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FMSROC Newsletter 24 Nov 2020

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NEWSLETTER #24 nov de 2020

SUMÁRIO
Fichas Doutrinárias da AT em matéria de IRC, Benefícios Fiscais, IMT e
Imposto do Selo (publicadas no 4.º trimestre)

1. Notas introdutórias

2. Informações vinculativas - IRC

3. Informações vinculativas - Benefícios Fiscais

4. Informações vinculativas - IMT

5. Informações vinculativas - Imposto do Selo


1. Notas introdutórias

A presente newsletter será dedicada integralmente às informações vinculativas da AT


publicadas recentemente em matéria de IRC, Benefícios Fiscais, IMT e Imposto do Selo.

Importa referir que a totalidade das informações vinculativas publicadas em sede de


Benefícios Fiscais estão relacionadas com o IRC, na medida em que nas mesmas está em
causa o Regime Fiscal de Apoio ao Investimento (RFAI), a Dedução por Lucros Retidos e
Reinvestidos (DLRR) e a Remuneração Convencional do Capita Social (RCCS), benefícios
fiscais que apenas vigoram em sede deste imposto.

Assim, em matéria de IRC, são apresentadas seis informações vinculativas (ponto 2),
acrescendo mais sete relacionadas com Benefícios fiscais (ponto 3), com a particularidade
de terem sido, todas elas, publicadas no passado mês de novembro, muito recentes, portanto.

Face à inexistência de informações vinculativas, publicadas recentemente, em matéria de


IRS, optou-se por incluir duas informações vinculativas na área do IMT (ponto 4) e mais duas
respeitantes a Imposto do Selo (ponto 5), publicadas no passado mês de outubro, tendo-se
procurado selecionar temas com uma natureza empresarial, digamos assim.

Deixa-se, em seguida, um quadro-resumo das fichas doutrinárias tratadas nos tópicos


seguintes:

Quadro resumo

2. Informações vinculativas - IRC


Proc.º n.º 2020 002188, despacho de 07- Transparência fiscal: Distribuição de lucros e venda
07-2020 (publicada em 09-11-2020) de participações sociais.
Proc.º n.º 1863/19, PIV n.º 15589, Viaturas atribuídas aos empregados – gastos.
despacho de 16-09-2020 (publicada em
09-11-2020)
Processo n.º 2019 003944, PIV n.º Publicidade a serviços prestados por uma entidade
16318, despacho de 28-08-2020 residente em território português realizada em
(publicada em 09-11-2020) plataformas online de entidades não residentes.
Proc.º n.º 1471/20, PIV n.º 17311, Implicações em sede de IRC de um perdão de dívida
despacho de 27-08-2020 (publicada em subjacente ao financiamento de uma participação
09-11-2020) alienada.
Proc.º n.º 2019 003187, despacho de 31-
Transparência Fiscal – Sociedades de advogados.
07-2020 (publicada em 09-11-2020)
Proc.º n.º 16283, despacho de 29-06- Pagamentos a não residentes. Prestações de
2020 (publicada em 09-11-2020) serviços de consultoria e acompanhamento de
adjudicação de concurso.
3. Informações vinculativas - Benefícios Fiscais
Proc.º n.º 2020 004582, PIV n.º 18369, RFAI - Não elegibilidade do investimento de
despacho de 25-11-202- (publicada em substituição/reparação em pavilhão industrial
27-11-2020) (aplicação relevante)

2
Proc.º n.º 2020 002726, PIV n.º 17870, Dedução por lucros retidos e reinvestidos (DLRR) -
despacho de 31-08-2020 (publicada em Aplicação do alargamento, sucessivo, do prazo de
09-11-2020) reinvestimento.
Proc.º n.º 2020 001469, PIV n.º 17279, RFAI - Não elegibilidade dos investimentos na
despacho de 28-05-2020 (publicada em aquisição de ativos isolados.
09-11-2020)
Proc.º nº 2020000014, PIV n.º 16881, RFAI e DLRR: Elegibilidade / Não elegibilidade de
despacho de 01-09-2020 (publicada em atividades enquadráveis nos códigos CAE 01410,
09-11-2020) 10510 e 10520.
Proc.º n.º 2020 002028, PIV n.º 17587, RFAI/DLRR - Cumulatividade com incentivo
despacho de 05-08-2020 (publicada em financeiro (FEDER) - Questão prévia: Elegibilidade
09-11-2020) das atividades desenvolvidas.
Proc.º n.º 2020 002724, PIV n.º 17832, RFAI e DLRR: Não elegibilidade das atividades dos
despacho de 21-09-2020 (publicada em setores da pesca e da aquicultura - CAE 10201 e
09-11-2020) CAE 46381.
Proc.º n.º 2020 001469, PIV n.º 17279, Remuneração Convencional do Capital Social
despacho de 28-05-2020 (publicada em (RCCS) - Prestações acessórias submetidas ao
10-11-2020) regime das prestações suplementares.
4. Informações vinculativas - IMT
Proc.º n.º 2020000579, PIV n.º 17901, Locação financeira imobiliária. Aquisição pela sócia
despacho de 01-09-2020 (publicada em da locatária, a título pessoal, do imóvel locado.
07-10-2020) Isenção.
Proc.º n.º 2020000578, PIV n.º 17850, Adjudicação de bens imóveis afetos a uma sociedade
despacho de 14-08-2020 (publicada em civil aos sócios na respetiva proporção da entrada de
07-10-2020) cada um.
5. Informações vinculativas - Imposto do Selo
Proc.º n.º 2020000532, PIV n.º 17783, Acordo de gestão centralizada de tesouraria - Cash
despacho de 30-08-2020 (publicada em Pooling - Isenção da alínea h) do n.º 1 do artigo 7.º
07-10-2020) do CIS - Falta de preenchimento do pressuposto
subjetivo de que depende o direito ao benefício fiscal.
Proc.º n.º 2020000319, PIV n.º 17326, Trespasse de estabelecimento comercial com dois
despacho de 17-07-2020 (publicada em imóveis. Um com um contrato de locação financeira
07-10-2020) imobiliária associado; o outro com um contrato de
comodato associado.

