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Comércio e Indústria em Ribeirão Preto de 1890 A 1962 - Renato L. Marcondes & Juliana Garavazo

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COMÉRCIO E INDÚSTRIA EM RIBEIRÃO PRETO DE 1890 A 1962*

Renato Leite Marcondes **


Juliana Garavazo ***

A cidade de Ribeirão Preto apresentou um crescimento econômico e demográfico


extraordinário ao longo do século XX. De um pequeno município agrícola no final do
século XIX passou a uma cidade de porte médio, com mais de meio milhão de habitantes
no final do século XX. Durante a primeira República (1889-1930), esse município projetou-
se no cenário nacional devido fundamentalmente à faina cafeeira. Tal epopéia dinamizou
também o comércio, serviços e, posteriormente, até a indústria na cidade. Oscár Leal
passou pela cidade em 1889 e anotou a realidade do setor naquela ocasião: “A vila do
Ribeirão Preto é uma boa localidade, tem vários hotéis, boas casas de negócio, e tudo que o
viajante procure de mais precisão ali encontra” (LEAL, 1980, p. 4). Aos poucos esses
setores assumiram uma dimensão significativa da economia do município, alcançando o seu
próprio dinamismo.
O período escolhido para o estudo foi um momento de rápidas transformações da
economia mundial e brasileira, que repercutiram na cidade. De 1890 a 1962, o país passou
de um país predominantemente agrário para industrial. Este artigo pretende discutir o
evolver da economia urbana de Ribeirão Preto, por meio das atividades econômicas
desenvolvidas nessa área, em especial o comércio, a indústria, os serviços e as profissões
liberais. Assim, dividimos o período em três fases para analisar a economia urbana do
município: primeiros anos republicanos (1890-1918), o período entre guerras (1927-39) e
“os anos dourados” (1950-1962).
As informações utilizadas para embasar a discussão consistiram nos registros
municipais dos estabelecimentos comerciais, industriais e de serviços, efetuados para a
coleta do imposto denominado de Indústria e Profissões, que se encontram depositados na

*
Publicado originalmente como capítulo do livro Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto: Um
espelho de 100 anos (Ribeirão Preto: Gráfica São Francisco, p.211-222, 2004).
**
Professor da FEA-RP/USP e do Programa de Pós-Graduação em História Econômica da FCL/UNESP.
***
Economista e mestranda em História Econômica pela FFLCH/USP.
Secretaria da Fazenda da Prefeitura Municipal. 1 Procurando cobrir de forma mais uniforme
o período como um todo, e de acordo com a melhor disponibilidade dos documentos,
escolhemos os seguintes anos para efetuar o nosso estudo: 1890, 1900, 1910, 1918, 1927,
1939, 1950 e 1960.

Primeiros anos republicanos (1890-1918)


Nos primeiros anos da República, o município de Ribeirão Preto revelou um
dinamismo extraordinário, alcançando uma certa pujança econômica até a primeira Grande
Guerra, em função do cultivo do café.2 Uma ilustração da magnitude das mudanças pode
ser notada por meio do aumento do número de estabelecimentos, que se elevou de 228 para
3
914 entre 1890 e 1900. Contudo, o primeiro levantamento parece-nos mostrar certas
lacunas, como da ausência de profissionais liberais e do setor financeiro. Luciana Suarez
Galvão Pinto anotou, por meio do almanaque de São Paulo para 1890, uma informação
mais acurada dos estabelecimentos, chegando o seu cômputo em 340 (Cf. PINTO, 2000, p.
161). Estes se dividiam do seguinte modo: 178 de comércio, 27 de profissionais liberais,
102 de serviços, 6 do setor financeiro e 27 de indústrias (ver figura 1). A partir dessa última
informação, verificamos uma taxa de crescimento de 10,4% ao ano até o início do século
XX, ou seja, a abertura de quase 58 casas de um ano para o outro.

1
A Constituição republicana definiu o imposto, regulamentado pela Lei municipal nº 3 de 1894: “O imposto
de indústrias e profissões é devido por todos os que individualmente em companhia, em sociedade anônima
ou em comercial, exercem no município indústrias, profissões, artes ou ofícios (...)” (PIRES, 1994, p. 44).
Nessa época, esse imposto foi o mais importante, representando 30,6% da receita da prefeitura em 1910
(WALKER; BARBOSA, 2000, p.57). Esse imposto respondeu por 30,9% da receita tributária da prefeitura
em 1918 e 16,3% em 1962 (ACIRP, 1976).
2
Ribeirão Preto foi durante as duas primeiras décadas do século XX um dos principais produtores de café do
Brasil.
3
Ocorreram várias modificações no recolhimento dos impostos, principalmente a fim de acompanhar o
processo inflacionário. Entretanto, algumas dessas transformações influenciaram a definição do conceito de
estabelecimento. Assim, houve mudanças no conceito de um ano para o outro que dificultam a sua
comparação ao longo de largos períodos.
70 60
60 52
50 46 42
38
40 30 34
27
30
20 11 11
8 8 8 8 8
10 2 1 4 1 1
0
1890 1900 1910 1918

