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Recomendação Do MPPA - Licitações em Juruti

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Promotoria de Justiça de Juruti/PA

RECOMENDAÇÃO Nº.: 001/2021-MP/PJJ


(Procedimento Administrativo SIMP nº 001157-092/2020)

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARÁ, por intermédio


do Promotor de Justiça Titular da Promotoria de Justiça de
Juruti/PA, Dr. Thiago Ribeiro Sanandres, in fine assinado, com
base no art. 129, VI, da Constituição Federal, e no uso de suas
atribuições legais, vem expor e recomendar o seguinte:

CONSIDERANDO que o Ministério Público é instituição permanente, essencial


à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa dos interesses sociais e individuais
indisponíveis, consoante o art. 127 da Carta Magna;

CONSIDERANDO que compete ao Ministério Público a proteção do patrimônio


público (art. 129, inciso III, da CF/88 e Súmula nº 329/STJ);

CONSIDERANDO que, em caso de em situações de violação às normas


jurídicas por pessoas físicas ou jurídicas, incumbe ao Ministério Público promover o inquérito
civil e a ação civil pública para a anulação ou declaração de nulidade de atos lesivos ao
patrimônio público ou à moralidade administrativa do Estado ou de Município, de suas
administrações indiretas ou fundacionais ou de entidades privadas de que participem (art. 25,
IV, “b”, Lei nº 8.625/93);

CONSIDERANDO que o art. 52 da Resolução nº 007/2019-CPJ e art. 3º da


Resolução nº 164/2017-CNMP preveem a expedição de recomendação extrajudicial pelo
Ministério Público com o objetivo de buscar respeito e a efetividade dos direitos e interesses
que lhe incumbam defender e, sendo o caso, a edição ou alteração de normas;

CONSIDERANDO que para a contratação de bens, obras ou serviços pela


Administração Pública vige o princípio da obrigatoriedade do procedimento licitatório,
conforme exigência da Constituição Federal (art. 37, XI) e Lei 8.666/93, como medida de
legalidade, impessoalidade, isonomia, eficiência e moralidade – sem olvidar dos Princípios
Constitucionais implícitos;

CONSIDERANDO ser público e notório que, em diversos municípios do país,


gestores declaram formalmente como sendo de emergência ou de calamidade pública
situações que não se verificam efetivamente no mundo dos fatos e/ou que não se enquadram
nas hipóteses estritas e taxativas do artigo 24, IV, da Lei nº 8.666/93 (Lei de Licitações e
Contratos Públicos) bem como na Lei nº 12.608/2012 (Política Nacional de Proteção e Defesa
Civil – PNPDEC) e sua Instrução Normativa nº 02/2016 do Ministério da Integração Nacional,
regulamentadoras do artigo 21, XVIII, da CF/88 à luz dos Princípios Constitucionais explícitos
e implícitos a partir do art. 37 da mesma Carta;

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CONSIDERANDO que a Lei n.°13.979/2020 (Lei de enfrentamento à


Pandemia), flexibilizadora das normas orçamentárias e licitatórias, explicitamente aplica-se
apenas aos atos, contratos, despesas e financiamentos estritamente ligados ao COVID-19,
possuindo eficácia autolimitada – conforme o tempo e o estado da pandemia, não
estabelecendo mitigação geral das exigências e requisitos da Lei de Licitações nem da Lei de
Responsabilidade Fiscal;

CONSIDERANDO que para a contratação direta com fundamento em


emergência é essencial a demonstração da realidade dos fatos gravosos e da adequação e
suficiência da contratação preconizada, embora não haja obrigatoriedade de prévio decreto
municipal genérico, além de não ser suficiente a menção ao previsto no art. 4-b, I, da Lei
13.797/2020 sem a cabal prova da pertinência objetual;