3
2. Informações vinculativas - IRC

Proc.º n.º 2020 002188, despacho de 07-07-2020 (publicada em 09-11-2020):


Transparência fiscal: Distribuição de lucros e venda de participações sociais.

As questões abordadas na ficha doutrinária em referência consistiam em saber: Questão 1 -


Quais os efeitos fiscais, relativos aos lucros que venham a ser distribuídos pelas sociedades
subsidiárias à sua acionista única (100%); Questão 2 - Qual o tratamento fiscal das mais-
valias que venham a ser apuradas com transmissão onerosa das participações detidas no
capital social das sociedades subsidiárias, num momento em que estas estejam sujeitas ao
regime da transparência fiscal, e ainda; Questão 3 - Se a sociedade detentora de 100% do
capital social das sociedades subsidiárias poderia ser considerada como sociedade de
simples administração de bens, para efeitos do art.º 6.º do Código do IRC, caso as suas
subsidiárias sejam enquadradas no regime de transparência fiscal.

Em resposta à Questão 1, considerou a AT que não está em causa a aplicação do regime de


eliminação da dupla tributação económica dos lucros distribuídos (art.º 51.º do Código do
IRC), porquanto um dos princípios subjacentes ao regime de transparência fiscal é,
precisamente, a total eliminação da dupla tributação. Ora, não havendo tributação na esfera
das subsidiárias, por se encontrarem enquadradas no regime de transparência fiscal, não se
verifica qualquer dupla tributação dos lucros em causa, pelo que não faz sentido falar em
eliminação da dupla tributação quando ela não existe, sendo que lucros obtidos (distribuídos)
em períodos de tributação em que as mesmas foram sujeitas a tal regime, não estão sujeitos
a tributação na esfera da sua acionista única, uma vez que tais lucros já foram tributados no
momento da imputação da matéria coletável.

Em resposta à Questão 2, considerou a AT que não existindo tributação em sede de IRC das
sociedades abrangidas pelo regime de transparência fiscal, esse facto determina que não se
encontra preenchido o requisito estabelecido na alínea d), do n.º 1 do art.º 51.º do Código do
IRC, pelo que, consequentemente, não se aplica ao caso concreto o disposto no art.º 51.º- C
do Código do IRC, quanto às mais-valias e menos-valias realizadas mediante transmissão
onerosa de partes sociais, ficando essa transmissão sujeita a tributação de acordo com as
regras gerais.

No que respeita à Questão 3, refere AT que, limitando-se a atividade da sociedade à gestão


das participações das subsidiárias, incluindo a eventual prestação de serviços conexos com
a gestão daquelas sociedades e o financiamento das respetivas atividades, sendo essas
participações sociais de 100%, as mesmas não são mantidas para reserva ou fruição, mas
sim para intervir ativamente na gestão daquelas sociedades, o que é considerado como uma
forma indireta de exercício de uma atividade económica. Verifica-se que as participações não
são, à semelhança do que sucede com as SGPS, uma mera aplicação de capitais, mas sim

4
um instrumento de intervenção ativa na gestão da atividade das sociedades participadas.
Assim, a sociedade fica excluída do conceito de sociedade de simples administração de bens,
conforme se refere na primeira parte da norma do n.º 5 do art.º 6.º do Código do IRC e, em
consequência, não lhe é aplicável o regime de transparência fiscal.

Proc.º n.º 1863/19, PIV n.º 15589, despacho de 16-09-2020 (publicada em 09-11-2020):
Viaturas atribuídas aos empregados – gastos.

A questão em apreço, prende-se com as implicações fiscais, em sede de IRC, decorrentes


da atribuição de viaturas ligeiras de passageiros para uso profissional e uso pessoal a alguns
trabalhadores ao serviço da entidade, com os quais irá celebrar um acordo escrito, ao abrigo
da alínea 9) da alínea b) do n.º 3 do art.º 2.º e do n.º 5 do art.º 24.º, ambos do Código do IRS.

Por outro lado, a entidade pretendia ainda, para além da viatura, atribuir também, aos
mesmos trabalhadores, um cartão para aquisição de combustível, o qual não terá plafond,
sendo parte do consumo feito ao serviço da empresa e outra parte para utilização pessoal,
sendo a faturação das aquisições de combustível emitida em nome da entidade.

Caso a entidade venha a celebrar os referidos acordos escritos com os seus trabalhadores
para atribuição das viaturas a uso particular destes, então os encargos suportados com estas
passarão a estar abrangidos pela exceção prevista na alínea b) do n.º 6 do art.º 88.º do CIRC,
durante o prazo que vigorou o contrato, não sendo, nessa medida, sujeitos a tributação
autónoma.

