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Apresentação
É com muita satisfação que entregamos para você nossa aula escrita sobre
as, assim conhecidas, Revoluções Burguesas ou Revoluções Liberais.
Trataremos aqui, especificamente, das Revoluções Inglesa e Francesa e dos
movimentos de 1830 e 1848.
1
A avidez por aumentar a produção de ovelhas foi abordada de maneira irônica pelo Chanceler
inglês Thomas More em seu livro Utopia: “Esses animais são, habitualmente, bem mansos e
pouco comem. Mas disseram-me que, no momento, mostram-se tão intratáveis e ferozes que
devoram até os homens, devastam os campos, casas e cidades.” MORE, Thomas. Utopia.
Brasília: FUNAG, 2004, 17. Acessível em: http://funag.gov.br/loja/download/260-Utopia.pdf
2
Marx, três séculos depois da Revolução vai creditar a esse movimento um dos motivos pelos
quais a Inglaterra saiu em vantagem na Revolução industrial, por já possuir um contingente de
mão-de-obra ocioso no século XVIII.
3
Vale a pena ressaltar que os Stuart tentaram frear os cercamentos, mas foram incapazes de ir
contra o movimento. Essa ação alienou mais ainda os nobres ingleses do governo de Jaime I e
Carlos I.
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quais fogem ao objetivo desta aula, separou-se (e todo seu reino) da Igreja
Católica em 1534 com o Ato de Supremacia. Esse ato, passado no
Parlamento, tornava-o autoridade máxima da Igreja da Inglaterra ou Igreja
Anglicana. Depois disso, a Igreja inglesa passou por grandes mudanças –
com a tradução da Bíblia para o inglês, a adoção do book of prayers,
mudanças teológicas etc. Com esse ato, iniciou-se um período de grande
turbulência interna, com o início de várias perseguições aos católicos
ingleses.
Os dois lados da Guerra Civil inglesa eram: o rei, apoiado por parte da
alta nobreza, por alguns membros da gentry; o Parlamento liderado por
Oliver Cromwell, apoiado majoritariamente pela gentry, por grupos
mercantis e alguns nobres contrários à política real. Seus interesses eram:
por parte do rei, um domínio maior da política inglesa, livre dos
constrangimentos do Parlamento, uma Igreja Anglicana mais ritualizada e
“catolicizada”; por parte do Parlamento, maior controle sobre os assuntos
públicos, aprofundamento dos cercamentos e uma acentuação da reforma
religiosa num sentido mais puritano, menos ritualizado.
À primeira vista, o rei possuía vantagem militar pois tinha a seu lado
grande parte da tradicional nobreza guerreira. Possuía um exército um
pouco maior do que o do Parlamento e mais cavalaria (o que era
fundamental para as guerras da idade moderna modernas). No entanto,
seus exércitos eram muito rígidos hierarquicamente, contando mais a
4
Não estamos considerando aqui neste texto a experiência do “Parlamento Curto”.
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Morto o rei, o Parlamento instaurou uma República sob o liderança de
Cromwell, a chamada Commonwealth.
Essa situação tornou-se pior por conta dos altos gastos militares
franceses, da vida de luxo da Corte francesa, das reformas liberais de
Turgot e Necker e por desastres agrícolas na década de 1780.
6
O mercantilismo foi, podemos assim dizer, a face econômica do Antigo Regime.
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foi realizado pelo Rei-Sol como parte de sua política de conter a resistência
da nobreza – que havia dado mostras de sua deslealdade desde a
ascensão de Henrique IV ao trono francês em 1589. Retirando a alta
nobreza de suas bases territoriais e econômicas nas províncias, o monarca
conseguiu torná-la dependente do Estado e, portanto, absolutamente leal. O
gasto com essas pessoas – que não pagavam impostos, como se verá
adiante – foi tornando-se muito alto (já em 1685 eram mais de 36000
pessoas vivendo e trabalho na corte) e fonte de escoamento de receitas.
Como vemos, a situação para Luís XVI não estava nada fácil e ficou pior
com a interferência de fatores climáticos. Secas em algumas regiões e
inundações em outras ocorreram desde 1787, causando perdas
expressivas de produção de comida, elevando ainda mais o preço dos
víveres básicos. Para enfrentar essa situação, o rei então decidiria criar
impostos para as classes privilegiadas do reino, assunto que chegaremos
daqui a pouco.
7
ISRAEL, Jonathan. Iluminismo Radical. São Paulo: Madras, 2009.
HIMMELFARB, Gertrude. Caminhos para a Modernidade. São Paulo: É Realizações, 2011.
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que todos os autores são concordes uns com os outros em todos os
aspectos. Isso nos ajuda a compreender as diferenças entre os pensadores
que faremos a seguir e das diferentes apropriações que serão feitas deles.
John Locke
John Locke foi um inglês do século XVII que escreveu seus mais
importantes trabalhos durante os eventos da Revolução Gloriosa. Suas
obras giram em torno de dois grandes temas: como o homem é capaz de
conhecer o mundo; como o governo se formou e como deve ser seu papel.
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Com efeito, Rousseau preconizava que os homens deveriam
reafirmar sua liberdade nata e reconciliar-se com sua natureza pacífica,
combatendo os vícios sociais, como a desigualdade e as relações de poder,
rumo à consolidação de uma sociedade igualitária. Perceba que Rousseau
não dirige suas ideias diretamente para os indivíduos, mas sim à sociedade
como um todo. Em divergência com a filosofia lockeana, em que a vontade
individual se sobressai à vontade geral, para o pensador suíço a vontade
geral se sobrepõe ao indivíduo. Para tanto, far-se-ia necessária a
reestruturação do contrato social, com vistas à diminuição das diferenças
entre os indivíduos, sobretudo por meio da educação, para o pleno
estabelecimento da vontade geral. O contrato social, portanto, deve
submeter-se à vontade geral.
Devido ao caráter popular e igualitarista de sua filosofia, Rousseau é
considerado uma das principais influências ideológicas dos revolucionários
franceses, em especial os jacobinos. Ademais, suas ideias continuaram a
mover as rodas revolucionárias, sobretudo aquelas de tradição jacobina, ao
longo do século XIX, influenciando o socialismo nascente.
Kant
Para lidar com estas situações extremas, Robespierre adotou uma série
de medidas que ficaram conhecidas em seu conjunto como “Terror” (1793-
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mostras de uma questão fulcral que apareceria novamente no século XX,
quando os socialistas tomaram o poder na Rússia e em outros países. O
Terror foi a expressão máxima desta política, mas seu radicalismo e
violência minou qualquer possível base de sustentação contínua.
8
Governo virtuoso de um (monarquia) -> governo corrupto de um (tirania) -> governo virtuoso
de alguns (aristocracia) -> governo corrupto de alguns (oligarquia) -> governo virtuoso de
muitos (democracia, para Políbio) -> governo corrupto de muitos (oclocracia, para Políbio) ->
retorno para o governo positivo de um (monarquia) e repete-se o ciclo.
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mundo pós-revolucionário? Ou você apoia a Revolução (incluso o Terror) ou
o mundo anterior (inclusas as desigualdades)! Esse foi o dilema francês do
século XIX sobre o qual se debruçaram muitos intelectuais.
Coroado por si mesmo em 1804, numa cerimônia que ficou para sempre
marcada na História, Napoleão iniciou seu Império. Tendo reorganizado
internamente a França e estabilizado a situação pela qual passavam seus
súditos havia mais de 10 anos, Napoleão retomou suas ações bélicas,
como também seus inimigos se reorganizaram em novas coalizões.
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exército de 600000 homens (entre franceses e aliados subjugados) foi
enviado para invadir a Rússia em 1812. Para o público francês, a guerra
contra a Rússia foi justificada – e não devemos acreditar que foi uma
declaração hipócrita ou falsa – como a guerra revolucionária contra o
bastião do Antigo Regime e do absolutimos, o czar.
Essa prisão, pessoal, não era como entendemos hoje. Na realidade, ele
foi para essa ilha e ficou proibido de lá sair, mas não numa cela ou coisa do
gênero. Era vigiado, mas tinha certa liberdade de trânsito dentro da ilha.
Dessa forma, articulou secretamente com seus apoiadores um retorno à
França (que naquele momento estava com um Bourbon no poder). Em
março de 1815 ele fugiu da ilha de Elba, com a ajuda de alguns de seus
guardas, e chegou em solo francês no dia 20 do mesmo mês. Iniciava-se o
chamado Governo dos Cem Dias, em que Napoleão, chegando à França,
expulsou o rei e retomou o controle sobre o país.
Vamos praticar então esses conteúdos que vimos hoje? Mãos à obra!
Resposta: Errado.
Resposta: Errado.
Resposta: Certa.
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Comentário: A Revolução Inglesa teve motivações de foro
econômico e político, lideradas pelas autoridades puritanas, as quais
depuseram Carlos I e deram início ao processo revolucionário.
2) (UEM – 2012)
Resposta: Certa.
Resposta: Certa.
Resposta: Errada.
Resposta: Errada.
Resposta: Errada.
3) (UFU – 2012)
Resposta: Errada.
Resposta: Certa.
Resposta: Errada.
Resposta: Errada.
4) (ENEM – 2012)
Resposta: Certa.
5) (UFV – 2010)
Resposta: Errada.
Resposta: Certa.
Resposta: Errada.
Resposta: Errada.
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Comentário: A Revolução Gloriosa recebe esta nomenclatura
justamente por praticamente não ter sido marcada por derramamento
de sangue. A partir dela, e do estabelecimento da monarquia
constitucional, a burguesia mercantil, aliada à nobreza rural, passa a
ganhar grande protagonismo nacional. Portanto, este contexto é
marcado pela pacificação da política inglesa, e não por sua
radicalização.
6) (PUC-Rio – 2006)
Resposta: Certa.
Resposta: Errada.
Resposta: Errada.
Resposta: Errada.
Resposta: Errada.
7) (UECE – 2008)
Resposta: Certa
Resposta: Errada.
Resposta: Certa.
8) (PUCRJ)
Resposta: Certa.
Resposta: Errada.
Resposta: Errada.
Resposta: Errada.
9) (Fuvest – 2013)
O texto é parte de uma carta enviada por Graco Babeuf à sua mulher, no
início da Revolução Francesa de 1789. O autor:
Resposta: Errada.
Resposta: Errada.
Resposta: Errada.
Resposta: Certa.
Resposta: Errada.
Resposta: Certo.
Resposta: Errado.
Resposta: Errado.
Resposta: Certo.
Resposta: Certo.
Resposta: Certo.
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Comentário: O Terceiro estado, referido pelo termo “miseráveis”,
não incluía somente membros pertencentes às camadas mais pobres
da sociedade francesa, como também burgueses e outros membros
ricos, desprovidos de privilégios sociais e/ou jurídicos, a despeito de
sua situação econômica privilegiada.
11) (UFTM)
Resposta: Errado.
Resposta: Errado.
Resposta: Errado.
Resposta: Errado.
Resposta: Certo.
Resposta: Errado.
Resposta: Certo.
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Comentário: A garantia de direitos políticos a todos os cidadãos
franceses, independentemente do credo professado, foi ponto basilar
do ideário revolucionário, sobretudo devido ao seu caráter laico.
Resposta: Errado.
Resposta: Errado.
Resposta: Errado.
Resposta: Errado.
Resposta: Errado.
Resposta: Errado.
Resposta: Certo.
Eric J. Hobsbawm. A Era das Revoluções: Europa 1789-1848. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1981, p. 127.
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O texto se reporta ao período da história do mundo ocidental conhecido como Era
Revolucionária. Em linhas gerais, entre as últimas décadas do século XVIII e a primeira
metade do século XIX, assiste-se ao confronto entre as forças sociais que se batiam pela
superação do Antigo Regime e as que defendiam a manutenção dele, ainda que sob
condições e intensidade variáveis. Nesse contexto, com referência à Revolução
Francesa, assinale a opção correta.
6) (UEM – 2012)
7) (UFU – 2012)
8) (ENEM – 2012)
Que é ilegal a faculdade que se atribui à autoridade real para suspender as leis ou
seu cumprimento. Que é ilegal toda cobrança de impostos para a Coroa sem o
concurso do Parlamento, sob pretexto de prerrogativa, ou em época e modo
diferentes dos designados por ele próprio. Que é indispensável convocar com
frequência os Parlamentos para satisfazer os agravos, assim como para corrigir,
afirmar e conservar as leis.
9) (UFV – 2010)
III. Seus exemplos mais expressivos são: Revolução Inglesa (1644), Revolução
Americana (1776) e Revolução Francesa (1789).
12) (PUCRJ)
e) a Revolução, mesmo em seu momento mais radical, não foi capaz de romper
com as formas de propriedade e trabalho vigentes no antigo regime.
O texto é parte de uma carta enviada por Graco Babeuf à sua mulher, no início
da Revolução Francesa de 1789. O autor:
15) (UFTM)
b) o Estado francês, logo nos primeiros anos após a tomada da Bastilha, passou a
garantir direitos políticos aos homens de proveniência protestante e judia que
residiam no território francês.
b) Ao clero francês, que desejava justiça social e era ligado à alta burguesia.
Gabarito
01. C/E/E/C
02. E/C/E/E/E
03. C/E/E/E/E
04. E/E/E/C/E
05. E/E/E/E/C
06. C/C/E/E/E
07. E/C/E/E
08. B)
09. E/C/E/E
10. C/E/E/E/E
11. D)
12. C/E/E/E/E
13. E/E/E/C/E
14. C/E/E/C/C/C
15. E/E/E/E/C
16. E/C/E/E
17. E/E/E/E/C
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Referências Bibliográficas
Apresentação
Estamos dizendo, portanto, que tanto no século XVII quanto no século XIX
foram estabelecidas regras e valores mínimos que nortearam as ações dos
Estados europeus por algum tempo. No caso de Westphalia, o sistema
perduraria até 1792 e, no caso de Viena, até por volta de 1870.
2
O Édito de Restituição foi uma tentativa do imperador austríaco Fernando II para fazer valer a
“reserva eclesiástica”, isto é, a ordem legal de 1555 que proibia a secularização de terras de
senhorios e bispados católicos, como ocorrera com vários bispados durante o auge da reforma
na Alemanha. Por incapacidade dos imperadores depois de Carlos V de fazer valer a lei,
Fernando II tentou retomar a questão no século XVII.
3
Idem, p. 43.
4
Idem, p. 44.
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vizinhos que buscavam manter um equilíbrio sem hegemonia e assegurando as
independências dos pequenos principados do centro da Europa. Esse sistema,
embora precário, permaneceria, com modificações, até o estouro da Revolução
Francesa. Como entender bem esse movimento internacional? Uma boa chave
explicativa nos é fornecida pelo pesquisador e teórico das Relações
Internacionais, Adam Watson.
5
VISENTINI, Paulo Fagundes. Manual do candidato: história mundial contemporânea (1776-
1991): da independência dos Estados Unidos ao colapso da União Soviética. Brasília: FUNAG,
2012, p. 45.
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reuniram-se em Viena para restabelecer a ordem vigente antes de Napoleão,
num movimento que Hobsbawm considera como uma tentativa de deter o
curso da história.7
É importante considerar, em termos da prova do CACD, que as “grandes potências” podem ser
consideradas prefigurações dos “membros de segurança da ONU”, conforme questão 61 da
prova de 2010 e seu correspondente gabarito. Embora, em termos históricos, isso seja um
anacronismo, devemos estar atentos à construção da prova.
6
A França participou do Congresso sendo representada por Talleyrand. Este argumentou que
a França Restaurada fora vítima da Revolução e conseguiu fazer com que seu país mantivesse
prestígio e influências nos negócios Europeus mesmo tendo sido o agressor responsável pelas
guerras. Cf. Visentini, p. 45.
7
HOBSBAWM, Eric J. A Era das Revoluções: Europa 1789-1848. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1981, p. 127.
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passos do cardeal de Richelieu e manter os principados alemães fragmentados
– o que daria grande margem de atuação para a França – decidiram consolidar
a Alemanha, conforme expressão utilizada por Kissinger,8 criando a tal
Confederação citada acima. Os objetivos de estratégia internacional com a
criação dessa entidade política será comentada mais à frente.
Por fim, o Equilíbrio de poder era o grande objetivo dos pactuantes dos
acordos de Viena. Uma nova ordem internacional se formava e se propunha a
resolver os conflitos em conjunto, de modo a impedir novos conflitos e a
emergência de uma nova hegemonia.
8
KISSINGER, Henry. Diplomacia. Lisboa: Gradiva, 2007, p. 67.
9
Cf. Visentini, p. 45.
10
Cf. Cervo, p. 49.
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misturavam elementos consevadores da ordem política com
aspectos religioso. Discutiremos a seguir as tramas sobre a qual o
sistema de Viena foi construído e mantido, os diferentes congressos
e os dois sistemas de alianças mencionados.
(3) Congressos em que se discutiam os atritos e as questões
internacionais, dos quais se destacam o Congresso de Aix-la-
Chapelle em 1818, o de Troppau de 1820, o de Laybach de 1821 e o
de Verona em 1822;
11
Cf. Kissinger, p. 69.
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com as demais potências, somente pediu compensações territoriais na África
do Sul e outras localidades menores no Caribe. Portanto, a maior potência
econômica e naval do século XIX, não queria “ficar presa”, comprometer-se
com as potências absolutistas, defendendo-lhes de seus próprios súditos em
rebeliões, fossem elas de caráter nacionalista ou liberal. Nada ganharia o
Reino Unido em imiscuir-se nos problemas de cada país ou defendendo as
formas de governo dos demais. Como se posicionou Castlereagh – o
responsável britânico pelas negociações em Viena – em carta de 1820:
12
Apud Kissinger, p. 77
13
Apud Idem.
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possuía vizinhos expansionistas por terra. A mesma coisa não poderiam dizer
os russos ou, principalmente, os austríacos.
Esta política externa inglesa seria seguida ao longo do século XIX, com a
Inglaterra afastando-se mais e mais das problemáticas europeias, envolvendo-
se somente quando seus interesses mais imediatos eram colocados em perigo,
como é o caso da guerra da Crimeia, em 1854, contra a Rússia. Essa prática
se intenficou à medida que uma novas gerações de políticos chegavam ao
poder sem terem experimentado ou vivido o perigo da tentativa de hegemonia
francesa sob Napoleão. Esse esquecimento do que haviam sido as guerras
napoleônicas e seus impactos seria um dos grandes responsáveis pelo fim da
Quádrupla Aliança e, em última instância, do sistema de Viena.
Tendo visto e exemplificado esta política inglesa, vamos ver agora o outro
sistema montado sob o ímpeto de Alexander I,14 a Santa Aliança.
14
Em português, Alexandre I.
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1.1.2 A Santa Aliança, a Áustria e a Rússia
15
Apud Kissinger, p. 69.
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reino do Piemonte-Sardenha e ao sul pelo Império Otomano – em franca
decadência – e pelos Estados eslavos dos Bálcãs, estava exposta a qualquer
situação de beligerância, mesmo que somente como corredor de tropas
estrangeiras.
Esta aproximação, no entanto, não poderia ser total, uma vez que unir-se
demais à Rússia significava afastar-se do Reino Unido, país que passou a ver
os russos como uma ameaça à ordem pós-napoleônica. Manter-se no fino
equilíbrio entre seus dois aliados seria uma tarefa difícil e necessária para a
política externa austríaca comandada por Metternich. Até 1854, esse caminho,
apesar de difícil, foi trilhado, mas a guerra da Crimeia estourou, Áustria e
Rússia tomaram rumos separados, que teve sérias consequências para a
primeira. Como afirmou Kissinger:
16
Idem, p. 70; 73-74.
17
Idem, p. 70.
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escola” na política externa britância, os ideias de Wilson seriam seguidos nos
pós-IGM.18
1.1.3 Os Congressos
18
Idem, p. 76-77.
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participar como membro dos demais congressos, mandando somente
observadores.19
19
Idem, p.75-76.
20
Houve outras questões discutidas, como a ocupação austríaca em Nápoles e a sucessão do
reino da Sardenha dentre outros. Para nosso intento, estas são questões menores. Caso
queira se aprofundar nelas, ver NICHOLS JR, Irby C. The European Pentarchy and the
Congress of Verona, 1822. Haia: MARTINUS NIJHOFF, 1971.
21
A questão da independência grega também pode ser colocada sob o rótulo de que Questão
do Leste que se estende que se refere à desintegração do Império Otomano nos Bálcãs e os
problemas internacionais que resultaram dela.
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enfraquecimento de seu rival, o Império Otomano, muito embora não apoiasse
a independência per se. Somente certo tempo depois de iniciado o conflito a
Rússia apoiaria a independência abertamente. Por sua vez, a Inglaterra
defendia uma saída que impedisse a Rússia de expandir sua influência na
região, particularmente se isso resultasse num controle russo dos estreitos de
Bósforo e Dardanelos – que dariam controle russo à naveção do Mar Negro e
do Mediterrâneo Oriental. Apelaram, assim, para a unidade e o concerto entre
as potências, usando um tom mais ameno em relação à Rússia do que nas
demais ocasiões. Como nos escreve Kissinger:
22
Kissinger, p. 77-78.
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Prova do CACD de 2006, questão 38
Resposta: Correta
Comentário: Item básico, testando somente as datas do canditato. Alguém que não
soubesse exatamente as datas poderia se questionar sobre a questão (afinal, considera-
se 1814 ou 1815 o tal do Congresso?), mas é bem tranquila no geral. Percebam que
aqui ele não afirma que o status quo voltou exatamente ao que era antes, mas que
esse era o intento dos países reunidos em Viena.
Resposta: Correta
Comentário: Como vimos acima, a Santa Aliança, ao contrário da Quádrupla
Aliança, buscava ser uma liga intervencionista contra os movimentos revolucionários
nacionalistas/liberais. Igualmente, discutiu, embora não tenha tomada ação nesse
sentido, a possibilidade de intervenção para conter os movimentos independentistas
da América.
Resposta: Correta
Comentário: Embora por vezes estudemos a história do Brasil independente como
algo muito a parte das questões europeias, a realidade histórica não foi bem assim. Se
colocarmos o Império numa cronologia mais geral, perceberemos que o movimento
de 1820 em Portugal acabou levando à nossa independência em 1822; o movimento
de 1830 na França, animou os ânimos contra o imperador, que abdicou em 1831; e,
em 1848, tanto quanto ocorriam as revoltas na “Primavera dos povos”, ocorreu em
Pernambuco a Revolução Praieira, inspirada nos movimentos europeus.
Eric J. Hobsbawm. A era das revoluções. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981, p. 127-30
(com adaptações).
Questão 44
Resposta: Correta
Comentário: De fato, as ondas revolucionárias sucessivas que se abateram sobre a
Europa desde 1789 foram – em síntese e num plano geral – um embate entre as forças
do Antigo Regime e as novas forças – identificadas nesta perspectiva historiográfica
com as classes sociais, isto é, burguesia e proletariado contra a aristoricracia. É
importante notar que mesmo tendo constituições em 1830 e 1848, a França passaria
por suas revoluções porque a sociedade francesa não aceitou medidas que viu como
retrocessos e reminiscências do Antigo Regime.
Resposta: Correta
Comentário: “Evitar uma segunda Revolução Francesa, ou ainda a catástrofe pior de
uma revolução europeia generalizada tendo como modelo a francesa, foi o objetivo
supremo de todas as potências que tinham gasto mais de vinte anos para derrotar a
primeira.” Eis o segundo período. Sim, de fato, como vimos até agora em nosso texto,
o objetivo central das potências reunidas foi evitar uma nova conflagração
revolucionária que havia sido levada a toda a Europa devido à guerra e à expansão
napoleônica
Resposta: Correta
Comentário: Embora questionável o uso do termo “nacionalismo” por historiadores
mais recentes, a historiografia utilizada na prova não vê problema no uso desse
vocábulo. Então sem problemas conceituais aí. Quanto ao restante, sem dúvida que há
reivindicações nacionalistas nas revoltas e revoluções, como exemplificamos com o
caso de Nápoles. Mas os maiores movimentos nacionalistas do período foram o
italiano e alemão, que veremos aula que vem.
