1T2021 L10 Esboço Caramuru
1T2021 L10 Esboço Caramuru
1T2021 L10 Esboço Caramuru
ESBOÇO Nº 10
INTRODUÇÃO
- O homem foi criado perfeito, tanto física quanto moralmente. O pecado fez com que o homem estivesse
sujeito à morte física e, consequentemente, à doença.
- A doença, embora possa ser debelada pelo poder de Deus, não será extirpada do gênero humano enquanto
não houver a glorificação, quando, então, estaremos totalmente imunes de toda e qualquer enfermidade.
Assim, a promessa da cura divina não pode ser confundida com uma imunidade do crente a doenças.
I – A SAÚDE
- Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, saúde é “estado de equilíbrio dinâmico entre o
organismo e seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo
dentro dos limites normais para a forma particular de vida (raça, gênero, espécie) e para a fase
particular de seu ciclo vital”, é o “estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar”. Vem do latim
“salus, salutis”, que significa “salvação, conservação da vida”.
- Como se pode perceber, pelas definições dadas, a saúde é um quadro de manutenção da vida, de pleno
funcionamento de todos os órgãos e de uma harmonia entre todas as funções do organismo. Nada mais é,
portanto, do que a realização daquilo que foi projetado para o organismo, o cumprimento de todo o propósito
estabelecido para aquele ser vivo.
- É, portanto, claro que o estado de saúde exige, para sua ocorrência, que se tenha a perfeita realização
do propósito divino para o homem. A saúde é o pleno funcionamento do organismo humano, o cumprimento
do propósito divino, pois foi Deus quem criou o homem (Gn.1:26,27), como, aliás, estudamos na lição
anterior.
- Para que houvesse plena saúde, porém, seria preciso que o homem se mantivesse de acordo com o propósito
divino, que era, como vemos no relato da criação, o de manter uma comunhão com Deus e de, a partir desta
comunhão, dominar sobre a criação terrena. Temos aqui a síntese do que se chamou de “mordomia”, ou seja,
o homem deveria ser servo de Deus, cuidando da Terra para o Senhor.
- Contudo, o homem não obedeceu a este propósito divino e pecou. Ao desobedecer a Deus, o homem perdeu
este estado de equilíbrio, tanto que um dos juízos lançados por Deus sobre ele foi o da morte física: “…maldita
é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos e cardos também de
- A sentença divina sobre o homem, por causa do seu pecado, atingiu diretamente a questão da saúde.
A terra, antes o local da realização do propósito divino para o homem, passou a ser um obstáculo para este
mesmo ser humano. A terra foi maldita e, como algo maldito, traria infelicidade, incômodo e aborrecimento
para o homem. A natureza passou a colaborar para um crescente desequilíbrio do organismo humano,
desequilíbrio que levaria, mais cedo ou mais tarde, à extinção da atividade, com a degeneração do organismo,
que estaria fadado a se desfazer, voltando a ser pó, o mesmo pó que o Senhor havia tomado para formar o
homem.
- O homem passou a ter a natureza como um obstáculo, como um fator de estorvo, em vez de um complemento
que só lhe trazia alegria e ajuda na sua sustentação (Gn.2:9). A natureza passou a colaborar com a perda da
saúde, passou a ser um fator que contribuiria para a corrupção progressiva e constante do corpo humano.
- Daí termos o fato de a natureza ter seres que, para o homem, são geradores de doenças, os chamados “agentes
patogênicos”. Isto é resultado da sentença divina sobre o homem, por causa do pecado, algo que somente será
modificação depois que a natureza for redimida (Rm.8:19-23), o que ocorrerá apenas por ocasião do reino
milenial de Cristo (Is.11:6; 65:25).
- Como se não bastasse o fato de a natureza passar a colaborar para a degeneração do homem, temos que o
próprio organismo humano, por si só, após o pecado, haveria de iniciar sua marcha para a sua extinção. Como
resultado do pecado, o corpo humano passou a sofrer de uma degeneração contínua, independentemente da
ação de “agentes patogênicos”, porque o Senhor estabeleceu que o homem deveria tornar à terra, ou seja, que
haveria uma inexorável e inevitável caminhada do organismo de volta à terra, ou seja, que o corpo tenderia a
se desfazer, a deixar de existir enquanto tal.
- Assim, podemos afirmar que a doença e a morte física não estavam projetadas para o homem, não
faziam parte do propósito divino, mas que são resultado do pecado, consequências do pecado. Assim,
quando Deus apresentou o Seu plano da salvação, esta teria, necessariamente, de propiciar um mecanismo de
erradicação da doença e da morte física. A salvação é o restabelecimento da comunhão entre Deus e o homem,
o retorno à condição originalmente prevista para o ser humano, demonstrando, desta maneira, tanto a
fidelidade divina, quanto a Sua misericórdia.
- A saúde do homem, portanto, é um objetivo perseguido por Deus quando do estabelecimento do plano
da salvação. O Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo.1:29), ao tirar o pecado, haveria, também,
de tirar tudo aquilo que era consequência do pecado, ou seja, a morte física e o seu corolário, que é a doença.
- Não é por acaso que, durante Seu ministério terreno, Jesus tenha, por diversas vezes, curado enfermos,
como comprovação de que Seu trabalho, sobre a face da Terra, era restaurar aquele estado anterior ao
pecado, um estado onde a doença simplesmente inexistia (Mt.8:16; 12:15; 14:14; 19:2; 21:14; Mc.1:34; 6:5;
Lc.7:21).
- Na sua feliz síntese do ministério de Cristo, o apóstolo Pedro não deixou de lembrar que Jesus “…andou
fazendo bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com Ele” (At.10:38b).
- O plano de Deus para a salvação do homem, portanto, abrange a cura das enfermidades dos homens,
a erradicação da doença, o restabelecimento da saúde. Como Jesus é o mesmo ontem, hoje e eternamente
(Hb.13:8), continua a ser Aquele que foi dar saúde ao criado do centurião romano (Mt.8:7), o mesmo que foi
anunciado por Pedro e que deu saúde para Enéias (At.9:34). Por isso, dentre as tarefas que o Senhor deixou à
Sua Igreja, está a de curar os enfermos (Mc.16:18).
- Assim como o fato de ser salvo não nos livra da morte física, consequência praticamente inevitável do pecado
e que acomete tanto os salvos quanto os ímpios, assim também não estamos imunes à doença.
- Jesus cura os enfermos, este é um sinal de que venceu a morte e o inferno, de que é o Salvador do
mundo, mas daí a se dizer que todo salvo não fica doente há uma grande distância.
- Assim falamos porque, lamentavelmente, entre os falsos ensinos destes últimos dias está o da chamada
“teologia ou doutrina da confissão positiva”, que defende a ideia de que a doença tem como causa o pecado
e que, quando somos perdoados de nossos pecados, adquirimos, como efeito da salvação, a imunidade à
doença.
- Assim, segundo este falso ensinamento, que tem encontrado guarida em muitos púlpitos na atualidade,
quando uma pessoa está doente isto é sinal de que perdeu a comunhão com Deus, que pecou e, por isso,
adoeceu. Doença para o salvo seria, pois, efeito imediato do pecado, da perda da comunhão com Deus.
- É importante afirmar que este pensamento não é novo. Na verdade, é uma das mais antigas distorções que
se tem notícia nas Escrituras. É a tese apresentada pelos amigos de Jó, que, depois de terem chorado durante
sete dias ao ver o lamentável estado em que se encontrava o patriarca (Jó 2:12,13), acometido de uma
enfermidade terrível, que o transformou numa verdadeira “ferida ambulante” da cabeça aos pés (Jó 2:7),
passaram a atribuir a doença dele a um suposto pecado cometido e que deveria ser confessado. No entanto, Jó
sempre se declarou inocente, inocência esta que foi atestada pelo próprio Deus, mesmo depois que Jó estava
doente (Jó 42:7).
- A começar de Jó, portanto, vemos que o fato de uma pessoa ficar doente não significa que seja,
necessariamente, alguém que esteja sofrendo de uma punição divina por causa de seus próprios pecados. A
Bíblia está repleta de exemplos de homens e mulheres de Deus que, apesar de terem uma vida de comunhão
com o Senhor, adoeceram e, por vezes, até morreram doentes, sem que esta doença significasse qualquer
desvio espiritual ou pecado por parte do servo do Senhor.
