Gramatica Ensino Médio
Gramatica Ensino Médio
Gramatica Ensino Médio
9
ENSINO
MÉDIO
MORFOSSINTAXE I
1 Substantivo / Artigo / Adjetivo. . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
As classes gramaticais e suas funções . . . . . . . . . . . . . .4
Morfossintaxe do substantivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6
Substantivo e semântica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7
O substantivo na construção do texto . . . . . . . . . . . . . . .7
Morfossintaxe do artigo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
A referenciação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12
A remissão textual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12
Morfossintaxe do adjetivo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13
Adjetivo e semântica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13
O adjetivo na construção do texto . . . . . . . . . . . . . . . . .14
2 Interpretação de Texto I. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Texto e linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26
Para uma interpretação de texto eficiente . . . . . . . . . . .27
Texto verbal e não verbal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
GRAMÁTICA
A imagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30
O símbolo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
Textos em diálogo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .32
Revisão Obrigatória | 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Revisão Obrigatória | 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
2137858 (PR)
Morfossintaxe I
MÓDULO
Morfossintaxe I
LASSEDESIGNEN/ SHUTTERSTOCK
REFLETINDO SOBRE A IMAGEM
www.sesieducacao.com.br
CAPÍTULO
1 Substantivo / Artigo /
Adjetivo
Objetivos: Para expressarmos de maneira completa, clara e (por que não?) surpreendente as características
do que compõe uma imagem e tudo o que ela nos leva a perceber e sentir, precisamos de várias
c Identificar os substan- classes de palavras, como os substantivos e os adjetivos.
tivos, os artigos e os
Quando ainda não sabemos nomear tudo o que está inserido no mundo a nossa volta, mostra-
adjetivos como instru-
mos (ou apontamos para) aquilo a que gostaríamos de nos referir. E essa impossibilidade se deve
mentos linguísticos
– classes de palavras ao fato de desconhecermos muitos substantivos (“água”, “cachorro”, por exemplo) que fazem parte
– usados para objetivar desse mundo que objetivamos apresentar e que surgem, tantas vezes, acompanhados pelos artigos:
a existência e a carac- “a água”, “o cachorro”. Mais tarde, vendo ampliado o nosso vocabulário, então refinamos o modo
terização das coisas no de nos referir a tudo, porque já somos capazes de qualificar ou caracterizar cada um daqueles
mundo. substantivos que passamos a conhecer, e o fazemos por meio de adjetivos: “água fresca”, “cachorro
peludo”. Surpreende a forma como a aquisição da linguagem acompanha uma crescente capacida-
c Analisar as funções de
substantivos, artigos de de nos conectarmos ao mundo. E isso é só mais uma prova do quanto a nossa língua é versátil!
e adjetivos em estru-
turas ampliadas como Observe a tirinha para, em seguida, responder ao que se propõe.
a frase, a oração e o
LAERTE
período, ou seja, à luz
da morfossintaxe.
c Reconhecer as varia-
das funções sintáticas
assumidas pelos subs-
tantivos quando estes
são núcleos, essências
da significação nos
períodos, para com-
preender os sentidos
de seu emprego nos
a) A palavra “vida”, que aparece no primeiro e no segundo quadrinhos, é usada, na tirinha,
Professor, nesta atividade pode-se trabalhar a habilidade 1 da matriz
textos. para nomear ou qualificar? de referência do Enem, em que temos como “identificar as diferentes
A palavra é usada para nomear. linguagens e seus recursos expressivos como elementos de caracteri-
c Empregar os artigos zação dos sistemas de comunicação”, pois existem na comunicação
diferentes interpretações dadas à mesma palavra.
definidos e indefinidos
adequadamente, de
acordo com a refe-
renciação, a remissão
textual e a interlocução b) A mesma palavra, “vida”, tem sentidos diferentes para Messias e para seu pai. Quais são
desejada. esses sentidos, com base nos quais se constrói o humor da tirinha?
Para o pai de Messias, “vida” tem um sentido mais amplo, referindo-se à vivência humana, desde o nascimento
c Identificar as funciona- até a morte. Para Messias, “vida” tem um significado ligado aos jogos de videogame, apenas.
lidades dos adjetivos
na oração e aplicá-los
adequadamente para
promover os sentidos
desejados na constru-
ção textual. AS CLASSES GRAMATICAIS E SUAS FUNÇÕES
Já tratamos do estudo da morfologia (em especial, das classes de palavras) e da sintaxe (perío-
dos simples e compostos, concordância e regência). A partir de agora, estudaremos as classes de
palavras sob um novo enfoque, analisando as funções que cada uma delas pode ter em estruturas
4 Morfossintaxe I
que se ampliam — na frase, na oração, no período. Esse enfoque recebe o nome de morfossinta-
xe, assunto explorado, em maior ou menor grau, nos vestibulares.
É importante observarmos que, ao desenvolvermos estudos de morfossintaxe, conheceremos
as possibilidades de uso das classes gramaticais na composição dos textos. Desse modo, compreen-
der todas as questões que envolvem a semântica e a estilística é apropriar-se da possibilidade de
construir ideias mais claras, amplas e completas.
Leia, para começar, o quadro a seguir, que é uma síntese dessa apresentação morfossintática.
Morfossintaxe I 5
MORFOSSINTAXE DO SUBSTANTIVO
O substantivo pode ter várias funções sintáticas, sendo o núcleo de todas elas a essência
de sua significação. Observe os exemplos que seguem, tomando por base o nome “Tiago”.
Tiago ganhou o concurso de literatura. (sujeito)
O novo morador da república era Tiago. (predicativo do sujeito)
Passaram a chamá-lo simplesmente de Tiago. (predicativo do objeto)
Os rapazes da escola não viram Tiago na sala de aula. (objeto direto)
A mãe precisava de Tiago naquele momento. (objeto indireto)
A mãe de Tiago procurou-o por toda parte. (adjunto adnominal)
Na festa, a aniversariante fez alusão a Tiago. (complemento nominal)
Os desenhos foram feitos por Tiago. (agente da passiva)
Ela chegou à festa com Tiago. (adjunto adverbial)
O novo aluno, Tiago, perdeu metade das provas. (aposto)
Meu Deus, Tiago, tire essas roupas do caminho! (vocativo)
REPRODUÇÃO
Além do nome do produto, que aparece em destaque no texto do anúncio, outros dois subs-
tantivos cooperam para a compreensão de que se trata de um produto gostoso e prático: “sabor”
e “lugar”. Esses substantivos, com o adjetivo “inconfundível” e o pronome “qualquer”, mostram ao
leitor que se trata de um alimento que pode ser ingerido onde se deseja e que, principalmente,
não decepciona no sabor.
6 Morfossintaxe I
SUBSTANTIVO E SEMÂNTICA
Da mesma forma que qualquer palavra pode ser substantivada, o substantivo pode, por vezes,
pertencer a outra classe gramatical, dependendo do contexto e de sua posição na frase.
Leia com atenção este fragmento de “Ode ao burguês”, de Mário de Andrade.
Eu insulto o burguês! O burguês-níquel,
o burguês-burguês!
A digestão benfeita de São Paulo!
O homem-curva! o homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
é sempre um cauteloso pouco a pouco!
Morfossintaxe I 7
Não se conformou: devia haver engano. Ele era bruto, sim senhor, via-se perfeitamente
que era bruto, mas a mulher tinha miolo. Com certeza havia um erro no papel do branco. Não
se descobriu o erro, e Fabiano perdeu os estribos. Passar a vida inteira assim no toco, entre-
gando o que era dele de mão beijada! Estava direito aquilo? Trabalhar como negro e nunca
arranjar carta de alforria!
O patrão zangou-se, repeliu a insolência, achou bom que o vaqueiro fosse procurar ser-
viço noutra fazenda.
Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem. Não era preciso barulho não. Se
havia dito palavra à toa, pedia desculpa. Era bruto, não fora ensinado. Atrevimento não tinha,
conhecia o seu lugar. Um cabra. Ia lá puxar questão com gente rica? Bruto, sim senhor, mas
sabia respeitar os homens. Devia ser ignorância da mulher, provavelmente devia ser igno-
rância da mulher. Até estranhara as contas dela. Enfim, como não sabia ler (um bruto, sim
senhor), acreditara na sua velha. Mas pedia desculpa e jurava não cair noutra. O amo abran-
dou, e Fabiano saiu de costas, o chapéu varrendo o tijolo. Na porta, virando-se, enganchou as
rosetas das esporas, afastou-se tropeçando, os sapatões de couro cru batendo no chão como
cascos. [...]
Note como o substantivo, muitas vezes, ajuda a caracterizar as personagens: “mas a mulher
tinha miolo” (tinha esperteza, inteligência).
8 Morfossintaxe I
tuam a realidade, como forma de explicar o texto e o contexto. Palavras como “mocidade”
e “velhice” trazem com elas uma gama de significados, e é necessário um nível de abstração
(entenda-se reelaboração do pensamento e da linguagem), o que vem explicar por que provér-
bios e ditos populares têm suas “mensagens” captadas com mais rapidez do que conceitos e
teses.
ATIVIDADES
As questões 1 e 2 têm como referência o texto a seguir.
de expressão não intuitivas ou menos espontâneas e mais
Língua é objeto de investigação científica
sutis, mantendo um constante diálogo com a história.
A cada dia os estudantes têm demonstrado mais curio-
A linguística contribui, assim, para uma compreensão do
sidade pelo campo de estudo da linguística. O interesse
fenômeno linguístico como parte indissociável da cultura.
vem revelar tanto o desconhecimento dessa área do saber
CAMARGO, Thaís Nicoleti de. Folha de S.Paulo, 22 ago. 2002.
como o seu crescente prestígio, que já a faz sair de relativa
obscuridade. 1 (UFPE) Assinale a alternativa em que as palavras destacadas são
A linguística lança sobre o idioma, seu objeto de estudo, semanticamente equivalentes.
o olhar da ciência, com seu método investigativo de ob- a) “a faz sair de relativa obscuridade” (§ 1) — sair de relativa
servação dos fenômenos e total ausência de preconceito, dormência
condições preliminares para a busca do conhecimento. b) “a defesa intransigente da norma culta” (§ 4) — a defesa
Essa isenção, aliada à disposição de descobrir o real descabida da norma culta
funcionamento das línguas e os fatores intralinguísticos c) “se apoia em certos cânones” (§ 5) — em certas regras
e extralinguísticos que o regem, faz que a linguística não d) “afiança-se na tradição” (§ 5) — desenvolve-se na tradição
trabalhe com os conceitos de “certo” e “errado”. Elabora e) “parte indissociável da cultura” (§ 6) — imprescindível da
uma gramática descritiva em lugar de uma gramática cultura
prescritiva. Nas alternativas a, b, d e e há significativa alteração de sentido. Alternativa c.
2 (UFPE) Conforme o texto, “a linguística elabora uma gramática
Por ser uma ciência, a linguística não é sensível às preo-
descritiva em lugar de uma gramática prescritiva”. Essa ideia é
cupações com o suposto risco de “decadência“ do idioma,
apresentada, com outras palavras, em uma das alternativas se-
visto que, por sua natureza, a língua só assimila as trans-
guintes. Assinale-a.
formações que lhe são úteis e necessárias. Assim, a defesa
a) A linguística objetiva investigar os fenômenos linguísticos e
intransigente da norma culta — o padrão dos estratos mais
descobrir o seu funcionamento, não se preocupando com
bem-sucedidos na sociedade — entendida como o único
as noções de “certo” e de “errado”.
modelo de correção, pode levar ao reforço de certos pre-
b) A linguística é uma ciência e, como tal, objetiva orientar a
conceitos associados a usos linguísticos próprios de cama-
elaboração das gramáticas prescritivas, para que os falantes
das economicamente desfavorecidas.
dominem as normas que regem sua língua.