Contudo, em sede de IRS, na esfera dos trabalhadores com os quais vierem a ser celebrados
os citados contratos, considerar-se-á estar-se perante rendimentos de trabalho dependente,
a título de remuneração acessória, o que resultar da utilização pessoal pelo trabalhador da
viatura automóvel, a qual gera encargos para a entidade patronal.

Já no que respeita aos cartões de combustível, de acordo com a alínea j) do art.º 23.º- A do
Código do IRC, não são dedutíveis para efeitos fiscais os encargos com combustíveis na
parte em que o sujeito passivo não faça prova de que os mesmos respeitam a bens
pertencentes ao seu ativo ou por eles utilizados em regime de locação e de que não são
ultrapassados os consumos normais.

Assim, para que os encargos com combustíveis suportados pela entidade sejam dedutíveis
em sede de IRC, terá de fazer prova que foram consumidos pelas viaturas utilizadas ao seu
serviço, em regime de locação ou que fazem parte do seu ativo fixo tangível e que não
ultrapassam o consumo normal, nos termos da alínea j) do n.º 1 do art.º 23.º-A do CIRC.

Como uma parte do consumo de combustíveis é para uso pessoal dos trabalhadores, este
encargo será aceite em sede de IRC, mas tributado na esfera dos trabalhadores, em sede de
IRS, como uma remuneração em espécie.

5
Proc.º n.º 2019 003944, PIV n.º 16318, despacho de 28-08-2020 (publicada em 09-11-
2020): Publicidade a serviços prestados por uma entidade residente em território português
realizada em plataformas online de entidades não residentes.

Subjacente à questão colocada está uma entidade residente em território português que
recorre a serviços de publicidade, realizados através da sua disponibilização em plataformas
online detidas por entidades não residentes (como sucederá, por exemplo, com o Facebook
ou a Google).

O serviço é disponibilizado através da aceitação dos termos e condições impostas pelo


detentor da plataforma online, desconhecendo-se a localização do servidor que aloja a
plataforma online, questionando-se se os rendimentos que daí derivam se consideram
obtidos em território português e se existe alguma obrigação acessória por cumprir pelo
adquirente dos serviços, designadamente, o envio da declaração modelo 30.

Tendo em conta que a natureza dos serviços em causa e o facto de o devedor dos
rendimentos ter a sua residência para efeitos fiscais em território português, desconhecendo-
se a localização do servidor e, consequentemente, a existência de estabelecimento estável,
estes apenas se podem subsumir ao disposto na subalínea 7) da alínea c) do n.º 3 do artigo
4.º do CIRC (outros serviços realizados ou utilizados em território português, com exceção
dos relativos a transportes, comunicações e atividades financeiras), em articulação com o n.º
4 do mesmo preceito, na medida em que não se enquadram em nenhuma das outras
situações cobertas pelas várias alíneas do n.º 3.

Neste caso, não se sabe onde se encontra localizado, com caráter de permanência, o
servidor, pelo que não se pode afirmar que os serviços tenham sido realizados integralmente
fora do território português, sendo apenas possível concluir que os serviços não foram
realizados integralmente em Portugal, concluindo-se, então, que não será de aplicar, à
situação em apreço, a exceção constante do n.º 4 do artigo 4.º do CIRC, ficando os
rendimentos auferidos pelas entidades não residentes sujeitos a IRC em território português.

No entanto, dado que Portugal celebrou uma Convenção para eliminar a dupla tributação
sobre o rendimento com o Estado de residência do beneficiário dos rendimentos, uma vez
que estamos perante rendimentos decorrentes da prestação serviços que se enquadram no
artigo 7.º “Lucros das Empresas”, a competência para tributar os rendimentos é exclusiva do
Estado de residência.

Para o efeito, o beneficiário dos rendimentos, deverá, para invocar o disposto na Convenção,
entregar ao devedor dos rendimentos, até ao termo do prazo estabelecido para entrega nos
cofres do Estado do imposto retido na fonte, o formulário modelo 21-RFI devidamente
preenchido acompanhado de um certificado que ateste a sua residência fiscal e a sua
sujeição a imposto.

6
No que toca às obrigações acessórias, deve ser observado o disposto no n.º 7 do artigo 119.º
do Código do IRS, aplicável ex vi do artigo 128.º do CIRC, nomeadamente, proceder ao envio
da declaração de rendimentos e retenções pagos a entidades não residentes – Modelo 30.

Proc.º n.º 1471/20, PIV n.º 17311, despacho de 27-08-2020 (publicada em 09-11-2020):
Implicações em sede de IRC de um perdão de dívida subjacente ao financiamento de uma
participação alienada.

A questão objeto do presente pedido centra-se no enquadramento, para efeitos de IRC, de


um perdão de divida, no âmbito de um contrato de empréstimo reembolsável, realizado por
um Fundo de financiamento à inovação à entidade requerente, visando o financiamento de
participação desta em start-ups, na sequência da venda dessa participação que gerou uma
menos valia abrangida pelo regime do participation exemption.

O reembolso e remuneração desses empréstimos é efetuado em função da performance das


operações subjacentes, havendo, nos termos do contrato, uma partilha do risco do capital
investido e da respetiva remuneração, na medida em que, caso se verifique, nos termos do
contrato, que a start-up na qual a entidade investiu não gerou rendimentos suficientes para o
reembolso integral do empréstimo, a entidade não tem a obrigação de reembolsar o Fundo
no montante que não tenha conseguido recuperar.

