Contabilidade Terceiro Setor
Contabilidade Terceiro Setor
Contabilidade Terceiro Setor
Autores:
RESUMO
Ampliada a importância do Terceiro Setor, aumentaram-se as verbas alocadas para ele, seja
por instituições de financiamento custeadas por empresas ou pessoas, seja pelo apoio dos
governos, ou pela geração de receita atrelada à própria atuação deste setor. Dessa forma,
desenvolveu-se também a necessidade de profissionalismo na gestão e operação das
atividades destas instituições.
Por conseguinte, o presente estudo tem como objetivo demonstrar que uma entidade do
Terceiro Setor para ser competitiva e sobressair-se neste ambiente no qual esta inserida, é
necessário adotar uma nova postura com a busca da informação e do conhecimento para uma
gestão eficaz, através da utilização da Contabilidade, a qual desenvolvida de forma integrada
e adequada às necessidades das entidades, permite uma maior flexibilidade, eficiência,
agilidade e segurança aos gestores, que passam a avaliar melhor as diversas decisões a serem
tomadas e o impacto delas decorrentes.
ABSTRACT
All over the world, organizations of the Third Section appear and they win importance in the
computation of the economies, be to supply gap’s of the government action, be to sum up
solidarity objectives that don't find accomplishment space in another places.
Enlarged the importance of the Third Section, they increased the budgets allocated for him, be
for financing institutions financed by companies or people, be for the government’s support,
or for the revenue generation harnessed to the own performance of this section. In that way, it
was also developed the professionalism need in the administration and operation of the
activities of these institutions.
Consequently, the present study has as objective to demonstrate that an entity of the Third
Section to be competitive and to stand out in this sets in which this inserted, it is necessary to
adopt a new posture with the search of the information and of the knowledge for an effective
administration, through the use of the Accounting, the one which developed in an integrated
way and adapted to the needs of the entities, it allows a larger flexibility, efficiency, agility
and safety to the managers, that they start to evaluate the several decisions better they be she
taken and the current impact of them.
1. Introdução
As entidades que compõem o Terceiro Setor vêm ganhando notoriedade devido a sua atuação,
passando a ter um maior reconhecimento a partir do momento em que os setores público e
privado tomaram ciência da incapacidade do Estado em atender todas as necessidades sociais.
À medida que a Tecnologia da Informação tem avançado e a pressão competitiva tem forçado
inovações dentro das organizações, inclusive do Terceiro Setor, as maneiras habituais dos
profissionais propiciar informações aos seus gestores, têm se tornado cada vez mais
insuficientes para as necessidades de decisão.
Neste contexto e diante de um ambiente cada vez mais complexo tecnologicamente, para o
sucesso dessas entidades se faz necessário que a Contabilidade, como um instrumento valioso
de informações para a tomada de decisões, passe a administrar a sua base informacional e
aproveitar as oportunidades de diferenciação que as novas tecnologias de informação
oferecem.
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2. Terceiro Setor
O Primeiro Setor é o Estado, que é o responsável pelas questões sociais. O Segundo Setor é o
Mercado, responsável pelas questões individuais, ambos possuidores de normas próprias.
No contexto social, SALAMON apontou (1993, p. 15) uma virtual revolução associativa
fazendo emergir um expressivo Terceiro Setor composto por organizações estruturadas,
localizadas fora do aparato formal do Estado, que não distribuem lucros resultantes de suas
atividades, entre seus diretores e acionistas, autogovernadas e com significativo esforço
voluntário.
Dessa forma, este autor relaciona o Terceiro Setor a qualquer atividade comunitária
voluntária.
Para o autor brasileiro Rubem César Fernandes (1994), idealizador do movimento Reage Rio
e membro da CIVICUS (Aliança Mundial para a Participação dos Cidadãos), em seu livro
“Privado porém Público - O Terceiro Setor na América Latina”, o conceito de Terceiro Setor
está muito ligado a uma dupla negação: não-lucrativo e não-governamental.
FERNANDES (1994, p. 21) pondera também que a sociedade civil representa “...um conjunto
de organizações e iniciativas privadas que visam à produção de bens e serviços públicos”. Isto
é, não geram lucros e respondem a necessidades coletivas.
