A Crônica (I) : Escola Estadual de Ensino Médio Villa Lobos
A Crônica (I) : Escola Estadual de Ensino Médio Villa Lobos
A Crônica (I) : Escola Estadual de Ensino Médio Villa Lobos
A crônica (I)
Na unidade anterior, você viu que, no início do século XIX, a vinda da família real
para o Brasil, em 1808, teve como uma de suas consequências a intensificação da
vida cultural em nosso país, em decorrência da criação da Imprensa Nacional, da
publicação de jornaise livros e da formação de um público leitor.
Além dos romances de folhetim, publicados diariamente em capítulos curtos, os jor-
nais passaram a publicar também crônicas, dando início ao gênero no Brasil. Um de
nos- sos primeiros cronistas foi o escritor José de Alencar.
FOCO NO TEXTO
Leia esta crônica, de Marina Colasanti:
Entre nós, os livros de etiqueta como o de Claudine vendem feito pão. Ânsia
de educar-se para sobreviver? Não, necessidade de aprender as re- gras para
ascender. Os recém-chegados às mesas de muitos talheres – e há sempre levas
novas que chegam e mesas novas são postas – querem saber que garfo pegar.
Pena que o garfo certo não seja fundamental, ou sequer importante, para a boa
educação. Boa educação sendo, por exemplo, aque- la que as pessoas da roça, de
tão poucos talheres e tão pouca comida no prato, praticam com doçura e
naturalidade. Cumprimentar o desconhe- cido com quem se cruza na trilha, coar
café ou oferecer água ao visitante que chega. Dar atenção.
Dar atenção é a essência da boa educação. Só isso. Em vez do humilde “por
favor”, deveríamos dizer: peço a sua atenção. Pois não é favor algum atender o
semelhante que precisa de nós. E nenhum contato pode ser gentil sem atenção.
No entanto, em todas as línguas, quando se quer ser educado é por favor que se
pede, ou desculpas, pois está estabelecido que necessitar do outro, tirar o outro
do seu rumo por instantes é algo quase inconveniente, pelo qual devemos nos
penitenciar. Convenhamos, há um erro de base. Ou, se quisermos ir um pouco
mais além no sentido desses mínimos encontros, há uma lamentável regra de
desamor.
(In: Manuel da Costa Pinto, org. Crônica brasileira contemporânea. São Paulo: Moderna, 2005. p. 176-9.)
1. A crônica é um gênero que, como afirma o crítico Manuel da Costa
Pinto,explora “fatos do dia a dia [...], acontecimentos que propiciam
PRODUÇÃO
DE TEXTO
momen-
tos de nostalgia, enternecimento ou indignação”.
a. Qual é o fato do dia a dia que serve de tema para a crônica lida?
É a falta de educação das pessoas.
b. Como a narradora se sente diante do comportamento das pessoas?
Ela se sente indignada.
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as regras, sempre me abstenho de reprimendas desse tipo, é justamente
Daniel
paramantê-las vivas – as regras, não as reprimendas – que convém fazê-las.
M
a. Em “infringir-lhe as regras”, o pronome lhe foi empregado com um
sentido especial. Das seguintes expressões, qual traduz o sentido
do pronome, no contexto?
REGISTRE
X • infringir as regras dela (da educação) NO CADERNO
b. Releia este no contexto, que ele saiu de supetão, sem avisar ou agradecer, o que
não corresponde ao comportamento de um verdadeiro cavalheiro.
trecho:
Daí a observação de que ele “não fazia jus à definição”.
“Orientação fornecida, o cavalheiro, que certamente não faziajus
à definição, partiu sem dizer água vai.”
(Manuel da Costa Pinto. In: Crônica brasileira contemporânea. São Paulo: Moderna, 2005. p.
7. Não8 há
) um único tipo de crônica. Há crônicas, por exemplo, que
comen- tam uma notícia recente, expondo o ponto de vista do autor
sobre o as- sunto; há outras que relatam experiências vividas pelo
cronista, acres- cidas de reflexão crítica; há outras que são ficcionais,
ou seja, contam uma história inventada para, a partir dela, fazer uma
reflexão sobre a vida ou sobre os comportamentos sociais; e assim
por diante.
a. Com qual desses tipos de crônica o texto “Amai o próximo, etc...”
tem mais proximidade? A crônica que relata experiências vividas, acrescidas de reflexão
crítica.
b. Dependendo do cronista e do tema, as crônicas podem divertir, de-
nunciar, alertar, sensibilizar, humanizar, promover reflexões
críticasacerca do mundo, etc. Que efeito a crônica lida produz nos
leitores? Alerta, sensibiliza, humaniza e promove reflexões críticas.
8 Como expressão do ponto de vista do cronista sobre temas da
realidade,
as crônicas são, em grande parte, escritas em 1a pessoa, mas há
exceções.
a. Qual é o foco narrativo, ou seja, o ponto de vista adotado pela
autora
na crônica “Amai o próximo, etc...”? Justifique sua resposta com ele-
mentos do texto. A crônica é narrada em 1a pessoa, conforme indica o uso de verbos e
pro-
nomes em 1a pessoa: eu, atendo, minha, ataco, etc.
b. E no seguinte trecho de uma crônica de Rubem Braga? Justifique
sua
resposta com elementos do texto.