Resposta: Correta
Comentário: Aqui temos um item que mistura História Mundial e História do Brasil.
A Revolução de 1820 no Porto está no mesmo contexto histórico das demais
revoluções da década de 1820 da Europa. Ao saber da Revolução, alguns conselheiros
de D. João tentaram persuadi-lo a permanecer no Brasil, mas um movimento do
exército português estacionado no Rio de Janeiro forçou-o a voltar a Lisboa.
Resposta: Errada
Comentário: Embora tenha passado pelo movimento cartista em 1834, a Grã-
Bretanha de fato ficou de certa forma livre de movimentos revolucionários tais como
ocorreram no continente. O erro da questão estão na afirmação de que o país não
havia promovido reformas em suas instituições. Essas reformas mais “liberalizantes”
foram feitas um século antes da revolução francesa, razão pela qual a ilha não
passaria por revoluções similiares que os demais.
Questão 61
Resposta: Errada
Comentário: Neste caso, deemos lembrar do detalhe de que a França não participou
ativamente das negociações de Viena, embora tenha enviado um diplomata. Ela
somente entrará efetivamente a partir do congresso de Aix-la-Chapelle de 1818.
Resposta: Correta
Comentário: É a partir do Congresso de Viena que se inicia o período do Concerto
Europeu. A dúvida poderia vir da afirmação da “maior estabilidade” até 1914, uma
vez que houve algumas guerras no período. Em verdade, houve conflitos, como a
guerra da Crimeia em 1854, as guerras de unificação da Itália e da Alemanha. No
entanto, foram conflitos de menores proporções do que as do período anterior e não
abalaram a estabilidade criada em 1815 de modo geral.
Resposta: Correta
Comentário: Item comentado anteriormente e um pouco anacrônico, mas possível de
ser considerado correto, já que as grandes potências exerceram prerrogativas de
controle dos conflitos de maneira similar (mas não igual a) aos membros do conselho
da ONU.
Resposta: Errada
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Comentário: Uma questão um pouco sem sentido. Essa questão de conflitos
protocolares com implicações políticas não existiu. Errada!
Questão 47
Resposta: Errada
Comentário: O Concerto de Viena não foi pautado pela força e sim pela negociação
entre as grandes potências do período.
Resposta: Correta
Comentário: Embora possa vir a causar dúvida por conta da relutância inglesa em
intervir em outros países, a questão é correta porque as grandes potências de modo
geral vieram sim a agir concertadamente, conjuntamente, harmoniosamente, para
intervir, como exemplificam os casos napolitano, espanhol e piemontês abordados
rapidamente acima.
Resposta: Errada
Comentário: O erro da questão encontra-se na definição da Prússia como potência
liberal e da França como potência conservadora. Até a República de Weimar, pós-
IGM, não podemos considerar a Prússia/Império Alemão como liberal. E claro,
depois de Weimar até 1945, igualmente não.
Resposta: Errada
Comentário: O aspecto econômico não entrou em questão na definição da ordem de
Viena e sabemos que o Reino Unido despontava como principal potência econômica
do período, sem par nem igual.
Resposta: Errada
Comentário: Como foi comentado, houve várias guerras no período, desde 1854
entre as grandes potências: na Crimeia (Rússia vs Inglaterra e França) nas guerras
italianas (década de 1850 entre o reino do Piemonte-Sardenha vs Áustria) e na guerra
de unificação alemã (1871, França vs Alemanha).
Questão 53
Resposta: Correta
Comentário: Como vimos, o objetivo do Congresso foi manter o equilíbrio de poder
e, lembremos, foi criada a Quádrupla Aliança para que se pudesse reagir rapidamente
ao poderio francês, caso houvesse alguma agressão.
Resposta: Errada
Comentário: O sistema de Viena não foi colocado em xeque por essas duas guerras.
Somente a partir da Guerra da Crimeia em 1854 que ele entraria em crise.
Resposta: Correta
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Comentário: Item bem simples. De fato, o princípio da legitimidade foi a base, como
nos diz Kissinger, para o novo sistema internacional.
Questão 57
Resposta: Errada
Comentário: Como vimos, a França entrou no concerto das grandes potências a
partir do congresso de Aix-la-Chapelle de 1818. Questão simples!
Resposta: Correta
Comentário: Embora não tenhamos tratado essa guerra detalhadamente, foi-se dito
múltiplas vezes que a Guerra da Crimeia seria um turning point no sistema,
aumentando a tensão e quebrando alianças, como a aliança russo-austríaca.
Resposta: Errada
Comentário: Embora o sistema de “hegemonia coletiva” tenha sido comprometido
com a unificação alemã, o equilíbrio não foi rompido. Igualmente errada é a
afirmação de que a Alemanha causou perdas territoriais à Grã-Bretanha e à Rússia.
No processo de unificação alemã, Bismarck consquistou terras que estavam sob
domínio austríaco, dinamarquês e francês.
Resposta: Correta
Comentário: Essa pode ser perigosa, por conta da negativa: “não restaurou a ordem
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internacional vigente antes da Revolução Francesa”. De fato, não houve uma
restauração exata do que existia antes, como dissemos. Houve restauração das
monarquias, de algumas fronteiras, mas o mundo não era mais o mesmo e nem
voltaria a sê-lo.
2. As Revoluções liberais
Este conteúdo vem sendo bastante cobrado nas provas do CACD, seja ele
“puro” ou “misturado” com outros temas, como o Congresso de Viena ou a
expansão do capitalismo mundial. Portanto, bastante atenção! Vamos abordar
cada um dos casos individualmente e depois sintetizar com a análise que
Hobsbawm faz desses movimentos!
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2.1 O caso português – a Revolução do Porto
Em Portugal, a presença do rei em sua colônia foi vista como uma inversão
no nexo colonial até então existente. Temos de lembrar que era do rei que se
emanava o poder – Portugal era uma monarquia absoluta naquele momento –
e onde estava a corte, estava o centro deste poder. Igualmente, é importante
entender que para a cultura política da época, como já dito na aula anterior, o
rei era o “pai”. Apartados do rei, pai e centro do poder, o portugueses reinois se
sentiram abandonados e quanto mais tempo D. João permanecia na América –
sem perspectiva de retorno imediato – mais insatisfeitos eles ficavam.
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Some-se a isso que o governo regente em Portugal, comandado por Lord
Beresford – um inglês – era mal-visto e parecia para a elite e as pessoas
comuns que se tratava de um governo inglês no Reino. O descontentamento
crescente com o governo regente e a ausência do rei chegaram a uma
tentativa de golpe em 1817, mesmo ano que no Brasil ocorria a Revolução
Pernambucana contra D. João. Os dois movimentos foram esmagados, mas já
eram mostras de que o reino unido do Brasil não estava imune às “ideias
francesas” – os pensamentos franceses que inspiraram a revolução – e que o
descontentamento estava chegando às raias da insurreição.
Fosse qual fosse seu pensamento sobre todo esse movimento, D. João
achou por bem cooperar inicialmente. Jurou aceitar a Constituição portuguesa,
deixou seu filho como regente do reino do Brasil e retornou a Portugal em
1821. Com o início dos trabalhos constituintes das Cortes, os ânimos das duas
partes do Império atlântico se acirrariam, levando à cisão do Reino do Brasil e
o início da guerra de independência brasileira, as os meandros dessa história
vamos deixar para o conteúdo de História do Brasil.
Luís XVIII, o rei restaurado, assumiu em 1814 e reinou até 1824. Fez o que
pôde para reunificar e tranquilizar um país marcado pela guerra e pelo
sentimento de “revolucionarismo endêmico” – expressão que continuará a valer
até 1848 – que havia passado desde 1789. Isto é, buscou um reinado de
reconciliação nacional.
Morto aos 69 anos e sem filhos, herdou o trono francês seu irmão, Carlos X,
à época com 66 anos. Assumindo um país menos convulsionado e inicialmente
popular, Carlos X, profundamente religioso, cercou-se de ministros
conservadores da alta nobreza e deu prosseguimento a uma política
considerada reacionária pela população parisiense e pelos liberais franceses.
23
O modelo brasileiro foi muito similar a esse francês durante o primeiro reinado, com algumas
mudanças no período de Pedro II.
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determinou que os bens confiscados durante a Revolução deveriam ser
devolvidos a seus donos anteriores ao movimento revolucionário.
1830 teve impacto muito superior aos movimentos de 1820, uma vez que
atingiram mais países, dando maior impacto e zelo aos revolucionários. No
entanto, o sucesso ocorreu somente na França e na Bélgica, resultando em
fracasso nos demais lugares. Também é importante frisar que pela primeira vez
a carta geográfica desenhada em 1815 pelo Congresso de Viena foi alterada
com a independência Bélgica (não entra a independência grega porque ela foi
contra o Império Otomano, fora das negociações de Viena em 1815).
(Cesgranrio) A história política da Europa, durante o século XIX, foi marcada por
uma sucessão de "ondas" revolucionárias caracterizadas especificamente numa
das opções a seguir. Assinale-a.
a) O Congresso de Viena representou a consolidação da obra revolucionária na
implantação da sociedade burguesa.
b) Os movimentos revolucionários de 1830 marcaram o processo de Restauração,
liderados pela aristocracia.
c) As "ondas" revolucionárias corresponderam ao avanço dos cercamentos dos campos -
os "enclousures" - que liberaram a população camponesa para as cidades.
d) Os movimentos de 1848 contaram com a participação das camadas populares e com a
forte influência das ideias socialistas.
e) Os movimentos de 1870, na Itália e na Alemanha, deixaram a questão nacional em
segundo plano, priorizando a conquista da ordem democrática.
Gabarito: ALTERNATIVA D
Comentários: a. É equivocadíssimo associar a ação burguesa ao Congresso de Viena.
O objetivo do Congresso era, sobretudo, reorganizar a Europa a partir das lógicas
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monárquicas e, consequentemente, aristocráticas. A ordem burguesa foi a virtual
responsável pela convulsão político-social europeia contra a qual o Congresso se
organiza.
b. Os revolucionários de 1830 foram inspirados nas vontades burguesa de
liberalização, tendo por objetivo a ampliação de sua participação no Estado. Ou seja, a
Restauração era, basicamente, a antagonista às revoluções de 1830. Enquanto a
primeira buscava o enrijecimento no sentido do antigo regime, as segundas foram no
sentido da limitação do poder real.
c. Como vocês viram na última aula, os cercamentos foram, fundamentalmente, um
fenômeno inglês dos séculos XVII e XVIII. Bem como as ondas revolucionárias da
primeira metade do XIX foram inspiradas pelas burguesia estabelecida nas cidades, e
não pelos excluídos pelo êxodo rural.
d. O socialismo nascente foi importante para a estruturação dos sentimentos
coletivistas das cidades, reorganizando as forças que eclodiriam nas revoluções de
1848. Alternativa correta.
e. Os movimentos unificadores italiano e alemão usaram fortemente as noções de
nação, de grupo unido de suas sociedades. Da mesma forma, os processos desaguaram
em monarquias ainda distantes do processo democrático.
Gabarito: ALTERNATIVA C.
Comentários: a. É incorreto falar que a fonte das turbulências está na Grã-Bretanha e
na Península Ibérica. Pelo contrário, estes países foram alvos das reverberações das
agitações ocorridas na França; ou seja, sofreram seus desdobramentos.
b. Houve, em diferentes graus, diversas alterações nos Estados europeus; mas nada que
possa ser colocado como realmente radical, uma vez que as monarquias, ainda que
reformadas, permaneceram no poder. Manteve-se, portanto, uma base importante da
estrutura social.
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c. A ascensão burguesa nas revoluções de 1830 marcou um momento importante da
vida europeia, redimensionando o lugar da aristocracia dentro dos Estado,
diminuindo-lhes a importância. Alternativa correta.
d. Pelo contrário. As transformações sociais vividas pela Europa no período deram um
novo ânimo para economia, expandindo a indústria, bem como marcou um novo
momento da artes europeias.
e. Os territórios germânicos e itálicos sofreram algumas alterações periféricas, mas
seguiam sob intensa vigilância de todo o continente. Por sua vez, estes territórios ainda
estavam distante das questões do proletariado e do socialismo.
Gabarito: ALTERNATIVA B
Comentários: a. Com as jornadas de junho de 1830, sob ao poder na França o rei Luiz
Felipe de Orleans, e não Bonaparte III. A França continuava sendo uma monarquia, e
não uma República, mas, desta vez, fortemente aliada à burguesia e aos compromissos
liberais.
b. De fato, os Bourbons caíam do poder em 1830 para que Luiz Felipe de Orleans, o rei
burguês, chegasse ao poder. Ou seja, a monarquia liberal chegava ao trono da França.
Alternativa correta.
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c. O equilíbrio do reinado de Luiz Felipe manteve a situação internacional da França
sob controle, enquanto enfrentava o aumento das pressões domésticas. Ou seja,
contava com o apoio da Santa Aliança.
d. A tensão política doméstica na França continuou sendo o centro das atrações,
culminando, isto sim, com a queda dos Bourbons do trono francês.
e. A doutrina Monroe previa a expulsão das influências europeias do continente
americano, incluindo os franceses do Quebec.
(Ufrs) Nas origens das revoluções democrático-burguesas dos séculos XVIII e XIX,
encontram-se condições que envolvem o conflito entre o que se poderia denominar
de forças de transformação e as chamadas forças de conservação, isto é:
a) de um lado, as relações sociais estabelecidas essencialmente em torno da terra e, de
outro, um modelo de exploração baseado na posse do homem pelo homem.
b) os direitos de socialização da terra pelo proletariado agrícola e uma economia
assentada predominantemente na agricultura.
c) de um lado, o capitalismo agrário e industrial e as reivindicações da burguesia e, de
outro, os remanescentes da economia feudal e os setores privilegiados representados
pelo clero e pela aristocracia.
d) o progresso do poder real que tende a organizar o Estado Moderno e a permanência
do exercício da justiça pelo soberano sobre seus vassalos.
e) a resistência crescente dos camponeses às exigências dos senhores e o aparecimento
de uma forma de transição entre a economia agrícola feudal e a economia agrícola
capitalista: o trabalho escravo.
Gabarito: ALTERNATIVA C
Comentários: a. A elite europeia ligada à terra era antagonizada, isto sim, pela
burguesia, que enriquecia com o comércio e com a industrialização, marcando a
estruturação do sistema capitalista em contraposição ao mercantilismo da primeira. Ou
seja, é equivocado atribuir à burguesia a ideia de “posse do homem pelo homem”
b. Os problemas das revoluções de 1830 giravam em torno de garantir à burguesia um
lugar no espaço, superando a dimensão agrícola fortemente entranhada nas lógicas
das monarquias absolutas. Ou seja, as questões do campo eram secundárias para os
revoltosos burgueses, preocupados com a estruturação de uma economia industrial e
urbana
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c. Alternativa perfeita. Tratava-se, sobretudo, de um embate entre os setores mais
avançados da sociedade, a burguesia, contra o conservadorismo/reacionarismo dos
privilegiados do antigo sistema feudal, cuja força era relativizada a passos largos pelo
crescimento da burguesia com a revolução industrial. Alternativa correta.
d. As revoluções burguesas miravam contra a noção do poder natural do rei sobre seu
povo, exigindo impor-lhe limitações e práticas estabelecidas, liberalizando, assim, o
governo. Ou seja, reorganizar o Estado moderno impondo, sobretudo, limites de ação
ao soberano.
e. O trabalho escravo é um estatuto típico do modo de produção agrícola do Antigo
Regime, e não do período industrial. A necessidade de criar um novo mercado
consumidor fez a burguesia abominar a lógica do trabalho escravo.
(FUVEST 2013 - Primeira Fase) Maldito, maldito criador! Por que eu vivo? Por
que não extingui, naquele instante, a centelha de vida que você tão desumanamente
me concedeu? Não sei! O desespero ainda não se apoderara de mim. Meus
sentimentos eram de raiva e vingança. Quando a noite caiu, deixei meu abrigo e
vagueei pelos bosques. (...) Oh! Que noite miserável passei eu! Sentia um inferno
devorar-me, e desejava despedaçar as árvores, devastar e assolar tudo o que me
cercava, para depois sentar-me e contemplar satisfeito a destruição. Declarei uma
guerra sem quartel à espécie humana e, acima de tudo, contra aquele que me havia
criado e me lançara a esta insuportável desgraça!
(Mary Shelley. Frankenstein. 2a ed. Porto Alegre: LPM, 1985.)
O trecho acima, extraído de uma obra literária publicada pela primeira vez em
1818, pode ser lido corretamente como uma
a) apologia à guerra imperialista, incorporando o desenvolvimento tecnológico do
período.
b) crítica à condição humana em uma sociedade industrializada e de grandes avanços
científicos.
c) defesa do clericalismo em meio à crescente laicização do mundo ocidental.
d) recusa do evolucionismo, bastante em voga no período.
e) adesão a ideias e formulações humanistas de igualdade social.
Gabarito: ALTERNATIVA B.
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Comentários: a questão pode ser resolvida com uma leitura atenta do trecho e com
algum conhecimento do período, mas, de todo modo analisemos alternativa por
alternativa.
a. Para Shelley, os avanços tecnológicos do início do século XIX eram uma fonte de
perturbação constante para a sociedade, progressivamente mais ansiosa e
desintegrada. Não se pode, portanto, esperar este tipo de apoio; bem como, no período
em tela, não cabe ainda falar de guerras imperialistas, já que os grandes impérios
ainda não haviam sido estruturados.
b. A sociedade industrial ainda vivia, na primeira metade do século XIX, suas graves
dores de crescimento, gerando desordens urbanas e dúvidas sobre as virtudes da
tecnologia. Alternativa correta.
c. A saída pela tradição religiosa tampouco se mostrava ser realmente viável, uma vez
que a Igreja estava constantemente próxima dos reacionários do Antigo Regime.
d. “A origem das espécies”, de Charles Darwin, só seria publicada em 1859, fundando
as noções evolucionistas. Ou seja, não se pode associar esta corrente filosófica aos
escritos de Mary Shelley de 1818.
e. A igualdade social não é esboçada em nenhum momento do texto de Shelley, bem
como as revoluções liberais do seu período não pretendia a igualdade social, mas sim a
igualdade política.
Gabarito: ALTERNATIVA B
Comentários: Os avanços tecnológicos da revolução industrial, que acompanharam o
mundo pari passu com o avanço da burguesia, promoveram uma revolução na vida
privada da Europa como um todo. Ou seja, o texto se refere às transformações sociais
do Velho Mundo no século XIX, criando-lhe um novo contexto com a ascensão
burguesa.
a) A imposição de José Bonaparte como rei da Espanha provocou uma insurreição que
repercutiu na América
b) A queda de Napoleão (1815) acarretou a reação absolutista na Europa, corporificada
no Congresso de Viena
c) A Santa Aliança foi um pacto conservador de oposição aos movimentos liberais
d) Através da encíclica Rerum Novarum, a Igreja procurou conciliar capital e trabalho
e) A Unificação Alemã, realizada por Bismarck, deu origem a uma questão solucionada
pelo Tratado de Latrão (1929), que criou o Estado do Vaticano
Gabarito: ALTERNATIVA E
Comentários: a. Está correta a alternativa, uma vez que a coroação de José Bonaparte
em Madri gerou uma discussão em todo império espanhol sobre a legitimidade do novo
rei. Na América espanhola, a recusa sistemática em servir ao rei ilegítimo gerou
movimentos contestatórios, convocando as Cortes na colônia para discutir sobre o
futuro do governo.
b. A reação absolutista se deu, fundamentalmente, pela queda napoleônica, que deixava
patente a possibilidade e a necessidade de reorganização da Europa como um todo
para que nada parecido voltasse a ocorrer. Isto é, o Congresso de Viena foi convocado
para que as monarquias absolutistas se reorganizassem num concerto internacional
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capaz de garantir uma estabilidade tal que nada pudesse repetir algo como o período
napoleônico.
c. A Santa Aliança, valendo-se da defesa dos valores cristãos contra as “inovações”
sociais vividas pela Europa nas primeiras décadas do século XIX, configurava uma
aliança pronta para ação em defesa das monarquias absolutas que a integravam.
Assegurava-se, portanto, um concerto contra a liberalização exigida pela burguesia.
d. A encíclica Rerum novarum, editada pelo papa Leão XIII em 1891, tinha por objetivo
alertar o mundo católico sobre grave situação do proletariado de todo o mundo, que
exigia a atenção católica. Renegando o socialismo como via possível para questão
operária, a encíclica acionava valores cristão para conciliar as dificuldades do
proletariado.
e. O Tratado de Latrão resolvia as questões sobre os territórios papais, fortemente
alterados pela unificação italiana. A criação do Estado do Vaticano, em 1929,
assegurava um novo momento entre a Igreja e o governo italiano, estabelecendo novas
relações e superando as desconfianças sobre as perdas dos territórios papais ocorridas
no século XIX. Portanto, esta é a única alternativa errada da questão.
Gabarito: ALTERNATIVA C
Comentários: Todo o Congresso de Viena tinha por objetivo a reorganização da
Europa pós-Napoleão sob os princípios da Restauração das monarquias absolutas,
cujo poder e legitimidade derivariam da divindade. Desta forma, qualquer alternativa
que cite o republicanismo como um valor do grande congresso monárquico deve ser
descartada. Da mesma forma, as ideias de constitucionalismo e de liberalismo estavam
muito distantes da realidade do Congresso, que entendia os poderes reais como
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ilimitáveis; ou seja, defendia as lógicas totalitárias. Outra grave preocupação do
Congresso era assegurar que jamais algo parecido acontecesse novamente na Europa,
buscando a estabilização de um concerto capaz de afastar as possibilidades de
agressões internacionais e de intervenções indesejadas. Por fim, a reconstrução da
noção de legitimidade de poder derivada da fé é uma preocupação central do
Congresso, tentando restaurar os tronos usurpados pela onda napoleônica. Desta sorte,
a única alternativa que só contém ideias relacionadas ao Congresso de Viena é a
alternativa C: Restauração, legitimidade e equilíbrio europeu.
Gabarito: ALTERNATIVA D
Comentários: a. A limitação da atuação da coroa inglesa já havia sido alcançada com
a Revolução Gloriosa, século XVII.
b. O cartismo pretendia alcançar reformas políticas sem a necessidade de subverter o
sistema como um todo. Ou seja, era reformar os direitos políticos dentro da monarquia
parlamentarista já existente.
c. Tratava-se de uma reforma de direitos políticos, mas não de uma reforma
administrativa dentro do Reino Unido.
d. Alternativa precisa, o cartismo pretendia a expansão dos direitos políticos,
liberalizando o arranjo estatal e retirando privilégios políticos da aristocracia.
e. Como apontado na primeira observação, algo muito semelhante a isto já havia sido
alcançado com a Bill of Rights no século XVII.
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Lista de Exercícios apresentados
Eric J. Hobsbawm. A era das revoluções. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981, p. 127-30
(com adaptações).
Questão 44
Tendo o texto acima como referência inicial e considerando o contexto histórico ao qual
ele se reporta, assinale a opção incorreta.
(Cesgranrio) A história política da Europa, durante o século XIX, foi marcada por
uma sucessão de "ondas" revolucionárias caracterizadas especificamente numa
das opções a seguir. Assinale-a.
a) O Congresso de Viena representou a consolidação da obra revolucionária na
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implantação da sociedade burguesa.
b) Os movimentos revolucionários de 1830 marcaram o processo de Restauração,
liderados pela aristocracia.
c) As "ondas" revolucionárias corresponderam ao avanço dos cercamentos dos campos -
os "enclousures" - que liberaram a população camponesa para as cidades.
d) Os movimentos de 1848 contaram com a participação das camadas populares e com a
forte influência das ideias socialistas.
e) Os movimentos de 1870, na Itália e na Alemanha, deixaram a questão nacional em
segundo plano, priorizando a conquista da ordem democrática.
