Comércio e Indústria em Ribeirão Preto de 1890 A 1962 - Renato L. Marcondes & Juliana Garavazo
Comércio e Indústria em Ribeirão Preto de 1890 A 1962 - Renato L. Marcondes & Juliana Garavazo
Comércio e Indústria em Ribeirão Preto de 1890 A 1962 - Renato L. Marcondes & Juliana Garavazo
*
Publicado originalmente como capítulo do livro Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto: Um
espelho de 100 anos (Ribeirão Preto: Gráfica São Francisco, p.211-222, 2004).
**
Professor da FEA-RP/USP e do Programa de Pós-Graduação em História Econômica da FCL/UNESP.
***
Economista e mestranda em História Econômica pela FFLCH/USP.
Secretaria da Fazenda da Prefeitura Municipal. 1 Procurando cobrir de forma mais uniforme
o período como um todo, e de acordo com a melhor disponibilidade dos documentos,
escolhemos os seguintes anos para efetuar o nosso estudo: 1890, 1900, 1910, 1918, 1927,
1939, 1950 e 1960.
1
A Constituição republicana definiu o imposto, regulamentado pela Lei municipal nº 3 de 1894: “O imposto
de indústrias e profissões é devido por todos os que individualmente em companhia, em sociedade anônima
ou em comercial, exercem no município indústrias, profissões, artes ou ofícios (...)” (PIRES, 1994, p. 44).
Nessa época, esse imposto foi o mais importante, representando 30,6% da receita da prefeitura em 1910
(WALKER; BARBOSA, 2000, p.57). Esse imposto respondeu por 30,9% da receita tributária da prefeitura
em 1918 e 16,3% em 1962 (ACIRP, 1976).
2
Ribeirão Preto foi durante as duas primeiras décadas do século XX um dos principais produtores de café do
Brasil.
3
Ocorreram várias modificações no recolhimento dos impostos, principalmente a fim de acompanhar o
processo inflacionário. Entretanto, algumas dessas transformações influenciaram a definição do conceito de
estabelecimento. Assim, houve mudanças no conceito de um ano para o outro que dificultam a sua
comparação ao longo de largos períodos.
70 60
60 52
50 46 42
38
40 30 34
27
30
20 11 11
8 8 8 8 8
10 2 1 4 1 1
0
1890 1900 1910 1918
a
Dados de Pinto (2000, p. 161).
b
Sem informação 11 em 1900, 7 em 1910 e 5 em 1918.
Figura 1
Estabelecimentos de Ribeirão Preto segundo tipo (1890a-1918)
(porcentuais válidos) b
4
Algumas mercadorias e serviços revelaram-se mais tributadas do que outras. Um exemplo nessa linha
consistia no caso da aguardente em relação ao açúcar, enquanto o primeiro produto pagou 50$000 (cinqüenta
mil réis) de imposto fixo, o segundo foi tributado em 10$000 (dez mil réis). Tal diferenciação deve-se
provavelmente à intenção dos legisladores municipais de coibir o consumo da aguardente. Por outro lado, as
atividades bancárias também receberam uma tributação, em termos absolutos, significativa: uma agência de
banco pagou 500$000 réis de imposto fixo e 20% sobre o valor locativo, que representaram os maiores
valores dos dois tipos de tributos.
toucinho, queijos e pães. O capital da loja foi estimado em 5:000$000 (cinco contos de réis)
e ele pagou nesse ano um total de 205$000 (duzentos e cinco mil réis) em impostos, o que
representou aproximadamente 4,1% do montante empatado no negócio. No conjunto de
todas as atividades a proporção da arrecadação sobre o capital foi de 1,7%. Assim, os
comerciantes recolheram proporcionalmente mais impostos, principalmente em decorrência
do grande número de lojas e de mercadorias tributadas.
Nesse momento, as atividades comerciárias exigiam um montante de capital
bastante expressivo, em média de pouco mais de nove contos. Ao que tudo indica, tal
importância deveu-se à presença de mercadorias de valor elevado e/ou negociações em
grandes quantidades. Alguns produtos de origem estrangeira também encareciam a
formação dos estoques das lojas, como, por exemplo, as ferragens, tecidos, armas,
querosene etc. De um lado, a preponderância de produtos nacionais de origem agrícola nas
prateleiras conduziu, provavelmente, à necessidade de manter estoques significativos, pois
a oferta de muitos deles apresentava sazonalidade.
