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Instituto Superior Politécnico Metropolitano de Angola: O Papel Da Economia Informal Como Fonte de Rendimento

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1

INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO METROPOLITANO DE ANGOLA

NEID LUQUÉNIA MIGUEL AMARAL DOS SANTOS

O PAPEL DA ECONOMIA INFORMAL COMO FONTE DE


RENDIMENTO.

ESTUDO DE CASO: MERCADO DO KM 30, EM 2019

LUANDA

2019
2

NEID LUQUÉNIA MIGUEL AMARAL DOS SANTOS

O PAPEL DA ECONOMIA INFORMAL COMO FONTE DE RENDIMENTO.

ESTUDO DE CASO: MERCADO DO KM 30, EM 2019

Projecto apresentado ao Instituto Politécnico


Metropolitano de Angola com requisito
parcial para a conclusão da Licenciatura em
Economia, sob orientação do Prof. Carlos
Pedro.

LUANDA

2019
3

NEID LUQUÉNIA MIGUEL AMARAL DOS SANTOS

O PAPEL DA ECONOMIA INFORMAL COMO FONTE DE RENDIMENTO.

ESTUDO DE CASO: MERCADO DO KM 30, EM 2019

Trabalho de fim de apresentado ao Instituto Superior Politécnico Metropolitano de Angola


como requisito parcial para a conclusão da Licenciatura em Economia, sob orientação do
Prof........................................................................................

Aprovado ao: / /

Coordenação do curso de Economia

Considerações_______________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
________________________________________________________
4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho primeiramente a Deus por ser o Ser


Essencial e por ser meu suporte diário.

A minha família pelo apoio e por não medirem esforços


para que eu aqui chegasse.

Aos meus amigos e todas as pessoas especiais, por terei


sido um instrumento crucial para a elaboração deste
mesmo trabalho.
5

AGRADECIMENTOS

Agradeço primordialmente ao Altíssimo por ter renovado as minhas forças, minha


determinação e minha fé todas as vezes em que eu pensei em desistir.

Aos meus pais Inês Miguel, David dos Santos e Maria Amaral pelo incentivo e
confiança nesta longa caminhada académica.

Aos meus irmãos, primos, tios e avós pela força e apoio.

Agradeço de modo especial ao Ayrton Sobral, Indira Teixeira, Carla Ferraz,


Esmeralda dos Santos, Fátima Gonçalves, Mirian dos Santos, Adelina dos Santos, Justina dos
Santos, Júlia Sobral, Nassira João, Nambaka Capamba, Laurinda Lucas, Yurgan de Araújo,
Joaquim da Costa, Laurinda Cassoma, Tchissola Almeida, Ivalina Gonçalves e a todas as
pessoas que de algum modo contribuíram para que este sonho e objectivo se concretizassem.

Sem esquecer do especial agradecimento ao meu orientador Carlos Pedro pela


paciência e por ter desempenhado um papel fundamental neste processo académico.
6

EPÍGRAFE

“O sucesso é a soma de pequenos esforços


repetidos dia após dia.” (Robert Collier)”

“A economia é uma virtude distributiva e consiste


não em poupar mas em escolher.” (Edmund
Burke)”
7

RESUMO

O presente trabalho é resultado de uma investigação sob o tema: o papel da economia


informal como fonte de rendimento (estudo de caso: o mercado do Km 30, em 2019) cujo
objectivo geral foi de analisar o papel da economia informal como fonte de rendimento dos
vendedores do mercado do Km 30. Como metodologia fez-se uma pesquisa de carácter
qualitativo da vertente bibliográfica e estudo de caso. Para colecta de dados, elaborou-se um
questionário com perguntas fechadas submetido a amostra de 107 vendedores, a fim de
avaliar as informações no campo de estudo. Foi possível entender que a economia informal
possui um papel preponderante no que tange a fonte alternativa de rendimento dos
vendedores. Pois, promove a adequação de bens e serviços que disponibiliza os rendimentos e
poder de aquisição para a população em questão. Porem, pela falta de processos
administrativos formalizados, não permite ao Estado ter o controlo efectivo dos rendimentos
que a população vai obtendo destas actividades.

Palavras-Chave: Economia Informal. Mercado Informal. Rendimento.


8

ABSTRACT

The present work is the result of an investigation under the theme: the role of the informal
economy as an source of income (Case study: The KM 30 market, in 2019) whose overall
purpose was to analyze the role of the informal economy as an source of the yield of the Knel
market vendors. How methodology was a qualitative research of the bibliographic strand and
case study. For data collection, a questionnaire was closed with closed questions subjected to
the sample of 107 sellers in order to assess the information in the field of study. It was
possible to understand that the informal economy has a preponderant role in which the
alternative source of sellers' yields. For it, it promotes the adequacy of goods and services that
provides the income and power of purchasing for the population in question. However, by the
lack of formalized administrative processes, does not allow the State to have the effective
control of incomes that the population will obtain from these activities.

Keywords: Informal Economy. Informal Market. Yield.


9

LISTA DE TABELAS

Tabela nº 1 - Inquiridos referentes ao género.

Tabela nº 2 - Inquiridos referentes a idade.

Tabela nº 3 - Inquiridos referentes ao seu nível de escolaridade.

Tabela nº 4 - Inquiridos referentes a possibilidade de ter uma formação profissional.

Tabela nº 5 - Inquiridos referentes ao tempo que exerce a actividade no mercado informal.

Tabela nº 6 - Inquiridos referentes as razões que os levaram a exercer a actividade no mercado


informal.

Tabela nº 7 - Inquiridos referentes ao modo que conseguiu o dinheiro para dar arranque a
actividade informal.

Tabela nº 8 - Inquiridos referentes ao lucro diário.

Tabela nº 9 - Inquiridos referentes as despesas com o lucro ganho.

Tabela nº 10 - Inquiridos referentes ao número de dependentes.

Tabela nº 11 - Inquiridos referentes a possibilidade de conseguir um emprego no mercado


formal.
10

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico nº 1 - Distribuição dos inquiridos referente ao género.

Gráfico nº 2 - Distribuição dos inquiridos referente a idade.

Gráfico nº 3 - Distribuição dos inquiridos referente ao nível de escolaridade.

Gráfico nº 4 - Distribuição de inquiridos referente a formações profissionais.

Gráfico nº 5 - Distribuição dos inquiridos referente ao tempo de actividade.

Gráfico nº 6 - Distribuição dos inquiridos referente as Razões da prática da actividade


informal.

Gráfico nº 7 - Distribuição dos inquiridos referente ao modo que conseguiu o dinheiro para
dar arranque a actividade.

Gráfico nº 8 - Distribuição dos inquiridos referente ao lucro diário.

Gráfico nº 9 - Distribuição dos inquiridos referente se consegue custear as despesas com o


lucro ganho.

Gráfico nº 10 - Distribuição dos inquiridos referente ao número de dependentes.