A linguagem espontânea é igualmente alvo do interesse
c) A preocupação precípua da linguística é a de manter a
da linguística, pois ela representa a língua viva, em ação. Já
tradição da língua, para preservação dos modelos fornecidos
a norma tida como culta é preservada graças a uma atitude
pelas formas clássicas da literatura.
disciplinadora que se apoia em certos cânones. Afiança-se
d) É interesse da linguística defender os padrões da norma culta
na tradição, explicação última para a escolha de uma forma
e elaborar as regras que definem a manutenção dos estratos
em detrimento de outra. Mas a própria literatura — forne-
sociais mais aceitos e bem-sucedidos.
cedora dos modelos de realização linguística — incorporou
e) A linguística investiga os conteúdos oriundos da história e
definitivamente elementos da linguagem oral.
da cultura, com o objetivo de estabelecer as normas que
Diante disso, o estudo das possibilidades oferecidas
regulam o melhor uso da língua.
pela norma culta conserva sua importância em virtu- GRAMÁTICA
de de a expressão, sobretudo, de conteúdos complexos e 3 +Enem [H21] Leia, a seguir, o início de um artigo escrito por
racionais, servir-se das estruturas que a história e a cul- Evanildo Bechara, membro da Academia Brasileira de Letras, em
tura nos põem à disposição. Não se trata de abandonar que ele emite sua opinião sobre a adoção, no Brasil, do acordo
o passado — como se fosse possível renegar a história — ortográfico de 1990.
tampouco de substituir uma construção por outra como
ABL reage às críticas ao acordo
mera afirmação de um saber como valor em si. Trata-se
Para imortal da Academia, adiamento da obrigatoriedade
antes de acrescentar à capacidade linguística alternativas
2. Elaborar uma gramática “descritiva” no lugar de “prescritiva” significa dizer que não há separação entre o que está certo e o que está errado, mas que, pelo contrário, se
pretende simplesmente observar como a língua se comporta em seu uso, independentemente de regras preestabelecidas. Alternativa a.
Morfossintaxe I 9
3. O adjetivo “imortal”, empregado comumente para se referir aos membros da ABL, não tem relação direta com questões espirituais nem indica que eles não fiquem
doentes, o que invalida a; o problema em b é que aparecem, sim, artigos no subtítulo (embora, de fato, esse uso seja feito com muita parcimônia), ainda que estejam
unidos a preposições; c está errada porque Bechara, ao contrário de apoiar tais ideias, escolheu os adjetivos citados para mostrar que não concorda com elas; a afirmativa
contida em e é equivocada porque substantivo e adjetivo, neste caso, somam-se em seus sentidos. Alternativa d.
b) À velhice.
da reforma ortográfica é “lamentável” e protestos, “inconsis-
c) À morte.
tentes”
d) À loucura.
Volta e meia aparecem críticas [...] ao acordo ortográfico de
e) À adolescência.
1990. Agora que um inócuo e lamentável decreto [...] pror-
roga até o fim de 2015 o prazo da transição de suas bases 5 (Iesville-SC, adaptada) Talvez o sentido de “caroável” não seja
no Brasil, acreditamos que aproveitem esses críticos o in- muito diretamente perceptível, por se tratar de um adjetivo não
tervalo para, estudando-as melhor, não lancem tantas injú- muito comum. Pelo contexto, porém, seria possível determinar
rias desconexas a um texto preso a uma tradição mais que seu sentido? Qual seria ele?
centenária. É possível determinar seu sentido por meio da palavra “ou”, que, embora tenha
[...] um sentido de alternância, induz à ideia de contrariedade, de oposição. Com
Disponível em: http://revistalingua.uol.com.br
isso, o leitor é levado a pensar no adjetivo “caroável” como algo oposto a “dura”.
(acesso em 01 dez. 2016)
Logo, o sentido seria o de algo amável, doce.
Sobre o texto e sua organização, pode-se afirmar corretamente
que:
a) o adjetivo “imortal”, empregado no subtítulo, indica que,
espiritualmente, por motivos religiosos, considera-se que
COMPLEMENTARES
PARA PRATICAR
alguns membros da Academia Brasileira de Letras não são
6 (UFAL) Considere o poema seguinte, para responder à questão.
susceptíveis a doenças ou à morte.
b) no subtítulo do artigo não aparecem artigos, o que é uma Erro de português
regra rígida à qual não se pode fugir, já que o uso dessa classe Quando o português chegou Fosse uma manhã de sol
de palavras, ainda que raramente, leva à impossibilidade de Debaixo duma bruta chuva O índio tinha despido
compreensão desses subtítulos. Vestiu o índio O português.
c) os adjetivos “lamentável” e “inócuo”, empregados pelo autor Que pena!
para caracterizar o decreto de que trata o texto, mostram o
apoio de Evanildo Bechara em relação a essa decisão. Identifique a função sintática da palavra “índio”, em cada uma
d) o substantivo “injúrias”, empregado pelo autor do texto para das ocorrências no texto.
se referir às ideias disseminadas por alguns críticos a respeito
7 (UFBA, adaptada)
das bases do acordo, deixa claro que Evanildo Bechara não
considera tais ideias confiáveis. Universidade sem luz
e) as palavras “tradição” e “centenária” anulam-se semantica- A metáfora não poderia ser mais perfeita: por falta de verbas,
mente, já que o substantivo tem uma acepção positiva e o a universidade ficou sem luz. [...] Por atrasos nos pagamen-
adjetivo que o segue uma acepção totalmente negativa. tos, a Light cortou o fornecimento de energia elétrica para
diversos prédios da UFRJ, incluindo centros hospitalares.
Leia o texto a seguir para responder às questões que seguem. A associação mais clara entre universidade e luz remonta
ao iluminismo (ou filosofia das luzes), o movimento que
Consoada
surgiu na França do século XVIII e que se caracterizava
Quando a Indesejada das gentes chegar
pela confiança no progresso e na razão, pelo desafio à tra-
(Não sei se dura ou caroável),
dição e à autoridade e pelo incentivo à liberdade de pen-
Talvez eu tenha medo.
samento. [...]
Talvez sorria, ou diga:
Essa matriz de pensamento lançou as bases do racionalis-
— Alô, Ineludível!
mo ocidental contemporâneo, e alguns de seus princípios
O meu dia foi bom, pode a noite descer.
constituem o núcleo dos direitos políticos das democracias.
(A noite com seus sortilégios.)
Uma universidade sem luz simboliza, portanto, a negação
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
de tudo o que uma universidade deve ser.
A mesa posta,
Folha de S.Paulo. São Paulo, 7 ago. 2002.
Com cada coisa em seu lugar. Opinião, p. A2. Editorial.
Ao longo de todo o poema, Bandeira refere-se à morte, tanto por Manuel Bandeira
meio de expressões metafóricas quanto por meio de adjetivos, Identifique os sentidos da palavra “luz”, destacada no tex-
como “dura” e “caroável”. Alternativa c. to mais de uma vez, considerando-a em seu contexto.
4 (Iesville-SC, adaptada) Em “Consoada”, a expressão “Indesejada
8 (Fatec-SP) “Sonham com bife a cavalo, batata frita. E a sobremesa
das gentes” e o termo “Ineludível” referem-se a que fenômeno?
é goiabada-cascão com muito queijo.” Os substantivos “sobre-
a) Ao nascimento.
mesa” e “goiabada-cascão”, respectivamente, têm a função de
10 Morfossintaxe I
núcleo:
a) do predicativo e do sujeito. c) do sujeito e do objeto indireto. e) do sujeito e do predicativo do sujeito.
b) do objeto direto e do sujeito. d) do vocativo e do predicativo.
MORFOSSINTAXE DO ARTIGO
O artigo é a classe gramatical que acompanha somente o substantivo, especificando-o ou ge-
neralizando-o, precedendo-o imediatamente ou por um intermediário. Qualquer palavra associa-
da a um artigo é substantivo. Sua única função sintática é a de adjunto adnominal, a não ser que
apareça transformado em um substantivo.
Os artigos definidos e indefinidos aparecem em sua forma simples, contraídos ou combinados
com preposição. Veja a seguir.
em no na nos nas
Repare que, em alguns casos, os artigos se unem às preposições sem que haja modificações fo-
néticas, ou seja, sem perda de sons (a + o = ao, a + os = aos). A esse tipo de junção damos o nome
de combinação. Em outros casos, porém, o que ocorre é uma contração, com o desaparecimento
de sons, porque os artigos se unem às preposições ajustando-se o som da palavra formada (de +
o = do, em + a = na). CURIOSIDADE
Morfossintaxe I 11
A REFERENCIAÇÃO
A operação de referenciação na língua portuguesa realiza-se tanto por meio de substantivos
(que referenciam ao nomearem) quanto por signos de valor pronominal (em função substantiva
ou adjetiva).
Observe os enunciados a seguir.
Naquele quarto, Bruna, enfim, o descobriu: Márcio estava sob a minha cama.
1 2 3 4 5 6
— Ou você sai já desse lugar, ou eu vou te pegar!, ameaçou ela.
7 8 9 10 11
Note que os termos destacados estão inter-relacionados e se referem a outros termos do texto. À exceção
dos substantivos “Bruna” e “Márcio”, os demais termos numerados denominam-se fóricos (palavra de origem
grega com os sentidos de “levar”, “trazer”). As palavras fóricas remetem sempre a algum elemento (anterior
OBSERVAÇÃO ou posterior a ele) e constituem uma teia de referenciação em que se fundamentam a remissão textual
e a interlocução.
1 Se o referente figura no segmento
de texto anteriormente ao referen- Veja que “naquele” (1) se refere a “quarto”. “Eu” (9) e “ela” (11) se referem a “Bruna” (2). “Már-
ciador, realiza-se uma referenciação cio” (4), “você” (7) e “te” (10), por sua vez, ligam-se a “o” (3), assim como “o” (3), “você” (7) e “te” (10)
anafórica, ou, simplesmente, uma se relacionam com “Márcio” (4). Outras palavras, no exemplo dado, também têm essa função de
anáfora. Por exemplo: “Estou des- fóricos, como “a” (5) e “minha” (6), que se referem a “cama”.
confiada de você”, foi isso que ela me
disse. Um termo como “isso” é anafó- Em todos os textos há elementos que se ligam a outros. Esse mecanismo é imprescindível para
rico, pois recupera semanticamente a clareza e compreensão de um texto.
um referente já mencionado (“Estou
desconfiada de você”) e acumula todas
as afirmações relacionadas a ele. A REMISSÃO TEXTUAL
De outro modo, quando o referente
é posterior ao referenciador, opera- Na remissão textual, empregam-se palavras fóricas que fazem referência aos elementos envol-
-se uma referenciação catafórica, ou, vidos numa situação de que se fala no texto. Para isso, há um sistema referencial fundado numa
apenas, uma catáfora. Por exemplo: bipolarização que inclui o referenciador textual (o termo que faz referência a outro) e o refe-
Então, ela me disse isto: “Estou des-
rente textual (o termo ao qual o outro se refere). Têm o papel de referenciadores textuais:
confiada de você”. Diferentemente, o
termo “isto” é catafórico, ao sinalizar a os artigos definidos;
presença de um referente que ainda os pronomes pessoais de terceira pessoa;
não foi citado. os pronomes possessivos;
A referenciação num diálogo, ou
interlocução, acarreta o emprego os pronomes demonstrativos. 1
de palavras fóricas que aludem aos Observe atentamente, no texto a seguir, a presença dos artigos definidos, referenciadores, que
agentes do discurso, os interlocutores,
ou seja, o emissor (ou o falante) e o
estão destacados.
receptor (ou o ouvinte). Na interlo- Também com o Renascimento surge pela primeira vez a ideia de gênio, que trouxe consi-
cução, um falante (primeira pessoa)
introduz os locutores, os participantes go uma outra, a de propriedade intelectual. Na Idade Média, faltando essa ideia, não havia a
de um ato de fala (ou elocução). Em preocupação de ser original. Sendo a arte concebida como manifestação da ideia de Deus, o
outras palavras, o falante introduz artista era apenas um instrumento pelo qual se fazia visível a ordem eterna […].
seu interlocutor (segunda pessoa) e a Enquanto na Idade Média a obra tinha apenas o valor de objeto, sem a valorização da au-
si mesmo, por meio de:
toria, no Renascimento, ela passa a ser considerada também pela personalidade que, através
pronomes pessoais de primeira
pessoa (falante); dela, fala […].
pronomes pessoais de segunda No Renascimento […] o público passa a julgar a arte não somente do ponto de vista da
pessoa (ouvinte). vida e da religião, mas também a partir do ponto de vista da própria arte [seus aspectos for-
Tais pronomes, na interlocução, são
palavras exofóricas porque remetem
mais: construção, estilo etc.].
a referentes exteriores ao texto e Lígia Cademartori
envolvidos na situação de discurso.
