Resumo Teobromina
Resumo Teobromina
Resumo Teobromina
Grupo 56
Teobromina
O alcalóide do cacau
Origem [1,2,3,4]
A teobromina é um alcalóide encontrado principalmente nos produtos do cacau e no
chocolate. Foi descoberta em 1842 em extratos de grãos de cacau da planta Theobroma cacao por
Woskresensky. No final do século XIX, a estrutura química foi identificada por Emil Fischer. Já em
1902, Fischer recebeu o Prémio Nobel por ter elaborado as fórmulas estruturais das metilxantinas,
como da teobromina, cafeína e teofilina.
Segundo o banco de dados do departamento de agricultura dos Estados Unidos (USDA), a
teobromina está presente em 24 plantas. É encontrada, por exemplo, em várias partes da Camellia
sinensis, conhecida por chá da Índia, nas folhas e nas sementes de Coffea arabica (café) e na planta
Theobroma cacao (cacau), como referimos anteriormente. Esta última planta está mais associada à
molécula de teobromina por tê-la em maior quantidade na sua constituição.
Pensa-se que a Theobroma cacao teve origem nas florestas da Amazónia e Orinoco na
América do Sul, tendo sido cultivada inicialmente por índios que viviam no México e na América
Central. Quem denominou a planta do cacau por Theobroma foi Linné que significa "alimento para os
deuses". O cacaueiro requer um clima quente e húmido, sendo os maiores produtores de Theobroma
cacao os países da África, do Sudeste Asiático e da América Central e do Sul.
Molécula [5,6]
A teobromina (3,7-dimetilxantina) pertence a uma família dos alcalóides purínicos,
designados por metilxantinas. Outros compostos que pertencem ao mesmo grupo são a cafeína
(1,3,7-trimetilxantina) e a teofilina (1,3-dimetilxantina). A sua molécula possui dois grupos metil nas
posições 3 e 7. Em relação às suas características moleculares, tem como nome IUPAC
3,7-dimetil-2,3,6,7-tetrahidro-1H-purina-2,6-diona e fórmula molecular C7H8N4O2. O valor
correspondente à sua massa molecular é 180.16 g/mol e possui um ponto de fusão de 357 °C. [5,6]
Toxicidade [1,6,12,17,18,19]
A teobromina está presente principalmente nos produtos derivados do cacau e no chocolate,
mas também é encontrada no chá, bebidas à base de cola e alguns outros alimentos.
Segundo as declarações de perigo da GHS (Sistema Globalmente Harmonizado de
Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos), o principal perigo da teobromina é ser nociva
aquando da sua ingestão, causando toxicidade aguda oral.
Uma vez que há insuficiência de dados sobre a teobromina em relação à carcinogenicidade
em animais experimentais, nem dados epidemiológicos em humanos, o IARC concluiu que a
teobromina não é classificável quanto à sua carcinogenicidade. Portanto, o composto não foi
classificado quanto à sua carcinogenicidade para humanos (grupo 3).
A quantidade de teobromina encontrada no chocolate é suficientemente pequena para que
possa ser consumida com segurança pelo Homem em grandes quantidades. No entanto, os nossos
patudos metabolizam a teobromina mais lentamente, originando uma acumulação tóxica no
organismo e, por isso, podem facilmente ingerir a quantidade de chocolate suficiente para causar
intoxicação, sendo o DL50 para os cães de 300mg/kg e para os gatos é de 200 mg/kg.
O chocolate é um dos alimentos humanos que mais causam intoxicação em animais. Está
entre as vinte causas mais comuns de intoxicação! A intoxicação por teobromina ocorre mais
frequentemente em cães do que em gatos, provavelmente porque os cães têm hábitos alimentares
indiscriminados e o sabor adocicado do chocolate não provoca interesse aos gatos. O chocolate é
tóxico especialmente para cães menores, embora a dose tóxica varie consoante diversos fatores:
● se o cão comeu o chocolate com o estômago vazio
● se o cão é particularmente sensível ao chocolate
● o tipo de chocolate: o chocolate negro é mais tóxico, enquanto o chocolate de leite é menos,
e , por sua vez, o chocolate branco tem quantidades insignificantes de teobromina e por isso
seriam necessárias quantidades extremamente grandes para causar problemas sérios
● fontes acessíveis e prontamente disponíveis de chocolate
Visto que a dose necessária para causar efeitos tóxicos é apenas 20 mg/kg, é essencial
analisar as quantidades de teobromina específicas dos diferentes tipos de chocolate e de outros
produtos:
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Toxicocinética
Absorção [1,6,20]
A teobromina é bem absorvida (> 90%) pelo trato gastrointestinal do Homem e do cão.