- A propósito, o profeta que, depois de Moisés, maior número de milagres fez no Antigo Testamento, Eliseu,
em que repousava porção dobrada do Espírito Santo que havia estado em Elias, diz-nos as Escrituras, morreu
por causa de uma doença (II Rs.13:14).
- A doença é uma consequência do juízo divino sobre a humanidade, feita ao primeiro casal, por causa do
pecado. Herdamos do primeiro casal, em cujos lombos já estávamos (cfr. Hb.7:10), a natureza pecaminosa e
passamos a viver numa terra amaldiçoada em virtude da iniquidade.
- Nascidos à imagem e semelhança de Adão (Gn.5:3), concebidos em pecado (Sl.51:5), não temos como deixar
de possuir um corpo que está marcado para tornar à terra, como também uma natureza que, adquirida a
consciência, nos leva a pecar contra Deus. Estamos destinados a tornar à terra e, como tal, não temos como
fugir da doença. Pode ser que morramos por motivo outro que não a doença, mas jamais podemos dizer que,
por causa da salvação, jamais ficaremos doentes.
- O corpo humano será redimido pela obra salvadora de Cristo Jesus, mas isto não é algo que já tenha
acontecido, mas algo que ainda esperamos (Rm.8:23), algo que acontecerá somente com a glorificação, estágio
final do processo da salvação (I Co.15:50-56), que, para a Igreja, se dará quando do arrebatamento. A morte
é o último inimigo a ser vencido, algo que se dará tão somente com a destruição do sistema mundano, como
nos mostra, claramente o capítulo 25 do livro do profeta Isaías.
- É oportuno deixar consignado que Deus pode atuar, ao lançar juízos sobre os homens, trazendo doenças
sobre as pessoas. É uma das formas de Deus demonstrar Seu desagrado para com o pecado.
- A Bíblia está, também, repleta de exemplos em que doenças foram utilizadas para julgamento de nações e
de povos, como a quinta praga lançada sobre o Egito, a praga das úlceras (Ex.9:8-12); a lepra, que, durante
toda a história do povo hebreu, sempre esteve vinculada a uma maldição ou juízo divinos, como nos casos de
Miriã (Nm.12:10), de Geazi (II Rs.5:27), e do rei Uzias (II Rs.15:5) e as doenças que acometeram tanto um
rei fiel como Asa, mas que havia entristecido o Senhor ao perseguir um profeta (II Cr.16:9,10,12), como um
rei infiel, como o rei Jeorão de Judá (II Cr.21:18,19).
- Mas, também, não podemos nos esquecer que, por vezes, a doença foi impingida por Deus não por
causa de algum pecado, mas com outros objetivos, como a retidão e sinceridade de alguém, como no caso
do filho de Jeroboão (I Rs.14:12,13), ou, mesmo, para a manifestação das obras de Deus, como no caso do
cego de nascença (Jo.9:1-3). Vemos, portanto, que a doença não está necessariamente vinculada a pecado
e que é, antes de tudo, uma ocorrência a que estão sujeitos todos os homens, diante da sua própria constituição
estrutural, depois que o pecado entrou no mundo.
- Sendo a saúde um estado criado pelo próprio Deus e que se encontra precarizado, tornado imperfeito e
insuficiente por causa do pecado, logo percebemos que se trata de um bem que deve ser preservado pelo ser
humano. Quando o homem se conscientiza que a saúde é uma dádiva divina, é um estado que corresponde ao
propósito de Deus, um dentre tantos dons que o Senhor nos concede, reconhece a necessidade que tem, diante
do Senhor, de se esforçar para a sua manutenção, sabendo que, como tudo é do Senhor (Sl.24:1), terá de prestar
contas do que fez com o seu organismo durante o tempo de peregrinação sobre a face da Terra (Sl.119:19a).
- O cuidado com a saúde insere-se, portanto, dentre aquelas tarefas que foram cometidas ao ser humano na
sua qualidade de “mordomo-mor” sobre a face da Terra. Temos de cuidar de nosso organismo, porque a vida
é um dom dado por Deus (Gn.2:7; I Sm.2:6) e que nos está “emprestado”, que nos foi dado em confiança,
motivo por que deveremos prestar contas do que tivermos feito com ele, em especial aqueles que alcançarem
a salvação na pessoa de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (II Co.5:10).
OBS: Maimônides, o grande filósofo judeu da Idade Média e grande comentarista das Escrituras hebraicas, bem aludia, em sua obra “Mishneh
Torah”, um comentário a respeito da lei, esta necessidade de bem cuidarmos do corpo (Maimônides, por sinal, era médico), em trecho que vale a
pena transcrever: “…9.,Todo o que leva sua vida de acordo com a medicina - se pensar que o faz somente para que estejam seu corpo e membros
perfeitos, ou a pessoa que pensa em procriar para que seus filhos estejam ocupando-se de seu trabalho e esforçando-se por suas necessidades - não
está em um bom caminho. Deve por sua atenção que seu corpo esteja perfeito e forte, para que esteja sua alma reta para o conhecimento de Deus
- sendo impossível que a pessoa entenda e dê atenção às ciências estando doente, ou sentindo dores em um de seus membros. [Igualmente, ao
gerar,] que tenha um filho - e, talvez se torne um sábio de Torá e uma grande personalidade no povo de Israel. 10. A pessoa que assim fizer por
todos seus dias - estará permanentemente servindo a Deus, mesmo em seus negócios, ou quando mantém relações sexuais, pois seu pensamento
em tudo - para conseguir suas necessidades, que se ache seu corpo perfeito para servir a Deus.11. Mesmo quando dormir - se foi dormir consciente
que o faz para que seus nervos e sua mente descansem, descansando também o corpo, evitando que lhe sobrevenha alguma enfermidade - pois
como poderá servir a Deus, estando doente?! - estará também seu sono serviço a Deus, Bendito é Ele. Acerca disto ordenaram e disseram os
Sábios: "Em todos teus caminhos, conhece-O, e Ele endireitará tuas veredas!" - Pv 3:6. …” (Mishneh Torah I,3, 9 a 11. Disponível em:
http://www.judaismo-iberico.org/mtp/ciencia/dt/dt003.htm Acesso em 21 set. 2007).
- A Bíblia Sagrada afirma que o corpo do salvo é templo do Espírito Santo (I Co.6:19). Sendo templo, é
algo que é sagrado, algo que se encontra dedicado para o serviço de Deus. Nosso corpo é morada do Espírito
Santo, é a Sua habitação. Sendo assim, devemos manter o nosso corpo em perfeita santidade, porque Deus é
santo. Não só não podemos usar nosso corpo como instrumento do pecado, porque isto é comportamento de
quem não alcançou a salvação (Rm.6:12,13), como também devemos ter o corpo pronto para ser oferecido em
sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o nosso culto racional (Rm.12:1).
- Como templo do Espírito Santo e como instrumento de justiça e de adoração, o corpo do salvo não pode, em
hipótese alguma, ser mantido em um estado de contaminação com o pecado, nem tampouco num estado de
fraqueza e de debilidade que comprometa o nosso raciocínio, o nosso pensamento, o nosso discernimento,
seja espiritual, seja natural. Precisamos ter um corpo sadio, para que nossas faculdades mentais tenham
condição de também se desenvolver plenamente, sem o que não poderemos servir a Deus de acordo com a
Sua vontade. “Mens sana in corpore sano” (isto é, mente sã em corpo são) é uma exigência divina para que
possamos servir a Deus a contento, de acordo com a excelência da Sua santidade.
- Mas a Bíblia Sagrada também se refere ao corpo como sendo um tabernáculo ou uma tenda. Paulo diz
que o nosso corpo é a "… nossa casa terrestre deste tabernáculo…" e, mais, que se trata de uma casa que irá
se desfazer (II Co.5:1). Pedro, também, utiliza-se da mesma figura, ao afirmar que "…brevemente hei de
deixar este meu tabernáculo…" ( II Pe.1:14).
- Esta figura do corpo como sendo o tabernáculo é muito profunda e significativa. Trata-se de uma expressão
utilizada por quem tinha pleno conhecimento do significado do tabernáculo para o povo de Israel. A palavra
" tabernáculo" quer dizer habitação, morada e diz respeito à construção móvel que Deus determinou que
Moisés fizesse e que acompanhou o povo na sua peregrinação no deserto e que existiu até a construção do
templo no reinado de Salomão. O que o tabernáculo pode nos ensinar a respeito do nosso corpo?