Comércio Serviços Setor financeiro


Indústria Profissionais liberais

a
Dados de Pinto (2000, p. 161).
b
Sem informação 11 em 1900, 7 em 1910 e 5 em 1918.
Figura 1
Estabelecimentos de Ribeirão Preto segundo tipo (1890a-1918)
(porcentuais válidos) b

Em 1890, mais da metade dos estabelecimentos atuavam na área comercial,


principalmente como secos e molhados, armarinhos e fazendas e botequim. Nessa época, a
tributação diferenciava o imposto fixo e proporcional de acordo com cada um dos produtos
ou serviços do estabelecimento, o que nos possibilitou uma riqueza maior de detalhes das
mercadorias disponibilizadas no local. 4 O leque de produtos comercializados pelas lojas de
secos e molhados mostrou-se bastante amplo e não especializado, compreendendo
principalmente alimentos e bebidas ⎯ aguardente, açúcar, carne seca, toucinho, queijos e
sal ⎯ e manufaturas não alimentares ⎯ fumo, querosene, fósforos, pólvora, sabão, velas e
graxas. Contudo, os produtos têxteis não foram relacionados no documento, pois não eram
tributados.
Uma ilustração do grau de detalhe dessa documentação fazendária pode ser
verificada no caso do comerciante de secos e molhados Alfredo Correia Catão. O seu
estabelecimento, localizado à rua 15 de Novembro, teve os seguintes produtos tributados
em 1890: aguardente, carne seca, fumo, querosene, pólvora, sabão, velas e graxas, sal,

4
Algumas mercadorias e serviços revelaram-se mais tributadas do que outras. Um exemplo nessa linha
consistia no caso da aguardente em relação ao açúcar, enquanto o primeiro produto pagou 50$000 (cinqüenta
mil réis) de imposto fixo, o segundo foi tributado em 10$000 (dez mil réis). Tal diferenciação deve-se
provavelmente à intenção dos legisladores municipais de coibir o consumo da aguardente. Por outro lado, as
atividades bancárias também receberam uma tributação, em termos absolutos, significativa: uma agência de
banco pagou 500$000 réis de imposto fixo e 20% sobre o valor locativo, que representaram os maiores
valores dos dois tipos de tributos.
toucinho, queijos e pães. O capital da loja foi estimado em 5:000$000 (cinco contos de réis)
e ele pagou nesse ano um total de 205$000 (duzentos e cinco mil réis) em impostos, o que
representou aproximadamente 4,1% do montante empatado no negócio. No conjunto de
todas as atividades a proporção da arrecadação sobre o capital foi de 1,7%. Assim, os
comerciantes recolheram proporcionalmente mais impostos, principalmente em decorrência
do grande número de lojas e de mercadorias tributadas.
Nesse momento, as atividades comerciárias exigiam um montante de capital
bastante expressivo, em média de pouco mais de nove contos. Ao que tudo indica, tal
importância deveu-se à presença de mercadorias de valor elevado e/ou negociações em
grandes quantidades. Alguns produtos de origem estrangeira também encareciam a
formação dos estoques das lojas, como, por exemplo, as ferragens, tecidos, armas,
querosene etc. De um lado, a preponderância de produtos nacionais de origem agrícola nas
prateleiras conduziu, provavelmente, à necessidade de manter estoques significativos, pois
a oferta de muitos deles apresentava sazonalidade.
De outro lado, os serviços compreenderam um grande número de ocupações,
perfazendo quase um terço do total de estabelecimentos em 1890. Tais atividades
compreenderam, de forma ilustrativa, as de sapateiro, as oficinas de carroça e os ferreiros.
O capital médio empregado nessas ocupações mostrou-se muito reduzido, atingindo tão-
somente cerca de cinco contos de réis. Os farmacêuticos consistiram em uma exceção nesse
ramo, em função de possuírem um capital de montante mais elevado (quase dezessete
contos). No caso dos demais profissionais, o preço dos insumos utilizados na prestação dos
serviços (couros, ferros, madeira etc.) deveria ser reduzido e grande parte dos custos
provinha da mão-de-obra empregada.
A indústria representava 7,9% do total de estabelecimentos em 1890. Nesse ano,
verificamos a presença de quinze olarias e doze fábricas de cervejas. A indústria
encontrava-se em um estágio muito inicial de seu desenvolvimento no município. O capital
médio estimado para elas chegou a tão-somente 8,5 contos de réis. O grande número de
fábricas de cerveja tratava-se provavelmente de produção artesanal em pequena escala. Por
fim, os profissionais liberais revelaram uma participação significativa (7,9%). Nesse
segmento, destacaram-se os médicos e advogados.
Nos anos que se seguiram ocorreu uma diversificação das atividades econômicas
desenvolvidas no meio urbano. Novas mercadorias e ocupações passaram a ser vendidas ou
desempenhadas no município. Conseguimos acompanhar tais transformações ao longo do
período em questão por meio da tributação. Após 1890, o setor de comércio ainda
continuou prevalecendo dentre os estabelecimentos (Cf. figura 1). 5 Todavia, a importância
das casas de secos e molhados e botequins nesse ramo reduziu-se fortemente ao longo do
tempo, em 1900 as primeiras perfaziam 52,1% do seu conjunto e, em 1918, tão-somente
35,2%, enquanto os botequins diminuíram de 16,9% para 9,6% em anos idênticos. Ao lado
dessas lojas, os armazéns e fazendas aumentaram sua participação, de 10,4% para 15,7% no
período.

