Filosofia Medieval
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ProfessorFerretto ProfessorFerretto
Filosofia Medieval
FIL0122 - (Uece) Em diálogo com Evódio, Santo a) desvio da postura celibatária.
Agostinho afirma: “parecia a ti, como dizias, que o livre- b) insuficiência da autonomia moral.
arbítrio da vontade não devia nos ter sido dado, visto c) afastamento das ações de desapego.
que as pessoas servem-se dele para pecar. Eu opunha d) distanciamento das práticas de sacrifício,
à tua opinião que não podemos agir com retidão a não e) violação dos preceitos do Velho Testamento.
ser pelo livre-arbítrio da vontade. E afirmava que Deus
no-lo deu, sobretudo em vista desse bem. Tu me FIL0124 - (Uece) “O maniqueísmo é uma filosofia
respondeste que a vontade livre devia nos ter sido religiosa sincrética e dualística fundada e propagada
dada do mesmo modo como nos foi dada a justiça, da por Manes ou Maniqueu, filósofo cristão do século III,
qual ninguém pode se servir a não ser com retidão”. que divide o mundo simplesmente entre Bom, ou Deus,
AGOSTINHO. O livre-arbítrio, Introdução, III, 18, 47. e Mau, ou o Diabo. A matéria é intrinsecamente má e
o espírito, intrinsecamente bom. Com a popularização
Com base nessa passagem acerca do livre-arbítrio da do termo, maniqueísta passou a ser um adjetivo para
vontade, em Agostinho, é correto afirmar que toda doutrina fundada nos dois princípios opostos do
a) o livre-arbítrio é o que conduz o homem ao pecado Bem e do Mal.”
e ao afastamento de Deus. Wikipédia. Disponível em:
b) o poder de decisão ‒ arbítrio ‒ da vontade humana https://pt.wikipedia.org/wiki/Manique%C3%ADsmo.
é o que permite a ação moralmente reta.
c) é da vontade de Deus que o homem não tenha Contra o maniqueísmo, Agostinho de Hipona (Santo
capacidade de decidir pelo pecado, já que o Seu amor Agostinho) afirmava que
pelo homem é maior do que o pecado. a) Deus é o Bem absoluto, ao qual se contrapõe o Mal
d) a ação justa é aquela que foi praticada com o livre- absoluto.
arbítrio; injusta é aquela que não ocorreu por meio do b) as criaturas só são más numa consideração parcial,
livre-arbítrio. mas são boas em si mesmas
c) toda a criação era boa e tornou-se má, pois foi
FIL0123 - (Enem) De fato, não é porque o homem pode dominada pelo pecado após a Queda.
usar a vontade livre para pecar que se deve supor que d) a totalidade da criação é boa em si mesma, mas
Deus a concedeu para isso. Há, portanto, uma razão singularmente há criaturas boas e más.
pela qual Deus deu ao homem esta característica, pois
sem ela não poderia viver e agir corretamente. Pode-
se compreender, então, que ela foi concedida ao FIL0125 - (Enem) Não é verdade que estão ainda cheios
homem para esse fim, considerando-se que se um de velhice espiritual aqueles que nos dizem: “Que fazia
homem a usar para pecar, recairão sobre ele as Deus antes de criar o céu e a terra? Se estava ocioso e
punições divinas. Ora, isso seria injusto se a vontade nada realizava”, dizem eles, “por que não ficou sempre
livre tivesse sido dada ao homem não apenas para agir assim no decurso dos séculos, abstendo-se, como
corretamente, mas também para pecar. Na verdade, antes, de toda ação? Se existiu em Deus um novo
por que deveria ser punido aquele que usasse da sua movimento, uma vontade nova para dar o ser a
vontade para o fim para o qual ela lhe foi dada? criaturas que nunca antes criara, como pode haver
AGOSTINHO. O livre-arbítrio. In: MARCONDES, D. Textos básicos verdadeira eternidade, se n’Ele aparece uma vontade
de ética. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008. que antes não existia?”
AGOSTINHO. Confissões. São Paulo: Abril Cultural, 1984.