- Em primeiro lugar, o tabernáculo era uma construção móvel (Nm.10:21), ou seja, era uma edificação que
não foi feita para ficar no mesmo lugar durante todos os tempos, mas algo que ia de um lugar para outro,
embora estivesse seguindo um caminho pré-determinado por Deus (qual seja, a Terra Prometida). O nosso
corpo, também, não é algo que foi feito para perdurar para sempre. O corpo é algo passageiro, algo que tem
um tempo determinado, algo que está submetido ao espaço e ao tempo, algo que envelhece, algo que se
modifica, mas algo que deve ser conduzido com um objetivo previamente determinado pelo Senhor, assim
como o tabernáculo era levado pelo povo para um lugar já mostrado a Israel por Deus.
- Quando temos consciência de que o nosso corpo é uma construção móvel, é algo que serve para nossa
peregrinação no caminho traçado pelo Senhor para cada um de nós, temos uma conduta totalmente diferente
com relação a nosso corpo do que o temos feito ou que as pessoas sem esta consciência fazem. Não podemos
tratar o corpo como algo irrelevante para Deus quando tomamos consciência de que ele é algo que devemos
conduzir na nossa caminhada para o céu.
- Em segundo lugar, o tabernáculo era uma construção que foi feita para um determinado período da
história de Israel (I Rs.8:4), ou seja, não foi algo que perdurou para sempre. Nosso corpo, de igual forma,
não foi feito para durar para sempre. Nosso corpo é do pó da terra e a ele tornará (Gn.3:19) ou, se estivermos
entre aqueles que serão arrebatados ainda vivos, teremos nossos corpos transformados num corpo glorioso (I
Co.15:52).
- O corpo é uma casa terrestre que se desfará, como diz o apóstolo Paulo. Quando sabemos que o nosso corpo
irá se desfazer, que ele não herdará a vida eterna, não damos vazão a pensamentos e a desejos instigados pela
natureza pecaminosa que têm por finalidade e objetivo a satisfação de necessidades criadas unicamente para
o corpo, pois, então, teremos noção de que o corpo é algo passageiro, algo feito apenas para esta dimensão
terrestre e que não pode comprometer a nossa eternidade.
- Em terceiro lugar, o tabernáculo foi construído segundo um modelo dado por Deus a Moisés(Ex.25:40).
Nosso corpo foi feito segundo a vontade de Deus, pois foi o próprio Deus que o formou e, portanto, deve ser
utilizado segundo o modelo estabelecido pelo Senhor, ou seja, deve ser usado e administrado de acordo com
a forma determinada por Deus e que se encontra nas Escrituras Sagradas. Qualquer uso do corpo fora destes
parâmetros, portanto, é algo que não deve ser admitido nem adotado por um mordomo do Senhor.
- Em quarto lugar, o tabernáculo não se confundia com a glória de Deus (Ex.40:34-38), mas era através
dele que o povo de Israel notava a presença e a direção de Deus na caminhada para Canaã. Nosso corpo, de
igual maneira, não se confunde com a glória de Deus. Nosso corpo é matéria, enquanto que Deus é espírito
(Jo.4:24), mas é o nosso corpo que serve de receptáculo para a glória do Senhor, para o Seu Espírito.
- É neste corpo que habita a Divindade (Jo.14:23), de tal maneira que o corpo é também figurado como sendo
o templo do Espírito Santo (I Co.6:19). Por causa disto, tudo o que fazemos neste mundo é conhecido dos
demais homens através deste corpo e, por meio dele, as pessoas darão, ou não, glória a Deus pelos nossos atos
(Mt.5:16) e é pela forma de que dele nos utilizamos que seremos julgados pelo Senhor no tribunal de Cristo
(II Co.5:10).
- Quando temos consciência de que o nosso corpo é o instrumento que Deus nos dá para que, neste mundo, o
Seu nome seja glorificado pelas obras que façamos, quando percebemos que ele é o veículo pelo qual os
demais homens notarão a presença e a direção de Deus em nós e para eles, passamos a ter um comportamento
totalmente diverso da conduta negligente e displicente que muitos têm levado em relação aos seus corpos.
- Os homens não têm condições de ver o nosso interior, de compreender-nos pelo que há dentro de nós, mas
somente perceberão o que há em nós, a nossa eterna salvação, a nossa pureza, a nossa felicidade através de
nosso corpo, pois é ele que, a exemplo do tabernáculo, fará o homem natural notar que, dentro de nós, dentro
daquele invólucro, está a presença e a direção do Senhor.
- Em quinto lugar, o tabernáculo era uma edificação que, exteriormente, não causava esplendor,
admiração ou atenção. Com efeito, revela-nos a Bíblia que a parte externa do tabernáculo era composta de
uma cobertura de peles de teixugo em cima(Ex.25:14), última cobertura de uma série de camadas de outras
peles, cobertura que não causava nenhuma admiração a quem a visse, ao contrário, por exemplo, do templo
(seja o primeiro, seja o segundo, como vemos, v.g., em Mt.24:1).
- De igual modo, o nosso corpo não deve ser o alvo de nossas atenções. A satisfação de suas necessidades não
deve ser o centro de nossas vidas (Mt.6:31-33), mas devemos procurar aparecer menos na aparência e na
fisionomia e nos conscientizarmos de que, sobre nós, sobre o nosso corpo, deve reluzir a glória de Deus
(Jo.3:30).
- Quando nos conscientizamos de que o nosso corpo não deve ser um fim em si mesmo, nossa conduta passa
a ser diferente do comportamento que tanto tem caracterizado os nossos dias de culto ao corpo e a tudo o que
lhe diz respeito, culto este que tem, inclusive, já invadido a comunidade evangélica.
- Vivemos, hoje, a época do domínio da moda, da aparência, da beleza estética, com um sem-número de
distúrbios e desequilíbrios de toda a sorte. Teremos a devida conduta e nos aproximaremos da modéstia que
tanto caracterizou o nosso Senhor em sua vida terrena se nos lembrarmos de que o corpo não deve ter parecer
nem formosura, mas deve ser capaz de tornar visível a glória de Deus para os que conosco convivem.
- Em sexto lugar, o tabernáculo era uma edificação que foi feita com a vinda de materiais de todo o povo
de Israel, de tudo quanto Deus tinha dado ao Seu povo quando ele saiu do Egito, uma contribuição coletiva e
voluntária de todos os israelitas (Ex.35:20-29).
- Quando observamos que o nosso corpo é resultado de uma combinação de todos os elementos da terra,
percebemos, como nunca, que o homem deve respeitar a natureza e dela cuidar com extremo zelo, pois somos,
por assim dizer, uma síntese da natureza.
- Deus fez-nos desta natureza, dotou-nos de um corpo que é a combinação de toda a natureza, para que nos
sentíssemos integrados nela, como elemento-chave para a manutenção do seu equilíbrio. Quando não
exercemos bem esta mordomia, sofremos juntamente com a natureza e, tal como ela, nosso corpo aguarda
uma redenção (Rm.8:22,23).
- Em sétimo lugar, o tabernáculo foi substituído pelo templo de Salomão, mais majestoso e cuja glória
ficou indelevelmente marcada na mente dos israelitas, mesmo após décadas de cativeiro (Ed.3:12). Aliás, o
que caracteriza e diferencia o templo (ou os templos) do tabernáculo é que nele(s) a glória de Deus era uma
nota marcante (I Rs.9:3;Ag.2:7), enquanto que, no tabernáculo, ela se efetivava pela nuvem ou pelo fogo, que
ficavam sobre o tabernáculo (Ex.40:38).
- De igual modo, o nosso corpo, tal qual o tabernáculo, tem a glória de Deus sobre nós, quando a Ele nos
consagramos e, através de nosso corpo, esta glória é demonstrada aos demais seres humanos, mas não se trata
de um corpo glorioso, de um corpo que tenha a glória como sua característica. Este corpo terreno jamais será
caracterizado pela glória, pois é um corpo terreno, corpo este que será substituído por um corpo espiritual, um
corpo glorioso (I Co.15:40-49).
- Quando temos consciência de que o corpo que agora temos será substituído por um corpo espiritual, por um
corpo glorioso, passamos a viver diferentemente, na perspectiva da vinda de Jesus e da eternidade,
perspectivas estas indispensáveis para que tenhamos uma vida santa e consagrada a Deus.