Gráfico nº 11 - Distribuição dos inquiridos referente a possibilidade de conseguir um emprego


no mercado formal.
11

LISTA DE ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS

BUE - Balcão Único do Empreendedor.

INE – Instituto Nacional de Estatística.

INSS – Instituto Nacional de Segurança Social.

OIT - Organização Internacional do Trabalho.

PIB – Produto Interno Bruto.

PND – Plano Nacional de Desenvolvimento.

PREI – Programa de Reconversão da Economia Informal.

PROAPEN – Programa de Apoio a Pequenos Negócios.

SEF – Saneamento Económico e Financeiro.


12

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...............................................................................................................................

CAPÍTULO I- EMBASAMENTO TEÓRICO.................................................................................

DEFINIÇÃO DE TERMOS E CONCEITOS...................................................................................

O ESTADO E O DILEMA DA INFORMALIDADE......................................................................

CAPÍTULO II – APRESENTAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS....................................

CONCLUSÃO.................................................................................................................................

SUGESTÃO.....................................................................................................................................

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................................
13

INTRODUÇÃO

A economia informal em Angola integra uma vasta gama de actividades que


atravessam vários sectores com extensas e diversificadas áreas de intersecção com economia
formal. Os segmentos importantes: transporte de passageiros e de mercadorias, a produção
artesanal de bebidas alcoólicas e de bens alimentares confeccionados, a prestação de serviços
(entre os quais, o trabalho doméstico/ao domicílio), a agricultura e a pesca bem como
segmento financeiro informal que se faz sentir através do comércio ilegal de divisas e das
associações de rotação de poupanças.

O presente trabalho tem como tema “o papel da economia informal como fonte de
rendimento.” Os mercados de Luanda constituem, a par da venda ambulante, o espaço onde
um grande número de agentes (um número que deverá exceder consideravelmente a cifra
oficial) encontra ocupação e obtém os rendimentos que contribuem para a sua subsistência e
das suas respectivas famílias.

A sua importância remete não apenas para a dimensão económica e social mas
também para a dimensão sociocultural, uma vez que está-se em presença de instituições
concretas com a história e com presença marcante no imaginário da sociedade luandense.

A economia informal encontra-se na agenda de discussão de vários governos, de modo


particular o governo de Angola. Visto que, para o crescimento económico a economia
informal tem trazido muitos prejuízos, sem esquecer a falta de pagamento de impostos como
também a falta de higiene que deixa a desejar o bem-estar da população. Por estes motivos, os
governos têm procurado soluções para o desencorajamento estas actividades, porém nao tem
sido uma tarefa fácil uma vez que a maior parte da população tem a economia informal como
fonte de rendimento e sobrevivência.

Perante as dificuldades econômicas e sociais que economia informal acarreta, indaga-se:

Qual é o papel da economia informal como fonte de rendimento dos vendedores do


mercado Km 30?

HIPÓTESES
14

H1: O Papel da economia informal é garantir o aumento do rendimento dos vendedores do


mercado do Km 30.

H2: A economia informal desempenha um papel preponderante por ser uma fonte onde as
famílias encontram a possibilidade de desenvolverem as suas actividades e consequentemente
obterem algum rendimento.

OBJECTIVOS

Geral:

Analisar o papel da economia informal como fonte de rendimento dos vendedores do


mercado do Km 30.

Específicos:

1. Identificar o papel do Estado na regulação da economia informal.


2. Apresentar as vantagens e desvantagens da economia informal.
3. Demonstrar o contributo da economia informal como fonte de rendimento dos
vendedores do mercado do km 30.

JUSTIFICATIVA DO ESTUDO

O tema estudado contribui para a organização em questão, apontando as dificuldades


que possam levar o real papel da economia informal como fonte de rendimento dos
vendedores do mercado do Km 30 no ano de 2019 e pela importância do assunto nas
diferentes vertentes como académica, pessoal e social.

Na vertente académica, o trabalho apresenta um conjunto de informações que mostram


como o mercado informal contribui para subsistência dos vendedores do mercado acima
mencionado proporcionando assim a população académica bases contundentes que podem
levá-los a ser profissionais exemplares e actuar de forma correcta no mercado, defendendo
com vigor este assunto que é a economia informal.

De modo pessoal, a escolha do tema acima descrito é de extrema importância por ser
um assunto pertinente, por acarretar com ele diversas implicações que despertaram a
15

curiosidade de aprofundar o conhecimento e decifrar as causas e demais razões que levam as


pessoas a aderirem esta prática.

Numa visão social, este tema leva a refletir as dificuldades que as famílias têm
enfrentado para assim conseguirem o seu sustento, tendo a economia informal como a opção
mais viável. Assim demonstra a importância da economia informal por ser um assunto de
caracter relevante para a sociedade angolana.

DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

O estudo sobre o da economia informal como fonte de rendimento dos vendedores, foi
realizado no município de Viana no mercado do Km 30, em Julho, do corrente ano.

METODOLOGIA DE PESQUISA

Este trabalho apresentou como foco de discussão as questões referentes ao papel da


economia informal como fonte de rendimento dos vendedores do mercado do Km 30, Viana-
Luanda.

Para a sua elaboração foi usada a seguinte metodologia:

Para embasamento da pesquisa, buscou-se a realização do estudo que se deu através de uma
pesquisa qualitativa de carácter descritivo, observando-se os fenómenos a fim de delimitar a
extensão do tema, devido à natureza fluida do assunto investigado.

Quanto ao processo de abordagem: foi qualitativa com a finalidade de ilustrar os resultados


alcançados. Quanto aos procedimentos bibliográficos; foram utilizados livros, artigos, teses e
outras obras.

Quanto aos objectivos da pesquisa: estudo de campo, por questionário semiestruturado


constituído por 11 perguntas fechadas e com entrevistas directas.

Sujeitos da pesquisa

Os sujeitos da pesquisa, referem-se a aqueles elementos que serão submetidos a pesquisa, mas
que em certa medida não constituem uma população na amostra, pelo facto de serem únicos
ou poucos.
16

Unidade de análise

 A unidade em análise o mercado do Km 30, Viana-Luanda. .

Para determinar o tamanho da amostra foi usado o seguinte método:

N- Tamanho (número de elementos) da população (30.000).

n-Tamanho (número de elementos) da amostra.

n0= Uma primeira aproximação do tamanho da amostra

E- Erro amostral (8%)

n0= 1/E2 = 1/ (0,08)2 = 156

n= N*n0/(N+n0)

n=30.000*156/ (30.000+156)

n= 4.680.000/30.156

n= 155, 19 = 155.

ESTRUTURA DO TRABALHO

O trabalho foi estruturado por dois capítulos além da introdução que na qual
espelhamos o problema, os objectivos, as hipóteses, a justificativa e a metodologia.

