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Curso Sapientia

Maratona 1º fase – M1
História do Brasil – Profª. Rodrigo Goyena
Bloco 01 – Brasil monárquico – A crise das elites imperiais (1870-1889)
Material: Material de apoio

Organização do módulo (16 aulas)

Formação de elites, consolidação de projetos de governo e crises de Estado (aulas 1 a 4)


 Brasil monárquico (I)
o A crise das elites imperiais (1870-1889)
 Brasil republicano (II)
o A Revolução de 1930 (1922-1930)
 Brasil monárquico (III)
o A transmigração da Coroa
 Brasil republicano (IV)
o A transição lenta, gradual e segura (1974-1985)

Movimentos sociais, processos eleitorais e regimes administrativos (aulas 5 a 8)


 Brasil colonial e monárquico (I e II)
o A administração colonial
o Movimentos sociais durante o Segundo Reinado
 Brasil republicano (III e IV)
o As eleições de 1910 e de 1922
o A caserna durante a Experiência Democrática (1945-1964)

Formação territorial e conflitos externos (aulas 9 a 12)


 Brasil colonial (I)
o A formação territorial e as lindes cartográficas
 Brasil Republicano (II, III e IV)
o As fronteiras do Barão do Rio Branco
o O Brasil e a Primeira Guerra Mundial
o O Brasil e a Segunda Guerra Mundial

A Política Externa Brasileira no século XX (aulas 13 a 16)


 Primeira República e Era Vargas (I e II)
o O americanismo do Quinze de Novembro
o O americanismo da Era Vargas
 Experiência Democrática e Regime de 1964 (III e IV)
o A Política Externa de Eurico Gaspar Dutra
o A Política Externa de Castelo Branco

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Maratona 1º fase – M1
História do Brasil – Profª. Rodrigo Goyena
Bloco 01 – Brasil monárquico – A crise das elites imperiais (1870-1889)
Material: Material de apoio

1870-1889: O Império em seus estertores finais

– O reformismo do Visconde do Rio Branco

– Agenda servil

– Agenda agrária

– Agenda militar

– Alternância de 1878 não foi percebida como ima renovação partidária


propriamente dita.

– Surgimento de “bando de ideias novas”, na expressão se Sílvio


Romero.

• Historiografia:

– Ângela Alonso: Geração de 1870 foi pano de fundo para


a crise do Império.

– Questões centrais:

– Religiosa, servil, republicana e militar.

– A questão religiosa (1872-1875):

– O quê foi a questão religiosa?

• Como resposta ao enfraquecimento da Igreja católica que


promoveu a unificação italiana, o Papa Pio IX promulga a Bula
Syllabus em 1864.

– Condena-se o racionalismo, o socialismo, o


comunismo, o judaísmo e a maçonaria nas irmandades
religiosas.

– Maioria da elite política brasileira era maçônica.

– Dom Pedro II gozava do poder de beneplácito.

• Visconde do Rio Branco aconselha fazer uso do beneplácito


contra a Bula Syllabus: Imperador acata.

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Bloco 01 – Brasil monárquico – A crise das elites imperiais (1870-1889)
Material: Material de apoio

– Porém: Bispos de Olinda (Dom Vital) e de Belém (Dom Macedo)


mostram-se rebeldes às recomendações do ministério de Paranhos:
excomungaram maçons e proibiram o ingresso desses nos claustros
católicos.

– A questão servil (1871-1888)

• Gradualismo emancipatório (liberais moderados) vs. abolição


(liberais radicais).

– Joaquim Nabuco propõe data limite de 1890.

» Câmara rejeita, mas Nabuco lança projeto


abolicionista:

» No Brasil:

• Sociedade Brasileira Contra a Escravidão.

• Associação Central Emancipadora.

– 1883: Confederação Abolicionista.

» No exterior:

• 1880: viagem à Europa.

– Contatos com o Foreign Society


for the Abolition of Slavery.

– Condução da emancipação no Brasil:

• 1884: Ceará declara-se livre da escravidão.

– Anos antes, havia-se decidido não mais embarcar


escravos para os portos do Sudeste.

• 1885: Amazonas junta-se ao Ceará.

– Cresce pressão abolicionista nas províncias onde a


economia estava ligada à escravidão.

» No Nordeste: BA/MA/PE.

» No Sudeste: MG/RJ/SP.

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– Forte mobilização abolicionista na década de 1880.

– Mundo rural:

• Queimadas de Campos (canaviais): RJ.

• Movimento dos Caifazes: SP (rapto de escravos, para libertá-


los em Santos).

– Mundo urbano:

• Jornais, poetas e advogados.

• Castro Alves e o Navio Negreiro.

• Luís Gama, ex-escravo baiano e advogado: 1000 casos ganhos!

• Formação de quilombos.

– Resposta do Império:

– Projeto de Souza Dantas sobre alforria dos sexagenários.

• Câmara rechaça o projeto de Souza Dantas.

– Dom Pedro II nomeia outro liberal, José Antônio Saraiva, que


consegue aprovar projeto de Souza Dantas com acréscimo de letra de
lei que incluía cláusula indenizatória para os proprietários de escravos
alforriados. E mais:

– Alforria escalonada: aos 61 anos, o escravo pagaria tão


somente 1/2 do valor da alforria; aos 62, 1/3; aos 63, ¼;
65, alforria sem custos.

– Câmara aceita projeto de Saraiva, mais Senado era conservador!

• Para aprovar a Lei dos Sexagenários, Saraiva entregou a


presidência do Conselho de Ministros ao Barão de Cotegipe
(conservador): era moeda de troca para somar os votos do
Senado que faltavam para aprovar a Lei.

– 28 de setembro de 1885: edição da Lei dos


Sexagenários – Lei Saraiva-Cotegipe.

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Material: Material de apoio

– Formação de primeiro movimento de opinião pública no Brasil (CARVALHO,


2012): abolicionismo.

– João Alfredo substitui o Barão de Cotegipe (escravocrata): embora


fosse conservador, a abolição era agora questão de dias.

• Abolição sem indenização.

• 13 de maio de 1888: Lei Áurea.

– Mera constatação dos fatos.

– Lei Áurea seguraria a monarquia?

– “libertou uma raça, mas perdeu a Coroa” (Barão de Cotegipe).

• Fazendeiros do Vale do Paraíba: retirar apoio à Coroa.

– Perderam mão de obra e indenizações.

– Princesa Isabel vista como beata e forte impopularidade do Conde


D’Eu.

• José do Patrocínio compõe uma Guarda Negra, em caso de


aproximação entre fazendeiros e republicanos.

– As questões republicana e militar

– A Revolta do Vintém insere-se na lógica de desconforto com a Monarquia.

• Setembro de 1879:

– Contestações contra o aumento do preço do bonde.

– Manifestações contra Dom Pedro II, no Palácio de São


Cristóvão.

– Centro do Rio de Janeiro foi alvo de destruições.

• Revolta do Vintém contribui para derrubada do gabinete de


Cansanção de Sinimbu (liberal).