Sucede que ocorreu a alienação da participação na sociedade participada, na sequência da


qual a entidade registou uma perda contabilística de 207.800 € e, por sua vez, não tendo sido
reembolsado qualquer montante ao Fundo, foi registado um ganho contabilístico resultante
do perdão de divida no âmbito do Contrato de Apoio Reembolsável estabelecido com o
Fundo, de 193.673,23 €.

Entendia a entidade que, pela aplicação do art.º 51.º-C do Código do IRC (CIRC), a menos
valia decorrente da alienação da participação não era considerada para efeitos fiscais, pelo
que questionava se o mesmo tratamento poderia ser conferido ao ganho contabilístico
resultante do perdão de divida, tendo em conta que o financiamento do Fundo “…na prática
consiste num investimento financeiro, cujo reembolso e remuneração está diretamente ligado
ao investimento efetuado (…).”.

A AT contrariou este entendimento proposto pela entidade requerente, considerando que


decorrendo o ganho em causa de um perdão de dívida por parte do Fundo à entidade e não
da transmissão onerosa da participação detida por esta na sociedade participada, não pode
esse ter o mesmo tratamento fiscal que a menos valia decorrente daquela transmissão.

Assim, ao referido ganho não é aplicável o regime de participation exemption, devendo o


mesmo concorrer para a determinação do lucro tributável da entidade.

7
Proc.º n.º 2019 003187, despacho de 31-07-2020 (publicada em 09-11-2020):
Transparência Fiscal – Sociedades de advogados.

A questão em apreço prende-se com o enquadramento jurídico-tributário a conferir a uma


sociedade de advogados integralmente detida por dois sócios pessoas coletivas, mais
concretamente, aferir se tal sociedade se encontra abrangida pelo regime da transparência
fiscal, previsto no artigo 6.º do Código do IRC.

Uma sociedade detida integralmente por pessoas coletivas não pode ser qualificada como
transparente ao abrigo subalínea 1) da alínea a) do n.º 4 do artigo 6.º do Código do IRC,
porquanto não tem sócios pessoas singulares.

No que concerne à previsão constante da subalínea 2), verificou-se que os rendimentos da


sociedade (obrigada ao exercício exclusivo da advocacia, nos termos do n.º 7 do art.º 213.º
do EOA) provêm, na totalidade, do exercício da atividade profissional de advogado, sendo
que, quanto ao requisito de detenção de, pelo menos, 75 % do capital social da sociedade
por profissionais que exercem as referidas atividades, total ou parcialmente, através da
sociedade, é de salientar que, do cotejo entre as duas subalíneas que contêm a definição de
sociedade de profissionais, resulta evidente uma diferença: enquanto a subalínea 1) faz
menção expressa a sócios pessoas singulares que sejam profissionais dessa atividade, tal
referência a pessoas singulares não consta da subalínea 2). Além disto, pese embora a
subalínea 2) não faça uma referência específica à detenção indireta do capital social, a
ausência de tal referência não significa, de forma automática, que a participação social tem
de ser detida diretamente por profissionais que exercem as atividades especificamente
previstas na lista a que se refere o artigo 151.º do Código do IRS.

Entende a AT que uma interpretação que restringisse o requisito da detenção do capital social
exclusivamente a uma detenção direta, subverteria o espírito e a lógica que estiveram
subjacentes ao aditamento da subalínea 2) da alínea a) do n.º 4 do artigo 6.º do Código do
IRC, que consistiu em fornecer uma definição mais completa e que venha obviar a
comportamentos de substituição.

Uma vez que na sociedade de advogados 100% do seu capital social é detido (ainda que
indiretamente) por profissionais que exercem a referida atividade, total ou parcialmente,
através da sociedade, encontram-se verificados os requisitos constantes da subalínea 2), da
alínea a), do n.º 4 do artigo 6.º do Código do IRC. Logo, tal entidade deverá ser classificada
como sociedade de profissionais, estando enquadrada no regime de transparência fiscal.

Proc.º n.º 16283, despacho de 29-06-2020 (publicada em 09-11-2020): Pagamentos a não


residentes. Prestações de serviços de consultoria e acompanhamento de adjudicação de
concurso.

8
Subjacente à questão em apreço encontrava-se a sociedade A, com sede em território
português, que exerce, como atividade principal, a construção de edifícios e, como atividade
secundária, a compra e venda de bens imobiliários, que efetuou um pagamento a uma
entidade residente em Macau (Sociedade B), pelos serviços de consultoria e
acompanhamento de um processo de adjudicação do concurso para a celebração de um
contrato de fornecimento de materiais e serviços para um imóvel sito em Angola, cuja
propriedade pertence a uma filial da Sociedade A, com sede em Angola (Sociedade C).
Pretendia-se saber se aquele pagamento está ou não sujeito a retenção na fonte em Portugal.

Quando os serviços são integralmente realizados fora do território português, há que atender
ao disposto na parte final do n.º 4, do art.º 4.º do CIRC, de acordo com o qual os rendimentos,
só se consideram obtidos neste território quando respeitem a bens nele situados, ou quando
respeitem a "estudos, projetos, apoio técnico ou à gestão, serviços de contabilidade ou
auditoria e serviços de consultoria, organização, investigação e desenvolvimento em qualquer
domínio."

No caso em apreço, os serviços em causa reconduzindo-se a serviços de consultoria


consideram-se cá obtidos e, como tal, os rendimentos em causa estão sujeitos a retenção n
a fonte em território português, à taxa de 25%, nos termos do n.º 4 do art.º 87.º do CIRC.

