O Retrato de Dorian Gray
O Retrato de Dorian Gray
O Retrato de Dorian Gray
Abstract: This paper presents a comparative analysis between the categories of the "su-
blime" and "beautiful" from the novel The Picture of Dorian Gray (1890), written by Oscar
Wilde, and on reflections presented in Edmund Burke’s work called A philosophical enqui-
ry into the origin of our ideas of the sublime and beautiful (1757). First of all, we resumed
some historical particulars relating to the two authors and their works for, then, study the
actions and dialogues of three Wilde's characters: the protagonist Dorian Gray, the painter
Basil Hallward and the Lord Henry Wotton. This is a historical analysis that uses notions
shared by the philosophy and by the literature.
Keywords: Sublime. Beautiful. Oscar Wilde. Edmund Burke.
1
Doutoranda em História na Unicamp / Campinas/SP. claudiatolentino.ufu@gmail.com
o belo em 1757. Trata-se da única obra que persegue com afinco sua presa. O
escrita pelo autor que se volta para esta autor pontua outras formas de associa-
res como John Locke e baseiam-se na através de uma investigação que se fun-
ideia de que o campo das sensibilidades damenta em coisas inteligíveis, mas que
não deve ser analisado fora do campo prioriza igualmente qualidades sensí-
Aqueles que encontram significados Dei meia volta e vi Dorian Gray pela
belos nas coisas belas são aqueles que primeira vez. Quando os nossos olhos
as cultivam. Para esses há esperança. se encontraram, senti que perdi a cor
Eles são os eleitos para quem as coisas do meu rosto. Um instinto curioso de
belas significam apenas beleza. Não terror se apoderou de mim. Soube que
existem fatos morais ou imorais em estava face a face com alguém cuja
um livro. Os livros são apenas bem ou mera personalidade era tão fascinan-
mal escritos. Isto é tudo.6 te que, se eu o permitisse, absorveria
toda a minha essência, minha alma
5
BURKE, Edmund, op. cit., p. 48.
6
WILDE, Oscar. O retrato de Dorian Gray. Tra-
dução e notas de Marcella Furtado. São Paulo: Editora Landmark, 2012, p. 13.
Em Burke, as paixões do sublime e Para onde ele foi, ele mal sabia. Ele se
do belo ocorrem fora do estado de indife- lembrava de perambular por ruas es-
rença. Enquanto o sublime está ligado à curas, com frágeis arcos enegrecidos e
dor positiva, o belo está ligado ao prazer casas com aspecto demoníaco. Mulhe-
res com vozes rudes e risadas ásperas
positivo. Dor e prazer são estabelecidos
chamavam por ele. Bêbados cambalea-
como polos opostos e não contraditórios,
vam aos xingos e tagarelavam entre si
de modo que é possível operar sobre a feitos monstruosos macacos. Ele vira
existência de prazeres negativos e do- crianças grotescas agachadas em solei-
res positivas. Burke aponta três modos ras de portas, e ouvira gritos agudos e
de prazeres negativos: a indiferença, a maldições vindas de pátios sombrios.28
37
Idem, p. 108.
36
WILDE, Oscar. O retrato de Dorian Gray. Tra- 38
WILDE, Oscar. O retrato de Dorian Gray. Tra-
dução de Clarice Lispector. Rio de Janeiro: Edi- dução e notas de Marcella Furtado. São Paulo:
ções de Ouro, 1974, p. 105. Editora Landmark, 2012, pp. 52-53.
48
WILDE, Oscar. O retrato de Dorian Gray. Tra-
dução e notas de Marcella Furtado. São Paulo:
Editora Landmark, 2012, p. 28.
49
BURKE, Edmund. Uma investigação filosófica
sobre a origem de nossas ideias do sublime e
do belo. Tradução, apresentação e notas de Enid
Abreu Dobránzky. Campinas, SP: Editora da
Universidade de Campinas, 1993, p. 173.