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O Pecado É Uma Doença Mortal

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O pecado é uma doença mortal.

E que os mortos ressuscitam, Moisés o indicou no trecho referente à sarça, quando afirma que o
Senhor é o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó.
Ora, Deus não é Deus de mortos, e sim de vivos; porque para ele todos vivem.
Lucas 20:37,38

Nesse verso Cristo estava refutando àqueles que não criam na ressurreição dos mortos. Se Deus
é o criador e autor da vida, como poderia ser Deus dos mortos? Portanto, pelo raciocínio de
Cristo, Deus é Deus de vivos, logo, o justo, ainda que morra, viverá.

Então Jesus declarou: — Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra,
viverá.
E todo aquele que vive e crê em mim não morrerá eternamente. Você crê nisto?
João 11:25,26

Percebamos que a condição de vida para o morto não é presente, mas futura: “viverá”. Ou seja, o
morto não vive agora, mas viverá no futuro. Como então pode ser Deus o Deus dos vivos, se
agora eles estão mortos?
Vejamos outro exemplo que ilustra essa situação:

Todos os habitantes da terra adorarão a besta, a saber, todos aqueles que não tiveram seus
nomes escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a criação do mundo.
Apocalipse 13:8

Como pode Cristo ter sido morto desde a fundação do mundo, se Ele morreu por volta do ano 31
A.D.?

A este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, prendestes,
crucificastes e matastes pelas mãos de injustos;
Atos 2:23

mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo,
conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por
amor de vós.
1 Pedro 1:19,20

Vemos que, apesar de o cordeiro ter se manifestado somente no fim dos tempos, desde a
fundação do mundo, ou seja, desde tempos eternos, já houvera o conselho de Deus e que por
sua presciência já era conhecida a missão que o Filho desempenharia na salvação da raça caída.
Portanto, podemos ver que para Deus as coisas já são como haverão de ser, pois Ele vê o futuro
como se presente o fosse. Nesse sentido podemos entender que, os que para nós estão mortos,
para Deus estão vivos, pois Deus já vive a realidade de suas ressurreições, que para nós é uma
realidade futura, mas para Ele, que é atemporal, passado, presente e futuro não tem clara
distinção.

Se em João 11:25 aprendemos que aquele que crê em Jesus ainda que morra viverá, o contrário
também é verdade: Aquele que não crê em Jesus, ainda que esteja vivo, morrerá. Ou seja, para
Deus os ímpios já estão mortos. Em termos aristotélicos, o ser humano está vivo em ato, está
morto em iminência, mas em potência pode tanto viver eternamente quanto ser destruído (ver
Mateus 10:28)
Podemos então entender que quando está escrito: “Ele lhes deu vida, quando vocês estavam
mortos em suas transgressões e pecados” - Efésios 2:1; e também: “Estando nós ainda mortos
em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)” - Efésios 2:5,
não há aqui um significado místico dizendo que estamos em algum estado de morte espiritual e
que, portanto , somos incapazes de discernir entre o bem e o mal (“pois os mortos não sabem de
nada” – ver Eclesiastes 9:5), nem que por sermos mortos espirituais nada podemos cooperar
para nossa salvação, e assim a nossa salvação uma ação exclusiva de Deus - Monergismo.
Muito pelo contrário, Romanos 1:19-21 e 2:14 afirma que os gentios, mesmo não tendo a Lei de
Moisés, são indesculpáveis em seus caminhos maus, pois tiveram o testemunho da natureza, da
criação, e do exemplo de homens justos para discernirem entre o certo e o errado, mas mesmo
assim não o fizeram. Não é que toda a humanidade esteja morta espiritualmente, incapaz de
perceber o que é certo e errado. O problema é que ainda que percebamos o que é certo, em
nossa natureza de pecado não conseguimos fazê-lo. Essa situação se assemelha muito mais a
uma doença do que a uma morte:

Não há parte sã na minha carne, por causa da tua indignação; não há saúde nos meus ossos, por
causa do meu pecado.