Porém, caso seja acionada a Convenção entre Portugal e Macau para Evitar a Dupla
Tributação, essa tributação poderá ficar afastada, nos termos referidos no art.º 98.º do CIRC
e art.º 7.º da respetiva Convenção.

Sobre a dedutibilidade fiscal de tais gastos na esfera da entidade devedora, caberia à


requerente comprovar que os mesmos são suportados para obter ou garantir os rendimentos
sujeitos a IRC, nos termos do artigo 23.º do CIRC, só sendo aceites para efeitos fiscais caso
se demonstre que os mesmos são efetivos e foram incorridos no âmbito da atividade
empresarial da Sociedade A.

9
3. Informações vinculativas - Benefícios Fiscais

Proc.º n.º 2020 004582, PIV n.º 18369, despacho de 25-11-2020 (publicada em 27-11-
2020): RFAI - Não elegibilidade do investimento de substituição/reparação em pavilhão
industrial (aplicação relevante).

No caso em apreço estava em causa aferir a elegibilidade, ou não, em sede de RFAI, da parte
do investimento relativa à substituição de chapas na cobertura e revestimento de um pavilhão
industrial (que se encontrava em construção), motivada por um incêndio.

O sujeito passivo informou que possuía um investimento inicial a decorrer entre 01/01/N e
31/12/N+3, referente à construção de nova nave/pavilhão industrial com vista ao aumento da
capacidade do estabelecimento existente, e que uma parte do investimento realizado em N+3
foi ocasionada por motivo de substituição de chapas na cobertura e revestimento do pavilhão,
após um incêndio, ocorrido em N+1, que destruiu uma parte que já se encontrava
finalizada/pronta (mesmo ainda não estando a ser utilizada).

Entendeu a AT que, no caso em apreço, o incêndio apenas danificou "parte do bem", o qual
continua a existir e foi objeto de reparação de modo a poder servir os fins a que se destinava
inicialmente, pelo que, em face do teor do OAR (1), é de parecer que essa obrigação de
manutenção do bem não ficou prejudicada, dado que se procedeu à substituição ou
reparação do bem avariado ou danificado dentro desse prazo. Porém, essa substituição ou
reparação não pode beneficiar dos auxílios com finalidade regional, neste caso do RFAI.

Pelo que, estando em causa um investimento relativo à substituição da parte do pavilhão que
ficou danificada, o mesmo traduz-se num mero investimento de substituição e não numa
adição e, como tal, não pode ser considerado elegível para efeitos de cálculo do valor do
crédito fiscal RFAI.

Proc.º n.º 2020 002726, PIV n.º 17870, despacho de 31-08-2020 (publicada em 09-11-
2020): Dedução por lucros retidos e reinvestidos (DLRR) - Aplicação do alargamento,
sucessivo, do prazo de reinvestimento.

(1) Nota de rodapé n.º 30 das Orientações relativas aos auxílios estatais com finalidade regional para 2014-2020
(OAR), à luz da qual "A obrigação de manter o investimento na região em causa por um período mínimo de cinco
anos (três anos, no caso das PME) não deve impedir a substituição de instalações ou de equipamentos que se
tenham tornado obsoletos ou se tenham avariado dentro desse prazo, desde que a atividade económica seja
mantida na região em causa durante o período mínimo. Os auxílios com finalidade regional não podem, contudo,
ser concedidos para substituir essas instalações ou equipamentos.” (sublinhado nosso).

10
No caso em apreço estava em causa saber se as alterações ocorridas, sucessivamente, ao
prazo de reinvestimento, previsto no n.º 1 do art.º 29.º do CFI, são aplicáveis aos lucros
retidos relativos ao período de tributação de 2017.

Os lucros retidos relativos ao período de tributação de 2017 poderiam ser reinvestidos nos
períodos de 2018, 2019 e 2020.

Acresce que, a Lei n.º 2/2020, de 30 de março (OE2020), entre outras alterações, veio
proceder, uma vez mais, ao alargamento deste prazo de reinvestimento, o qual passou dos
três para os quatro anos, e, de acordo com o art.º 360.º da referida lei, esta alteração do prazo
de reinvestimento é aplicável aos prazos em curso em 01-01-2020.

Pelo que, encontrando-se em curso o referido prazo de reinvestimento relativo aos lucros
retidos respeitantes ao período de 2017 (na sequência da alteração legislativa operada pela
Lei n.º 114/2017, de 29 de dezembro), atento o disposto no art.º 360.º da Lei n.º 2/2020 (OE
2020), o alargamento do prazo de reinvestimento também lhe é aplicável, pelo que os lucros
retidos relativos ao período de tributação de 2017, poderão ser reinvestidos até ao final do
período de 2021.

Proc.º n.º 2020 001469, PIV n.º 17279, despacho de 28-05-2020 (publicada em 09-11-
2020): RFAI - Não elegibilidade dos investimentos na aquisição de ativos isolados.

No caso em apreço estava em causa a elegibilidade, no âmbito do RFAI, do investimento que


determinada entidade efetuou em tecnologia e imagem nos seguintes ativos: a) central
telefónica digital; b) software de apoio à produção; c) música a uma produtora, para inserir no
site da empresa.