Quando um termo se refere a ele- Os termos destacados no texto citado são endofóricos; além disso, tais referenciadores são
mentos implicados dentro do texto, é todos da terceira pessoa e não se relacionam a interlocutor algum, isto é, seus referentes não são
chamado de endofórico. nem o emissor nem o receptor da mensagem.
12 Morfossintaxe I
Os referenciadores catafóricos
Os artigos definidos (o, a, os, as) são referenciadores sempre catafóricos e podem ser empregados
na sua forma simples ou contraídos (ou combinados) com preposição. Veja este anúncio:
APL/RENAULT BRASIL
MORFOSSINTAXE DO ADJETIVO
Adjetivo é toda palavra que, ao se associar a um substantivo, indica qualidade, defeito, estado
ou condição. Exerce as funções sintáticas de adjunto adnominal, predicativo do sujeito e pre-
dicativo do objeto. Veja estes exemplos:
Uma noite morna chegou de repente. (adjunto adnominal de “noite”)
Naquela manhã, ele estava bastante abatido. (predicativo do sujeito “ele”) GRAMÁTICA
Achei Geraldo meio triste ontem. (predicativo do objeto direto “Geraldo”)
Chamaram a Juarez de panaca. (predicativo do objeto indireto “Juarez”)
ADJETIVO E SEMÂNTICA
Alguns adjetivos, em virtude de sua posição em relação ao substantivo, mudam de significa-
do. Observe:
Morfossintaxe I 13
A pobre criança agarrou-se ainda mais à mãe. (infeliz)
A criança pobre agarrou-se ainda mais à mãe. (sem recursos)
Você não pode responder a uma simples pergunta? (mera)
Você não pode responder a uma pergunta simples? (fácil)
Embora os adjetivos em destaque tenham significados diferentes, têm a mesma função sintá-
tica: todos são adjuntos adnominais.
Quando associado ao artigo definido, no grau superlativo relativo — especialmente de supe-
rioridade —, o adjetivo adquire sentido especial, como no exemplo a seguir.
MCCANN/GM DO BRASIL
Nesta peça publicitária, texto e imagem constroem a alusão ao mito de Narciso. A expressão “o mais belo”
não deixa dúvidas quanto ao sentido que se quer produzir.
14 Morfossintaxe I
Cc AmEx, DC, MC, V. Mapa pág. 328 H13.
Este simpático e aconchegante hostal de apenas um andar tem agradável ar familiar. To-
dos os 26 apartamentos têm ar condicionado, pé-direito alto, banheiro e uma ótima ducha.
O casal de proprietários fala vários idiomas e pode fazer reservas em outros hotéis caso você
esteja indo para outras regiões do país. O café da manhã farto inclui frutas frescas e café de
excelente qualidade.
TV (satélite).
O Estado de S. Paulo, 2008, p. 64.
Guia Time Out. Coleção Guias Estadão.
Texto II
Certa manhã, ao despertar de sonhos intranquilos, Gregor Samsa encontrou-se em sua
cama metamorfoseado num inseto monstruoso. Estava deitado sobre suas costas duras como
couraça e, quando levantou a cabeça, viu seu ventre abaulado, marrom, dividido em segmen-
tos arqueados, sobre o qual a coberta, prestes a deslizar de vez, apenas se mantinha com difi-
culdade. Suas muitas pernas, lamentavelmente finas em comparação com o volume do resto
de seu corpo, vibravam desamparadas ante seus olhos.
KAFKA, Franz. A metamorfose. Tradução de Marcelo Backes. Porto Alegre: L&PM, 2001.
Texto III
Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna
e mais longos que seu talhe de palmeira.
O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque
como seu hálito perfumado.
Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde
campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava
apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.
Um dia, ao pino do sol, ela repousava em um claro da floresta. Banhava-lhe o corpo
a sombra da oiticica, mais fresca do que o orvalho da noite. Os ramos da acácia silvestre
esparziam flores sobre os úmidos cabelos. Escondidos na folhagem os pássaros amei-
gavam o canto.
José de Alencar. Iracema.
Repare como os adjetivos ajudam na construção dos textos. No texto I, eles têm o objetivo de
qualificar o albergue Martín como um lugar agradável para se hospedar. O hostal é elogiado por
meio dos adjetivos “simpático” e “aconchegante”, com um ar “agradável” e “familiar”. A ducha,
segundo o autor, é “ótima”. No café da manhã, que é “farto”, as frutas são “frescas” e o café tem
uma qualidade “excelente”. Ou seja, segundo o autor da descrição, vale a pena hospedar-se no
Hostal Martín.
O que ocorre com o texto de Franz Kafka, no entanto, é o extremo oposto. Nada é qualifi-
cado positivamente, mas, sim, de modo a causar certo asco no leitor, que, com isso, se sente
compadecido em relação à situação do pobre Gregor Samsa, que, de repente, pela manhã,
acorda transformado em um “monstruoso” inseto, depois de haver tido sonhos “intranquilos”.
O monstro em que Gregor havia se transformado tem as costas “duras”, o ventre “abaulado” e
“marrom”, em segmentos “arqueados”, e as pernas “finas”. Para desespero de Samsa, partes de
seu corpo vibravam “desamparadas”. GRAMÁTICA
Vemos, então, que os adjetivos, ao se relacionarem com os substantivos que qualificam, aju-
dam a construir o sentido do texto.
No texto III, na descrição e caracterização de Iracema e seus predicados, o autor faz uso abun-
dante do adjetivo, principalmente no grau comparativo. A exploração do adjetivo é uma caracterís-
tica do Romantismo, que necessitava desse recurso estilístico para expressar sentimentos, emoções
das personagens ou do eu lírico.
Agora, observe como, na poesia de Álvares de Azevedo, o eu lírico supervaloriza seus sentimentos.
Morfossintaxe I 15
CURIOSIDADE Adeus, meus sonhos!
1 Blend, termo de origem inglesa, Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro! E minh’alma na treva agora dorme
que significa “mistura, combinação”, Não levo da existência uma saudade! Como um olhar que a morte envolve em luto.
designa também uma variação E tanta vida que meu peito enchia Que me resta, meu Deus?!… morra comigo
de uísque. Um blended whisky é Morreu na minha triste mocidade! A estrela de meus cândidos amores,
produzido por meio de uma mistura
(blend) de vários uísques fabricados Misérrimo! votei meus pobres dias Já que não levo no meu peito morto
por meio da destilação de grãos e À sina doida de um amor sem fruto Um punhado sequer de murchas flores!
malte, ao contrário do puro escocês,
que é fabricado apenas pela destila- Usando o grau superlativo absoluto sintético (“Misérrimo!”), o eu lírico engrandece exagerada-
ção do malte.. mente o que sente.
CONEXÕES
O BLEND LEXICAL
O fenômeno do blend lexical é classificado como um tipo de formação de palavras, característico por unir duas palavras que adquirem um sen-
tido diferente das duas bases individuais. Normalmente, tais construções são mais recorrentes nas expressões musicais, literárias, jornalísticas e,
obviamente, nos momentos de espontaneidade do falante. O quadro seguinte exemplifica os itens lexicais individualmente e unificados, tomando
como parâmetro o que se encontra no dicionário e o sentido adquirido após o cruzamento. 1
Craque – exímio esportista Caquético – com grande enfraquecimento Craquético – craque pouco capaz
Marido – homem unido a uma mulher pelo Namorido – viver junto sem “papel
Namorado – pessoa a quem se namora
casamento passado”
Pai – genitor Mãe – mulher que deu à luz Pãe – pai e mãe ao mesmo tempo
A despeito dos cruzamentos anteriormente apresentados, determinadas construções já se tornaram categóricas na língua de tal forma que não
são mais percebidas como cruzamentos e estão nos dicionários, como mostra o quadro a seguir.
Motor + hotel w hotel com estacionamento para veículos motorizados, em que se tem acesso
Motel
aos quartos diretamente da área em que ficam os veículos.
Futebol + vôlei w jogo parecido com o vôlei, em que os jogadores usam, no lugar das mãos, os
Futivôlei
pés e a cabeça, assemelhando-se ao futebol.
Portunhol Português + espanhol w português mesclado com palavras e elementos fonéticos do espanhol.
Show + comício w reunião em praça pública, com números musicais e discursos de caráter
Showmício
social ou político.
2 Em sua opinião, a criação de blends contribui para o enriquecimento da língua ou é um problema, já que gera palavras não dicionarizadas?
3 Crie outros blends, não citados no texto como exemplos, e dê seus respectivos significados.
16 Morfossintaxe I
4 Como ocorre a formação do blend “mautorista”?
ATIVIDADES
9 (UFAL) Identifique o fato linguístico que ocorre em cada um dos 12 (U. São Judas Tadeu-SP) Em: “No momento da iniciação às drogas,
pares de palavras destacadas nas frases abaixo. o adolescente não vê os amigos morrendo, sendo pressionados
a) Era devoto de São Jorge. por traficantes nem se acabando nas sarjetas”, os substantivos
Via-se que ali estava um homem são. destacados exercem respectivamente as funções sintáticas de:
a) complemento nominal, agente da passiva, adjunto adverbial.
b) adjunto adnominal, sujeito, complemento nominal.
b) A exposição atraiu um fluxo permanente de visitantes.
c) objeto indireto, objeto indireto, adjunto adverbial.
Os visitantes surgiam de modo intermitente, sem qualquer
d) complemento nominal, objeto indireto, objeto indireto.
previsão. Em a, a palavra “São” é substantivo na primeira frase e adjetivo
na segunda; em b, as palavras são antônimas. e) adjunto adnominal, agente da passiva, objeto indireto.
Nas falas das personagens Filipe e Mafalda, estabelece-se um diálogo reflexivo e questionador sobre dinheiro e cultura. No último
quadrinho da tira, uma terceira personagem — Manolito — interfere e expõe uma nova visão. Faça uma avaliação crítica dos
pontos de vista de cada personagem, ressaltando o significado do julgamento das ideias de Filipe como “ingênuas” e “perigosas”.
TAREFA PROPOSTA
As respostas encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.
1 (UFAL, adaptada) Analise as relações de sentido apresentadas a deleite para o espírito, uma sensação de paz, harmonia.
seguir e julgue-as (V ou F). OSÓRIO, T. Meu querido professor. Vale Paraibano, 15 out. 1999.
I. “O contato com a literatura não é apenas benfazejo…” (O ter-
2 (ITA-SP) Qual a interpretação que pode ser dada à ausência da
mo que expressa o sentido contrário do destacado é “nocivo”.)
crase no trecho “a própria sensibilidade artística”?
II. “Na literatura nacional, não se passa incólume…”
(O termo destacado significa “ileso”.) 3 (ITA-SP) Qual seria a interpretação caso houvesse a crase?
III. “… cujas folhas já traziam as manchas indeléveis do tem-
4 (ITA-SP) Reescreva o trecho “… fazia vibrar sua alma de tanta
po.” (A expressão destacada equivale a “marcas que não se
empolgação e os alunos ficavam admirados”, substituindo o
podem destruir”.)
substantivo “empolgação” e o adjetivo “admirados” por sinôni-
Leia o texto para responder às questões de 2 a 4. mos e fazendo as adaptações necessárias.