(Ufrs) Nas origens das revoluções democrático-burguesas dos séculos XVIII e XIX,
encontram-se condições que envolvem o conflito entre o que se poderia denominar
de forças de transformação e as chamadas forças de conservação, isto é:
a) de um lado, as relações sociais estabelecidas essencialmente em torno da terra e, de
outro, um modelo de exploração baseado na posse do homem pelo homem.
b) os direitos de socialização da terra pelo proletariado agrícola e uma economia
assentada predominantemente na agricultura.
c) de um lado, o capitalismo agrário e industrial e as reivindicações da burguesia e, de
outro, os remanescentes da economia feudal e os setores privilegiados representados
pelo clero e pela aristocracia.
d) o progresso do poder real que tende a organizar o Estado Moderno e a permanência
do exercício da justiça pelo soberano sobre seus vassalos.
e) a resistência crescente dos camponeses às exigências dos senhores e o aparecimento
de uma forma de transição entre a economia agrícola feudal e a economia agrícola
capitalista: o trabalho escravo.
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(FUVEST 2013 - Primeira Fase) Maldito, maldito criador! Por que eu vivo? Por
que não extingui, naquele instante, a centelha de vida que você tão desumanamente
me concedeu? Não sei! O desespero ainda não se apoderara de mim. Meus
sentimentos eram de raiva e vingança. Quando a noite caiu, deixei meu abrigo e
vagueei pelos bosques. (...) Oh! Que noite miserável passei eu! Sentia um inferno
devorar-me, e desejava despedaçar as árvores, devastar e assolar tudo o que me
cercava, para depois sentar-me e contemplar satisfeito a destruição. Declarei uma
guerra sem quartel à espécie humana e, acima de tudo, contra aquele que me havia
criado e me lançara a esta insuportável desgraça!
(Mary Shelley. Frankenstein. 2a ed. Porto Alegre: LPM, 1985.)
O trecho acima, extraído de uma obra literária publicada pela primeira vez em
1818, pode ser lido corretamente como uma
a) apologia à guerra imperialista, incorporando o desenvolvimento tecnológico do
período.
b) crítica à condição humana em uma sociedade industrializada e de grandes avanços
científicos.
c) defesa do clericalismo em meio à crescente laicização do mundo ocidental.
d) recusa do evolucionismo, bastante em voga no período.
e) adesão a ideias e formulações humanistas de igualdade social.
a) A imposição de José Bonaparte como rei da Espanha provocou uma insurreição que
repercutiu na América
b) A queda de Napoleão (1815) acarretou a reação absolutista na Europa, corporificada
no Congresso de Viena
c) A Santa Aliança foi um pacto conservador de oposição aos movimentos liberais
d) Através da encíclica Rerum Novarum, a Igreja procurou conciliar capital e trabalho
e) A Unificação Alemã, realizada por Bismarck, deu origem a uma questão solucionada
pelo Tratado de Latrão (1929), que criou o Estado do Vaticano
Letra B
Apresentação
Embora não sejam conteúdos que caiam muito nas provas do CACD, são
muito importantes para compreendermos os desenvolvimentos das relações
internacionais no período subsequente, em particular a nova lógica pela qual se
relacionariam os novos Estados. Esses desenvolvimentos serão primordiais
para compreendermos o que gestaria a Primeira Guerra Mundial! Pela
complexidade do tema, aqui também teremos de adentrar alguns detalhes dos
movimentos internacionais e das políticas nacionais dos principais atores
envolvidos.
1
HOBSBAWM, Eric. A Era do Capital (1848-1875), pág. 20.
2
SARAIVA, José Flávio Sombra. História das Relações Internacionais Contemporâneas, pág. 76.
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enfraquecimento gradual dos austríacos no cenário europeu. Analisemos
alguns dos principais cenários do palco revolucionário, a começar pela França.
1848 na França
4 Idem.
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quatro dias disputou espaço com as barricadas socialistas, resultando na vitória
do governo, e em um saldo aproximado de 1.500 mortos e em milhares de
insurretos presos, os quais foram deportados, em sua maioria, para a Argélia.
Em novembro de 1848 foi promulgada a nova constituição da Segunda
República, seguida pela eleição, que levou, à presidência da República, Luís
Napoleão Bonaparte, sobrinho de Napoleão Bonaparte.
5
HOBSBAWM, Idem, pág. 33.
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( ) A Inglaterra foi pouco atingida pela onda revolucionária de 1848, pois já vinha
adotando medidas liberais.
Resposta: Correta
Comentário: A Inglaterra poucas vezes em sua história política esteve pari passu com
os desenvolvimentos políticos do continente. Muito embora Hobsbawm afirme que em
1830 tenha havido semelhança entre os movimentos continentais e o movimento
cartista britânico, não houve coisa semelhante em 1848 entre o reino insular e os países
continentais.
A crise logo veio em 1854, envolvendo três das cinco grandes potências,
Rússia, França e Grã-Bretanha, num conflito sobre a questão oriental, ou seria
melhor dizer, da desintegração do Império Otomano e os Bálcãs. Vejamos os
meandros deste conflito que poria fim ao sistema de Metternich.
Napoleão III decidiu ali atuar para desafiar a Rússia. Esta escolha foi feita
por dois motivos: 1) porque o governo do czar Nicolau I era hostil a Napoleão,
já que este havia subido ao poder por meio de uma revolução, o que causava
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medo aos russos. Esta hostilidade se transparecia nas cartas e documentos
trocados entre os dois países, em que Nicolau se recusava a chamar Napoleão
de “irmão”, como era costume entre as casas reais, demonstrando aí que, para
os Romanov, o governo do imperador francês não gozava da legitimidade das
demais cabeças coroadas da Europa. E 2) porque esta hostilidade russa em
relação aos franceses era, na análise de Napoleão, uma tentativa de dotar as
potências conservadoras de uma unidade de propósito que havia tornado frágil
desde 1848.
Pois foi neste ponto específico que Napoleão decidiu atacar a Rússia. Não
que seu intento inicial já fosse de provocar uma guerra, mas diminuir o
prestígio russo. Para tanto escolheu um motivo que não só provocaria o czar,
como também tinha chances de minar as relações entre a Áustria (católica) e a
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Rússia (ortodoxa), qual seja, a proteção dos lugares sagrados e dos cristãos
em terreno otomano.6
Esse movimento foi visto pela Grã-Bretanha e pela Áustria com bastante
preocupação. Para a primeira, isso era sinal do avanço russo sobre os
estreitos, o que, como dito em aula passada, era um ponto bastante
preocupante para a política externa inglesa. Para a última, o controle dos
russos naquelas províncias colocava bastante pressão sobre as fronteiras ao
sul da monarquia áustro-húngara. As potências tentaram então uma solução
por meio de um congresso em 1853, que falhou por não atender as
expectativas russas. Para frear o que era visto como expansionismo russo, os
ingleses enviaram uma frota para águas turcas. Essa atitude de confrontação
britânica havia colocado, irrevogavelmente, o Reino Unido numa aliança com a
França contra a Rússia.
6
BRIDGE, F.R.; BULLEN, Roger. The great powers and the European states system (1814-
1914). Londres: Pearson & Longman, 2005, p. 114.
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Essas indicações de apoio das potências ocidentais deu confiança ao
Império Otomano, que declarou guerra ao Império Russo em 4 de outubro de
1853. Pouco depois, os russos conseguiram uma vitória naval importante em
Sinope. Em sequência, em março de 1854, o Reino Unido e a França deram
um ultimato à Rússia, para que desocupasse as províncias turcas, o que foi
rejeitado em São Petersburgo. Iniciava-se a Guerra da Crimeia.
7
Idem, p. 118.
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perfidious Austria and to punish her severely for her shameful ingratitude”. 8
Embora uma vitória diplomática para Napoleão, por ter colocado fim às
instituições de 1815, a guerra não resultou numa mudança expressiva do mapa
europeu no Ocidente, tal como ele esperava e pelo qual ele continuaria lutando
até o fim de seu governo.
8
Em tradução livre: “Chegou a hora não de lutar contra os turcos e seus aliados, mas de
concentrar todos os nossos esforços com a pérfida Áustria e para puni-la severamente por sua
vergonhosa ingratidão.” Apud Bridge; Bullen, 2005, p. 119.
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França. Para a Rússia, o acordo de 1856 levou a uma mudança importante no
foco de sua política exterior, como nos dizem Bridge e Bullen:
9
Idem, p. 124-125. Em tradução livre: “Os russos se sentiram profundamente humilhados pela
exclusão de suas forças navais do Mar Negro. Eles perceberam isso como uma afronta a seu
status de grande potência. Depois do acordo de Paris, o principal objetivo de sua política
externa foi livrarem-se dessa humilhação. Sob Nicolau I, a Rússia foi a guardiã do status quo
na Europa. (...) Depois de 1856, a manutenção da ordem na Europa foi relegada a segundo
plano. Isso foi uma profunda mudança, que significativamente alterou as relações da Rússia
com as outras potências. (...) Na década depois de 1841, eles [Reino Unido e Rússia]
trabalharam juntos para conter a ameaça francesa ao sistema de 1815. Na maioria dos
assuntos, as outras potências foram forçadas a seguir ou a liderança britânica ou russa. Nos
quinze anos após a guerra da Crimeia, britânicos e russos cessaram de cooperar;
consequentemente, eles deixaram de dominar a Europa.”
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momentos de ataque ou, em última análise, para a manutenção do equilíbrio
entre os Estados. Com a Realpolitik, uma versão atualizada da raison d’État de
Richelieu do século XVII, a linguagem do poder levaria adiante uma busca
incessante por manter o equilíbrio por meio da força militar – a chamada paz
armada que vingaria de 1871 a 1914.
A guerra deixou de ser vista como um grande perigo à estrutura social, mas
sim o meio pelo qual se alcançaria as alterações que a elite política
considerava importante. Neste momento histórico, não se vislumbrava na
Europa a possibilidade de uma conflagração generalizada que envolvesse
todas as potências. Os conflitos eram localizados e com finalidades muito
claras e pontuais
10
Idem, p. 126.
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Depois da assinatura da paz de 1856, a ideia de manutenção do status quo
a todo custo foi abandonada e em seu lugar foi criado um sistema “frouxo”, sem
amarras, que permitiu as mudanças territoriais que se seguiram. Era o fim das
alianças de longo prazo baseadas em princípios gerais. Agora chegava o
momento das alianças de curto prazo, agressivas e de objetivos claros. A paz
existiria enquanto ela fosse do interesse dos Estados, como afirmou o ministro
da Baviera em Viena já em 1857:
The cabinets want peace, because they and Europe require it,
and they work together in this direction at every opportunity, bur
more or less as their own interests demand and without having
ay common line in principle. That such a state of affairs is
precarious is quite obvious. Many things are left to chance,
many things to the boldness of one cabinet or another. The
peace has no firm basis; it will last only so long as it
remains a necessity for one power or another and so long
as interests do not come all to openly into conflict.11 (Grifo
nosso)
11
Apud Bridge; Bullen, 2005, p. 129. Em tradução livre: “Os gabinetes querem paz porque eles
e a Europa a necessitam e porque eles trabalham juntos nessa direção a cada oportunidade,
mas mais ou menos segundo seus interesses a demandam e sem haver qualquer princípio.
Que tal estado é precário é bastante óbvio. Muitas coisas são deixadas à sorte, muitas coisas
para a ousadia de um gabinete ou outro. A paz não tem base firme; ela durará enquanto ela
continuar uma necessidade para uma potência ou outra e enquanto interesses não se tornarem
abertamente conflituosos”.
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Não que a Rússia não tivesse importância nos jogos de poder entre os
Estados, mas sua vontade de vingança contra a Áustria e sua atitude pró-
Prússia a levariam a ficar à margem dos principais eventos que ocorreriam
próximos a sua fronteira. Suas atuações mais significativas externamente
seriam em direção ao Oriente e não ao Ocidente.
A França, por sua vez, embora tenha alcançado seu objetivo ao destruir o
concerto de 1815, não conseguiu a revisão dos territórios a oeste que
desejava. Tentou então, sem obter sucesso, uma entente entre a França, o
Reino Unido e a Rússia para controlar os assuntos e revisar o mapa europeu.
A desconfiança russa e a falta de interesse inglês fariam naufragar esse plano.
Devido a isso, forçaria sua mão novamente nas terras italianas, aliando-se
com o reino do Piemonte contra a Áustria, desencadeando um processo que
resultaria na unificação italiana. O que ele não esperava era que, tão logo a
Áustria fosse derrotada, o reino da Itália começaria a criar suas rusgas com o
Império francês – como se verá adiante.
Na sua contínua busca por prestígio e por comando dos assuntos europeus,
Napoleão III iniciaria um política voltada para o centro do continente em
flagrante desacordo com a tradição da política externa francesa: ao invés de
buscar as múltiplas independências da Alemanha, acabaria por precipitar um
movimento que resultaria na unificação alemã.
De modo geral, esse seria o panorama até 1871. Você deve ter percebido
que deixamos a Áustria de fora. Isso porque ela está envolvida nas duas
guerras de unfiicação de que se falará agora.
12
T J I
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que fora possível graças a sua herança aristocrática. Em suas viagens, o
conde se enamorara pelo sistema político britânico, e buscara desde então
articular a consolidação de um sistema liberal que pudesse tornar possível a
modernização política e econômica da Itália.
(...) the realist Cavour was always acutely aware of the futility of
the doctrine of “Italia farà da sé”. To him, the lesson of 1848-49
was all too clear: unless some external power could be enlisted
to defeat the Austrian army, there could be no hope of
challenging the order of 1815 in Italy.13
13
Bridge; Bullen, 2005, p. 139. Em tradução livre: “O realista Cavour sempre esteve consciente
sobre a futilidade da doutrina de "Italia farà da sé". Para ele, a lição de 1848-49 era muito clara:
a menos que algum poder externo pudesse ser alistado para derrotar o exército austríaco, não
poderia haver nenhuma esperança de desafiar a ordem de 1815 em Itália”.
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Como dito, Cavour bem sabia que os reinos italianos não eram, por si
próprios, suficientes para expulsar os austríacos dos territórios do norte, e este
deveria ser o primeiro alvo da Sardenha, antes que pudesse mirar o sul, sob
influência francesa. No passado, Napoleão desmontara a península de modo a
diminuir a capacidade de organização regional, evitando, portanto, o
surgimento de um reino poderoso capaz de disputar a hegemonia local. A
mesma estrutura, com ligeiras mudanças, manteve-se no concerto de Viena, o
que não fora até então questionado.
14
Idem, p. 138.
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O acordo correspondia exatamente aos interesses de Napoleão:
primeiramente, ajudaria a desmantelar ainda mais a influência austríaca no
concerto europeu, em segundo lugar conseguiria construir mais um reino
vizinho leal à coroa francesa, sem que, para tanto, este reino pudesse significar
um perigo para os interesses franceses. Este era o principal objetivo de
Napoleão em não aceitar uma completa unificação da península itálica sob
uma mesma coroa. De certo, este acordo não correspondia aos interesses
originais de Cavour, o qual advogava pela plena unificação, porém, ao menos
por ora, representaria uma grande ajuda para os nacionalistas.
Napoleão III, honrando o pacto firmado, enviou uma tropa de 100 mil
soldados para a Sardenha, a fim de combater as forças austríacas.
Transcorridas as batalhas, com sucessivas derrotas, os austríacos decidiram
firmar um armistício com os franceses. Napoleão, por sua vez, estava
impaciente com os rumos inesperados que a participação francesa na guerra
gerou dentre os católicos franceses, que protestavam contra o imperador
devido aos ataques desferidos nos territórios sob controle do Papa (vale
lembrar que os franceses ainda eram, em sua ampla maioria, católicos
romanos), e temia que a continuação da guerra pudesse levar os protestos a
virarem uma revolução. Havia ainda um amargo tempero na caldeira francesa:
a possibilidade de apoio prussiano à Áustria, o qual fora oferecido em troca de
um maior protagonismo prussiano dentro da Confederação germânica.
Esta foi uma das primeiras grandes derrotas diplomáticas de Napoleão III,
que, no entanto, acabou por ser amenizada graças a um acordo vantajoso para
franceses e sardo-piamonteses: Cavour, novamente empossado como
Primeiro-Ministro, prometeu entregar Nice e Saboia à França, caso Napoleão
apoiasse a anexação dos territórios centrais da Itália pela Sardenha, o que fora
referendado mediante uma série de plebiscitos votados nessas regiões
miradas, todos favoráveis, no fim, à anexação. Para resgatar um pouco de seu
prestígio, Napoleão III decidiu aceitar o acordo. Como se não bastasse, os
recentes eventos haviam chamado a atenção do ingleses para a causa italiana,
a qual passaram a defender de forma integral, de modo a contrabalancear o
protagonismo francês na península.
Cavour
Sacro-Império em 1789
Mapa do Zollverein
15
Bridge; Bullen, 2005, p. 146-147.
VISENTINI, Paulo Fagundes. Manual do candidato : história mundial contemporânea (1776-
1991) : da independência dos Estados Unidos ao colapso da União Soviética. Brasília: FUNAG,
2012, p. 90.
16
Bridge; Bullen, 2005, p. 146. Em tradução livre: “A sua intimidação contra os demais
membros do Zollverein era muito ressentido pelos Estados centrais; e a ausência única da
Prússia das festividades de Frankfurt somente ressaltou seu isolamento dos centros de poder
político da Confederação. De fato, qualquer estima de que ela gozasse entre os membros das
elites comerciais e militares, ela era sem dúvida menos bem vista que a Áustria aos olhos da
opinião alemã em geral. Nesta, as opiniões liberais, prevaleciam e, desde o advento de
Bismarck ao poder, a Prússia era cada vez mais percebida como um Estado reacionário e
militarista. De duas organizações populares instaladas no fim da década de 1850 para
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Manter essa chefia da Confederação parecia ser cada vez mais difícil para
a Áustria, abandonada como estava de aliados. Afastou-se de seus aliados
tradicionais quando da guerra da Crimeia, no entanto, não conseguiu se
aproximar das potências a oeste na medida em que não aceitava as mudanças
que se operavam nem estava preparada para ceder à pressões estrangeiras,
como o caso do pedido francês para a cessão de Veneza para os italianos. Os
austríacos se apegavam aos princípios legitimistas, uma vez que somente isso
poderia manter a monarquia em pé. Como afirmou o ministro das relações
exteriores ao embaixador inglês:
promover a unidade alemã, a großdeutsch Reformverein, que olhava para Viena e viu na
liderança da Alemana por um império multinacional uma garantia de uma diversidade
multifacetada da vida política alemã, caminhava a passos largos; (...) No conjunto, assim, na
medida em que a posição da Áustria na Confederação era uma assunto ‘alemão’, seu papel de
liderança desde 1815 parecia segura.”
17
Idem, p. 150. Em tradução livre: “O que era a monarquia austríaca? Era um império de
nacionalidades. Se ela entregasse Veneza hoje para agradar o rei Victor Emmanuel... onde sua
ambição o levaria? Ficaria ele satisfeito antes que tivesse tomado todas as possessões
austríacas no Adriático de seu dono legal? ... O príncipe de Hohenzollern pode um dia achar
que havia uma considerável população romena na Transilvânia e que, portanto, seria de direito
que ela fosse adicionada a Moldo-Valáquia. O príncipe da Sérvia pode igualmente reivindicar
os sérvios da Áustria... de fato,... nós estamos determinados a mantermos nossa posição em
defesa de nossos princípios e direitos, que são baseados em tratados, e se a guerra for a
consequência, nós faremos nosso melhor para proteger as várias possessões e interesses dos
quais o Império é composto.”
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sucessórias diferentes). O Schleswig era de maioria dinamarquesa e o Holstein
de maioria alemã e parte do Sacro-Império. Por um tratado de 1460, os dois
ducados não poderiam ser separados. Depois da Revolução de 1848, o rei
dinamarquês promulgou uma constituição comum à Dinamarca e aos ducados,
o que levou a um movimento separatista nestes. O movimento foi apoiado pela
Prússia numa guerra, mas que resultou numa paz de status quo em 1851 após
intervenção das demais potências.
A guerra dos ducados seria uma amostra das guerras localizadas que
ocorreriam sem intervenção das potências – uma situação possível após o
desmanche do sistema de Metternich. A entrada da Áustria na guerra com a
Prússia, que não havia acontecido anteriormente, significava uma luta para se
manter a frente dos assuntos alemães. Incapaz de evitar um conflito e a vitória
da Prússia sozinha, preferiu adentrar as hostilidades de modo a participar
também das negociações de paz. Além do mais, para os austríacos, a guerra
foi percebida como a concretização de seus ideais de política externa: uma
aliança conservadora e legitimista contra a Revolução (liberal neste caso).
18
Idem, p. 152.
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As to France, we know how restless and aggressive she is, and
how ready to break loose for Belgium, for the Rhine, for
anything she would be likely to get without too great exertion.
As to Russia, she will in due time become a Power almost as
great as the old Roman empire. She can become mistress of
Asia, except British India, whenever she chooses to take it.
Germany ought to be strong in order to resist Russian
aggression, and a strong Prussia is essential to German
strength.19
Neste contexto, não havia saída para os dinamarquese que não ceder às
pressões de seus vizinhos germânicos. Mas a vitória deles significou a abertura
de nova rodada de problemas no centro europeu. Bismarck passaria,
rapidamente, a planejar os meios de rever a situação da Alemanha, buscando
um meio de retirar a Áustria de lá. A diplomacia, no entanto, não parecia ser o
caminho para Bismarck. Como dito anteriormente, a Áustria era mais bem vista
por vários setores e principados alemães, isto é, a vantagem na luta
diplomática estava ao lado dos austríacos. Assim sendo, a solução deveria
passar pelas armas.
Idem. Em tradução livre: “Em relação à França, nós sabemos como inquieta e agressiva ela
1919
é e como está pronta para se libertar para tomar a Bélgica, o Reno, qualquer coisa que ela
conseguiria sem muito esforço. Em relação à Rússia, ela irá, em tempo adequado, tornar-se
uma potência tão grande quanto o antigo Império Romano. Ela pode se tornar senhora da Ásia,
exceto a Índia inglesa, quando ela escolher tomá-la. A Alemanha deve ser forte para resistir à
agressão russa e uma Prússia forte é essencial para a força alemã.”
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Napoleão III não poderia estar mais errado. Sua neutralidade tornou
possível a derrocada completa da Áustria e hegemonia da Prússia. A
unificação alemã estava a um passo de concretizar-se e em grande medida
graças à inatividade dos franceses.
Questão 27
Entre os movimentos nacionalistas que se destacaram na Europa do século XIX,
poucos poderiam rivalizar, em termos de importância, com as unificações alemã e
italiana. Fatores internos e externos se conjugaram para que, ao fim de complexo
processo de luta, Alemanha e Itália surgissem como Estados nacionais. A propósito
desses acontecimentos, julgue (C ou E) os itens subseqüentes.
( ) Absorvido pela política interna da Prússia, o chanceler Otto von Bismarck não
empreendeu projetos na área econômica que pudessem contribuir para a Alemanha
como um todo.
Resposta: Errado
Comentário: Ao contrário, o período em que Bismarck esteve a frente do governo
alemão, a economia alemã cresceu aceleradamente, tornando-se, rapidamente, uma das
principais economias da Europa. Podemos nos lembrar rapidamente das isenções
tributárias colocadas em prática por ele após a Guerra Austro-Prussiana que ligou
economicamente a Prússia e os demais Estados da Confederação do Sul e que
impulsionou a integração econômica alemã.
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( ) Para reduzir custos e ampliar a possibilidade de alianças externas, Bismarck optou
por não investir na modernização do exército prussiano, apostando na via diplomática e
na ação política para isolar a Áustria, cujo interesse era a manutenção de uma
Alemanha fragmentada.