- Além de ser comparado a um tabernáculo, o corpo é também chamado de "templo do Espírito Santo" (I
Co.6:19), como vimos supra, numa perspectiva que já vimos, em parte, ao tratarmos da consideração do corpo
como tabernáculo, pois tanto o templo, quanto o tabernáculo nos dão de ideia de morada, de habitação. Esta
morada e esta habitação, entretanto, representam algo mais do que o que já temos falado, ou seja, de que seja
uma morada de Deus. Quando dizemos que o corpo é o templo do Espírito Santo, devemos ter a exata noção
desta afirmação diante do que se entendia por templo na época em que foi escrito o texto pelo apóstolo Paulo.
- Quando Paulo fala em templo, está se referindo a um lugar de adoração, a um lugar onde a divindade era
cultuada. Como judeu que era, Paulo, ao se utilizar da expressão "templo" bem sabia que estava se referindo
a um lugar de adoração, pois o templo era a casa santificada pelo próprio Deus, onde Deus prometera estar
presente e atento a todas as súplicas do Seu povo (I Rs.9:3; II Cr.7:16) bem como casa de sacrifício, onde
Deus prometer estar pronto a perdoar e purificar o Seu povo (II Cr.7:12-14).
- Ao mesmo tempo, enquanto apóstolo dos gentios, escrevendo para gentios ("in casu", os coríntios), Paulo
sabia que o templo era um local onde se praticava o culto às divindades, onde os gentios sacrificavam e
praticavam atos que agradavam aos deuses, tanto assim que, por exemplo, os deuses de fertilidade tinham seus
templos como verdadeiros prostíbulos e locais de obscenidades.
- Assim, quando Paulo nos afirma que o nosso corpo é templo do Espírito Santo, está nos dizendo que o corpo
deve ser uma parte do homem que deve ser destinada a agradar ao Senhor. O corpo é um local onde devemos
adorar a Deus, um lugar onde devemos demonstrar a pureza de nosso interior, um lugar que deve demonstrar
o perdão dos nossos pecados, um lugar onde tudo o que façamos tenha por objetivo agradar a Deus. Muito ao
contrário dos que defendem a falsa doutrina de que " Deus só quer o coração", o que a Bíblia nos ensina,
- Outra expressão bíblica utilizada para o nosso corpo é a que compara o corpo humano a um vaso de barro.
Jeremias, no capítulo 18 de seu livro, relata-nos a experiência que Deus lhe fez passar na casa do oleiro, em
que diz que o homem nada mais é do que um vaso de barro nas Suas mãos (Jr.18:6) e, no livro de Lamentações,
afirma que os filhos de Sião " são reputados por vasos de barro " (Lm.4:22).
- Paulo, quando escreve aos coríntios, também afirma que temos o conhecimento de Jesus Cristo, um
verdadeiro tesouro, "em vasos de barro" (II Co.4:2) e torna a fazer a comparação do homem como um vaso
de barro quando escreve a Timóteo, dizendo que "…há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de
barro; uns para honra, outros, porém para desonra" e que "… se alguém se purificar destas coisas, será vaso
para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor…" ( II Tm.2:20,21).
- A imagem do oleiro e do vaso é uma figura bíblica que nos fala do homem exterior, do corpo humano e que
demonstra que seu criador é o Senhor, tanto quanto das demais partes do ser humano (alma e espírito).
Também nos dá conta de que o corpo é um elemento material e que é feito do pó da terra.
- Mas o prisma que queremos aqui ressaltar desta figura bíblica é a que diz respeito ao corpo como um veículo
para a comunicação da glória de Deus. O vaso tem de ter um conteúdo. Não basta que tenha um material, mas
que seja usado para guardar um conteúdo. Paulo afirma-nos que este conteúdo tem de ser um tesouro, ou seja,
que o vaso esteja próprio para " a iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo" ( II
Co.4:6b). Nosso corpo deve servir para que Jesus seja glorificado entre os homens, deve refletir " como um
espelho a glória do Senhor" (II Co.3:18).
- Quando falamos que nosso corpo é um vaso de barro, ressaltamos a fraqueza de nosso corpo, a sua debilidade,
a sua fragilidade, a sua dependência extrema da parte do oleiro, que é o Senhor.
- Quando nos conscientizamos de que nosso corpo é débil, é frágil, é apenas um vaso de barro, não damos
importância à aparência, passamos a ser vigilantes quanto à manutenção do conteúdo, pois o vaso, em si
mesmo, valor algum tem, pois é apenas um vaso de barro, mas o que está dentro de si, o tesouro, este, sim, é
dotado de valor e nos faz valer algo. Devemos valorizar o que está dentro de nós, jamais nos deixando iludir
pelo astucioso comprador, o adversário de nossas almas (Pv.20:14).
- Já pudemos perceber que, nos tempos trabalhosos em que estamos a viver, não faltam elementos que
procuram distorcer este cuidado com a saúde física, buscando nos levar para uma destruição completa deste
“tabernáculo”, deste “templo do Espírito Santo”.
- Dentre as características dos homens dos tempos trabalhosos, está a amizade com os deleites acima da
amizade com Deus (II Tm.3:4). A busca incessante do prazer a todo custo tem sido uma tônica da atualidade.
O resultado disto, diante da incontinência, que também é característica do nosso tempo, é um sem-número de
doenças e de enfermidades que atingem níveis nunca antes vividos no planeta, de tal sorte que, apesar de todo
o desenvolvimento da ciência, está a humanidade a enfrentar um número espetacular de epidemias e endemias
em todo o planeta, doenças incuráveis e que estão a matar cada vez mais e cuja cura, muitas vezes, é
impossível, porque se encontra além das próprias possibilidades da ciência, por mais evoluída que ela possa
ser.
- A busca incessante do prazer tem multiplicado os problemas relacionados com as doenças sexualmente
transmissíveis (DST), entre as quais ganha relevo a “aids” (síndrome de imunodeficiência adquirida),
enfermidade que tem matado milhões de pessoas anualmente em todo o mundo, apesar dos esforços
gigantescos dos governos e das grandes corporações da indústria química em busca de uma cura.
- O homem, na sua arrogância e rebeldia, não admite reconhecer a necessidade de uma modificação de sua
conduta sexual, preferindo criar paliativos como o “sexo seguro” e a massificação do uso de preservativos, a
admitir que a segurança e a saúde dependem, fundamentalmente, de se voltar ao que determina a Palavra de
Deus a respeito. Não é à toa que, embora os grupos de risco tenham sido modificados ao longo dos anos,
jamais se encontre entre eles o grupo dos verdadeiros e genuínos servos do Senhor que praticam o sexo
conforme os ditames da Bíblia Sagrada.
- Outro grave problema de saúde dos nossos dias é a obesidade, já considerada uma verdadeira endemia,
inclusive, e a começar dos países desenvolvidos, ditos de Primeiro Mundo.
- A falta de exercícios físicos e a má alimentação resultam no aumento da massa corporal, com inevitável
comprometimento das funções orgânicas, gerando uma série de desequilíbrios, que nada mais são que fatores
geradores de doenças. Hoje, temos crianças e adolescentes sofrendo de enfermidades que eram, até pouco
tempo atrás, peculiares aos idosos, como hipertensão arterial, diabetes e arterioesclerose.
- O combate à obesidade exige uma total transformação do atual “modus vivendi” da humanidade, o que está
fora do alcance da ciência médica. A ganância, a busca do luxo, em uma palavra, o amor do dinheiro (I
Tm.6:10), não permitem que se reverta um quadro tão prejudicial ao gênero humano.
- Por se falar em ganância e em amor do dinheiro, estão eles também vinculados a outro grave problema de
saúde registrado nos dias atuais, as doenças que são subproduto da desnutrição alimentar e das precárias
condições de saneamento básico em todo o mundo.
- Milhões de pessoas morrem por causa das péssimas condições de higiene a que estão submetidas, bem como
por causa da fome. A miséria e a exclusão de milhões de pessoas dos benefícios do progresso e da civilização
têm gerado mortes sobre mortes. A contaminação da água pela falta de sistemas de esgotos, a falta de
tratamento da água, a falta de alimentação num mundo cada vez mais poluído e hostil à espécie humana são
causadores de inúmeras doenças e mortes.