Antes de começar a aula — matéria e exercícios no quadro, 5 (UFMG) “Ele observou-a e achou aquele gesto feio, grosseiro, mas-
como muita gente entende —, o mestre sempre declamava culinizado.” Os termos destacados são:
um poema e fazia vibrar sua alma de tanta empolgação e a) predicativos do objeto.
os alunos ficavam admirados. Com a sutileza de um sábio b) predicativos do sujeito.
foi nos ensinando a linguagem poética mesclada ao ritmo, c) adjuntos adnominais.
à melodia e a própria sensibilidade artística. Um verdadeiro d) objetos diretos.
18 Morfossintaxe I
e) adjuntos adverbiais de modo. positiva, servindo como exemplo para as crianças que
leem as histórias, e quais atuam de maneira controversa,
6 +Enem [H12] As fábulas de Esopo são um conjunto de histórias
oferecendo exemplo negativo.
cuja autoria se atribui a um escravo, Esopo, que viveu alguns sé-
d) A presença de animais na capa do livro é uma contradição,
culos antes de Cristo na Grécia Antiga. Há, nesse conjunto, fábulas
já que as fábulas são textos em que, raramente, aparecem
que tratam de comportamentos exemplares, que são louváveis ou
animais como personagens.
passíveis de críticas. Observe a reprodução de uma das primeiras
e) O uso da língua empregada por Esopo para formar a capa do
ilustrações para o livro Fábulas de Esopo. O autor da ilustração é
livro, juntamente com as imagens, é uma maneira de ser fiel
Arthur Rackhan.
à escrita do autor, embora, no miolo da publicação, a língua
DOMÍNIO PÚBLICO
usada seja o português brasileiro.
Morfossintaxe I 19
de polissemia em relação à palavra “prosa”. Posso, sem armas, revoltar-me?
Olhos sujos no relógio da torre:
REPRODUÇÃO
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações
[e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.
[...]
Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do
[tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.
20 Morfossintaxe I
b) sendo “frágil”, simboliza a impossibilidade de transformação por mais água que beba,
social, a não ser por meio da passividade. qual lhe sacia a sede?
c) sendo “frágil” e “feia”, simboliza a facilidade de lutar por Diverso o sucesso,
uma vida melhor. basta-lhe um verso
d) sendo “frágil”, mostra que lutar por dias melhores não é para essa desgraça
impossível, ainda que seja difícil. que se chama dar certo.
e) simboliza a certeza de que dias de maior igualdade social LEMINSKI, Paulo. Distraídos venceremos.
chegarão em breve. São Paulo: Brasiliense, 1995. p. 95.
Texto III
13 (Fuvest-SP, adaptada)
Gastei uma hora pensando um verso
E não há melhor resposta que a pena não quer escrever.
que o espetáculo da vida: No entanto ele está cá dentro
vê-la desfiar seu fio, inquieto, vivo.
que também se chama vida, Ele está cá dentro
ver a fábrica que ela mesma, e não quer sair.
teimosamente, se fabrica, Mas a poesia deste momento
vê-la brotar como há pouco inunda minha vida inteira.
em nova vida explodida; ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia.
mesmo quando é assim pequena Rio de Janeiro: Record, 2003. p. 65.
Morfossintaxe I 21
17 (Ibmec-SP) Assinale a alternativa que melhor corresponde à ideia
os seres humanos passem momentos agradáveis, perdidos
central do texto de Mario Vargas Llosa.
na irrealidade, emancipados da sordidez cotidiana, do in-
a) Os meios audiovisuais diminuíram o poder da palavra escrita.
ferno doméstico ou da angústia econômica, em descon-
b) O papel cívico da literatura está na complexidade do con-
traída indolência intelectual, as ficções da literatura não
teúdo da obra e dispensa o leitor.
podem competir com as oferecidas pelas telas, sejam de
c) O avanço da tecnologia audiovisual contribuiu para a morte
cinema ou de TV. As ilusões forjadas com a palavra exigem
da literatura.
a participação ativa do leitor, um esforço de imaginação,
d) A literatura que não mobiliza o leitor torna-se estéril.
e, às vezes — quando se trata de literatura moderna —,
e) A literatura light possibilita a fuga da realidade objetiva.
complicadas operações de memória, associação e criação,
algo de que as imagens do cinema e da televisão dispensam 18 (Ibmec-SP, adaptada) A metáfora que dá título ao texto refere-se:
os espectadores. E, por isso, os espectadores se tornam a) ao caráter de passado que se atrela à literatura diante dos
cada vez mais preguiçosos, mais alérgicos a um entreteni- meios audiovisuais.
mento que requeira esforço intelectual. b) à literatura que trata cientificamente da Pré-História.
Digo isso sem a menor intenção beligerante contra os c) aos escritores que negam o caráter efêmero da literatura de
meios audiovisuais, e a partir de minha condição confessa entretenimento.
de apreciador de cinema — vejo dois ou três filmes por d) ao desprestígio dos autores consagrados.
semana — que também desfruta com prazer um bom pro- e) aos escritores que tentam emocionar seus leitores.
grama de TV (essa raridade). Mas, justamente por isso,
19 (PUC/Campinas-SP)
com o conhecimento de causa necessário para afirmar que
nenhum dos filmes que vi, e me divertiram tanto, me aju- Se existe uma instituição moderna que de jovem não tem
dou a compreender o labirinto da psicologia humana como nada é o restaurante. Não é tão velho como pode parecer
os romances de Dostoievski — ou os mecanismos da vida — tal como o conhecemos, quase nada tem a ver com
social como os livros de Tolstoi e de Balzac, ou os abis- as estalagens da Antiguidade ou as tabernas medievais.
mos e os pontos altos que podem coexistir no ser huma- Mas também não nasceu ontem: o perfil do restaurante
no, como me ensinaram as sagas literárias de um Thomas moderno vem da segunda metade do século 18, portanto
Mann, um Faulkner, um Kafka, um Joyce ou um Proust. há quase 250 anos.
As ficções apresentadas nas telas são intensas por seu MELO, Josimar. Caldo inaugura a história dos restaurantes.
imediatismo e efêmeras por seus resultados. Prendem- Folha [sinapse]. Folha de S.Paulo, 24 set. 2002, p. 34.
-nos e nos desencarceram quase de imediato — das fic- O sentido da primeira frase do texto está corretamente repre-
ções literárias nos tornamos prisioneiros pela vida toda. sentado em:
Dizer que os livros daqueles escritores entretêm seria a) O restaurante é uma instituição moderna, mas não recente.
injuriá-los, porque, embora seja impossível não ler tais b) O restaurante é uma instituição atual e jovem.
livros em estado de transe, o importante de sua boa lite- c) Nem todo restaurante é jovem, só o moderno.
ratura é sempre posterior à leitura — um efeito deflagra- d) Como instituição, o restaurante não é nem moderno nem
do na memória e no tempo. Ao menos é o que acontece jovem.
comigo, porque, sem elas, para o bem ou para o mal, eu e) Não existe instituição moderna que seja jovem como o
não seria como sou, não acreditaria no que acredito nem restaurante.
teria as dúvidas e as certezas que me fazem viver.
20 +Enem [H14] Observe a imagem abaixo, que é uma gravura de
Mario Vargas Llosa. In: O Estado de S. Paulo, 1996.
Mauricio Nascimento.
16 (Ibmec-SP) “... me divertiram tanto, me ajudou a compreender MAURÍCIO NASCIMENTO
22 Morfossintaxe I
mais flexível em relação às regras da verossimilhança e da sa ou virtude, cedeu a um impulso natural, ao tempera-
fidelidade aos fatos e à realidade tangível do que um jorna- mento, aos hábitos do of ício; acresce que a circunstância
lista, por exemplo, ao escrever uma notícia, ou um desenhista de estar, não mais adiante nem mais atrás, mas justamente
que faz representações do corpo humano para um livro de no ponto do desastre, parecia constituí-lo simples instru-
anatomia. Considerando essas informações, analise as afir- mento da providência; e de um ou de outro modo, o méri-
mações, com especial atenção para o sentido dos adjetivos to do ato era positivamente nenhum. Fiquei desconsolado
em destaque, e depois assinale a alternativa correta. com esta reflexão, chamei-me pródigo, lancei o cruzado
a) A relação de tamanho entre o submarino e o peixe à conta das minhas dissipações antigas; tive (por que não
é desproporcional na gravura, considerando-se que a direi tudo?) tive remorsos.
representação visual do peixe da gravura não é de uma Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas.
espécie que possa atingir grandes proporções. Capítulo XXI — O almocreve.
b) O fato de o peixe aparecer representado em um quadro 21 (U. F. Itajubá-MG) Examine as substituições lexicais realizadas
à parte mostra que, segundo as concepções do artista, e assinale aquela em que não se manteve o sentido.
submarinos são nocivos à vida marinha e devem ser a) “essa era inestimável” — essa era incalculável
banidos das águas dos mares e oceanos. b) “Fui aos alforjes, tirei um colete velho” — Fui até o cofre,
c) O peixe, representado em tamanho gigantesco, mostra tirei um colete velho
— de maneira metafórica — que a vida marinha pode c) “um pouco vexado” — um pouco constrangido
ser prejudicial para as pesquisas e expedições científicas d) “chamei-me pródigo” — chamei-me esbanjador
realizadas por submarinos.
22 (U. F. Itajubá-MG) Pela leitura do texto, é possível afirmar:
d) O tamanho do submarino, em relação à profundidade de
a) A ação do personagem é coerente do início ao fim do acon-
oceano representada, é proporcional, reproduzindo de
tecimento.
maneira fiel a realidade; isso não ocorre, porém, com o
b) O personagem não hesita sobre o valor da recompensa.
tamanho do peixe.
c) O personagem sente remorsos por não ter recompensado
e) A falta de proporção entre os elementos principais que apa-
devidamente seu salvador.
recem na gravura — água, submarino, peixe e montanhas
d) A valoração do ato do almocreve diminui gradativamente:
— exclui o desenho da arte, não podendo essa representação
de fato heroico a fato sem mérito algum.
ser considerada uma manifestação artística.
Leia o fragmento de texto seguinte para responder às questões Leia os textos para responder às questões 23 e 24.
21 e 22.
Texto I
[...] O almocreve salvara-me talvez a vida; era positivo; eu A cada canto um grande conselheiro,
sentia-o no sangue que me agitava o coração. Bom almocre- Que nos quer governar cabana e vinha,
ve! Enquanto eu tornava à consciência de mim mesmo, ele Não sabem governar sua cozinha,
cuidava de consertar os arreios do jumento, com muito zelo E podem governar o mundo inteiro.
e arte. Resolvi dar-lhe três moedas de ouro das cinco que
Em cada porta um bem frequente olheiro,
trazia comigo; não porque tal fosse o preço da minha vida
Que a vida do vizinho e da vizinha
— essa era inestimável; mas porque era uma recompensa
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,
digna da dedicação com que ele me salvou. Está dito, dou-
Para o levar à praça e ao terreiro.
-lhe as três moedas.
[...] Muitos mulatos desavergonhados,
Fui aos alforjes, tirei um colete velho, em cujo bolso trazia Trazidos sob os pés os homens nobres,
as cinco moedas de ouro, e durante algum tempo cogitei se Posta nas palmas toda a picardia.
não era excessiva a gratificação, se não bastavam duas moe-
Estupendas usuras nos mercados,
das. Talvez uma. Com efeito, uma moeda era bastante para
Todos os que não furtam muito pobres:
lhe dar estremeções de alegria. [...]
E eis aqui a cidade da Bahia.
GRAMÁTICA
Ri-me, hesitei, meti-lhe na mão um cruzado em prata, ca-
MATOS, Gregório de. In: DIMAS, Antonio (org.).
valguei o jumento, e segui a trote largo, um pouco vexado, Literatura comentada. São Paulo: Abril Educação, 1981. p. 13.
melhor direi um pouco incerto do efeito da pratinha. [...]