Resposta: Errado
Comentário: A questão está errada por dois motivos. O primeiro é a afirmação de que
Bismarck não investiu na modernização do exército prussiano. Muito embora o
chanceler de ferro tenha utilizado bastante da diplomacia para alcançar seus objetivos,
utilizou o exército prussiano quando necessário. O segundo trata-se de afirmar que a
Áustria queria manter uma Alemanha fragmentada. Em realidade, o projeto austríaco
era o de uma Alemanha unida em torno de sua liderança, com órgãos de governança
mútua estabelecidos pela Confederação germânica – o projeto conhecido como
‘Grande Alemanha’, o contrário do projeto prussiano da ‘Pequena Alemanha’, que
excluía a Áustria em que o protagonismo seria prussiano.
UDESC 2009
Assinale a alternativa correta, em relação à chamada Primavera dos Povos.
UFMG 2009
O ano de 1848 ficou célebre em razão da onda de revoluções que varreu, então, a
Europa - evento denominado Primavera dos Povos. O objetivo maior dos
revolucionários de toda parte era alcançar a liberdade e combater a opressão; em
algumas regiões, porém, as palavras de ordem reivindicavam, também, o fim do
jugo estrangeiro, ou seja, demandavam autonomia para as nações. Considerando-
se os eventos ocorridos em 1848 e suas conseqüências, é CORRETO afirmar que:
Comentários: a. É incorreto falar num Estado alemão em 1848. Como visto, apesar de
abalos importantes, a confederação dos Estados germânicos ainda demoraria algumas
décadas para ser unificada.
b. A França foi, novamente, o país que passou pelas transformações mais severas. As
agitações de 1848 condenaram o reinado de Luís Felipe, proclamando, novamente, a
República. No entanto, o novo presidente, Napoleão III, daria um golpe de Estado,
reinstituindo o Império. Alternativa correta.
c. A monarquia inglesa passou, linhas gerais, incólume às agitações continentais,
concentrando-se em manter seus interesses comerciais ativos com o continente.
d. Os revolucionários das franjas do império russo jamais ameaçaram de fato o
governo de São Petersburgo.
Gabarito: ALTERNATIVA B.
MACKENZIE
A unificação política da Alemanha (1870 – 1871) teve como conseqüências:
UNIP
As Revoluções de 1848 foram provocadas por diversos fatores, destacando-se,
entre outros:
a) o fascismo, o comunismo e o positivismo;
b) a social-democracia, o anarquismo e o comunismo;
c) o sindicalismo, o republicanismo e o conservadorismo;
d) o liberalismo, o nacionalismo e o socialismo.
e) o populismo, a social-democracia e o parlamentarismo.
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UFPR
Na questão a seguir, indique a alternativa que contém a soma dos itens corretos.
A França do século XIX é marcada por movimentos sociais que acabaram por
associá-la a um "laboratório" de experiências políticas. Sobre tais movimentos, é
correto afirmar que:
(01) A Revolução Liberal de 1830 assinalou a derrota política da aristocracia
diante do avanço da burguesia. Marco da urbanização e industrialização, projetou
os industriais e os banqueiros como nova classe dirigente.
(02) A Revolução de 1848, início da Segunda República, foi marcada pelos
movimentos proletários urbanos. Para combater o desemprego, o governo adotou
as propostas socialistas de Louis Blanc de criação de Oficinas Nacionais.
(04) O golpe de Louis Bonaparte em 02 de dezembro de 1851 (o “18 do Brumário”)
encerrou a Segunda República e inaugurou o Segundo Império. Napoleão III, o
novo imperador, desenvolveu um vasto programa de obras públicas, entregando as
reformas de Paris ao Barão Haussmann.
(08) A guerra Franco-Prussiana criou condições para um imenso levante popular
na capital, que instaurou a Comuna de Paris (1871). Os revolucionários
propuseram a formação de um estado constituído por comunas autônomas. Foram
duramente reprimidos pelas tropas do governo.
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(16) A Comuna de Paris, assim como as Internacionais Operárias de 1864 e 1889 e
o Manifesto Comunista de 1848, foram expressões da oposição à montagem da
ordem burguesa na França, bem como na Europa do século XIX.
a) 30.
b) 22.
c) 06.
d) 13.
e) 12.
UERJ
“O permanente revolucionar da produção, o abalar ininterrupto de todas as
condições sociais, a incerteza e o movimento eternos distinguem a época de todas
as outras. Todas as relações fixas e enferrujadas, com seu cortejo de
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representações e concepções são dissolvidas, todas as relações recém-formadas
envelhecem antes de poderem ossificar-se. Tudo que era sólido se volatiza, e os
homens são por fim obrigados a encarar com os olhos bem abertos a sua posição
na vida.”
Karl Marx e Fredrich Engels. Adaptado do Manifesto do Partido Comunista.
Em 1848, na defesa de uma nova sociedade, o Manifesto Comunista criticou as
transformações advindas da modernização capitalista nos países da Europa
Ocidental.
Dois aspectos dessa modernização, então criticados, foram:
Fuvest
“Fizemos a Itália, agora temos que fazer os italianos”. “Ao invés da Prússia se
fundir na Alemanha, a Alemanha se fundiu na Prússia”.
Estas frases, sobre as unificações italiana e alemã:
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a) aludem às diferenças que as marcaram, pois, enquanto a alemã foi feita em benefício
da Prússia, a italiana, como demonstra a escolha de Roma para capital, contemplou
todas as regiões.
b) apontam para as suas semelhanças, isto é, para o caráter autoritário e incompleto de
ambas, decorrentes do passado fascista, no caso italiano, e nazista, no alemão.
c) chamam a atenção para o caráter unilateral e autoritário das duas unificações, imposta
pelo Piemonte, na Itália, e pela Prússia, na Alemanha.
d) escondem suas naturezas contrastantes, pois a alemã foi autoritária e aristocrática e a
italiana foi democrática e popular.
e) tratam da unificação da Itália e da Alemanha, mas nada sugerem quanto ao caráter
impositivo de processo liderado por Cavour, na Itália, e por Bismarck, na Alemanha.
Comentários: a. É equivocado falar que a unificação italiana foi feita “em benefício
de todos”, uma vez que os próprios romanos rechaçaram as forças revolucionárias.
Tratava-se, antes de tudo, de um esforço de Piemonte-Sardenha para a unificação da
península.
b. Alternativa cronologicamente absurda: fascismo e nazismo seriam fenômenos
observados apenas no século XX. Não podem ser vistos, portanto, como precursores
das unificações nacionais do século XIX.
c. A Prússia e o Piemonte-Sardenha foram os motores fundamentais das unificações
alemã e italiana, respectivamente. A vontade autoritária destes reinos foi fundamental
para a ocorrência. Alternativa correta.
d. A unificação italiana, apesar de ter gerado uma comoção popular, foi de corte
também aristocrático, estabelecendo uma monarquia sob Vitor Emanuel II.
e. As frases do enunciado refletem, sim, algumas posições básicas de Cavour e de
Bismarck quanto às suas formas de pensar as unificações nacionais.
Gabarito: ALTERNATIVA C.
UFRS
Leia os itens abaixo que se referem a possíveis resultados imediatos da guerra
Franco-Prussiana de 1870.
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e III.
e) I, II e III.
Questão 27
UDESC 2009
Assinale a alternativa correta, em relação à chamada Primavera dos Povos.
UFMG 2009
O ano de 1848 ficou célebre em razão da onda de revoluções que varreu, então, a
Europa - evento denominado Primavera dos Povos. O objetivo maior dos
revolucionários de toda parte era alcançar a liberdade e combater a opressão; em
algumas regiões, porém, as palavras de ordem reivindicavam, também, o fim do
jugo estrangeiro, ou seja, demandavam autonomia para as nações. Considerando-
se os eventos ocorridos em 1848 e suas conseqüências, é CORRETO afirmar que:
MACKENZIE
A unificação política da Alemanha (1870 – 1871) teve como conseqüências:
UNIP
As Revoluções de 1848 foram provocadas por diversos fatores, destacando-se,
entre outros:
a) o fascismo, o comunismo e o positivismo;
b) a social-democracia, o anarquismo e o comunismo;
c) o sindicalismo, o republicanismo e o conservadorismo;
d) o liberalismo, o nacionalismo e o socialismo.
e) o populismo, a social-democracia e o parlamentarismo
UFPR
Na questão a seguir, indique a alternativa que contém a soma dos itens corretos.
A França do século XIX é marcada por movimentos sociais que acabaram por
associá-la a um "laboratório" de experiências políticas. Sobre tais movimentos, é
correto afirmar que:
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(01) A Revolução Liberal de 1830 assinalou a derrota política da aristocracia
diante do avanço da burguesia. Marco da urbanização e industrialização, projetou
os industriais e os banqueiros como nova classe dirigente.
(02) A Revolução de 1848, início da Segunda República, foi marcada pelos
movimentos proletários urbanos. Para combater o desemprego, o governo adotou
as propostas socialistas de Louis Blanc de criação de Oficinas Nacionais.
(04) O golpe de Louis Bonaparte em 02 de dezembro de 1851 (o “18 do Brumário”)
encerrou a Segunda República e inaugurou o Segundo Império. Napoleão III, o
novo imperador, desenvolveu um vasto programa de obras públicas, entregando as
reformas de Paris ao Barão Haussmann.
(08) A guerra Franco-Prussiana criou condições para um imenso levante popular
na capital, que instaurou a Comuna de Paris (1871). Os revolucionários
propuseram a formação de um estado constituído por comunas autônomas. Foram
duramente reprimidos pelas tropas do governo.
(16) A Comuna de Paris, assim como as Internacionais Operárias de 1864 e 1889 e
o Manifesto Comunista de 1848, foram expressões da oposição à montagem da
ordem burguesa na França, bem como na Europa do século XIX.
a) 30.
b) 22.
c) 06.
d) 13.
e) 12.
UERJ
“O permanente revolucionar da produção, o abalar ininterrupto de todas as
condições sociais, a incerteza e o movimento eternos distinguem a época de todas
as outras. Todas as relações fixas e enferrujadas, com seu cortejo de
representações e concepções são dissolvidas, todas as relações recém-formadas
envelhecem antes de poderem ossificar-se. Tudo que era sólido se volatiza, e os
homens são por fim obrigados a encarar com os olhos bem abertos a sua posição
na vida.”
Karl Marx e Fredrich Engels. Adaptado do Manifesto do Partido Comunista.
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Em 1848, na defesa de uma nova sociedade, o Manifesto Comunista criticou as
transformações advindas da modernização capitalista nos países da Europa
Ocidental.
Dois aspectos dessa modernização, então criticados, foram:
Fuvest
“Fizemos a Itália, agora temos que fazer os italianos”. “Ao invés da Prússia se
fundir na Alemanha, a Alemanha se fundiu na Prússia”.
Estas frases, sobre as unificações italiana e alemã:
a) aludem às diferenças que as marcaram, pois, enquanto a alemã foi feita em benefício
da Prússia, a italiana, como demonstra a escolha de Roma para capital, contemplou
todas as regiões.
b) apontam para as suas semelhanças, isto é, para o caráter autoritário e incompleto de
ambas, decorrentes do passado fascista, no caso italiano, e nazista, no alemão.
c) chamam a atenção para o caráter unilateral e autoritário das duas unificações, imposta
pelo Piemonte, na Itália, e pela Prússia, na Alemanha.
d) escondem suas naturezas contrastantes, pois a alemã foi autoritária e aristocrática e a
italiana foi democrática e popular.
e) tratam da unificação da Itália e da Alemanha, mas nada sugerem quanto ao caráter
impositivo de processo liderado por Cavour, na Itália, e por Bismarck, na Alemanha.
UFRS
Leia os itens abaixo que se referem a possíveis resultados imediatos da guerra
Franco-Prussiana de 1870.
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e III.
e) I, II e III.
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P D D P P S
Gabaritos
C
C
C
C
Questão 27
E
E
E
C
UDESC 2009
LETRA D
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P D D P P S
UFMG 2009
LETRA B
MACKENZIE
LETRA A
UNIP
LETRA D
UFPR
LETRA A
UERJ
LETRA B
Fuvest
LETRA C
UFRS
LETRA C
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Apresentação
O que explica essa suposta fraqueza do poder real? No caso inglês, temos
guerras e instabilidades contínuas desde o século XIV até o século XVI. De
maneira mais clara, temos a guerra dos Cem Anos (1337-1453) enfrentada
contra a França – da qual a Inglaterra saiu derrotada –, seguida por
instabilidades religiosas causadas pelos lolardos (movimento contestador da
interpretação e autoridade católicas que tomou o reino no século XIV),
passando pela guerra civil entre a casa de Lancaster e York, a chamada guerra
das rosas (1455-1485), e, por fim, os graves conflitos religiosos advindos da
reforma anglicana do século XVI.
1
Apud KARNAL, Leandro. História dos Estados Unidos. São Paulo: Editora Contexto, p.40.
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Observem que os problemas iniciais da colonização inglesa foram muito
grandes, se compararmos com o sucesso dos países ibéricos. Mesmo assim,
as tentativas não cessaram no século XVII e, aos poucos, o núcleos de
povoamento que foram sendo criados ao longo dessas tentativas de
estabelecimento na América foram crescendo. Isso deve-se, em parte, ao
contínuo esforço da Coroa em entrar na disputa colonial, mas também pelo
crescimento da população na Inglaterra e pelas perseguições religiosas na
metrópole.
Por outro lado, um grupo de pessoas que migraria para o Novo Mundo
neste contexto seria o de protestantes puritanos que se recusavam a aceitar os
preceitos da Igreja Anglicana, a oficial da Inglaterra. Perseguidos pela não-
conformidade com os princípios anglicanos, uniram-se e partiram para a
América, para lá formarem uma nova sociedade baseada em seu credo. É a
famosa viagem do Mayflower, o navio que levou os “pais protestantes” para os
Estados Unidos.
Embora nos soe bastante comum e prosaico dizer que os Estados Unidos
foram formados por protestantes brancos puros – numa contraposição ao que
teria sido o começo da colonização da América do Sul, com degredados e
prisioneiros – eles compunham somente um dos vários grupos que migrou para
a América. Somente após a independência, na luta pela afirmação de uma
nacionalidade própria, é que os estudiosos americanos iriam voltar ao passado
e elencar esse grupo de protestantes como os “verdadeiros americanos” ou a
“raiz” do novo país. Em realidade, tanto quanto na América ibérica, gente de
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toda estirpe migrou para a América do Norte em busca de novas oportunidades
– ou uma vida longe da guerra – que não encontravam na Inglaterra.
2
Segue tabela com as trezes colônias. Cf. KARNAL, Leandro. História dos Estados Unidos.
São Paulo: Editora Contexto, p. 44.
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Era um atividade altamente lucrativa, entre outros motivos por
garantir que o navio sempre estivesse carregado de produtos
para vender em outro lugar.3
3
KARNAL, Leandro. História dos Estados Unidos. São Paulo: Editora Contexto, p. 56.
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2. O processo de Independência
2.1 Os conflitos entre colônias e metrópole
4
Idem, p. 71-74.
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com possibilidades de colocar seus familiares no trono espanhol: os Habsburgo
austríacos e os Bourbon franceses. Para evitar uma hegemonia francesa no
continente, a Inglaterra decidiu apoiar os austríacos e evitar qualquer tipo de
união pessoal entre franceses e espanhóis.
5
Ao fim da guerra, Maria Teresa manter-se-ia no trono austríaco, apesar de ser obrigada a
ceder partes de seu território para a Prússia.
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favorável aos ingleses, que conseguiram tomar todas as posses francesas na
América, afastando, definitivamente a ameaça de invasão das colônias
britânicas.
Esses muitos conflitos dos quais falamos rapidamente aqui acabaram por
aumentar bastante as tensões entre o governo inglês e os elementos coloniais,
particularmente a elite produtora e comercial, que se via diretamente atingida
pelo envolvimento inglês em tantas guerras. Finda a Guerra dos Sete Anos, o
novo direcionamento da política inglesa faria com que os colonos fossem,
progressivamente, tomando consciência de seus interesses em contraposição
aos interesses britânicos.
A primeira foi o Sugar Act de 1764, que previa uma redução nos impostos
sobre o melaço, mas aumentava as taxas sobre açúcar, o vinho, artigos de
luxo, roupas brancas, café e seda de outros locais que não colônias inglesas.
Essa medida tinha por objetivo resguardar os interesses dos produtores de
açúcar das Antilhas britânicas. No entanto, isso ia contra os interesses
daqueles diretamente envolvidos no comércio triangular, que buscavam
comprar onde fosse mais barato e nem sempre era o caso de uma colônia
inglesa.
6
RECORDANDO: Esse apoio custaria muito caro aos franceses, sem que obtivessem retorno à
altura do gasto. Essa guerra aprofundaria a crise fiscal francesa, sendo um dos fatores para a
eclosão da revolução francesa, tal como abordamos na primeira aula.
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A independência da primeira colônia da América teve um profundo impacto
nas demais colônias do continente. O exemplo norte-americano ecoaria nos
movimentos do início do século XIX, quando o furacão napoleônico precipitou
os movimentos independentistas da América Latina. Seu modelo político seria
imitado por muitos dos novos países que se fariam livres do jugo colonial –
repúblicas presidencialistas bicamerais. O que causaria discórdia seria a
federação, da qual falamos acima.
7
Diferentemente do modelo americano, o modelo francês não previa os tais equilíbrios.
Inspirados pela Vontade Geral encarnada na Convenção ou na Assembleia, os franceses iriam
pela decisão da maioria reunida no poder Legislativo, espécie de encarnação do desejo de
todos os cidadãos. Essa tradição francesa permaneceria por longo tempo na república
francesa e seria alterada com a reforma de De Gaulle na década de 1950.
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Várias emedas foram apresentadas em 1789 e, dado que o processo de
mudança constitucional exigia a aprovação de 2/3 dos estados federados,
somente em 1791 fora aprovadas. A primeira emenda tinha o propósito de
limitar os poderes do Estado na relação com os cidadãos. Ela proibia a fixação
de uma religião oficial, a perseguição a qualquer religião, a censura à
imprensa, a limitação do direito de reunião e de expressão. A segunda emenda
deu aos cidadãos o direito de portar armas. A explicação para isso reside no
efetivo medo que os cidadãos norte-americanos possuíam da tirania do Estado.
Caso o governo se tornasse tirânico – e seguindo a tradição lockeana – os
cidadãos deveriam ter o direito de resisti-lo por meio de armas. Essa emenda
teve forte apoio porque foram os cidadãos armados que formaram o grosso do
exército revolucionário americano.
O fim da guerra resultou num certo alívio para os americanos, que poderiam
muito bem ter perdido a guerra dada a disparidade de forças em conflito.
Outrossim, era a primeira vez que o governo independente lidava com guerra
externa e saía vitorioso.
9
FERNANDES, Luiz; MORAIS, Marcus V. de. “A ‘casa dividida’ e a guerra de secessão”. In:
KARNAL, Leandro. História dos Estados Unidos. São Paulo: Editora Contexto, 2011, p. 130.
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expandida para o Oeste, muito embora afirmasse que caberia aos estados – e
não à União – decidirem pela continuidade ou pelo fim da escravidão.
Iniciamos este tópico com uma pergunta: guerra civil, guerra de secessão
ou guerra de agressão do Norte? Com o que dissemos acima, podemos refletir
apropriadamente sobre esses termos. Uma guerra civil é entendida como um
conflito entre membros de um mesmo país, normalmente associado a disputas
de poder. Uma guerra de secessão é uma que implica que um grupo inicia
hostilidades contra o governo central para deixar de fazer parte daquele país.
Uma guerra de agressão é de um país contra o outro para anexá-lo ou obter
vantagens sobre ele.
O início da guerra foi de muito otimismo nos dois lados. Ambos acreditavam
que a guerra seria rápida e sem muitos danos e custos. Este seria um
tremendo erro de cálculo estratégico. Durando mais de 4 anos, a guerra teria
um efeito desastroso tanto em termos humanos quanto econômico para os
Estados Unidos.
O norte possuía claras vantagens sobre o sul: tinha mais de quatro vezes o
número de pessoas aptas para servir militarmente que o Sul – que não alistaria
de fato os escravos – abrigava a maior parte do parque industrial americano e
milhares de quilômetros de estradas de ferro – o que muito facilitava a
locomoção das tropas. Também possuía um número maior de navios. O sul,
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guerra, o sul manteve totalmente o direito de expressão. Isso resultou em
críticas ferozes de jornais que diminuíam o moral das tropas e da sociedade
civil.
FERNANDES, Luiz; MORAIS, Marcus V. de. “A ‘casa dividida’ e a guerra de secessão”. In:
10
KARNAL, Leandro. História dos Estados Unidos. São Paulo: Editora Contexto, 2011, p. 133.
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A respeito da história norte-americana no século XIX, julgue (C ou E) os itens que se
seguem.
Resposta: Errada
Resposta: Correta
Resposta: Errada
Resposta: Correta
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Para a geração dos “pais fundadores”, a expansão dos Estados Unidos da América
para o oeste abria a possibilidade de realizar uma utopia espacial grandiosa. Na visão
de Thomas Jefferson, os EUA tinham uma oportunidade sem precedentes de evitar o
declínio das velhas sociedades europeias, na medida em que o seu desenvolvimento
se realizasse no espaço e não precipuamente no tempo.
Jürgen Osterhammel. Die Verwandlung der Welt. Eine Geschichte des 19.
Jahrhunderts. München: CH Beck, 2011, p. 479 (traduzido e adaptado).
Resposta: Errada
Resposta: Errada
Comentário: Até a palavra “Texas” está tudo correto. A afirmação que se segue é
que é errônea. O Estados Unidos não se tornaram nem a maior potência econômica
nem militar durante o século XIX. Somente no século XX é que eles se tornariam a
maior potência do Ocidente, particularmente depois da Segunda Guerra Mundial.
Resposta: Errada
Resposta: Correta
Comentários: a. Um dos grandes erros do Reino Unido foi tentar controlar a sua
colônia americana pela força quando esta já havia alcançado um grau de
complexidade bastante grande. Tentar sufocar suas iniciativas econômicas e aumentar
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o controle econômico pelo fortalecimento da Companhia das Índias Ocidentais são,
sim, um dos pontos mais críticos do relacionamento. Alternativa correta.
b. As questões sobre o chá e o selo foram quanto à tentativa da Coroa inglesa de taxá-
los, o que os tornaria mais restritos. Além disto, tratava-se de uma tentativa de
controlar as exportações da colônia, e não de expandi-las.
c. A expansão para o oeste só seria discutida no século XIX, bem como a escravidão
não era alvo dos interesses britânicos naquele momento.
d. Em verdade, os ingleses optaram por restringir o comércio colonial, fortalecendo a
Companhia das Índias Ocidentais. O fechamento do porto de Boston a algumas nações
foi um dos símbolos desta nova política.
e. Queria-se impor fortes sanções contra a produção doméstica de açúcar. Bem como,
os ingleses venceram a Guerra dos Sete Anos.
Gabarito: ALTERNATIVA A.
(FUVEST) “O puritanismo era uma teoria política quase tanto quanto uma
doutrina religiosa. Por isso, mal tinham desembarcado naquela costa inóspita, (...)
o primeiro cuidado dos imigrantes (puritanos) foi o de se organizar em sociedade”.
Esta passagem de A DEMOCRACIA NA AMÉRICA, de A. de Tocqueville, diz
respeito à tentativa:
a) malograda dos puritanos franceses de fundarem no Brasil uma nova sociedade, a
chamada França Antártida.
b) malograda dos puritanos franceses de fundarem uma nova sociedade no Canadá.
c) bem-sucedida dos puritanos ingleses de fundarem uma nova sociedade no Sul dos
Estados Unidos.
d) bem-sucedida dos puritanos ingleses de fundarem uma nova sociedade no Norte dos
Estados Unidos, na chamada Nova Inglaterra.
e) bem-sucedida dos puritanos ingleses, responsáveis pela criação de todas as colônias
inglesas na América.
