende da umidade do
solo no momento da compactação.
Note-se que se num processo a alta compactação pode ter efeito desejado, como
num aterro para uma estrada, noutro pode ter efeito danoso, como num terreno dedicado ao
cultivo agrícola.
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com relação ao custo e ao desempenho estrutural e hidráulico. No Brasil sua execução
segue a norma ABNT NBR 7182/1986 - Ensaios de Compactação.
onde:
E - energia a ser aplicada na amostra de solo;
n - número de camadas a serem compactadas no cilindro de moldagem; N - número de
golpes aplicados por camada;
P - peso do pilão;
H - altura de queda do pilão;
V - volume do molde.
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específica do material submetido a determinada energia de compactação é função da
umidade do solo?
SIM!, conforme vimos, isso decorre pois aplicando-se certa energia de compactação
(certo número de passadas de um determinado equipamento no campo ou certo número de
golpes de um soquete sobre o solo contido num molde), a massa específica resultante é
função da umidade em que o solo estiver. Quando se compacta com umidade baixa, o atrito
as partículas é muito alto e não se consegue uma significativa redução de vazios. Para
umidades mais elevadas, a água provoca um certo efeito de lubrificação entre as partículas,
que deslizam entre si, acomodando- se num arranjo mais compacto.
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● por Compressão: o esforço é proveniente da aplicação de uma força vertical, de
maneira constante, o que provoca o deslocamento vertical do solo.
O atrito (para solos granulares, como areias) depende de fatores como densidade,
rugosidade, forma, que variam com a compactação.
A coesão (para solos muito finos, como argilas) aumenta com: a quantidade de
argila e atividade coloidal (Ac); relação de pré-adensamento; diminuição da umidade, que
variam com a compactação. Portanto, a compactação do solo, evita recalques excessivos,
já que diminui a compressibilidade do solo e o aumento da sua resistência ao cisalhamento.
A atividade coloidal (Ac) foi definida por Skempton como a razão entre o índice de
plasticidade e porcentagem da fração argila(partículas com diâmetro menor que duas
micras) contida no solo:
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Este parâmetro serve como indicador do potencial de variação de volume ou da
atividade da argila.
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● Cortina Atirantada: é uma técnica que consiste na execução de uma “cortina” de
contenção, que pode ser de concreto armado, projetado, parede diafragma ou
perfis metálicos cravados, respectivamente com a perfuração, aplicação, injeção
e protenção dos tirantes. A Cortina Atirantada pode ser aplicada de modo
provisório (subsolos) ou definitivo. A aplicação da Cortina Atirantada é
recomendada para cortes em terrenos com grande carga a ser contida ou solo
que apresenta pouca resistência à sua estabilidade. O processo de execução da
Cortina Atirantada segue o sentido descendente, respeitando a retirada do solo
em etapas, a fim de não por em risco a estabilidade do solo. As Cortinas
Atirantadas são bastante utilizadas em obras rodoviárias e ferroviárias, em
estradas ou linhas de trem que atravessam serras ou relevos bastante
acidentados.
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● Cortina de Estacas: é uma estrutura de estabilização constituída por uma parede
descontínua de estacas pouco distanciadas entre si.
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