– Substituiu-se-o por José Antônio Saraiva (liberal).

» Saraiva revoga novo tributo sobre o preço das


passagens.

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Material: Material de apoio

• Revolta do Vintém assumiu feições republicanas:

– Foram republicanos que incitaram as contestações.

– Republicanos conseguem eleger Prudente de Moraes e Campos Sales


(ambos do PRP) para a Câmara de Deputados.

– Os fluminenses Lopes Trovão e Silva Jardim preconizam revolução


popular para derrubar a monarquia.

– A via eleitoral dos paulistas mais se coadunava com as propostas de


Quintino Bocaiúva, advogado do gradualismo.

– Progressiva união de militares republicanos (RJ) com republicanos civis (SP).

– Lógica vislumbrada por Quintino Bocaiúva:

• Aproximar militares e republicanos.

– Convencer mocidade militar que a república permitiria


maior ascensão econômica do que a monarquia.

– Para as corporações interessava reerguer a autoestima abalada após a


Guerra do Paraguai.

– Tornam-se arautos do abolicionismo.

• Não tinham interesse na propriedade escrava.

• Sena Madureira e Cunha Matos

» Madureira incita ação dos jangadeiros do Ceará:


punido pelo governo.

» Madureira é afastado!

» Dois anos depois, Cunha Matos é detido por


ordem da Câmara: críticas ao governo na
imprensa.

» Setores castrenses reclamam!

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1. (Diplomacia – 2014 – CESPE) Tendo o texto acima como referência inicial, julgue

(C ou E) os itens seguintes, considerando o quadro de crise que leva à queda do

regime monárquico e a sua substituição pelo regime republicano.

1 A Questão Religiosa, que se tornou problema político não contornado pelo

governo imperial, nasceu da intolerância das autoridades governamentais com os

integrantes da Maçonaria, algo que a hierarquia católica aceitava com naturalidade,

chegando mesmo a incentivar a atuação política dos grupos maçônicos.

2 O texto sugere que uma das principais causas do enfraquecimento do regime

monárquico foi a sua incapacidade de reorientar os rumos da economia brasileira

nos anos que se seguiram ao fim da Guerra do Paraguai: a queda brusca dos preços

do café no mercado internacional acarretou retrocesso econômico e instabilidade

política.

3 A imigração europeia em massa, a urbanização, as lutas pela abolição da

escravatura e as questões religiosa e militar foram importantes elementos de

desestabilização de um regime monárquico que se mostrava, em vários aspectos,

incapaz de incorporar as transformações em curso no Brasil, sobretudo as que se

processavam na mentalidade das novas gerações, em especial da juventude militar.

4 Com a Guerra do Paraguai, o Exército conheceu profundas mudanças e tornou-

se crescentemente um canal de ascensão social; todavia, terminado o conflito,

demonstrou forte apatia pela política, optando por emprestar seu apoio discreto a

uma monarquia em crise, em vez de se engajar na campanha republicana, cada vez

mais popular.

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2. (Diplomacia – 2018 – CESPE)

Tendo em vista que a questão servil, como denominada por D. Pedro II em sua fala

do trono em 1865, foi elemento fulcral na formação da sociedade brasileira, julgue

(C ou E) os próximos itens, relativos à escravidão no Império brasileiro.

1 A despeito do longo histórico das pressões inglesas, o tráfico de escravos para o

Brasil passou a ser tipificado como ilegal apenas em 1850, quando o contexto

interno se tornou favorável à adoção dessa tipificação.

2 O projeto da chamada Lei do Ventre Livre foi inicialmente discutido no Conselho

de Estado, sob a demanda de D. Pedro II, e aprovado pelo parlamento, sob a ação

do Visconde do Rio Branco. Se, por um lado, a lei garantiu aos proprietários a

manutenção da mão de obra escrava, por outro, pôs em questão a legitimidade

dessa instituição e ampliou as expectativas de liberdade dos cativos.

3 O movimento abolicionista brasileiro se deu a partir da década de 80 do século

XIX e foi marcado pelo isolamento internacional, uma vez que o Brasil era o último

país ocidental a manter a escravidão. A base desse movimento no Brasil era a defesa

do direito natural à liberdade.

4 O fortalecimento das ideias racistas foi um dos desdobramentos da ação da

denominada Geração de 1870 e influenciou a condução dos debates acerca da

escravidão em seus anos finais e, principalmente, sobre a eleição da imigração

europeia como caminho preferencial para a formação da mão de obra assalariada

pós-abolição.

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3. (Diplomacia – 2017 – CESPE) Os militares tiveram, no Brasil, papel fundamental

na passagem do Império para a República e, como consequência, os generais

Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto presidiram os primeiros governos

republicanos brasileiros. Acerca desse período da história brasileira, julgue (C ou E)

os itens que se seguem.

1 Devido a sua política econômica e ao caráter antiliberal de seu governo,

Floriano Peixoto enfrentou a má disposição dos Estados Unidos da América em

apoiar os pleitos comerciais e políticos brasileiros.

2 A rebelião do Contestado teve caráter tanto social, com a demanda dos

revoltosos pelo reconhecimento das terras ocupadas secularmente, quanto político,

de reação ao não cumprimento da Constituição de 1891 na sucessão de Deodoro

da Fonseca.

3 Uma das finalidades da impressão de dinheiro ordenada por Rui Barbosa

durante sua gestão como ministro da Fazenda foi a de pagar indenizações a

fazendeiros pela abolição da escravatura.

4 O governo de Floriano Peixoto obteve a simpatia das camadas médias urbanas

e estimulou a indústria nacional por meio de auxílio financeiro.

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4. (Diplomacia – 2017 – CESPE) Sabendo que o Segundo Reinado se caracterizou

por uma política externa ativa, sujeita a vários desafios, como os referentes à

definição de fronteiras e às relações com os países vizinhos republicanos e com as

grandes potências, julgue (C ou E) os seguintes itens.

1 O contexto da negociação da fronteira entre Brasil e Uruguai, em meados da

década de 50 do século XIX, caracterizou-se pela presença em território uruguaio de

tropas do Exército Imperial brasileiro, cujos objetivos incluíam, ainda, a contenção

da política expansionista de Juan Manuel de Rosas, líder da Confederação Argentina.

2 A maior parte dos recursos para financiar a participação brasileira na Guerra

do Paraguai adveio de empréstimos internacionais, principalmente do banco

Rothschild, de Londres.

3 Na década de 70 do século XIX, eram cordiais as relações entre o Império do

Brasil e os Estados Unidos da América, o que se comprova pela visita de Pedro II à

Exposição Universal do Centenário da Independência dos EUA, em1876.

4 No final da década de 40 do século XIX, foi adotada a doutrina de limites a ser

seguida pelo Império a fim de proteger o status quo territorial, a qual estabelecia: o

princípio do uti possidetis; a restrição da validade do Tratado de Santo Ildefonso aos

casos em que não houvesse ocupação efetiva do território; a negociação bilateral; e

o arbitramento em última instância.