Nesse texto, o filósofo cristão Agostinho de Hipona
sustenta que a punição divina tem como fundamento A questão da eternidade, tal como abordada pelo
o(a) autor, é um exemplo da reflexão filosófica sobre a(s)
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a) essência da ética cristã. FIL0128 - (Enem) Se os nossos adversários, que
b) natureza universal da tradição. admitem a existência de uma natureza não criada por
c) certezas inabaláveis da experiência. Deus, o Sumo Bem, quisessem admitir que essas
d) abrangência da compreensão humana. considerações estão certas, deixariam de proferir
e) interpretações da realidade circundante. tantas blasfêmias, como a de atribuir a Deus tanto a
autoria dos bens quanto dos males. Pois sendo Ele
FIL0126 - (Ufu) Agostinho, em Confissões, diz: "Mas fonte suprema da Bondade, nunca poderia ter criado
após a leitura daqueles livros dos platônicos e de ser aquilo que é contrário à sua natureza.
levado por eles a buscar a verdade incorpórea, percebi AGOSTINHO. A natureza do Bem. Rio de Janeiro: Sétimo Selo,
que 'as perfeições invisíveis são visíveis em suas obras' 2005 (adaptado).
(Carta de Paulo aos Romanos, 1, 20)".
Agostinho de Hipona. Confissões, livro VII, cap. 20, citado por: Para Agostinho, não se deve atribuir a Deus a origem
MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de Filosofia. Rio de Janeiro: do mal porque
Jorge Zahar Editora, 2000. Tradução do autor. a) o surgimento do mal é anterior à existência de Deus.
b) o mal, enquanto princípio ontológico, independe de
Nesse trecho, podemos perceber como Agostinho Deus.
a) se utilizou da Bíblia para conhecer melhor a filosofia c) Deus apenas transforma a matéria, que é, por
platônica. natureza, má.
b) utiliza a filosofia platônica para refutar os textos d) por ser bom, Deus não pode criar o que lhe é oposto,
bíblicos. o mal.
c) separa nitidamente os domínios da filosofia e da e) Deus se limita a administrar a dialética existente
religião. entre o bem e o mal.
d) foi despertado para o conhecimento de Deus a partir
da filosofia platônica. FIL0129 - (Enem) TEXTO I
Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento
FIL0127 - (Unesp) Não posso dizer o que a alma é com originário de tudo o que existe, existiu e existirá, e que
expressões materiais, e posso afirmar que não tem outras coisas provêm de sua descendência. Quando o
qualquer tipo de dimensão, não é longa ou larga, ou ar se dilata, transforma-se em fogo, ao passo que os
dotada de força física, e não tem coisa alguma que ventos são ar condensado. As nuvens formam-se a
entre na composição dos corpos, como medida e partir do ar por feltragem e, ainda mais condensadas,
tamanho. Se lhe parece que a alma poderia ser um transformam-se em água. A água, quando mais
nada, porque não apresenta dimensões do corpo, condensada, transforma-se em terra, e quando
entenderá que justamente por isso ela deve ser tida em condensada ao máximo possível, transforma-se em
maior consideração, pois é superior às coisas materiais pedras.
exatamente por isso, porque não é matéria. É certo que BURNET, J. A aurora da filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio,
uma árvore é menos significativa que a noção de 2006 (adaptado).
justiça. Diria que a justiça não é coisa real, mas um TEXTO II
nada? Por conseguinte, se a justiça não tem dimensões
materiais, nem por isso dizemos que é nada. E a alma Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus,
ainda parece ser nada por não ter extensão material? como criador de todas as coisas, está no princípio do
(Santo Agostinho. Sobre a potencialidade da alma, 2015. mundo e dos tempos. Quão parcas de conteúdo se nos
Adaptado.) apresentam, em face desta concepção, as
especulações contraditórias dos filósofos, para os quais
No texto de Santo Agostinho, a prova da existência da o mundo se origina, ou de algum dos quatro
alma elementos, como ensinam os Jônios, ou dos átomos,
a) desempenha um papel primordialmente retórico, como julga Demócrito. Na verdade, dão a impressão de
desprovido de pretensões objetivas. quererem ancorar o mundo numa teia de aranha”.
b) antecipa o empirismo moderno ao valorizar a GILSON, E.; BOEHNER, P. História da Filosofia Cristã. São Paulo:
experiência como origem das ideias. Vozes, 1991 (adaptado).
c) serviu como argumento antiteológico mobilizado
contra o pensamento escolástico. Filósofos dos diversos tempos históricos
d) é fundamentada no argumento metafísico da desenvolveram teses para explicar a origem do
primazia da substância imaterial. universo, a partir de uma explicação racional. As teses
e) é acompanhada de pressupostos relativistas no de Anaxímenes, filósofo grego antigo, e de Basílio,
campo da ética e da moralidade. filósofo medieval, têm em comum na sua
fundamentação teorias que
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a) eram baseadas nas ciências da natureza. Sobre o Gênese, V
b) refutavam as teorias de filósofos da religião.
