E-Book - Unidade III
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DOS DOCUMENTOS LEGAIS DE PROTEÇÃO À
CRIANÇA E AO ADOLESCENTE
Objetivos:
a) As normas internacionais
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b) As leis no Brasil
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direitos fundamentais à criança e ao adolescente, além daqueles provenientes de
sua situação peculiar de desenvolvimento. São consagrados os princípios da prio-
ridade absoluta, do respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento e
da co-gestão, os quais passam a orientar o tratamento da criança e do adolescente.
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Os princípios são fórmulas que direcionam a elaboração de leis e atuação dos profissionais que trabalham
o Direito, os quais devem ser aplicados, em primeiro lugar, para regular uma atuação, podendo-se questionar
até a validade de leis que não correspondam ao que prescrevem os princípios que norteiam uma determinada
atividade. Portanto, os princípios são fundamentos valorativos que consagram preceitos maiores que devem
ser mantidos, não podendo ser derrogados por normas legais.
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SAIBA MAIS
Situação de risco: situação em que crianças e adolescentes encontrem-se com seus direitos
ameaçados ou violados por ação ou omissão da sociedade ou do Estado, por falta, omissão ou
abuso dos pais ou responsáveis e em razão de sua conduta6.
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Artigo 98 do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº. 8069/90): As medidas de proteção à criança e ao
adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:
I- por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
II- por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
III- em razão de sua conduta.
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Nesse sentido, “José Afonso da Silva [2] conclui que ‘a liberdade de expressão é o aspecto externo da liberdade
de opinião. A criança e o adolescente devem sempre ser ouvidos quando queiram ou devem emitir sua opinião,
mormente nos assuntos que lhes digam respeito’ (p.67)” (grifos da autora). SILVA PEREIRA, Tânia da. Direito
da criança e do adolescente: uma proposta interdisciplinar. Rio de Janeiro: Renovar,1996. p.86.
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Ao se atribuir importância à situação específica em que se encontram e sua
personalidade em formação, deve-se procurar possibilitar-lhes o acesso aos meios
que facilitem esse crescimento como a educação, a cultura e o lazer.
ATENÇÃO!
A sociedade é chamada a participar e a Lei n.º 8.069/90 exige essa tomada de atitude por parte dos
cidadãos, para possibilitar a concretização dos direitos que prescreve.
O ECA criou vários órgãos que necessitam da participação da coletividade
para a sua existência, como os Conselhos Tutelares, onde seus membros são
escolhidos entre as pessoas da comunidade e por ela própria, e os Conselhos
de Direitos, que exigem a participação de representantes da sociedade civil
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organizada, para, de forma paritária com os membros do poder público, definir as
políticas públicas voltadas para a infância e a juventude.
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“Considera Deodato Rivera, finalmente, que ‘a trilogia liberdade-respeito-dignidade é o cerne da Doutrina
da Proteção Integral, espírito e meta do Estatuto, e que nesses três elementos, cabe à dignidade a primazia,
por ser o coroamento da construção ética estatutária’ (p.8).” (grifos da autora) SILVA PEREIRA, Tânia da. Op.
cit.p.80.
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Os Direitos Humanos de Primeira Geração são conhecidos como direitos de liberdade por englobarem as
liberdades de locomoção, de expressão, de religião, entre outras.
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BOBBIO, Noberto. A era dos direitos. Trad. Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Campus, 1992. p.74.
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3.2.5 A criança e o adolescente não podem ser vistos como objetos
de vontade dos adultos
Além da integridade moral, deve-se o respeito à integridade física da criança
e do adolescente, tendo estes o direito a permanecerem livres de qualquer tipo de
agressões físicas ou atentados contra a sua saúde.
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Citaremos alguns deles como exemplo, pois essa lei coloca em termos
práticos (procedimentais) o que expomos como princípios, como o respeito à
condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, à liberdade, à dignidade da
criança e do adolescente vítimas de violência.
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Há, ainda, o Decreto 9603 de 10.12.2018, que regulamenta a aplicação da lei 13431/2017, acessível no
seguinte link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/Decreto/D9603.htm
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O artigo 4º, da Lei 13.431/2017, traz definições de tipos de violência,
distribuindo-as em violência física, psicológica, sexual e institucional.
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b) Depoimento pessoal: oitiva da criança e do adolescente perante autoridade
policial ou judicial.
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Art. 10. A escuta especializada e o depoimento especial serão realizados em local apropriado e acolhedor,
com infraestrutura e espaço físico que garantam a privacidade da criança ou do adolescente vítima ou teste-
munha de violência.
Art. 11. O depoimento especial reger-se-á por protocolos e, sempre que possível, será realizado uma única vez,
em sede de produção antecipada de prova judicial, garantida a ampla defesa do investigado.
§ 1º O depoimento especial seguirá o rito cautelar de antecipação de prova:
I - quando a criança ou o adolescente tiver menos de 7 (sete) anos;
II - em caso de violência sexual.
§ 2º Não será admitida a tomada de novo depoimento especial, salvo quando justificada a sua imprescindibilidade
pela autoridade competente e houver a concordância da vítima ou da testemunha, ou de seu representante
legal.
Art. 12. O depoimento especial será colhido conforme o seguinte procedimento:
I - os profissionais especializados esclarecerão a criança ou o adolescente sobre a tomada do depoimento
especial, informando-lhe os seus direitos e os procedimentos a serem adotados e planejando sua participação,
sendo vedada a leitura da denúncia ou de outras peças processuais;
II - é assegurada à criança ou ao adolescente a livre narrativa sobre a situação de violência, podendo o profis-
sional especializado intervir quando necessário, utilizando técnicas que permitam a elucidação dos fatos;
III - no curso do processo judicial, o depoimento especial será transmitido em tempo real para a sala de audiên-
cia, preservado o sigilo;
IV - findo o procedimento previsto no inciso II deste artigo, o juiz, após consultar o Ministério Público, o defensor
e os assistentes técnicos, avaliará a pertinência de perguntas complementares, organizadas em bloco;
V - o profissional especializado poderá adaptar as perguntas à linguagem de melhor compreensão da criança
ou do adolescente;
VI - o depoimento especial será gravado em áudio e vídeo.
§ 1º À vítima ou testemunha de violência é garantido o direito de prestar depoimento diretamente ao juiz,
se assim o entender.
§ 2º O juiz tomará todas as medidas apropriadas para a preservação da intimidade e da privacidade da
vítima ou testemunha.
§ 3º O profissional especializado comunicará ao juiz se verificar que a presença, na sala de audiência,
do autor da violência pode prejudicar o depoimento especial ou colocar o depoente em situação de risco, caso
em que, fazendo constar em termo, será autorizado o afastamento do imputado.
§ 4º Nas hipóteses em que houver risco à vida ou à integridade física da vítima ou testemunha, o juiz
tomará as medidas de proteção cabíveis, inclusive a restrição do disposto nos incisos III e VI deste artigo.
§ 5º As condições de preservação e de segurança da mídia relativa ao depoimento da criança ou do
adolescente serão objeto de regulamentação, de forma a garantir o direito à intimidade e à privacidade da
vítima ou testemunha.
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Por fim, deve ser mencionado para aqueles que pretendem aprofundar-se
no Decreto 9603 de 10.12.2018, que regulamenta a Lei nº 13.431 de 4 de abril
de 2017, que ele estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do
adolescente vítima ou testemunha de violência.
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RESUMO
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REFERÊNCIAS
DORNELES, João Ricardo W. O que são direitos humanos. São Paulo: Brasiliense,
1989. 229 p.
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