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Bloco 01 – Brasil monárquico – A crise das elites imperiais (1870-1889)
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GABARITO
1 EECE
2 ECEC
3 EEEC
4 EECC

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CURSO SAPIENTIA – MARATONA 2019 – PROFESSOR R ODRIGO GOYENA

HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 01

QUESTÃO 01
3. (CESPE – IRBr 2015) Embora a Guerra do Paraguai
tenha estreitado os laços entre os diversos
(CESPE – IRBr 2017) O período do Segundo Reinado foi
setores do exército e o governo imperial, os
marcado pelo crescimento econômico, que se baseou,
militares estiveram à frente do golpe que
sobretudo, no setor agrário. Considerando essa
instituiu a República, o que conferiu ao ato o
informação, julgue (C ou E) os próximos itens.
caráter de movimento popular, diferentemente
do que ocorreu quando da Independência.
1. Entre os principais problemas que afligiram a
lavoura de cana-de-açúcar no Nordeste
4. (CESPE – ECT 2011) No final do Segundo Reinado,
destacaram-se a falta de créditos e a ausência
o movimento republicano tinha escassa
de infraestrutura adequada.
participação popular.

2. O rápido desenvolvimento da lavoura cafeeira


no Vale do Paraíba tornou viável a utilização de QUESTÃO 03
mão de obra de imigrantes europeus nesse A respeito da atividade agrícola do Segundo Reinado,
trabalho, no referido período. julgue (C ou E) os itens a seguir.

3. O setor agrícola era fundamental para a 1. (CESPE – bolsa 2012) O café foi decisivo para que
economia brasileira e, em algumas regiões do o Brasil construísse ferrovias, modernizasse
país, a produção era destinada, de modo portos — como os do Rio de Janeiro e de Santos
predominante, ao mercado interno. — e incentivasse a imigração e o trabalho
assalariado.
4. Lei de Terras, editada em meados do século XIX,
foi um instrumento jurídico destinado a 2. (CESPE – bolsa 2012) A burguesia do café
proteger a propriedade do Estado sobre terras assegurou o indispensável apoio político ao
devolutas a ele pertencentes. Império, retardando ao máximo a implantação
QUESTÃO 02 da República.

A respeito dos anos finais do período imperial brasileiro 3. (CESPE – SEDU/ES 2012) A atividade agrícola, base
e sobre a proclamação da República, julgue (C ou E) os da economia brasileira à época da escravidão,
itens a seguir. inibia o surgimento de indústrias ou ferrovias,
que só apareceriam no cenário brasileiro a
1. (CESPE – PM/AL 2017) O processo que levou à partir da República.
proclamação da República foi influenciado por
grupos que consideravam o modelo 4. (CESPE – IRBr 2015) Refletindo a nova
republicano uma forma racional de governo e mentalidade que acompanhava a expansão do
que valorizavam a meritocracia. mercado internacional e a revolução no sistema
de transportes, a Lei de Terras (1850) reduziu o
2. (CESPE – SEE/AL 2014) A proclamação da poderio dos latifundiários e ampliou as
República, em novembro de 1889, surpreendeu possibilidades de acesso à propriedade rural
grande parte da sociedade brasileira, visto que por camponeses e pequenos proprietários.
ela foi efetivada antes da morte de D. Pedro II.
No entanto, considerando-se o desgaste
QUESTÃO 04
político do regime monárquico, esse ato foi
A respeito das características dos anos finais do
bastante previsível.
Segundo Reinado, julgue (C ou E) os itens a seguir.
CURSO SAPIENTIA – MARATONA 2019 – PROFESSOR R ODRIGO GOYENA

HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 01

1. (CESPE – SEE/AL 2014) A escravidão marcou


profundamente a sociedade brasileira no
período imperial. Tal prática era vista como um
mal necessário por grande parte dos políticos,
que defendia seu fim de modo lento e gradual.
O movimento abolicionista, que reivindicou o
fim imediato do trabalho compulsório no
Brasil, ganhou força apenas na década de 1880.

2. (CESPE – Prefeitura de Ipojuca 2009) O fim da


escravidão, com a Lei Áurea, incorporou
plenamente os ex-escravos e seus
descendentes na sociedade brasileira como
cidadãos plenos em direitos.

3. (CESPE – SEDU/ES 2012) A despeito do caráter


elitista das instituições brasileiras durante o
Império, as reformas políticas levadas a cabo
nesse período ampliaram gradativamente o
número de eleitores e eliminaram as fraudes e
os vícios que viriam a ocorrer na Primeira
República.

4. (CESPE – ECT 2011) D. Pedro II asfixiou a vida


social brasileira por seu comportamento
autocrático, exemplificado pela declaração de
ilegalidade do Partido Republicano gaúcho e
pela imposição da censura à imprensa.
CURSO SAPIENTIA
MARATONA 2019 – HISTÓRIA DO BRASIL
LISTA DE EXERCÍCIOS

Aplicação: Lista Complementar 01

GABARITOS

Questão 01 Questão 02 Questão 03 Questão 04


C E C C C C E C C E E E C E E E
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Bloco 02 – A Revolução de 1930 (1922-1930)
Material de Apoio

Organização do módulo (16 aulas)

Formação de elites, consolidação de projetos de governo e crises de Estado (aulas 1 a 4)


 Brasil monárquico (I)
o A crise das elites imperiais (1870-1889)
 Brasil republicano (II)
o A Revolução de 1930 (1922-1930)
 Brasil monárquico (III)
o A transmigração da Coroa
 Brasil republicano (IV)
o A transição lenta, gradual e segura (1974-1985)

Movimentos sociais, processos eleitorais e regimes administrativos (aulas 5 a 8)


 Brasil colonial e monárquico (I e II)
o A administração colonial
o Movimentos sociais durante o Segundo Reinado
 Brasil republicano (III e IV)
o As eleições de 1910 e de 1922
o A caserna durante a Experiência Democrática (1945-1964)

Formação territorial e conflitos externos (aulas 9 a 12)


 Brasil colonial (I)
o A formação territorial e as lindes cartográficas
 Brasil Republicano (II, III e IV)
o As fronteiras do Barão do Rio Branco
o O Brasil e a Primeira Guerra Mundial
o O Brasil e a Segunda Guerra Mundial

A Política Externa Brasileira no século XX (aulas 13 a 16)


 Primeira República e Era Vargas (I e II)
o O americanismo do Quinze de Novembro
o O americanismo da Era Vargas
 Experiência Democrática e Regime de 1964 (III e IV)
o A Política Externa de Eurico Gaspar Dutra
o A Política Externa de Castelo Branco

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Bloco 02 – A Revolução de 1930 (1922-1930)
Material de Apoio

Tenentismo

• Os levantes tenentistas da década de 1920 apontaram para uma renovação do


positivismo característico do soldado-cidadão.

– Em 5 de julho de 1922, ou seja, entre a confirmação da vitória de Arthur


Bernardes e a posse prevista para o dia 15 de novembro, eclodiu o episódio
dos Dezoito do Forte.

• O que foi esse episódio?