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− não governamental;
− organizada;
− independente;
Todas estas entidades do Terceiro Setor devem ser analisadas e administradas como
verdadeiras empresas, já que possuem serviços, produtos, clientes e público-alvo. Nesse
sentido, a Contabilidade, vista como um sistema de informação formal e estruturado, ratifica
sua importância não só para demonstrar as origens dos recursos e a forma como eles foram
aplicados, evidenciando o aspecto da transparência, como também para validar juridicamente
os seus atos financeiros.
E quanto à Contabilidade, esta passa a contar com uma fonte de informações apropriada e
que, se utilizada de forma coerente, pode ser considerada uma ferramenta fundamental para o
fortalecimento e destaque da importância da área contábil no âmbito do Terceiro Setor.
Padoveze (2000) também explica que Catelli em uma palestra sobre gestão econômica
empresarial classifica as pressões ambientais de que fala Bio de “ambiente remoto ou
Ecossistema” ou simplesmente variáveis, e ambiente próximo, que denomina de entidades.
Ambiente Remoto
Sociedade Cultura
Ambiente Próximo
Política Educação
Entradas Processamento Saídas
Acionistas Governo
Clima Economia
Fornecedores
Demografia Tecnologia
Concorrentes
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Diante destas afirmações, é possível identificar alguns elementos que compõem a estrutura
básica de um sistema de informação. São eles:
DADO INFORMAÇÃO
PROCESSAMENTO
SISTEMA DE INFORMAÇÃO
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Em outras palavras, pode-se concluir que um sistema de informação consiste num conjunto de
recursos utilizado para fornecer informações oportunas e relevantes, para qualquer uso que se
possa fazer dela, a partir de processos anteriormente definidos, valendo-se para tanto de dados
específicos.
Portanto, todo sistema de informações deve ser criado com o objetivo de apresentar os fluxos
de informações e estabelecer vinculações com, por exemplo, o processo decisório da
organização.
Diante destas considerações, torna-se válido afirmar que a Contabilidade desempenha o papel
de um eficiente sistema de informação, dentro do sistema maior (Sistema Empresa), e que tem
por objetivo atender seus usuários com demonstrações financeiras, econômicas e de
produtividade com relação ao objeto da contabilização, devendo necessariamente observar
àquilo que este usuário considera como elementos importantes para o seu processo decisório.
Assim sendo, a Contabilidade tem por fim munir todos os usuários de sua informação, quer
sejam eles internos e/ou externos, com as diretrizes e demais respostas necessárias à condução
da entidade, no sentido de alcançar o fim a que a mesma se propõe, através da adequada
mensuração dos eventos cabíveis que venham impactar seu patrimônio.
Aos usuários externos (acionistas, clientes, fornecedores, credores, Estado, sindicatos e etc.),
interessam as informações que são fornecidas pela Contabilidade Financeira, expressas em
relatórios denominados de demonstrações contábeis.
Responder a estes novos desafios implica definir bem a sua missão, estabelecendo objetivos e
metas claras e mensuráveis, escolher os melhores meios, baixar os custos, avaliar o
desempenho e planejar.
Nesse sentido, e buscando estimular uma reflexão estratégica dos profissionais envolvidos e
interessados no Terceiro Setor, DRUCKER na obra “The Five Most Important Questions
You Will Ever Ask About Your Nonprofit Organization” (1993) estabelece um total de 26
aspectos fundamentais que foram identificados para orientar a atividade de planejamento de
uma entidade deste setor. Esses questionamentos são apresentados a seguir:
IV. O que o nosso cliente considera de valor nos serviços que oferecemos?
13. O que nosso principal cliente considera de valor em nossa oferta?
14. O que nossos principais financiadores consideram de valor nos serviços que nos
propomos a oferecer à sociedade?
15. Como estamos na prestação dos serviços a nossos clientes quanto ao valor que
esperam obter?
16. Como podemos nos aperfeiçoar ainda mais nos serviços propostos ao cliente
especialmente nos pontos considerados como sendo de valor?
17. Quais as informações que ainda precisamos para melhor avaliar as questões
anteriores?
Com base nas respostas a estas indagações, os gestores devem ser capazes de trabalhar com o
planejamento estratégico e implementar ações imediatistas, dado as carências administrativas
e de recursos humanos dessas organizações.
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A base de todo este processo está em identificar, coletar, armazenar, mensurar, analisar,
interpretar e julgar informações para o processo de decisão. E não menos importante que o
cumprimento das metas sociais está uma gestão administrativa compatível com os valores e a
missão institucional.