Meti os dedos no bolso do colete que trazia no corpo e Texto II
senti umas moedas de cobre; eram os vinténs que eu deve- Eu nem sei si vale a pena
ra ter dado ao almocreve, em lugar do cruzado em prata. Cantar São Paulo na lida,
Porque, enfim, ele não levou em mira nenhuma recompen- Só gente muito iludida
Morfossintaxe I 23
Limpa o gosto e assopra a avena, Lights, tramas, Corporation,
Esta angústia não serena, E a gente de trás pra trás,
Muita fome pouco pão, Isso é paz?
Eu só vejo na função ANDRADE, Mário de. Lira paulistana. In: Poesias completas. Edição crítica
Miséria, dolo, ferida, de Diléa Zanotto Manfio. Belo Horizonte: Villa Rica, 1993. p. 360-361.
ANOTAÇÕES
VÁ EM FRENTE
Escute
Ouça “Cultura”, de Arnaldo Antunes, gravada no CD Canções curiosas, de 2009, do grupo Palavra Cantada. Observe como a letra da
canção ajuda a construir a mensagem que você leu na teoria. Perceba como os conceitos criados por Antunes ficam ainda mais inte-
ressantes quando aparecem acompanhados da melodia.
24 Morfossintaxe I
CAPÍTULO
2 Interpretação de Texto I
Objetivos: Todos nós, seres humanos, nos comunicamos de formas muito diferentes. Ainda bem! Mas
essa diferença também tem suas desvantagens porque, embora existam símbolos que apresentam
c Compreender os textos uma linguagem universal, algumas vezes gostaríamos de compreender o que as pessoas falam em
verbais como a organi- outras línguas ou simplesmente decifrar algum símbolo que não conhecemos, quando o vemos
zação de um sistema
em uma placa, por exemplo. Assim também ocorre com os textos, sejam eles verbais ou não ver-
simbólico partilhado,
bais. Algumas vezes parece haver uma barreira entre eles e a nossa realidade que não nos permite
que ganha sentido por
meio da intencionalida-
compreendê-los de forma completa e clara. Isso porque nasceram de alguém diferente de nós,
de pretendida na inte- às vezes, num lugar muito distante. Passamos a perceber, então, que, para se compreender um
ração e comunicação. texto, só há uma saída: tornar-se íntimo dele, aproximar-se da realidade que ele nos apresenta.
E para isso, também, só existe uma solução: ampliar, cada vez mais, o nosso universo de leitura.
c Reconhecer a exis- Observe o seguinte poema.
tência de textos não
verbais, tais como a
imagem e os símbo-
los, e compreender
suas formas de leitura
características.
JOÃO GRANDO
O poema citado é exemplo de um tipo de poesia chamada de “poesia concreta”. Em que medida
esse nome se relaciona com esse texto?
A poesia concreta é aquela em que a estrutura mais tradicional do poema, com versos e estrofes, se perde para dar GRAMÁTICA
lugar a uma poesia que se assemelha quase a um objeto, algo que ocupa o espaço do papel de maneira diferente,
sugestiva e cheia de significação.
Morfossintaxe I 25
TEXTO E LINGUAGEM
Já há algum tempo, os vestibulares e concursos públicos vêm privilegiando, em suas provas,
como forma de avaliar o nível de conhecimento de seus candidatos, questões voltadas ao estudo
e à interpretação da linguagem presente em textos diversos, cuja elaboração se pode considerar,
em algumas delas, bastante sofisticada. Por meio dos mais variados tipos de texto (em prosa, em
versos, charges, tirinhas, fotos, resenhas, editoriais etc.), analisam, avaliam e selecionam candi-
datos a uma vaga em uma universidade ou que pleiteiam um emprego no mercado de trabalho.
Dominar a palavra escrita ou oralizada (“penetrar profundamente em seu reino”), principalmente
as sutilezas do idioma, é tarefa árdua, que exige paciência, estudo e dedicação. Para isso há várias
explicações. Uma delas é que cada texto é fruto de um tempo, de um lugar e de um conjunto de
crenças e tradições. E tais características podem ter mudado muito desde a época em que o texto
foi escrito até o momento em que ele é lido. Até mesmo a linguagem varia com o tempo, e não é
pouco. O modo de escrever de outra época é uma barreira para compreendermos um texto. Não
nos parece comum e simples, hoje, um texto de alguns séculos atrás.
Assim, para que o leitor consiga desvendar o que o texto, às vezes, teima em manter es-
condido, é preciso não somente saber ler o que se apresenta sobre suas linhas (palavras e
frases), mas também conhecer o mundo e as diferentes realidades que permeiam cada texto.
Logo, é preciso aproximar-se do texto escrito, chegar cada vez mais perto da mensagem que
ali se pretende comunicar. E isso só é possível por meio da leitura, o treino mais eficiente
para a interpretação de textos. O leitor assíduo torna-se exigente e crítico, passando a des-
vendar aquilo que lê de forma cada vez mais profunda e complexa.
Há pouco mais de uma década, a criação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) apre-
sentou uma nova forma de avaliar o conhecimento do aluno, revolucionando não só os vesti-
bulares, mas também o ensino na sala de aula. A avaliação é feita por meio das habilidades e
competências que uma pessoa deve adquirir (pressupõe-se) até terminar o ensino médio.
Observando o estilo da prova do Enem ou buscando uma adaptação dessa prova, os vesti-
bulares mudaram, e o texto (verbal e não verbal) passou a ter lugar de honra nas avaliações.
O que se valoriza, hoje em dia, é a diversidade. As provas trazem textos dos mais variados gê-
neros e fontes, que vão desde as bulas de remédio até as charges divulgadas mais recentemente e
que se referem a temas da atualidade. Ou seja, saber o que acontece no mundo, hoje, é o primeiro
passo para a interpretação de textos das provas.
O ensino e a avaliação, modernamente, estão divididos em três grandes áreas: linguagens, có-
digos e suas tecnologias, ciências da natureza, matemática e suas tecnologias.
Os textos não verbais também estão cada vez mais presentes nas provas. Isso porque eles es-
VOLKSWAGEN
tão cada vez mais presentes no mundo. Basta repararmos como há símbolos que nos rodeiam,
desenhos, grafites nos muros das grandes cidades, bandeiras, cores que representam ideologias e
empresas conhecidas. Quantas vezes não reconhecemos uma rede de lojas ou restaurantes sim-
plesmente porque avistamos seus símbolos, a distância?
Para compreender melhor como a interpretação de textos tem-se apresentado nas provas
atuais, leia, a seguir, um fragmento dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), parte de uma
proposta de inovação para o ensino.
[…]
AGÊNCIA EVEF
26 Morfossintaxe I
Na interação verbal, os sinais e suas combinações socialmente partilháveis organi- OBSERVAÇÃO
zam os dados perceptivos, em sistemas simbólicos, por atributos e intencionalidade.
A fala como mediadora entre as relações humanas gera sistemas de linguagens, sentidos hu- 1 No que diz respeito ao ensino de lín-
manos que se expressam, se concretizam e proliferam em múltiplos espaços simultâneos de gua portuguesa, essa rede complexa
forma relacional. de interação, algumas competências
No campo dos sistemas de linguagem, podemos delimitar a linguagem verbal e não verbal são necessárias. Veja a seguir.
e seus cruzamentos verbovisuais, audioverbovisuais etc. A estrutura simbólica da comunica- Compreender e empregar os sis-
temas simbólicos das diferentes
ção visual e/ou gestual como da verbal constitui sistemas arbitrários de sentido e comunica- linguagens, ou seja, é preciso saber
ção. A organização do espaço social, as ações dos agentes coletivos, as normas, os costumes, por meio de que linguagem o texto
rituais e comportamentos institucionais influem e são influenciados na e pela linguagem, que se constrói.
se mostra produto e produtora da cultura e da comunicação social. Analisar, interpretar e aplicar os
recursos expressivos das lingua-
Podemos assim falar em linguagens que se confrontam, nas práticas sociais e na história, e gens − é preciso ver como cada
fazem com que a circulação de sentidos produza formas sensoriais e cognitivas diferenciadas. linguagem diz o que pretende,
Nas interações, relações comunicativas de conhecimento e reconhecimento, códigos, como cada uma cria os signicados
dos textos.
símbolos que estão em uso e permitem a adequação dos sentidos partilhados, são gerados e
Confrontar opiniões e pontos de
transformados e representações são convencionadas e padronizadas. Os códigos se mostram vista − reconhecer que os textos
no conjunto de escolhas e combinações discursivas, gramaticais, lexicais, fonológicas, gráfi- podem tratar de assuntos muito
cas etc. semelhantes ou completamente
[...] opostos.
Respeitar e preservar as diferentes
Parâmetros Curriculares Nacionais manifestações da linguagem − é
necessário, mais do que nunca,
Todas essas mudanças e transformações são bem-vindas, porque, no mínimo, desfizeram dois
aprender a valorizar as variações que
conceitos: se a língua portuguesa passou a ter importância fundamental nas provas, em contra- a linguagem tem. É claro que cada
partida não se considera apenas a norma culta da língua — daí a se falar de linguagens, códigos e indivíduo tem uma maneira de se
tecnologias —, antes, ela é um instrumento que pode e deve ajudar os falantes a se expressarem expressar, e as diferenças não são,
necessariamente, erros.
de forma coerente e clara.
Empregar as linguagens como
A nova forma de avaliar requer dos alunos não apenas conhecimentos gramaticais, mas o do- meio de expressão, informação e
mínio dessa linguagem (e de outras) nas mais diversas situações. 1 comunicação − ser a personagem
principal do processo de produção
e recepção da linguagem, sa-
PARA UMA INTERPRETAÇÃO DE TEXTO EFICIENTE bendo adequá-la a cada situação
específica.
Uma vez de posse das habilidades e competências mencionadas (ou pelo menos de parte de- Compreender e usar a língua portu-
las), surge um texto a nossa frente, e então temos de lidar com ele. guesa como língua materna − ter a
Uma boa interpretação depende, de início, de uma leitura benfeita, atenta, provida de capacidade de confrontá-la com as
outras línguas e de compreender os
repertório linguístico e de conhecimento de mundo, como já afirmamos anteriormente. detalhes que, muitas vezes, só são
A partir daí, o texto é o protagonista, e alguns pontos são importantes para compreendê-lo cor- completamente decifrados por seus
retamente. falantes nativos.
É sempre bom enfatizar que o hábito da leitura reduz em muito os erros na interpretação, já
que o leitor vai encontrando, ele mesmo, os caminhos, fáceis ou não, que mais lhe são úteis para
interpretar o texto.
Sabendo interpretar o que lê, o estudante organiza as ideias e produz bom texto.
O resto é conversa, falsa teoria.
Lygia F. Telles
GRAMÁTICA
Morfossintaxe I 27
número menor de palavras e maior de imagens. Quando há palavras, elas são arquitetadas de um
modo astuto, sedutor, surpreendendo-nos ou chamando nossa atenção.
Não são poucos os que reclamam das dificuldades para interpretar um texto escrito, e estas au-
mentam quando se tem de “ler” imagens, ou seja, aquilo que não está escrito, que denominamos
de texto não verbal, quase sempre desprovido de palavras.
Esses textos, os não verbais, como produções humanas, também comunicam muitas ideias, por
DUKE
isso é preciso fazer deles uma leitura cuidadosa e muitas vezes profunda.
Repare como, na charge de Duke, linguagem verbal e linguagem não verbal atuam em conjunto para a construção dos
sentidos e do humor. Nela, aparecem dois símbolos: à esquerda, o escudo do Cruzeiro Esporte Clube, time de futebol
do estado de Minas Gerais; à direita, o símbolo da montadora de automóveis Volkswagen. Visualmente, as imagens se
aproximam: são circulares, em azul e branco. O texto verbal contém a palavra “gol”, que é tanto um automóvel produzido
pela Volkswagen quanto o objetivo dos times de futebol, para vencer os jogos.