De outro lado, os serviços compreenderam um grande número de ocupações,
perfazendo quase um terço do total de estabelecimentos em 1890. Tais atividades
compreenderam, de forma ilustrativa, as de sapateiro, as oficinas de carroça e os ferreiros.
O capital médio empregado nessas ocupações mostrou-se muito reduzido, atingindo tão-
somente cerca de cinco contos de réis. Os farmacêuticos consistiram em uma exceção nesse
ramo, em função de possuírem um capital de montante mais elevado (quase dezessete
contos). No caso dos demais profissionais, o preço dos insumos utilizados na prestação dos
serviços (couros, ferros, madeira etc.) deveria ser reduzido e grande parte dos custos
provinha da mão-de-obra empregada.
A indústria representava 7,9% do total de estabelecimentos em 1890. Nesse ano,
verificamos a presença de quinze olarias e doze fábricas de cervejas. A indústria
encontrava-se em um estágio muito inicial de seu desenvolvimento no município. O capital
médio estimado para elas chegou a tão-somente 8,5 contos de réis. O grande número de
fábricas de cerveja tratava-se provavelmente de produção artesanal em pequena escala. Por
fim, os profissionais liberais revelaram uma participação significativa (7,9%). Nesse
segmento, destacaram-se os médicos e advogados.
Nos anos que se seguiram ocorreu uma diversificação das atividades econômicas
desenvolvidas no meio urbano. Novas mercadorias e ocupações passaram a ser vendidas ou
desempenhadas no município. Conseguimos acompanhar tais transformações ao longo do
período em questão por meio da tributação. Após 1890, o setor de comércio ainda
continuou prevalecendo dentre os estabelecimentos (Cf. figura 1). 5 Todavia, a importância
das casas de secos e molhados e botequins nesse ramo reduziu-se fortemente ao longo do
tempo, em 1900 as primeiras perfaziam 52,1% do seu conjunto e, em 1918, tão-somente
35,2%, enquanto os botequins diminuíram de 16,9% para 9,6% em anos idênticos. Ao lado
dessas lojas, os armazéns e fazendas aumentaram sua participação, de 10,4% para 15,7% no
período.
Figura 2
Propaganda: Casa Alemã
Fonte: A Cidade, ano VII, nº 1860, 19 de janeiro de 1911, p.3
5
Possivelmente, ocorreu uma mudança na definição de estabelecimento comercial tributável, pois houve uma
redução expressiva em termos absolutos do número de casas comerciais de 1900 para 1910. Houve até mesmo
uma pressão por parte da própria Associação Comercial por uma cobrança mais adequada do imposto, assunto
que fez parte da pauta da reunião da dita Associação no final do ano de 1911: “(...) ficou resolvido oficiar à
Câmara Municipal, solicitando-lhe para que permita uma comissão de comerciantes previamente nomeada
pela mesma associação para que coopere com os lançadores municipais no ato do tabelamento das casas
comerciais e industriais para o exercício do ano de 1912. O fim desta cooperação visa exclusivamente o
evitar [sic] irregularidades que costumadamente se apregoam e das quais nos anos anteriores originaram
inúmeras reclamações dos tabelados, deixando num profundo descontentamento o qual muitas vezes
infundado” (JORNAL A CIDADE, 14 de dezembro de 1911, nº 2219, p.2).
Figura 3
Propaganda: Casa Joaquim Alves
Fonte: A Cidade, ano I, nº 157, 05 de junho de 1905, p.4
Figura 5
Propaganda: Pneumáticos Michelim - Caetano Fabrini
Fonte: A Cidade, ano XIII, nº 4084, 23 de setembro de 1917, p.3
Figura 6
Programação de Teatros e Salões
Fonte: A Cidade, ano VIII, nº 2269,11 de fevereiro de 1912, p.4
Figura 7
Propaganda – Antigo Banco Construtor (Diederichsen & Hibbeln)
Fonte: A Cidade, ano XI, nº 8277,06 de janeiro de 1915, p.2
Quando analisamos a arrecadação propiciada pelo imposto de indústria e profissões,
notamos um comportamento divergente, apresentando em termos nominais uma redução do
valor entre 1900 e 1910 e, desde então, um significativo crescimento até 1918. O total
arrecadado atingiu cerca de 250 contos nesse último ano, o que equivalia aproximadamente
ao total gasto municipal com iluminação pública, obras públicas e jardins e arborização. Se
considerarmos os tipos de estabelecimento (Cf. figura 8), verificamos que o setor de
comércio e o financeiro foram os mais tributados, proporcionalmente as suas respectivas
participações no total de estabelecimentos. Esse último tipo de estabelecimento arrecadou o
maior valor médio de 1900 a 1918, mostrando uma crescente elevação em relação aos
demais.