O primeiro capítulo abordou-se a fundamentação teórica do assunto em questão, onde


foram definidos os termos e conceitos de Economia, Economia Informal, Mercado Informal,
Rendimento, Desemprego, os tratamentos concernentes a economia informal e outros
subtemas relacionados.

No segundo capítulo abordou-se sobre a apresentação e interpretação dos dados. Neste


item foram apresentados os resultados da pesquisa e análises pertinentes aos objetivos
propostos. Para tanto foi caracterizado o perfil do papel da economia informal como fonte de
rendimento dos vendedores do mercado do Km 30, no ano de 2019.
17

CAPÍTULO I- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


Neste capítulo fez-se uma abordagem sobre alguns conceitos relevantes, a origem da
informalidade e aspectos relacionados para uma melhor compreensão do desenvolver do
tema. Procurou-se mostrar detalhadamente as características da economia informal e seu
impacto.

Procurou-se também mostrar como a economia informal tem sido uma fonte de
rendimento, o género dominante nesta prática, aos diversos tipos de actividades e o papel do
Estado quanto a este pertinente assunto.

1.1. DEFINIÇÃO DE CONCEITOS


Economia

Economia é o estudo de como as pessoas e a sociedade acabam escolhendo, com ou


sem o uso de moeda, empregar recursos produtivos escassos, que podem ter usos alternativos,
para produzir várias mercadorias e distribuí-las para consumo, no presente ou no futuro, entre
várias pessoas e grupos da sociedade. Ela analisa os custos e benefícios da melhoria nos
padrões de alocação de recursos. (SAMUELSON, 1976)

Segundo Bergo (2011) a economia é uma ciência que estuda a forma de


comportamento humano resultante da relação existente entre as ilimitadas necessidadesa
satisfação e os recursos que, embora escassos, se prestam a usos alternativos.

Economia Informal

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (2002, pág. 7), a expressão


“economia informal”[...]“Refere-se a todas as actividades económicas de trabalhadores e
unidades económicas que não são abrangidas, em virtude da legislação ou da prática, por
disposições formais.1

O conceito é ainda definido por Gonçalves (NONE DATE) na sua obra “ A economia
ao longo da história de Angola” como sendo “todas as actividades baseadas em instalações
provisórias ou sem instalações fixas, escassas relações com o sistema fiscal e oferta de
produtos nas faixas da grande procura”.

Mercado Informal
1
A OIT, 90a Conferência Internacional do Trabalho, 2002, pág. 7).
18

É todo leque de comportamentos económicos, socialmente admissíveis, realizados


fundamentalmente com finalidades de sobrevivência e que escapam quase totalmente ou, pelo
menos parcialmente ao controlo dos órgãos de poder político local, regional, nacional, em
matéria fiscal, laboral, comercial, sanitária ou de registo estático, (QUEIROZ, 1999, p.12).

Para Dalla (2011), chama-se mercado informal aquele que não apresenta nenhum
vínculoentre a entidade empregadora eo empregado, isto é, embora podds existir um contrato
assinado entre ambas as partes, este nao tem qualquer valor legal, na medida em que não foi
formalmente constituídauma empresa, e, por conseguinte, a mesma nao tem quaisquer
obrigações fiscais, comercial e laboral.

Rendimento

O termo rendimento designa a remuneração ou conjunto de remunerações de um


qualquer agente económico em contrapartida pela cedência a um outro agente económico de
um factor produtivo por si detido para utilização no processo produtivo.2

Desemprego

É a suspensão forçada de trabalho dos operários ou dos salários, quer por não
encontrarem ocupação, quer por terem sido despedidos da empresa em que trabalhavam
(BIROU, 1982).

Para Rocha (2007), o desemprego não passa de um desequilíbrio no mercado de


trabalho, nomeadamente um excesso de oferta por parte dos trabalhadores.

1.2. A ORIGEM DA ECONOMIA INFORMAL

A economia informal surgiu para designar o conjunto de práticas usadas pela


população mais carenciada com a finalidade de ultrapassar as dificuldades encontradas na
economia formal, de conseguir o seu sustento e suprir as suas necessidades de sobrevivência.

A economia informal encontra-se enraizada nas distintas sociedades,


independentemente do seu avanço económico ou tecnológico. A forma como se relaciona com
os outros sectores da economia, as diferentes particularidades que assumem dentro de um
2
knoow.net/cienceconempr/economia/rendimento.
19

mesmo espaço geográfico ou as múltiplas formas de abordagem, em círculos políticos e


académicos, torna a busca de um conceito de economia informal uma tarefa pouco
simplificada. Com resultado, o corpo teórico sobre a informalidade é um dos mais
heterogéneos e maleáveis do campo da teoria social, variando de acordo com as realidades
sócio-históricas ou até mesmo de acordo as racionalidades e visões de mundo (SOUSA,
2014).

O Mosca (2010) explica que a Economia Informal tal como o comércio informal surge
como estratégia de sobrevivência dos pobres por incapacidade do que se chama de economia
formal, em absorver o factor trabalho e gerar rendimentos. O mesmo autor salienta que é
ainda uma consequência de desequilíbrios, distorções ou ropturas de mercado e de políticas
desajustadas.

A expressão “sector informal” foi adoptada e popularizada na década de 70, pela OIT,
em estudos sobre a situação económica do Quênia (OIT, 1972, apud PASCOAL et al, 2013)

De facto, a denominação “sector” indicaria apenas actividades econômicas ou grupos


industriais muito específicos. Conceituar o “sector informal” como um domínio específico
colocava a informalidade à parte, como se separada dos sectores primário, secundário e
terciário da economia. Em contraposição, o conceito de “economia informal” englobava o
diverso e crescente grupo de trabalhadores informais actuantes em diferentes áreas
econômicas, urbanas ou rurais; e no primeiro, segundo ou terceiro sectores da economia (OIT,
2002). Essa nova definição excluiu o dualismo típico, sector formal/sector informal, para
constituir uma nova dicotomia: a dos protegidos ou não pela lei trabalhista (BARBOSA,
2009).

Durante os anos de 1990, o renovado interesse pelo setor informal e a análise dos
padrões da informalidade, tanto nos países desenvolvidos como nos países em
desenvolvimento, revelaram que a informalidade persistia e estava a aumentar, levando a
rever a forma de pensar o setor informal e a uma maior compreensão das suas dimensões e
dinâmica. Em 2002, a Conferência Internacional do Trabalho abriu uma nova via no debate
sobre a informalidade, passando do conceito de “setor” para o conceito mais vasto de
fenómeno de toda a economia, e de um conceito baseado nas empresas para um conceito que
incluía não só a produção, mas também as características do posto de trabalho ou do
trabalhador. Esta compreensão mais abrangente da informalidade ofereceu oportunidades para
20

uma perspetiva com outras nuances e específica por país sobre as causas e as consequências
da informalidade, bem como das relações existentes entre a economia informal e o quadro
regulamentar formal.3

1.2.1 A origem da Economia Informal em Angola

A análise do aparecimento e desenvolvimento do mercado informal em Angola insere-


se num contexto determinado. A sua caracterização começa no início dos anos 80, o sector
informal conheceu um crescimento e diversificação impressionante, considerando o seu ciclo
de existência, não estando de modo algum, limitados às áreas urbanas e servindo muitas vezes
de elo de ligação entre o rural e o urbano em relação a pequenas actividades (CHINGALA,
2011).