As entidades sociais sempre estão cercadas de desconfiança. No Brasil, este aspecto é ainda
mais recorrente, visto que vez ou outra uma entidade é denunciada como portadora de
recursos obtidos de forma escusa.
Diversos são os problemas enfrentados no cotidiano contábil de uma entidade social, dos
quais destacam-se:
Assim sendo, a Contabilidade serve, entre outras coisas, para dar ciência ao fisco e ao público
em geral, dos atos financeiros praticados nas entidades do Terceiro Setor. Tudo passa a ser
registrado obedecendo a princípios e normas estabelecidas pelos órgãos competentes. Cabe a
esta ciência a publicação dos atos concernentes as suas atividades, o que reforçaria a
credibilidade da organização e valorizaria o trabalho dos profissionais contábeis.
O que faz uma entidade ser mais eficiente é esta pensar a sua administração financeira e
contábil de maneira integrada com todos os outros setores da entidade, evidenciando em seus
relatórios o equilíbrio de seus gastos, o que demonstra a eficiência nas suas opções de
investimento sociais.
determinada despesa, a mesma classificação dada pela contabilidade financeira deverá ser
dada pela contabilidade e formação de custos, que será entendida da mesma forma e
classificada pelo setor de orçamentos e também pela tesouraria.
E quanto à informação, esta será sempre fornecida pelo mesmo e único sistema contábil, e
sendo armazenada de forma centralizada ou distribuída, poderá ser tratada então como única,
não redundante, segura, consistente, etc., mesmo se proveniente de diversas áreas, tornando
fácil e imediato o fluxo interno de informações na entidade. Conseqüentemente, todos os seus
usuários receberão a mesma informação, permitindo que possam se entender da melhor
forma.
Diante dessa realidade, vários desafios estão colocados à Contabilidade e ao Terceiro Setor.
Mais esta aliança estratégica proporcionará às entidades deste setor condições mais seguras
para tomarem decisões estratégicas proativamente.
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6. Conclusões
As informações sobre o Terceiro Setor são quase inexistentes. Saber sua dimensão em termos
de recursos movimentados e de números de empregos gerados, a sua estrutura interna, sua
relação com outros setores da economia e da sociedade e o dinamismo de suas atividades
tornou-se uma prioridade para que se possa dar visibilidade ao Terceiro Setor.
A falta dessas informações torna impossível dialogar em termos sérios com outros setores da
sociedade, principalmente quanto ao papel que as entidades do Terceiro Setor podem assumir
em termos de colaborar para a construção de uma sociedade mais justa.
O ambiente no qual as entidades do Terceiro Setor estão inseridas exige cada vez mais o
fornecimento de informações. Famílias, Estado e o Mercado somente poderão ficar
sensibilizados com estas informações que mostrem o crucial papel que o Terceiro Setor
desempenha.
Portanto, as informações geradas nas entidades através deste sistema de informação assume
exatamente o caráter de suporte informativo adequado, pois propiciam aos gestores a
percepção de que a eficiência e a eficácia empresarial figuram como uma necessidade
contínua e sustentada.
Desse modo, é natural afirmar que a qualidade da informação reflete diretamente na decisão a
ser tomada, e para que este reflexo seja positivo, é necessário que as pessoas envolvidas
estejam conscientes disso e que a entidade trabalhe com o intuito de obter informações que
sejam ao mesmo tempo confiáveis, fornecidas em tempo hábil, compreensíveis, relevantes,
consistentes possibilitando a comparabilidade, trazendo mais benefícios que custo para obtê-
las etc., o que as tornam de fato útil para o gestor.
Quanto aos profissionais contábeis atuantes no Terceiro Setor, estes precisam ter em mente
que o seu aprimoramento deve ser sempre aplicado como condição imprescindível para que
possam conquistar o seu espaço, na condição de provedores de informações importantes para
o processo de decisão, não limitando sobretudo a Contabilidade como uma ciência que se
encerra em si mesma.
ANDRADE, Maria Margarida de. Como preparar trabalhos para cursos de pós-
graduação. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
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nonprofit organization” - San Francisco, California: Jossey-Bass Inc., Publishers, 1993
IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da contabilidade. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
RIFKIN, Jeremy. O fim dos empregos: o declínio inevitável dos níveis dos empregos e a
redução da força global de trabalho. São Paulo: Makron Books, 1995.