• Um punhado de oficiais de baixa patente - portanto, com


rendas e prestígio inferior aos membros da alta cúpula do
Exército – aglutinou-se no Forte de Copacabana, no Rio de
Janeiro, em protesto contra o fechamento do Clube Militar.

• Cercados, os tenentes entregaram-se, exceto um grupo de


dezoito insurretos que resistiu à pressão do governo.

– Morreram dezesseis, mas Eduardo Gomes e Siqueira Campos, os únicos dois


sobreviventes, marcaram a ascensão de uma nova identidade de resistência,
que passou a constituir o tenentismo.

• Não era propriamente democrático; pelo contrário, preconizava


reformas pela via autoritária.

• Tampouco era a expressão das classes médias urbanas,


malgrado a adesão dessas classes médias ao tenentismo.

• Os tenentes provinham de antigas linhagens castrenses


vinculadas às empobrecidas famílias do Nordeste.

• O que foi o tenentismo?

• Movimento político e ideologicamente difuso,


de características predominantemente
militares, onde as tendências reformistas
autoritárias aparecem em embrião.

• Movimentos tenentistas iniciaram-se


independentemente dos setores civis.

• Tenentes identificaram-se como responsáveis


pela salvação nacional, guardiões da pureza

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Bloco 02 – A Revolução de 1930 (1922-1930)
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das instituições republicanas, em nome do


povo inerme.

• Tratou-se de movimento substitutivo, e não


organizador do “povo”.

• Houve apenas alguns contatos,


especialmente após 1924, com as
dissidências paulistas e gaúchas.

– Não restou a Arthur Bernardes outra possibilidade senão governar em


estado de sítio por praticamente todo seu mandato eleitoral.

• Pelo lado da resistência armada, a Revolução de 1924, inspirada no levante dos


Dezoito do Forte, dava sinais de maior organização.

– Tratou-se de novo levante tenentista, promovido contra o Presidente do


Estado de São Paulo e com o apoio de Eduardo Gomes e de Miguel Costa.

• Resposta de Arthur Bernardes:

– O Partido Comunista do Brasil foi posto na ilegalidade no mesmo ano de sua


fundação, em 1922.

– O movimento operário foi duramente reprimido, e as greves rapidamente


controladas.

• O Bloco Operário, frente legal do Partido Comunista do Brasil,


consegui, no entanto, eleger um deputado em 1927.

– Os levantes tenentistas também foram cerceados.

• Eleições de 1926:

– A retomada do pagamento da dívida externa, prevista para 1927, deixava


pouca margem de manobra para que Arthur Bernardes perpetuasse a
defesa do café.

– A União decidiu deslocar a responsabilidade de sustento ao setor cafeeiro


para o Estado de São Paulo, que pouco se incomodou, visto que chegava a
vez de um paulista assumir a presidência da República.

– As eleições de 1926 transcorrem sem maiores abalos, e Washington Luís


assumiu o Executivo federal com 99% dos votos.

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Bloco 02 – A Revolução de 1930 (1922-1930)
Material de Apoio

• Nova agitação no Rio Grande do Sul:

– Com o fim da Revolução Libertadora em dezembro de 1923, assinou-se o


Pacto de Pedras Altas, por meio do qual o mandato de Borges de Medeiros
condicionou-se à reforma da Constituição gaúcha.

• Irrompia Getúlio Vargas na presidência gaúcha (1928-1930), selando


união entre a Aliança Libertadora e o Partido Republicano do Rio
Grande do Sul.

• Contestações também em São Paulo:

– Em São Paulo, o Partido Republicano Paulista perdia a hegemonia que o


caracterizou nas décadas precedentes.

– Com a fundação do Partido Democrático, em 1926, vislumbrava-se derrocar


a centralidade do Partido Republicano Paulista na administração pública.

• Advogava-se a constituição de uma Justiça Eleitoral, o que ampararia


as minorias não representadas.

• Voltando ao cenário nacional:

– Ficava claro aos Estados de segunda grandeza que se Washington Luís, o


paulista de Macaé, como dizia-se então, conseguisse eleger um sucessor à
presidência, as políticas de fomento e de sustentabilidade do café não
arrefeceriam.

– Para Washington Luís importava sobremaneira garantir a continuidade dos


planos de valorização do café, vislumbrados como pilar da economia
brasileira.

– Em 1929, apoiou a candidatura do paulista Júlio Prestes à presidência da


República; afinal, além de ter sido preteritamente Presidente do Estado de
São Paulo, Júlio Prestes era líder da maioria no Legislativo federal, o que
constituía carta-branca para perpetuar as políticas de defesa do café.

• Resposta mineira e gaúcha:

– O Estado de Minas Gerais não aceitaria uma nova presidência paulista em


detrimento do pacto de Ouro Fino.

– Os gaúchos, a seu turno, não suportariam novo governo voltado para os


interesses exclusivos de São Paulo.

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Bloco 02 – A Revolução de 1930 (1922-1930)
Material de Apoio

• A articulação mineiro-gaúcho contou ainda com o apoio dos Estados


do Nordeste, representados pela indicação do paraibano João
Pessoa, sobrinho de Epitácio, para a Vice-Presidência da República.

• Formava-se, portanto, a chapa oposicionista da Aliança Liberal contra


a o Partido Republicano Paulista, encabeçado por Washington Luís e
por Júlio Prestes.

• Organização das dissidências:

– Enquanto uma parcela do Partido Republicano de Minas Gerais apoiou Júlio


Prestes, temendo o esfacelamento definitivo do regime oligárquico, o
Partido Democrático de São Paulo pendeu para o lado de Getúlio Vargas.

– Os tenentes, a classe média urbana e o proletariado optaram, como era de


se esperar, pela candidatura da Aliança Liberal (o que não deixava de ser
surpreendente!):

• Os políticos da Aliança Liberal não eram o oposto das oligarquias


paulistas; pelo contrário, eram também oriundos de oligarquias
regionais, mas advogavam a defesa do trabalhador e a
regulamentação da legislação trabalhista.

• A Revolução de 1930:

– Os industrias paulistas não acreditaram no benefício que a Aliança Liberal


poderia trazer: regulamentar a legislação trabalhista poderia traduzir-se em
arrefecimento dos lucros.

• Para desconforto da chapa oposicionista, Júlio Prestes venceu com


pouco menos de 60% dos votos.

• um punhado de jovens políticos vinculados à Aliança Liberal


opôs-se veementemente aos resultados de março de 1930.

• Entre eles, Getúlio Vargas, Oswaldo Aranha e Lindolfo Collor


passaram a constituir o grupo dos tenentes civis, conforme
eram então rotulados, o que não quer dizer que fossem
aliados incontestes dos tenentes da caserna.

• Pelo contrário, os capitães e tenentes dos levantes da década de 1920


desconfiavam da Aliança Liberal, visto que, na composição dessa
agremiação, encontravam-se Arthur Bernardes, João Pessoa e

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História do Brasil - Profº Rodrigo Goyena Soares
Bloco 02 – A Revolução de 1930 (1922-1930)
Material de Apoio

Oswaldo Aranha, políticos que tinham participado de atos de


perseguição a tenentes no interior do país.