100 77
75
80 59 58
60
40 25 23
9 11 5 14 11
20 1611 4 10 21 4 31
0
1890 1900 1910 1918
Comércio Serviços
Setor financeiro Indústria
Profissionais liberais Setor não identificado
Figura 8
Arrecadação de Ribeirão Preto segundo tipo de
estabelecimento (1890-1918)
(porcentuais válidos)
Apesar da importância crescente em termos absolutos para a tributação do setor de
serviços, esse segmento apresentou um quadro inverso ao do comércio e do setor
financeiro. A parcela dos impostos recolhida pelos profissionais liberais foi muito reduzida
e, além disso, inferior à sua participação numérica dentre os estabelecimentos. Por fim, à
exceção de 1890, a indústria apresentou um crescimento significativo e próximo da sua
participação no conjunto dos estabelecimentos.
O período entre guerras (1927-39)
Os anos 20 e 30 foram um momento de rápida transformação da economia
brasileira. A industrialização avançou a passos largos e o governo aumentou sua
participação, culminando com a constituição de um aparelho do Estado centralizado e
nacionalmente articulado. (ver Draibe, 1985, cap. 1). Em Ribeirão Preto, a mudança
refletiu-se no declínio da economia cafeeira, influenciado pela geada de 1918 e,
posteriormente, a crise do final dos anos 20. Por outro lado, cresceu a produção para o
mercado interno, especialmente do algodão. No meio urbano, vislumbrado por meio do
imposto de indústria e profissões, constatou-se um aumento do número total de
estabelecimentos de cerca de 46,4% de 1918 a 1927. Entre os seus tipos, destacaram-se
novamente o setor de comércio e serviços, os quais representaram mais de quatro quintos
do total (Cf. figura 9). Contudo, reduziu-se a participação relativa das empresas financeiras
e industriais, evidenciando um processo de concentração nesses setores.
Figura 10
Propaganda – Companhia Antarctica Paulista
Fonte: A Cidade, ano XXIV, nº 6494,19 de fevereiro de 1928, p.4
No ano de 1939, havia também uma distribuidora de combustíveis multinacional: a
Standart Oil Comp. of Brasil. Outro segmento comerciário a apresentar uma expansão foi o
das quitandas de frutas, que se elevaram de 1,9% em 1918 para 6,2% em 1927 e
alcançaram 12,3% em 1939. Notamos a presença de três sorveterias na cidade neste último
ano. Finalmente, verificamos a presença de cinco lojas especializadas na comercialização
de rádios também nesse ano (0,7% do total).
O setor de serviços também alargou o seu leque de ocupações, passando a ter oitenta
e sete nomenclaturas em 1927 e 116 em 1939. Dentre essa gama tão variada, observamos a
importância dos barbeiros, alfaiates e modistas com 26,7% em 1927 e 21,4% em 1939. O
segmento de alojamentos abarcou outra parcela relevante, porém inferior ao período
anterior, atingindo 8,8% no primeiro ano e 4,9% no segundo. Por fim, os sapateiros
diminuíram sua parte de 13,8% em 1918 para 9,0% em 1927 e 7,6% em 1939.6
Uma grande expansão ocorreu com os cinemas, que chegaram a seis
estabelecimentos em 1927, sendo um deles no distrito de Bonfim, e cinco em 1939. Nesse
segmento, mantinham agência de distribuição de filmes na cidade as seguintes empresas em
1927: Fox Film do Brasil S/A, Empresa Brasil Films, Matarazzo e Cia., Paramont Pictures
e Universal Pictures F. do Brasil. 7 Outro setor de crescimento foi o das oficinas mecânicas,
que surgiram em 1927 em número de seis. No ano de 1939, o seu número havia acrescido
para 18 (3,0%). No campo automobilístico, os transportes de cargas evoluíram, chegando a
dez empresas nesse ano (1,6%). Por fim, anotou-se uma estação de rádio, a Radio Clube de
Ribeirão Preto.