- Os tempos trabalhosos dos homens “amantes de si mesmo”, “cruéis”, “sem amor para com os bons” têm
produzido milhares de mortos entre crianças inocentes e pessoas que sofrem o processo desumano e antibíblico
de exclusão social e de concentração de renda nas mãos daqueles que estão a enriquecer cada vez mais, da
“futura corte do Anticristo” (cfr. Ap.18).
- Mas, como dissemos supra, não basta cuidarmos do corpo. A saúde envolve, também, a mente, esta faculdade
que não é do corpo, mas, sim, da alma. Voltando ao Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, vemos que
“saúde mental” é “estado caracterizado pelo desenvolvimento equilibrado da personalidade de um indivíduo,
boa adaptação ao meio social e boa tolerância aos desafios da existência individual e social”. A saúde mental
é o mesmo estado de equilíbrio que caracteriza a saúde física, mas que está voltada para a personalidade do
indivíduo.
- A alma é aquela porção do homem que nos permite perceber que somos diferentes dos demais seres, que nos
permite conhecer a nós mesmos, que faz com que sejamos portadores de um entendimento, de um sentimento,
- A palavra " personalidade" vem de " pessoa" que, por sua vez, vem de " persona", palavra latina que significa
" pelo som". " Persona" é o nome que recebiam as máscaras dos atores no teatro antigo. Ao contrário do que
ocorre hoje, nos teatros da Grécia ou de Roma, na Antiguidade, os atores não mostravam seus rostos, mas
faziam suas apresentações segurando máscaras que escondiam as suas faces, exatamente para que o público
soubesse que não eram as pessoas que estavam encenando que viviam aquelas situações mas as "personagens"
da peça teatral. A "pessoa", portanto, era a personagem, um ser diferente daquele ator que a estava
representando no palco.
- A nossa alma, portanto, é a nossa "pessoa", é aquilo que nos faz diferentes dos demais, é a nossa parte que
nos identifica diante de Deus e dos homens. É a nossa alma que contém a nossa "personalidade", aquilo que
nós somos e que, através do corpo, tornamos conhecidos aos homens e a Deus (se bem que Deus não necessita
da exteriorização do nosso corpo para nos conhecer, pois Ele bem sabe o que há no nosso íntimo, antes que
isto venha à tona no mundo exterior - I Sm.16:7; Jo.2:25).
- Esta personalidade do homem precisa estar sob o governo de Deus. É algo que também nos foi dado por
Deus e do qual também deveremos prestar contas diante do Senhor de todas as coisas. Que esta personalidade,
que esta individualidade é de Deus não há qualquer dúvida pelo que está nas Escrituras, como, por exemplo,
no Sl.24:1, onde, textualmente, diz-se que é do Senhor " aqueles que nele (i.e., no mundo) habitam", ou seja,
cada indivíduo, cada alma. Em Ez.18:4, o texto é ainda mais enfático, ao afirmar que " Eis que todas as almas
são Minhas (é o Senhor quem está falando, observação nossa).
- Quantas vezes ouvimos alguém dizer que não pode mudar, que esta é a sua personalidade, é o seu modo de
ser, é o seu temperamento, é o seu caráter, que Deus o fez assim e assim ele será para sempre, tendo os outros
de aceitá-lo "por amor ao próximo".
- Entretanto, tais pensamentos são totalmente contrários ao que nos ensina a Palavra de Deus. Esta
personalidade, esta "nossa" individualidade, este "nosso" jeito de ser não é "nosso", mas de Deus. Foi Deus
quem nos criou, inclusive a "nossa" alma e ela tem de estar sob o Seu senhorio. Eis um dos grandes, senão o
maior desafio do homem na sua busca de Deus: renunciar-se a si mesmo, renunciar ao seu "eu", à "sua"
personalidade e colocá-la à inteira disposição do Senhor.
- Não há outro caminho para o fiel mordomo do Senhor, não há outro modo para que possamos agradar a Deus
e servi-l’O verdadeiramente. É este o sentido da palavra que Jesus proferiu ao dizer que "quem achar a sua
vida (ou alma) perdê-la-á e quem perder a sua vida por amor de Mim achá-la-á" (Mt.10:39). Se negamos a
nossa própria personalidade, se deixamos de viver para que Cristo viva em nós(Gl.2:20), ou seja, tenha pleno
controle de nossa alma, teremos encontrado a verdadeira vida, que é a comunhão perfeita com o Senhor, pois
a alma é do Senhor e não podemos querer nos afastar d’Ele, o que será morte e a pior de todas as mortes, a
morte eterna, a morte espiritual, a chamada segunda morte (Ap.20:14,15).
- Assim, também temos de cuidar da saúde mental, ou seja, mantermos um equilíbrio em nossa
personalidade, equilíbrio este que está diretamente relacionado com a nossa submissão voluntária a
Deus e à Sua vontade. Sem que renunciemos a nós mesmos e aceitemos o plano de Deus para as nossas vidas,
teremos imensos conflitos em nosso interior e sucumbiremos às enfermidades mentais, aos males
psicopatológicos, que, não raras vezes, gerarão doenças físicas, o que se costumou denominar de “doenças
psicossomáticas”, males físicos que são causados por problemas psíquicos, distúrbios nas funções orgânicas
que têm origem na mente das pessoas, em problemas psicológicos.
- Os tempos trabalhosos em que vivemos são dias de inúmeros distúrbios mentais. Praticamente não há pessoa
que não se queixe de problemas relacionados com a mente, sejam problemas emocionais, sentimentais,
afetivos, sejam distúrbios mais graves. Chegou-se mesmo a cunhar o dito popular que de “poeta, médico e
- O aumento do pecado no mundo é, sem dúvida, o principal motivo para a intensificação dos problemas
psíquicos, das enfermidades mentais. Os tempos trabalhosos são tempos de desamor, de egoísmo, de
crueldade, de ingratidão, de falta de afeto natural.
- Os dias de hoje, entretanto, são dias de crueldade, de egoísmo, em que as pessoas temem relacionar-se com
outras, medo este que já está se tornando pavor diante da crueldade e da ingratidão reinantes.
- As alternativas que o homem cria para superar esta sua carência de Deus na sua alma não passam de mais
algumas das muitas invenções por ele forjadas (Ec.7:29), que somente têm produzido mais problemas
emocionais, sentimentais, afetivos e psíquicos.
- Assim, o uso de drogas aumenta a criminalidade e a violência, gerando ainda mais traumas e problemas de
isolamento, piorando a dura realidade dos tempos trabalhosos. O prazer sexual desregrado e ilimitado atinge
com ferida mortal a instituição familiar, gerando ainda mais falta de afeto e de proteção ao gênero humano. A
ganância também é fator de maior desequilíbrio, com aumento da violência, da criminalidade e redução do
homem a mera mercadoria, enquanto que o uso da tecnologia tem animalizado ainda mais o homem, como os
perniciosos efeitos da internet têm comprovado atualmente (pedofilia, disseminação da pornografia, pactos
coletivos de suicídio etc.).
- Em meio a este “vazio afetivo e espiritual”, o adversário de nossas almas, que cega o entendimento dos
incrédulos para que não vejam a luz do evangelho de Cristo (II Co.4:4), tem intensificado os seus ataques,
aproveitando-se da situação para contaminar as mentes humanas com toda sorte de mensagens prejudiciais e
destrutivas, seja pelo controle da mídia, onde tem disseminado toda a sorte de falsos ensinos e de doutrinas
opostas à Palavra de Deus, seja pela divulgação de doutrinas consistentes na busca de uma “espiritualidade
individual”, por meio de meditações, técnicas terapêuticas repletas de esoterismo, quando não no explícito
culto a ele próprio (o satanismo). A atuação demoníaca tem se fortalecido grandemente, com grave prejuízo à
saúde mental.
- Diante de um estado tão calamitoso, a Igreja deve se lembrar que foi chamada para fora deste mundo de
entendimento cegado pelo adversário, para ter a “mente de Cristo” (I Co.2:16).
- A “mente de Cristo”, ensina-nos Paulo, somente é obtida mediante a ação do Espírito Santo em nossas vidas,
pois “…ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus”(I Co.2:11 “in fine”). Entretanto, pelo Seu
grande amor, “…Deus no-las revelou pelo Seu Espírito, porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as
profundezas de Deus(…) nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para
que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus.” (I Co.2:10,12).