c) tinham origem nos mitos das civilizações antigas. Considerando as informações acima, é correto afirmar
d) postulavam um princípio originário para o mundo. que se pode perceber:
e) defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas. a) que Agostinho modifica certas ideias do cristianismo
a fim de que este seja concordante com a filosofia de
FIL0130 - (Ufu) Na medida em que o Cristianismo se Platão, que ele considerava a verdadeira.
consolidava, a partir do século II, vários pensadores, b) uma crítica radical à filosofia platônica, pois esta é
convertidos à nova fé e, aproveitando-se de elementos contraditória com a fé cristã.
da filosofia greco-romana que eles conheciam bem, c) a influência da filosofia platônica sobre Agostinho,
começaram a elaborar textos sobre a fé e a revelação mas esta é modificada a fim de concordar com a
cristãs, tentando uma síntese com elementos da doutrina cristã.
filosofia grega ou utilizando-se de técnicas e conceitos d) uma crítica violenta de Agostinho contra a filosofia
da filosofia grega para melhor expor as verdades em geral.
reveladas do Cristianismo. Esses pensadores ficaram
conhecidos como os Padres da Igreja, dos quais o mais FIL0133 - (Ufu) A filosofia de Agostinho (354 – 430) é
importante a escrever na língua latina foi santo estreitamente devedora do platonismo cristão
Agostinho. milanês: foi nas traduções de Mário Vitorino que leu os
COTRIM, Gilberto. Fundamentos de Filosofia: Ser, Saber e Fazer. textos de Plotino e de Porfírio, cujo espiritualismo
São Paulo: Saraiva, 1996, p. 128. (Adaptado)
devia aproximá-lo do cristianismo. Ouvindo sermões
Esse primeiro período da filosofia medieval, que durou de Ambrósio, influenciados por Plotino, que Agostinho
do século II ao século X, ficou conhecido como venceu suas últimas resistências (de tornar-se cristão).
a) Escolástica. PEPIN, Jean. Santo Agostinho e a patrística ocidental. In:
CHÂTELET, François (org.) A Filosofia medieval. Rio de Janeiro
b) Neoplatonismo.
Zahar Editores: 1983, p. 77.
c) Antiguidade tardia.
d) Patrística.
Apesar de ter sido influenciado pela filosofia de Platão,
FIL0131 - (Uncisal) A filosofia de Santo Agostinho é por meio dos escritos de Plotino, o pensamento de
essencialmente uma fusão das concepções cristãs com Agostinho apresenta muitas diferenças se comparado
o pensamento platônico. Subordinando a razão à fé, ao pensamento de Platão.
Agostinho de Hipona afirma existirem verdades Assinale a alternativa que apresenta, corretamente,
superiores e inferiores, sendo as primeiras uma dessas diferenças.
compreendidas a partir da ação de Deus. Como se a) Para Agostinho, é possível ao ser humano obter o
chama a teoria agostiniana que afirma ser a ação de conhecimento verdadeiro, enquanto, para Platão, a
Deus que leva o homem a atingir as verdades verdade a respeito do mundo é inacessível ao ser
superiores? humano.
a) Teoria da Predestinação. b) Para Platão, a verdadeira realidade encontra-se no
b) Teoria da Providência. mundo das Ideias, enquanto para Agostinho não existe
c) Teoria Dualista. nenhuma realidade além do mundo natural em que
d) Teoria da Emanação. vivemos.
e) Teoria da Iluminação. c) Para Agostinho, a alma é imortal, enquanto para
Platão a alma não é imortal, já que é apenas a forma do
FIL0132 - (Ufu) Segundo o texto abaixo, de Agostinho corpo.
de Hipona (354-430 d. C.), Deus cria todas as coisas a d) Para Platão, o conhecimento é, na verdade,
partir de modelos imutáveis e eternos, que são as reminiscência, a alma reconhece as Ideias que ela
ideias divinas. Essas ideias ou razões seminais, como contemplou antes de nascer; Agostinho diz que o
também são chamadas, não existem em um mundo à conhecimento é resultado da Iluminação divina, a
parte, independentes de Deus, mas residem na própria centelha de Deus que existe em cada um.