CONSIDERANDO que, mesmo ocorrendo situações de emergência ou


calamidade pública verdadeiras e enquadradas nos conceitos legais, muitos gestores
celebram a contratação direta sem instaurar e instruir o obrigatório Processo Administrativo
de Dispensa, tal como regulamentado pelo artigo 26, caput e parágrafo único da Lei 8.666/93
(formalizando a caracterização da situação emergencial ou calamitosa, a razão da escolha do
fornecedor ou executante, a justificativa do preço, a aprovação dos projetos de pesquisa aos
quais os bens serão alocados, a comunicação à autoridade superior para ratificação, a
expressa limitação temporal das contratações e a prova da publicização) além dos demais
dispositivos do diploma – assim violando os princípios da legalidade, isonomia, moralidade,
eficiência e busca da proposta mais vantajosa para a Administração;

CONSIDERANDO a necessidade de atuarem preventivamente os Gestores e


todos os Controladores Externos, inclusive o Ministério Público, de forma a evitarem-se
prejuízos à população e as possíveis consequências penais da aplicação indevida de verbas
públicas e da realização de despesas em desacordo com normas financeiras pertinentes
(Decreto-Lei nº 201/67, art. 1º, incisos III e V1) , com a respectiva responsabilização no âmbito
da improbidade administrativa (Lei nº 8.429/92, arts. 10, incisos V, VIII, IX e 11, incisos I e II
2);

CONSIDERANDO que a falta de verificação de emergência ou calamidade


pública e/ou vícios no processo instrutório do artigo 26, par. único, configuram dispensa
indevida da licitação, gerando a nulidade do contrato administrativo correspondente
(artigo 49, § 2º da Lei nº 8.666/93), bem como responsabilidade criminal (artigo 89) e por
ato de improbidade do gestor, seja pelo dano presumido ao erário público, seja pela violação

1 Art. 1º São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipal, sujeitos ao julgamento do Poder Judiciário,
independentemente do pronunciamento da Câmara dos Vereadores: (…) V - ordenar ou efetuar despesas não
autorizadas por lei, ou realizá-las em desacordo com as normas financeiras pertinentes;
2 Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão,
dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou
haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente: (…) V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta
ou locação de bem ou serviço por preço superior ao de mercado; (…)VIII - frustrar a licitude de processo licitatório
ou de processo seletivo para celebração de parcerias com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los
indevidamente; IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento; (…) Art.
11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer
ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e
notadamente: I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de
competência; II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;

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dos princípios da Administração Pública (Lei 8.429/92), além de possível caracterização de


Crime de Responsabilidade (DL 201/67);

CONSIDERANDO que eventual decreto geral de emergência / calamidade do


município manejado nos termos da Lei nº 13.979/2020 (enfrentamento à Pandemia do
COVID-19) e da Lei Complementar nº 173/2020 que alterou a LC nº 101/2000 (Lei de
Responsabilidade Fiscal) refere-se tão-somente às despesas, atos, políticas públicas e
financiamentos atinentes ao enfrentamento à pandemia e que, portanto, não terá o condão
autorizar a dispensa de licitação em outras contratações que não digam respeito a tal
objeto;

CONSIDERANDO que o mesmo inciso IV do artigo 24 exige que, nessa hipótese


de dispensa, o objeto licitado se refira tão somente aos bens necessários ao
atendimento da situação emergencial ou calamitosa, ou seja, somente é cabível a
dispensa emergencial se o objeto da contratação for o meio adequado, eficiente e
efetivo de afastar o risco iminente detectado (Acórdão 1987/2015 – Plenário, TCU);

CONSIDERANDO que aos contratos celebrados com dispensa licitatória


fundada em emergência ou calamidade pública devem durar apenas o tempo necessário
para que se realize a licitação ordinária relativa àquele objeto, respeitado ainda assim o
prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias, sendo também terminantemente proibida a
prorrogação contratual após findo tal prazo (artigo 24, IV, in fine, da Lei nº 8.666/93 e
Acórdãos 727/2009 – Plenário e 1424/2007 – 1a Câmara, TCU);

CONSIDERANDO que é terminantemente vedada a prorrogação dos


contratos fundados em dispensa por emergência ou calamidade, de modo que, em
permanecendo a necessidade da contratação, deve o gestor realizar o processo
licitatório ordinário ou, conforme o caso, instaurar justificadamente um novo processo
de dispensa emergencial (artigo 24, IV, in fine, da Lei nº 8.666/93 e Acórdão 1424/2007 –
1a Câmara, TCU);