Conclui a AT que não obstante os investimentos em causa terem como objetivo comum o
aumento da rentabilidade da empresa, o aumento da produtividade, redução do desperdício
e modernização da empresa, entre outros, não se inseriram numa estratégia global de
investimento com a finalidade de atingir o fim subjacente às tipologias do investimento inicial
que o RFAI abarca: “aumento da capacidade de um estabelecimento já existente” ou
”diversificação da produção de um estabelecimento no que se refere a produtos não
fabricados anteriormente nesse estabelecimento”, atenta a atividade desenvolvida pela
entidade, não se considerando como aplicação relevante a “aquisição isolada” de ativos que
não integrem tal conceito, nem, ainda, o investimento na “aquisição de equipamentos de
substituição”.

Proc.º n.º 2020000014, PIV n.º 16881, despacho de 01-09-2020 (publicada em 09-11-
2020): RFAI e DLRR: Elegibilidade/ Não elegibilidade de atividades enquadráveis nos
códigos CAE 01410, 10510 e 10520.

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No caso em apreço estava em causa saber se determinadas atividades se enquadram no
âmbito das atividades que podem beneficiar do Regime Fiscal de Apoio ao Investimento
(RFAI) e da Dedução por Lucros Retidos e Reinvestidos (DLRR). Em causa está uma
empresa que exerce, a título principal, a atividade de “Criação de bovinos para produção de
leite”, à qual corresponde o código CAE 01410, que pretende diversificar a atividade para a
fabricação de queijos e gelados com o leite que produz, encontrando-se, nesse contexto a
“construir um edifício para montar uma queijaria e gelataria”, tendo, nesse âmbito, vindo a
realizar investimentos, nomeadamente na construção do edifício e compra das máquinas.

No que se refere ao RFAI, entendeu a AT que, uma vez que a atividade de produção de queijo
consiste numa atividade de transformação de produtos agrícolas da qual resulta um produto
agrícola, de acordo com a definição prevista no artigo 38.º do TFUE (constante do Anexo I do
Tratado), não pode esta atividade ser considerada elegível para efeitos do RFAI. No entanto,
uma vez que a atividade de produção de gelados consiste numa atividade de transformação
de produtos agrícolas da qual resulta um produto que não é considerado um produto agrícola,
já pode esta atividade ser considerada elegível para efeitos do RFAI e, consequentemente,
considerado o respetivo investimento, desde que, obviamente, sejam cumpridos os demais
requisitos exigíveis em matéria do RFAI .

Já no que se refere à DLRR (cumulável com o RFAI), atendendo a que a reserva constituída
teve na sua origem os lucros que resultaram da atividade anteriormente desenvolvida, na
totalidade, pela empresa, não poderá a mesma beneficiar do regime da DLRR, porquanto os
lucros retidos respeitam, exclusivamente, a lucros obtidos no âmbito do setor da produção
agrícola primária.

Proc.º n.º 2020 002028, PIV n.º 17587, despacho de 05-08-2020 (publicada em 09-11-
2020): RFAI/DLRR - Cumulatividade com incentivo financeiro (FEDER) - Questão prévia:
Elegibilidade das atividades desenvolvidas.

A entidade requerente tem como objeto social “Indústria e comércio de carnes, preparação e
transformação de produtos de salsicharia, agricultura e pecuária” e encontra-se registada
para o exercício da atividade de FABRICAÇÃO DE PRODUTOS À BASE DE CARNE, a que
corresponde o código CAE Principal 10130 e de ABATE DE GADO (PRODUÇÃO DE
CARNE), a que corresponde o código CAE Secundário 10110.

Os produtos produzidos pela empresa são os seguintes: fiambres, presunto, bacon, chouriços
e chouriças, fumeiro tradicional, enchidos, fatiados, mortadela e afiambrado, congelados.

De acordo com o pronunciamento da AT, verifica-se que cada um dos produtos


transformados, bem como o produto final resultante da transformação, integram os capítulos
2 e 16 da Nomenclatura de Bruxelas, a que se refere o Anexo I do TFUE, sendo, portanto,
considerados produtos agrícolas, de acordo com a definição constante do Regulamento da

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UE n.º 651/2014 da Comissão, de 17 de junho, nos termos do qual o RFAI foi aprovado
(RGIC), pelo que as atividades em concreto desenvolvidas pela entidade, compreendidas nos
códigos CAE 10130 e 10110, e que beneficiaram do incentivo financeiro no âmbito da
candidatura nos termos do aviso n.º 31/SI/2018, integram o conceito de “transformação de
produtos agrícolas” em que o produto final continua a ser um produto agrícola enumerado no
anexo I do Tratado, encontrando-se excluídas do âmbito do RFAI, não podendo dele
beneficiar.

No que se refere à aplicabilidade da DLRR, quanto à atividade secundária abrangida pela


CAE 10110, embora se pudesse colocar a dúvida se a mesma poderia ser considerada
“Produção Agrícola primária”, conforme atrás explanado, no caso em apreço, considera-se
que tal atividade se enquadra na definição de «transformação de produtos agrícolas»
[apresentada no ponto 10) do art.º 2.º do RGIC], pelo que, de acordo com o art.º 9.º da Portaria
n.º 297/2015, tal atividade não se encontra excluída do âmbito de aplicação da DLRR.

Deste modo, no caso concreto, as atividades desenvolvidas pela entidade, abrangidas pela
CAE 10130 e 10110, enquadram-se na definição de «transformação de produtos agrícolas»
[apresentada no ponto 10) do art.º 2.º do RGIC], concluindo-se que as mesmas não se
encontram excluídas do âmbito de aplicação da DLRR (2) (ao contrário do que sucede com o
RFAI), pelo que, desde que se encontrem cumpridos todos os requisitos e condições
exigíveis, pode beneficiar da DLRR.