Salmos 38:3

De certa forma, o pecado é comparado com a lepra, que naquela época era considerado um sinal
de maldição, alguém pecador. Em 2 Crônicas 26:18-19 vemos a lepra como uma maldição
colocada por Deus sobre o rei Uzias que cometeu o pecado de profanar o sacerdócio do Templo.
A própria imagem que o Novo Testamento trás para a purificação que o Sangue de Cristo faz na
vida dos crentes (1 João 1:9, Apocalipse 7:14) faz referência a ideia de purificação de um leproso
(Levítico 13:1-17). O leproso era considerado quase como um zumbi: alguém que já está morto,
mas ainda se move. Já não tinha mais família, nem parte alguma com os negócios da sociedade.
Um morto não somente em possibilidade, mas em iminência. Ser curado da lepra era como
readquirir a vida.

A questão fundamental é que a doença do pecado, tal como a lepra, se não tratada, é uma
doença terminal. “A alma que pecar, essa morrerá” - Ezequiel 18:20. Portanto, aos olhos
prescientes de Deus estávamos todos mortos. Não havia esperança para nós, pois nosso futuro
seria a morte eterna. Estamos doentes no presente, mas a morte é nosso destino natural. Sob
essa perspectiva, estamos mortos. Mas o fato de estarmos doentes nos dá vantagem sobre os
mortos. Mortos nada sentem, nada discernem, sequer podem clamar por ajuda. Nós que estamos
vivos, ainda que enfermos pelo pecado, podemos reconhecer que estamos doentes, e podemos
ainda clamar pela cura. Porém, sem o Médico dos Médicos, Jesus Cristo, nada podemos fazer
para mudar nossa condição.

O mundo sem Cristo seria composto de pessoas que até percebem que há algo de errado com
elas e que de fato necessitam de cura, mas não possuem em si próprias meio algum para curar-
se. Sua vontade está debilitada pelo pecado, não haveria neles capacidade para implementar em
si próprios qualquer mudança que viesse a amenizar sua condição. Por fim, sem ter a quem
recorrer, seriam ludibriados por promessas convenientes de cura por parte dos demônios, e
viveriam assim anestesiados em sua condição de doença até a chegada da morte. Assim viveu
todo o mundo pagão antes de Cristo, e ainda hoje muitos vivem, buscando a cura, mas sendo
enganados por falsos espíritos que se fazem de Cristo, o verdadeiro médico.
O pecador que busca de Cristo a cura para sua condição de mortalidade tem-lhe ministrado não
somente o perdão dos pecados, como também a ação vivificadora do Espírito Santo de Deus. Por
meio dele somos libertos (2 Coríntios 3:17) do jugo do pecado e temos o poder de nossa vontade
reestabelecido a condição que era no Éden. Podemos agora a cada dia passar na prova que
Adão passou e que infelizmente caiu. Somos chamados a, diferentemente dele e de Eva,
cooperarmos com Cristo (1 Coríntios 3:9, 2 Coríntios 6:1) e buscarmos a Deus nos momentos de
provação, unindo a vontade humana com a vontade Divina. Essa é a sinergia a qual Deus nos
habilita quando nos purifica e nos lava no sangue do cordeiro. Tivessem Adão e Eva agido dessa
maneira não teriam caído. Porém confiaram somente em suas forças, e não cooperaram com
Cristo.

Se o primeiro casal caiu por não se unirem a vontade divina, mesmo estando incontaminados
pelo pecado, quanto mais a nós que somos doentes. Enquanto reconhecermos que somos
doentes e que precisamos diariamente da “transfusão de sangue” do Cordeiro, estaremos
seguros. Mas nesse aspecto, o “vírus do pecado” é semelhante ao HIV: podemos passar por
longos anos de tratamento, e nem sentir mais os seus sintomas, mas basta passar alguns meses
sem o tratamento que logo algum vírus residual que havia se escondido começa a se multiplicar e
então toma o corpo todo, tornando a condição desse pior do que a anterior (2 Pedro 2:20). Assim
é o pecado em nossa vida, se achamos que o temos eliminado de completo. Assim, aquele que
julga estar firme, cuide-se para que não caia! - 1 Coríntios 10:12. Tal como o HIV, o pecado
debilita nossas forças, tira de nós a própria vontade de ser curado. Muitas vezes, principalmente
no passado, o tratamento do HIV parecia ser mais doloroso que a própria doença. Assim também,
as vezes parece que lutar contra o pecado é mais doloroso do que sofrer com suas
consequências.