CONSIDERANDO que é obrigatória nesses contratos emergenciais “cláusula


resolutiva no sentido da pronta extinção desse contrato a partir da conclusão do novo
processo licitatório” (TCU; Acórdão 1.842/2017, do Plenário, Acórdão 1.872/2010, da 1ª
Câmara, e Acórdão 9.873/2017, da 2ª Câmara, e Acórdão 3474/2018 Segunda Câmara);

CONSIDERANDO que a verificação do que seja emergência ou calamidade não


é de livre e arbitrária interpretação do gestor, mas sim deve se situar estritamente no mesmo
campo semântico trazido pelo supracitado artigo 24, IV, da Lei nº 8.666/93 (“situação de
urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a
segurança pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares”)
e limitada à eliminação do risco e, consequentemente, da situação emergencial (TCU;
Acórdão nº 27/2016-Plenário);

CONSIDERANDO que, ainda que verificada situação verdadeira e legítima de


emergência ou calamidade pública capaz de ensejar a contratação direta, é indispensável a
instauração e completa instrução do devido Processo Administrativo de Dispensa, o qual

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deverá obrigatoriamente conter documentos que comprovem: caracterização da situação


emergencial ou calamitosa que justifique a dispensa; razão da escolha do fornecedor
ou executante; justificativa do preço; documento de aprovação dos projetos de
pesquisa aos quais os bens serão alocados, e por fim, comunicação à autoridade
superior para ratificação e publicação na imprensa oficial (conforme artigo 26, caput e
parágrafo único, da Lei nº 8.666/93);

CONSIDERANDO que, no sentido no item anterior, a justificativa de preços e


razões de escolha do fornecedor, no processo de dispensa emergencial ou por calamidade,
devem trazer necessariamente elementos demonstrem a compatibilidade dos preços
contratados com aqueles vigentes no mercado ou com os fixados por órgão oficial
competente, ou, ainda, com os que constam em sistemas de registro de preços,
bem como que foi consultado o maior número possível de fornecedores ou
executantes (conforme Acórdão 2019/2010 – Plenário, TCU);

CONSIDERANDO que, na mesma toada, a justificativa do preço deverá ser


acompanhada sempre que possível da comprovação de que houve negociação com vistas
à obtenção de proposta mais vantajosa para a Administração, conforme o art. 3º da Lei
n.º 8.666, de 1993, devendo ainda conter a demonstração da adequação dos custos
orçados, mediante, por exemplo, a consulta aos preços praticados pela empresa
contratada em outras oportunidades (TCU, AC-2314-43/08, Relator Ministro Guilherme
Palmeira), não sendo suficiente apenas a inserção das cotações de preços obtidas com
três ou mais empresas desacompanhada de análise fundamentada dos valores
apresentados e contratados (TCU, itens 1.5.1.2 e 1.5.1.3, TC-015.455/2009-0, Acórdão nº
4.442/2010-1ª Câmara);

CONSIDERANDO que o progresso técnico potencializou a coleta e a análise de


informações, existindo diversos bancos de dados oficiais úteis para pesquisas de preços,
contactos de fornecedores para negociações e exemplos de contratos e procedimentos
prévios, acessíveis via rede mundial de computadores;

CONSIDERANDO ainda que, com regra geral para dispensa de licitações, é


necessário que o gestor cumpras todos os demais rigores da Lei nº 8.666/93, em especial, a
obrigatoriedade nas obras e serviços da existência de orçamento detalhado em
planilhas que expressem a composição de todos os seus custos unitários (art. 7º, § 2º,
inc. II, c/c art. 7º, § 9º), a vedação da indicação de marcas (art. 7º, § 5º, c/ c art. 7º, § 9º) e
os critérios de publicidade (arts. 16 e 26, “caput”), os casos em que é obrigatório o
instrumento contratual (art. 62, “caput”) (TCU, item 9.7.6, TC-014.388/2005-9, Acórdão nº
1.920/2011-1ª Câmara);

CONSIDERANDO que tanto a conduta dolosa como a desídia, incúria,


inércia ou omissão do gestor, causadoras de situação real de emergência ou
calamidade pública, ainda que de fato verificada, implicam em responsabilidade
pessoal do gestor nas diversas searas (Orientação Normativa 11/2009 da Advocacia-Geral
da União);