- Depende, portanto, de cada um de nós permitir que o Espírito Santo habite em nós, para que venhamos a
conhecer as coisas de Deus e, assim, ter a “mente de Cristo”. Sem a “mente de Cristo”, jamais teremos saúde
mental. Sem o Espírito de Deus, estaremos sujeitos a sermos cegados em nosso entendimento pelo adversário
de nossas almas, cujos ardis não podemos ignorar (II Co.2:11). Precisamos ter uma vida de santidade, de
comunhão com Deus, precisamos buscar a Deus para não permitir que a nossa mente venha a ser enganada
pelo inimigo.
- Para termos a “mente de Cristo”, é indispensável que meditemos na Palavra do Senhor de dia e de noite
(Sl.1:1,2). É fundamental que não permitamos que os nossos olhos sejam a porta de entrada daquilo que não
agrada a Deus (Mt.5:22,23).
- Se vigiarmos para que os nossos sentidos físicos não sejam utilizados para levar à nossa mente aquilo
que não é agradável ao Senhor, certamente estaremos preparando terreno para que o Espírito possa
atuar em nossa mente e, assim, tenhamos a “mente de Cristo”, tudo discernindo espiritualmente e evitando
ser apanhados nos embaraços e laços que o adversário sempre está a pôr diante de nós.
- Como diz o poeta sacro, “nas horas que passo pensando em Jesus, as trevas desfaço, buscando a luz. Que
horas de vida tão doces pra mim, Jesus me convida que eu suba para Si” (primeira estrofe do hino 17 da Harpa
Cristã). Em que temos pensado durante o dia? Que temos visto e o que tem chamado a nossa atenção?
- A saúde mental exige que tenhamos a “mente de Cristo”. Sem ela, cairemos na mesma “onda” dos
incrédulos, correndo de um lado para outro, cegos pecadores, que nada enxergam por causa de seu pecado
(Is.59:10; Sf.1:17), o que redundará em problemas psíquicos, que podem até gerar doenças psicossomáticas.
As depressões, ansiedades, síndromes de pânico e demais enfermidades mentais, tão corriqueiras nos dias de
hoje, relacionadas estão quase sempre com esta falta da “mente de Cristo”. Que tenhamos saúde mental nos
submetendo ao Senhor e n’Ele pensando a todo instante!
- Visto que temos de cuidar da saúde física e mental, já que isto faz parte da mordomia humana, em especial,
daqueles que estão em comunhão com Deus, os integrantes da Igreja, como devemos nos comportar diante
das doenças? As doenças são inevitáveis, como, então, enfrentá-las?
- Por primeiro, como já dissemos supra, nem toda doença é resultado de uma punição divina, de um pecado
específico. A doença é algo que vem ao homem por causa da entrada do pecado no mundo, mas pode ser tanto
um castigo divino, como uma oportunidade para a manifestação das obras de Deus, como resultado de
negligência do homem no desempenho da sua mordomia em relação a seu corpo e a sua mente.
- Se assim é, o primeiro passo para enfrentarmos uma doença é saber a sua causa, a sua origem. Se a
doença é fruto de um castigo divino, de uma punição do Senhor, em vão será nossa ida aos médicos, pois se
se trata de uma ação divina, de uma “ferida” de Deus, os médicos nada poderão fazer para debelá-la.
- “Operando Eu, quem impedirá?”, diz o Senhor por intermédio do profeta (Is.43:13 “in fine”). Na Bíblia,
temos dois exemplos elucidativos desta realidade: Miriã, feita leprosa por ação direta do Senhor, foi curada,
depois que Moisés pediu a Deus que a curasse. Detectado o problema da doença, obteve-se a cura. Já no caso
do rei Asa (II Cr.16:12,13), igualmente ferido pelo Senhor, não foi ele curado, já que buscou ajuda junto aos
médicos, quando o seu problema era diante do Senhor, pelo mal que fizera a um profeta.
- A falta de conhecimento da causa da doença tem sido um dos principais fatores para a desorientação e para
o grande sofrimento que acometem muitos crentes e seus familiares em instantes de doença. Corre-se de um
lado para outro, visitam-se médicos de todo tipo e de todos os lugares, não raro esgotando-se os recursos
- Por falta de discernimento, também, fazem-se filas de pessoas orando pelo enfermo, dia após dia, sem
qualquer resultado efetivo, gerando apenas escândalo e descrédito, também porque o doente não fez a sua
parte, pedindo a Deus a revelação da causa do mal, Deus que continua a revelar Seu segredo aos Seus servos
(Am.3:7).
- Se formos humildes, se nos pusermos debaixo da potente mão de Deus (I Pe.5:6), nestes momentos de
enfermidade, certamente teremos o discernimento espiritual e, guiados pelo Espírito de Deus, saberemos tirar
importantes lições destes momentos, pois Deus também é o autor do dia mau, feito para que nos resistamos
durante a sua passagem (Pv.16:4; Ef.6:13).
- Devemos, portanto, ante a doença, buscar a orientação divina, a direção do Espírito Santo, para não só
sabermos a causa da doença, como também como devemos nos conduzir durante o seu tratamento. Assim
fazendo, contribuiremos não só para a nossa saúde, como para o fortalecimento espiritual próprio, da igreja e
de todos os que estão à nossa volta. Mesmo na doença, o crente pode ser uma bênção!
- Vemos, pois, que não é falta de fé nem demonstração de incredulidade a ida de um crente a um médico.
Muito pelo contrário, em momento algum nas Escrituras há qualquer menosprezo ou desprezo pela atividade
médica, sem dúvida uma das mais sublimes da humanidade. Houve até um grande cooperador da obra de Deus
que era médico, Lucas, que é afetuosamente chamado por Paulo de “médico amado” (Cl.4:14). No entanto,
precisamos ter o devido discernimento espiritual para sabermos se a ida ao médico solucionará, ou não, o
problema da doença.
- Neste ponto, aliás, oportuno reproduzir o que diz a Declaração de Fé das Assembleias de Deus a respeito:
“...A oração pelos enfermos não entra em conflito com o tratamento médico. O rei Ezequias foi curado de uma
úlcera após ter uma pasta de figos posta sobre a sua enfermidade: ‘E dissera Isaías: Tomem uma pasta de
figos e a ponham como emplasto sobre a chaga; e sarará’ (Is.38:21). O Senhor Jesus reconheceu o valor dos
médicos: ‘Jesus, porém, ouvindo, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas sim, os doentes’
(Mt.9:12); Paulo, o apóstolo, aconselhou Timóteo a beber vinho com fins terapêuticos [I Tm.5:23] e tinha
entre seus colaboradores um médico: ‘Saúda-vos Lucas, o médico amado’ (Cl.4:14)...” (DFAD XXI.4, p.182).
- Este discernimento espiritual deverá ser obtido pelo próprio doente. Não podemos julgar os outros, pois não
sabemos o que há no interior do homem (I Sm.16:7) e, portanto, cabe ao próprio doente descobrir o motivo
de sua doença. Quando muito, podemos interceder por ele junto ao Senhor, consolá-lo e confortá-lo, por meio
de visitas, impor as mãos sobre ele e orar para que seja curado, mas jamais julgá-lo. Não cometamos o mesmo
erro dos amigos de Jó!
- Se o problema for de pecado, o doente deve confessá-lo e dele se arrepender para que alcance a cura.
É por isso que Tiago ensina que, nestes casos, mormente quando a doença seja tal que não se permita a
locomoção até a igreja local, deva o doente solicitar a visita de um presbítero, a fim de que, após a confissão,
haja a oração, com a unção com óleo, que trará a cura (Tg.5:14,15).
- Se o problema não for de pecado, mas de manifestação da obra de Deus, devemos aguardar que o
Senhor faça a Sua obra, o que poderá ocorrer tanto na cura quanto na morte física. Devemos ter a resignação
como conduta, pedindo a Deus misericórdia para suportar o sofrimento e intensificando a nossa comunhão
com Ele.
- Estejamos certos que, se se trata de uma provação divina, ela é para o nosso bem, para melhorar nossa
condição diante do Senhor (Rm.8:28). As dores, o incômodo, o sofrimento não são fáceis, mas peçamos ao
Senhor que tenha misericórdia de nós, que nos console e conforte para que o Seu propósito seja cumprido. Jó
assim procedeu e, antes de ser sarado pelo Senhor, testemunhou que todos os pesadelos, todas as dores, todo
- Se a doença tiver como causa a negligência em o nosso cuidado com o corpo, devemos, sim, ir ao médico
e observar as suas orientações. Devemos mudar a nossa forma de cuidar do organismo, sabendo que aquilo
que semearmos, haveremos de colher, até porque Deus não Se deixa escarnecer (Gl.6:7).
