Artigo Eficiencia Caldeira
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RESUMO
A poluição atmosférica vem aumentando com o crescimento industrial, e o desafio dos países tem
sido procurar mecanismos eficientes que controlem adequadamente os níveis destes poluentes. A
utilização de caldeiras é comum em muitas indústrias; porém, esses equipamentos são emissores
potenciais de poluição atmosférica e devem ter um controle rigoroso na sua operação. Entre estas
formas de controle, inclui-se a substituição de matérias-primas utilizadas no processo de queima,
por outras de menor potencial poluente, como é o caso do gás natural. Assim, este estudo teve como
objetivo avaliar a emissão de monóxido de carbono (CO) em uma caldeira flamotubular alimentada
por gás natural, monitorada por um período de três anos de funcionamento. Os resultados obtidos
em todas as análises estão de acordo com a norma estabelecida pela Resolução n° 436/ 2011 do
CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente), confirmando o uso deste combustível como
uma alternativa adequada para redução das emissões atmosféricas em sistemas de caldeiras
industriais.
ABSTRACT
Air pollution has been considerably increased with industrial growth, and the challenge for
countries has been to find out efficient mechanisms that adequately control the levels of these
pollutants. The use of boilers is common in many industries; however, these equipments are
potential emitters of atmospheric pollution, and must have a strict control in their operation. Among
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these forms of control, the substitution of raw materials used in the burning process, for others with
lower polluting potential, such as natural gas, is included. Thus, this study aimed to evaluate the
emission of carbon monoxide (CO) in a flamedubular boiler fueled by natural gas, monitored for a
period of three years. The results obtained in all the analyzes were in accordance with the norm
established by Resolution No. 436/ 2011 of CONAMA (National Council of the Environment),
confirming the use of this fuel as an adequate alternative to reduce atmospheric emissions in
industrial boiler systems.
RESÚMEN
INTRODUÇÃO
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MATERIAL E MÉTODOS
O equipamento caldeira avaliado neste estudo foi do tipo flamotubular, da marca TANGE,
modelo TG 80/10 (Fig. 1), fabricado no ano de 1997, com capacidade de geração de vapor de 1.040
kg/h e potência nominal de 0,91 MW. A caldeira operava 8 horas diárias, cinco vezes na semana,
em uma indústria de produção de asfalto, oscilando para períodos de até 12 horas diárias,
dependendo da demanda produtiva. Devido às férias coletivas, o equipamento permanecia dois
meses por ano inoperante, período utilizado para a realização da sua manutenção.
Caldeiras do tipo flamotubular funcionam realizando a queima do combustível com um
maçarico ou combustor. O calor desprendido aquece a tubulação contendo água, e os poluentes
gerados através da combustão são direcionados para uma chaminé, ou duto de exaustão, e lançados
na atmosfera. Assim, os efluentes atmosféricos gerados no processo de queima do gás natural
utilizado como combustível foram monitorados diretamente no duto de exaustão da caldeira
(diâmetro de 130 mm), em um orifício localizado a três metros a partir do nível do solo, no período
compreendido entre 2012 e 2014, tendo sido realizadas sete amostragens ao todo.
O monitoramento foi realizado utilizando-se um analisador de gases com microprocessador,
marca TELEGAN, modelo TEMPEST – 100. A sonda do analisador permaneceu inserida no ponto
de monitoramento por 3 minutos, e os dados obtidos foram armazenados na memória interna do
equipamento para posterior avaliação. Além do monóxido de carbono, também foram avaliados os
seguintes parâmetros: dióxido de enxofre (SO2); dióxido de carbono (CO2), óxidos de nitrogênio na
forma de NO2, oxigênio molecular (O2), temperatura dos gases e densidade colorimétrica.
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Fig. 1. Caldeira flamotubular alimentada com gás natural, marca Tange, modelo TG 80/10. As
emissões atmosféricas foram coletadas em orifício localizado no duto exaustor do equipamento
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tab. 1. Resultados dos parâmetros de qualidade do ar obtidos durante monitoramento dos efluentes
atmosféricos lançados no duto de exaustão de caldeira flamotubular alimentada com gás natural
Parâmetro Unidade Valores
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Outro parâmetro monitorado no período foi a densidade colorimétrica, que permitiu avaliar a
densidade da fumaça lançada na atmosfera, a partir da comparação com uma escala gráfica,
denominada de escala de Ringelmann. Em todo o período de amostragem, a densidade
colorimétrica ficou abaixo de 20%, estando de acordo com o que estabelece a Resolução CONAMA
nº 08, de 06 de dezembro de 199013 para áreas a serem atmosfericamente preservadas.