ATIVIDADES
Na parede caiada se desenhava, enorme, o emblema azul de andorinhas é capaz de fazer o que apenas uma não é. No caso, o verão.
da Virgem Maria. Ao centro do pátio ficava o caramanchão
cheiroso do jasmineiro e dentro dele, no fresco e no som-
brio do verde, a imagem de uma moça de vestido branco e
pés nus — uma Nossa Senhora bonita e triste.
Em redor do pátio as classes vazias, mudas, fechadas. O ruí-
do dos passos crescia, ressoava pelos corredores, o terço da COMPLEMENTARES
PARA PRATICAR
cintura da Irmã tilintava, cheio de medalhas.
E eu tinha medo. A Irmã era velha, de olhar morto, fala 6 (UFMA) No trecho seguinte: “O presidente Tancredo Neves fez
incolor e surda. Parecia feita de papel pálido, ou de linho duas operações cirúrgicas. Uma no intestino, supostamente para
engomado semelhante à corneta que trazia à cabeça e que resolver uma diverticulite aguda. Outra em São Paulo, onde se
se agitava a cada movimento seu, como uma ave. Parecia concentrou a maior parte dos políticos para discutir a sucessão”,
uma boneca de cera, uma figura, uma santa, só não pare- há uma imprecisão que dificulta a compreensão do sentido glo-
cia gente. Também não parecia gente a porteira seca, toda bal do texto. Identifique-a e explique, justificando-a.
osso e nervo, nem a outra Irmã que passou silenciosa e
de cabeça baixa, sem um interesse, sem um olhar. Moça,
7 (U. F. São Carlos-SP) Leia o texto seguinte e responda ao que se
jovem, só a Virgem Mãe adolescente do caramanchão; e,
pede.
sendo de louça, tinha mais ar de vida e de humanidade que
aquelas outras mulheres de carne, junto de mim. Precisamos de um novo software para acessar o mundo. As
Rachel de Queiroz. As três Marias. soluções que serviam há 30 anos já não valem mais. Os jo-
vens atuais não copiam nada, pelo contrário: são filhos da
O texto transcrito abre o romance As três Marias, que apresen-
era pós-industrial e estão criando uma nova cultura. Os to-
GRAMÁTICA
ta a trajetória de vida de Maria Augusta, a Guta, dos 12 aos
ques foram dados pelo psicanalista lacaniano Jorge Forbes,
20 anos, e de suas companheiras mais chegadas, Maria José
durante a palestra “Édipo, adeus: o enfraquecimento do pai”.
e Maria da Glória. A história transcorre na década de 1930,
Há uma nova ordem social no mundo. Muitos pais, edu-
dividindo-se a ação das personagens entre o Ceará e o Rio de
cadores, psicanalistas, pensadores, todos ainda apresentam
Janeiro. O capítulo inicial, do qual extraímos o excerto em es-
velhas soluções para novos problemas, mas é o momento de
tudo, focaliza o momento do ingresso de Guta no internato de
observar as mudanças, de agir de acordo com elas. Forbes
Morfossintaxe I 29
lembrou que, antigamente, o jovem reclamava por não ter a) Explique a relação entre a expressão “o enfraquecimento do
liberdade de escolha. Hoje, ele tem essa liberdade e se sente pai”, empregada pelo psicanalista no título de sua palestra,
completamente perdido. […] e o conteúdo apresentado pela autora do texto.
O jovem moderno é diferente daquele da geração de 1968, b) O que quer dizer a expressão “saber orientado”, presente no
que levantava bandeiras e pregava planos de reforma da edu- último parágrafo do texto?
cação e da sociedade. A globalização provocou mudanças. c) A que se refere a palavra “toques”, em “Os toques foram
Antes, as pessoas queriam pertencer a grandes corporações dados pelo psicanalista lacaniano Jorge Forbes”?
ou ter profissões reconhecidas.
8 (Fuvest-SP, adaptada)
Não é mais uma honra ficar no mesmo emprego por mais
de cinco anos e acabou essa história de “sujar a carteira”, ter- Diálogo ultrarrápido
mo usado para quem ficava pouco tempo num só trabalho. — Eu queria propor-lhe uma troca de ideias…
A globalização pulverizou os ideais e exige de cada pessoa — Deus me livre!
uma escolha meio angustiante: será que realmente queremos Mario Quintana
o que desejamos? No lugar do papel contestador da geração
No diálogo anterior, a personagem que responde “— Deus me
de 1968, temos hoje uma geração jovem que exibe fracas-
livre!” cria um efeito de humor com o sentido implícito de sua
so escolar, menosprezo e desinteresse pelo saber orientado.
frase fulminante. Continue a frase “— Deus me livre!”, de modo
O jovem não vê razão em se formar, em ser doutor, bússola da
que a personagem explicite o que estava implícito nessa fala.
geração dos seus pais. Vivemos uma vida que foi despadroni-
zada. “Somos passageiros de um novo mundo”, acrescentou o
psicanalista.
Adaptado de Janete Trevisan. Jornal do Cambuí.
A IMAGEM
A imagem pode ser considerada sob dois aspectos na arte literária: num sentido amplo, é
qualquer construção verbal e estética de uma realidade; num sentido estrito, é a construção
verbal e estética de uma realidade específica e que opera por analogia clara (símile) ou suben-
tendida (metáfora). Desse modo, a imagem engloba implicitamente o símile e a metáfora, e,
por isso, muitos estudiosos não se preocupam em distinguir a imagem do símile, assim como
fazem com a comparação e a metáfora.
Em geral, a imagem fundamenta-se num componente visual. Entretanto, nem toda imagem
é visual. Observe:
O mar lambe o branco da areia.
A inflação subiu.
Vou desligar-me do mundo. (= Ficarei alheio a tudo.)
No primeiro caso há uma imagem concreta; no segundo, uma abstrata e, no terceiro, uma
imagem afetiva.
Muitas imagens evoluem para a frase feita ou lugar-comum: de tão reiteradas, tornam-se ver-
dadeiros clichês ou chavões: precioso líquido, vitória esmagadora, astro rei, aurora da liberdade,
momento solene, esperança da pátria, calo de estimação, dúvida atroz, do Oiapoque ao Chuí, mal
necessário etc.
30 Morfossintaxe I
BANCO SANTANDER BANESPA
Num sentido mais amplo, as imagens constroem-se por meio de diversos recursos. Podem
ser fundamentadas numa sinédoque: as velas singram o oceano, braços para a lavoura etc.; em
construções metonímicas: entregar-se aos braços de Morfeu, ver Portinari em Brodowski etc.; em
construções hiperbólicas: mar de afetos, rios de sangue etc.; em construções marcadas por sines-
tesias: coração frio, palavras amargas, doce sonho, lágrimas ardentes etc.; em prosopopeias: os GRAMÁTICA
dias correm, o vento geme, a brisa sussurra, o tempo voa etc.
O SÍMBOLO
Variante da imagem, o símbolo tem valor de um sinal, ou seja, trata-se de uma unidade lin-
guística empregada referencialmente. Por exemplo, no contexto do cristianismo, o “cordeiro” e a
“cruz” são símbolos que remetem de imediato a essa religião, assim como “a foice e o martelo”,
Morfossintaxe I 31
a “cruz suástica” e a “estrela de Davi” são símbolos respectivamente do socialismo, do nazismo e
do judaísmo.
GLOBO FILMES
O anúncio combina o recurso
fonolexical de quatro metágrafos
com o recurso semântico de
quatro símbolos correspondentes
que sintetizam imageticamente o
subtítulo do filme (Muitas paixões
numa só vida): a vida atribulada
de uma mulher judia que se
apaixona por uma ideologia e por
um líder comunista.
TEXTOS EM DIÁLOGO
Observe:
LINIERS
32 Morfossintaxe I
Casa no campo
Eu quero uma casa no campo Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Onde eu possa compor muitos rocks rurais Eu quero a esperança de óculos
E tenha somente a certeza E um filho de cuca legal
Dos amigos do peito e nada mais. Eu quero plantar e colher com a mão
Eu quero uma casa no campo A pimenta e o sal.
Onde eu possa ficar no tamanho da paz Eu quero uma casa no campo
E tenha somente a certeza Do tamanho ideal, pau a pique, sapé
Dos limites do corpo e nada mais. Onde eu possa plantar meus amigos
Eu quero carneiros e cabras pastando so- Meus discos e livros
lenes E nada mais.
No meu jardim
Tavito e Zé Rodrix
Você pode observar que, na lista de “prós” e “contras” que aparece sobre a mesa, na tirinha, estão
anotados elementos que são citados nos versos da canção (rocks rurais, carneiros e cabras, filho de
cuca legal, pau a pique e sapé). Nota-se, então, que os elementos escritos no papel não são aleatórios.
Percebe-se também que, para compreender a tirinha de maneira completa, é desejável que se co-
nheçam, previamente, os versos de “Casa no campo”. Eis, então, mais uma razão para que se amplie
cada vez mais o universo de leitura de textos variados, para que se possa aproveitar o maior número
possível de novos textos, da maneira mais completa.
Agora leia com atenção o fragmento de texto apresentado a seguir.
Morfossintaxe I 33
mantém um diálogo entre si, algumas vezes mais explícito, outras mais sutil.
Dialogar com outros textos é mais comum do que se possa imaginar, pois geralmente apro-
veitamos as ideias e as palavras que ouvimos e lemos, e outros aproveitam as nossas e as re-
passam. Não estamos falando de plágio ou cópia imprudente. Ocorre que, no dia a dia, a in-
terferência do outro em nossa vida é presente e constante, mesmo que seja pela televisão, pelo
rádio, pelo jornal etc.
Leia os textos a seguir e observe como poema e canção dialogam entre si.
Quadrilha
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
Carlos Drummond de Andrade
Flor da idade
Carlos amava Dora que amava Lia que amava Lea que amava Paulo
Que amava Juca que amava Dora que amava Carlos que amava Dora
Que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava
Carlos amava Dora que amava Pedro que amava tanto que amava
a filha que amava Carlos que amava Dora que amava toda a quadrilha
Chico Buarque
No Brasil, talvez o caso de intertextualidade mais explorado seja o do poema “Canção do exílio”,
de Gonçalves Dias, que, no mesmo texto, se inspirara em outro, do escritor alemão Goethe. Leia:
Texto I Texto II
Canção do exílio
Minha terra tem macieiras da Califórnia,
Kennst du das Land, wo die Citronen blühn,
Onde cantam gaturamos de Veneza.
Im dunkeln Laub die Gold-Orangen glühn,
[…]
Kennst du es wohl? — Dahin, dahin!
Ai quem me dera comer uma carambola
Möcht’ich… Ziehn.
de verdade
Goethe
e ver um sabiá com certidão de idade.
Murilo Mendes
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá;
As aves que aqui gorjeiam
Texto III
Não gorjeiam como lá.
Minha terra tem palmeiras
Nosso céu tem mais estrelas,
onde canta o tico-tico.
Nossas várzeas têm mais flores,
Enquanto isso o sabiá
Nossos bosques têm mais vida,
vive comendo o meu fubá.
Nossa vida mais amores.
[…]
[…]
Cacaso
Gonçalves Dias
34 Morfossintaxe I
Na charge de Caulos, também há intertextualidade com a “Canção do exílio”.
CAULOS
O diálogo entre textos não é recurso exclusivo da literatura; nela ele pode ser mais fecundo,
mas não único. Observe estes títulos:
REPRODUÇÃO
GRAMÁTICA
Os títulos fazem alusão à célebre frase da peça Hamlet, de Shakespeare, modificada pelo recurso
da paronomásia na construção de dois trocadilhos. “Tupy or not tupy” foi também usada por Oswald
de Andrade no Manifesto Antropofágico, em 1928.
A intertextualidade, nesta e nas próximas unidades, vai ser uma constante nos exercícios, visto
que é um assunto bastante explorado nas provas de vestibulares.
Morfossintaxe I 35
CONEXÕES
1 No título, lê-se que a arte moderna inaugura uma nova maneira de ver o texto. Depois da leitura, pode-se perceber que essa “visão do texto” se
refere aos escritores, aos leitores ou a ambos?