Os bancos consistiam em sete agências em 1927, incluindo o Banco Comercial do
Estado de São Paulo, Banca Francesa e Italiana e o Banco de São Paulo. Doze anos mais
tarde, houve uma redução de agências para cinco, talvez fruto da crise dessa época. Entre
estes anos instalou-se o Banco do Brasil na cidade e o segmento de seguros atingia treze
estabelecimentos. Entre os profissionais liberais, os médicos eram trinta e oito em 1927 e
quarenta e nove em 1939, superando o número de advogados. Entretanto, o número de
dentistas cresceu mais, de trinta e cinco para cinqüenta e seis, provavelmente fruto da
criação da Faculdade de Odontologia em meados da década de 20.
6
Incluímos as oficinas de calçados no grupo dos sapateiros.
7
Em 1939, havia nove estabelecimentos, compreendendo a Metro Goldwyn Mayer do Brasil e a Alliança Star
Filen S/A.
Figura 11
Propaganda – Banco do Brasil
Fonte: A Cidade, ano XVIII, nº 6486,17 de fevereiro de 1922, p.4
Figura 12
Propaganda – Dr. Francisco Prata (médico)
Fonte: A Cidade, ano XX, nº 7031,03 de janeiro de 1924, p.1
80,0
57,8
60,0 49,3
40,0 25,6 26,5
20,0 10,5 11,4
3,1 2,6 0,4 0,0 2,1 7,2 2,2 1,3
0,0
1927 1939
Comércio Serviços
Setor financeiro Indústria
Profissionais liberais Serviços públicos
Setor não identificado
a
293 casos sem informação em 1939
Figura 13
Arrecadação de Ribeirão Preto segundo tipo de
estabelecimento (1927 e 1939)
(porcentuais válidos)a
60,0 49,4
42,0
36,0 31,9
40,0
20,0 9,7 11,5 10,2
0,8 1,5 7,0
0,0
1950 1962
Comércio Serviços
Setor financeiro Indústria
Profissionais liberais
a
1 caso sem informação em 1950 e 15 em 1962.
Figura 14
Estabelecimentos de Ribeirão Preto segundo tipo (1950 e
1962)
(porcentuais válidos) a
Figura 16
Propaganda – Agência de viagens
Fonte: A Cidade, ano XI, nº 8291,22 de janeiro de 1915, p.2
A participação dos estabelecimentos do setor financeiro apresentou uma pequena
queda no período de 1939 a 1950, passando de 1,2% para 0,8%; mas, no ano de 1962, este
setor se recuperou e passou a responder por 1,5% dos estabelecimentos tributados em
Ribeirão Preto. Esse crescimento acentuado deu-se em função de o número de instituições
financeiras tributadas ter triplicado de uma década para a outra, passando de 20 em 1950
para 61 em 1962. No ano de 1950 encontramos apenas dois tipos de atividades realizadas
nesse setor: agências bancárias (treze) e seguradoras (três agentes e quatro agências de
seguro). Em 1962, havia também quatro agências de financiamento ― entre elas a Cia.
Brasileira Financial, Imobiliária e Mercantil ― e vinte e uma casas de corretagem, além das
vinte e sete agências bancárias e dos nove agentes de seguros. Às agências dos bancos do
Brasil, Moreira Salles (atual Unibanco), Itaú, Mercantil de São Paulo, Brasileiro de
Descontos e Banco Bandeirante de Comércio já existentes em 1950, somaram-se, em 1962,
os representantes dos bancos Agrícola da Alta Mogiana, Marchesi, Sul-Americano do
Brasil e Banco da Lavoura de Minas Gerais, entre outros.
Os profissionais liberais fizeram-se presentes em maiores proporções nas décadas
de 1950 e 1960, se comparados com os períodos anteriores, apesar da pequena redução
ocorrida no último ano em estudo. A participação desses profissionais elevou-se de 8,2%
em 1939 para 11,5% em 1950, estabilizando-se em 10,2% em 1962. Ainda nos anos
dourados, pudemos verificar o predomínio dos advogados, médicos e principalmente dos
dentistas, cuja participação atingiu 36,9% no setor em análise. Enquanto isso, a proporção
anotada de advogados elevou-se de 8,5% para 13,3% e a de médicos sofreu uma queda de
35,5% para 33,5% entre 1950 e 1962. A diminuição mais acentuada de representatividade
ocorrida nesse período deu-se por conta da participação dos contadores, reduzida de 17,0%
em 1950 há tão-somente 7,8% em 1962.
Assim como ocorreu nos setores descritos anteriormente, verificamos uma grande
diversificação nos tipos de indústrias em exercício em Ribeirão Preto nesses anos dourados.