O principal parâmetro de interesse avaliado durante o estudo, entretanto, foi o monóxido de
carbono (CO), considerando-se sua importância como indicador da poluição atmosférica em
caldeiras com baixa potência nominal. Nos períodos referentes às duas primeiras amostragens
(janeiro e junho de 2012), a concentração encontrada foi bastante baixa, isto é, inferior a 1 mg/nm3
(ou 1 ppm). Nas demais amostragens, a concentração de CO aumentou, atingindo 26 mg/nm 3 em
2013 (Tab. 1). Estes valores podem ser explicados com base na demanda produtiva da indústria. De
novembro de 2012 a maio de 2013, a produção de asfalto foi mais elevada, e turnos de 12 horas de
operação da caldeira eram comuns no período. Um novo aumento da produção ocorreu entre março
e agosto de 2014, coincidindo, também, com concentrações mais elevadas de CO – 10,5 mg/nm3 e
15,8 mg/nm3, respectivamente.
É importante salientar que o aumento do tempo de operação da caldeira não implica,
necessariamente, na maior geração de CO. Entretanto, alguns fatores operacionais estão associados
ao aumento na produção deste gás, entre eles, a mistura inadequada do ar de combustão com o
combustível a ser consumido, e a ausência da combustão completa, devido ao fornecimento
insuficiente de ar ao equipamento. Assim, períodos de maior operação demandam ajustes no
equipamento visando sua adequada manutenção; entretanto, alguns fatores podem ser subestimados,
como por exemplo, o aumento da demanda de ar para resfriamento do sistema, levando à
inadequação do fornecimento de ar para a combustão e o consequente aumento na produção de
CO14. Entretanto, embora a concentração de CO tenha aumentado em algumas das amostragens
realizadas, todos os valores encontrados estiveram de acordo com a Resolução CONAMA nº
436/201111(Anexo II, item 3.1), que estabelece o limite máximo de emissão de CO como sendo
igual à 80 mg/ nm3 (ou 80 ppm), considerando-se sistemas de geração de calor, a partir da
combustão externa de gás natural, com potência nominal de até 10 MW.
A quantidade de poluentes atmosféricos gerados em um sistema de geração de calor está
intimamente relacionada com as características do combustível utilizado para a queima9. Entre os
combustíveis de origem fóssil, o gás natural é aquele cuja combustão apresenta menor produção de
poluentes atmosféricos e, portanto, uso mais adequado em sistemas de caldeiras, mesmo aquelas de
pequeno porte, como a que foi avaliada durante este estudo. Deve-se ressaltar, entretanto, que a
produção de CO não depende apenas do combustível, e a manutenção adequada do sistema, visando
uma maior eficiência no processo de combustão e a redução dos efluentes atmosféricos, deve ser
levada a efeito, mesmo em sistemas com baixa potência nominal12.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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econômico e social de suas populações. Para isso, é essencial que sejam estabelecidos mecanismos
para a redução dos impactos na atmosfera, monitorados através de normas e legislações específicas.
Durante um período de monitoramento de três anos, foram avaliadas as emissões
atmosféricas geradas pela combustão do gás natural em uma caldeira flamotubular, com destaque
para o CO gerado no processo. De acordo com a norma ambiental brasileira, este gás é o único
parâmetro de emissão a ser monitorado em sistemas de geração de calor de até 10 MW. Entretanto,
monitorar os lançamentos de outros gases contaminantes na atmosfera, como SO2 e NO2, torna-se
uma ferramenta útil para avaliar o impacto ambiental que caldeiras de pequeno porte, bastante
comuns em diversos setores produtivos, podem causar.
Dentre as diversas variáveis operacionais, aquela que mais interfere na produção de
poluentes atmosféricos é o combustível utilizado na combustão. Considerando-se os combustíveis
fósseis, o gás natural apresenta reduzidos impactos ambientais, principalmente quando comparado
ao carvão. Durante todo o período de monitoramento realizado neste estudo, as emissões de CO
originadas a partir da combustão do gás natural ficaram abaixo do limite máximo estabelecido pela
Resolução CONAMA nº 436/2011. O uso de fontes alternativas de combustível é, de fato, uma das
medidas indiretas mais eficazes de controle da poluição atmosférica, e deve ser considerada,
juntamente com o uso de tecnologias ambientalmente adequadas, para a minimização de efluentes
atmosféricos em fontes fixas instaladas no Brasil.
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