Pode-se realçar a tamanha importância da economia informal em Angola, num estudo


ao sector informal efectuado na cidade de Luanda desenvolvido pelo Lopes (2000) esclarece
que o sector informal compreende actividades económicas legais realizadas por agentes
económicos ilegais, não cabendo, portanto, neste campo as designadas actividades ilícitas
(contrabando, tráficos, furto, etc.), e englobando geralmente a pequena produção mercantil
(artesanal-industrial: indústria alimentar, confecções, mobiliário, etc.), os transportes, o
pequeno comércio (grossista e retalhista), os mercados informais, a prestação de serviços e as
actividades de intermediação financeira.

A dimensão e a importância económica e social da economia informal no contexto


angolano apoiam-se na constatação de que um mundo globalizado e marcado pelas lógicas
neoliberais, as actividades e praticas sociais no momento de concretizar as suas
circunstâncias, a única alternativa a que tem acesso aos autores sociais no mercado de
concretizar as suas estratégias de sobrevivência e acumulação. A economia informal em
Angola no seu contexto, a envolvente politicamente e institucional que enquadrou a evolução
da economia angolana desde a sua independência em 1975, conheceu até a data cinco fases
distintas: o período de transição para a economia centralizada entre 1975 e 1977, ao longo do
qual se edificaram os diferentes mecanismos de controlo estatal e de centralização
administrativa da economia (LOPES, 2008).
3
Adaptado de Martha Chen “Rethinking the Informal Economy, from enterprise characteristics to employment
relations”, em Rethinking Informalization, Poverty, Precarious Jobs and Social Protection, editado por Neema
Kudva e Lourdes Benerìa, Cornell University Open Access Repository.
21

O período da centralização económica e da regulamentação administrativa do sistema


económico, que vigorou entre 1977 e 1987; o período da transação para a economia de
mercado, situada entre a aprovação do programa de saneamento económico e financeiro
(SEF) em 1987, e aprovação de constituição de 1992, com a liberalização progressiva da
actividade económica, a extinção dos monopolistas estatais em alguns dos sectores da
economia, o desmantelamento de alguns mecanismos de controlo administrativo da actividade
económica, um processo de privatizações restrito e orientado de modo a permitir a
concentração dos recursos na posse da elite política, militar e administrativa. O período entre
1992 e o final do conflito militar em 2002, caracterizado por uma continuidade condicionada
do processo de transição para a economia de mercado, com um alcance e um ritmo não
uniforme das reformas económicas em resultado da influencia reciproca de factores
diversificados, dos quais destacam a submissão da política económica, as exigências do
esforço de guerra, a inconsistência e incoerência dos programas da política económica
adoptados, a manutenção dos mecanismos de regulação da actividade de afetação de recursos
de natureza administrativa e clientes em alguns sectores e segmentos económicos, o
aprofundamento da crise económica e da instabilidade macroeconómica (LOPES, 2008).

O período macroeconómico em contexto da paz a partir de 2002 ate a data,


genericamente marcado por uma conjuntura internacional particularmente favorável para a
economia angolana, como consequência da tendência de crescimento contínuo do preço do
petróleo, pela reabilitação, ainda que lenta, das infraestruturas económicas e produtivas
distribuídas no decurso do conflito militar e por um sucesso relativo da política de
estabilização macroeconómica adoptada. Este complexo e assimétrico processo de
transformações que foi desenvolvido ao longo dos 30 anos, repercutiu-se naturalmente sobre a
extensão, natureza e características da economia informal em Angola bem sobre a respectiva
evolução, processo em relação ao qual a capital angolana constitui um representativo
observatório (LOPES, 2008).

1.3. A INFORMALIDADE. SUAS CAUSAS E SEUS EFEITOS NA


ECONOMIA

A informalidade e as nuances de sua definição devem ser entendidas nos termos de


globalização a partir da dinâmica da economia global. É neste contexto que as relações de
trabalho dentro e fora da formalidade mudam, e os desafios da globalização exigem da
Organização Internacional do Trabalho uma resposta que garanta, acima de tudo, condições
22

decentes de trabalho. Para que se possa compreender o fenómeno da informalidade é preciso


recorrer uma análise das suas causas e os seus efeitos. Neste sentido, nesta secção se
encarrega de avaliar as principais causas da informalidade e dos seus respectivos efeitos,
elegendo aqueles que podem ser percebidos nos variados contextos político económico e
social ao redor do mundo. Ao final, espera-se construir um panorama geral da informalidade
capaz de interligar a questão da economia informal com a promoção do trabalho decente
(PASCHOAL;2013).

1.3.1 As causas da informalidade na economia

Schneider (2004), apontar as causas que levarão avanço da economia informal em


determinado país ou contexto envolve não só a análise de aspectos económicos como também
de factores sociais e políticos. Nesse sentido, a constante verificação de algumas variáveis,
tornou-se possível eleger cinco principais causas como sendo aquelas que mais influenciam
no alargamento do sector ou retiro informal.

1. Carga tributária;
2. Transferências sociais;
3. Rigidez trabalhista;
4. Taxmorale;
5. Empregabilidade;

Por mais que esses factores não sejam necessariamente constituintes, se aproximam
por estarem ligados ao intervencionismo do estado, (ENSTE; SCHNEIDER, 2004). De facto,
a regulação do Estado na economia e na esfera social, “é necessária e é um importante pilar da
social economia de mercado”

Enste (2004) diz que é esse sentido, o intervencionismo do estado tem o intuito de
promover uma redistribuição mais igualitária entre as partes e corrigir as falhas de mercado.
Portanto, a criação de taxas, transferências sociais e regulamentações trabalhistas são
exemplos de acções que visam a promover a igualização social e distribuição justa. Nesse
contexto, cabe analisar cinco principais causas do avanço da economia informal para que, ao
final, seja possível elucidar a influência das intervenções estatais neste crescimento e na
promoção do trabalho decente.

Carga Tributária
23

A carga tributária é considerada por muitos economistas como sendo a principal razão
do deslocamento (ou da deslocação) dos trabalhadores para a informalidade (TANZI, 2002).
Essa relação parte do pressuposto de que quanto maior for a carga tributária que o trabalhador
deve pagar na economia formal, maior será o incentivo para que este cidadão migre para a
informalidade, fugindo, assim, dos tributos.

Realçando o parecer do autor acima mencionado, a carga tributaria é um dos fortes


motivos que faz com que a população opte pela informalidade. A maior parte da sua
remunerção é gasta em impostos e taxas, tornando a mesma insuficiente para o seu sustento.