– Em julho de 1930, o assassinato de João Pessoa na Paraíba arrefeceu o clima


de discórdia entre tenentes civis e tenentes da caserna.

– Transformado em mártir!

• Na capital, formou-se um movimento armado sob a liderança de Góis


Monteiro, e a revolução estourou poucos meses depois em Minas
Gerais e no Rio Grande do Sul.

• Um dia depois, na madrugada do dia 4 de outubro, Juarez


Távora encarregou-se de estender a revolução ao Nordeste.

• Tomadas as porções meridionais e setentrionais do país,


restava aos revolucionários adentrar o Estado de São Paulo.

– Previa-se tomar o território paulista pelo Sul: seria a batalha de Itararé,


supunha-se então.

• Mas antes disso:

• oficiais de alta patente do Exército e da Marinha, que em nada


se assemelhavam os tenentes da caserna, formaram o
movimento pacificador:

• preferiam depor o Presidente da República,


Washington Luís, a esperar os resultados de um
conflito armado que poderia provocar insubordinação
nas camadas castrenses.

• Sob o comandos de Mena Barreto, de Tasso Fragoso e


de Isaías Noronha, o movimento pacificador tornou-se
a Junta Governativa Provisória, e o regime de 1889
encerrou-se da mesma forma que começou, sob o
comando das espadas.

Historiografia da Revolução de 1930

• Boris Fausto recorda que a Revolução de 1930 caracterizou-se pela


heterogeneidade de sua composição:

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Bloco 02 – A Revolução de 1930 (1922-1930)
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– não foram burgueses industrias ou membros das classes médias que a


fizeram, embora tivessem dado, ainda que de forma difusa, apoio a
Aliança Liberal.

– “O novo tipo de Estado que nasceu em 1930”, prossegue Fausto, “distinguiu-


se do Estado oligárquico não apenas pela centralização e pelo maior grau de
autonomia como também por outros elementos. Devemos acentuar pelo
menos três dentre eles: 1. Atuação econômica, voltada gradativamente para
os objetivos de promover a industrialização; 2. A atuação social, tendente a
dar algum tipo de proteção aos trabalhadores urbanos, incorporando-os, a
seguir, a uma aliança de classes promovida pelo poder estatal; 3. O papel
central atribuído às Forcas Armadas – em especial o Exército – como suporte
da criação de uma indústria de base e sobretudo como fator de garantia da
ordem interna. [...] Foi desse modo, e não porque tivesse atuado na Revolução
de 1930, que a burguesia industrial foi promovida, passando a ter forca no
interior do governo” (FAUSTO 2008).

(Diplomacia - 2011) Tendo o texto acima como referência inicial e considerando


aspectos marcantes da história brasileira entre o regime monárquico do século XIX e a
Primeira República, julgue (C ou E) os itens seguintes
(1) A Revolução de 1930 rompeu com as deterioradas estruturas da República Velha ao
encampar a consistente ideologia do tenentismo e alçar ao poder Getúlio Vargas,
cuja expressão política se restringia ao Rio Grande do Sul.
E
(Diplomacia – 2017 – CESPE) A Primeira República caracterizou-se pelo regime
oligárquico e pela economia agroexportadora. Com relação a esses assuntos, julgue (C
ou E) os itens a seguir.
1. Na década de 20 do século XX, o movimento tenentista contou com importante
participação de oficiais tanto do Exército como da Marinha, tendo apontado os males
causados pelo poder excessivo da oligarquia e defendido a descentralização do poder
político, além de uma política econômica nacionalista.
E

(Diplomacia – 2006) Ainda considerando o assunto abordado no texto, o termo


revolução, embora questionado, é de uso frequente na historiografia brasileira quando
se trata de denominar o movimento que, em 1930, depôs Washington Luís e alçou o
gaúcho Getúlio Vargas à chefia do governo federal. No que respeita à crise que abalou
o pacto oligárquico e que culminou com a vitória do movimento armado dirigido por
Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba, julgue (C ou E) os itens seguintes.
(1) A predominância econômica de São Paulo e de Minas Gerais tinha correspondência

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História do Brasil - Profº Rodrigo Goyena Soares
Bloco 02 – A Revolução de 1930 (1922-1930)
Material de Apoio

na hegemonia política que exerciam, popularmente sintetizada na expressão Política


do café-com-leite. Não havia, contudo, unanimidade quanto a essa liderança
nacional, razão pela qual as sucessões presidenciais, não raro, geravam dissensões
entre setores das oligarquias.
(2) Os anos 20 do século passado assistiram ao aprofundamento da crise que corroeu o
pacto oligárquico. O movimento tenentista, do qual decorreram duas insurreições
armadas (em 1922, no Rio e em 1924, em São Paulo) e a própria Coluna Prestes,
demonstra o grau de crescente insatisfação com os costumes políticos típicos do
regime vigente nessa época.
(3) Antecedendo Washington Luís, o período de governo do mineiro Artur Bernardes
transcorreu em estado de sítio em praticamente todo o período, em clara
demonstração do esgotamento do modelo político em que se assentava a Primeira
República.
C/C/C

(Diplomacia 2018) Getúlio Vargas assumiu a presidência do Brasil na chamada


Revolução de 1930. Seu governo foi marcado por fortes transformações econômicas e
sociais, bem como por acontecimentos políticos importantes no Brasil e no mundo. A
respeito da Era Vargas, julgue (C ou E) os próximos itens.

1 Getúlio Vargas, ao mesmo tempo em que se aliava aos interesses de grupos urbanos,
mantinha aproximação com as forças militares. Além disso, ele retomou a política de
valorização do café, que havia sido abandonada pelo seu antecessor.
2 Com a decretação do Estado Novo, em 1937, Getúlio Vargas tomou medidas como a
suspensão do pagamento da dívida externa, a diminuição da liberdade de imprensa e a
extinção dos partidos políticos.
3 O movimento de transformação política no Brasil iniciado em 1930 se consolidou
definitivamente com a Lei Agamenon, em 1945, que regulamentava a criação das
agremiações partidárias.
4 Em 1950, como candidato eleito pelo Partido Trabalhista Brasileiro, Getúlio Vargas
voltou a ocupar o cargo de presidente do Brasil. Seu governo foi marcado por forte
apoio dos trabalhadores e suas entidades representativas — sindicatos e federações
sindicais.
C/C/C/E

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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 02