- Faz-se preciso ter um “modus vivendi” saudável, de acordo com a vontade do Senhor, evitando, de todas as
maneiras e formas, nos acomodarmos à maneira de viver dos homens dos tempos trabalhosos. Não podemos
assumir a forma deste mundo, não podemos nos conformar com este mundo (Rm.12:2) e isto não está
relacionado apenas com o aspecto espiritual, mas, também, com a forma como cuidamos de nosso corpo e da
nossa mente.
- Infelizmente, são muitos os cristãos que estão se deixando levar pelos pensamentos e concepções deste
mundo, prejudicando grandemente a sua saúde. Mantêm uma dieta alimentar inadequada, rendem-se ao
sedentarismo e à agitação cada vez mais intensa, sacrificando a sua saúde física e mental, sem qualquer
necessidade. Não acolhamos o modo de vida insano daqueles que estão cegos em seu entendimento pelo
adversário de nossas almas. Tenhamos uma vida saudável, que corresponda à vontade do Senhor.
- Dentre os maus hábitos dos nossos dias, um diz respeito à total falta de prevenção. Quando falamos em
médicos, sempre nos reportamos à medicina curativa, mas devemos recorrer aos médicos também como
prevenção. Periodicamente, devemos comparecer ao médico para um “check up”, principalmente quando
atingimos a meia idade, onde costumam surgir as principais complicações de saúde.
- A ida a médicos deve ser feita, também, com discernimento espiritual. Nos dias em que vivemos, muitos
profissionais da saúde estão comprometidos com terapias, técnicas e procedimentos que adotam filosofias e
pensamentos contrários à sã doutrina. É preciso bem verificarmos o tipo de tratamento que nos sugerem e as
técnicas e terapias propostas, evitando que adotemos princípios e procedimentos que contrariam a Palavra de
Deus. Também precisamos ter a direção do Espírito Santo para não cairmos em mãos de profissionais sem o
devido preparo e que sejam animados única e exclusivamente pelo vil metal. Tenhamos cuidado para que não
entreguemos a nossa saúde para os “…médicos que não valem nada” (Jó 13:4).
- Muitos crentes dão muito mau testemunho ao descumprirem as prescrições médicas e sofrerem prejuízo em
sua saúde por causa de tal comportamento. Rebelião é como pecado de feitiçaria e o porfiar é como iniquidade
e idolatria (I Sm.15:23), atitudes que não só comprometem a saúde física e mental, como a própria
espiritualidade do cristão. Obedecer sempre é melhor do que sacrificar! (I Sm.15:22).
OBS: Sigamos o exemplo de José, que, mesmo sendo o governador do Egito, não deixou de reconhecer a autoridade dos médicos, os únicos que
poderiam corretamente embalsamar o corpo de Jacó (Gn.50:2). Não podemos desmerecer o conhecimento científico destes profissionais, posto à
disposição para o nosso bem-estar. Ademais, quem não tem condição intelectual, não deve, mesmo, aventurar-se como médico, como nos dá Is.3:7,
onde se extrai a lição de que, para ser médico, como para ser príncipe do povo, necessário se faz uma preparação.
- Apesar de todos os cuidados que o homem deve ter e da necessidade de se saber qual a origem da sua
enfermidade, temos de ter consciência de que há uma promessa de Deus para a cura física, que é um dos
efeitos da obra feita por Cristo no Calvário.
- Para que não houvesse qualquer dúvida quanto à abrangência do corpo na promessa de cura, o ministério
terreno de Jesus, que era o que anunciava o profeta Isaías, sempre foi um ministério marcado pela cura
divina, a ponto de o próprio Jesus, para demonstrar a João Batista, que era Ele mesmo o Messias, para tanto
efetuou diversas curas, demonstrando, assim, que era através da cura divina que demonstrava a Sua qualidade
de Cristo (Mt.11:4,5).
- Os discípulos do caminho de Emaús referiram-Se ao Senhor como sendo “varão poderoso em obras e
palavras diante de Deus e de todo o povo”, enfatizando, assim, em primeiro lugar, os sinais e maravilhas que
havia operado, onde se destaca a cura de enfermidades. Por fim, Pedro, quando quis sintetizar o ministério de
Cristo Jesus, tudo resumiu ao dizer que “andou fazendo bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque
Deus era com Ele” (At.10:38 “in fine”).
- Vemos, portanto, que a cura divina é elemento indissociável do ministério de Jesus, é uma de “Suas marcas
registradas” e a Igreja, como corpo de Cristo (I Co.12:27), outra coisa não deve fazer senão prosseguir este
mesmo trabalho e até ampliá-lo, como prometeu o Senhor (Jo.14:12).
- Em Mc.16:18, é claro que a cura de enfermidades é um dos sinais que seguem aos que creem, sendo
prova disso a história da igreja primitiva, onde a cura física sempre esteve associada à pregação do Evangelho,
a começar da narrativa do coxo que se encontrava na porta Formosa do templo (At.3:1-11).
- Vemos, pois, que há uma promessa de Deus para a cura de enfermidades. Mas, quem é o beneficiário desta
promessa? A Bíblia é clara ao mostrar que o beneficiário desta promessa é “o que crê”. A cura é um dos
sinais que seguem os que creem, de modo que, de pronto, vemos que todos não serão curados, visto que “a fé
não é de todos” (II Ts.3:2 “in fine”).
- Temos, aqui, uma situação muito similar à da promessa da salvação. Deus quer curar a todos, mas não
serão todos curados, porque não serão todos os que creem. Se a cura divina está escassa em os nossos dias,
isto se deve, primordialmente, à falta de fé.
- Lamentavelmente, a incredulidade tem grassado no meio do povo de Deus, que, cada vez mais, se comporta
como o povo de Nazaré que, apesar de ter sido o lugar onde Jesus esteve por toda a Sua infância, adolescência
e juventude, desenvolvendo, naturalmente, maiores laços de amizade e de convivência, foi o local onde menos
curou enfermidades ou fez maravilhas, exatamente por conta da incredulidade das pessoas (Mt.13:58;
Mc.6:5,6).
- A cura divina é destinada apenas aos que creem e, neste tópico, não se encontra apenas o doente. Se é
verdade que, nas curas, Jesus tenha dito ao doente que a fé dele havia sido importante para não só a cura física,
mas a própria salvação, por meio da expressão “a tua fé te salvou” (Mt.9:22; Mc.5:34; Mc.10:52; Lc.7:50;
8:48; 17:19; 18:42), também não se deve observar que há, também, a fé daquele que leva a promessa divina
da cura ao doente.
- Muitas vezes, o doente, por não conhecer a Jesus Cristo ou por estar descrente da sua cura pelo Senhor, não
tem condições de obter este benefício da parte do Senhor, pois, “sem fé é impossível agradar a Deus”
(Hb.11:6). Diante disto, assume importância fundamental a fé daquele que anuncia a cura divina, daquele que,
por crer em Jesus Cristo, leva a mensagem da cura em o nome de Jesus.
- Jesus assim procedeu, como vemos, por exemplo, no episódio do paralítico do tanque de Betesda, alguém
que estava desanimado, sem esperança e que, pelo que se infere do texto, padecia de um mal decorrente de
alguma desobediência praticada no passado. Uma pessoa assim, após 38 anos de desilusões, fora da comunhão
- A pergunta de Jesus pareceria um contrassenso, uma obviedade. Ante a crença de que se estava diante de um
tanque miraculoso, e estando ali 38 anos, é evidente que o homem queria ficar são. Evidente? Não, não o era.
A verdade é que, para querer ficar são, é necessário crer que Deus pode curar. É preciso ativar a fé e isto
aquele homem já havia perdido há muito tempo. Neste diálogo, porém, falando com o próprio Verbo Divino,
aquele homem voltou a crer e isto demonstrou quando atendeu à ordem do Senhor e, em pleno sábado,
levantou, tomou a sua cama e voltou para a sua casa.
- Não é por outro motivo que a Bíblia diz que a cura está relacionada àqueles que creem e que, por crerem,
impõem as mãos sobre os enfermos e os curam (Mc.16:18). Este texto mostra claramente que se trata não do
doente mas do servo de Deus que, por crer em Jesus, desenvolve, a exemplo do Seu Mestre, a fé nos que estão
enfermos e, ao imporem suas mãos sobre eles, alcançam a cura divina para os que padecem.