CONSIDERANDO, ainda, os dispositivos da Instrução Normativa nº

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17/2020/TCMPA, de 25/11/2020 (dispõe sobre os procedimentos administrativos vinculados


à decretação de estado de emergência/calamidade administrativa e financeira municipal e dá
outras providências) e Instrução Normativa nº 002/2020, 03/2020, 05/2020, 06/2020, 07/2020,
09/2020, 11/2020 e 12/2020/TCMPA (sobre as diretrizes para contratações emergenciais para
o enfrentamento ao COVID-19);

CONSIDERANDO, por fim, que o administrador tem o poder-dever de


autotutela para anular os atos e contratos administrativos eivados de vícios que os
tornem ilegais (artigo 37, caput da CF/88 c/c Súmulas 346 e 473 do Supremo Tribunal
Federal).

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARÁ, Promotoria de Justiça de


Juruti, resolve RECOMENDAR à Prefeitura Municipal, representada pela Excelentíssima Sra.
Prefeita LUCIDIA BENITAH DE ABREU BATISTA, providências no sentido de que:

1) SE ABSTENHA DE EDITAR DECRETOS GERAIS E/OU


FORMALIZAR PROCESSOS DE DISPENSA LICITATÓRIA E/OU
CELEBRAR E EXECUTAR CONTRATAÇÕES DIRETAS ATESTANDO
COMO EMERGENCIAIS OU DE CALAMIDADE PÚBLICA SITUAÇÕES
QUE NÃO SE ENQUADREM NAS DEFINIÇÕES DE EMERGÊNCIA E
CALAMIDADE trazidas por esta recomendação a partir do artigo 24, IV,
da Lei nº 8.666/93 e Lei nº 12.608/2012 c/c IN nº 02/2016 do Ministério da
Integração Nacional;

2) SE ABSTENHA DE CONTRATAR DIRETAMENTE (DISPENSAR


LICITAÇÃO), EM CASOS DE EMERGÊNCIA OU CALAMIDADE
PÚBLICA, AINDA QUE VERDADEIRAMENTE VERIFICADAS, SEM
QUE ESTEJA INSTAURADO, INSTRUÍDO E FINALIZADO
PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO DE DISPENSA QUE CONTENHA
TODOS OS REQUISITOS E PRESSUPOSTOS FORMAIS E MATERIAIS,
DE EXISTÊNCIA E DE VALIDADE, tal como descritos nos termos supra
dessa recomendação e fundados no art. 26, caput e parágrafo único, da
Lei nº 8.666/93 e outros do mesmo diploma, bem como na jurisprudência
pacífica do TCU já descrita no presente documento;

3) SE ABSTENHA DE CONTRATAR DIRETAMENTE (DISPENSAR


LICITAÇÃO), COM BASE APENAS EM PREEXISTENTE DECRETO DE
EMERGÊNCIA VOLTADO AO ENFRENTAMENTO DA PANDEMIA DE
COVID-19 E SEM HAVER ESTRITA E DEMONSTRADA PERTINÊNCIA
TEMÁTICA, tal como descritos nos termos supra dessa recomendação e
fundados nos termos estritos da LC nº 101/2000, alterada pela LC nº
173/2020 c/c Lei nº 13.979/2020, conforme descrições do presente
documento;

4) SE ABSTENHA DE CELEBRAR CONTRATAÇÕES DIRETAS


(DISPENSA DE LICITAÇÃO), PAUTADAS NA EMERGÊNCIA OU
CALAMIDADE PÚBLICA, QUE NÃO CUMPRAM AS

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CONDICIONANTES DO ARTIGO 24, IV, DA LEI Nº 8.666/93,


ESPECIALMENTE: (i) que objeto licitado se refira tão somente aos bens
necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa; (ii)
que o contrato dure apenas o tempo necessário para que se realize a
licitação ordinária relativa àquele objeto, e (iii) que, em qualquer caso, seja
respeitado o prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias a contar da
situação emergencial ou calamitosa;