Possui uma biodisponibilidade próxima da unidade, o que significa que a teobromina é bastante
biodisponível a partir de derivados do cacau e de produtos de chocolate. No homem, os picos de
concentração máxima são normalmente atingidos após 2-3 horas.
Segundo a IARC, quando administraram uma dose oral única de 15-50 mg / kg peso corporal
de teobromina a cães, as concentrações plasmáticas máximas, com variações individuais
consideráveis, foram observadas em 3 horas. Com uma dose mais elevada (150 mg / kg peso
corporal), as concentrações plasmáticas máximas foram atingidas 14-16 horas mais tarde, mostrando
absorção intestinal retardada.
Outro estudo observou o mesmo em coelhos: uma absorção gastrointestinal retardada,
consequente ao aumento da dose administrada. O pico da concentração plasmática tende a aparecer
mais tarde com doses maiores.
Em princípio, este retardo deve-se à baixa solubilidade aquosa do composto, uma vez que é
uma base fraca.
Em 1996, Mumford e coautores compararam a absorção oral da teobromina após a
administração de cápsulas, bebidas à base de cola e bombons de chocolate. Verificaram que após a
administração das cápsulas, o pico da concentração plasmática foi de 6,72 mg / L, aproximadamente
3 horas após a toma. Por sua vez, os picos obtidos com o chocolate ou com a bebida à base de cola
foram mais elevados (8,05 mg / L) e mais rápidas (2 horas). Os autores concluíram que uma porção
dietética normal de chocolate ou bebida à base de cola pode resultar em níveis plasmáticos de
significância biológica.
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Distribuição [1,12,21]
A forma indissociada da molécula que é solúvel na membrana lipoidal gástrica é a forma na
qual a teobromina é absorvida e uniformemente distribuída nos tecidos. A teobromina é vastamente
distribuída pelos tecidos do corpo, apresentando um volume de distribuição de <1L/kg de peso
corporal. No humano, os volumes de distribuição de molécula ligada e não ligada são de 0,68 e 0,8 L
/ kg de peso corporal, respetivamente.Nas metilxantinas, a ligação às proteínas plasmáticas ocorre
parcialmente através do grupo metil em N-1, que está ausente na teobromina. Assim, a ligação da
teobromina às proteínas plasmáticas é reduzida (15-25%).
Metabolismo [1,17,21]
A teobromina é metabolizada no fígado, com efeito mínimo de primeira passagem e passa
pela circulação entero-hepática, pelo que é excretada na bílis, passando para o lúmen intestinal,
onde é reabsorvida pela mucosa e retorna ao fígado pela circulação portal.
Sendo um composto N-metilado, a teobromina é degradada por desmetilação. As vias mais
importantes do metabolismo da teobromina são a 3- e 7-N-desmetilação que geram,
respetivamente, a 7- e 3-metilxantina, compostos que são subsequentemente oxidados nos seus
ácidos úricos correspondentes: ácido 7-metil úrico e ácido 3-metil úrico. A teobromina também pode
ser oxidada no carbono 8 (C8) a ácido 3,7-dimetilúrico e
6-amino-5-(N-metilformilamino)-1-metiluracilo (6-AMMU), pela abertura do anel. O ácido úrico e o
uracilo são, assim, os produtos finais da biodegradação da teobromina.
Embora as vias de desmetilação e oxidação de C-8 sejam as mais comuns quer para o
Homem quer para os cães, existem diferenças quantitativas significativas em relação aos metabolitos
formados.
No Homem, a transformação metabólica da teobromina é catalisada por enzimas e obedece
a uma cinética de primeira ordem, ou seja, a velocidade do metabolismo é diretamente proporcional
à concentração da teobromina livre. Isto significa que uma parte constante desta metilxantina é
metabolizada por unidade de tempo.
