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Administração e Gestão Das Autarquias

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Administração e Gestão das Autarquias

1. Discutir a relevância ou não do modelo presidencialista minicipal. É ou não


bom e que medida.
2. Discutir o fundamento do gradualismo no processo de implementação
das autarquias locais
a) Em que fator geográficos
b) Em que fator financeiros
c) Em que factores demográficos.

O modelo presidencialista minicipal


Portanto, ao falar do modelo presidencialista municipal em Moçambique, primeiro é
imperioso uma breve discrição dos sistemas de governo.
Segundo Miranda (2004, p. 395) define sistemas de governo como “sistemas de
relacionamento dos órgãos da função política.” Neste caso, pode- se afirmar que o
sistema de governo é um conceito que corresoonde ao aranjo governamental
especificamente no que diz respeito à maneira como os Poderes são construídos e a
forma como se relacionam entre si por força da forma de sua constityuicao e da
existência ou inexistência de responsabilidade política entre eles.
De uma forma geral, os modelos mais típicos na contemporaneidade são:
Presidencialismo, Parlamentarismo e Semipresidencialismo.
Nesta senda, o Presidencialsmo a despeito do nome, indica uma tendência de
fortalecer o Poder do Executivo e o seu órgão principal, isto é, o presidente, que é
um órgão unipessoal eleito de forma directa ou indirecta.
Bonavides () perfila algumas características do presidencialismo, nomeadamente:
 Historicamente, é o sistema que perfilhou de forma clássica o princípio da
separação de poderes, que tanta fama e glória granjeou para o nome de
Montesquieu na idade áurea do Estado liberal. O princípio valia como esteio
máximo das garantias constitucionais da liberdade. A Constituição americana
o recolheu, tomando-o, por base de todo o edifício político. Da separação
rígida passou-se com o tempo para a separação menos rigorosa, branda,
atenuada, à medida que o velho dogma evolveu, conservando-se sempre e
invariavelmente entre os traços dominantes de todo o sistema presidencial.

 No presidencialismo a forma de governo onde todo o poder executivo se


concentra ao redor da pessoa do Presidente, que o exerce inteiramente fora
de qualquer responsabilidade política perante o poder legislativo. Via de
regra, essa irresponsabilidade política total do Presidente se estende ao seu
ministério, instrumento da imediata confiança presidencial, e demissível ad
nutum do Presidente, sem nenhuma dependência política do Congresso.
 O Presidente da República deve derivar seus poderes da própria Nação;
raramente do Congresso, por via indireta.