5) SE ABSTENHA DE PRORROGAR QUALQUER CONTRATO


ADMINISTRATIVO QUE JÁ TENHA ESGOTADO O SEU PRAZO
DETERMINADO E/OU O PRAZO LEGAL MÁXIMO DE 180 (CENTO E
OITENTA) DIAS, de modo que, em havendo interesse em nova
contratação do objeto, DEVE REALIZAR A LICITAÇÃO
ORDINARIAMENTE DEVIDA ou INSTAURAR NOVO PROCESSO
JUSTIFICADO DE DISPENSA, neste último caso se mantida a situação
de emergência ou calamidade pública, tudo com base nos fundamentos já
dispostos na presente recomendação;

6) SEJAM ANULADOS, EM 48 (quarenta e oito) HORAS, QUAISQUER


DECRETOS OU ATOS ADMINISTRATIVOS QUE TENHAM
DECLARADO SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA OU CALAMIDADE
PÚBLICA EM DESCONFORMIDADE COM OS FUNDAMENTOS
DISPOSTOS NESTA RECOMENDAÇÃO, e em especial que estejam a
violar as definições e requisitos trazidos pelo artigo 24, IV, da Lei nº
8.666/93 e Instrução Normativa nº 01/2012 do Ministério da Integração
Nacional, combinado com a Lei nº 12.608/2012;

7) SEJAM ANULADOS, EM 48 (quarenta e oito) HORAS QUAISQUER


PROCESSOS DE DISPENSA LICITATÓRIA QUE ESTEJAM A
DESCUMPRIR OS REQUISITOS DISPOSTOS NESTA
RECOMENDAÇÃO, e em especial, os trazidos pelo artigo 26, caput e
parágrafo único, da Lei nº 8.666/93, e demais dispositivos do mesmo
diploma, interpretados conforme os julgados pacíficos do TCU, tal como
descrito no presente documento;

8) SEJAM ANULADOS, EM 72 (SETENTA E DUAS) HORAS


QUAISQUER CONTRATOS ADMINISTRATIVOS QUE INCIDAM EM
QUAISQUER DAS SITUAÇÕES SEGUINTES, ALTERNATIVAMENTE:

8.1) CONTRATOS FUNDADOS EM SITUAÇÃO DE


EMERGÊNCIA/CALAMIDADE QUE NÃO SE ENQUADRE NAS
DEFINIÇÕES NORMATIVAS PERTINENTES, NA FORMA DO
ITEM 1, E/OU QUE VIOLEM AS CONDICIONANTES DISPOSTAS
NO ITEM 4;

8.2) CONTRATOS FUNDADOS EM DECRETOS EMERGENCIAIS


NULOS, NA FORMA DO ITEM 6;

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8.3) CONTRATOS FUNDADOS EM PROCESSOS DE DISPENSA


EMERGENCIAL NULOS, NA FORMA DO ITEM 7;

8.4) CONTRATOS QUE NÃO TENHAM SIDO PRECEDIDOS DE


QUALQUER PROCESSO FORMAL DE DISPENSA;

8.5) PRORROGAÇÕES CONTRATUAIS QUE VIOLEM AS


IMPOSIÇÕES NORMATIVAS DISPOSTAS NO ITEM 5
ANTERIOR;

9) SEJAM TOMADAS TODAS AS PROVIDÊNCIAS ADMINISTRATIVAS


de cunho jurídico, financeiro, patrimonial, logístico, de comunicação social,
e outros atos pertinentes, capazes de eliminar, contornar, sanar ou mitigar
SITUAÇÃO ATUAL OU FUTURA DE EMERGÊNCIA OU CALAMIDADE,
ESPECIALMENTE AS QUE DECORRAM OU POSSAM DECORRER,
DIRETA OU INDIRETAMENTE, DE DESÍDIA, INÉRCIA, INCÚRIA,
OMISSÃO OU DOLO DO GESTOR, SOB PENA DE APURAÇÃO DE
SUA RESPONSABILIDADE NOS ÂMBITOS POLÍTICO, DISCIPLINAR,
CIVIL, PENAL E POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA;