mente do Criador,
FIL0134 - (Ueg) Os primeiros séculos da era cristã são
[...] a mesma sabedoria divina, por quem foram
os da constituição dos dogmas cristãos. A tarefa da
criadas todas as coisas, conhecia aquelas primeiras,
filosofia desenvolvida pelos padres da Igreja nesta
divinas, imutáveis e eternas razões de todas as coisas,
época é a de encontrar justificativas racionais para as
antes de serem criadas [...].
verdades reveladas, ou seja, conciliar fé e razão. Santo
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Agostinho é o principal representante deste período c) A metáfora da luz significa a ação divina que nos faz
que ficou conhecido como recordar as verdades eternas que a alma possuía antes
a) racionalismo. de se unir ao corpo.
b) escolástica. d) A metáfora da luz significa a ação divina que nos faz
c) fideismo. recordar as verdades eternas que a alma possuía e que
d) patrística. nela permanecem mediante os ciclos da reencarnação.
FIL0135 - (Ufu) Leia o texto a seguir. FIL0137 - (Ufu) Considere o trecho abaixo.
“No que diz respeito a todas as coisas que “Quando, pois, se trata das coisas que percebemos
compreendemos, não consultamos a voz de quem fala, pela mente (...). estamos falando ainda em coisas que
a qual soa de fora, mas a verdade que dentro de nós vemos como presentes naquela luz interior da verdade,
preside à própria mente, incitados talvez pela palavra pela qual é iluminado e de que frui o homem interior.
a consultá-la.” Santo Agostinho. Do Mestre. São Paulo: Abril Cultural. 1973. p.
De Magistro, Cap. XI, 38, In Os Pensadores, SANTO AGOSTINHO. 320. (Os Pensadores)
São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 319.
Segundo o pensamento de Santo Agostinho, as
Marque a afirmativa incorreta. verdades contidas na filosofia pagã provêm de que
a) Segundo Agostinho, a verdade não se descobre pela fonte? Assinale a alternativa correta.
consulta das palavras que vêm de fora. O processo da a) De fonte diferente de onde emanam as verdades
descoberta da verdade dá-se através da interioridade. cristãs, pois há oposição entre as verdades pagãs e as
b) Segundo Agostinho, a linguagem humana não tem verdades cristãs.
um poder causal, mas apenas uma função instrumental b) Da mesma fonte de onde emanam as verdades
de utilidade. cristãs, pois não há oposição entre as verdades pagãs e
c) Segundo Agostinho, a linguagem humana é a cristãs.
condição para conhecer a verdade que dentro de nós c) De Platão, por ter chegado a conceber a ideia
preside à própria mente. Suprema do Bem.
d) Segundo Agostinho, a verdade que dentro de nós d) De Aristóteles, por ter concebido o Ser Supremo
preside à própria mente pressupõe a iluminação divina corno primeiro motor imóvel.
e não o recurso à memória.
FIL0138 - (Ufu) A teoria da iluminação divina,
FIL0136 - (Ufu) Leia o trecho extraído da obra contribuição original de Agostinho à filosofia da
Confissões. cristandade, foi influenciada pela filosofia de Platão,
Quem nos mostrará o Bem? Ouçam a nossa resposta: porém, diferencia-se dela em seu aspecto central.
Está gravada dentro de nós a luz do vosso rosto, Assinale a alternativa abaixo que explicita esta
Senhor. Nós não somos a luz que ilumina a todo diferença.
homem, mas somos iluminados por Vós. Para que a) A filosofia agostiniana compartilha com a filosofia
sejamos luz em Vós os que fomos outrora trevas. platônica do dualismo, tal como este foi definido por
SANTO AGOSTINHO. Confissões IX. São Paulo: Nova Cultural,1987.
Agostinho na Cidade de Deus. Assim, a luz da teoria da
4, l0. p.154. iluminação está situada no plano suprassensível e só é
Coleção Os Pensadores alcançada na transcendência da existência terrena
para a vida eterna.
b) A teoria da Iluminação, tal como sugere o nome, está
Sobre a doutrina da iluminação de Santo Agostinho, fundamentada na luz de Deus, luz interior dada ao
marque a alternativa correta. homem interior na busca da verdade das coisas que
a) A irradiação da luz divina faz com que conheçamos não são conhecidas pelos sentidos; esta luz é Cristo,
imediatamente as verdades eternas em Deus. Essas que ensina e habita no homem interior.