Figura 2
Propaganda: Casa Alemã
Fonte: A Cidade, ano VII, nº 1860, 19 de janeiro de 1911, p.3

5
Possivelmente, ocorreu uma mudança na definição de estabelecimento comercial tributável, pois houve uma
redução expressiva em termos absolutos do número de casas comerciais de 1900 para 1910. Houve até mesmo
uma pressão por parte da própria Associação Comercial por uma cobrança mais adequada do imposto, assunto
que fez parte da pauta da reunião da dita Associação no final do ano de 1911: “(...) ficou resolvido oficiar à
Câmara Municipal, solicitando-lhe para que permita uma comissão de comerciantes previamente nomeada
pela mesma associação para que coopere com os lançadores municipais no ato do tabelamento das casas
comerciais e industriais para o exercício do ano de 1912. O fim desta cooperação visa exclusivamente o
evitar [sic] irregularidades que costumadamente se apregoam e das quais nos anos anteriores originaram
inúmeras reclamações dos tabelados, deixando num profundo descontentamento o qual muitas vezes
infundado” (JORNAL A CIDADE, 14 de dezembro de 1911, nº 2219, p.2).
Figura 3
Propaganda: Casa Joaquim Alves
Fonte: A Cidade, ano I, nº 157, 05 de junho de 1905, p.4

Novas ocupações mais especializadas assumiram um papel relevante na cidade ao


longo do período em questão. O conjunto de tipos de estabelecimentos comerciais cresceu
de tão-somente nove em 1890 para trinta e nove em 1918. Já em 1900, notamos a
participação expressiva das padarias / confeitarias com 4,3% do total do segmento e os
açougues com 5,6%. Depois de dezoito anos, esses estabelecimentos abrangiam 5,6% e
6,4% do conjunto. As relojoarias e farmácias representavam 2,2% e 2,4% em 1900 e 2,4%
e 5,1% em 1918, respectivamente. Em 1910 e 1918, foram tributados compradores de café
(3,1% e 4,0% nesses dois anos). Por fim, a primeira livraria de propriedade de Veríssimo
dos Santos foi registrada em 1910 e em 1918 já existiam três.
Nesse último ano, verificamos a presença de duas casas de automóveis. A primeira
foi a Andrade, Baptista & Cia na Saldanha Marinho, que tinha maior capital. A outra foi a
Casa Ford, na rua Amador Bueno. A sociedade de Andrade e Baptista mantinha, em 1910,
um grande bazar de secos e molhados e uma alfaiataria. Ele detinha o maior capital entre
todos os estabelecimentos desse ano. Tais atividades foram preteridas em favor do novo
negócio em 1918, pois não foram tributadas. No final da década de 1910, encontramos até
mesmo uma loja de objetos para automóveis de propriedade de Caetano Fabrini.
Figura 4
Propaganda: Garagem - Caetano Fabrini
Fonte: A Cidade, ano VIII, nº 2479, 13 de novembro de 1912, p.4

Figura 5
Propaganda: Pneumáticos Michelim - Caetano Fabrini
Fonte: A Cidade, ano XIII, nº 4084, 23 de setembro de 1917, p.3

Para o setor de serviços, a diversificação também se mostrou significativa. De


início, registraram-se quatorze ocupações nesse ramo, porém, em 1918, elas atingiam
cinqüenta e oito. As oficinas de carroças, sapateiros, farmacêuticos e ferreiros foram as
atividades mais comuns no primeir ano, perfazendo no seu conjunto 54,0%. Contudo, elas
reduziram sua participação para 16,0% em 1918. Por outro lado, verificamos o crescimento
expressivo dos barbeiros, alfaiates e modistas de 5,4% para 26,6% no período. De modo
semelhante, os hotéis e pensões aumentaram de 3,2% em 1900 para 12,1% em 1918. Novas
ocupações surgiram no período, como os fotógrafos, que eram três em 1900. Uma outra
novidade nos serviços no último ano em análise foi o cinema, com a empresa Paris Theatre
na rua Álvares Cabral. Nesse mesmo ano destacou-se também o Cassino Antártica na
Amador Bueno, atuando como casa de espetáculos com café cantante.