Excreção [1,12]
No homem, após a absorção oral, a teobromina tem uma clearance renal baixa em adultos
saudáveis (1,0 mL/min/kg). Não há dados suficientes sobre a toxicocinética da teobromina em
crianças e neonatos, mas é provável que a clearance da teobromina seja afetada em neonatos,
devido à imaturidade do metabolismo do CYP1A2 nesta fase. As concentrações máximas são
normalmente atingidas de 2 a 3 horas depois. A ligação às proteínas plasmáticas é baixa, variando
entre 15 a 25%. O tempo de semivida da teobromina varia de 7-12h.
A teobromina é também eliminada através do leite materno. Um estudo, cujo objetivo foi
investigar a distribuição da teobromina no leite materno em mães em amamentação, mostrou que o
consumo de 240 mg de teobromina a cada seis horas, junto com um volume médio de leite materno
de 1 litro por dia, resultou em 10 mg de exposição do composto ao recém-nascido. Espera-se que tais
doses sejam farmacologicamente ativas, com estimulação do sistema nervoso, do músculo cardíaco,
diurese e propriedades relaxantes do músculo liso, na maioria dos neonatos. Tem a capacidade de
atravessar a placenta e entrar no tecido das gónadas.
No cão, as metilxantinas são excretadas na urina não só na forma de metabólitos, como
também sob a forma dos compostos originais inalterados. O tempo de semivida da teobromina nos
cães é aproximadamente 17,5 horas.O tempo para atingir o pico da concentração plasmática de
teobromina depende da dose: A concentração plasmática máxima para doses mais baixas de
teobromina (15-50 mg/kg peso corporal por dia) surge ao fim de 3 horas e a concentração plasmática
máxima para doses mais altas (150 mg/kg peso corporal por dia) surge ao fim de 15 horas.
Sono
Foram estudados alguns nutrientes associados à duração do sono, pelo que se averiguou que
a teobromina é o que mais contribui para a sua durabilidade. Esses resultados contrastam com os
conhecidos pela cafeína, que causa insónias na população em geral. Assim, a teobromina é benéfica
e não está associada a distúrbios do sono.
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Sabe-se que períodos de descanso de curta duração estão associados a problemas
cardiometabólicos e psiquiátricos, enquanto que uma correta duração de sono contribui
positivamente para a saúde física e mental. Períodos de descanso curtos(<6h) e longos(>9h) foram
associados a pouca teobromina e períodos normais (7-8h) foram associados a uma ingestão maior
desta.
Trato respiratório
A teobromina é útil na asma e em outros problemas do trato respiratório, na medida em que
melhora a broncodilatação em pacientes com asma. A poli(ADP-ribose)polimerase-1 (PARP-1) é um
alvo das metilxantinas e consiste numa enzima nuclear que é pouco inibida pela cafeína, mas
significativamente inibida pela teobromina. Assim, a inibição da PARP-1 reduz significativamente a
inflamação dos pulmões. Além disso, a teobromina pode reduzir a neovascularização que
acompanha o crescimento de um tumor e pode reduzir os sintomas agudos e a angiogénese na
asma. Por estas razões, considera-se a ingestão do chocolate para o alívio dos sintomas de asma.
Antitússico
Os benefícios da teobromina na tosse parecem relacionar-se não só com seu potencial
anti-inflamatório, como também com a modulação da reatividade das vias aéreas.
A teobromina tem efeitos benéficos nas vias aéreas devido à sua capacidade supressora do
reflexo da tosse ("antitússica") através da cessação da atividade do nervo vago. Apresenta vantagens
em relação a outros antitússicos por ter efeitos supressores maiores e não terem sido identificados
efeitos adversos.
O chocolate negro está a ser investigado como uma alternativa devido à sua capacidade na
redução da tosse em pacientes com cancro.
Proteção do esmalte
A teobromina tem capacidade de proteger a superfície do esmalte e de preservar a
estrutura dos dentes.
Há que ter em atenção à presença de carboidratos no cacau, na medida em que estes são
metabolizados por bactérias da boca podendo levar à formação de cáries dentárias. No entanto,
tanto a teobromina inibe a cárie dentária. Deve ser encontrada uma alternativa mais adequada ao
cacau, como por exemplo o cacau sem açúcar, pois este apresenta os benefícios referidos, reduz a
ingestão calórica e previne as cáries dentárias.