verdades, necessárias e eternas, não estão no interior c) Agostinho foi contemporâneo da Terceira Academia,
do homem, porque seu intelecto é contingente e recebendo os ensinamentos de Arcesilau e Carnéades,
mutável. o que resultou na posição dogmática do filósofo cristão
b) A irradiação da luz divina atua imediatamente sobre quanto à impossibilidade do conhecimento da
o intelecto humano, deixando-o ativo para o verdade, sendo o conhecimento humano apenas
conhecimento das verdades eternas. Essas verdades, verossímil.
necessárias e imutáveis, estão no interior do homem. d) A alma é a morada da verdade, todo conhecimento
nela repousa. Assim, a posição de Agostinho afasta-se
da filosofia platônica, ao admitir que a alma possui uma
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existência anterior, na qual ela contemplou as ideias, c) doutrina da iluminação que afirma que o
de modo que o conhecimento de Deus é anterior à conhecimento humano é iluminado pela Verdade
existência. Eterna, isto é, Deus;
d) estética intelectualista de Agostinho, que consiste
FIL0139 - (Ufu) Agostinho formula sua teoria do num profundo desprezo pela sensibilidade humana.
conhecimento a partir da máxima “creio tudo o que
entendo, mas nem tudo que creio conheço”. A posição FIL0142 - (Ufu) A Patrística (séculos II ao V d.C.) é o
do autor não impede que cada um busque a sabedoria movimento intelectual dos primeiros padres da Igreja,
com suas próprias forças; o que ainda não é conhecido destinado a justificar a fé cristã, tendo em vista a
pode ser revelado mediante a consulta da verdade conversão dos pagãos. Sobre a Patrística pode-se
interior. Com base neste argumento, assinale a afirmar, com certeza:
alternativa correta.
a) É incorreto afirmar que a verdade interior que soa I. assume criticamente elementos da filosofia platônica
no íntimo das pessoas seja o Cristo; e o arbítrio na tentativa de melhor fundamentar a doutrina cristã.
humano é consultado sobre o que não se conhece. II. considera que as verdades da razão estão sempre
b) As coisas que ainda não conhecemos só podem ser em contradição com as verdades reveladas por Deus.
percebidas pelos sentidos do corpo e podem ser III. incorpora as teses da metafísica aristotélica para
comunicadas facilmente por intermédio das palavras. fundar uma teologia estritamente racionalista.
c) A verdade interior está à disposição de cada um e IV. considera a razão como auxiliar da fé e a ela
encontra-se armazenada na memória, de modo que o subordinada, tal como expressa a frase de Sto.
uso da memória dispensa a contemplação da luz Agostinho "creio porque entendo".
interior.
d) A verdade interior só pode ser percebida pelo a) II e IV são corretas.
homem interior, que é iluminado pela luz desta b) I e IV são corretas.
verdade interior, que é contemplada por cada um. c) III e IV são corretas.
d) Apenas II é correta.
FIL0140 - (Ufu) A Patrística, filosofia cristã dos FIL0143 - (Espm) No século XIII surgiu a Escolástica, cor-
primeiros séculos, poderia ser definida como rente filosófica que, a partir de então, dominou o
a) retomada do pensamento de Platão, conforme os pensamento medieval.
modelos teológicos da época, estabelecendo estreita (Rubim Santos Leão de Aquino. História das Sociedades: das
relação entre filosofia e religião. Comunidades Primitivas às Sociedades Medievais)
b) configuração de um novo horizonte filosófico,
proposto por Santo Agostinho, inspirado em Platão, de A Escolástica:
modo a resgatar a importância das coisas sensíveis, da a) teve em Santo Agostinho seu maior expoente e era
materialidade. teocêntrica;
c) adaptação do pensamento aristotélico, conforme os b) teve em Alberto Magno seu maior expoente e
moldes teológicos da época. refutava o teocentrismo, pregando o
d) criação de uma escola filosófica, que visava antropocentrismo;
combater os ataques dos pagãos, rompendo com o c) teve em Tomás de Aquino seu principal expoente e
dualismo grego. foi uma tentativa de harmonizar a razão com a fé;
FIL0141 - (Ufu) "Assim até as coisas materiais emitem d) considerava que a razão podia proporcionar uma
um juízo sobre as suas formas, comparando-as àquela visão completa e unificada da natureza ou da
Forma da eterna Verdade e que intuímos com o olhar sociedade;
de nossa mente." e) pregava o recurso racional da força, sendo este mais
(Sto. Agostinho, A Trindade, Livro IX, Capítulo 6. São Paulo, Paulus, importante do que o exercício da virtude ou da fé.