Figura 6
Programação de Teatros e Salões
Fonte: A Cidade, ano VIII, nº 2269,11 de fevereiro de 1912, p.4

Já no caso dos profissionais liberais, se no ano de 1900 eles se resumiam a


advogados, médicos, dentistas e engenheiros, em 1910 e 1918 surgem, além dos citados,
arquitetos e engenheiros e veterinários, respectivamente. O número de médicos cresceu
significativamente no período, de dez em 1900 para vinte e sete em 1918. De outro lado, o
setor bancário contava, em 1900, com tão-somente duas agências bancárias: Banco de
Ribeirão Preto ⎯ criado em 1890 ⎯ e Banco Mercantil de Santos. Nesse mesmo ano,
existiam também uma casa de penhor, uma agência de câmbio e um gerente de banco. Já
em 1910, havia seis agências bancárias, entre as quais destacavam-se o Banco do Comércio
e Indústria, o Ítalo-brasileiro, o São Paulo e a Caixa de crédito do Banco Agrícola de São
Paulo. No último ano em estudo, mantinham-se, na cidade, cinco agências filiais de casas
bancárias, uma casa de penhor e três capitalistas.
As atividades industriais apresentaram um incremento bastante expressivo,
ganhando uma relativa complexidade. De início, contava-se com tão-somente olarias e
fábricas de cervejas, tendo engenhos de cana e refino de açúcar expressão nesse segmento.
Já em 1900, acrescentaram-se fábricas de fumo, sabão e massas. Também houve um
aumento da presença de imigrantes estrangeiros nesse setor econômico. No último ano em
análise, já aumentara o número de fábricas de móveis.
Muitas vezes, as atividades exercidas pelos empresários envolviam ocupações
múltiplas. Um exemplo nessa linha foi Antonio Diederichsen, que mantinha loja e
indústria. Ele possuía uma fundição de ferro e bronze, uma serraria e uma casa de ferragens
em 1910, em sociedade com Hilbbeln, na rua José Bonifácio. Esse comerciante foi o
segundo maior pagador de impostos em 1910 e o maior em 1918, detendo dois
estabelecimentos: a loja no centro e a serraria e fundição na vila Tibério. Por fim, entre
esses anos, estabeleceram-se no município duas cervejarias de maior porte, a Companhia
Antártica e a Paulista, recolhendo um montante significativo de impostos ao município.

Figura 7
Propaganda – Antigo Banco Construtor (Diederichsen & Hibbeln)
Fonte: A Cidade, ano XI, nº 8277,06 de janeiro de 1915, p.2
Quando analisamos a arrecadação propiciada pelo imposto de indústria e profissões,
notamos um comportamento divergente, apresentando em termos nominais uma redução do
valor entre 1900 e 1910 e, desde então, um significativo crescimento até 1918. O total
arrecadado atingiu cerca de 250 contos nesse último ano, o que equivalia aproximadamente
ao total gasto municipal com iluminação pública, obras públicas e jardins e arborização. Se
considerarmos os tipos de estabelecimento (Cf. figura 8), verificamos que o setor de
comércio e o financeiro foram os mais tributados, proporcionalmente as suas respectivas
participações no total de estabelecimentos. Esse último tipo de estabelecimento arrecadou o
maior valor médio de 1900 a 1918, mostrando uma crescente elevação em relação aos
demais.

100 77
75
80 59 58
60
40 25 23
9 11 5 14 11
20 1611 4 10 21 4 31
0
1890 1900 1910 1918

Comércio Serviços
Setor financeiro Indústria
Profissionais liberais Setor não identificado

Figura 8
Arrecadação de Ribeirão Preto segundo tipo de
estabelecimento (1890-1918)
(porcentuais válidos)
Apesar da importância crescente em termos absolutos para a tributação do setor de
serviços, esse segmento apresentou um quadro inverso ao do comércio e do setor
financeiro. A parcela dos impostos recolhida pelos profissionais liberais foi muito reduzida
e, além disso, inferior à sua participação numérica dentre os estabelecimentos. Por fim, à
exceção de 1890, a indústria apresentou um crescimento significativo e próximo da sua
participação no conjunto dos estabelecimentos.
O período entre guerras (1927-39)
Os anos 20 e 30 foram um momento de rápida transformação da economia
brasileira. A industrialização avançou a passos largos e o governo aumentou sua
participação, culminando com a constituição de um aparelho do Estado centralizado e
nacionalmente articulado. (ver Draibe, 1985, cap. 1). Em Ribeirão Preto, a mudança
refletiu-se no declínio da economia cafeeira, influenciado pela geada de 1918 e,
posteriormente, a crise do final dos anos 20. Por outro lado, cresceu a produção para o
mercado interno, especialmente do algodão. No meio urbano, vislumbrado por meio do
imposto de indústria e profissões, constatou-se um aumento do número total de
estabelecimentos de cerca de 46,4% de 1918 a 1927. Entre os seus tipos, destacaram-se
novamente o setor de comércio e serviços, os quais representaram mais de quatro quintos
do total (Cf. figura 9). Contudo, reduziu-se a participação relativa das empresas financeiras
e industriais, evidenciando um processo de concentração nesses setores.