Entre 1950 e 1962, a variedade de tipos de estabelecimentos industriais aumentou de
sessenta e dois para noventa e seis e o número de estabelecimentos elevou-se de 237 para
296. Entretanto, o grande crescimento desse setor ocorreu entre o último ano do período
anterior e o primeiro deste, visto que o número de indústrias passou de 108 (ou 7,1% do
total de estabelecimento) em 1939 para 237 (9,7% do total) em 1950. Nos anos dourados,
as olarias, fábricas de móveis e de calçados ainda tinham destaque no setor, já que,
somadas, contemplavam 34,6% do setor em 1950 e 33,1% em 1962. Em 1950 podemos
destacar também a presença de diversas fábricas de doces, colchões, vassouras ― entre elas
as fábricas Santa Rita e Santa Teresinha ― brinquedos e placas. Já em 1962, salientaram-
se, além das anteriormente citadas, as confecções de roupas, fábricas de lingüiça e de água
sanitária, como a Super Globo. Adicionalmente, instalou-se na cidade nesse período a Cia.
Electrolux S/A, fabricante de eletrodomésticos, e a Cia de Cimento “Portland e Itaú”.
A elevação na participação do comércio e a diminuição na proporção de
estabelecimentos prestadores de serviços, industriais e dos profissionais liberais tributados
na cidade refletiram-se diretamente na porcentagem de imposto arrecadado por cada setor
(Cf. figura 17).
80,0 67,0
60,0 52,4
Comércio Serviços
Setor financeiro Indústria
Profissionais liberais
a
1 caso sem informação em 1950 e 15 em 1962.
Figura 17
Arrecadação de Ribeirão Preto segundo tipo de
estabelecimento (1950 e 1962)
(porcentuais válidos) a
Considerações Finais
Apesar da importância e do desenvolvimento da agricultura em Ribeirão Preto entre
1890 e 1962, verificamos um crescimento expressivo dos setores mais citadinos,
particularmente o comércio, os serviços, a indústria e os profissionais liberais. Tanto a
cafeicultura quanto as demais culturas posteriores demandaram e se beneficiaram da
ampliação e da diversificação das atividades de caráter mais urbano.
No primeiro período, salientamos a presença de um comércio restrito a um conjunto
reduzido de bens. A indústria e os serviços mostraram-se bastante artesanais. Os
profissionais liberais concentravam-se nos advogados, médicos e dentistas. Havia um
pequeno número de agências bancárias. No entre guerras, aumentou significativamente a
variedade de estabelecimentos comerciais e de serviços, bem como a oferta das suas
mercadorias. Notou-se uma maior presença de empresas estrangeiras, principalmente no
segmento de combustíveis e do cinematográfico. A indústria ganhou escala superior à do
momento anterior, principalmente no campo de bebidas. A especialização financeira
elevou-se, em especial por conta das agências de seguros.
Após a Segunda Grande Guerra, o número e a diversidade de estabelecimentos
comerciais alcançaram um patamar extraordinário. O comércio revelou uma grande
especialização, principalmente na área de bens duráveis, como, por exemplo, lojas de rádios
e geladeiras. Apesar do desenvolvimento da economia, as casas de secos e molhados ainda
se mostravam presentes em grande número. O setor de serviços apresentou uma retração
relativa, porém a sua variedade aumentou, mormente do segmento automobilístico e de
saúde. Por fim, ocorreu uma elevada expansão das instituições financeiras, particularmente
de agências filiais de empresas com sede nas principais capitais do país.
Referências bibliográficas
ACIRP (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto). Levantamento da receita e
despesas do município de Ribeirão Preto, período 1962-1974. Ribeirão Preto: ACIRP,
1976 (datilografado).
LEAL, Oscár. Viagem às terras goyanas (Brazil central). Goiânia: Editora da Universidade
Federal de Goiás, 1980.
PINTO, Lucina Suarez Galvão. Ribeirão Preto: a dinâmica da economia cafeeira de 1870
a 1930. Dissertação (Mestrado em Economia) – FCL/UNESP-Araraquara, 2000.
PIRES, Julio Manuel. Um estudo de história econômica regional sob a ótica das finanças
públicas. São Paulo: FEA/USP, 1994, mimeo.
WALKER, Thomas W.; BARBOSA, Agnaldo de Sousa. Dos coronéis à metrópole. Fios e
tramas da sociedade e da política em Ribeirão Preto no século XX. Ribeirão Preto: Palavra
Mágica, 2000.