Estudos confirmaram que a exposição regular à teobromina levou ao aumento da
microdureza da superfície do esmalte e auxiliou na recristalização da superfície. Estes fatores são
decisivos para a promoção, num futuro próximo, de dentifrícios contendo teobromina.
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Gravidez
O consumo de chocolate em grávidas foi avaliado através dos níveis séricos de teobromina
do cordão umbilical. Conclui-se que há uma associação deste consumo com um menor risco de
pré-eclâmpsia.
Cardiovascular
Renal
Como a adenosina desempenha um papel importante na regulação do fluxo sanguíneo, afeta
o fluxo sanguíneo renal e as taxas de filtração glomerular. O sistema vascular renal é regulado pelos
recetores de adenosina A1 e recetores A2. Como a teobromina tem afinidade para o recetor de
adenosina possui um pequeno efeito diurético.
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Perda de Peso
Na ausência da adenosina, a lipólise das células adiposas pode ser estimulada por inibidores
da fosfodiesterase potentes. A capacidade das metilxantinas de estimular a lipólise basal e a lipólise
estimulada pela noradrenalina está relacionada com a sua potência como antagonista da adenosina.
Estudos revelaram que a administração a curto prazo de chocolate negro levou ao aumento
significativo da sensibilidade à insulina e uma diminuição na pressão arterial em pessoas saudáveis.
O efeito foi determinado como sendo devido aos flavonóides do cacau, mas não se descarta o
envolvimento do bloqueio do recetor de adenosina. Por outro lado, o consumo de chocolate está
associado a uma alta ingestão calórica, tendo em conta os açúcares habitualmente adicionados.
Assim, a menos que substituam os açúcares por ingredientes de baixo valor calórico, os benefícios do
cacau nas questões endócrinas relacionadas à glicose e à regulação dos lípidos podem ser
contrastados ou mesmo revertidos por um aumento do peso.
Nota importante
Assim, os efeitos benéficos relatados sugerem que a teobromina poderá, num futuro próximo,
ser utilizada como medicamento, preventivo ou curativo.
Curiosidades [1,6,19,22,27,28]
Sabias que…?
● A teobromina contribui para o perfil sensorial do cacau e do chocolate, sendo responsável
pelo sabor amargo destes produtos. É por esta razão que preferimos o chocolate de leite ao
chocolate branco e é o que faz o chocolate negro ser mais amargo.
● Nos desportos equinos, a teobromina é considerada um agente dopante, devido aos seus
efeitos estimulantes. Portanto, os níveis de teobromina na urina de cavalo não deve exceder
os 2 μg/ml. Embora este pareça ser um nível generoso para uma substância dopante, pode
ser facilmente excedido com 20 amendoins cobertos de chocolate ingeridos num dia. Além
disso, como muitas outras drogas, a teobromina também pode ser detetada no cabelo de
cavalos, a fim de avaliar o histórico de drogas.
● O National Institute on Drug Abuse (NIDA) não considera a teobromina uma substância
viciante e, segundo a World Anti-Doping Agency (WADA), não é considerada substância
dopante.
Na Suécia, na zona de Estocolmo foram relatadas as mortes de uma raposa vermelha (Vulpes
vulpes) e um texugo europeu (Meles meles) num campo de golfe.
● Edema agudo não reativo no fígado, rim, pulmão, linfonodos, coração e meninges
A ausência de sinais que remetam para vómito ou diarreia, assim como a obesidade que
aparentavam ter, são indicadores fortes para uma intoxicação crónica. No entanto, é apenas uma
especulação devido à falta de dados relativos à toxicidade nestas duas espécies.
Não foi possível determinar qual a quantidade de chocolate que estes animais ingeriram e a
capacidade da raposa vermelha e do texugo metabolizar a teobromina é desconhecida. No entanto,
como a raposa vermelha e o cão são ambos membros da Ordem Carnivora, família Canidae,
podemos associar que a raposa seja tão sensível à teobromina como o cão. Porém, como o texugo
pertence à Ordem Carnivora, família Mustelidae, pode não ser tão sensível à teobromina como o
cão. Além disso, de acordo com a análise, a concentração de teobromina no fígado no momento da
morte no texugo era maior do que na raposa.
Assim, concluímos que os animais selvagens também são afetados pela toxicidade da
teobromina, devendo o nosso conhecimento ser mais abrangente a fim de sermos capazes de
proteger a vida selvagem.