O Ribeiro (2000), esclarece que com efeito. ‘‘quanto maior a diferença entre a
remuneração bruta dos trabalhadores na economia oficial e o obtido depois de retirado os
tributos, ou seja, o rendimento líquido, maior será o incentivo para evitar essa diferença’’.

Transferências sociais

Em relação aos sistemas de transferências sociais, estes implicam a existência de um


forte incentivo à migração para a economia informal quando, mesmo actuando na
informalidade, o trabalhador continua a receber os benefícios sociais sem ter que contribuir
por meio de tributos (RIBEIRO, 2000).

Neste sentido, esta causa exemplifica o problema das caronas, abordado pela teoria
microeconômica, em que uma pessoa beneficia-se de um bem, sem ter que pagar por ele
(MANKIW, 2001).

Rigidez trabalhista

A questão da rigidez trabalhista reflecte-se na intensidade da regulação na economia


formal. De facto, se percebe que há um grande número de regulamentações legais no mercado
de trabalho, como exemplo das condições de trabalho recomendadas pela OIT (OIT, 2007a).
Por mais que essas regulamentações sejam essenciais para a promoção do trabalho decente,
algumas podem ser consideradas, por vezes, como barreiras burocráticas ao ingresso do
indivíduo no mercado de trabalho.

Enste e Schneider (2004) afirmam que o objectivo do aumento dessas


regulamentações é atender somente aos que já estão inseridos no mercado de trabalho e não
aqueles que buscam ingresso. As várias barreiras que impedem estrangeiros de actuarem de
trabalho formal de alguns países, por exemplo, levam muitos a optarem pela informalidade.
24

Ainda nesse contexto, a inflexibilidade das horas de trabalho pode ser vista como
entrave ao exercício pleno das actividades de trabalho dos indivíduos em alguns casos. A
carga horária, por vezes, não representa as necessidades dos trabalhadores, os quais acabam
de preencher o seu tempo com actividades informais (ENSTE; SCHNEIDER, 2004).

Taxmorale

A taxmorale é, também, uma das causas que levam os trabalhadores a ingressar no


mercado de trabalho informal, e diz respeito à atitude pública em relação ao Estado: “se os
cidadãos percebem que seus interesses são devidamente representados e supridos com os
serviços e bens públicos, eles não desejarão trabalhar informalmente” (SCHNEIDER, 2004).

Caso a situação contrária seja observada, ou seja, se Estado falha em prover bens e
serviços públicos de qualidade, isto incidirá na queda do incentivo por parte dos trabalhadores
de pagar os tributos, e, portanto, poderá estimular uma migração à informalidade. Nesse
sentido, o não provimento também pode incidir negativamente na qualidade das instituições
públicas, fazendo com que os cidadãos creditem pouca confiança nas autoridades e tenham
baixo incentivo para cooperar (TORGLER, 2007).

Desta forma, a corrupção surge como uma das causas dos baixos níveis da taxmorale
em determinado contexto, visto que as instituições falhas e pouco reguladas abrem brecha
para que o trabalhador informal suborne o fiscal tributário por uma quantia menor que a
correspondente aos tributos na economia formal, contribuindo assim, para a manutenção da
actividade informal (DREHER, 2006).

Empregabilidade

Por fim, a última das causas listadas é a empregabilidade. Este conceito é aqui
definido como a capacidade dos trabalhadores de se manterem empregados ou de encontrarem
novos empregos quando demitidos. Com efeito, uma baixa na taxa de participação dos
trabalhadores na economia formal indica que estes têm a possibilidade de ingressar na
economia informal. Nesse caso, a economia informal surge como uma alternativa ao
desemprego (FREY, 1983).

Analisadas todas essas causas, fica claro que o Estado, por meio de tributação, da
regulação e do provimento de bens públicos, tem um papel preponderante na indução ou
mitigação da informalidade (RIBEIRO, 2000). Quando as intervenções estatais são abusivas,
25

elas acabam por corroborar o desenvolvimento da economia informal. Contudo, quando são
cometidas e reguladas tornam-se essenciais na promoção do trabalho decente e no bom
funcionamento da economia do país.

Queiroz, (2012), dividiu as causas da economia informal em duas:

1. Conjunturais;
2. Estruturais.

1. Causas Conjunturais

Decorrem de factores circunstanciais inibidores da actuação livre dos agentes da


economia.

1.1 Factores de natureza política

 Excesso de estatização da economia (intervenção do Estado);


 Excesso de burocracia no acesso à actividade económica;
 Políticas económicas restritivas ou desajustadas;
 Conflitos sociais geradores de insegurança económica e comercial;
 Corrupção e más práticas na gestão pública da economia.

Factores de natureza fiscal

 Excesso de taxas e impostos

Factores de natureza económica

 - Fraca capacidade de intervenção do sector oficial na economia;


 - Crises económicas geradoras de escassez de produtos.
2. Causas Estruturais – Decorrem de choques sistémicos

2.1. choques entre modelos de desenvolvimento económico, social ou cultural conflituantes,


geradores de inadaptação ou resistência por parte dos agentes da economia, dando lugar à
fuga para a informalidade. Em Angola – choque entre e Economia Tradicional, cujas
referências são:

 A propriedade dominial comunitária;


26

 O espaço social da tribo ou reino ou outra forma comunitária ancestral;


 A unidade social assente nos laços de parentesco;
 A solidariedade familiar como factor de auto-protecção e defesa;
 A organização social patriarcal encabeçada pelo ancião;
 O sistema familiar e hereditário baseado na via uterina;
 - Os valores espirituais e religiosos baseados no animismo.

2.2. Modelos Ideológicos conflituantes, dando lugar a concepções diferentes dos fins e
objectivos da economia.

 Ideologia esclavagista vs ideologia comunitária


 Ideologia mercantilista colonial vs ideologia comunitária
 Ideologia socialista vs ideologia comunitária

2.3. Modelos de organização política conflituantes, dando lugar a entendimentos diferentes da


macroeconomia

 fonte do poder político (república/democracia vs espiritual: monarca, patriarca ou


autoridade tradicional);
 exercício do poder político (poderes do Estado republicano vs poder monástico de
hierarquia vertical);
 sucessão no poder político (alternância democrática/eleições vs sucessão sanguínea).

2.4. Modelos de organização urbana demograficamente conflituante, com reflexos na prática


microeconómica

 Diferentes sistemas culturais;


 Diferentes modos de vida;
 Diferentes hábitos e costumes;
 Diferentes padrões referenciais;

1.3.4 Os efeitos da informalidade na economia

Apôs analisar a extensão da economia informal e de suas causas, o foco volta-se para
as consequências económicas, políticas e sociais de seu desenvolvimento. Entretanto, essa
tarefa mostra-se desafiadora justamente por não haver um consenso sobre a avaliação dos
efeitos da informalidade.
27

Para alguns ela é vista como uma das actividades económicas mais eficientes
(FRIEDMAN, 2004). Enquanto para outros é considerada uma ameaça à autoridade do
Estado.