QUESTÃO 02
QUESTÃO 01

A respeito da Revolução de 1930, julgue (C ou E) os itens


Acerca dos anos finais da Primeira República e da a seguir.
Revolução de 1930, julgue (C ou E) os itens a seguir.
1. (CESPE – SEGER/ES 2011) O tenentismo foi a
1. (CESPE – IRBr 2018) A governabilidade do Brasil tentativa armada de salvar a República Velha e,
durante a chamada República Oligárquica foi por ter sido parcialmente bem-sucedido,
alcançada com o que a historiografia retardou a chegada de Getúlio Vargas ao poder.
convencionou chamar de Política dos
Governadores, instituída por Campos Sales. 2. (CESPE – SEDUC/AM 2011) Derrotado nas urnas,
Essa medida tornou possível a articulação entre Getúlio Vargas chegou à chefia do poder
os interesses das oligarquias estaduais e os do nacional graças à força das armas, expressa na
governo federal. O frágil equilíbrio então Revolução de 1930.
alcançado teve fim com a crise da década de 20
do século passado, que levou a disputas entre 3. (CESPE – SEDUC/AM 2011) Da proclamação da
as oligarquias de São Paulo e de Minas Gerais e República à Revolução de 1930, os militares
resultou no início do Governo Vargas em 1930. abstiveram-se de participar, ainda que indireta
e secundariamente, da política brasileira.
2. (CESPE – PM/AL 2017) Os tenentes que
compuseram o movimento tenentista 4. (CESPE – SEGER/ES 2011) O poder político da
propunham reformas sociais e defendiam o oligarquia agrária brasileira encerrou-se com a
nacionalismo, em contraposição às classes Revolução de 1930.
médias urbanas apoiadoras dos grupos
políticos responsáveis pela Revolução de 1930,
QUESTÃO 03
como a Aliança Liberal.

Julgue (C ou E) os itens a seguir, a respeito da última


3. (CESPE – IRBr 2017) Na década de 20 do século
década da Primeira República.
XX, o movimento tenentista contou com
importante participação de oficiais tanto do
Exército como da Marinha, tendo apontado os 1. (CESPE – PM/ES 2010) São Paulo e Espírito Santo
males causados pelo poder excessivo da lideraram politicamente a República Velha,
oligarquia e defendido a descentralização do especialmente graças à monocultura cafeeira e
poder político, além de uma política econômica à pecuária, formando o que se convencionou
nacionalista. chamar de política do café com leite.

4. (CESPE – IRBr 2015) No quadro de esgotamento 2. (CESPE – PM/ES 2010) O tenentismo foi um
do regime republicano, ao longo dos anos 20 do movimento militar que, nos anos 20 do século
século XX, a ação dos tenentes assumiu papel XX, levantou-se para sustentar os governos da
de destaque no cenário nacional: seus levantes República Velha.
armados em 1922 e em 1924 abriram o
caminho para a vitória do movimento de 1930 e 3. (CESPE – PM/ES 2010) Vargas chegou ao poder,
confirmaram a identidade ideológica entre em 1930, ao vencer as eleições presidenciais
tenentismo e comunismo, algo que foi diretas.
reiterado após a ascensão de Vargas ao poder.
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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 02


4. A Semana de Arte Moderna, em 1922,
caracterizou‐se pela defesa da importação de
modelos estrangeiros, sobretudo europeus,
como forma de aperfeiçoar a produção artística
e literária brasileira.
CURSO SAPIENTIA
MARATONA 2019 – HISTÓRIA DO BRASIL
LISTA DE EXERCÍCIOS

Aplicação: Lista Complementar 02

GABARITOS

Questão 01 Questão 02 Questão 03


C E E E E C E E E E E E
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Bloco 03 – Brasil Monárquico – A Transmigração da Coroa
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Organização do módulo (16 aulas)

Formação de elites, consolidação de projetos de governo e crises de Estado (aulas 1 a 4)


 Brasil monárquico (I)
o A crise das elites imperiais (1870-1889)
 Brasil republicano (II)
o A Revolução de 1930 (1922-1930)
 Brasil monárquico (III)
o A transmigração da Coroa
 Brasil republicano (IV)
o A transição lenta, gradual e segura (1974-1985)

Movimentos sociais, processos eleitorais e regimes administrativos (aulas 5 a 8)


 Brasil colonial e monárquico (I e II)
o A administração colonial
o Movimentos sociais durante o Segundo Reinado
 Brasil republicano (III e IV)
o As eleições de 1910 e de 1922
o A caserna durante a Experiência Democrática (1945-1964)

Formação territorial e conflitos externos (aulas 9 a 12)


 Brasil colonial (I)
o A formação territorial e as lindes cartográficas
 Brasil Republicano (II, III e IV)
o As fronteiras do Barão do Rio Branco
o O Brasil e a Primeira Guerra Mundial
o O Brasil e a Segunda Guerra Mundial

A Política Externa Brasileira no século XX (aulas 13 a 16)


 Primeira República e Era Vargas (I e II)
o O americanismo do Quinze de Novembro
o O americanismo da Era Vargas
 Experiência Democrática e Regime de 1964 (III e IV)
o A Política Externa de Eurico Gaspar Dutra
o A Política Externa de Castelo Branco

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Bloco 03 – Brasil Monárquico – A Transmigração da Coroa
Material de Apoio

Brasil, sede do Estado monárquico português

O projeto de partida

 1808: tratava-se de partir como antes zarpavam comerciantes e aventureiros?


o Era a primeira vez que Napoleão forçava uma monarquia europeia a retirar-se
de seu trono?
o Transferência da Coroa para o Brasil foi mais perene do que transitória.
 XVII: projeto de padre Antônio Vieira.
 XVIII: projeto de dom Rodrigo de Souza Coutinho.

As relações interestatais europeias de 1808

 18 Brumário: fim do Diretório e início do Consulado. Napoleão torna-se primeiro-cônsul.


o 1804: Aclamado Imperador.
o Grande Armée.
 Livre iniciativa britânica vs. capitalismo intervencionista francês.
 Inglaterra busca ligar-se à Áustria, à Rússia e a Prússia, contra Napoleão.
o 1805: Trafalgar.
 Lord Nelson e a esquadra inglesa.
 Resposta à derrota francesa em Trafalgar: Bloqueio de Berlim
(1806).
o Posição portuguesa: aderir ou não ao Bloqueio de
Berlim?
 Aliança como França e Espanha, para reverter as
perdas econômicas do Tratado de Methuen
(Pombal)?
 Aliança com a Inglaterra, para garantir proteção
militar com possível expansionismo
napoleônico?
 Posição da Dinamarca
o Tradicional aliada da Inglaterra,
mas adere ao bloqueio.
o 1807: Bombardeio de
Copenhague pela esquadra
inglesa.

2
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Bloco 03 – Brasil Monárquico – A Transmigração da Coroa
Material de Apoio

 Óleo na engrenagem das alianças sistêmicas!


o Portugal alia-se à Inglaterra contra o bloqueio
continental.
 Resposta napoleônica:
o Tratado de Fontainebleu, 1807, assinado entre Bonaparte e Manuel de Godoy.
 Quais foram as cláusulas?
o Espanha cede passagem, em seu território, para tropas francesas,
que não teriam, portanto, de invadir o Portugal pela via marítima.
o Napoleão divide o Portugal em dois principados e um reino:
 Sul: Principado de Algarves, que ficaria sob controle de
Manuel de Godoy.
 Norte: Reino de Lusitânia Setentrional, cedido ao rei da
Etrúria, conforme leis de sucessão da família que ocupar
o trono da Espanha.
 Centro: Beira, Trás-os-Montes, Estremadura e Alentejo.
Em posse francesa, e somente devolvido a Portugal em
troca de “Gibraltar, Trindade e outras colônias, que os
ingleses têm conquistado à Espanha e seus aliados”.
 1808: transmigração da Coroa bragantina para o Rio de Janeiro.
o Reabilita-se o projeto de dom Rodrigo de Souza Continho.
 Não foi fuga.
 Não houve incentivo inglês.