50,0 43,040,2 44,0


39,4
40,0
30,0
20,0 8,5 7,5 7,1 8,2
10,0 0,6 0,2 1,2 0,1
0,0
1927 1939

Comércio Serviços Setor financeiro


Indústria Profissionais liberais Serviços públicos
a
293 casos sem informação em 1939
Figura 9
Estabelecimentos de Ribeirão Preto segundo tipo
(1927 e 1939)
(porcentuais válidos) a
No comércio, as lojas de secos e molhados ainda mantinham uma participação
significativa no setor, de quase 30,8% em 1927 e 23,3% em 1939. Os bens vendidos
consistiam mais habitualmente no fumo, açúcar, bolachas, calçados e charutos e cigarros.
Todavia, a gama de produtos comercializados ampliou-se de modo expressivo, passando a
incluir ferragens, louças, objetos de vidro, perfumaria, gasolina e quinquilharias em geral.
Os botequins também tinham sua expressão, perfazendo 13,0% em 1927 e 9,2% em 1939,
comercializando bebidas, bolachas e fumo e charuto. No conjunto, os bares e botequins
representavam parte ainda maior dos estabelecimentos comerciais ⎯ 13,7% e 13,2%,
respectivamente. As farmácias, relojoarias, padarias e açougues também reduziram sua
participação entre 1927 e 1939. Os compradores de café diminuíram sua importância entre
os comerciantes (2,9% em 1927 e 2,4% em 1939), mas os de algodão chegaram a 1,0% em
1939. Por fim, as casas de automóveis e peças não aumentaram sua participação (0,7% em
1927 e 0,5% em 1939).
A diversificação do comércio elevou-se, atingindo sessenta e três nomenclaturas
distintas de estabelecimentos do setor em 1927 e setenta em 1939. Uma área nova de
ocupações ocorreu no segmento de automóveis, peças e combustíveis, que expandia
conjuntamente a sua utilização. Uma ilustração desses novos tipos de comércio pode ser
observada nos postos de gasolina ⎯ 2,0% do total em 1927 e 2,4% em 1939. Um desses
postos era de Antonio Diederichsen, situado na rua Saldanha Marinho, que mantinha garage
em 1927 e oficina em 1939. Ele continuava a ser o maior pagador do imposto de indústria e
profissões em 1927 em várias atividades, que ademais incluíam ferragens e serraria. A sua
arrecadação superou inclusive a da Companhia Antarctica nesse ano.

Figura 10
Propaganda – Companhia Antarctica Paulista
Fonte: A Cidade, ano XXIV, nº 6494,19 de fevereiro de 1928, p.4
No ano de 1939, havia também uma distribuidora de combustíveis multinacional: a
Standart Oil Comp. of Brasil. Outro segmento comerciário a apresentar uma expansão foi o
das quitandas de frutas, que se elevaram de 1,9% em 1918 para 6,2% em 1927 e
alcançaram 12,3% em 1939. Notamos a presença de três sorveterias na cidade neste último
ano. Finalmente, verificamos a presença de cinco lojas especializadas na comercialização
de rádios também nesse ano (0,7% do total).
O setor de serviços também alargou o seu leque de ocupações, passando a ter oitenta
e sete nomenclaturas em 1927 e 116 em 1939. Dentre essa gama tão variada, observamos a
importância dos barbeiros, alfaiates e modistas com 26,7% em 1927 e 21,4% em 1939. O
segmento de alojamentos abarcou outra parcela relevante, porém inferior ao período
anterior, atingindo 8,8% no primeiro ano e 4,9% no segundo. Por fim, os sapateiros
diminuíram sua parte de 13,8% em 1918 para 9,0% em 1927 e 7,6% em 1939.6
Uma grande expansão ocorreu com os cinemas, que chegaram a seis
estabelecimentos em 1927, sendo um deles no distrito de Bonfim, e cinco em 1939. Nesse
segmento, mantinham agência de distribuição de filmes na cidade as seguintes empresas em
1927: Fox Film do Brasil S/A, Empresa Brasil Films, Matarazzo e Cia., Paramont Pictures
e Universal Pictures F. do Brasil. 7 Outro setor de crescimento foi o das oficinas mecânicas,
que surgiram em 1927 em número de seis. No ano de 1939, o seu número havia acrescido
para 18 (3,0%). No campo automobilístico, os transportes de cargas evoluíram, chegando a
dez empresas nesse ano (1,6%). Por fim, anotou-se uma estação de rádio, a Radio Clube de
Ribeirão Preto.
Os bancos consistiam em sete agências em 1927, incluindo o Banco Comercial do
Estado de São Paulo, Banca Francesa e Italiana e o Banco de São Paulo. Doze anos mais
tarde, houve uma redução de agências para cinco, talvez fruto da crise dessa época. Entre
estes anos instalou-se o Banco do Brasil na cidade e o segmento de seguros atingia treze
estabelecimentos. Entre os profissionais liberais, os médicos eram trinta e oito em 1927 e
quarenta e nove em 1939, superando o número de advogados. Entretanto, o número de
dentistas cresceu mais, de trinta e cinco para cinqüenta e seis, provavelmente fruto da
criação da Faculdade de Odontologia em meados da década de 20.