Ainda que pequemos, ainda que caiamos, de forma alguma estamos de todo perdidos. Enquanto
reconhecermos que estamos doentes, nosso bom Mestre e Médico Jesus voltará a nos ministrar
a cura. O perigo habita em um dia acharmos que não estamos mais doentes, seja porque
estamos puros o suficiente, ou porque achamos que nossos sintomas são naturais e que devem,
assim, ser aceitos como normais e não como sendo atitudes reprováveis, frutos do pecado. Existe
segurança na salvação em Cristo, porém segurança vigilante. Assim como um doente que está
em estado de remissão não morre repentinamente da doença, mas antes aos poucos volta a
apresentar os sintomas cada vez mais fortemente, assim também o servo de Cristo não sai da
salvação para a perdição em um instante, antes vai abrindo concessões até que pare de buscar a
Cristo, seu médico.
O paciente precisa perseverar no tratamento, mesmo que por vezes tenha faltado as sessões por
desculpas mil. Se hoje você se lembrar de ir até o seu médico, não importa os outros dias que
você não foi, simplesmente vá, pois está escrito: Se hoje ouvirdes a sua voz, Não endureçais os
vossos corações, assim como na provocação e como no dia da tentação no deserto; - Salmos
95:7,8.

Voltamos então a um ponto comentado anteriormente: se estamos mortos, então não há nada
que possamos fazer para nos salvar. Concluiríamos assim que a salvação é uma ação exclusiva
de Deus. Mas se entendemos que o pecado é como uma doença mortal, mas que ainda não
estamos mortos, não obtemos a mesma compreensão. O paciente não só pode, mas deve
cooperar com seu médico para obter a cura. A obra do médico em medicar deve ser
complementada com a obra do paciente em tomar os remédios. Isso parece, em um primeiro
momento, contradizer um texto bíblico famoso que diz: “Porque pela graça sois salvos, por meio
da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie” -
Efésios 2:8,9.
Se cooperamos com nossa cura, isto é, com nossa salvação, então poderíamos nos vangloriar
disso? Respondendo essa pergunta com outras perguntas: Como poderia haver vanglória se tudo
que podemos fazer é porque primeiro Ele nos ofertou a cura? Qual é o orgulho que o paciente
pode ter ao ser curado de um cancer terminal por um médico que lhe foi atencioso e insistente? A
única gloria que o paciente pode ter é em dizer: “Eu escolhi o médico correto! Esse eu conheço e
sei que é bom”. E isso está de acordo com o que diz a Bíblia em Jeremias 9:24: “mas quem se
gloriar, glorie-se nisto: em compreender-me e conhecer-me, pois eu sou o Senhor, e ajo com
lealdade, com justiça e com retidão sobre a terra, pois é dessas coisas que me agrado", declara o
Senhor.”.

Podemos fazer perguntas semelhantes, porém agora com exemplos bíblicos: O general sírio
Naamã (sua história se encontra em 2 Reis 5) teria alguma glória em dizer “mergulhei 7 vezes no
rio Jordão e por isso fui curado!”? Foi a sua obra de se mergulhar 7 vezes no rio que o curou, ou
foi a sua fé na instrução de Deus que como consequência o fez mergulhar 7 vezes e assim ser
curado? 7 mergulhos nos rios Abana e Farpar, muito mais límpidos que o Jordão, aparentemente
muito melhores para neles ser purificado do que em um rio lamacento como o Jordão, teriam
capacidade de curar Naamã? Ou no caso da mulher com fluxo de sangue, foi o ato de tocar na
orla das vestes de Cristo que a fez ficar curada? Não, pois o próprio Salvador a respondeu em
Lucas 8:48: Então ele lhe disse: "Filha, a sua fé a curou! Vá em paz". Vemos que o poder
curador não estava na obra de tocar a roupa de Cristo, mas na fé que levou a obra de tocar. Ou
seja, não é por obras que um doente se cura, mas é pela fé do paciente no seu médico.
A própria Bíblia confirma isso quando diz: “a fé sem as obras é morta” - Tiago 2:26. Ou seja, não
adianta o paciente receber os medicamentos, se diariamente, pela fé de que aqueles
medicamentos surtirão efeito, não os tomar todos os dias segundo a orientação do médico. A fé
no medicamento, ou especialmente a fé no médico que receitou o medicamento se traduz em agir
de acordo com o instruído. Pode até ser que o paciente as vezes esqueça de tomar o remédio,
mas deve haver nele um esforço constante em querer se lembrar e tomar. Se ele desistir de
tomar, ou der pouca importância para o remédio, estará demonstrando por sua ação exterior a
sua falta interior de confiança naquele que lhe receitou o medicamento. A fé deve cooperar com
as obras (Tiago 2:22). Cristo não ministra forçosamente o poder curador de seu sacrifício a
nenhum ser humano. Quando esteve aqui na terra, Ele perguntou: “Você quer ser curado?” –
João 5:6. Assim como aquele paralítico, muitas vezes não temos sequer forças para exprimir com
nossa voz o nosso desejo, antes tentamos achar desculpas, justificativas. Mas “O Senhor não vê
como o homem: o homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração" (1 Samuel 16:7). Ele
consegue ouvir nosso grito de socorro sufocado, a angustia de nosso coração.