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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 03


QUESTÃO 01 importância das possessões coloniais para a
manutenção da Coroa portuguesa. Entre os
A respeito da Revolução do Porto (1920), julgue (C ou E) proponentes dessa ideia, encontrava-se o
os itens a seguir. padre Antônio Vieira, ainda no século XVII.
1. (IRBR – 2006) Internamente liberal, a Revolução
do Porto, em 1820, pôs fim ao absolutismo 2. (SEDU ES – 2010) A transferência da corte
português e, simultaneamente, impôs a adoção portuguesa para o Brasil, em 1808, na prática
de medidas para reverter o grau de relativa antecipou a independência, especialmente por
autonomia conquistado pela colônia brasileira. ter determinado o fim do monopólio do
Daí ser essa revolução considerada fator comércio, característica essencial da
determinante para a evolução dos colonização mercantilista.
acontecimentos que resultaria na declaração de
independência do Brasil, em 1822. 3. (IRBR 2014) A transferência da sede do Estado
português para sua colônia americana foi
2. (IRBR – 2018) O Vintismo pretendia a decisiva para a emancipação política do Brasil,
regeneração e a atualização da tradição política como evidencia o fim do monopólio comercial
portuguesa, o que se desdobrava na elaboração metropolitano determinado pela abertura dos
de uma Constituição. Tendo o movimento portos brasileiros ao comércio internacional,
eclodido em agosto de 1820, na cidade do decisão que rompia com um dos esteios da
Porto, com a rápida adesão de Lisboa, as política econômica mercantilista.
notícias chegaram primeiramente às províncias
do norte do reino do Brasil. O Grão-Pará 4. (IRBR – 2008) A promoção das manufaturas era
declarou sua adesão a ele em janeiro de 1821, considerada como componente nocivo aos
enquanto a Bahia se manifestou favorável a ele interesses de Portugal e, por tal razão, esteve
em fevereiro desse mesmo ano. ausente na política de D. João no Brasil.

3. (IRBR – 2008) O retorno de D. João a Portugal, em QUESTÃO 03


1821, ocorreu por exigência de Lisboa, onde se
instalara um governo dito revolucionário. Julgue (C ou E) os itens a seguir, que versam a respeito
do Período Joanino.
4. (IRBR – 2013) A tentativa das Cortes de Lisboa de
impor à colônia brasileira a condição de Reino 1. (IRBR – 2018) As convenções assinadas no
Unido, por acarretar impostos adicionais à elite âmbito do Congresso de Viena evidenciaram os
local, foi o fato desencadeador da Proclamação esforços da nobreza portuguesa em defender
da Independência do Brasil. os interesses do reino português em

QUESTÃO 02
detrimento dos do Brasil. Isso se evidencia na
proibição do tráfico de escravos ao norte do

Julgue (C ou E) os itens a seguir, a respeito da Equador, estabelecida no tratado assinado

transferência da Coroa portuguesa para a América entre Inglaterra e Portugal, em janeiro de 1815.

1. (IRBR – 2018) A transferência da Corte 2. (IRBR – 2013) Embora o exclusivismo comercial

portuguesa para a América foi proposta em tenha acabado em 1808, com a abertura dos

crises anteriores à de 1807. Seus defensores portos às nações amigas, somente em 7 de

consideravam a fragilidade de Portugal em setembro de 1822 o Brasil deixou de ser colônia

meio às disputas entre as potências europeias, política.

marcadamente entre França e Inglaterra, e a


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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 03


3. (IRBR – 2008) No Rio de Janeiro, D. João concebia advindas da Revolução Industrial e do
a expansão ao norte e ao sul do Brasil, por meio decorrente processo de consolidação do
de invasões de territórios sob dominação capitalismo tornavam anacrônicas práticas
francesa ou espanhola, com o fim de robustecer como as estabelecidas pelo sistema de
o império luso na América. exclusivo colonial.

4. (SEE AL – 2013) Para muitos historiadores, o fim


do período colonial brasileiro ocorreu em 1808,
quando da chegada da família real ao Rio de
Janeiro. No entanto, a opção pela
independência formal do Brasil passou a ser
abertamente discutida apenas em 1820, com a
Revolução do Porto.

QUESTÃO 04

A respeito do processo de independência do Brasil,


julgue (C ou E) os itens a seguir.

1. (SEDF – 2017) O processo de independência


latino-americana, incluindo-se a brasileira,
inscreve-se no quadro mais geral da crise do
Antigo Regime europeu, ainda que fatores
internos tenham exercido importante papel
para a emancipação das colônias.

2. (Bolsa IRBR – 2015) Diferentemente do ocorrido


nas colônias espanholas da América, o processo
de independência do Brasil passou ao largo da
conjuntura histórica europeia de princípios do
século XIX, tendo ficado adstrito às
circunstâncias da política interna da colônia.

3. (IRBR – 2014) Enquanto as ideias iluministas, que


fundamentaram a Revolução Francesa em
1789, chegavam ao Brasil e incendiavam os
movimentos pela independência, que se
multiplicavam pela colônia, a independência
das treze colônias inglesas da América do Norte
foi ignorada tanto nas colônias hispânicas
quanto no Brasil.

4. (IRBR – 2014) A independência do Brasil integra


um processo histórico mais amplo, em que há
nítida interseção entre a crise do Antigo Regime
(na Europa) e a crise do Antigo Sistema Colonial
(nas Américas). Ao fundo, mudanças estruturais
Curso Sapientia
Maratona 1ª etapa – M1
História do Brasil – Prof.Rodrigo Goyena
Bloco 03 – Brasil Monárquico – A Transmigração da Coroa
Materia: Lista de Exercícios

Questão 1. (Diplomacia – 2015) As circunstâncias históricas europeias de princípios do


século XIX foram responsáveis pela transferência da sede do Estado português para a colônia
brasileira. Essa decisão, tomada para preservar o trono lusitano em mãos da família
Bragança em face da invasão francesa, foi decisiva para deflagrar o processo que culminaria
na Independência do Brasil. A esse respeito, julgue (C ou E) os itens subsequentes.

1. O contexto histórico europeu das duas primeiras décadas do século XIX em muito
favoreceu a Independência do Brasil: a relativa paz alcançada com a renúncia de
Napoleão Bonaparte ao projeto expansionista que embalara suas pretensões
imperialistas e o fim da era revolucionária levaram as monarquias ibéricas a
conceder a emancipação de suas colônias.