Como acabamos de observar, e fazendo uma ligação com o modelo Presidencialista


municipal Moçambicano; primeiro é preciso entender as dinâmicas do mesmo.
Portanto, a Constituição de 1990, marca o início da democratização em
Moçambique. Portanto este período inicia-se um processo de descentralização da
administração pública com a aprovação da lei 2/97, que define as bases das
autarquias, portanto em 1998 decorrem as primeiras eleições municipais. Em um
plano organizacional, a maior parte dos municípios herdaram do colonialismo e do
governo central instituições frágeis e disfuncionais.
Por outro lado, o modelo do presidencialismo municipal emana dos Poderes
emanados na Constituição da República e da legislação eleitoral (Lei n.º 14/2018) e
legislação autárquica (Lei n.º 6/2018).
A Constituição da Republica (2018) no seu artigo 272 e a Lei n.º 6/2018 artigo 1
descrevem as autarquias locais como pessoas colectivas públicas, dotadas de
órgãos representativos próprios, que visam a prossecução dos interesses das
populações respectivas, sem prejuízo dos interesses nacionais e da participação do
Estado.
O Presidente do município sendo o chefe do governo ou executivo municipal a Lei
n.º 6/2018 no seu artigo 48, atribui ao presidente as seguintes competências:
a) representar a Assembleia Municipal;
b) convocar as sessões ordinárias e extraordinárias;
c) dirigir os trabalhos e manter a disciplina das sessões;
d) exercer os demais poderes que lhe sejam conferidos por lei e pelo regimento
da Assembleia.
Para Cistac (2001) o que caracteriza o presidencialismo municipal moçambicano é a
estrita separação das funções dos órgãos da autarquia local, por um lado, e, a
necessária colaboração entre estes últimos.
Quanto a separação das funções, a legitimidade democrática de que dispõe cada
um dos principais órgãos da autarquia local - a assembleia municipal ou de
povoação e o presidente do conselho municipal ou de povoação – faz com que
nenhum dos referidos órgãos não possa sobrepor-se ou substituir-se à outro no
exercício das suas competências pelo facto de cada um deles foi atribuído uma
função distinta. Como estabelece o Artigo 15 da Lei n.º 2/97, de 18 de fevereiro: “Os
órgãos das autarquias locais só podem deliberar ou decidir no âmbito das suas
competências e para a realização das atribuições que lhes são próprias”. Assim, o
sistema de governação autárquico moçambicano consagra um modelo de separação
dos poderes e impede que um dos órgãos possa governar de forma “solitária”
(idem).
E quanto a colaboração dos órgãos, ainda que à primeira vista, pode parecer que
existe uma certa concentração de poderes a nível “do órgão presidencial”, a
concentração é mais aparente do que real, uma vez que o presidente do município
ou da povoação precisa da colaboração e de apoio dos outros órgãos para a
aprovação dos instrumentos essenciais para o funcionamento da autarquia local. Em
suma, se existir uma separação de poderes, existe, também, uma real obrigação
para os diferentes órgãos, de coordenar o exercício das suas acções. Assim, o
cruzamento das competências torna-se uma necessidade. “O executivo municipal”
precisa da colaboração da assembleia da autarquia local para traduzir em decisões
normativas o seu programa político. Sem a adesão do órgão representativo da
autarquia local, o conselho municipal ou de povoação e o seu presidente não podem
conduzir, praticamente, nenhuma reforma substancial (idem).
Neste debate segundo o novo regime jurídico das autarquias locais, fica sempre a
pergunta se o modelo é bom ou não.
Segundo CISTAC (2001) Apud Zinocacassa (2019), na perspectiva macro-relacional
das relações entre órgãos das autarquias locais, tendo concluído que “o modelo de
governação Municipal ou sistema de governo municipal definido como o sistema de
órgãos implantado, com as competências conferidas a cada um desses órgãos, com
as relações entre os órgãos, aproxima-se do sistema presidencial dos Estados
Unidos, em que o presidente não é politicamente responsável perante o congresso e
ele não pode dissolver este último. Encontramos esta mesma característica no
modelo Municipal moçambicano: Nem o presidente do Conselho Municipal pode
dissolver a Assembleia Municipal, nem a Assembleia Municipal pode aprovar uma
moção de censura contra o presidente do executivo colegial autárquico.
Portanto, a nova Constituição da República (2018), veio a atribuir competências à
Assembleia autárquica de demitir o Presidente do Conselho autárquico, mantendo o
presidente do Conselho Autárquico sem poderes de dissolver a Assembleia
Autárquica (Zinocacassa, 2019).
Em suma segundo muitos estudiosos, o modelo actual não é bom porque retira o
poder presidente da autarquia sobre a assembleia municipal e por sua vez sendo
refém deste, ou seja, o presidente da autarquia é um mero empregado do Município,
a qualquer hora pode ser demitido pela Assembleia Municipal.
ISTAC, GILLES, Manual de Direito das Autarquias Locais, Livraria Universitária,
Universidade Eduardo Mondlane, Maputo, 2001.
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei nº 6/2018 de 3 de Agosto, que estabelece o
quadro jurídico-legal de implantação de autarquias locais, in Boletim da República, I
Série número 152 de 03 de Agosto de 2018.
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei nº2/97 de 18 de Fevereiro, que aprova o
quadro jurídico para implantação das autarquias locais, in Boletim da República, I
Série número 7 de 18 de Fevereiro de 1997.
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Constituição da República de Moçambique
actualizada em 2018, in Boletim da República, I Série n° 115 de 12 de Junho de
2018.
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE , Constituição da República de Moçambique de 16
de Novembro de 1990.
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei nº 6/2018 de 3 de Agosto, que estabelece o
quadro jurídico-legal de implantação de autarquias locais, in Boletim da República, I
Série número 152 de 03 de Agosto de 2018.
Rocha, J. A. O., & Zavale, G. J. B. (2015). O Desenvolvimento do Poder Local em
África: O caso dos municípios em Moçambique.
Http://Journals.Openedition.Org/Cea, 30, 105–133. https://doi.org/10.4000/CEA.1879