Se menos pessoas passem a pagar impostos, inevitavelmente, a receita tributária irá


sofrer redução. Com uma menor arrecadação, a quantidade e a qualidade dos bens e dos
serviços públicos serão afectadas, prejudicando, principalmente, aqueles que usufruem desses
recursos, ou seja, a própria população (TANZI, 2002).

Ademais, a desconsideração das actividades informais na contabilização do PIB e nas


estatísticas sobre a empregabilidade acarreta uma subavaliação da situação económica do
país, visto que apesar de não serem consideradas, as actividades informais geram renda
(FREY,1983).

O facto de esta fonte de renda ser ignorada induz os governos a formularem políticas
económicas e sociais inadequadas justamente por estarem pautadas apenas no crescimento
económico observável aquele que é contabilizado, proveniente do sector formal excluindo a
renda gerada na informalidade (RIBEIRO, 2000).

De acordo a opinião de Ribeiro (2000), a forma de tratamento da economia informal


leva o Estado a tomar decisões erradas quanto a esse contexto, perdendo assim, a
oportunidade de aproveitar os benefícios económicos que esta fonte geradora de renda
acarreta.

Muitos economistas acreditam que a informalidade não causa efeitos negativos “per
se” (por si só, locução latina). Enste e Schneider (2004), demonstram por meio de estudos,
que 66% da renda gerada na economia informal é gasta no sector formal, originando os
efeitos positivos para o crescimento da economia em geral e para a arrecadação da receita.
Afinal, quando estes trabalhadores informais compram bens e serviços formais, contribuem
por meio dos impostos indirectos.

Em contrapartida, a expansão da economia informal pode gerar ainda, outros efeitos


considerados negativos no funcionamento do mercado. A questão da competição injusta tanto
em âmbito nacional como internacional é vista como uma dessas hipóteses. Aqueles que
vendem produtos e serviços no mercado formal, cumprindo o seu papel tributário e com as
regulamentações trabalhistas competem, directamente com os que operam na informalidade e
28

não tem compromisso fiscal e regular. Sendo assim, os produtos e serviços dos primeiros
acabam sendo mais caros que aqueles fornecidos pelos últimos, os quais não arcam com
tributos ou regulamentações (TANZI, 2002).

Esta situação gera uma competição injusta que favorece os trabalhadores actuantes na
economia informal, mas que prejudica os empreendimentos formais.

Entretanto, outros autores, acreditam que o factor competição é fortemente


incrementado com o crescimento da economia informal, produzindo benefícios até mesmo no
sector formal. Enste e Schneider (2004) argumentam que sob a óptica do consumidor 4, a
competição provoca muito mais efeitos positivos que distorções económicas, visto que a
competição injusta só ocorre em casos extremos quando os bens e serviços fornecidos pela
economia informal substituem aqueles produzidos no sentir formal, situação que raramente
ocorre.

Ainda é possível relacionar os efeitos do crescimento da economia informal com outra


causa listada anteriormente. Apesar de possibilitar uma flexibilização da actividade
económica, a fuga das regulamentações trabalhistas pode se reflectir em perdas significativas
na protecção social dos trabalhadores, como por exemplo, a falta de representação sindical
(TANZI, 2002).

De facto, esta falta de protecção dificulta o acesso destes trabalhadores a condições de


trabalho dignas (OIT, 2002). Nesse caso, percebe-se uma correlação negativa entre a
informalidade e a promoção do trabalho decente.

No entanto, as actividades informais não englobam, necessariamente, condições de


trabalho precárias visto que se assim fosse muitos trabalhadores não escolheriam trabalhar
informalmente. As estatísticas demonstram que a maioria dos trabalhadores informais não
actua na informalidade porque são forçados a isso, mas sim por encontrar nessas actividades
oportunidades de crescimento e flexibilização inexistente no sector formal (SCHNEIDER,
2004).

Tanto em relação às causas como efeitos, verificou-se ser possível traçar uma relação
entre a informalidade e a promoção do trabalho formal. Neste sentido, é essencial ressaltar

4
A óptica do consumidor pode ser definida como a maneira como o consumidor percebe o mercado, sendo que
os consumidores tomam decisões comparando custos e benefícios, e o seus comportamento pode mudar quando
os custos ou benefícios se alteram. Isto é, eles respondem à incentivos (MANKIW, 2001).
29

que nem sempre essa relação é rigidamente negativa ou positiva. Diversas hipóteses podem
ser levantadas e as explicações tendem para ambos os lados. Sendo assim, é essencial
perceber que o trabalho formal deve ser garantido, independentemente dos efeitos positivos
ou negativos da informalidade.

1.4. AS VANTAGENS E DESVANTAGENS DA ECONOMIA INFORMAL

Segundo o Portal Toda Matéria (2018) que retrata sobre a principal vantagem do
trabalho informal é o fato de o mesmo ser uma forma que as pessoas têm de obter
rendimentos, tornando possível a obtenção de uma renda melhor e ao mesmo tempo poder
gerir o próprio tempo, além de não precisar pagar impostos. Dentre as desvantagens, o maior
prejuízo é a inexistência de renda fixa, sendo esse o principal fator que resulta na falta de
acesso a créditos e financiamentos. Acresce que não há recebimento de ajudas para refeição
ou transporte, bem como não há férias pagas ou décimo terceiro e qualquer tipo de licença não
é abrangido pelo trabalho informal. Seguros-desemprego também não entram nos benefícios
da informalidade, bem como, o pagamento de horas extras.Como não são feitos descontos, os
trabalhadores não podem contar futuramente com a sua aposentadoria. Considerando o
Estado, a grande desvantagem é que há menos arrecadações para os cofres públicos.5

A economia informal serve como refúgio e alternativa para a subsistência e


sobrevivência da população, superando assim as dificuldades da economia formal. Num ponto
de vista pessoal visando as pesquisas de todo tema, chegou-se a uma percepção, apontando as
seguintes vantagens:

 Qualquer cidadão pode exercer as actividades informais, sendo que é um


caminho para obter ocupação e no desenvolver das actividades conseguir
algum rendimento;
 Não possui burocracia para ingressar neste ramo;
 Não pagam impostos, nem taxas;
 Trabalha-se por conta própria.

Porém, o que é vantajoso para uns, constitui devantagem para outros. A perspectiva do
Estado garante as desvantagens da economia informal:

5
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30

 Gera tamanha desorganização;


 Ausência de regras para manter a ordem local, fazendo o que querem e como
querem;
 A falta de higiene nos espços onde exercem as suas actividades;
 Falta de segurança que faz-se presente a todo momento;
 A falta de contributo para o crescimento do país.