(PUC-PR) O chá veio da China e atingiu a Europa no início do século XVII com o
primeiro carregamento chegando a Amsterdã em 1609. A partir do século XVIII, a
Inglaterra torna-se o principal importador de chá da Europa. Nesse mesmo
período, o chá consistiu em importante bebida da população dos Estados Unidos
da América, ainda colônia inglesa. A partir desse contexto, marque a alternativa
CORRETA:
a) Esse período é marcado pela questão dos impostos, especialmente a aprovação, em
1773, do imposto inglês sobre o chá, produto importado e muito consumido pelos
colonos.
b) Em meados do século XVIII, fortaleceram-se as relações entre colonos norte-
americanos e a sua metrópole inglesa, especialmente com o apoio dos colonos contra os
invasores espanhóis.
c) Além do imposto sobre o chá, o Parlamento inglês aprovou também o imposto sobre
o açúcar. No entanto, essa lei não foi tão grave, pois esse produto não era importante
para os Estados Unidos, que, nessa época, quase não consumiam açúcar.
d) A Lei do Chá está relacionada ao episódio em que colonos ingleses, vestidos de
índios, jogaram um carregamento de chá no mar, no porto de Boston. Esse incidente
radical levou a Inglaterra a reconhecer a independência dos Estados Unidos.
e) Os conflitos entre Inglaterra e França (Guerra dos Sete Anos - 1756-1763) estão
relacionados diretamente à 'Guerra de Secessão' norte-americana.
(Fatec) No caso da história americana, um dos eventos mais retratados pela memória
social é, sem dúvida, a chamada Marcha para o Oeste. Mesmo antes do surgimento
do cinema, esses temas já faziam parte das imagens da história americana. A
fronteira foi um tema constante dos pintores do século XIX. A imagem das caravanas
de colonos e peregrinos, da corrida do ouro, dos cowboys, das estradas de ferro
cruzando os desertos, dos ataques dos índios marcam a arte, a fotografia e também a
cinematografia americana. (CARVALHO, Mariza Soares de. In:
http://www.historia.uff.br/primeirosescritos/files/pe02- 2.pdf, acessado em
29.08.2009)
Entre os fatores que motivaram e favoreceram a Marcha para o Oeste está:
a) a possibilidade de as famílias de colonos tornarem-se proprietárias, o que também
atraiu imigrantes europeus.
b) o desejo de fugir da região litorânea afundada em guerras com tribos indígenas
fixadas ali desde o período da colonização.
c) a beleza das paisagens americanas, o que atraiu muitos pintores e fotógrafos para
aquela região.
d) o avanço da indústria cinematográfica, que encontrou no Oeste o lugar perfeito para a
realização de seus filmes.
e) a existência de terras férteis que incentivaram a ida, para o Oeste, de agricultores que
buscavam ampliar suas plantações de algodão.
(UFF 2009)
“Todos os homens foram criados iguais e são dotados de certos direitos
inalienáveis, dentre os quais estão a Vida, a Liberdade e a Busca da Felicidade”.
A Declaração de Independência dos Estados Unidos foi marco de um processo que
apontou para grandes transformações; com ela rompia-se o domínio colonial
europeu sobre o continente americano. Entretanto, não assistimos só a rupturas,
mas também a continuidades na separação das colônias inglesas e na
formação estadunidense. Sobre tal processo, pode-se afirmar que:
I. embora baseada nos ideais liberais de igualdade e liberdade, a legislação
americana, à época da independência, por mais que garantisse a liberdade de
religião, de expressão e de reunião, construiu uma soberania popular restrita, a
partir de um sistema eleitoral censitário, que beneficiava os proprietários;
II. a Constituição de 1787 reforçava o poder central e equilibrava as disparidades
entre os estados, através do Congresso bicameral – o Senado e a Câmara de
Representantes – e do papel atribuído à Suprema Corte, construindo um sistema
inteiramente novo;
III. os ideais liberais da Revolução Americana definem-se pela defesa intransigente
da liberdade econômica e pela renúncia a qualquer tipo de protecionismo,
resultando na dominação dos setores do Norte, de forte tradição comercial e pela
necessidade de importação dos bens produzidos pela indústria
inglesa, contrariando os interesses dos proprietários sulistas, que buscavam
fortalecer a sua economia, para abastecer o mercado interno;
IV. a manutenção da escravidão, uma das grandes heranças do período colonial,
visava a atender os interesses dos proprietários rurais da região sul, bem como dos
comerciantes de almas, inclusive retirando-se da redação final da Declaração de
Independência o trecho que criticava a propriedade escrava.
Assinale a opção correta.
a) A afirmativa I está correta.
b) As afirmativas I, II e III estão corretas.
c) As afirmativas I, II e IV estão corretas.
d) As afirmativas I, III e IV estão corretas.
e) As afirmativas II, III e IV estão corretas.
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b) I e III
c) II e IV
d) I, II e III
e) I, II e IV
Comentários: a. Os resultados foram muito ruins para os estados sulistas, que já tinha
sua aristocracia rural antes da guerra.
b. A vitória do norte conseguiu selar a unificação territorial sob a federação; bem
como a vitória do sistema capitalista industrial sobre a plantation sulista. Apesar de ser
exagerado falar na transformação dos EUA numa potência, a alternativa está correta.
c. A anexação do Texas foi consequência da guerra americana contra o México.
d. O tráfico negreiro para os Estados Unidos já havia sido abolido antes da guerra
civil.
e. A escravidão foi abolida em todo território americano pela 13ª emenda à
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Constituição.
Gabarito: ALTERNATIVA B
Gabarito: ALTERNATIVA C.
(UFV) "Os Estados Confederados podem adquirir novo território. [...] Em todos
esses territórios, a instituição da escravidão negra, tal como ora existe nos Estados
Confederados, será reconhecida e protegida pelo Congresso e pelo governo
territorial; e os habitantes dos vários Estados Confederados e Territórios terão o
direito de levar para esse território quaisquer escravos legalmente possuídos por
eles em quaisquer Estados ou Territórios dos Estados Confederados [...]."
("Constituição dos Estados Confederados da América", Art. IV, seção 3, 1861.)
O texto acima reflete um dos pontos centrais de discórdia que geraram a Guerra
Civil Americana. Esta guerra civil foi o resultado:
a) da ação imperialista americana que, a partir da Doutrina Monroe, passou a intervir na
América Latina.
b) da luta entre os colonos e a Metrópole Inglesa, o que redundaria na independência
dos Estados Unidos.
c) da Grande Depressão, intensificando a pobreza e o desemprego nas grandes cidades
americanas.
d) da luta pelos direitos civis, particularmente dos negros, forçando uma reinterpretação
da Constituição Americana.
e) da oposição dos interesses dos Estados do Sul e do Norte em torno da questão da
escravidão e da expansão para o Oeste.
Comentários: a. A Guerra de Secessão foi uma questão intestina dos Estados Unidos, e
não uma contradição com a região.
b. A independência americana foi consolidada em 1776; ou seja, um século antes da
guerra civil.
c. A Grande Depressão corresponde, grosso modo, à década de 1930. Isto é,
completamente fora do período em tela.
d. A luta pelos direitos civis nos Estados Unidos foi uma reação contra o sistema de
segregação racial erigido no Sul como uma reação à derrota na Guerra de Secessão.
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Para a geração dos “pais fundadores”, a expansão dos Estados Unidos da América para
o oeste abria a possibilidade de realizar uma utopia espacial grandiosa. Na visão de
Thomas Jefferson, os EUA tinham uma oportunidade sem precedentes de evitar o
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declínio das velhas sociedades europeias, na medida em que o seu desenvolvimento se
realizasse no espaço e não precipuamente no tempo.
Jürgen Osterhammel. Die Verwandlung der Welt. Eine Geschichte des 19.
Jahrhunderts. München: CH Beck, 2011, p. 479 (traduzido e adaptado).
A propósito do tema abordado no texto precedente, julgue (C ou E) os itens seguintes.
(FUVEST) “O puritanismo era uma teoria política quase tanto quanto uma
doutrina religiosa. Por isso, mal tinham desembarcado naquela costa inóspita, (...)
o primeiro cuidado dos imigrantes (puritanos) foi o de se organizar em sociedade”.
Esta passagem de A DEMOCRACIA NA AMÉRICA, de A. de Tocqueville, diz
respeito à tentativa:
a) malograda dos puritanos franceses de fundarem no Brasil uma nova sociedade, a
chamada França Antártida.
b) malograda dos puritanos franceses de fundarem uma nova sociedade no Canadá.
c) bem-sucedida dos puritanos ingleses de fundarem uma nova sociedade no Sul dos
Estados Unidos.
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d) bem-sucedida dos puritanos ingleses de fundarem uma nova sociedade no Norte dos
Estados Unidos, na chamada Nova Inglaterra.
e) bem-sucedida dos puritanos ingleses, responsáveis pela criação de todas as colônias
inglesas na América.
(PUC-PR) O chá veio da China e atingiu a Europa no início do século XVII com o
primeiro carregamento chegando a Amsterdã em 1609. A partir do século XVIII, a
Inglaterra torna-se o principal importador de chá da Europa. Nesse mesmo
período, o chá consistiu em importante bebida da população dos Estados Unidos
da América, ainda colônia inglesa. A partir desse contexto, marque a alternativa
CORRETA:
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a) Esse período é marcado pela questão dos impostos, especialmente a aprovação, em
1773, do imposto inglês sobre o chá, produto importado e muito consumido pelos
colonos.
b) Em meados do século XVIII, fortaleceram-se as relações entre colonos norte-
americanos e a sua metrópole inglesa, especialmente com o apoio dos colonos contra os
invasores espanhóis.
c) Além do imposto sobre o chá, o Parlamento inglês aprovou também o imposto sobre
o açúcar. No entanto, essa lei não foi tão grave, pois esse produto não era importante
para os Estados Unidos, que, nessa época, quase não consumiam açúcar.
d) A Lei do Chá está relacionada ao episódio em que colonos ingleses, vestidos de
índios, jogaram um carregamento de chá no mar, no porto de Boston. Esse incidente
radical levou a Inglaterra a reconhecer a independência dos Estados Unidos.
e) Os conflitos entre Inglaterra e França (Guerra dos Sete Anos - 1756-1763) estão
relacionados diretamente à 'Guerra de Secessão' norte-americana.
(Fatec) No caso da história americana, um dos eventos mais retratados pela memória
social é, sem dúvida, a chamada Marcha para o Oeste. Mesmo antes do surgimento
do cinema, esses temas já faziam parte das imagens da história americana. A
fronteira foi um tema constante dos pintores do século XIX. A imagem das caravanas
de colonos e peregrinos, da corrida do ouro, dos cowboys, das estradas de ferro
cruzando os desertos, dos ataques dos índios marcam a arte, a fotografia e também a
cinematografia americana. (CARVALHO, Mariza Soares de. In:
http://www.historia.uff.br/primeirosescritos/files/pe02- 2.pdf, acessado em
29.08.2009)
Entre os fatores que motivaram e favoreceram a Marcha para o Oeste está:
a) a possibilidade de as famílias de colonos tornarem-se proprietárias, o que também
atraiu imigrantes europeus.
b) o desejo de fugir da região litorânea afundada em guerras com tribos indígenas
fixadas ali desde o período da colonização.
c) a beleza das paisagens americanas, o que atraiu muitos pintores e fotógrafos para
aquela região.
d) o avanço da indústria cinematográfica, que encontrou no Oeste o lugar perfeito para a
realização de seus filmes.
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e) a existência de terras férteis que incentivaram a ida, para o Oeste, de agricultores que
buscavam ampliar suas plantações de algodão.
(UFF 2009)
“Todos os homens foram criados iguais e são dotados de certos direitos
inalienáveis, dentre os quais estão a Vida, a Liberdade e a Busca da Felicidade”.
A Declaração de Independência dos Estados Unidos foi marco de um processo que
apontou para grandes transformações; com ela rompia-se o domínio colonial
europeu sobre o continente americano. Entretanto, não assistimos só a rupturas,
mas também a continuidades na separação das colônias inglesas e na
formação estadunidense. Sobre tal processo, pode-se afirmar que:
I. embora baseada nos ideais liberais de igualdade e liberdade, a legislação
americana, à época da independência, por mais que garantisse a liberdade de
religião, de expressão e de reunião, construiu uma soberania popular restrita, a
partir de um sistema eleitoral censitário, que beneficiava os proprietários;
II. a Constituição de 1787 reforçava o poder central e equilibrava as disparidades
entre os estados, através do Congresso bicameral – o Senado e a Câmara de
Representantes – e do papel atribuído à Suprema Corte, construindo um sistema
inteiramente novo;
III. os ideais liberais da Revolução Americana definem-se pela defesa intransigente
da liberdade econômica e pela renúncia a qualquer tipo de protecionismo,
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resultando na dominação dos setores do Norte, de forte tradição comercial e pela
necessidade de importação dos bens produzidos pela indústria
inglesa, contrariando os interesses dos proprietários sulistas, que buscavam
fortalecer a sua economia, para abastecer o mercado interno;
IV. a manutenção da escravidão, uma das grandes heranças do período colonial,
visava a atender os interesses dos proprietários rurais da região sul, bem como dos
comerciantes de almas, inclusive retirando-se da redação final da Declaração de
Independência o trecho que criticava a propriedade escrava.
Assinale a opção correta.
a) A afirmativa I está correta.
b) As afirmativas I, II e III estão corretas.
c) As afirmativas I, II e IV estão corretas.
d) As afirmativas I, III e IV estão corretas.
e) As afirmativas II, III e IV estão corretas.
e) I, II e IV
Sul.
b) O aguçamento das contradições gerado pela conquista do Oeste, quando surgiram
novos estados.
c) O desequilíbrio da balança comercial americana provocado pela crise no sistema de
transportes de mercadorias do Norte para o Sul.
d) O grande obstáculo à ampliação do mercado consumidor representado pela
permanência da estrutura escravista.
e) Os profundos contrastes econômicos entre o norte industrial e o sul agroexportador.
(UFV) "Os Estados Confederados podem adquirir novo território. [...] Em todos
esses territórios, a instituição da escravidão negra, tal como ora existe nos Estados
Confederados, será reconhecida e protegida pelo Congresso e pelo governo
territorial; e os habitantes dos vários Estados Confederados e Territórios terão o
direito de levar para esse território quaisquer escravos legalmente possuídos por
eles em quaisquer Estados ou Territórios dos Estados Confederados [...]."
("Constituição dos Estados Confederados da América", Art. IV, seção 3, 1861.)
O texto acima reflete um dos pontos centrais de discórdia que geraram a Guerra
Civil Americana. Esta guerra civil foi o resultado:
a) da ação imperialista americana que, a partir da Doutrina Monroe, passou a intervir na
América Latina.
b) da luta entre os colonos e a Metrópole Inglesa, o que redundaria na independência
dos Estados Unidos.
c) da Grande Depressão, intensificando a pobreza e o desemprego nas grandes cidades
americanas.
d) da luta pelos direitos civis, particularmente dos negros, forçando uma reinterpretação
da Constituição Americana.
e) da oposição dos interesses dos Estados do Sul e do Norte em torno da questão da
escravidão e da expansão para o Oeste.
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Prof Diogo D’angelo e Prof Pedro Soares
Gabaritos
(FUVEST) “O puritanismo era uma teoria política quase tanto quanto uma
doutrina religiosa. Por isso, mal tinham desembarcado naquela costa inóspita, (...)
o primeiro cuidado dos imigrantes (puritanos) foi o de se organizar em sociedade”.
ALTERNATIVA D
(PUC-PR) O chá veio da China e atingiu a Europa no início do século XVII com o
primeiro carregamento chegando a Amsterdã em 1609. A partir do século XVIII, a
Inglaterra torna-se o principal importador de chá da Europa. Nesse mesmo
período, o chá consistiu em importante bebida da população dos Estados Unidos
da América, ainda colônia inglesa. A partir desse contexto, marque a alternativa
CORRETA:
ALTERNATIVA A
(Fatec) No caso da história americana, um dos eventos mais retratados pela memória
social é, sem dúvida, a chamada Marcha para o Oeste. Mesmo antes do surgimento
do cinema, esses temas já faziam parte das imagens da história americana. A
fronteira foi um tema constante dos pintores do século XIX. A imagem das caravanas
de colonos e peregrinos, da corrida do ouro, dos cowboys, das estradas de ferro
cruzando os desertos, dos ataques dos índios marcam a arte, a fotografia e também a
cinematografia americana. (CARVALHO, Mariza Soares de. In:
http://www.historia.uff.br/primeirosescritos/files/pe02- 2.pdf, acessado em
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29.08.2009)
ALTERNATIVA A
(UFF 2009)
“Todos os homens foram criados iguais e são dotados de certos direitos
inalienáveis, dentre os quais estão a Vida, a Liberdade e a Busca da Felicidade”.
ALTERNATIVA C
democracias mais antigas, houve uma época em que somente a guerra podia
superar os antagonismos políticos."
ALTERNATIVA A
(UFV) "Os Estados Confederados podem adquirir novo território. [...] Em todos
esses territórios, a instituição da escravidão negra, tal como ora existe nos Estados
Confederados, será reconhecida e protegida pelo Congresso e pelo governo
territorial; e os habitantes dos vários Estados Confederados e Territórios terão o
direito de levar para esse território quaisquer escravos legalmente possuídos por
eles em quaisquer Estados ou Territórios dos Estados Confederados [...]."
ALTERNATIVA E
Referências Bibliográficas
Apresentação
O ano da queda de Granada também foi marcado por outro ato que seria
crucial para a potencialização das Grandes Navegações e para a hegemonia
internacional europeia nos séculos seguintes: a chegada das embarcações
espanholas à costa caribenha. Em 1492, o navegador genovês Cristóvão
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Colombo, após conseguir convencer à rainha Isabel de Castela a financiá-lo em
uma longa expedição marítima que buscava abrir novas rotas comerciais rumo
à Ásia partindo de Castela, encontrou outras rotas não esperadas, que o levou
ao então desconhecido continente americano.
Carlos III, e mais tarde seu filho Carlos IV, empreendeu um amplo esforço de
modernizações políticas e econômicas ao Império, com vistas a reintroduzi-lo
entre os grandes protagonistas da política europeia, e que ficaram conhecidas
como as Reformas Bourbônicas. As reformas tinham como meta refortalecer as
estruturas bases que alçaram o Império espanhol à hegemonia europeia no início
do século XVI, porém, para tanto, solapou, ou reformou radicalmente,
determinadas instituições e políticas já tradicionais do império. Em suma, as
reformas trataram de elevar a arrecadação imperial, modificar o exclusivo
metropolitano, aumentando o número de portos coloniais que poderiam
comercializar com a metrópole, e tornar mais forte a presença do reino sobre as
colônias. Se por um lado as reformas empreendidas pelos Bourbon visavam
modernizar internamente o reino, por outro prejudicava em todas as suas frentes
a autonomia recentemente adquirida pelas colônias e por suas elites criollas, que
começavam a angariar postos sociais até então enublados por sua origem não
peninsular.
Napoleão, por sua vez, percebia na Espanha uma aliada natural (tanto por
sua rivalidade histórica quanto por sua posição geográfica) em uma possível
invasão de Portugal, ideia então em gestação. Ocorria que D. João VI, príncipe
regente de Portugal, permanecia neutro quanto à política do Bloqueio
Continental, em revelia às inúmeras cartas e intimados expedidos pelo governo
de Paris em exigência de uma tomada de posição. Portugal era um histórico
aliado político e econômico dos ingleses na Europa continental, e a possibilidade
de rompimento com seus aliados britânicos causava a inércia do príncipe.
O fato é que Fernando VII assumira como o novo rei de Espanha em março
de 1808, no entanto, seu reinado duraria aproximadamente três meses.
Fernando VII fora mais uma peça no intricado jogo político de Napoleão, o qual
demonstrara mais de uma vez uma astuta e fria capacidade de calcular medidas
cujos fins poderiam resultar em maior prestígio e poder para o seu Império.
Assim o fez também na Espanha. Entre maio e junho de 1808, com o apoio das
tropas francesas presentes em Espanha e Portugal e se aproveitando do
afastamento momentâneo do grosso das tropas espanholas, que se
encontravam espalhadas em diferentes frentes de batalha Europa a fora em
parceria com as tropas francesas, Napoleão aprisionou Fernando VII, o qual foi
mantido em cárcere na França até 1812, e em seu lugar coroou a seu irmão mais
velho, José Bonaparte, como o rei de Espanha.
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2.2 A Guerra de Independência espanhola e a Junta de Cádiz: a guerra se
espalha pelo reino
O desfecho das lutas entre realistas e revolucionários foi facilitado graças aos
acontecimentos internos ao próprio reino. Após ter rasgado a Constituição de
1812 e ter iniciado uma forte perseguição aos seus adversários liberais,
Fernando VII passou a lidar com intensas manifestações opositoras dentro de
seu próprio país, muitas das quais sob inspiração republicana. Em 1820, após a
revolta de Riego, o rei se viu forçado a se afastar da vida política, situação que
perdurou até 1823, conformando o chamado Triênio Liberal, que foi sufocado por
uma ação conjunta da Santa Aliança, sob liderança francesa, que permitiu o
retorno do rei ao trono em 1823. O fato é que os anos do Triênio liberal
permitiram às tropas revolucionárias contraporem os seus adversários
espanhóis nas guerras travadas nas colônias.
Fernando VII, entre 1823 e 1825, após ter retornado ao trono espanhol graças
a uma intervenção militar da Santa Aliança, ainda tentou angariar o apoio da
mesma para a contenção das guerras de independência. Todavia, a recusa
britânica ao pedido do monarca foi decisiva para o não envolvimento europeu
nas lutas na América. Os ingleses foram, aliás, os grandes panfletários das
novas nações americanas, buscando o seu reconhecimento diplomático em toda
a Europa. Não obstante, por décadas a monarquia espanhola se recusou a
reconhecer a independência das novas nações, vindo a fazê-lo somente a partir
de 1850. Não por um acaso, pois com a perda de seus vastos territórios
coloniais, os espanhóis perderam grande parte de seu faturamento interno,
decaindo nos anos seguintes ao posto de potência de segunda classe.
2
HALPERIN DONGHI,Tulio. Historia Contemporánea de América Latina. Madrid: Alianza
Editorial, 2010, pág. 135. Tradução livre: “Em 1825 terminava a guerra de Independência, que
deixava em toda a América espanhola um legado nada leviano: ruptura das estruturas
coloniais, consequência, por sua vez, de uma transformação profunda dos sistemas mercantis,
da perseguição dos grupos mais vinculados à antiga metrópole, que haviam dominado estes
sistemas, da militarização que obrigava ao compartilhamento do poder entre grupos antes
alheios a ele (...)”.
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dinásticas europeias e/ou com base nas dinastias pré-colombianas, como a inca)
teve certa influência durante a Primeira Guerra de Independência, perdendo
força a partir de 1817 para o republicanismo, graças, principalmente, às ideias
republicanas de Simon Bolívar. San Martín, por sua vez, encarnava um dos
poucos defensores do monarquismo, no entanto, após o seu autoexílio em 1822,
o ideário bolivariano ganhou destaque e permeou todo o restante do conflito, se
alongando após o seu término.
Outro modelo republicano utilizado como inspiração por parte das elites
criollas foi o francês, mais exatamente aquele experimentado durante a I
República francesa a partir da Convenção Nacional. O modelo francês, que
durante o jacobinismo foi inspirado no princípio da Vontade geral de Rousseau,
tinha como marca central o sufrágio universal masculino e a centralidade das
funções legislativa e executiva em torno de uma Assembleia geral nacional. Nisto
residia a principal diferença entre o modelo republicano francês e o
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estadunidense, uma vez que em França o Poder executivo nacional (segundo a
tripartição de Montesquieu, adotada em ambas nações), ao mesmo tempo
Legislativo nacional, concentrava enorme poder de ação frente às demais
províncias do reino, ausentes de representações políticas locais.