6
Incluímos as oficinas de calçados no grupo dos sapateiros.
7
Em 1939, havia nove estabelecimentos, compreendendo a Metro Goldwyn Mayer do Brasil e a Alliança Star
Filen S/A.
Figura 11
Propaganda – Banco do Brasil
Fonte: A Cidade, ano XVIII, nº 6486,17 de fevereiro de 1922, p.4

Figura 12
Propaganda – Dr. Francisco Prata (médico)
Fonte: A Cidade, ano XX, nº 7031,03 de janeiro de 1924, p.1

No setor industrial, as pequenas fábricas de cerveja, carroças, calçados e olarias


começam a perder expressão para as fábricas de maior porte, como a Companhias
Antarctica e Paulista em 1927. Esta última foi a maior arrecadadora para o município em
1939, superando Antonio Diederichsen, o segundo. Novas indústrias estabeleceram-se na
área alimentícia ⎯ balas, biscoitos, bolachas, doces e farinha ⎯ e móveis e malas. A
Empresa de Força e Luz pagou uma quantia significativa nesse último ano, ganhando certo
destaque nesse período.
Em termos da arrecadação total, o setor comercial manteve a liderança, embora
tivesse reduzido sua participação nesses anos entre guerras (Cf. figura 13). O setor de
serviços, em contraposição, elevou a sua parte ocorrendo uma diminuição do setor
financeiro e da indústria.

80,0
57,8
60,0 49,3
40,0 25,6 26,5
20,0 10,5 11,4
3,1 2,6 0,4 0,0 2,1 7,2 2,2 1,3
0,0
1927 1939

Comércio Serviços
Setor financeiro Indústria
Profissionais liberais Serviços públicos
Setor não identificado
a
293 casos sem informação em 1939
Figura 13
Arrecadação de Ribeirão Preto segundo tipo de
estabelecimento (1927 e 1939)
(porcentuais válidos)a

“Os anos dourados” (1950-1962)


Após a Segunda Grande Guerra, o desenvolvimento industrial acelerou-se,
especialmente nos anos 50. O processo de urbanização intensificou-se, atraindo para os
grandes centros urbanos uma parcela crescente da população brasileira. As cidades
assumiram o papel central na economia e sociedade, congregando as mais variadas espécies
de relações sociais. Em Ribeirão Preto, o quadro não se mostrou distinto, pois a população
urbana elevou-se expressivamente e a cidade concentrou, cada vez mais, as compras e os
serviços de toda a região da Alta Mogiana, particularmente dos seus arredores.
O número de estabelecimentos comerciais, industriais, profissionais liberais e
serviços expandiu-se progressivamente, atingindo 2.443 em 1950 e 4.252 em 1962. O
comércio manteve a preponderância entre os diversos tipos de estabelecimentos (Cf. figura
14). Ademais, observamos uma pequena retração relativa dos serviços.

60,0 49,4
42,0
36,0 31,9
40,0
20,0 9,7 11,5 10,2
0,8 1,5 7,0
0,0
1950 1962

Comércio Serviços
Setor financeiro Indústria
Profissionais liberais
a
1 caso sem informação em 1950 e 15 em 1962.
Figura 14
Estabelecimentos de Ribeirão Preto segundo tipo (1950 e
1962)
(porcentuais válidos) a

A variedade dos estabelecimentos comerciários atingiu 112 nomenclaturas distintas