Para o Estado, a economia informal constitui um problema de grande porte a ser


solucionado para que haja benefícios económicos e sociais. Pois, a economia informal de
certo modo é uma fonte que pode contribuir para o crescimento económico, se bem
regularizado.

1.5. O PAPEL DO ESTADO NA REGULAÇÃO DA ECONOMIA


INFORMAL
Assim, a explosão do mercado informal pode ser considerada um fenômeno típico das
economias desequilibradas. A ineficiência do sistema Estado, caracterizado pela cobrança
excessiva de impostos, pela burocracia e pela corrupção, faz com que a vida dentro das regras,
através do pagamento correcto de impostos e respeito aos direitos individuais e sociais do
cidadão, torne-se inviável, estimulando-se, dessa maneira, o surgimento de sistemas
alternativos que apesar de burlarem a ordem jurídica, garantem condições mínimas de
sobrevivência a seus integrantes, funcionando para o Estado como um “freio” capaz de evitar
o colapso social (CAMARGO, 2001).

Com o intuito de reverter o actual cenário da economia informal em Angola, o


governo e os seus parceiros privados, tem lançado programas e instrumentos de intervenção
política e financeira com intuito de criar um ambiente susceptível a reconversão da economia
informal incentivando os micto e pequenos negócios (ERNESTO E CAPILO, 2018).

Segundo Lopes (2014) depois de um longo período caracterizado pela inexistência de


uma orientação política especificamente direcionada para a economia informal, e pela
promoção de acções casuísticas, e pela manutenção de uma atitude oscilante, ambígua e
ambivalente, entre a repressão e a tolerância, pelos traços caracterizadores dominantes da
relação entre o Estado e o comércio e outras actividades informais, emergem actualmente no
contexto angolano, alguns sinais de mudanças.
31

De acordo com o mesmo autor, a partir de 2012 registou-se uma inflexão no sentido de
reconhecimento oficial da existência e do peso económico-social da economia informal. Para
além das iniciativas orientadas para formalização dos agentes económicos informais, de que
são exemplo PROAPEN (Programa de apoios aos Pequenos Negócios) e o lançamento do
BUE (Balcão Único do Empreendedor), assinala-se a discussão em sede da Comissão
Económica do Conselho de Ministros e a apreciação da proposta do PREI (Programa de
Reconversão da Economia Informal), inserido no Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-
2017, com o objectivo de reduzir os níveis de informalidade da economia angolana e de
promover a formalização progressiva das actividades informais. O aumento da segurança dos
negócios actualmente praticados no mercado informal, o combate à fome e a pobreza, a
promoção do emprego em condições dignas, o incremento da segurança dos consumidores, a
melhoria de arrecadação fiscal do Estado e o aumento do índice de bancarização do país são
outros objectivos que o PREI se propõe alcançar, sustentando numa lógica de intervenção
articulada das instâncias ministeriais é uma filosofia de formalização, formação e
financiamento dos agentes informais.
Assim, Lopes (2014), diz que apesar de não existir ainda suficiente informação pública
e publicada sobre o PREI, a expectativa é que possa significar que se está em presença de um
novo modo de olhar para economia e para o comércio informal, que não se fixe apenas nas
dimensões negativas do fenómeno, que enquadre, numa perspectiva estrutural, na realidade
complexa que é a economia angolana, que procure soluções alicerçadas num conhecimento
extensivo e detalhadas da realidade.

CAPÍTULO II – APRESENTAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Para analise dos dados foi necessário a aplicação do inquérito que foi elaborado com o
objectivo de conseguir respostas as questões suscitadas, os resultados alcançados são a
constante das tabelas que serão apresentadas posteriormente. Neste item serão apresentados os
resultados da pesquisa primária e análises pertinentes aos objetivos propostos. Para tanto
serão caracterizados o perfil do papel da economia informal como fonte de rendimento dos
vendedores do mercado do Km30, no ano de 2019.

2.1. CARACTERIZAÇÃO DO MERCADO KM 30


32

O mercado do Km 30 é o maior mercado informal de Luanda, situado no município de


Viana. Aberto em 2006, possui um espaço de 2000 metros por 950 metros. O mesmo alberga
mais de 30 mil vendedores por dia, vendedores estes que tornam o mercado numa fonte de
subsistência de várias famílias luandenses e de províncias mais próximas da capital.

O mercado do Km 30, parte do qual a céu aberto, está cada vez mais extenso e tem sido ponto
de encontro e de distribuição dos principais produtos do campo a nível da província de
Luanda.

A maioria dos comerciantes é do sexo feminino.

2.2. DESCRIÇÃO DA AMOSTRA

Foi feita a escolha do mercado do Km 30, situado no município de Viana pelo facto de
ser o maior mercado informal, por ser bastante conhecido, por possuir muita aderência e por
ser uma grande fonte geradora de emprego para a população.

A amostra dá-se por concluída com o total de 107 inquiridos, sendo que 50 dos
inquiridos representam o género masculino e 57 o género feminino. É de realçar também que
esta pesquisa é exclusivamente de caracter académico e os dados são confidenciais.
33

Tabela 1. Inquiridos referentes ao género.

Fonte: Elaboração própria com base no inquérito.

Gráfico 1. Distribuição dos inquiridos referente ao género.

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da tabela 1.

O gráfico 1 que é designado por gênero, demonstra que 53% da amostra


corresponde ao género feminino que por sinal representa a maioria e 47% da amostra
corresponde ao género masculino.

Tabela 2. Inquiridos referentes a idade.


34

Fonte: Elaboração própria com base no inquérito.

Gráfico 2. Distribuição dos inquiridos referente a idade.

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da tabela 2.

De acordo com a idade, observa-se que de 30% representa a maior percentagem, nesse caso a
maior parte dos trabalhadores do mercado encontram-se no intervalo de 37 a 47 anos de idade.
Seguindo então os de 15 a 25 anos com 26%, de 26 a 36 anos com a mesma percentagem de 26%,
mais de 47 anos com 10% e os de menos de 15 anos com 8%.

Tabela 3. Inquiridos referentes ao seu nível de escolaridade.


35

Fonte: Elaboração própria com base no inquérito.

Gráfico 3. Distribuição dos inquiridos referente ao nível de escolaridade.

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da tabela 3.

O presente gráfico que na qual representa o nível de escolaridade demonstra que o


ensino secundário é o nível com maior percentagem que é de 45% do total dos inquiridos.
Estando distribuídos os restantes da seguinte forma: 36% para o ensino médio, 8% para o
ensino primário, 6% para a frequência universitária e por último 5% para a licenciatura.

Tabela 4. Inquiridos referentes a possibilidade de ter uma formação profissional.


36

Fonte: Elaboração própria com base no inquérito.

Gráfico 4. Distribuição de inquiridos referente a formações profissionais.

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da tabela 4.