Uma fêmea de terrier com 7,5 kg foi apresentada numa emergência a meio da noite com
relato de vómitos intermitentes e diarreia. Depois de feito um exame, mostrou que estava em
hipotermia e com respiração superficial e rápida, a qual não foi considerada taquicardia ou arritmia.
Os sintomas mais graves foram a aparência gravemente cianótica nas membranas da mucosa oral e
sistema cardiovascular comprometido, que a deixou em estado de alerta. O tempo de recarga capilar
(CRT) não foi medido devido ao grau de cianose.
Depois de admitida na clínica, a cadela sofreu convulsões e foi-lhe fornecida uma máscara de
oxigénio. Surgiu a suspeita de intoxicação por chocolate, mas esta hipótese foi revogada pelos donos,
fazendo-se pensar na possibilidade de ser doença de Addison, hemorragia de órgão interno com
enfarte pulmonar ou cardíaco ou insuficiência cardíaca aguda.
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Foi administrado solução salina normal por via intravenosa; creme de trinitrato de glicerina a
2% aplicado na parte inferior do pavilhão auricular, como adjuvante na insuficiência cardíaca aguda
que foi considerada primária.
A condição da cadela melhorou em duas horas e pela manhã seguinte o seu pulso já tinha
melhorado, a cor da mucosa normalizou e o CRT foi de um segundo. Uma análise ao sangue revelou
um hematócrito elevado, leucocitose marcada com neutrofilia e eosinofilia, o que reflete um estado
de desidratação. A nível da bioquímica mostrou que houve uma subida da bilirrubina total e
hiperglicemia leve. Uma radiografia ao tórax e um exame ECG mostraram um aumento cardíaco do
lado direito, mas sem evidência de congestão pulmonar ou patologia.
Sendo assim, foi prescrita uma cápsula de pimobendan 1,25 mg e administração subcutânea
de 0,5 ml de amoxicilina / ácido clavulânico. O creme já referido foi reaplicado quando a cianose
retornou. Com isto, a situação clínica melhorou dentro de 1 hora, sendo continuada a fluidoterapia
com solução de Hartmann por um período de tempo 12 horas.
Posteriormente a este intervalo, encontrou-se estável e a pedido dos donos recebeu alta
com prescrição de comprimidos Synulox 50 mg 2x/dia, cápsulas Vetmedin 1,25mg 2x/dia e gel tópico
Percutol para casos de recaídas.
Com isto, a sua situação pareceu manter-se normal, até que ela deu reentrada após 4 dias
com vómitos e em colapso com as mucosas em icterícia, sendo confirmado os valores elevados de
bilirrubina, anemia e hipocalcemia. Não havia evidência de hemorragia interna e foi detetada
hemólise intravascular. Foi medicada com metoclopramida intravenosa e dexametasona em
quantidades imunossupressoras, já que se suspeitava de anemia hemolítica autoimune. Manteve-se
a fluidoterapia. Fizeram um teste de Coombs e o resultado foi negativo.
Infelizmente, os donos não puderam pagar mais o tratamento contínuo, logo, a pedido deles,
recebeu alta, apesar do mau prognóstico.
Mais tarde, fizeram-se algumas questões aos mesmos e chegou-se à conclusão que foi um
caso de intoxicação por chocolate, pois a filha do casal acabou por admitir que habitualmente
oferecia bombons e chocolate de culinária à patuda, e que havia um histórico de vómitos e diarreias
ao longo de várias semanas. A partir deste conhecimento, a cadela melhorou e dentro de alguns dias
teve uma recuperação total, mesmo sem tratamento adicional.
Apesar de muitos dos sintomas deste caso clínico serem típicos da intoxicação por
teobromina, a falta de evidência inicial em relação à ingestão de chocolate levou ao mal-entendido.
A intoxicação por teobromina é então a causa mais provável, visto que a recuperação da terrier foi
possível apenas com a interrupção da ingestão de chocolate, sem nenhum tratamento adicional.
Declaração de Integridade
Trabalho realizado no âmbito da disciplina de Toxicologia Mecanística no ano letivo
2020/2021 do Curso de Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de
Farmácia da Universidade do Porto (FFUP). Este trabalho tem a responsabilidade
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