2 Segundo o texto, quais são as características do novo tipo de texto que surge com a arte moderna?
3 A poesia concreta, como aquela lida no início deste capítulo, é uma manifestação da arte moderna. O estilo que ela representa é adequado às
características citadas no texto?
4 Na sua opinião, a arte moderna ainda se reflete nos textos contemporâneos e nos autores atuais?
36 Morfossintaxe I
ATIVIDADES
Morfossintaxe I 37
A partir da análise da figura, responda: que leitura é possível e estávamos justamente num ponto onde havia como passar
fazer da figura e seus componentes? para o outro lado, só que era contramão. [...] ela me pergun-
A figura compõe-se de uma espécie de chave, que, por sua vez, tem em sua tou onde era o retorno. Disse que era bem mais à frente, o
formação um lápis, uma espécie de chip ou circuito, além de elementos tra- sinal abriu, lá foi ela com sua moto entre os carros, eu atrás,
dicionais das chaves comuns. Ela representa, portanto, a atividade intelectual já que iria mesmo pra aqueles lados.
No primeiro cruzamento que dava mão para ela passar para
posta em prática, por meio do lápis, além da tecnologia, que começa a fazer
o outro lado, ela não teve dúvida, entrou e fez o retorno. Só
parte do universo escolar, cada vez mais de perto. Juntas, essas duas frentes
que ali, bem visíveis, tinham [sic] duas placas penduradas,
seriam a “chave” para abrir algumas portas metafóricas.
proibido virar à esquerda e/ou fazer o retorno. Fiquei pen-
É possível fazer outras análises, paralelas. O importante é esclarecer que, sando, será que ela desrespeitou as placas, convicta do que
juntos, estudo tradicional e moderno são capazes de abrir portas. fazia? Então por que ela não fez o retorno lá atrás, onde estava
fácil de fazer?
Disponível em: http://autoentusiastas.blogspot.com
(acesso em 01 dez. 2016)
do símbolo.
c) Alternativa d.
d)
Morfossintaxe I 39
TAREFA PROPOSTA
As respostas encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.
1 (UFAL) A Folha de S.Paulo de 9 de novembro de 2003, Mundo E para despedir, recomendações aos tios, principalmente
A24, traz o seguinte comentário: um grande abraço na prima Noca. E não deixe de ver se
compra em São José do Monte e redondezas uma caixa de
Poucos, brasileiros fazem trabalho importante
descarga antiga, daquelas de puxar por uma correntinha,
Existem pouco mais de 200 brasileiros em Timor Leste, in-
porque pretendo concorrer a uma exposição na Bahia que
cluindo os soldados da força de paz e uns poucos policiais
vai render uma nota bonita. Uma caixa desse tipo não é
militares. Mas, apesar de poucos, os brasileiros, tanto civis
só folclorítica como fotografática. Calha muito bem em
quanto militares, exercem funções vitais no novo país.
recantos de sala de visita por baixo daqueles quadros de
Observe a seguinte forma alterada da manchete: “Poucos bra- família em feitio oval.
sileiros fazem trabalho importante”. Explique, com suas pala- José Cândido de Carvalho. Ícaro.
vras, se houve ou não alteração de significado e por quê.
2 (UECE, adaptada) O propósito do texto é:
a) fazer uma crítica positiva a um tipo de arte que se desen-
Leia o texto para responder às questões 2 e 3.
volvia no início do século XX.
A eternidade ao alcance de todos b) discorrer sobre a ânsia de eternidade do ser humano.
Carta de Micael dos Reis a um primo de São José do Monte, c) transmitir a alguém notícias de um parente que está distante.
o mecânico Manuel Bastos: d) criticar ironicamente a linguagem do homem simples.
e) transmitir, nas entrelinhas do texto, informações históricas
Manequinho, não precisa mandar mais carta para a ofi-
acerta da Revolução de 1917.
cina de lanternagem de Zuzu Tavares, uma vez que mu-
dei de of ício e abracei a carreira de escultor moderno. Sei 3 (UECE) Atente para a seguinte passagem do texto: “Peguei incli-
como o pessoalzinho de São José do Monte vai rir ao saber nação pelo ramo no dia em que vi nos jornais um para-lama
que o filho de Santinho Reis está fazendo nome a poder de sucata que pegou o primeiro prêmio numa demonstração
de ferro-velho e coisa destorcida. Peguei inclinação pelo de esculturagem no estrangeiro e mais depois em São Paulo.
ramo no dia em que vi nos jornais um para-lama de suca- Aí, primo, meti os peitos. Nem retirei o macacão de lanterneiro.
ta que pegou o primeiro prêmio numa demonstração de E de macacão, todo lambuzado de óleo e sujo de graxa, pulei
esculturagem no estrangeiro e mais depois em São Pau- para o negócio de lata velha”. Dela pode-se inferir que Micael
lo. Aí, primo, meti os peitos. Nem retirei o macacão de dos Reis:
lanterneiro. E de macacão, todo lambuzado de óleo e sujo a) dedicou-se à arte por um impulso de ordem estética.
de graxa, pulei para o negócio de lata velha. Peguei de b) deixou a profissão de mecânico por um imperativo finan-
um jeito uma porta de automóvel, meti o maçarico nela, ceiro.
furei e bordei. Em seguimento, lasquei por cima uma pá c) agiu num rompante, guiado pelo senso de oportunidade.
de ventilador e arrematei a obra com uma antena de te- d) trocou de profissão porque não gostava do que fazia.
levisão. Parti para a IV Exposição da Primavera com esse
4 (Fuvest-SP)
trabalho que chamei de Ventos outonais nas rosas do meu
coração. Não tirei o primeiro prêmio porque um cretino Capitulação
teve a ideia genial de aparecer com um fogão econômico Delivery
de 1917 soltando fumaça por todos os buracos. Começo Até pra telepizza
e fim da criação, como era o nome do dito fogão econô- É um exagero.
mico, venceu de ponta a ponta. Uma dona ficou tão esfo- Há quem negue?
gueteada que comeu três quilos de fumaça e foi esvaziar o Um povo com vergonha
estoque no hospital. Em todo o caso, meu Vento outonal Da própria língua
tirou o segundo posto e uma braçada de palmas nos jor- Já está entregue.
nais. Agora, na próxima vez, vou aparecer de macacão, Luis Fernando Verissimo
barba escorrida no peito e de boné listrado na cabeça, de
a) O título dado pelo autor está adequado, tendo em vista
modo a ficar nas evidências do mundo. Vou entupigaitar
o conteúdo do poema? Justifique sua resposta.
a praça com o Jarro do barão, um penico que muni de uma
b) O exagero que o autor vê no emprego da palavra delivery se
trombeta de gramofone e um vidro de magnésia leitosa.
aplicaria também a “telepizza”? Justifique sua resposta.
Primo, em matéria de invencismo eu sou fogo selvagem.
40 Morfossintaxe I
5 (UFES) o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das
[igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos
[democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da
[morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e
[medrosas.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1979.
Morfossintaxe I 41
mesmas!) e outras regras que compõem um modelo anti- das imagens enumeradas.
quado de português correto, que não corresponde sequer
12 (UFPE) Leia o texto e, em seguida, julgue (V ou F) as afirmações.
à pratica dos nossos melhores escritores dos últimos cem
anos ou mais. O que exclui é querer convencer alguém que É um mito a pretensa possibilidade de comunicação igua-
é errado dizer “eu custo a crer”, quando isso aparece em litária em todos os níveis. Isso é uma idealização. Todas
textos de José de Alencar (que morreu em 1877!) ou que as línguas apresentam variantes: o inglês, o alemão, o
é preciso “imitar os clássicos”, mas que, ao mesmo tem- francês, etc. Também as línguas antigas tinham varia-
po, é errado usar, como Machado de Assis usou, o advér- ções. O português e outras línguas românicas provêm de
bio “meia” no feminino (“Filomena era meia sem-graça”), uma variedade do latim, o chamado latim vulgar, muito
como se faz na língua há mais de mil anos! diferente do latim culto. Além disso, as línguas mudam.
Discutindo Língua Portuguesa, ano 1, n. 1, p. 28. O português moderno é muito distinto do português
clássico. Se fôssemos aceitar a ideia de estaticidade das
Marcos Bagno faz algumas críticas quanto ao fato de haver
línguas, deveríamos dizer que o português inteiro é um
um modelo de língua portuguesa a ser usado pelos falantes.
erro e, portanto, deveríamos voltar a falar latim. Ade-
Infere-se de sua entrevista:
mais, se o português provém do latim vulgar, poder-se-ia
a) O modelo de língua portuguesa que promova a inclusão
afirmar que ele está todo errado.
social deve ser tarefa de meia dúzia de gramáticos.
A variação é inerente às línguas, porque as sociedades são
b) Não é a língua portuguesa que exclui socialmente, mas o
divididas em grupos: há os mais jovens e os mais velhos,
modelo de língua imposto por uma minoria.
os que habitam numa região ou noutra, os que têm esta ou
c) É incorreto usar o advérbio “meia”, ainda que Machado de
aquela profissão, os que são de uma ou outra classe social e
Assis o tenha usado.
assim por diante. O uso de determinada variedade linguís-
d) O português que o aluno aprende na escola condiz com seus
tica serve para marcar a inclusão num desses grupos, dá
conhecimentos linguísticos intuitivos.
uma identidade para seus membros. Aprendemos a distin-
e) A idealização e a ideologização da língua portuguesa mini-
guir a variação. Quando alguém começa a falar, sabemos se
miza a exclusão social.
é do interior de São Paulo, gaúcho, carioca ou português.
10 (Fuvest-SP, adaptada) “O Brasil já está à beira do abismo. Mas Sabemos que certas expressões pertencem à fala dos mais
ainda vai ser preciso um grande esforço de todo mundo pra co- jovens, que determinadas formas se usam em situação in-
locarmos ele novamente lá em cima.” (Millôr Fernandes) formal, mas não em ocasiões formais. Saber uma língua
Em seu sentido usual, a expressão destacada significa “às vés- é conhecer variedades. Um bom falante é “poliglota” em
peras de uma catástrofe”. Tal significado se confirma no texto? sua própria língua. Saber português não é aprender regras
Justifique sua resposta. que só existem numa língua artificial usada pela escola.
As variantes não são feias ou bonitas, erradas ou certas,
11 (PUC-MG, adaptada)
deselegantes ou elegantes; são simplesmente diferentes.
Gare do infinito Como as línguas são variáveis, elas mudam. “Nosso ho-
Papai estava doente na cama e vinha um carro e um homem mem simples do campo” tem dificuldade de comunicar-
e o carro ficava esperando no jardim. -se nos diferentes níveis do português não por causa da
Levaram-me para uma casa velha que fazia doces e nos muda- variação e da mudança linguística, mas porque lhe foi
mos para a sala do quintal onde tinha uma figueira na janela. barrado o acesso à escola ou porque, neste país, se ofere-
No desabafar do jantar noturno a voz toda preta de mamãe ce um ensino de baixa qualidade às classes trabalhadoras
ia me buscar para a reza do anjo que carregou meu pai. e porque não se lhes oferece a oportunidade de participar
Oswald de Andrade. Memórias sentimentais de João Miramar. da vida cultural das camadas dominantes da população.