10) SEJA ALTERADO O OBJETO DO DECRETO MUNICIPAL Nº


4.494/2021, de 11/01/2021 limitando a decretação emergencial aos
serviços essenciais definidos no parágrafo único do art. 1º da Instrução
Normativa nº 017/2020/TCMPA3, revogando as previsões genéricas
contrárias, notadamente as contiadas no art, 1º, incisos VIII, IX, X, XI, XII,
XIII, XIV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXI, XXII e arts. 2º e 3º, lembrando em
todos os casos os itens 1 a 4 da presente recomendação;

11) SEJA PRESTADO CONTAS AO TCM/PA COM O


ENCAMINHAMENTO DE TODOS OS DOCUMENTOS OBRIGATÓRIOS
previstos na Instrução Normativa nº 017/2020/TCMPA;

12) SEJA ABERTA CERTAME LICITATÓRIO IMEDIATO AO MESMO


TEMPO DAS CONTRATAÇÕES EMERGENCIAIS consignando
expressamente nesses contratos cláusula resolutiva no sentido da pronta
extinção desse contrato a partir da conclusão do novo processo licitatório;

13) SEJA PROMOVIDO A DEVIDA PUBLICIDADE DOS CONTRATOS


EMERGENCIAIS com publicação na Imprensa Oficial, Quadro de Avisos,

3
Art. 1º. Para fins desta Instrução Normativa é considerando estado de emergência/calamidade administrativa e
financeira a situação excepcional e não prevista, evidenciada por fatos alheios à vontade do gestor municipal, nos
primeiros 30 (trinta) dias de mandato, mediante a devida comprovação da necessidade de adoção de medidas
urgentes e temporárias que evitem a ocorrência de solução de continuidade administrativa, as quais comportem risco
à segurança de pessoas, à manutenção de serviços essenciais e a preservação de obras e a outros bens públicos e
particulares. Parágrafo único. São considerados serviços essenciais, nos termos do caput deste artigo, os
relacionados aos serviços de: a) assistência médica e hospitalar b) desenvolvimento da educação, alimentação e
transporte escolar; c) assistência social; d) transporte público municipal; e e) limpeza e conservação urbana ou rural,
captação e tratamento de esgoto e lixo.

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Portal da Transparência, Mural de Licitações e/ou Sistema GEO-OBRAS


do TCM/PA.

Outrossim, na forma do artigo 27, parágrafo único, inciso IV, segunda parte, da
Lei nº 8.625/93, sob penas da legislação, o Ministério Público, por meio do Promotor de
Justiça ao final assinado, REQUISITA que:

14) No prazo de 05 (cinco) dias, seja encaminhada ao e-mail oficial desta


Promotoria de Justiça, resposta por escrito autenticado eletronicamente,
com observações expressas quanto ao recebimento, aceitação ou não,
publicidade e posicionamento futuro a ser adotado frente a seu conteúdo.

Determina-se ao Apoio da Promotoria de Justiça para efetiva divulgação,


conhecimento público e cumprimento desta Recomendação:

a) A expedição de ofício aos destinatários, através dos e-mails oficiais, com


confirmação de recebimento;
b) A comunicação e encaminhamento à Corregedoria Geral do Ministério
Público e ao CAO de Defesa do Patrimônio Público;
c) O envio de cópia à Gerência de Documentação, Protocolo e Arquivo da
Procuradoria-Geral de Justiça para publicação no DOE e ao Setor de
Imprensa para a divulgação necessária, a fim de que a população de Juruti
tenha amplo conhecimento desta Recomendação;
d) A observância do Ato Conjunto n° 02/2019-MP/PGJ-CGMP, que trata do
encaminhamento de documentos via GEDOC, e do Ofício Circular nº
23/2019-MP/CGMP, bem como as normas de medidas de enfrentamento
ao COVID-19.

Ficam os destinatários desta Recomendação advertidos de que a presente


constituiu elemento probatório em de sede de eventuais ações de cunho cível ou criminal.

PUBLIQUE-SE, REGISTRE-SE E CUMPRA-SE.

Juruti/PA, de 25 de fevereiro de 2021.

THIAGO RIBEIRO Assinado de forma digital por THIAGO


RIBEIRO SANANDRES:11593506716
SANANDRES:11593506716 Dados: 2021.02.25 17:24:17 -03'00'
THIAGO RIBEIRO SANANDRES
Promotor de Justiça

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