1994. p. 299)
FIL0144 - (Uece) “Portanto, deve-se dizer que como a
Esta frase de Sto. Agostinho refere-se à lei escrita não dá força ao direito natural, assim
a) teologia mística de Agostinho, que se funda na também não pode diminuir-lhe nem suprimir-lhe a
experiência imediata da alma humana com Deus; força; pois, a vontade humana não pode mudar a
b) moral agostiniana que propõe ao homem regras natureza. Portanto, se a lei escrita contém algo contra
para uma vida santa e ascética, apartada do mundo; o direito natural, é injusta e não tem força para obrigar.
Pois, só há lugar para o direito positivo, quando,
segundo o direito natural, é indiferente que se proceda
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de uma maneira ou de outra, como já foi explicado FIL0147 - (Enem) Enquanto o pensamento de Santo
acima. Por isso, tais textos não hão de chamar leis, mas Agostinho representa o desenvolvimento de uma
corrupções da lei, como já se disse. E portanto, não se filosofia cristã inspirada em Platão, o pensamento de
deve julgar de acordo com elas.” São Tomás reabilita a filosofia de Aristóteles – até
Tomás de Aquino, Suma Teológica, II, Questão 60, Art. 5. então vista sob suspeita pela Igreja –, mostrando ser
possível desenvolver uma leitura de Aristóteles
Com base na passagem acima, é correto afirmar que compatível com a doutrina cristã. O aristotelismo de
a) a lei escrita só é legítima se for baseada no direito São Tomás abriu caminho para o estudo da obra
natural. aristotélica e para a legitimação do interesse pelas
b) o direito positivo não é a lei escrita, mas dos ciências naturais, um dos principais motivos do
costumes. interesse por Aristóteles nesse período.
c) o direito natural só é legítimo se expresso na lei MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar,
escrita. 2005.
d) não há diferença entre direito natural e direito
positivo. A Igreja Católica por muito tempo impediu a divulgação
da obra de Aristóteles pelo fato de a obra aristotélica
FIL0145 - (Enem) Tomás de Aquino, filósofo cristão que a) valorizar a investigação científica, contrariando
viveu no século XIII, afirma: a lei é uma regra ou um certos dogmas religiosos.
preceito relativo às nossas ações. Ora, a norma b) declarar a inexistência de Deus, colocando em
suprema dos atos humanos é a razão. Desse modo, em dúvida toda a moral religiosa.
última análise, a lei está submetida à razão; é apenas c) criticar a Igreja Católica, instigando a criação de
uma formulação das exigências racionais. Porém, é outras instituições religiosas.
mister que ela emane da comunidade, ou de uma d) evocar pensamentos de religiões orientais, minando
pessoa que legitimamente a representa. a expansão do cristianismo.
GILSON, E.; BOEHNER, P. História da filosofia cristã. Petrópolis: e) contribuir para o desenvolvimento de sentimentos
Vozes, 1991 (adaptado). antirreligiosos, seguindo sua teoria política.
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c) o estudo da filosofia de Aristóteles levou Tomás de a) Segundo os nominalistas, as espécies e gêneros
Aquino a rejeitar as verdades da fé cristã que não universais são meras palavras que expressam um
fossem compatíveis com a razão natural. conteúdo mental, sem existência real.
d) a atitude de Tomás de Aquino diante da filosofia de b) Segundo os nominalistas, os universais são
Aristóteles é de conciliação desta filosofia com as conceitos, mas têm fundamento na realidade das
certezas da fé cristã. coisas.
c) Segundo os nominalistas, os universais (gêneros e
espécies) são entidades realmente existentes no
FIL0154 - (Uff) A importância do filósofo medieval mundo das Ideias, sendo as coisas deste mundo meras
Tomás de Aquino reside principalmente em seu cópias destas Ideias.
esforço de valorizar a inteligência humana e sua d) Segundo os nominalistas, os gêneros e as espécies
capacidade de alcançar a verdade por meio da razão. universais existem realmente, mas apenas na mente de
Discorrendo sobre a “possibilidade de descobrir a Deus.
verdade divina”, ele diz:
“As verdades que professamos acerca de Deus FIL0156 - (Ufu) Santo Tomás de Aquino, nascido em
revestem uma dupla modalidade. Com efeito, existem 1224 e falecido em 1274, propôs as cinco vias para o
a respeito de Deus verdades que ultrapassam conhecimento de Deus. Estas vias estão
totalmente as capacidades da razão humana. Uma fundamentadas nas evidências sensíveis e racionais. A
delas é, por exemplo, que Deus é trino e uno. Ao primeira via afirma que os corpos inanimados podem
contrário, existem verdades que podem ser atingidas ter movimento por si mesmos. Assim, para que estes
pela razão: por exemplo, que Deus existe, que há um corpos tenham movimento é necessário que algo os
só Deus etc. Estas últimas verdades, os próprios mova. Esta concepção leva à necessidade de um
filósofos as provaram por meio de demonstração, primeiro motor imóvel, isto é, algo que mesmo não
guiados pela luz da razão natural”. sendo movido por nada pode mover todas as coisas.