Bolívar tinha por meta fincar bases para a criação de uma unidade de países
hispano-americanos em toda a América, cujas relações se dariam em torno da
paz e da cooperação pan-americana. Deste modo, o objetivo final de Bolívar
seria levar à criação de um grande país hispano-americano que pudesse garantir
as independências recém-conquistadas e fazer frente à hegemonia continental
dos Estados Unidos e do Império do Brasil, bem como a uma tentativa
recolonizadora da região por parte de Espanha e de seus aliados europeus.
A emancipação política dos novos Estados foi conquistada com base na força
militar das elites criollas e de parte dos peninsulares com interesses locais. Do
mesmo modo, estes mesmos criollos permaneceram à frente da hierarquia
social, política e econômica de suas nações após as independências, cabendo
a eles as discussões fundamentais em torno de como seriam os novos países,
desde o seu modelo político até a sua matriz econômica.
Do ponto de vista político, as jovens nações logo se viram divididas entre dois
grupos de interesses distintos, os federalistas e os unitaristas. O primeiro grupo
defendia a constituição de Estados baseados na existência de governos centrais
mínimos, garantidores da autonomia de suas províncias (ou Estados, como no
caso da Grã-Colômbia). Já o segundo grupo, os unitaristas (ou centralistas, a
depender do país), defendiam a formação de Estados centralizados em torno de
um governo unitário nacional.
O unitarismo, por sua vez, foi alavancado por elites criollas (e também
caudilhas) mais ligadas às atividades mercantis, geralmente localizadas em
áreas mais cosmopolitas, próximas ou não aos grandes portos e zonas
extrativistas que se destacavam ao longo do continente. A atividade mercantil,
em ritmo de crescimento desde o início do século XIX, cooperou com o
enriquecimento destas zonas mercantis/extrativistas e de suas elites, e sua
concretização se baseava na centralidade de poder em torno das cidades ali
presentes, de modo a garantir a manutenção da prosperidade local.
Entre 1810 e 1910 o México, país localizado no coração do antigo Vice Reino
de Nova Espanha na América Central, partindo da Península de Yucatán em
direção da América do Norte, vivenciou um dos mais turbulentos contextos pós-
independência de toda a América Latina.
Hidalgo foi substituído pelo também sacerdote José María Morelos y Pavón,
responsável pela reorganização das tropas populares e pela iniciativa de isolar
a Cidade do México do restante das províncias, objetivo conquistado por poucos
meses, os quais, no entanto, foram muito frutíferos. Morelos, durante o cerco,
conseguira reunir membros de todas as províncias em torno de um Congresso
independente, de onde se originou a declaração de independência mexicana, de
6 de novembro de 1813. Ocorre que as tropas espanholas (já entendidas como
realistas) conseguiram romper o cerco e retomaram boa parte dos territórios
insurgentes, levando os congressistas e suas tropas a se retirarem para o interior
do país, sob a liderança do generalíssimo Morelos. Em 1814, Morelos e os
demais congressistas aprovaram e juraram a constituição nacional, que, no
entanto, permaneceria inapta por muitos anos, pois em 1815, após uma batalha
fracassada contra tropas realistas, Morelos e os congressistas foram presos, e
o primeiro também fuzilado, assim como Hidalgo.
Victoria e Guerrero lideraram não guerras abertas, como até então fora feito,
mas sim guerras de guerrilhas e localizações estratégicas, uma vez que as
tropas populares se encontravam sensivelmente diminuídas e enfraquecidas,
sobretudo após muitos populares aceitarem o indulto concedido pelo Vice-Rei
Juan Ruíz. Certo da vitória realista, Juan enviou para derrotar, de forma
definitiva, aos dois líderes independentistas o também criollo e fiel súdito de Sua
majestade, Agustín de Iturbide. Caudilho astuto e católico fervoroso, Iturbide
combatera todos os líderes revolucionários desde 1810, vencendo e matando
muitos destes. No entanto, guardava (ou projetou) internamente o desejo de
colaborar com a formação de um México independente, onde pudesse ter maior
ascensão social e política. Seu ímpeto somente emergiu quando das primeiras
batalhas travadas contra as tropas de Victoria e Guerrero, entre 1820 e 1821.
Seu envio à frente de batalha coincidiu com o golpe de Estado liberal em
Espanha, o qual forçou Fernando VII a aceitar a Constituição de 1812 e a se
retirar do poder (na prática, o rei fora aprisionado pelos liberais até 1823, ano de
sua reação). Iturbide percebeu que este seria o momento ideal para a derrocada
das forças realistas, que já se encontravam com a vitória definitiva praticamente
em mãos. Ele e os outros dois caudilhos revolucionários se encontraram em
campo de batalha e firmaram um pacto de ajuda mútua, que daria origem ao
“Pacto de Iguala”, firmado pelos três em 24 de fevereiro de 1821.
O Pacto de Iguala determinava que o novo país seria regido por um monarca
oriundo, prioritariamente, de alguma casa dinástica europeia ou, em última
instância, dentre os próprios criollos mexicanos. Além disto, firmava que criollos
e peninsulares tornar-se-iam iguais em direitos sob a nova constituição (o que
não significava iguais ao restante da população) e que as suas terras
permaneceriam privadas. Ainda, a religião católica continuaria sendo a fé oficial
do Estado mexicano. Satisfeitas as lideranças, Iturbide tornou-se então o líder
do exército revolucionário (engrossado por populares convocados em todas as
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províncias), chamado de “Exército das Três Garantias”, e a sua frente marchou
até a Cidade do México, onde forçou a abdicação do Vice-Rei, que, antes de sua
retirada, assinou com Iturbide o “Tratado de Córdoba”, pelo qual se reconhecia
a independência do México. O Pacto de Iguala, por conta de suas brechas,
permitia que algum criollo reivindicasse o trono do novo país, o que fora feito,
por meios militares, pelo próprio Iturbide, o qual forçou o Congresso constituinte,
a partir de ameaças, a reconhecê-lo como rei, o que veio a acontecer em 19 de
maio de 1822. Iturbide foi coroado como Agustín I, sob o título de Imperador do
México.
Juarez voltou à presidência mexicana, cargo que ocupou por apenas um ano.
Em 1862, devido às constantes guerras travadas em solo mexicano, a economia
do país se viu solapada, evitando, portanto, o pagamento da dívida externa
mexicana com os credores franceses, ingleses e espanhóis. Napoleão III, em
sua desastrosa política de hegemonia francesa no continente americano (algo
que buscava atender os seus interesses frente à Grã-Bretanha e sua liderança
global), invadiu o México em 1862 com o apoio de opositores de Juarez.
Conseguiu que o príncipe Maximiliano de Habsburgo, irmão do Imperador
Fernando José I da Áustria e primo de D. Pedro II do Brasil, aceitasse assumir a
coroa do Império mexicano restaurado. Deste modo, Napoleão buscava tornar o
México um território satélite dos interesses franceses no coração da América (e
ao lado dos Estados Unidos). Tornou Maximiliano I, Imperador do México.
3
Tradução livre: “Pobre México. Tão longe de Deus, tão perto dos Estados Unidos”.
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O conflito arquitetado por Madero logo tomou todo o norte do México, para
onde ele se dirigiu com o apoio militar norte-americano. Do norte, as tropas
revolucionárias se dirigiram para o sul, rumo à Ciudad Juárez (atual Chihuahua),
onde enfrentaram as tropas porfiristas, derrotando-as após uma sangrenta
batalha. Percebendo a animosidade de seus opositores, Porfírio Díaz se
convenceu de que uma invasão à capital seria inevitável, terminado por renunciar
ao governo e buscar asilo político na França.
Resposta: Errada
Comentário: O processo revolucionário pode ser entendido como uma conjunção de
fatores externos (guerras napoleônicas e invasão francesa à Espanha) e fatores internos
(conflitos sociais entre criollos e peninsulares/ busca por autonomia local, etc), e não
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unicamente como a consequências das revoluções europeias (que apenas abriram o
caminho para as independências).
Resposta: Errada
Comentário: Duplo erro: primeiramente, Bolívar lutou no Cone Norte, e não no Sul, e
segundo, cria na ideia de um grande Estado hispano-americano centralizado.
Resposta: Errada
Comentário: Não houve “amplo êxito” na Primavera dos povos, ao menos não de forma
imediata, por conta da forte reação dos Impérios centrais. Sua semente sobreviveu em
meio à ideologia revolucionária que prosperaria na Segunda metade do XIX.
Resposta: Correta
Comentário: Corretíssimo! Em 1820, ano do estouro liberal em Espanha, em muitas
regiões da América Latina as guerras começavam a se reverter contra os revolucionários,
o que estancou com a paralização da monarquia absolutista espanhola.
Resposta: Errada
Comentário: Por boa parte do Século XIX a Inglaterra (principalmente) lutou pela
pacificação do continente e pela abertura de portos e veios de rios, garantindo assim o
livre-comércio e a livre-navegação pelo interior do continente, e o motivo era justamente
a crença de que o interior representaria um bom mercado consumidor para seus produtos.
Já a segunda metade do XIX representou a forte presença inglesa no continente, logo, a
inserção latino-americana no capitalismo internacional.
Resposta: Errado
Comentário: A questão é bastante factual (e aí se encontra o erro). O PRI foi
originalmente criado como Partido Nacional Revolucionário (PNR) em 1929, por
Plutarco Elías Calles, após o fim da Guerra cristera. O PRI reinou soberano entre 1929 e
1989, ano em que começou o seu declínio.
Resposta: Certo
Comentário: Exato! O Porfiriato, como vimos, foi marco pela modernização da
infraestrutura pública mexicana e pela entrada de capitais externos no país (especialmente
norte-americano), em compensação, além da perseguição política aos desafetos de
Porfírio Díaz, a questão da posse da terra se tornou ainda mais problemática com a Lei de
Baldios e o fim dos pueblos.
Resposta: Errado
Comentário: Em 1911, tornou-se presidente Francisco Madero, após a queda de Díaz.
Pancho Villa jamais foi eleito presidente.
Resposta: Certo
Comentário: A Constituição de 1917, apesar de inúmeras reformas sofridas desde a sua
promulgação, permanece como a Carta constituinte mexicana até os dias atuais.
Resposta: Certo
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Comentário: O Chile, assim como outros países da região, também sofreu com as lutas
entre federalistas e centralistas (ainda que tenha resolvido a questão mais cedo do que
seus vizinhos).
Resposta: Errado
Comentário: Questão bastante factual. O processo, na realidade, iniciou-se em 1819,
com Venezuela e Nova Granada, já me 1821 ocorreu a entrada do Panamá e em 1822 da
Venezuela. Porém, de fato, após a morte de Bolívar em 1830, foi uma questão de tempo
a desintegração da Grã Colômbia, convulsionada pela disputada entre federalistas e
centralistas.
( ) A independência dos EUA (1776), que antecedeu a dos demais países americanos,
costuma ser apontada pela historiografia como fonte inspiradora para o discurso dos
movimentos separatistas ibero-americanos, principalmente em razão dos ideais de
igualdade, liberdade e respeito aos direitos dos indivíduos.
Resposta: Certo
Comentário: A independência dos EUA, de fato, tornou-se um paradigma para as jovens
nações latino-americanas, que dela retiraram a sua inspiração na luta contra Espanha, bem
como para a formação dos novos Estados independentes.
Resposta: Errado
Comentário: Primeiramente, a independência definitiva em 1816 não se deve às invasões
napoleônicas (que já estavam finalizadas), mas sim à fatores internos, como a liderança
de San Martin e a luta contra as tropas realistas. Em segundo lugar, a estabilidade política
em Argentina apenas se deu após 1862, com a unificação em torno da opção centralista.
Entre fins do século XVIII e as primeiras décadas do século seguinte, a maior parte das
colônias americanas conquistou sua independência. Em geral, malgrado a singularidade
de cada colônia, essas emancipações enquadram-se no contexto mais amplo de crise do
Antigo Regime europeu e, sobretudo em relação às colônias ibéricas, também refletem o
quadro histórico suscitado pela Era Napoleônica. Com relação ao processo de
independência nas Américas, julgue (C ou E) os itens a seguir.
Resposta: Errado
Comentário:
Resposta: Errado
Comentário: Não houve ligação direta entre a cobrança do imposto e os anseios
independentistas, cujas causas mais se assemelham aos interesses das elites criollas
aliadas a parte de peninsulares e populares insatisfeitos com a administração espanhola.
Resposta: Errado
Comentário: A independência das 13 colônias inglesas (1776) não se deu em um
contexto de alteração do equilíbrio europeu pela França, mas sim pelo declínio nas
relações entre Inglaterra e colônias, e quanto à proposta federalista, que de fato surgirá
entre os colonos da América inglesa, esta será amplamente debatida entre os Estados
latino-americanos, sem definições claras até a Segunda metade do XIX (com a vitória do
centralismo em quase todo o continente).
Gabarito: ALTERNATIVA C.
Gabarito: ALTERNATIVA A.
a) Hurtado e Camacho
b) Obregón e Calles
c) Cárdenas e Villa
d) Zapata e Dias
e) Carranza e Huerta
Gabarito: ALTERNATIVA B.
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Gabarito: ALTERNATIVA B.
Gabarito: Alternativa E
b. Para o caso haitiano, não faz sentido falar-se em “ideal federalista”, que foi
tão precioso para os estadunidenses.
Gabarito: ALTERNATIVA D.
Gabarito: ALTERNATIVA B.
Gabarito: ALTERNATIVA C.
a) Revolução Cubana.
b) Revolução Nicaraguense.
c) Revolução Mexicana.
d) Revolução Peruana.
e) Revolução Dominicana.
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Comentários: Ao citar como líderes da revolução Emiliano Zapata e Pancho
Villa, o enunciado deixa muito claro que se trata da Revolução Mexicana, que
resultou no controle político do Partido Nacional Revolucionário, cujas práticas,
não raro, fragilizam as estruturas democráticas do país.
Gabarito: ALTERNATIVA C.
d. No mínimo, a alternativa está errada por não incluir o Haiti na lista dos
países americanos que aboliram a escravidão.
Gabarito: ALTERNATIVA B.
b. San Martín e Simón Bolívar foram figuras centrais nas lutas de libertação
da América espanhola. Alternativa correta.
c. A Guerra dos Farrapos foi travada entre 1835 e 1845, ou seja, com o Brasil
já independente de Portugal e vivendo o turbulento período das regências.
Gabarito: ALTERNATIVA B.
É uma ideia grandiosa pretender formar de todo o Novo Mundo uma única
nação com um único vínculo que ligue as partes entre si e com o todo. Já que
tem uma só origem, uma só língua, mesmos costumes e uma só religião, deveria,
por conseguinte, ter um só governo que confederasse os diferentes Estados que
haverão de se formar; mas tal não é possível, porque climas remotos, situações
diversas, interesses opostos e caracteres dessemelhantes dividem a América.
(Simón Bolívar. Carta da Jamaica [06.09.1815]. In: Simón Bolívar: política, 1983.)
c. A principal questão para Bolívar era a unidade dos países que haviam sido
colonizados pela Espanha, pois reconhecia as diferenças existentes com relação
aos outros processos de colonização.
a) Hurtado e Camacho
b) Obregón e Calles
c) Cárdenas e Villa
d) Zapata e Dias
e) Carranza e Huerta
(FUVEST-SP) “Neste território não poderá haver escravos. A servidão foi abolida
para sempre. Todos os homens nascem, vivem e morrem livres...”; “Todo
homem, qualquer que seja sua cor, pode ser admitido em qualquer emprego”.
Artigos 3 e 4 da Constituição do Haiti, assinada por Toussaint L’Ouverture, 1801.
b) a independência do Haiti foi um caso especial nas Américas, pois foi liderada
por negros e mulatos.
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c) na mesma década da independência do Haiti, as demais colônias do Caribe
alcançaram a libertação.
a) Revolução Cubana.
b) Revolução Nicaraguense.
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c) Revolução Mexicana.
d) Revolução Peruana.
e) Revolução Dominicana.
(UFPR 2010) A mão de obra utilizada nas plantations que se estabeleceram nas
colônias europeias na América era formada majoritariamente por escravos
trazidos da África e seus descendentes. Sobre os processos de independência
na América e sua relação com a escravidão de africanos e afrodescendentes,
assinale a alternativa correta.
É uma ideia grandiosa pretender formar de todo o Novo Mundo uma única nação
com um único vínculo que ligue as partes entre si e com o todo. Já que tem uma
só origem, uma só língua, mesmos costumes e uma só religião, deveria, por
conseguinte, ter um só governo que confederasse os diferentes Estados que
haverão de se formar; mas tal não é possível, porque climas remotos, situações
diversas, interesses opostos e caracteres dessemelhantes dividem a América.
(Simón Bolívar. Carta da Jamaica [06.09.1815]. In: Simón Bolívar: política, 1983.)
Apresentação
No mesmo tom, Monroe faz questão de frisar, apesar de sua defesa enérgica
à autonomia de seus “vizinhos do Sul”, que os EUA não pretendiam intervir nos
1
Mensagem de Monroe (2 de dezembro de 1823). Disponível em:
http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Documentos-anteriores-%C3%A0-
cria%C3%A7%C3%A3o-da-Sociedade-das-Na%C3%A7%C3%B5es-at%C3%A9-1919/doutrina-
monroe-1823 html Acesso em: 10 de abril de 2017.
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conflitos em andamento entre Espanha e suas colônias (mantendo-se, portanto,
o que já vinha sendo praticado até então) e, por conseguinte, nem mesmo
interviriam na política interna de cada um dos novos países formados na
América. A única exceção a essa política seria uma ação externa no continente
que pudesse colocar a própria estabilidade política estadunidense em perigo.
Mas, além do objetivo de tornar público o seu desejo de não lidar com outros
assuntos que não os seus próprios, o que estava exatamente motivou esse
desejo de autodefesa do presidente Monroe? Para chegarmos à resposta,
devemos relembrar a expansão para o Oeste e seus princípios basilares.
Conforme já trabalhado em outro PDF, sobre o surgimento dos EUA, havia entre
os primeiros colonos daquele país (e mais tarde se tornou ainda mais intenso) a
ideia de que os americanos estavam predestinados a governar sobre todo o
território que se expandia entre as duas costas, a leste (onde se situava as 13
colônias) e a oeste. Isto ocorria, segundo os mesmos, por desígnio de Deus, o
qual preparara a população estadunidense para ser o farol dos princípios de
democracia e liberdade em todo o continente, a começar pelos povos nativos
que habitavam todo o imenso território central que separava ambos litorais.
Portanto, era um Destino Manifesto a todos os americanos a missão sagrada de
expandir o território nacional, civilizar as populações nativas e, somente mais
tarde, tornar os Estados Unidos a grande nação civilizadora do mundo.
A Doutrina Monroe abria caminho para a ascensão futura dos EUA como uma
possível potência regional, o que, no entanto, não ocorrera de imediato,
conforme visto. A América latina, não obstante, ocupava um lugar especial para
a concretização dos planos deste país. O primeiro país da região a ocupar um
lugar específico nos objetivos dos estadunidenses era o México. À época, o
território mexicano se estendia até a América do Norte, ocupando todo o território
onde atualmente se encontra o Meio oeste e a Costa oeste americana, até a
Califórnia. A maior parte dessas terras foram conquistadas por meio de guerras,
destacando-se a guerra mexicano-americana.
2
O Brasil começou sua representação na Conferência ainda como Monarquia, cuja delegação
ficara a cabo de Lafaiete Rodrigues Pereira. No terceiro dia de Conferência, no Brasil, o marechal
Deodoro da Fonseca derrubava a Monarquia e proclamava a República. Quintino Bocaiúva,
designado Ministro das Relações Exteriores do governo provisório, rapidamente destituiu
Lafaiete Rodrigues do cargo e enviou para ocupar o seu lugar Salvador de Mendonça, um
republicano de forte inspiração estadunidense.
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Caribe. Lembremo-nos de que 1901 é o ano em Theodore Roosevelt assume a
presidência após o assassinato de seu antecessor, presidente McKinley, morto
durante a Feira Mundial de Buffalo, Nova York, organizada no início do mesmo
ano, e que, portanto, marca o início do Corolário Roosevelt e da política do Big
Stick.
3
México (1914-1915), Nicarágua (desde 1911), Haiti (desde 1915) e República Dominicana
(desde 1916).
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Pan-Americana, agora renomeada para Organização dos Estados Americanos
(OEA), cooperariam mutuamente em casos de ataques externos a qualquer dos
Estados-membros. Reforçava-se, portanto, os preceitos originais da Doutrina
Monroe, que voltara a ganhar força após os anos 1930, que marcaram o declínio
do Corolário Roosevelt e do Big Stick.
Assim, percebemos uma certa inconstância nas relações externas entre EUA
e América Latina ao longo do século XIX e da primeira metade do século XX. O
isolacionismo de Monroe, que perdurara até 1890, logo deu lugar a um desejo
crescente de maior protagonismo norte-americano na América Latina, em
especial na América Central e Caribe (visto que a América do Sul possuía duas
potências regionais, Argentina e Brasil, marcantemente próximas da Grã-
Bretanha, grande rival internacional dos EUA). Este protagonismo foi marcado
pelo advento do Corolário Roosevelt e pelo Big Stick e a “diplomacia do dólar”
iniciada pelo presidente Taft. Em ambos momentos, no entanto, os governos
estadunidenses apontaram, com diferentes matizes, para a direção de uma
política pan-americanista sob liderança norte-americana, o que se afastava do
pan-hispanismo de Bolívar. Deste desejo surgiram as Conferências pan-
americanas, sempre sob chefia e liderança dos representantes norte-
americanos, sobretudo entre 1901 e 1933. Destas conferências veio a surgir o
Tratado do Rio e a OEA, que cristalizavam os anseios hegemônicos dos EUA
sobre a política interna dos países latino-americanos, o que se demonstrará com
os governos militares latino-americanos posteriores, marcados de influências
ideológicas norte-americanas. Isto posto, vamos à prática ... mão na massa!
Citados por AQUINO, R.S.L. et al. História das sociedades americanas. Rio
de Janeiro: Livraria Eu e Você, 1981. p.140 e 141.
e) a imprensa dos Estados Unidos, na época, acreditava que eles tinham uma
predestinação: a missão de civilizar povos inferiores do continente americano
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por causa de seu "Destino Manifesto", ou seja, o seu domínio representava a
vontade de Deus.
Gabarito: ALTERNATIVA E.
a) explicitava uma visão racista que agia como alimento moral para o
desenvolvimento da nação.
Gabarito: ALTERNATIVA B.
Gabarito: ALTERNATIVA C.
Gabarito: ALTERNATIVA A.
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Citados por AQUINO, R.S.L. et al. História das sociedades americanas. Rio
de Janeiro: Livraria Eu e Você, 1981. p.140 e 141.
e) a imprensa dos Estados Unidos, na época, acreditava que eles tinham uma
predestinação: a missão de civilizar povos inferiores do continente americano
por causa de seu "Destino Manifesto", ou seja, o seu domínio representava a
vontade de Deus.
a) explicitava uma visão racista que agia como alimento moral para o
desenvolvimento da nação.
Gabaritos
(UFV-MG)
Letra e)
(Mackenzie-SP)
Letra b)
(UFMG)
Letra c)
(UFSCar-SP)
Letra a)
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Apresentação
1. Os Imperialismos
1.1 Definição e Recorte temporal
Para os fins desta aula, partiremos de uma definição clara para que você
possa acompanhar com facilidade. Trataremos o “imperialismo” como um
movimento de países ocidentais, especialmente europeus, mas não
exclusivamente, de conquista e dominação de países menos desenvolvidos e
tecnologicamente inferiores na África e na Ásia. Nosso recorte temporal se
estenderá do início do século XIX até a primeira Guerra Mundial.