O fundamento do gradualismo no processo de implementação das autarquias


locais
Segundo Forquilha (2016), a primeira tentativa de municipalização do País, no
contexto da Constituição de 1990, ocorreu em 1994, com a aprovação da Lei 3/94,
relativa aos distritos municipais, pelo então Parlamento monopartidário. No entanto,
depois das primeiras eleições gerais, realizadas em 1994, em que, contrariamente
ao que seria de esperar, os resultados mostraram um apoio significativo de um
segmento do eleitorado à Renamo, particularmente nas zonas rurais, o assunto das
reformas de municipalização voltou à discussão, resultando na emenda
constitucional de 1996, que introduziu a questão do poder local e,
subsequentemente, a revogação da Lei 3/94 e a aprovação da Lei 2/97, que
estabeleceu o quadro jurídico-legal da criação das autarquias locais. Foi neste
contexto que foram realizadas as primeiras eleições autárquicas nas 33 autarquias
locais, em 1998.
Numa primeira fase, o processo da municipalização foi concebido para abranger
todo território nacional, na sequência da aprovação da Lei 2/97, referente às
autarquias locais, introduziu o princípio de gradualismo na autarcização do País.
Para Rocha e Zavale (2015). O princípio do gradualismo consiste num processo
lento de criação das autarquias locais em Moçambique, o que explica que, na sua
primeira fase, tenham sido implementados apenas 33 municípios, 23 nas cidades e
10 nas 68 vilas existentes no país. “O princípio do gradualismo em Moçambique é
essencialmente explicado pela inexistência ou insuficiência de condições
económicas e sociais necessárias e indiscutíveis para a reimplementação e
funcionamento da administração autárquica nas vilas em geral. E, portanto, é
necessário fazer previamente a consolidação e a capacitação de agentes locais e
fazer acompanhar o processo de recursos técnicos e infraestruturas, que permitam o
funcionamento da máquina da organização municipal. Daí que o processo de
instituição do poder local nas primeiras vilas tivesse sido visto como uma ação piloto.
O autor considera que a etapa subsequente passará pela transformação de mais
vilas em municípios e a realização de eleições de harmonia com o mesmo princípio”
(Hanlon, 1997 Apud Rocha e Zavale, 2015).
A lei 3/94 estabelece o princípio do gradualismo com base em condições
socioeconómicas, administrativas e de infraestruturas mínimas. Enquanto que a lei
2/97, limita o número de autarquias na primeira fase em trinta e três municípios.
Portanto, a mesma lei no seu artigo 5 estabelece que para a criação dos municípios
deve-se verificar alguns factores sendo:
1. A criação e extinção das autarquias locais é regulada por lei devendo a
alteração da respectiva área ser precedida de consulta aos seus órgãos
2. A Assembleia da República, na apreciação das iniciativas que visem a criação
extinção e modificação das autarquias locais

a) deve ter em conta factores geográficos demográficos económicos sociais


culturais e administrativos
b) interesses de ordem nacional ou local em causa
c) razões de ordem histórica e cultural
d) avaliação da capacidade financeira para a prossecução das atribuições
que lhe estiverem cometidas

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