O documento discute o modelo presidencialista municipal em Moçambique e o gradualismo no processo de implementação das autarquias locais. Segundo estudiosos, o modelo atual não é bom porque retira poder do presidente da autarquia sobre a assembleia municipal, tornando-o refém desta, que pode demiti-lo a qualquer momento. O processo de municipalização em Moçambique foi gradual devido a fatores políticos, introduzindo autarquias em fases para abranger todo o território nacional.
O documento discute o modelo presidencialista municipal em Moçambique e o gradualismo no processo de implementação das autarquias locais. Segundo estudiosos, o modelo atual não é bom porque retira poder do presidente da autarquia sobre a assembleia municipal, tornando-o refém desta, que pode demiti-lo a qualquer momento. O processo de municipalização em Moçambique foi gradual devido a fatores políticos, introduzindo autarquias em fases para abranger todo o território nacional.
O documento discute o modelo presidencialista municipal em Moçambique e o gradualismo no processo de implementação das autarquias locais. Segundo estudiosos, o modelo atual não é bom porque retira poder do presidente da autarquia sobre a assembleia municipal, tornando-o refém desta, que pode demiti-lo a qualquer momento. O processo de municipalização em Moçambique foi gradual devido a fatores políticos, introduzindo autarquias em fases para abranger todo o território nacional.
O documento discute o modelo presidencialista municipal em Moçambique e o gradualismo no processo de implementação das autarquias locais. Segundo estudiosos, o modelo atual não é bom porque retira poder do presidente da autarquia sobre a assembleia municipal, tornando-o refém desta, que pode demiti-lo a qualquer momento. O processo de municipalização em Moçambique foi gradual devido a fatores políticos, introduzindo autarquias em fases para abranger todo o território nacional.
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Administração e Gestão das Autarquias
1. Discutir a relevância ou não do modelo presidencialista minicipal. É ou não
bom e que medida. 2. Discutir o fundamento do gradualismo no processo de implementação das autarquias locais a) Em que fator geográficos b) Em que fator financeiros c) Em que factores demográficos.
O modelo presidencialista minicipal
Portanto, ao falar do modelo presidencialista municipal em Moçambique, primeiro é imperioso uma breve discrição dos sistemas de governo. Segundo Miranda (2004, p. 395) define sistemas de governo como “sistemas de relacionamento dos órgãos da função política.” Neste caso, pode- se afirmar que o sistema de governo é um conceito que corresoonde ao aranjo governamental especificamente no que diz respeito à maneira como os Poderes são construídos e a forma como se relacionam entre si por força da forma de sua constityuicao e da existência ou inexistência de responsabilidade política entre eles. De uma forma geral, os modelos mais típicos na contemporaneidade são: Presidencialismo, Parlamentarismo e Semipresidencialismo. Nesta senda, o Presidencialsmo a despeito do nome, indica uma tendência de fortalecer o Poder do Executivo e o seu órgão principal, isto é, o presidente, que é um órgão unipessoal eleito de forma directa ou indirecta. Bonavides () perfila algumas características do presidencialismo, nomeadamente: Historicamente, é o sistema que perfilhou de forma clássica o princípio da separação de poderes, que tanta fama e glória granjeou para o nome de Montesquieu na idade áurea do Estado liberal. O princípio valia como esteio máximo das garantias constitucionais da liberdade. A Constituição americana o recolheu, tomando-o, por base de todo o edifício político. Da separação rígida passou-se com o tempo para a separação menos rigorosa, branda, atenuada, à medida que o velho dogma evolveu, conservando-se sempre e invariavelmente entre os traços dominantes de todo o sistema presidencial.
No presidencialismo a forma de governo onde todo o poder executivo se
concentra ao redor da pessoa do Presidente, que o exerce inteiramente fora de qualquer responsabilidade política perante o poder legislativo. Via de regra, essa irresponsabilidade política total do Presidente se estende ao seu ministério, instrumento da imediata confiança presidencial, e demissível ad nutum do Presidente, sem nenhuma dependência política do Congresso. O Presidente da República deve derivar seus poderes da própria Nação; raramente do Congresso, por via indireta.