Isso, embora facilite, não resolve alguns problemas que surgem quando se
estuda esse fenômeno. Historiadores há que consideram as práticas liberais do
século XIX como imperialismo – imperialismo informal –, outros não. De nossa
parte, abarcaremos esse chamado “imperialismo informal” e depois
explicaremos o imperialismo “formal”.
Como dito, um dos primeiros lugares onde se fariam estes tratados seria na
América Latina. E o primeiro desses seria realizado com Portugal pelo mercado
do Brasil, o famoso tratado de 1810.
Assim, por meio de vários acordos realizados entre 1842 e 1860, alguns
dos quais realizados após guerras, as mais famosas, as duas guerras do ópio.
Estes dois casos serão abordados com mais detalhes a frente.
1
CERVO A L H IN “ARAIVA J F “ História das
Relações internacionais contemporâneas. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 63.
2
Idem.
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independência da América Latina e, em particular, após a onda nacionalista
que varreu o Velho Mundo nas décadas de 1820, 1830 e, particularmente,
1848. O princípio da autodeterminação dos povos, ou seja, de que cada povo
deve escolher seu governo e ser governado por “um dos seus”, seria contrário
ao movimento de conquista e dominação de novos territórios. Essa ideologia se
combinou bastante bem com o movimento econômico realizado por meio da
expansão do liberalismo e dos tratados desiguais.
3
SARAIVA, José Flávio Sombra. A IN História das
Relações internacionais contemporâneas. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 99.
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estabelecer nessas áreas, prejudicando o comércio e a produção inglesa. No
caso belga, o avanço francês punha em risco o sonho do rei Leopoldo II de
estabelecer um grande império na África Equatorial.
4
Idem, p. 100.
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indústria. Assim, ela focou sua expansão para os lugares estratégicos do
caminho marítimo para a Índia e para áreas com interesse comercial imediato,
caso da Nigéria e Gana.
Outro foco de expansão do Império britânico foi a África do Sul, mas por
motivos diversos aos elencados acima. De acordo com Saraiva, a África
Austral estava inserida no sistema mundial de maneira diferente que o restante
do continente, com uma história bastante particular. O sul da África havia sido
colonizado por holandeses ao longo dos século XVII e XVIII e se tornara um
ponto de imigração europeia, o que criou uma elite branca dirigente da região,
os chamados bôeres. No fim do século XVIII e início do XIX, a Inglaterra
invadiu a região e acabou com o domínio holandês. A história da colonização
do sul da África pode então ser resumida assim:
5
Idem, p. 102.
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6
Idem, p. 103.
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1.3.2 O Imperialismo na Ásia
7
Vale aqui destacar as duas guerras do ópio mencionadas acima ocorridas entre 1839-1842 e
1856-1860. Essas guerras ocorreram quando a dinastia Qing chinesa tentou barrar a
importação de ópio realizada pela Inglaterra para terras chinesas. O Reino Unido, que muito
lucrava com o negócio do ópio, declarou guerra à China para a abertura de seu mercado e foi
vencedora nas duas ocasiões que o império chinês tentou enfrentar a potência ocidental.
Esses dois eventos são exemplos claros do imperialismo inglês em relação à China. Embora
outros países não tenham realizados guerras com o mesmo objetivo, o enfraquecimento chinês
perante os ocidentais levaria a uma relação assimétrica entre eles e à progressiva destruição
econômica dos Qing.
8
Idem, p. 104.
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americanos e outros, o império dos russos se expandiam por terra e contíguo
ao núcleo duro do império na Europa, ou seja, não havia descontinuidade no
ultramar desta expansão, fator que por vezes nos engana em relação a sua
natureza imperialista. Abordamos este aspecto quando falamos de movimento
similar realizado pelos Estados Unidos em sua expansão para o Oeste durante
o século XIX.
O fato concreto que mais preocupou o governo britânico foi o avanço das
tropas russas em direção ao Afeganistão, situado na fronteira Oeste da Índia.
Os britânicos se prepararam para um conflito, mas a Rússia recuou. O
Afeganistão serviria de Estado-tampão entre as duas potências.
9
Idem.
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Numa reviravolta política que não precisa ser abordada em detalhes nesta
aula, o imperador japonês, que desde o século XVI pouco poder possuía na
condução dos negócios políticos, conseguiu tomar as rédeas do país e
expulsar os antigos Daymios que controlavam o país. Esse movimento da
década de 1860, chamado Restauração Meiji, realizaria, então, uma série de
reformas modernizadoras do país, enviando pessoas para estudar em países
europeus, criando indústrias, modernizando seu exército conforme os modelos
mais atualizados da Europa.
10
Idem, p. 105.
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Não há resposta simples, nem uma relação causal que possa explicar de
maneira fácil esse movimento japonês. Temos, no entanto, duas grandes
explicações consensuais entre os historiadores: 1. O Japão não possuía, ou
não parecia oferecer, as mesmas riquezas que a Indochina e, claramente, a
China; 2. Ao contrário da China, que se fechou ao estrangeiro e à
modernização, o Japão abraçou as instituições dos ocidentais e se utilizou
delas para sua própria proteção e expansão.
Antes de mais nada, é necessário afirmar nesta seção que não existe uma
interpretação dada pelo próprio Karl Marx sobre o imperialismo. Existem
considerações que são feitas a partir de suas ideias sobre o colonialismo, dos
quais os marxistas retiram as bases de suas perspectivas do imperialismo.
11
BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de Política.
Brasília: Editora Universidade de Brasilia, 1998, p. 612-613.
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sua novas expansões, já que o excedente produtivo não encontraria mercado
para consumi-lo. Desta forma, o capitalismo, para sobreviver, deveria ser
introduzido em outras áreas pré-capitalistas de modo a permitir sua contínua
expansão. No início do modo de produção capitalista, essas áreas de
expansão eram as áreas “atrasadas” dos países europeus, notadamente o
campo. Posteriormente, far-se-ia necessário ir para as regiões pré-capitalistas
do mundo, por meio do sistema de colônias. Porém, como o território é finito,
logo chegaria o momento em que não mais haveria território para acomodar
todos os interesses capitalistas, resultando em conflitos entre as potências
capitalistas do mundo. Como nos diz Bobbio:
12
Idem, p. 613.
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Essa luta diminuiria consideravelmente o lucro que capitalistas obteriam caso
não precisassem competir de maneira tão selvagem.
13
Idem.
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mundo. Isso fez com que seus escritos ganhassem uma notoriedade muito
maior entre a intelectualidade marxista do que os de sua colega. Em segundo,
Lenin rompeu com R. Luxemburg na Segunda Internacional, taxando os
sociais-democratas alemães de inimigos da revolução socialista. No âmbito
teórico, a explicação leninista pareceu estar mais ligada à realidade histórica,
na perspectiva de alguns intelectuais. Igualmente, sua explanação se ocupa de
um tipo de imperialismo que não estava abarcado na teoria de Luxemburg, qual
seja, aquele voltado também para as áreas já altamente desenvolvidas, como o
caso da conquista da Alsácia-Lorena pela Alemanha. Por fim, ela foi
considerada mais elástica para explicar uma série de acontecimentos no tempo
e no espaço, característica não encontrada na tese do
subconsumo/empobrecimento do proletariado de Rosa Luxemburg.
14
Idem, p. 615.
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trazida por Rosa Luxemburg do subconsumo. A diferença de seu pensamento
reside no fato de que, para ele, é possível superar o subconsumo das massas
trabalhadoras por meio de reformas econômicas – incluindo aí um aumento do
gasto público e incentivo da produção – para que a expansão da produção
encontrasse nos mercados internos seus consumidores. Desta forma, evitar-
se-ia as ações imperialistas com vistas a se encontrar novos mercados.
Kaustsky avança mais ainda e afirma que a implantação de uma tal política
“ultra-imperialista” seria muito mais benéfica às classes trabalhadoras do que a
perseguição do ideal socialista. Ou seja, para as classes subalternas, muito
mais vale lutar pela evolução do capitalismo em seu sentido pacífico –
enfraquecendo o militarismo – do que pela implantação do comunismo.
15
Idem.
16
Idem, p. 616.
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17
Idem.
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2.4 A teoria da Razão de Estado
18
Idem, p. 617.
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( )Foge aos padrões tradicionais a forma pela qual o Japão reagiu às pressões
externas para que abrisse seu mercado ao comércio internacional. A Era Meiji,
iniciada nesse contexto de expansão do capitalismo, significou a decisão de se
proceder à modernização do país, inserindo-o na nova economia mundial, sem que se
abdicasse da soberania.
Resposta: Correta
Comentário: O caso japonês é bastante interessante exatamente porque foge
completamente à dinâmica dos demais países asiáticos durante o século XIX.
Contrariamente à China e outras localidades da região, o Japão decide ir pela via de
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abraçar a modernização ocidental, ainda que isso tenha significado a destruição das
bases tradicionais nas quais se assentava sua sociedade. A Restauração Meiji, ou Era
Meiji, foi uma modernização autoritária que levou a uma nova sociedade japonesa
que em pouco tempo se transformaria, ela mesma, em imperialista no Extremo
Oriente, enfrentando e conquistando parte do território de sua antiga rival, China.
Questão 53
( ) Liberalismo e socialismo são duas das grandes representações do século XIX que
estendem sua presença no século seguinte. Ao passo que o socialismo foi empunhado
por setores da burguesia comprometidos com a justiça social e com uma face mais
humanizada do capitalismo, o liberalismo mostrou, desde o primeiro momento, ser o
abrigo natural dos grupos democrático-radicais.
Resposta: Errada
Comentário: Questão muito fácil! O socialismo foi a bandeira de grupos mais
radicais devotados à transformação da sociedade por meio da destruição do sistema
capitalista e sua substituição pelo socialismo. O inimigo por excelência dos
socialistas é o burguês, que é o detentor dos meios de produção no capitalismo. O
liberalismo, por sua vez, é a bandeira dos burgueses – de acordo com a historiografia
com a qual estamos lidando – uma vez que defende a liberalização dos mercados e
das economias e a preponderância das forças econômicas que se regulam sozinhas.
( ) A China, civilização milenar e até então com estrutura política própria, foi
dividida em protetorados sob domínio das potências ocidentais, ficando o imperador
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com sua autoridade restrita a Pequim e arredores.
Resposta: Errada
Comentário: Embora a China tenha sofrido a ação de várias potências ocidentais,
esta se deu, prioritariamente, sob a forma de tratados desiguais, ao contrário de seus
vizinhos na Indochina. Alguns autores explicam este fenômeno pela acirrada
competição entre as potências ocidentais – das quai fazia parte neste momento os
EUA. Assim sendo, dividiram os mercados chineses sem dividir seu território, com
exceções de alguns locais na costa do país que passaram para o controle direto das
potências.
Considerando as razões pelas quais o texto acima define 1870 como “marco
cronológico fundamental” para o mundo contemporâneo, julgue (C ou E) os próximos
itens.
4 Ainda que possa ser interpretada como uma continuidade da expansão ocorrida na
Idade Moderna, a expansão capitalista ao longo do século XIX assumiu novas
características em termos de motivações inspiradoras, métodos utilizados e objetivos
perseguidos.
Resposta: Correta
Comentário: Isso mesmo! A expansão capitalista continuou, mas sob novas facetas,
como afirmamos repetidas vezes aqui. Não é uma mera continuação do colonialismo
de antigo Regime, haja vista que há novos objetivos, meios e justificativas para essa
nova expansão.
(PUC-RIO 2007) “... Nós conquistamos a África pelas armas... temos direito de nos
glorificarmos, pois após ter destruído a pirataria no Mediterrâneo, cuja existência no
século XIX é uma vergonha para a Europa inteira, agora temos outra missão não menos
meritória, de fazer penetrar a civilização num continente que ficou para trás...” (“Da
influência civilizadora das ciências aplicadas às artes e às indústrias”. Revue Scientifique,
1889)
A partir da citação acima e de seus conhecimentos acerca do tema, examine as afirmativas
abaixo.
I - A idéia de levar a civilização aos povos considerados bárbaros estava presente no
discurso dos que defendiam a política imperialista.
II - Aquela não era a primeira vez que o continente africano era alvo dos interesses
europeus.
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III - Uma das preocupações dos países, como a França, que participavam da expansão
imperialista, era justificar a ocupação dos territórios apresentando os melhoramentos
materiais que beneficiariam as populações nativas.
IV - Para os editores da Revue Scientifique (Revista Científica), civilizar consistia em
retirar o continente africano da condição de atraso em relação à Europa.
Assinale a alternativa correta:
a) Ela derivou da necessidade de substituir os mercados dos novos países americanos, uma vez
que a constituição de Estados nacionais foi acompanhada de políticas protecionistas.
b) Ela foi motivada pela busca de novas fontes de matérias-primas e de novos mercados
consumidores, fundamentais para a expansão capitalista dos países europeus.
c) Ela foi consequência direta da formação do Segundo Império alemão e da ampliação de suas
rivalidades em relação ao governo da França.
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d) Ela atendeu, primordialmente, às necessidades da expansão demográfica em diversos países
europeus, decorrente de políticas médicas preventivas e programas de saneamento básico.
e) Ela viabilizou a integração econômica mundial, favorecendo a circulação de riquezas,
tecnologia e conhecimentos entre povos e regiões envolvidos.
Gabarito: ALTERNATIVA B.
Comentários: Ainda que seja de gosto duvidoso falar-se de neocolonialismo para referir-se ao
imperialismo europeu do século XIX, analisemos as alternativas tomando o enunciado como
perfeito.
a. De fato, o colonialismo ficou concentrado nas Américas e foi capitaneado por Espanha e
Portugal; enquanto o neocolonialismo se voltou para Ásia e África sob a liderança de Grã-
Bretanha e França.
b. A expansão da fé cristã e a conquista dos povos gentios compuseram o grande mote do
colonialismo nos séculos XV e XVI. Já no século XIX, a primazia científica e o fardo
civilizatório do homem branco foram os principais suportes intelectuais para a construção do
neocolonialismo.
c. Apesar da infeliz redação da alternativa, identifica-se como a única errada da questão. É
erro grave falar em burguesia industrial durante o colonialismo do século XVI, bem como
supor a existência de Estados na América nos moldes europeus. Portanto, esta é a única
alternativa errada.
d. O mercantilismo, predominante nos séculos XV e XVI, fazia com que a expansão colonialista
preferisse a busca por metais preciosos e produtos exóticos. Por sua vez, a expansão capitalista
ocorrida no século XIX era impulsionada, também, pela segunda revolução industrial, que
exigia novas matérias-primas.
e. O mercantilismo do colonialismo era dirigido pelo capitalismo mercantil; enquanto a
segunda revolução industrial e o neocolonialismo já viviam sob o capitalismo financeiro e
industrial.
Gabarito: ALTERNATIVA C.
a) progresso social, materializado pelas realizações humanas como forma de se opor à natureza.
b) tolerância cívica, verificada no respeito ao contato com o outro, com vistas a manter seus
hábitos.
c) autonomia política, expressa na escolha do homem negro por uma vida apartada da
comunidade.
d) liberdade religiosa, manifesta na relativização dos padrões éticos europeus.
e) respeito às tradições, associado ao reconhecimento do valor do passado para as comunidades
locais.
Gabarito: ALTERNATIVA A.
Gabarito: ALTERNATIVA C.
Gabarito: ALTERNATIVA D.
(UNITAU) O Império Chinês, sofrendo pressões de vários países, foi obrigado a ceder
algumas partes de seu território a países europeus. Um desses territórios, em poder do
Reino Unido, foi devolvido ao governo chinês no século passado (1997). Trata-se do
território de:
a) Cingapura
b) Macau
c) Taiwan
d) Hong Kong
e) Saigon
Gabarito: ALTERNATIVA D.
(FUVEST) No século XIX, a história inglesa foi marcada pelo longo reinado da rainha
Vitória. Seu governo caracterizou-se:
a) pela grande popularidade da rainha, apesar dos poderes que lhe concedia o regime
monárquico absolutista vigente;
b) pela expansão do Império Colonial Britânico na América, explorado através do monopólio
comercial e do tráfico de escravos;
c) pelo início da Revolução Industrial, que levou a Inglaterra a tornar-se a maior produtora de
tecidos de seda;
d) por sucessivas crises políticas internas, que contribuíram para a estagnação econômica e
empobrecimento da população;
e) por grande prosperidade econômica e estabilidade política, em contraste com uma acentuada
desigualdade social.
a) a Era Vitoriana
b) a Revolução Gloriosa
c) o governo de Henrique VIII
d) o governo de Elizabeth I
e) a instalação do anglicanismo
Gabarito: ALTERNATIVA A.
Gabarito: ALTERNATIVA D.
a) investir seus capitais excedentes nas colônias, obter mercados fornecedores de matérias-
primas e reservar mercados para seus produtos industrializados;
b) desenvolver a produção de gêneros alimentícios nas colônias, visando suprir as deficiências
de grãos existentes na Europa na virada do século;
c) buscar “áreas novas” para a emigração, uma vez que a pressão demográfica na Europa exigia
uma solução para o problema;
d) promover o desenvolvimento das colônias através da aplicação de capitais excedentes em
programas sociais e educacionais;
e) favorecer a atuação dos missionários católicos junto aos pagãos e assegurar a livre
concorrência comercial.
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Comentários: a. A dinâmica econômica imposta pela Segunda Revolução Industrial fazia com
que as potências procurassem expandir suas áreas de influência e de administração em busca
de mercados, matérias-primas e absorção de investimentos capitalistas. Alternativa correta.
b. Ainda eram limitadas as capacidades de transporte de grãos, dificultando o comércio
internacional no sentido de garantir a segurança alimentar da metrópole com os gêneros
coloniais.
c. A pressão demográfica na Europa, de fato, acabou tendo parte de sua solução encontrada
pelo imperialismo. Mas é equivocado falar que este foi o fator primordial para a “partilha do
mundo”.
d. A exportações de capital se davam, principalmente, em torno das obras de infraestrutura
colonial, capazes de garantir retornos financeiros importantes, ao mesmo tempo que
demandavam um grande volume de recursos. O desenvolvimento econômico da colônia não era
propriamente um problema para a realidade imperialista.
e. A concorrência comercial era um problema para as potências europeias, que preferiam
dividir o mundo em zonas monopolistas amplamente respeitadas. Além disso, o fator científico
do imperialismo fragilizava o lugar da religião, apesar desta estar, de fato, presente. O
catolicismo, por sua vez e com o declínio ibérico, não era mais a religião das grandes
potências europeias, à exceção da França.
Gabarito: ALTERNATIVA A.
Gabarito: ALTERNATIVA B.
(Fuvest) A conquista da Ásia e da África, durante a segunda metade do século XIX, pelas
principais potências imperialistas objetivava
Gabarito: ALTERNATIVA A.
(Fuvest) A expansão colonialista europeia do século XIX foi um dos fatores que levaram:
Gabarito: ALTERNATIVA E.
Gabarito: ALTERNATIVA B.
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Lista de Exercícios apresentados
Questão 53
No quadro mais amplo da contemporaneidade, o texto aproxima e distingue tendências
do século XIX e do século XX. Nesse contexto, julgue (C ou E) os itens seguintes.
( ) A Revolução Industrial consolida novas relações de produção e, ao promover a
expansão imperialista, contemplando novas formas de dominação colonial, estende a
atuação do moderno capitalismo às mais distantes regiões do planeta.
( ) Ao contrário da Ásia e, particularmente, da África, ambas repartidas entre as
principais potências ocidentais, a América Latina praticamente não sofreu a ação do
imperialismo, o que se explica pelo fato de, em larga medida, as antigas colônias
ibéricas terem conquistado sua independência na primeira metade do século XIX.
( ) Liberalismo e socialismo são duas das grandes representações do século XIX que
estendem sua presença no século seguinte. Ao passo que o socialismo foi empunhado
por setores da burguesia comprometidos com a justiça social e com uma face mais
humanizada do capitalismo, o liberalismo mostrou, desde o primeiro momento, ser o
abrigo natural dos grupos democrático-radicais.
( ) Entre as últimas décadas do século XIX e as primeiras do século XX, as disputas
imperialistas e o jogo de interesses conflitantes entre as grandes potências européias
inscrevem-se entre os fatores determinantes, mas não únicos, para a eclosão da Grande
Guerra de 1914.
Tendo o texto como referência inicial e considerando o quadro histórico do século XIX
no Ocidente, julgue (C ou E) os itens seguintes.
( ) Apesar das ondas revolucionárias pós-1815, os governos reunidos no Congresso de
Viena conseguiram manter o equilíbrio europeu, isto é, evitaram guerras de âmbito
continental, como as que se seguiram à Revolução Francesa.
( ) O processo de expansão do capitalismo, a partir de meados do século XIX, fez-se à
margem dos Estados nacionais, conduzido que foi pela iniciativa privada. Isso explica a
reduzida intensidade das crises que envolveram os países europeus ao longo da corrida
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imperialista, quadro que tendeu a modificar-se apenas a partir dos anos 1930, devido ao
impacto da grande depressão econômica.
( ) A onda revolucionária de 1848 evidenciou um aspecto historicamente decisivo
daquele momento, isto é, o fato de as burguesias liberais terem assumido,
resolutamente, a partir de então, as bandeiras revolucionárias da democracia social e de
um socialismo mais atenuado, que não se confundia com aquele proposto por Marx e
Engels.
( ) A partilha da África, decidida na Conferência de Berlim (1885), símbolo marcante
dos princípios, métodos e objetivos da expansão capitalista, reiterou o caráter quase
exclusivamente anglo-francês da competição por novas colônias na passagem do século
XIX ao XX, já que praticamente inexistiam, à época, potências que com Inglaterra ou
França pudessem rivalizar.
(PUC-RIO 2007) “... Nós conquistamos a África pelas armas... temos direito de nos
glorificarmos, pois após ter destruído a pirataria no Mediterrâneo, cuja existência no
século XIX é uma vergonha para a Europa inteira, agora temos outra missão não menos
meritória, de fazer penetrar a civilização num continente que ficou para trás...” (“Da
influência civilizadora das ciências aplicadas às artes e às indústrias”. Revue Scientifique,
1889)
A partir da citação acima e de seus conhecimentos acerca do tema, examine as afirmativas
abaixo.
I - A idéia de levar a civilização aos povos considerados bárbaros estava presente no
discurso dos que defendiam a política imperialista.
II - Aquela não era a primeira vez que o continente africano era alvo dos interesses
europeus.
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III - Uma das preocupações dos países, como a França, que participavam da expansão
imperialista, era justificar a ocupação dos territórios apresentando os melhoramentos
materiais que beneficiariam as populações nativas.
IV - Para os editores da Revue Scientifique (Revista Científica), civilizar consistia em
retirar o continente africano da condição de atraso em relação à Europa.
Assinale a alternativa correta:
a) Ela derivou da necessidade de substituir os mercados dos novos países americanos, uma vez
que a constituição de Estados nacionais foi acompanhada de políticas protecionistas.
b) Ela foi motivada pela busca de novas fontes de matérias-primas e de novos mercados
consumidores, fundamentais para a expansão capitalista dos países europeus.
c) Ela foi consequência direta da formação do Segundo Império alemão e da ampliação de suas
rivalidades em relação ao governo da França.
d) Ela atendeu, primordialmente, às necessidades da expansão demográfica em diversos países
europeus, decorrente de políticas médicas preventivas e programas de saneamento básico.
e) Ela viabilizou a integração econômica mundial, favorecendo a circulação de riquezas,
tecnologia e conhecimentos entre povos e regiões envolvidos.
a) progresso social, materializado pelas realizações humanas como forma de se opor à natureza.
b) tolerância cívica, verificada no respeito ao contato com o outro, com vistas a manter seus
hábitos.
c) autonomia política, expressa na escolha do homem negro por uma vida apartada da
comunidade.
d) liberdade religiosa, manifesta na relativização dos padrões éticos europeus.
e) respeito às tradições, associado ao reconhecimento do valor do passado para as comunidades
locais.