No que se refere à suscetibilidade de cumulação da DLRR com o incentivo financeiro


(FEDER), não sendo o Programa Operacional Competitividade e Internacionalização,
apoiado pelo FEDER, um programa que estabeleça qualquer benefício fiscal, o investimento
realizado ao abrigo da candidatura apresentada nos termos do aviso n.º 31/SI/2018 é
suscetível de poder beneficiar também da DLRR, desde e na medida em que seja
considerado aplicação relevante para esse efeito.

Proc.º n.º 2020 002724, PIV n.º 17832, despacho de 21-09-2020 (publicada em 09-11-
2020): RFAI e DLRR: Não elegibilidade das atividades dos setores da pesca e da aquicultura
- CAE 10201 e CAE 46381.

A requerente dedica-se à transformação e comercialização de produtos da pesca, sendo que


a atividade principal da empresa consiste no corte e embalamento de peixe congelado
adquirido diretamente aos “armadores da pesca” (CAE 10201) e como atividade secundária

(2) De acordo com o art.º 9.º da Portaria n.º 297/2015, de 21 de setembro, que procede à regulamentação de
determinados aspetos do RFAI e da DLRR, nos termos previstos nas alíneas a) e b) do n.º 3 do artigo 1.º do RGIC,
a DLRR não é aplicável ao reinvestimento de lucros retidos nos setores da pesca, da aquicultura e da produção
agrícola primária, tal como definida no parágrafo 9 do art.º 2.º do RGIC.

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dedica-se à comercialização, entre outros, de peixe e mariscos congelados (CAE 46381),
pretendendo saber se a atividade exercida pela empresa se enquadra no âmbito das
atividades que podem beneficiar dos benefícios fiscais relativos ao RFAI e à DLRR.

Conclui a AT que as atividades desenvolvidas pela entidade de “Preparação de produtos da


pesca e da aquicultura” (CAE 10201) e de “Comércio por grosso de peixe, crustáceos e
molusco” (CAE 46381) se enquadram no setor da pesca ou da aquicultura, sendo que os
projetos de investimento que tenham por objeto as atividades económicas dos setores da
pesca e da aquicultura se encontram excluídos do âmbito de aplicação setorial das OAR e
do RGIC e, consequentemente, do RFAI, pelo que não podem beneficiar do referido regime.

No que se refere à DLRR, conclui ainda que, quando estejam em causa lucros retidos nos
setores da pesca e da aquicultura, onde se integram as atividades de Preparação de produtos
da pesca e da aquicultura (CAE 10201) e de Comércio por grosso de peixe, crustáceos e
moluscos (CAE 46381), não é aplicável o regime de Dedução de Lucros Retidos e
Reinvestidos (DLRR).

Proc.º n.º 2020 001469, PIV n.º 17279, despacho de 28-05-2020 (publicada em 10-11-
2020): Remuneração Convencional do Capital Social (RCCS) - Prestações acessórias
submetidas ao regime das prestações suplementares.

No caso em apreço estava em causa um aumento do capital social que a entidade pretendia
efetuar (em 2020) por via da conversão de prestações acessórias (registadas no seu capital
próprio, na rubrica de "Outros instrumentos de capital próprio"), as quais seguiram o regime
aplicável às prestações suplementares (indicando a entidade, adicionalmente, que as
referidas prestações acessórias tiveram origem na conversão de suprimentos), colocando a
questão de saber se tal aumento do capital social era suscetível de beneficiar do regime
previsto no art.º 41.º-A do Estatuto dos Benefícios Fiscais (EBF).

Concluiu a AT que o referido aumento do capital social da entidade, não é suscetível de poder
beneficiar do regime da remuneração convencional do capital social, previsto no artigo 41.º-
A do EBF, porquanto apenas são de considerar as entradas em espécie correspondentes à
conversão de créditos em capital social relativas aos créditos que se qualifiquem como
passivo financeiro e que, como tal, se encontram reconhecidos contabilisticamente na Classe
2 - Contas a receber e a pagar do Código de Contas do Sistema de Normalização
Contabilística (SNC).

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4. Informações vinculativas - IMT

Proc.º n.º 2020000579, PIV n.º 17901, despacho de 01-09-2020 (publicada em 07-10-
2020): Locação financeira imobiliária. Aquisição pela sócia da locatária, a título pessoal, do
imóvel locado. Isenção.

Em 6 de abril de 2009, entre a sociedade de que a requerente é sócia, e a instituição


financeira, foi firmado um contrato de locação financeira imobiliária, tendo por objeto o bem
imóvel X.

Finda a locação, em 7 de abril de 2019, mostrando-se pagas todas as rendas, bem como o
valor residual, a requerente obteve a anuência da entidade locadora, relativamente à
possibilidade de a aquisição do imóvel poder ser titulada pelos sócios em nome próprio, e
não pela locatária.

Conclui a AT que se a sócia se apresentar a título pessoal a adquirir o imóvel anteriormente


locado, ainda que essa aquisição esteja devidamente autorizada pela entidade locadora, não
beneficia da isenção de IMT prevista no artigo 3.º do DL. n.º 311/82, de 4 de agosto, porquanto
não se encontra investida na posição de locatária, que, de acordo com a informação a que
foi possível aceder, permaneceu na esfera da sociedade.