em 1950 e 210 em 1962. Apesar da tendência declinante, as lojas de secos e molhados
ainda mostravam uma certa expressividade (18,0% em 1950 e 12,7% em 1962). As casas
de frutas se reduziam a 9,7% em 1950 e atingiram 10,9% em 1962. Em 1950, esses
estabelecimentos estavam situados principalmente no Mercado Municipal (vinte e sete
bancas) e na Avenida Saudade (onze bancas), enquanto que em 1962 a maioria deles
participava das feiras livres (177 bancas). Ainda no setor de comércio, verificamos o
avanço significativo dos bares, principalmente nos bairros. No período considerado,
tivemos uma elevação de aproximadamente 70% no número de estabelecimentos deste tipo,
passando de 196 a 335. Nos dois anos em análise eles superaram, em número, os
estabelecimentos de secos e molhados, chegando a 19,1% em 1950 e 16,0% em 1962. Por
fim, o número absoluto de farmácias e açougues elevou-se desde 1939, porém sua
participação no setor atingiu 4,5% e 3,7%, respectivamente, em 1950 e apenas 3,1% e 3,0%
em 1962.
Nessas duas décadas, as lojas especializadas também ganharam certo destaque. Em
1950, verificamos, por exemplo, a existência de 6,2% dos estabelecimentos comerciais
voltados à venda de tecidos. Nesse mesmo ano havia duas lojas de geladeiras e
refrigeradores, três de tintas e vernizes, uma de brinquedos e duas outras de pneus. Em
comparação com 1939, as lojas de rádios aumentaram sua participação para 1,5%, mas a
importância dos postos de gasolina reduziu-se a 1,3% em 1950. Já em 1962, observamos
uma elevação significativa no número de lojas de armarinhos (passando de trinta e cinco
para cem) e o arrolamento de cinqüenta e uma mercearias e sete empórios, doze casas de
produtos alimentícios e dez de carnes frescas (verdes), além de vários tipos de feirantes
(alho e cebola, calçados, doces, miudezas e pães). A vocação agrícola da economia local
também se refletia no comércio, já que, em 1962, foram tributadas casas de açúcar e álcool
e garapa, de artigos para lavoura e tratores, além de mercadores de café e comerciantes de
milho.
As nomenclaturas de ocupações de serviços elevaram-se a 142 em 1950 e 204 em
1962. Os barbeiros e alfaiates ainda se faziam presentes em grande número, mas sua
participação no setor diminuiu de 16,0% em 1950 para 14,1% em 1962. O segmento
hoteleiro compreendia parte significativa do setor em 1950 (5,9%), sofrendo uma pequena
queda em 1962 (4,9%). Por fim, as oficinas de sapatos também se reduziram a 6,9% e 5,9%
nos dois anos selecionados. Entre as novas atividades, destacamos o crescimento das
oficinas mecânicas com 5,2% e 6,4% do total do setor comerciário em 1950 e 1962,
respectivamente, além do registro de quatro hospitais em 1950 e cinco em 1962, inclusive o
Hospital São Francisco Sociedade Ltda, a Sociedade Portuguesa de Beneficência e a Santa
Casa de Misericórdia. No segmento automobilístico, observamos, em 1950, a ocorrência de
sete funilarias, uma auto-escola, um estabelecimento de lavagem e lubrificação de autos e
uma oficina de consertos de pneus e câmaras, além de oficinas de pintura de automóveis, de
concertos de amortecedores e radiadores e retíficas de motores em 1962. Neste último ano
também foi tributada uma agência de turismo de propriedade de Mario Bazan, além de
oficinas de estofamento e de refrigeradores, laboratórios de próteses e de radiografia e a
empresa Vilares S/A, especializada em manutenção de elevadores.
Figura 15
Propaganda – Hospital da Sociedade de Beneficência Portuguesa
Fonte: A Cidade, ano XIV, nº 4658,06 de dezembro de 1918, p.4

Figura 16
Propaganda – Agência de viagens
Fonte: A Cidade, ano XI, nº 8291,22 de janeiro de 1915, p.2
A participação dos estabelecimentos do setor financeiro apresentou uma pequena
queda no período de 1939 a 1950, passando de 1,2% para 0,8%; mas, no ano de 1962, este
setor se recuperou e passou a responder por 1,5% dos estabelecimentos tributados em
Ribeirão Preto. Esse crescimento acentuado deu-se em função de o número de instituições
financeiras tributadas ter triplicado de uma década para a outra, passando de 20 em 1950
para 61 em 1962. No ano de 1950 encontramos apenas dois tipos de atividades realizadas
nesse setor: agências bancárias (treze) e seguradoras (três agentes e quatro agências de
seguro). Em 1962, havia também quatro agências de financiamento ― entre elas a Cia.
Brasileira Financial, Imobiliária e Mercantil ― e vinte e uma casas de corretagem, além das
vinte e sete agências bancárias e dos nove agentes de seguros. Às agências dos bancos do
Brasil, Moreira Salles (atual Unibanco), Itaú, Mercantil de São Paulo, Brasileiro de
Descontos e Banco Bandeirante de Comércio já existentes em 1950, somaram-se, em 1962,
os representantes dos bancos Agrícola da Alta Mogiana, Marchesi, Sul-Americano do
Brasil e Banco da Lavoura de Minas Gerais, entre outros.
Os profissionais liberais fizeram-se presentes em maiores proporções nas décadas
de 1950 e 1960, se comparados com os períodos anteriores, apesar da pequena redução
ocorrida no último ano em estudo. A participação desses profissionais elevou-se de 8,2%
em 1939 para 11,5% em 1950, estabilizando-se em 10,2% em 1962. Ainda nos anos
dourados, pudemos verificar o predomínio dos advogados, médicos e principalmente dos
dentistas, cuja participação atingiu 36,9% no setor em análise. Enquanto isso, a proporção
anotada de advogados elevou-se de 8,5% para 13,3% e a de médicos sofreu uma queda de
35,5% para 33,5% entre 1950 e 1962. A diminuição mais acentuada de representatividade
ocorrida nesse período deu-se por conta da participação dos contadores, reduzida de 17,0%
em 1950 há tão-somente 7,8% em 1962.
Assim como ocorreu nos setores descritos anteriormente, verificamos uma grande
diversificação nos tipos de indústrias em exercício em Ribeirão Preto nesses anos dourados.
Entre 1950 e 1962, a variedade de tipos de estabelecimentos industriais aumentou de
sessenta e dois para noventa e seis e o número de estabelecimentos elevou-se de 237 para
296. Entretanto, o grande crescimento desse setor ocorreu entre o último ano do período
anterior e o primeiro deste, visto que o número de indústrias passou de 108 (ou 7,1% do
total de estabelecimento) em 1939 para 237 (9,7% do total) em 1950. Nos anos dourados,
as olarias, fábricas de móveis e de calçados ainda tinham destaque no setor, já que,
somadas, contemplavam 34,6% do setor em 1950 e 33,1% em 1962. Em 1950 podemos
destacar também a presença de diversas fábricas de doces, colchões, vassouras ― entre elas
as fábricas Santa Rita e Santa Teresinha ― brinquedos e placas. Já em 1962, salientaram-
se, além das anteriormente citadas, as confecções de roupas, fábricas de lingüiça e de água
sanitária, como a Super Globo. Adicionalmente, instalou-se na cidade nesse período a Cia.
Electrolux S/A, fabricante de eletrodomésticos, e a Cia de Cimento “Portland e Itaú”.
A elevação na participação do comércio e a diminuição na proporção de
estabelecimentos prestadores de serviços, industriais e dos profissionais liberais tributados
na cidade refletiram-se diretamente na porcentagem de imposto arrecadado por cada setor
(Cf. figura 17).