- Mas, para impor as mãos sobre os enfermos, é necessário que se tenha fé, é necessário que se creia na
promessa da cura. Eis o motivo por que muitos hoje já não mais impõem as mãos sobre os enfermos, porque
não têm fé e, em muitos casos, nem sequer têm mais comunhão com Deus.
- Em muitos lugares, e, pasmem, nas igrejas locais, que deveriam ser verdadeiros “pronto-socorros”, não se
usa mais a imposição de mãos, não se oram mais pelos enfermos e, quando o fazem, fazem-no de modo
coletivo, impessoal, junto a multidões, num tratamento de “massa”, que nunca foi o método utilizado por Jesus
ou pelos apóstolos. Mas, não nos esqueçamos, quando se chama uma multidão para a frente e se ora por ela,
de modo impessoal (e, inclusive, saindo estrategicamente depois da oração do local do “evento”…), não se
põe a descoberto a situação interior, não se revela o que há no interior daquela vida, o que nem sempre é o
que se aparenta ser…
- Se a promessa é “para os que creem”, vemos, claramente, que a promessa está em pleno vigor nos dias
da dispensação da graça, nos dias da Igreja, pois ela é a nação dos que creem em Deus (Rm.1:17; 5:1,2;
I Pe.2:9). Não há qualquer sentido dizer que a promessa da cura divina era apenas para os dias apostólicos,
pois nada nas Escrituras aprova tal pensamento, até porque Jesus é o mesmo ontem, hoje e eternamente
(Hb.13:8).
OBS: Muitos procuram questionar a autenticidade do capítulo 16 de Marcos e, assim, invalidar a promessa da cura divina, como se esta promessa
estivesse circunscrita apenas a este capítulo, como se o ministério terreno de Jesus e a história da igreja primitiva não fossem a base da
demonstração de que a cura divina é uma promessa presente e atual nos dias da Igreja.
- A promessa da cura divina é destinada “aos que creem” e esta fé não é a fé salvadora, ou seja, aquela que
proporciona a salvação, mas a fé no poder de Deus sobre as enfermidades.
- A cura divina independe da salvação para se realizar. Casos há de pessoas que obtêm a cura divina, mas
não a salvação. Um exemplo claro é a dos nove leprosos que não voltaram para agradecer ao Senhor Jesus.
Jesus curou dez, mas somente um, que era samaritano, voltou para agradecer a Cristo. Somente a este, Jesus
disse que havia alcançado a salvação (Lc.17:19). Os outros nove, embora tenham sido fisicamente curados da
lepra (Lc.17:14), não alcançaram a salvação, porque, embora tenham crido que Jesus poderia curá-los, tanto
que foram se apresentar aos sacerdotes, não creram que Jesus poderia salvá-los, tanto que não retornaram para
agradecer-Lhe e adorar-Lhe, como fez o samaritano.
- Se isto se dá em relação aos enfermos, também ocorre com relação aos que oram pelos enfermos. Muitos
ficam atônitos ao saber que uma determinada pessoa, que orava pelos enfermos e Jesus curava, estava em
pecado, o que se descobriu depois. Isto ocorre porque tinha a pessoa fé que Jesus poderia curar o enfermo,
tanto que impôs as mãos sobre ele, ao mesmo tempo em que o enfermo também creu que Jesus poderia curá-
lo, mas tal cura física nada tem que ver nem com a salvação de quem orou, nem de quem recebeu a cura. Cura
divina não é atestado de salvação, nem de quem ora, nem de quem recebe a cura.
- Não é por outro motivo que Jesus, ao encontrar-se com o ex-paralítico que ficava junto ao tanque de Betesda,
aconselhou o homem para que não pecasse mais, a fim de que não lhe sucedesse algo pior (Jo.5:14), quando,
então, soube ele que quem o curara havia sido Jesus.
- Pelo que se verifica desta passagem elucidativa, o homem havia sido curado, mas ainda não tinha consciência
de que havia sido salvo. Sua fé, até aquele instante, havia sido apenas para cura, mas, posteriormente, foi
confrontado com a salvação e a necessidade de uma vida de santidade, até para que a sua saúde perdurasse.
Estava no templo, demonstrando, assim, ter tido desejo de passar a adorar a Deus, mas não tinha consciência
do que isto significava. Assim como Jesus fez com que ele tivesse fé para ser curado, também o orientou para
que alcançasse a salvação.
- De igual modo, vemos no episódio do cego de nascença, quando o cego, curado e salvo, já testificava de
Jesus, sem sequer saber que era Ele o Filho de Deus. Ao ser confrontado pelo Senhor com esta verdade, de
pronto creu em Jesus e O adorou (Jo.9:38), demonstrando, assim, claramente que não só havia sido curado,
como também alcançara a salvação.
- E é neste episódio do cego de nascença que temos, de forma bem clara, o propósito da promessa da cura
divina: a manifestação das obras de Deus na pessoa do enfermo (Jo.9:3). O propósito da cura divina é tão
somente o de confirmar a palavra da pregação(Mc.16:20; I Ts.1:5), o de promover a glória de Deus (At.4:21),
o de provar a presença de Deus no meio do Seu povo (At.10:38 “in fine”; I Co.2:4,5).
- A cura divina, portanto, não é um fim em si mesmo. Não se trata de uma promessa sem finalidade ou
propósito a não ser a remoção da doença, mas o seu objetivo é a glorificação do nome do Senhor, a
confirmação da palavra da pregação, a comprovação da presença de Deus no meio do Seu povo. Jesus
cura para que o nome de Deus seja glorificado e engrandecido.
- Assim, não se pode jamais dizer que “Deus é obrigado a curar diante do que consta na Palavra de Deus” ou
que “o crente jamais fica doente se estiver em comunhão com o Senhor”. Muitas vezes, a glorificação do nome
de Deus vem não pela cura física, mas, sim, pela morte de um justo. Não podemos querer saber os desígnios
de Deus nem discutir porque Deus fez assim ou daquele outro modo, pois, se o fizermos, seremos como o
caco de barro que discute o que deve fazer o oleiro, ou seja, uma pretensão sem qualquer propósito e que pode,
mesmo, representar uma abominação diante do Senhor (Is.45:9).
- A cura divina é inegável, é algo destinado aos que creem, é uma realidade atual e indispensável para que
demonstremos a presença de Deus no meio da Igreja, para que o nome do Senhor seja glorificado, mas não
devemos nos esquecer de que o propósito da cura divina não é a saúde física de alguém, mas, sim, a
glorificação do nome do Senhor, a confirmação da palavra da pregação e a comprovação da presença de Deus
no meio do Seu povo. Por causa disso, nem sempre Jesus cura, pois a cura tem propósitos que não se
confundem com a nossa vontade ou com os nossos caprichos.
- Por isso, como dissemos supra, é importante sabermos porque alguém está doente, a fim de que
compreendamos qual o propósito do Senhor nesta doença. Uma vez tendo compreendido isto, o que nem
sempre será o enfermo que conseguirá entender sozinho, pois, muitas vezes, necessitará do auxílio dos servos
de Deus neste discernimento, então clamar a Deus para que a Sua vontade seja feita, bem compreendendo que
a cura virá se este for o propósito divino naquele caso.
- A promessa da cura divina é uma realidade para os nossos dias, precisamos, sem ter qualquer dúvida,
crer que Jesus cura, buscar a Sua cura. Não podemos ser como os nazaritas, que, por causa de sua
incredulidade, não desfrutaram desta bênção nos dias de Jesus. Temos de crer mais em Jesus e menos nos
remédios e nos médicos. Há muitos, aliás, que, se dizendo crentes, creem mais em “simpatias” e outras
crendices do que no Senhor Jesus, o que é um absurdo.
- É precisamente o que diz a Declaração de Fé das Assembleias de Deus: “CREMOS, professamos e ensinamos
que a cura divina é um ato de soberania, graça e misericórdia divina [Mc.1:40,41; Mt.14:14] que, através do
poder do Espírito Santo [At.10:38; Lc.4:18,19], restaura física e/ou emocionalmente aqueles que demonstram
fé em Jesus Cristo [At.3:16; 14:8-10]...” (DFAD XXI, p.179).