Em vista de tudo que foi exposto, podemos concluir que nossa condição de mortalidade, ou seja,
nossa contaminação com a doença do pecado, não nos impede totalmente de cooperarmos com
Deus. Não somos mortos completamente ausentes de energia interior, mas sim doentes com uma
energia tão pequena que ela sozinha nada poderia fazer, nem mesmo para correr atrás da cura
para nosso pecado. É uma energia muito pequena capaz apenas de clamar por socorro, um
clamor muitas vezes tão inaudível que só Deus pode ouvir. Porém ao Deus responder a menor
demonstração de fé possível, tudo se transforma. Ele nos levanta e nos reestabelece. Ele nos
perdoa e nos capacita escrevendo suas leis em nosso coração (ver Jeremias 31:33,34) Ele
multiplica em nós a energia, a força que estava debilitada. Nos restitui o nosso livre-arbítrio e nos
capacita a andarmos junto com ele, lado a lado, em cooperação. Essa é a doutrina do sinergismo,
a junção da fraca energia humana com a fortalecedora energia Divina.
Não devemos temer a doença do pecado, pois temos um médico especialista nisso, que se
chama Cristo Jesus. Ainda que sua cura as vezes nos pareça mais dolorosa que a própria
doença, pois também é necessário que cada um de nós pegue a sua cruz e O siga. Assim está
escrito: Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua
cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; quem perder a vida por minha
causa, esse a salvará. - Lucas 9:23-24.
A cruz é o remédio diário que Cristo nos ministra para que tomemos. É um remédio amargo, mas
assim como um pai que primeiro toma o remédio para motivar seu filho pequeno a toma-lo, assim
também nosso Pai sabe qual é o sabor da cruz, em intensidade infinitamente superior a que
qualquer um de nós podemos provar. É um remédio que aos nossos olhos parece ilógico, pois a
cruz é um instrumento de morte, e não de vida. Mas através do que aparentemente é morte, é
que nos vem a vida eterna. Descobrimos que para sermos curados não precisamos matar
somente o vírus que nos contamina, bem como também o seu hospedeiro. Enquanto o
hospedeiro viver, o vírus está lá. Por isso a Cruz é como um antibiótico que mata a bactéria, mas
também mata o corpo. Antibiótico é anti vida, é morte. É impossivel causar dano a um sem causar
dano ao outro. A dosagem deve ser ideal para matar o parasita e poupar o hospedeiro. O
hospedeiro do pecado é a nossa carne e “se viverdes de acordo com a carne, certamente
morrereis; no entanto, se pelo Espírito fizerdes morrer os atos do corpo, vivereis” – Romanos
8:13.
O Espírito e a Cruz, os remédios para nos salvar da doença do pecado. A cruz é o remédio
doloroso, mas o Espírito é o seu complemento que suaviza os efeitos colaterais, pois “é o Espírito
quem dá vida, a carne nada se aproveita” – João 6:63. Uma vida só de cruzes nos faria
desfalecer antes de sermos curados, por isso nos foi enviado o Espírito Santo para ser nosso
Consolador. Passaremos por aflições, mas tenhamos bom animo, pois Cristo venceu o Mundo
(ver João 16:33). Essas aflições são necessárias para refinar nosso carácter, para mortificar a
carne. Ao mesmo tempo que somos mortificados na carne pela cruz, somos vivificados pelo
Espírito. Aceitemos o amargo remédio que Deus tem para nos oferecer, mas também aceitemos
o Seu Espírito em nossas vidas, para nos regenerar e nos capacitar a uma nova vida de
completamente remidos dessa doença mortal.

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