80,0 67,0
60,0 52,4

40,0 22,6 19,1 16,5


20,0 10,8
2,7 3,2 4,1 1,4
0,0
1950 1962

Comércio Serviços
Setor financeiro Indústria
Profissionais liberais
a
1 caso sem informação em 1950 e 15 em 1962.
Figura 17
Arrecadação de Ribeirão Preto segundo tipo de
estabelecimento (1950 e 1962)
(porcentuais válidos) a

Nesses dois anos em análise, as casas comerciais também pagaram impostos em


uma proporção maior do que sua participação entre os estabelecimentos tributados. No
entanto, nesses anos a carga tributária sobre esse setor elevou-se bastante, já que este último
foi responsável pelo pagamento de mais da metade do total de impostos arrecadados em
1950 e de aproximadamente dois terços em 1962. Além disso, ocorreu, nesse período, um
aumento desproporcional na carga tributária incidente sobre a indústria e setor financeiro.
Enquanto a participação deste último setor no número total de estabelecimentos cresceu em
apenas 0,7%, a sua arrecadação de impostos elevou-se em 1,4%. De outro lado, os
prestadores de serviços pagaram impostos em uma proporção menor do que sua
participação relativa na economia local. Representando 36,0% e 31,9% dos
estabelecimentos em 1950 e 1962, respectivamente, eles arcaram com apenas 22,6% e
16,5% dos impostos pagos nesses dois anos.

Considerações Finais
Apesar da importância e do desenvolvimento da agricultura em Ribeirão Preto entre
1890 e 1962, verificamos um crescimento expressivo dos setores mais citadinos,
particularmente o comércio, os serviços, a indústria e os profissionais liberais. Tanto a
cafeicultura quanto as demais culturas posteriores demandaram e se beneficiaram da
ampliação e da diversificação das atividades de caráter mais urbano.
No primeiro período, salientamos a presença de um comércio restrito a um conjunto
reduzido de bens. A indústria e os serviços mostraram-se bastante artesanais. Os
profissionais liberais concentravam-se nos advogados, médicos e dentistas. Havia um
pequeno número de agências bancárias. No entre guerras, aumentou significativamente a
variedade de estabelecimentos comerciais e de serviços, bem como a oferta das suas
mercadorias. Notou-se uma maior presença de empresas estrangeiras, principalmente no
segmento de combustíveis e do cinematográfico. A indústria ganhou escala superior à do
momento anterior, principalmente no campo de bebidas. A especialização financeira
elevou-se, em especial por conta das agências de seguros.
Após a Segunda Grande Guerra, o número e a diversidade de estabelecimentos
comerciais alcançaram um patamar extraordinário. O comércio revelou uma grande
especialização, principalmente na área de bens duráveis, como, por exemplo, lojas de rádios
e geladeiras. Apesar do desenvolvimento da economia, as casas de secos e molhados ainda
se mostravam presentes em grande número. O setor de serviços apresentou uma retração
relativa, porém a sua variedade aumentou, mormente do segmento automobilístico e de
saúde. Por fim, ocorreu uma elevada expansão das instituições financeiras, particularmente
de agências filiais de empresas com sede nas principais capitais do país.
Referências bibliográficas
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despesas do município de Ribeirão Preto, período 1962-1974. Ribeirão Preto: ACIRP,
1976 (datilografado).

DRAIBE, Sônia. Rumos e metamorfoses: um estudo sobre a constituição do Estado e as


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LEAL, Oscár. Viagem às terras goyanas (Brazil central). Goiânia: Editora da Universidade
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PINTO, Lucina Suarez Galvão. Ribeirão Preto: a dinâmica da economia cafeeira de 1870
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PIRES, Julio Manuel. Um estudo de história econômica regional sob a ótica das finanças
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tramas da sociedade e da política em Ribeirão Preto no século XX. Ribeirão Preto: Palavra
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