Todas as alternativas seguintes contêm afirmações relaciona- FIORIN, José Luiz. In: Atas do I Congresso
das a esse texto, exceto: Nacional da Abralin. Excertos.
a) A linguagem inusitada provoca impacto no leitor e singula- Pela compreensão global do texto, podemos afirmar que o autor:
riza a percepção de mundo. I. critica, no português moderno, o fato de ele ter-se modi-
b) O texto apresenta uma sintaxe, um vocabulário e uma visão ficado ao longo do tempo, distanciando-se de sua forma
de morte próprios de uma criança. clássica.
c) O texto, relatando a morte do pai, pode ser sintetizado no II. considera que o bom falante do português é aquele que,
título “Gare do infinito”. tendo frequentado a escola, domina as regras da gramática
d) A escrita oswaldiana é densa e bem elaborada: carrega um normativa.
máximo de imagens num mínimo espaço verbal. III. estabelece uma relação entre um fato linguístico — a exis-
e) A ausência de pontuação empresta lentidão e afastamento tência de variantes linguísticas — e um fato social — a di-
42 Morfossintaxe I
visão das sociedades em grupos. e para nós o tempo que se passa
IV. considera a variação linguística como um fenômeno típico também, Marília, morre.
das línguas românicas, o que as diferencia das outras línguas. GONZAGA, Tomás Antônio. Poesias e cartas chilenas. Rio de Janeiro:
V. percebe o uso de determinada variante linguística como Instituto Nacional do Livro, 1957.
Preto. […] Lembra que uma vez me hospedei em Juiz de Uma leitura comparativa entre os dois textos permite afirmar
Fora — lá onde [Waldir] morou algum tempo, entre os anos que, em ambos:
de Ouro Preto e os de Curitiba […]. a) há uma recusa em se tratar da inevitabilidade da morte.
Durante os dias em que fiquei, pude ver como Waldir rapi- b) está retratada a instabilidade da natureza.
damente fizera tantas vinculações de amizade […]. Escutei c) há um compromisso exclusivo com os aspectos positivos da
dele mesmo um esplêndido relatório verbal da sua movi- vida.
mentada vida universitária […]. d) está explícita a passagem inexorável do tempo.
DIAS, Milton. O menino Valdir. In: Entre a boca da noite e a madrugada. e) há exemplos de maneiras ociosas para se passar o tempo
Fortaleza: Edições UFC, 2007. com a amada.
Sobre os dois textos, analise as afirmações e dê a soma dos
15 (Umesp) Considere o excerto que segue para responder à questão.
números dos itens corretos.
(01) Ambos apresentam a temática da migração sob ópticas Sextilhas românticas
distintas. Paisagens da minha terra, Sou romântico? Concedo.
(02) O texto I apresenta a migração como decorrente de intem- Onde o rouxinol não canta Exibo, sem evasiva,
péries climáticas. — Mas que importa o rou- A alma ruim que Deus me
(04) Ambos destacam o sentimento do homem nordestino em xinol? deu.
relação ao Nordeste. Frio, nevoeiros da serra Decorei “Amor e medo”,
(08) Defendem, ambos, o desejo do homem nordestino de Quando a manhã se levanta “No lar”, “Meus oito anos”…
aventurar-se por terras alheias. Toda banhada de sol! Viva
(16) O texto I equipara o campo e a cidade em condições de José Casimiro Abreu!
vida. Manuel Bandeira
14 (U. F. Juiz de Fora-MG) Leia, com atenção, os dois textos a se- Além de haver no poema referência clara a escritor e obras
guir. O texto I é a quarta estrofe da Lira 34, de Tomás Antônio do Romantismo brasileiro, pode-se ainda verificar que há uma
Gonzaga. O texto II é a Ode 357, de Ricardo Reis. intertextualidade com o poema:
a) “Canção do exílio”, de Gonçalves Dias.
Texto I
GRAMÁTICA
b) “Paisagens da minha terra”, de Casimiro de Abreu.
Ornemos nossas testas com as flores,
c) “O canto do rouxinol”, de Álvares de Azevedo.
e façamos de feno um brando leito;
d) “O navio negreiro”, de Castro Alves.
prendamo-nos, Marília, em laço estreito,
e) “A minha pátria”, de Junqueira Freire.
gozemos do prazer de sãos amores.
Sobre as nossas cabeças, 16 (UFPE) “No Brasil as palavras envelhecem e caem como folhas
sem que o possam deter, o tempo corre; secas.” Com essa afirmação, o autor corrobora uma das carac-
Morfossintaxe I 43
17 (Fuvest-SP) Compare o provérbio “Por fora bela viola, por dentro
terísticas presentes em todas as línguas, que é:
pão bolorento” com a seguinte mensagem publicitária de um
a) a dificuldade de sua nomenclatura.
empreendimento imobiliário:
b) a instabilidade de sua ortografia.
c) a efemeridade de seu vocabulário. Por fora as mais belas árvores.
d) a longevidade de sua estrutura. Por dentro a mwelhor planta.
e) a precariedade de suas regras.
a) Os recursos sonoros empregados no provérbio mantêm-se
na mensagem publicitária? Justifique sua resposta.
b) Aponte o jogo de palavras que ocorre no texto publicitário,
mas não no provérbio.
18 (U. Uberaba-MG) Leia atentamente a tirinha e, em seguida, responda à questão.
44 Morfossintaxe I
Considere a seguinte afirmação: Da associação entre a frase b) Estátua grega
“Filho, um dia isso tudo será seu.” e a imagem fotográfica de-
corre um sentido irônico. A afirmação aplica-se ao anúncio?
BRIAN MAUDSLEY/SHUTTERSTOCK
Justifique resumidamente sua resposta.
21 (UFRN, adaptada) A charge que segue revela um ponto de vista
a respeito do desarmamento.
c) Máscara funerária
DEBORAH MCCAGUE/SHUTTERSTOCK
Como se constrói o humor, na charge? Justifique sua resposta
fundamentando-a na interpretação coerente dos elementos
verbais e não verbais que compõem a charge em análise.
22 +Enem [H21]
Além dos objetos utilitários, o ser humano sempre pro- d) Paleta de pintura
duziu e se cercou de artefatos sem utilidade evidente ou
imediata. Ao vê-los, é inevitável que nos perguntemos: por
que e para que teriam sido feitos? A busca por respostas
nos leva a uma constatação: o ser humano, seja de que épo-
RTIMAGES/SHUTTERSTOCK
ca for, cria objetos não apenas para se servir deles, mas
também para se expressar.
PROENÇA, Graça. História da arte. São Paulo: Ática, 2009.
Qual dos objetos a seguir apresenta simultaneamente uma
e) Quadro com autorretrato
função utilitária e expressiva?
VINCENT VAN GOGH. SELF PORTRAIT, 1887.
a) Guindaste moderno
ALEXKZ/SHUTTERSTOCK
GRAMÁTICA
Morfossintaxe I 45
23 (UFES) Nas palavras e nas imagens apresentadas, entre o que é
prescrito e o que se observa na prática, há uma relação de:
Texto I
a) contradição.
b) condição.
LALO DE ALMEIDA/SAMBAPHOTO
c) explicação.
d) concessão.
e) conclusão.
24 (UFRN) Os cartuns denunciam, com humor, problemas sociais
e políticos, constituindo, assim, um poderoso instrumento de
reflexão e formação de consciência crítica. Explicite qual o pro-
blema social denunciado no cartum abaixo, justificando sua
resposta com base em elementos apresentados, principalmente,
no último quadrinho.
A criança deve beneficiar-se de proteção especial e dispor
de oportunidades e serviços assegurados por lei ou por ou-
tros meios, a fim de poder desenvolver-se f ísica, mental,
GILMAR.
moral, espiritual e socialmente de modo sadio e normal, em
condição de liberdade e dignidade. Na adoção de leis com
esse objetivo, a consideração fundamental deve ser o inte-
resse superior da criança.
Artigo 2o da Declaração dos Direitos da Criança aprovada
pela Assembleia Geral da ONU, 20 nov. 1959.
Texto II
VLADIMIR MELNIK/SHUTTERSTOCK
VÁ EM FRENTE
Escute
Ouça a música “Casa no campo”, gravada por Elis Regina, e repare como letra, música e voz se unem num conjunto harmônico.
Depois, escute mais uma vez, dando especial atenção à letra, notando como os versos são delicados e, ao mesmo tempo, marcantes.
46 Morfossintaxe I
REVISÃO OBRIGATÓRIA | 1
Substantivo / Artigo / Adjetivo H18 – Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática
e para a organização e estruturação de textos de diferentes gêneros e tipos.
Observe os quadrinhos para responder ao que se pede.
b) A confusão na compreensão de Eddie se concentra no sentido de um dos substantivos da tirinha. Qual é esse substantivo?
O substantivo é “pontas”.
d) Reescreva a fala de Hagar no primeiro quadrinho, de maneira a evitar o erro de interpretação do amigo.
Você permanece na ponte, defendendo-se das flechas, enquanto eu vou na frente e preparo o barco.
Há outras possibilidades.
GRAMÁTICA
Morfossintaxe I 47
REVISÃO OBRIGATÓRIA | 2
Diretor de negócios editoriais: Maurício Pereira Fanganiello
Diretor editorial: Fernando Almeida
Diretora pedagógica: Francisca Paris
Coordenador de produção: Manoel Medeiros Lima
Elaboração de originais: Linguagens, códigos e suas
tecnologias: Alexandre Azevedo, Fábia Alvim Leite, Roseli
Aparecida de Sousa, Sheila Pelegri de Sá, Walfrido Vianna
H21 – Reconhecer, em textos de diferentes gêneros, recursos ver- Vital da Silva
bais e não verbais empregados com a finalidade de criar e mudar Equipe de produção editorial e gráfica: Alan Carlos
Interpretação de Texto I comportamentos e hábitos. Barbosa, Ana Lúcia Alves Vidal, Beatriz Elena Meirelles
Nogueira, Camila Tákyla Felix Batista, Daniel Alves Da Silva,
Daniel de Paula Elias, Denise Cristina Morgado, Francis Yoshida
Observe. de Mattos, José Ângelo Góes Mattei Júnior, José Segura Garcia
Junior, Juliana Aparecida Puga, Leiliane Coimbra de Oliveira,
Luciano Costa de Oliveira, Luiz Rafael Gomes, Marcelo de
QUINO, POTENTES, PREPOTENTES E IMPOTENTES. ET AL. LISBOA: PUBLICAÇÕES DOM QUIXOTE, 1990. PG29
Almeida, Marcos Diego Dos Santos, Maria Cecília Rodrigues
de Oliveira, Maria Clarisse Bombonato Prado, Mateus Galhardo
Grizante, Miriam Margarida Grisolia, Mouses Sagiorato Prado,
Patrícia Mariani Gallo Pantoni, Paulo Sérgio Fritoli, Priscila
Martesi Galan, Rafael Zattoni, Regilaine Ferreira Dos Santos,
Renato Kikugava Calura, Rodrigo Donizete Borges, Sandra
Hostina Bordini, Sonia Giselda de Araújo Sato, Vanessa Paula
Togniolo, Viviane Saraiva de Lima, Yara Ferreira Neves
Produção editorial complementar: Denise Favaretto e
Diagrama – Soluções Editoriais
Projeto gráfico de miolo: Daniela Amaral, Talita Guedes
Colaboraram para esta Edição do Material:
Projeto Sistema SESI de Ensino
Gestão do Projeto: Thiago Brentano
Coordenação do Projeto: Cristiane Queiroz
Coordenação Editorial: Simone Savarego,
Rosiane Botelho e Valdete Reis
Revisão: Juliana Souza
Diagramação: lab 212
Capa: lab 212
Ilustrações de capa: Macrovector/ Sentavio/ Golden
Sikorka/ Shutterstock
Consultores:
Coordenação: Dr. João Filocre
Língua Portuguesa: Dra. Leiva de Figueiredo Viana Leal
SESI DN
Superintendente: Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti
Diretor de Operações: Marcos Tadeu de Siqueira
Gerente Executivo de Educação: Sergio Gotti
Gerente de Educação Básica: Renata Maria Braga dos
Santos
diante do pai. Descreva esses sentimentos, com base na observação da linguagem não Leite, Fábia Alvim
Sistema de ensino ser : ensino médio, cadernos de
verbal. 1 a 12 : gramática : professor / Fábia Alvim Leite. -- 3.
ed. -- São Paulo : Ática, 2017.
O pai está insatisfeito com o filho, pois ele parece ter feito algo que lhe desagradou, e o repreende ener-
gicamente. O filho mostra-se triste e envergonhado pelo que fez. 1. Português (Ensino médio) - Gramática I. Título.
16-08163 CDD-469.507
Uma publicação
48 Morfossintaxe I
PROFESSOR