Como acabamos de observar, e fazendo uma ligação com o modelo Presidencialista
municipal Moçambicano; primeiro é preciso entender as dinâmicas do mesmo. Portanto, a Constituição de 1990, marca o início da democratização em Moçambique. Portanto este período inicia-se um processo de descentralização da administração pública com a aprovação da lei 2/97, que define as bases das autarquias, portanto em 1998 decorrem as primeiras eleições municipais. Em um plano organizacional, a maior parte dos municípios herdaram do colonialismo e do governo central instituições frágeis e disfuncionais. Por outro lado, o modelo do presidencialismo municipal emana dos Poderes emanados na Constituição da República e da legislação eleitoral (Lei n.º 14/2018) e legislação autárquica (Lei n.º 6/2018). A Constituição da Republica (2018) no seu artigo 272 e a Lei n.º 6/2018 artigo 1 descrevem as autarquias locais como pessoas colectivas públicas, dotadas de órgãos representativos próprios, que visam a prossecução dos interesses das populações respectivas, sem prejuízo dos interesses nacionais e da participação do Estado. O Presidente do município sendo o chefe do governo ou executivo municipal a Lei n.º 6/2018 no seu artigo 48, atribui ao presidente as seguintes competências: a) representar a Assembleia Municipal; b) convocar as sessões ordinárias e extraordinárias; c) dirigir os trabalhos e manter a disciplina das sessões; d) exercer os demais poderes que lhe sejam conferidos por lei e pelo regimento da Assembleia. Para Cistac (2001) o que caracteriza o presidencialismo municipal moçambicano é a estrita separação das funções dos órgãos da autarquia local, por um lado, e, a necessária colaboração entre estes últimos. Quanto a separação das funções, a legitimidade democrática de que dispõe cada um dos principais órgãos da autarquia local - a assembleia municipal ou de povoação e o presidente do conselho municipal ou de povoação – faz com que nenhum dos referidos órgãos não possa sobrepor-se ou substituir-se à outro no exercício das suas competências pelo facto de cada um deles foi atribuído uma função distinta. Como estabelece o Artigo 15 da Lei n.º 2/97, de 18 de fevereiro: “Os órgãos das autarquias locais só podem deliberar ou decidir no âmbito das suas competências e para a realização das atribuições que lhes são próprias”. Assim, o sistema de governação autárquico moçambicano consagra um modelo de separação dos poderes e impede que um dos órgãos possa governar de forma “solitária” (idem). E quanto a colaboração dos órgãos, ainda que à primeira vista, pode parecer que existe uma certa concentração de poderes a nível “do órgão presidencial”, a concentração é mais aparente do que real, uma vez que o presidente do município ou da povoação precisa da colaboração e de apoio dos outros órgãos para a aprovação dos instrumentos essenciais para o funcionamento da autarquia local. Em suma, se existir uma separação de poderes, existe, também, uma real obrigação para os diferentes órgãos, de coordenar o exercício das suas acções. Assim, o cruzamento das competências torna-se uma necessidade. “O executivo municipal” precisa da colaboração da assembleia da autarquia local para traduzir em decisões normativas o seu programa político. Sem a adesão do órgão representativo da autarquia local, o conselho municipal ou de povoação e o seu presidente não podem conduzir, praticamente, nenhuma reforma substancial (idem). Neste debate segundo o novo regime jurídico das autarquias locais, fica sempre a pergunta se o modelo é bom ou não. Segundo CISTAC (2001) Apud Zinocacassa (2019), na perspectiva macro-relacional das relações entre órgãos das autarquias locais, tendo concluído que “o modelo de governação Municipal ou sistema de governo municipal definido como o sistema de órgãos implantado, com as competências conferidas a cada um desses órgãos, com as relações entre os órgãos, aproxima-se do sistema presidencial dos Estados Unidos, em que o presidente não é politicamente responsável perante o congresso e ele não pode dissolver este último. Encontramos esta mesma característica no modelo Municipal moçambicano: Nem o presidente do Conselho Municipal pode dissolver a Assembleia Municipal, nem a Assembleia Municipal pode aprovar uma moção de censura contra o presidente do executivo colegial autárquico. Portanto, a nova Constituição da República (2018), veio a atribuir competências à Assembleia autárquica de demitir o Presidente do Conselho autárquico, mantendo o presidente do Conselho Autárquico sem poderes de dissolver a Assembleia Autárquica (Zinocacassa, 2019). Em suma segundo muitos estudiosos, o modelo actual não é bom porque retira o poder presidente da