(UNITAU) O Império Chinês, sofrendo pressões de vários países, foi obrigado a ceder
algumas partes de seu território a países europeus. Um desses territórios, em poder do
Reino Unido, foi devolvido ao governo chinês no século passado (1997). Trata-se do
território de:
a) Cingapura
b) Macau
c) Taiwan
d) Hong Kong
e) Saigon
(FUVEST) No século XIX, a história inglesa foi marcada pelo longo reinado da rainha
Vitória. Seu governo caracterizou-se:
a) pela grande popularidade da rainha, apesar dos poderes que lhe concedia o regime
monárquico absolutista vigente;
b) pela expansão do Império Colonial Britânico na América, explorado através do monopólio
comercial e do tráfico de escravos;
c) pelo início da Revolução Industrial, que levou a Inglaterra a tornar-se a maior produtora de
tecidos de seda;
d) por sucessivas crises políticas internas, que contribuíram para a estagnação econômica e
empobrecimento da população;
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e) por grande prosperidade econômica e estabilidade política, em contraste com uma acentuada
desigualdade social.
a) a Era Vitoriana
b) a Revolução Gloriosa
c) o governo de Henrique VIII
d) o governo de Elizabeth I
e) a instalação do anglicanismo
a) demonstra que os interesses capitalistas voltados para investimentos financeiros eram a tônica
do tratado;
b) caracteriza a atração exercida pela abundância de recursos minerais, notadamente na região
subsaariana;
c) explicita as intenções de natureza religiosa do imperialismo, através da proteção à ação dos
missionários;
d) revela a própria ideologia do colonialismo europeu ao se referir às “vantagens da
Civilização”;
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e) reflete a preocupação das potências capitalistas em manter a escravidão negra.
a) investir seus capitais excedentes nas colônias, obter mercados fornecedores de matérias-
primas e reservar mercados para seus produtos industrializados;
b) desenvolver a produção de gêneros alimentícios nas colônias, visando suprir as deficiências
de grãos existentes na Europa na virada do século;
c) buscar “áreas novas” para a emigração, uma vez que a pressão demográfica na Europa exigia
uma solução para o problema;
d) promover o desenvolvimento das colônias através da aplicação de capitais excedentes em
programas sociais e educacionais;
e) favorecer a atuação dos missionários católicos junto aos pagãos e assegurar a livre
concorrência comercial.
(Fuvest) A conquista da Ásia e da África, durante a segunda metade do século XIX, pelas
principais potências imperialistas objetivava
(Fuvest) A expansão colonialista europeia do século XIX foi um dos fatores que levaram:
(PUC-RIO 2007) “... Nós conquistamos a África pelas armas... temos direito de nos
glorificarmos, pois após ter destruído a pirataria no Mediterrâneo, cuja existência no
século XIX é uma vergonha para a Europa inteira, agora temos outra missão não menos
meritória, de fazer penetrar a civilização num continente que ficou para trás...” (“Da
influência civilizadora das ciências aplicadas às artes e às indústrias”. Revue Scientifique,
1889)
ALTERNATIVA E
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(UDESC) No decorrer do século XIX, as grandes potências européias lançaram-se à
conquista colonial da África e da Ásia. Sobre a ocupação da África e suas conseqüências, é
incorreto afirmar:
ALTERNATIVA D
(FUVEST) No século XIX, a história inglesa foi marcada pelo longo reinado da rainha
Vitória. Seu governo caracterizou-se:
ALTERNATIVA E
(Fuvest) A conquista da Ásia e da África, durante a segunda metade do século XIX, pelas
principais potências imperialistas objetivava
ALTERNATIVA A
(Fuvest) A expansão colonialista europeia do século XIX foi um dos fatores que levaram:
ALTERNATIVA E
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(Cesgranrio) Um dos aspectos mais importantes do sistema capitalista, na sua passagem
do conteúdo liberal ao monopolista, é a associação entre:
ALTERNATIVA B
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Apresentação
1
Saraiva, p. 114.
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coloniais que antagonizavam os dois governos. Assim, foi feito um tratado
dispondo sobre a ilha de Heligolândia e Zanzibar em 1890, que por um
momento relaxou um pouco os antagonismos. Essa tentativa de aproximação
não durou muito e nem rendeu muitos frutos. Isso porque os interesses
alemães e ingleses entravam em rota de colisão no Oriente Médio e na África,
por um lado, e, por outro, porque o imperador alemão Guilherme II cometeu um
erro diplomático ao entrar em contato com presidente bôer do Transvaal em
1896 felicitando-o por conter uma tentativa de rebelião contra seu governo
orquestrada por oficiais britânicos (a chamada Jameson Raid).
A ideia de von Bühlow era a de que a Alemanha deveria buscar seu devido
espaço no mundo como grande potência e que as demais grandes nações
deveriam levá-la em consideração nas várias negociações internacionais que
viessem a acontecer.
Sombra Saraiva nos chama a atenção para o fato de que a política mundial
alemã não era claramente definida. Para além do aspecto da mão livre e da
construção de um grande frota capaz de rivalizar com a talassocrática
Inglaterra, a política internacional alemã não definiu metas nem rumos claros.
Embora houvesse planos de expansão do império colonial, os esforços eram
desproporcionais aos ganhos obtidos pelo Reich. Como nos informa Saraiva:
2
Idem, p. 115.
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Esforços e resultados estavam num grotesco
desequilíbrio. Após um imenso esforço político, a
Weltpolitik resultou na aquisição da parte norte de
Samoa (1898-1899), do Kiautchou chinês e de alguns
pequenos territórios na África negra. Da Espanha foram
compradas, em 1899, algumas ilhas, sem valor, no
Pacífico. No Oriente Próximo, a Alemanha tornou-se
mais presente, depois que o imperador Guilherme II,
em 1898, por ocasião de uma viagem a Damasco e a
Jerusalém, delcarou-se o protetor de todos os
mulçumanos no mundo.3
3
Idem.
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a Alemanha passou ser a potência temida no século XIX, tanto quanto a
França o fora nos séculos XVII-XVIII.4
4
Kissinger.
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em 1907, com a Rússia se referiam a assuntos muito práticos, lidando sobre
atritos coloniais na Pérsia, no Tibet e no Afeganistão. Somente depois que
esses acertos se tornaram efetivamente uma aliança. Conforme nos traz
Saraiva, a causa mais profunda dessa aliança se encontra na “intenção
britânica de evitar uma hegemonia alemã na Europa”.5
Após uma décadade uma política externa sem rumos e metas, errática e
agressiva, a Alemanha encontrava-se isolada no concerto das grandes nações.
Sua irracionalidade diplomática afastou as possibilidades de acerto e aliança
com a Inglaterra, precipitando a criação da Entente cujo objetivo final era conter
o Reich. O kaiser podia contar com os decadentes austríacos e turcos e com a
recente Itália (que depois se mostraria uma vira-casaca). Geopoliticamente, o
Império estava cercado. Na fronteira Oeste, a França; na Leste, a Rússia; pelo
Mar, a Inglaterra. Por que a Alemanha caminhara neste rumo?
5
P. 118.
6
Idem.
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Numa monarquia de traços claramente conservadores, o Império alemão
necessitava de apoio de sua população, de unidade nacional, se quisesse
manter sua estrutura política sem realizar concessões a grupos ganhavam
cada vez mais espaço no mundo social alemão, como os citados social-
democratas. Desta forma, falhar ou demonstrar fraqueza nas relações externas
significava perda de poder interno. Por esse motivo, explica-nos Saraiva, as
relações interestatais se tornaram cada vez mais rígidas e menor a disposição
para compromissos diplomáticos.
Para a Rússia era importante manter seu apoio aos sérvios para assegurar
seu prestígio e para aplacar os interesses de grupos nacionalistas eslavos
dentro da política interna russa. Esse movimento de defesa dos interesses dos
eslavos viria a ser conhecido como pan-eslavismo, isto é, um sentimento
nacionalista de que todos os eslavos deveriam estar sob o comando de um só
Estado, ou que um poderoso Estado deveria ser o guardião dos interesses
desse povo. Esse elemento nacionalista, ao qual se soma o revanchismo
francês, seria um aspecto de fundamental importância para o início das
hostilidades em 1914.
Não houve confronto entre os grandes países nesse momento por duas
razões: primeiramente, a Rússia e a Áustria-Hungria estavam muito
enfraquecidas militarmente – lembrando da derrota russa para os japoneses
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ocorrida em 1905. Os alemães, em apoio a seus aliados austríacos, emitiram
um documento com ameaças veladas de guerra caso a anexação não fosse
aceita pelos demais países. A Entente recuou e os austríacos puderam manter
seu novo território.
7
P. 120.
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momento sem guerras, mas no qual todas as grandes potências se
preparavam, leia-se, armavam-se para um confronto que se acreditava
próximo. A rigidez das relações internacionais, o belicismo, o nacionalismo, as
disputas imperiais estavam levando inexoravelmente – ou assim é crível – à
guerra. Embora tenha havido várias tentativas de negociação entre os países,
em missões diplomáticas tanto de alemães em direção aos russos, tanto dos
ingleses em direção aos alemães, a conjuntura política e diplomática, a
intrasigência de alguns homens de Estado, impediram soluções de
compromisso.
O incidente foi a gota d´água, a tensão que arrebentou o fino elo que ainda
mantinha as potências em paz. Vamos ver o passo a passo dos
acontecimentos que levaram à declaração de guerra. O atentado ao príncipe
chocou muitas das cortes europeias e foi visto como um grave problema. O
governo austríaco buscou punir a Sérvia pelo ocorrido – e pelos demais
problemas ocorridos anteriormente –, mas para isso precisava do auxílio dos
alemães. Isso porque caso declarasse guerra à Sérvia, a Rússia entraria no
conflito, apoiando o país eslavo. O governo do kaiser, ao contrário de buscar
destender a situação, deu carta branca para o governo de seu aliado,
assegurando-o de seu auxílio em caso de hostilidades generalizadas. Os
belicistas do governo alemão queriam uma oportunidade para realizar uma
guerra “preventiva” contra a Rússia e diminuir seu poder militar.
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Embora tenha dado incondicional apoio aos austríacos, o Reich acreditava
que os russos não apoiariam integralmente os sérvios, esperando que o czar
ficasse estupefato com o assassinato de um membro de uma casa real (ora, se
isso foi feito contra a Áustria, o que impediria de ser feito contra a família do
czar?). Nicolau II, no entanto, não estava disposto a aceitar mais um recuo
diplomático em favor de seus rivais, por mais que o incidente claramente
houvesse sido causado por sua aliada.
A Áustria não fora capaz de agir com a rapidez necessária para mobilizar
seu exército – ao menos na visão da Alemanha. Finalmente, em 23 de Julho, o
governo austro-húngaro fez um ultimato à Sérvia: o governo sérvio deveria
aceitar uma investigação do caso a ser realizada pelo governo austro-húngaro,
suprimir as propagandas contrárias à Áustria e tomar medidas para combater
as unidades terroristas em seu país.
8
P. 243.
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prontos para combate, a Alemanha, não. Isso significava que os alemães não
poderiam se negar a assinar qualquer tratado que lhes fosse imposto. A
medida de desmobilização significou, na prática, uma rendição incondicional à
Entente.
Foi durante a Primeira Guerra Mundial que vimos uma aliança importante
entre a indústria e a guerra. Todo o parque industrial se devotou para a
fabricação de munição, armas, carros, uniformes. Também novos experimentos
industriais na área da química foram transformados rapidamente em armas,
como, por exemplo, o gás mostarda criado pelos alemães e responsável pela
morte de milhares de franceses até que estes descobriram – também por meio
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da ciência – como evitar seus efeitos. Vale dizer aqui que ainda não havia as
probições formais, como hoje existem, do uso de armas químicas em guerra.
Novas criações foram feitas para a guerra e outras, adaptadas. Foi neste
conflito que, pela primeira vez, foram utilizados tanques de guerra. Embora
bastante primitivos em comparação ao que entendemos hoje como blindados,
foi um avanço sensível nas artes bélicas e que teria grande impacto
posteriormente.
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Outra invenção que foi colocada à prova (mas sem muito sucesso) durante
a guerra foram os dirigíveis, ou também conhecidos como Zepelins. Os
ingleses temiam que os alemães pudessem se utilizar dos dirigíveis para atacar
Londres, o que nunca ocorreu.
Mas havia uma proposta que fora colocada como guia para as negociações,
os chamado 14 Pontos de Wilson, propostos pelo então presidente americano,
Woodrow Wilson. No início de 1918, Wilson apresentou seu plano de paz para
o Congresso norte-americano. Para o presidente, caberia aos EUA assegurar a
paz entre as nações e seu plano apresentava medidas nesse sentido. Seus 14
pontos, embora fizessem algumas alterações territoriais desvantajosas aos
alemães, eram uma forma de “paz sem vencedores”. Vejamos os pontos da
paz de Wilson:9
9
Retirado de Motta, p. 249-250.
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6. Ajuda à Rússia, para que este país pudesse obter uma oportunidade
desimpedida e desembaraçada para a determinação independente de
seu desenvolvimento político;
7. Restauração da independência da Bélgica;
8. Devolução da Alsácia-Lorena à França;
9. Reajustamento das fronteiras nacionais italianas;
10. Autonomia dos povos da Áustria-Hungria;
11. Restauração da Romênia, de Montenegro e da Sérvia, assegurando o
acesso ao mar aos sérvios;
12. Autonomia dos povos até então submetidos aos turcos;
13. Criação de uma Polônia independente;
14. Criação de uma Sociedade ou Liga das Nações.
10
“Analisado tanto por Lênin como pelos primeiros autores liberais, o conceito de
autodeterminação significava a luta dos povos contra a dominação ou opressão por parte de
potências estrangeiras. Mas a autodeterminação, para Lênin, era expressão da luta
nacionalista (que visava à emancipação política) e anti-imperialista (refratária à dominação
econômica), ao passo que na linha de raciocínio liberal significava apenas a conquista da
soberania política por parte dos povos que tivessem alcançado determinado grau de
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no entanto, na defesa ardente cada um de seu sistema – a democracia liberal
capitalista para Wilson e o socialismo coletivista de Lênin.
11
Motta, p. 251-252.
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12
Saraiva, p. 124.
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ainda dentro desta perspectiva historiográfica – teria precipitado uma guerra
mundial.13
Uma outra linha principal de argumentação surgiu no pós-II GM. Esta outra
interpretação afirma que a não há culpa que possa ser imputada a qualquer um
dos participantes da guerra individualmente, mas deve ser colocada na
estrutura internacional das relações interestatais. Como nos diz Saraiva:
Outra questão significativa foi a criação da Liga das Nações. Aqui, temos de
destacar vários pontos importantes.
Não são poucos os historiadores que vêem na Primeira Guerra Mundial (1914-1918)
o fim do historicamente longo século XIX Quer pela complexidade de suas causas,
quer por seus efeitos profundos, um dos quais a vitória bolchevique na Rússia, a
Grande Guerra assinala o epílogo de uma era e o início propriamente dito do século
XX. A esse respeito, julgue (C ou E) os itens seguintes.
D Embora tenham entrado na Grande Guerra ao lado das potências centrais (Tríplice
Aliança), os EUA puderam superar essa circunstância aparentemente negativa pela
força de sua economia, vital para a recuperação européia após o conflito.
Resposta: Errada
Comentário: Este item pode confundir o candidato por conta do uso dos termos para
se referir às alianças da Primeira Guerra. Colocamos no texto que havia dois grupos
em contenda: a Tríplice Entente ou somente Entente (Inglaterra, França, Rússia) e a
Tríplice Aliança (Alemanha, Áustria-Hungria e Itália – até 1915 – e depois Império
Otomano). Acontece que muitos autores se referem à Entente como Aliados, porque o
núcleo da Entente formará os “Aliados” da Segunda Guerra Mundial (Inglaterra,
França, EUA e URSS). Para desfazer esse imbróglio de nomenclatura, associe o
grupo perderdor da I GM – a Tríplice Aliança – com as expressões “Impérios
centrais” ou “Potências centrais”, que são a Alemanha, a Áustria-Hungria e a Itália
(embora também sirva para os Otomanos. Esclarecido este aspecto, fica fácil perceber
que o item está errado, já que os EUA não se aliaram às potências centrais e sim à
Entente.
Comentários: a. A Liga das Nações foi uma decorrência da Primeira Guerra Mundial,
sendo criada em 1919.
b. O Jovem Bósnia foi um movimento nacionalista que questionava o domínio do
Império Austro-Húngaro nos Bálcãs; ou seja não pode ser visto como um suporto.
c. A Península Balcânica e suas rivalidades abrigaram o estopim da Primeira Guerra
Mundial, cujas causas profundas estavam sobre os choques expansionistas das
potências europeias. Alternativa correta.
d. O Tratado de Versalhes impôs condições draconianas para a rendição alemã,
gerando uma sensação de humilhação contra a Alemanha.
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e. Os totalitarismos teuto-italianos foram uma decorrência direta dos termos
estabelecidos no sistema internacional ao final da Primeira Guerra.
Gabarito: ALTERNATIVA C.
(UPE) O período de duração da Primeira Guerra Mundial, entre 1914 e 1918, foi
marcado por várias mudanças sociopolíticas que redefiniram o mundo de então.
Sobre esse contexto, assinale a alternativa CORRETA.
(FGV/SP – modificada)
a) essa aliança teve como plano principal a invasão da Normandia, no “dia D”.
b) a Inglaterra, após dois anos de guerra, rompeu com essa aliança e passou para o lado
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alemão.
c) tal aliança, conhecida como Tríplice Entente, saiu-se vitoriosa na guerra.
d) a Rússia foi o país que mais se beneficiou da guerra, por isso saiu dela em 1917.
e) o que ameaçava os países-membros dessa aliança eram propósitos expansionistas do
nazismo.
a) a percepção de que a guerra, que estava começando naquele momento e que iria
envolver toda a Europa, marcava o fim de uma cultura, de uma época, conhecida como
a Belle Époque;
b) a desilusão de quem sabe que a guerra, que começava naquele momento, entre a Grã-
Bretanha e a Alemanha, iria sepultar toda uma política de esforços diplomáticos visando
a evitar o conflito;
c) a compreensão de quem, por ser muito velho, consegue perceber que também aquela
guerra, embora longa e sangrenta, iria terminar um dia, permitindo que a Europa
voltasse a brilhar;
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d) a ilusão de que, apesar de tudo, a guerra que estava começando iria, por causa de seu
caráter mortal e generalizado, ser o último grande conflito armado a envolver todos os
países da Europa;
e) a convicção de que à guerra que acabava de começar e que iria envolver todo o
continente europeu haveria de suceder uma outra, a Segunda Guerra Mundial, antes de a
paz definitiva ser alcançada.
(UNIFESP) “Estamos no promontório dos séculos! De que serve olhar para trás…
Queremos glorificar a guerra — a única cura para o mundo — o militarismo, o
patriotismo, o gesto destruidor dos anarquistas… e o desprezo pelas mulheres.
Queremos demolir os museus, as bibliotecas, combater a moralidade, o feminismo
e toda a covardia oportunista e utilitária”.
Essa citação, extraída do Manifesto Futurista de 1909, expressa uma estética que
contribuiu ideologicamente para a:
Comentários: O Plano Schlieffen tinha por objetivo organizar as forças alemãs para
neutralizar em pouco tempo a França e a Rússia, criando uma zona de segurança em
torno do território alemão inicial. Prevendo uma vitória rápida e definitiva no front
ocidental, o Plano dispunha as forças bélicas para garantir uma vitória no front
oriental sem sofrer pressões militares por parte de França ou Reino Unido. Portanto, a
alternativa D é a correta.
Gabarito: ALTERNATIVA D.
Comentários: a. Como sempre, a alternativa que usa palavras como “todos” é muito
frágil. Por exemplo, Portugal se manteve neutro durante a Segunda Guerra Mundial.
b. Não houve equilíbrio europeu no período do entre-guerras. Pelas contrário, viu-se
uma sucessão de transformações políticas gravíssimas em vários pontos da Europa. O
equilíbrio se pretendia estático, mas sempre foi muito precário.
c. As imposições feitas pelo Tratado de Versalhes foram de fundamental importância
para a criação das contradições e das dificuldades políticas que levariam o continente
a uma nova guerra total a partir de 1945. Ou seja, a Segunda Guerra pode ser
considerada um corolário do processo de paz da Primeira Guerra. Alternativa correta.
d. A década de 1640 ficou mais marcada pelas acomodações políticas da Paz de
Vestfália, sendo que a grande revolução do século XVII, a Revolução Gloriosa,
concentrar-se-ia no Reino Unido duas décadas mais tarde. Ou seja, as transformações
políticas ocorridas no entre-guerras não podem ser comparadas com o que ocorreu ao
final da Guerra dos Trinta Anos.
e. As disputas imperialistas foram motivos de extrema relevância para a Primeira
Guerra Mundial, não podendo ser descartados.
Gabarito: ALTERNATIVA C.
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(UPE) O período de duração da Primeira Guerra Mundial, entre 1914 e 1918, foi
marcado por várias mudanças sociopolíticas que redefiniram o mundo de então.
Sobre esse contexto, assinale a alternativa CORRETA.
(FGV/SP – modificada)
a) a percepção de que a guerra, que estava começando naquele momento e que iria
envolver toda a Europa, marcava o fim de uma cultura, de uma época, conhecida como
a Belle Époque;
b) a desilusão de quem sabe que a guerra, que começava naquele momento, entre a Grã-
Bretanha e a Alemanha, iria sepultar toda uma política de esforços diplomáticos visando
a evitar o conflito;
c) a compreensão de quem, por ser muito velho, consegue perceber que também aquela
guerra, embora longa e sangrenta, iria terminar um dia, permitindo que a Europa
voltasse a brilhar;
d) a ilusão de que, apesar de tudo, a guerra que estava começando iria, por causa de seu
caráter mortal e generalizado, ser o último grande conflito armado a envolver todos os
países da Europa;
e) a convicção de que à guerra que acabava de começar e que iria envolver todo o
continente europeu haveria de suceder uma outra, a Segunda Guerra Mundial, antes de a
paz definitiva ser alcançada.
(UNIFESP) “Estamos no promontório dos séculos! De que serve olhar para trás…
Queremos glorificar a guerra — a única cura para o mundo — o militarismo, o
patriotismo, o gesto destruidor dos anarquistas… e o desprezo pelas mulheres.
Queremos demolir os museus, as bibliotecas, combater a moralidade, o feminismo
e toda a covardia oportunista e utilitária”.
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Essa citação, extraída do Manifesto Futurista de 1909, expressa uma estética que
contribuiu ideologicamente para a:
a) de as duas guerras mundiais terem envolvido todos os países da Europa, além de suas
colônias de ultramar.
b) de prevalecer antes da Segunda Guerra Mundial o equilíbrio europeu, tal como
ocorrera antes de ter início a primeira Guerra dos Trinta Anos, em 1618.
c) de, apesar da paz do período entre guerras, a Segunda Guerra ter sido causada pelos
dispositivos decorrentes da Paz de Versalhes de 1919.
d) de terem ocorrido, entre as duas guerras mundiais, rebeliões e revoluções como na
década de 1640.
e) de, em ambas as guerras mundiais, o conflito ter sido travado por motivos
ideológicos, mais do que imperialistas.
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Gabarito
(UPE) O período de duração da Primeira Guerra Mundial, entre 1914 e 1918, foi
marcado por várias mudanças sociopolíticas que redefiniram o mundo de então.
Sobre esse contexto, assinale a alternativa CORRETA.
ALTERNATIVA B
(FGV/SP – modificada) Observe a foto acima. Nela, que é de 1914, ano em que
começou a Primeira Grande Guerra, em meio a flores e bandeiras, três potências
(França, Rússia e Inglaterra) celebram sua aliança, além de homenagearem a
Bélgica, pequeno país que havia sido invadido. Considerando a política
internacional da época, assinale a alternativa correta
ALTERNATIVA C