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RELATÓRIO DE SESSÃO- PLANTÃO PSICOLÓGICO

I. Identificação

Data: 13/10/2020 Nº da sessão: 01

Paciente: J. B

Responsável: -- Idade: 27 anos

Estagiário: Beatriz

Relatório da Sessão

II. Descrição da demanda

No dia 13 de outubro de 2020, a cliente recorreu ao Plantão Psicológico. A


queixa de J.B foi referente a sua ansiedade e crises constantes. Segundo ela, não
consegue se comunicar com as pessoas, dificultando suas relações sociais.

III. Procedimento

O Plantão Psicológico (PP) é um tipo de intervenção psicológica que acolhe


a pessoa no exato momento de sua urgência, ajudando-a a lidar melhor com seus
recursos e limites. Sendo assim o objetivo de um PP é prestar atendimento
urgencial à demanda, acompanhando a pessoa em busca do sentido de existência
por meio da compreensão de seu sofrimento, sem poder garantir alívio ou um
viver baseado na experiência de prazer imediato e presente (Chaves & Henriques,
2008).

Para Schmidt (2004) o Plantão Psicológico é pensado e praticado,


basicamente, como um modo de acolher e responder a demanda por ajuda
psicológica. Isso significa colocar a disposição da clientela que o procura, um
tempo e um espaço de escuta aberto à diversidade e à pluralidade destas
demandas. Sendo diferente da triagem tradicional, que tem por finalidade a
constatação ou não da adequação da necessidade do cliente ao serviço. O
Plantão pretende responder a demanda, ainda que em algumas situações isto não
seja possível. Podendo ter apenas 2 retornos que totaliza 3 sessões de
atendimentos.

Contudo, os atendimentos de Plantão Psicológico, devido a pandemia do


COVID-19, vêm sendo realizados por meio virtual na plataforma digital Zoom,
mantendo a segurança dos estagiários e clientes. Seguindo com autorização da
Universidade e as normas de ética, os atendimentos são realizados buscando o
máximo de sigilo, visando a segurança do cliente, portanto, os estagiários
participantes utilizam fone e se portam num ambiente neutro.

IV. Análise

No início do atendimento J.B mostrou-se inquieta, passando as mãos pelo


corpo e fazendo movimentos repetitivos com o corpo. A cliente expos suas crises
de ansiedade logo no primeiro momento, e que principalmente quando conhece
pessoas novas, “não consegue falar” (sic). Ela conta que ao falar com alguém,
sempre chora por não saber como conversar com as pessoas.

As estagiárias interviram perguntando para a paciente se as crises surgiram


após ou anterior a pandemia, e como ela se sentia quando acontecia. A paciente
argumenta dizendo que se sente assim desde “novinha” (sic) e que depois da
pandemia a ansiedade piorou, tomando três antialérgicos antes de dormir e todos
os tipos de chá, pois só assim se acalmava.

J.B começa a relatar sobre o quão “dura” (sic) foi sua infância, relatando
que saiu de casa com 14 anos. Por ser a irmã mais velha, disse sempre ter
responsabilidade, não só pelos irmãos, mas por tudo. Sua mãe delegava muitas
funções e assim que seu filho nasceu, ela também amamentou paralelamente seu
irmão mais novo, cujo tem a mesma idade de seu filho. A cliente disse que sua
mãe nunca “se importou” (sic) com ela e que teve que crescer independente.
Também relata sobre os namorados constantes da mãe. Sem entrar em detalhes,
J.B relata que foi abusada sexualmente.

Ao retornar a fala sobre a ansiedade e o modo de não expressar as coisas,


as estagiárias perguntam como é o ciclo de amizade com as amigas. J.B diz que
ouve suas amigas sempre que precisam, que tem um ótimo ciclo de amizade, mas
não consegue interagir com facilidade e nem compartilhar seus “problemas e
angústias” (sic) com os outros, pois sempre acha que esta “incomodando” (sic).

Conforme Forghieri (2011) e Heidegger (1971), todas as manifestações do


modo preocupado de existir fundamentam-se, primordialmente, no próprio ser-no-
mundo do homem. Por ser essencialmente inerente ao existente ‘ser-no-mundo’, é
seu ‘ser relativamente ao mundo’, em essência, ‘cuidar de’... cuidar de que não
fracasse um empreendimento... cuidar que é semelhante a um temor. A
manifestação mais profunda da maneira sintonizada de existir consiste numa
vivência de completa harmonia de nosso existir no mundo; Buber (1977) a
denomina de relação Eu-Tu. Eu-Tu, não é simplesmente uma descrição
fenomenológica das atitudes do homem no mundo ou simplesmente uma
fenomenologia da palavra, mas é também e sobretudo uma ontologia da relação.

Ao final da sessão, as estagiárias perguntaram para J.B como estava se


sentindo, depois da conversa. A cliente diz que já estava se sentindo melhor e
mais calma, em sua figura corporal, J.B havia parado de fazer movimentos
repetitivos pelo corpo. Perguntamos para a cliente se ela gostaria de voltar a mais
uma sessão de Plantão Psicológico na próxima semana, J.B afirma que sim.

As estagiárias refletiram com a cliente sobre uma possível ida à um médico


especializado, onde recorrerá a medicamentos de qualidade e próprios para sua
insônia e seu nervosismo. J.B disse que precisará recorrer e que irá procurar
outras intervenções medicamentosas para não correr risco.
V. Conclusão

O atendimento foi importante para compreender a queixa trazida pela


cliente e refletir sobre alguns pontos destacados pela mesma durante a sessão.
J.B juntamente às estagiárias refletiram sobre aspectos de sua vida em que sua
ansiedade estaria associada, e como era possível no momento, encontrar
caminhos para amenizar sua ansiedade.

Ao refletir um pouco sobre o passado de J.B compreendeu-se movimentos


atrelados às suas angustias presentes, onde a própria cliente ressalta que “vira e
mexe está pensando no passado” (sic).

A cliente retornará na próxima semana necessitando de mais tempo para a


compreensão de sua demanda.

São José dos Campos, 20 de outubro de 2020.

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Estagiário Supervisor
Referência Bibliográfica

BUBER, M. (2001). Eu-Tu. São Paulo: Centauro.

FORGHIERI, Y. C. (2011). Psicologia Fenomenológica – Fundamentos, Método e


Pesquisa. São Paulo: Cengage Learning.

CHAVES, P. B., & Henriques, W. M. (2008). Plantão Psicológico: de frente com


o inesperado. Psicologia Argumento, 26(53), 151-157.

SCHMIDT, M.L.S. (2004) Plantão Psicológico, universidade publica e política


de saúde mental. Estudos de Psicologia. Campinas, vol. 21, no. 3, p 173 – 192.

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