autarquia sobre a assembleia municipal e por sua vez sendo refém deste, ou seja, o presidente da autarquia é um mero empregado do Município, a qualquer hora pode ser demitido pela Assembleia Municipal. ISTAC, GILLES, Manual de Direito das Autarquias Locais, Livraria Universitária, Universidade Eduardo Mondlane, Maputo, 2001. REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei nº 6/2018 de 3 de Agosto, que estabelece o quadro jurídico-legal de implantação de autarquias locais, in Boletim da República, I Série número 152 de 03 de Agosto de 2018. REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei nº2/97 de 18 de Fevereiro, que aprova o quadro jurídico para implantação das autarquias locais, in Boletim da República, I Série número 7 de 18 de Fevereiro de 1997. REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Constituição da República de Moçambique actualizada em 2018, in Boletim da República, I Série n° 115 de 12 de Junho de 2018. REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE , Constituição da República de Moçambique de 16 de Novembro de 1990. REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei nº 6/2018 de 3 de Agosto, que estabelece o quadro jurídico-legal de implantação de autarquias locais, in Boletim da República, I Série número 152 de 03 de Agosto de 2018. Rocha, J. A. O., & Zavale, G. J. B. (2015). O Desenvolvimento do Poder Local em África: O caso dos municípios em Moçambique. Http://Journals.Openedition.Org/Cea, 30, 105–133. https://doi.org/10.4000/CEA.1879
O fundamento do gradualismo no processo de implementação das autarquias
locais Segundo Forquilha (2016), a primeira tentativa de municipalização do País, no contexto da Constituição de 1990, ocorreu em 1994, com a aprovação da Lei 3/94, relativa aos distritos municipais, pelo então Parlamento monopartidário. No entanto, depois das primeiras eleições gerais, realizadas em 1994, em que, contrariamente ao que seria de esperar, os resultados mostraram um apoio significativo de um segmento do eleitorado à Renamo, particularmente nas zonas rurais, o assunto das reformas de municipalização voltou à discussão, resultando na emenda constitucional de 1996, que introduziu a questão do poder local e, subsequentemente, a revogação da Lei 3/94 e a aprovação da Lei 2/97, que estabeleceu o quadro jurídico-legal da criação das autarquias locais. Foi neste contexto que foram realizadas as primeiras eleições autárquicas nas 33 autarquias locais, em 1998. Numa primeira fase, o processo da municipalização foi concebido para abranger todo território nacional, na sequência da aprovação da Lei 2/97, referente às autarquias locais, introduziu o princípio de gradualismo na autarcização do País. Para Rocha e Zavale (2015). O princípio do gradualismo consiste num processo lento de criação das autarquias locais em Moçambique, o que explica que, na sua primeira fase, tenham sido implementados apenas 33 municípios, 23 nas cidades e 10 nas 68 vilas existentes no país. “O princípio do gradualismo em Moçambique é essencialmente explicado pela inexistência ou insuficiência de condições económicas e sociais necessárias e indiscutíveis para a reimplementação e funcionamento da administração autárquica nas vilas em geral. E, portanto, é necessário fazer previamente a consolidação e a capacitação de agentes locais e fazer acompanhar o processo de recursos técnicos e infraestruturas, que permitam o funcionamento da máquina da organização municipal. Daí que o processo de instituição do poder local nas primeiras vilas tivesse sido visto como uma ação piloto. O autor considera que a etapa subsequente passará pela transformação de mais vilas em municípios e a realização de eleições de harmonia com o mesmo princípio” (Hanlon, 1997 Apud Rocha e Zavale, 2015). A lei 3/94 estabelece o princípio do gradualismo com base em condições socioeconómicas, administrativas e de infraestruturas mínimas. Enquanto que a lei 2/97, limita o número de autarquias na primeira fase em trinta e três municípios. Portanto, a mesma lei no seu artigo 5 estabelece que para a criação dos municípios deve-se verificar alguns factores sendo: 1. A criação e extinção das autarquias locais é regulada por lei devendo a alteração da respectiva área ser precedida de consulta aos seus órgãos 2. A Assembleia da República, na apreciação das iniciativas que visem a criação extinção e modificação das autarquias locais
a) deve ter em conta factores geográficos demográficos económicos sociais
culturais e administrativos b) interesses de ordem nacional ou local em causa c) razões de ordem histórica e cultural d) avaliação da capacidade financeira para a prossecução das atribuições que lhe estiverem cometidas