A partir dessa citação, identifique a opção que melhor Sobre a primeira via, que é a do movimento, marque a
expressa esse pensamento de Tomás de Aquino. alternativa correta.
a) A Filosofia é capaz de alcançar todas as verdades a) Para que os objetos tenham movimento é necessário
acerca de Deus. que algo os mova; dessa forma, entende-se que é
b) O ser humano só alcança o conhecimento graças à necessário um primeiro motor. Logo, podemos
revelação da verdade que Deus lhe concede. entender que Deus não é necessário no sistema.
c) A fé é o único meio de o ser humano chegar à b) Para Santo Tomás, os objetos inanimados movem-se
verdade. por si mesmos e esse fenômeno demonstra a
d) Mesmo limitada, a razão humana é capaz de existência de Deus.
alcançar por seus meios naturais certas verdades. c) A demonstração do primeiro motor não recorre à
e) Deus é um ser absolutamente misterioso e o ser sensibilidade, dispensando toda e qualquer
humano nada pode conhecer d’Ele. observação da natureza, uma vez que sua
fundamentação é somente racional.
FIL0155 - (Ufu) Para responder a questão, leia o d) Conforme o argumento da primeira via podemos
seguinte texto. concluir que Deus é o motor imóvel, o qual move todas
O universal é o conceito, a ideia, a essência as coisas, mas não é movido.
comum a todas as coisas (por exemplo, o conceito de
ser humano). Em outras palavras, pergunta-se se os
gêneros e as espécies têm existência separada dos FIL0157 - (Ueg) A Idade Média e a Idade Moderna são
duas fases da história europeia marcadas, em muitos
objetos sensíveis: as espécies (por exemplo, o cão) ou
aspectos, por visões distintas de mundo: a primeira,
os gêneros (por exemplo, o animal) teriam existência
teocêntrica, procurava conciliar fé e razão; a segunda,
real? Ou seriam apenas ideias na mente ou apenas
antropocêntrica, se destaca pelo racionalismo. Em
palavras? termos filosóficos, seus principais representantes
(ARANHA, M. L. A. & MARTINS, M. H. Filosofando. 3ª edição. São
foram, respectivamente:
Paulo: Moderna, 2003, p. 126.)
a) Tomás de Aquino e René Descartes
b) Santo Agostinho e Thomas Hobbes
A resposta correta à pergunta formulada no texto c) Maquiavel e Bossuet
acima, sobre os universais, é: d) Cícero e Copérnico
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FIL0158 - (Ufu) Leia o texto a seguir sobre o problema FIL0160 – (Ufu) Sobre Tomás de Aquino, considere o
dos universais. seguinte trecho, extraído de uma conhecida História da
Filosofia.
“Ockham adota o nominalismo, posição
inaugurada em uma versão mais radical por Roscelino “O sistema tomista baseia-se na determinação rigorosa
(séc. XII), [que] afirma serem os universais apenas das relações entre a razão e a revelação. Ao homem,
palavras, flatus vocis, sons emitidos, não havendo cujo fim último é Deus, o qual excede toda a
nenhuma entidade real correspondentes a eles.” compreensão da razão, não basta a investigação
MARCONDES, D. Iniciação à história da filosofia: dos pré- filosófica baseada na razão. Mesmo aquelas verdades
socráticos a Wittgenstein. que a razão pode alcançar sozinha, não é dado a todos
Rio de Janeiro: J. Zahar, 2005. p. 132.
alcançá-las, e não está livre de erros o caminho que a
elas conduz. Foi, portanto, necessário que o homem
Marque a alternativa correta.
fosse instruído convenientemente e com mais certeza
a) Segundo o texto acima, o termo “humanidade”,
pela revelação divina. Mas a revelação não anula nem
aplicável a uma multiplicidade de indivíduos, indica um
torna inútil a razão: ‘a graça não elimina a natureza,
modo de ser das realidades extramentais.