Proc.º n.º 2020000578, PIV n.º 17850, despacho de 14-08-20 (publicada em 07-10-2020):
Adjudicação de bens imóveis afetos a uma sociedade civil aos sócios na respetiva proporção
da entrada de cada um.

A sociedade requerente (sociedade civil pura) está sujeita ao regime de transparência fiscal,
em sede de IRC, sendo que os sócios pretendem dissolver e liquidar esta sociedade,
reembolsando as entradas realizadas, através da restituição dos bens imóveis transmitidos
para a mesma, nas respetivas proporções de cada um, vindo a ser posteriormente alguns
bens vendidos e, relativamente à sócia “A”, pretende-se que a dissolução da sociedade se
faça em benefício do património da de cujus, uma vez que o seu património ainda não foi
partilhado.

Considera a AT, admitindo que a sociedade em questão no presente pedido é uma sociedade
civil pura, que não tem personalidade jurídica, a adjudicação de bens imóveis aos sócios na
liquidação da mesma não é tributada em sede de IMT pela alínea e) ou alínea f) do n.º 5 do
art.º 2.º do CIMT.

Considerando que a adjudicação dos bens imóveis, afetos à sociedade, aos sócios vai ocorrer
nas respetivas proporções da entrada de cada um, a quota-parte de cada sócio sobre os bens
imóveis é igual à quota ideal que lhe cabia antes do ato de partilha, pelo que não há qualquer
excesso, inexistindo tributação em sede de IMT pela alínea c) do n.º 5 do art.º 2.º do CIMT.

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5. Informações vinculativas - Imposto do Selo

Proc.º n.º 2020000532, PIV n.º 17783, despacho de 30-08-2020 (publicada em 07-10-
2020): Acordo de gestão centralizada de tesouraria - Cash Pooling - Isenção da alínea h) do
n.º 1 do art.º 7.º do CIS - Falta de preenchimento do pressuposto subjetivo de que depende
o direito ao benefício fiscal.

A questão colocada relaciona-se com a nova disposição legal conferida pela Lei do
Orçamento do Estado para 2020 à disposição legal suprarreferida.

Grupo “X” pretende implementar uma gestão de tesouraria de conta corrente (Cash Pooling,
na modalidade de Cash Concentration), centralizando regularmente os saldos das contas
bancárias locais das diferentes subsidiárias (empresas participantes) em uma conta de pool
gerida pela “X”, empresa centralizadora, operação na qual a “X”, holding do grupo com sede
em França, funciona como entidade centralizadora e a Requerente (sucursal de “X” em
Portugal), como entidade aderente.

Pretende a Requente saber se as operações financeiras a realizar entre si e a “X”, no âmbito


do Contrato de Cash Pooling, estão ao abrigo da isenção prevista na alínea h) do n.º 1 do
art.º 7.º do Código do IS para os saldos excedentários (saldos credores) da conta
centralizadora para a conta da Requerente

Conclui a AT que, pese embora a Requerente disponha de personalidade tributária, expressa


na capacidade de realizar operações económicas com relevância fiscal, válidas para efeitos
de tributação e para o estabelecimento da relação jurídico-tributária –, em obediência aos
critérios que impedem o recurso à integração analógica de normas que estabelecem
benefícios fiscais, como expressamente prevê o art.º 10.º do EBF, atendendo ao estatuto
pessoal da Requerente, isto é, de mera sucursal, as operações derivadas da execução do
acordo de cash pooling sob análise não poderão aproveitar da isenção prevista na alínea h)
do n.º 1 do art.º 7.º do Código do IS.

Com efeito, a Requerente é uma sucursal, um estabelecimento estável de uma entidade não
residente, in casu, da entidade centralizadora “X”, e a norma exige, para que a isenção
funcione, que os empréstimos de curto prazo efetuados no âmbito de um contato de gestão
centralizada de tesouraria (cash pooling) sejam “concedidos por sociedades (…) a favor de
sociedades com a qual estejam em relação de domínio ou de grupo”.

Proc.º n.º 2020000319, PIV n.º 17326, despacho de 17-07-2020 (publicada em 07-10-
2020): Trespasse de estabelecimento comercial com dois imóveis. Um com um contrato de
locação financeira imobiliária associado; o outro com um contrato de comodato associado.

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A Requerente exerce a sua atividade em nome individual, explorando um estabelecimento
comercial de farmácia devidamente legalizado e pretende constituir uma sociedade comercial
unipessoal por quotas. O capital social da sociedade a constituir será realizado mediante uma
entrada em espécie resultante da transmissão da totalidade do património afeto ao exercício
da sua atividade empresarial e profissional, sendo que desse património não faz parte, por
não estar associado ao exercício da referida atividade empresarial e profissional, qualquer
imóvel arrendado, pois um dos imóveis encontra-se dado à Requerente em regime de locação
financeira imobiliária e o outro é usado em regime de comodato.

Face ao entendimento conhecido e assumido pela AT sobre a verba 27.1 da TGIS, que está
alinhado com a posição restritiva daqueles que defendem que só há trespasse quando
subjacente à transferência definitiva e a título oneroso dos elementos corpóreos e incorpóreos
que compõem a atividade a transmitir seja também transmitido o direito de arrendamento do
prédio onde o estabelecimento está instalado, conclui-se que a transmissão que a
Requerente pretende realizar não se encontra sujeita a Imposto do Selo.

Braga, 03 de dezembro de 2020

Luís Filipe Esteves

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