O gráfico acima mostra que com base nas formações profissionais 41% não possuem
nenhuma formação profissional sendo que a maior percentagem pertence as mulheres, isto é,
de 53%. Seguem com a distribuição outros cursos com 27%, informática com 14%, formação
de professor com 8%, pastelaria com 5%, decorador com 4% e por fim enfermagem com 1%,
sendo a percentagem mais baixa.

Tabela 5. Inquiridos referentes ao tempo que exerce a actividade no mercado informal.


37

Fonte: Elaboração própria com base no inquérito.

Gráfico 5. Distribuição dos inquiridos referente ao tempo de actividade.

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da tabela 5.

Com relação ao tempo de actividade, constata-se que o tempo de actividade entre 1 a 5


anos representa a maior percentagem de 51%, sendo o género feminino dominante neste
contexto. Seguem mais de 6 anos com 28% e menos de um ano com o total de 21%.

Tabela 6. Inquiridos referentes as razões que os levaram a exercer a actividade no mercado


informal.
38

Fonte: Elaboração própria com base no inquérito.

Gráfico 6. Distribuição dos inquiridos referente as Razões da prática da actividade informal.

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da tabela 6.

O gráfico acima referente aos motivos que levaram a a exercer a actividade informal
mostra que 83% que corresponde a maior percentagem praticam a actividade informal pela
falta de emprego no mercado formal, 21% pela facilidade de conseguir dinheiro e 7% são
movidos pelo incentivo de familiares ou amigos.

Tabela 7. Inquiridos referentes ao modo que conseguiu o dinheiro para dar arranque a
actividade informal.

Fonte: Elaboração própria com base no inquérito.


39

Gráfico 7. Distribuição dos inquiridos referente ao modo que conseguiu o dinheiro para dar
arranque a actividade.

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da tabela 7.

Segundo ao modo que conseguiu dinheiro para dar arranque as suas actividades. Os
resultados obtidos foram que 58% que corresponde a maioria obtiveram finanças com base
nas suas poupanças e 42% obtiveram através de empréstimos.

Tabela 8. Inquiridos referentes ao lucro diário.

Fonte: Elaboração própria com base no inquérito.

Gráfico 8. Distribuição dos inquiridos referente ao lucro diário.


40

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da tabela 8.

Pelo gráfico pode se verificar que 34%, isto é, a maioria, possui um lucro diário entre
5.000 a 7.500 kzs, seguindo 31% com a renda diária entre 7.500 a 10.000 kzs, 18% com
menos de 5.000 kzs e 17% com mais de 10.000 kzs.

Tabela 9. Inquiridos referentes as despesas com o lucro ganho (alimentação, educação, saúde,
vestuário).

Fonte: Elaboração própria com base no inquérito.

Gráfico 9. Distribuição dos inquiridos referente se consegue custear as despesas com o lucro
ganho (alimentação, educação, saúde, vestuário)
41

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da tabela 9.

Com base nas despesas (alimentação, educação, saúde, vestuário), 79% da população
consegue custear suas despesas com o lucro ganho e 21% não. Pois, as despesas são tantas e o
lucropor vezes não compensa.s

Tabela 10. Inquiridos referentes ao número de dependentes.

Fonte: Elaboração própria com base no inquérito.

Gráfico 10. Distribuição dos inquiridos referente ao número de dependentes.


42

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da tabela 10.

O gráfico ilustra que a maior parte dos inquiridos, isto é, 37% possui de 4 a 6
dependentes sendo que 20% tem a economia informal para sustento próprio.

Tabela 11. Inquiridos referentes a possibilidade de conseguir um emprego no mercado formal.

Fonte: Elaboração própria com base no inquérito.

Gráfico 11. Distribuição dos inquiridos referente a possibilidade de conseguir um emprego no


mercado formal.
43

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da tabela 11.

Segundo a demonstração gráfica,constata-se que 70% do total dos inquiridos


responderam positivamente a possibilidade de um emprego no mercado formal e 30%
responderam negativamente.
44

CONCLUSÃO

Ao longo da pesquisa, verificou-se que a economia informal envolve as actividades


que estão à margem da formalidade, sem firma registrada, sem emitir notas fiscais, sem
empregados registrados e sem a contribuição com imposto ao governo.

Foi possível entender que a economia informal possui um papel preponderante no que
tange ao seu contributo como fonte alternativa de rendimento dos vendedores do mercado do
km 30. Pois, promove a adequação de bens e serviços que disponibiliza os rendimentos e
poder de aquisição para a população em questão. Porem, pela falta de processos
administrativos formalizados e de políticas eficazes, não permite ao Estado ter o controlo
efectivo dos rendimentos que a população vai obtendo destas actividades.
Para o Estado a economia informal acarreta diversas consequências, com menos
pessoas a pagarem os impostos, a receita tributária reduz inevitavelmente. Diante deste
processo de baixa arrecadação de receitas, a qualidade e quantidade de bens e serviços
públicos são afectadas e os principais prejudicados são os que mais fazem uso desses
recursos, ou seja, a própria população.
Os resultados analisados revelam que a maior parte da população que recorreu o
mercado informal, o fez pela falta de oportunidade na economia formal, isto é, 72% da
mesma, onde as mulheres são mais propensas a exercerem as actividades informais.

Para reforçar, a maior parte dos vendedores, isto é, 79% dos vendedores consegue
custear as suas despesas (alimentação, educação, saúde, vestuario) com o lucro ganho.
Podendo assim afirmar e responder a pergunta de partida que a economia informal possui um
papel de carácter importante para vendedores do mercado do Km 30, uma vez que é partir
deste meio informal que os mesmos buscam seu sustento e de suas famílias e ainda
representam uma fonte de subsistência para outras famílias.

Contudo, verificou-se que a economia informal obteve um grande crescimento nos


últimos tempos, fruto do aumento da taxa de desemprego, sendo, portanto, reflexos de uma
economia globalizada.
45

SUGESTÃO

Após um longo processo de pesquisa, viu-se que a economia informal representa um


papel importante na vida dos indivíduos e pra sociedade que dela dependem.

Tendo como sugestões ao Governo, para melhoraria deste fenômeno as seguintes:

 Cadastramento obrigatório de todos os indivíduos que realizam qualquer


actividade informal, para o maior controlo dos mesmos.
 Criação de mais postos de venda com as devidas condições que merecem.
 Aumentar a fiscalização nestes mercados, em questão de produtos qualificados
para a comercialização, higiene e regularização dos vendedores.
 Criação e implementação de meios políticos para a formalização destes
mercados informais, de modos a contribuir significativamente para a economia
do país.
 Melhorar os métodos ou mecanismos para melhor conservação dos produtos
comercializados.
 Um apelo às instituições bancárias para criarem acordos com estes mesmos
vendedores, para benefícios de ambos.
 Estipular uma taxa digna para os vendedores, para manutenção e outras causas
eventuais que possam surgir.

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APÊNDICE
50

ANEXOS

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