antes a aperfeiçoa’. A razão natural subordina-se à fé
b) Segundo o texto acima, o termo “humanidade”,
tal como no campo prático as inclinações naturais se
aplicável a uma multiplicidade de indivíduos, é apenas
subordinam à caridade.”
um conceito pelo qual nos referimos a esse conjunto. ABBAGNANO, Nicola. História da Filosofia . Lisboa: Presença,
c) Segundo o texto acima, o termo “humanidade”, 1978, p. 29-30, Vol. IV.
aplicável a uma multiplicidade de indivíduos,
determina entidades metafísicas subsistentes. Com base no texto, é correto afirmar que Tomás de
d) Segundo o texto acima, o termo “humanidade”, Aquino
aplicável a uma multiplicidade de indivíduos, a) rejeitava as verdades da fé cristã que não pudessem
determina formas de substância individual existentes. ser explicadas plenamente pela razão humana.
b) desprezava, por serem inúteis, as tentativas
racionais em compreender as verdades da fé cristã.
FIL0159 - (Ufu) O texto que segue refere-se às vias da c) buscava conciliar as verdades da fé cristã com as
prova da existência de Deus. exigências da razão humana.
As cinco vias consistem em cinco grandes d) subordinava a fé à razão natural, só sendo digno de
linhas de argumentação por meio das quais se pode crença o que pudesse ser cientificamente comprovado.
provar a existência de Deus. Sua importância reside
sobretudo em que supõe a possibilidade de se chegar
no entendimento de Deus, ainda que de forma parcial FIL0161 - (Ufu) Sobre a questão dos universais na
e indireta, a partir da consideração do mundo natural, Idade Média, considere o texto a seguir e marque a
do cosmo, entendido como criação divina. alternativa correta.
MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia: dos pré-socráticos a
Wittgenstein. “Resume-se, frequentemente, a contribuição histórica
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999. p. 67. de Guilherme de Ockham ao ‘nominalismo’. Sem ser
falsa, esta visão é insuficiente. É incontestável que,
para Guilherme de Ockham, existem apenas seres
A partir do texto, marque a alternativa correta. singulares e substâncias individuais ou qualidades
a) As cinco vias são argumentos diretos e evidentes da particulares. Mas seu impacto repousa mais
existência de Deus. fundamentalmente num tipo de análise da linguagem
b) Tomás de Aquino formula as cinco vias da prova da da qual ele é ao mesmo tempo o teórico e um de seus
existência de Deus, utilizando, sistematicamente, as praticantes mais finos.”
passagens bíblicas para fundamentar seus argumentos. BIARD, Jöel. “Guilherme de Ockham”.In: LABRUNE, Monique &
c) As cinco vias partem de afirmações gerais e racionais JAFFRO, Laurent (coord.). A construção da filosofia ocidental
(Gradus Philosophicus). São Paulo: Mandarim, 1996, p. 166.
sobre a existência de Deus, para chegar a conclusões
sobre as coisas sensíveis, particulares e verificáveis
sobre o mundo natural. a) Entre os filósofos da Idade Média, são considerados
nominalistas, além de Guilherme de Ockham, Tomás
d) Tomás de Aquino formula as argumentações que
provam a existência de Deus sob a influência do de Aquino e Duns Scot.
pensamento de Aristóteles, recorrendo não à Bíblia, b) Segundo o texto citado, é falso classificar Guilherme
mas, sobretudo, à Metafísica do filósofo grego. de Ockham entre os adeptos do nominalismo.
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c) No âmbito da chamada “questão dos universais”, a sábios que deveriam transmitir sua sabedoria nas
posição oposta à de Guilherme de Ockham é conhecida escolas da época. Esses grandes mestres foram
como “conceptualismo”. chamados scholasticos. As matérias ensinadas por eles
d) O nominalismo de que fala o texto é a tese segundo nas escolas medievais eram chamadas de artes liberais
a qual os conceitos universais não têm existência fora e foram divididas em
da mente. a) fé e razão.
b) matemática e gramática.
c) trívio e quadrívio.
FIL0162 - (Ueg) Durante seu reinado, Carlos Magno d) teologia e filosofia.
buscou reverter o quadro de estagnação cultural
gerado pelas invasões bárbaras, quando muito do
conhecimento da Antiguidade clássica havia se
perdido. Reuniu então, com o apoio da Igreja, grandes
notas
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