2. A vitória da Revolução Constitucionalista do Porto, em 1820, teve o efeito de adiar a


Independência do Brasil: por ser liberal, além de eliminar os resquícios de
absolutismo em Portugal, ela ampliou consideravelmente a autonomia da colônia,
atendendo aos interesses dos potentados rurais e dos comerciantes urbanos.

3. A abertura dos portos, tão logo a Corte portuguesa chegou ao Brasil, significou a
ruptura do pacto colonial que definia as relações de dominação e de dependência
entre metrópole e colônia, rompendo com o monopólio (“exclusivo de comércio”) e
abrindo largos espaços à entrada de produtos britânicos na colônia; essa influência
britânica ampliou-se, a seguir, com a assinatura de tratados vantajosos para o país
pioneiro da Revolução Industrial.

4. Embora conduzida pelo príncipe herdeiro do trono português, a Independência é


consensualmente vista como ato político que rompeu com as estruturas básicas do
período colonial, o que foi possível em face da conciliação que aproximou as elites
brasileiras em torno do projeto maior de assegurar a emancipação do país e de
inseri-lo vantajosamente na economia internacional.

Questão 2. (Diplomacia – 2006) Tendo o texto acima como referência inicial e


considerando a dimensão do significado da transferência da sede do Estado português
para sua colônia americana, julgue (C ou E) os itens seguintes
1. A decisão de transferir a sede do governo metropolitano vincula-se à tensa
conjuntura da política europeia em princípios do século XIX, quando duas forças
poderosas — a França napoleônica e a Inglaterra — disputam espaços e áreas de
influência.
2. A presença da corte bragantina no Rio de Janeiro alterou substancialmente a situação
da colônia brasileira. O primeiro sinal dessa transferência, que se mostrou
fundamental para o encaminhamento do processo de independência, foi a abertura
dos portos ao comércio internacional, decisão que fazia desaparecer o eixo central
do sistema colonial: o monopólio metropolitano.
1
Curso Sapientia
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História do Brasil – Prof.Rodrigo Goyena
Bloco 03 – Brasil Monárquico – A Transmigração da Coroa
Materia: Lista de Exercícios

3. O fim do exclusivo de comércio (monopólio metropolitano) foi decisão difícil, visto


que foi preciso vencer a implacável resistência britânica. Como país pioneiro e líder
da Revolução Industrial, a Inglaterra temia perder o potencialmente promissor
mercado brasileiro ante a concorrência de outras potências.

4. Infere-se do texto que a política externa joanina bem como a que foi implementada
pelo nascente Estado brasileiro afastaram-se paulatinamente de influências
europeias, superaram condicionamentos históricos e abriram perspectivas na
direção da crescente aproximação do Brasil com os vizinhos americanos.

Questão 3. (Diplomacia 2010) Em 1808, a Família Real portuguesa transferiu-se para o


Brasil. Acerca desse tema, assinale a opção correta.

A. Entre as grandes transformações ocorridas na Colônia, destaca-se o incremento do


comércio com os Estados Unidos da América, primeira nação a reconhecer a
independência do Brasil.

B. A revogação do ato que proibiu a instalação de indústrias no Brasil e a abertura dos


portos simbolizaram o fim do monopólio metropolitano.

C. Na cidade do Rio de Janeiro, transformada na capital do Império luso, foi criada a


primeira universidade nacional.

D. João VI elevou, de imediato, o status da Colônia, que passou a ser parte integrante do
Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.

E. O retorno de D. João VI a Lisboa teve o objetivo político de reinserir Portugal no


Concerto Europeu.

Questão 4. (Diplomacia – 2016 – CESPE) Tendo o fragmento de texto precedente como


referência inicial e considerando aspectos marcantes do processo de independência do
Brasil, julgue (C ou E) os itens seguintes.

1. As teses libertárias do Iluminismo, que embalaram a Revolução Francesa de 1789 e


impulsionaram a independência das treze colônias inglesas na América do Norte, em
1776, também chegaram ao Brasil, presentes em movimentos emancipacionistas
2
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Bloco 03 – Brasil Monárquico – A Transmigração da Coroa
Materia: Lista de Exercícios

como as Conjurações Baiana (1798) e Mineira (1789).

2. A oficialização do rompimento entre o Brasil e a metrópole portuguesa, ainda que


conduzida por setores da elite política colonial, tendo à frente o próprio príncipe
regente D. Pedro, se fez acompanhar da ação popular que, em alguns pontos do
território brasileiro, enfrentou as tropas portuguesas que se insurgiram contra a
independência, a exemplo da batalha do Jenipapo, no Piauí, e da guerra finalmente
vencida pelos baianos em 2 de julho de 1823.

3. Decisão estratégica de D. João VI, a criação do Reino Unido, em 1815, objetivou


demonstrar às forças políticas que passaram momentaneamente a dominar o
cenário europeu devido à derrota imposta a Bonaparte e ao pretenso aniquilamento
do legado da Revolução Francesa que Portugal não se curvava aos ditames do
Congresso de Viena.

4. Há relativo consenso historiográfico quanto ao fato de que a transferência do Estado


português para a colônia foi decisiva para que o processo de independência do
Brasil, já em curso desde as últimas décadas do século XVIII, sofresse solução de
continuidade e só se concretizasse após a vitória da revolução absolutista irrompida
no Porto, em 1820.

Questão 5. (Diplomacia – 2017 – CESPE) O processo de independência do Brasil resultou


de um contexto complexo, determinado por fatores externos e internos. Com relação a
esse assunto, julgue (C ou E) os itens que se seguem.

1. Fez parte da estratégia política em favor da independência brasileira o esvaziamento


da influência das cortes legislativas portuguesas, por meio da criação de uma corte
similar no Brasil.

2. Ao promoverem a industrialização de Portugal, as reformas pombalinas atingiram os


interesses da elite mercantil brasileira, cujos ganhos estavam relacionados à
importação de manufaturados da Inglaterra.

3. Movimentos de revolta restritos ao ambiente regional, a Inconfidência Mineira, a


Conjuração dos Alfaiates, na Bahia, e a Revolução Pernambucana de 1817 não
visavam à emancipação de todo o território brasileiro.

4. A determinação para que se procedesse à abertura dos portos brasileiros às nações


amigas, em 1808, foi uma das medidas tomadas pela Inglaterra com o objetivo de
favorecer o desenvolvimento de práticas e de instituições liberais no Brasil.

3
Curso Sapientia
Maratona 1ª etapa – M1
História do Brasil – Prof.Rodrigo Goyena
Bloco 03 – Brasil Monárquico – A Transmigração da Coroa
Materia: Lista de Exercícios

Gabarito

Questões/Itens 1 2 3 4
1 E E C E
2 C C E E
3 ECEEE
4 C C E E
5 C E C E

4
CURSO SAPIENTIA
MARATONA 2019 – HISTÓRIA DO BRASIL
LISTA DE EXERCÍCIOS

Aplicação: Lista Complementar 03

GABARITOS

Questão 01 Questão 02 Questão 03 Questão 04


C C C E C C C E E E C E C E E C
Curso Sapientia
Curso Maratona 1ª Etapa
História do Brasil - Prof. Rodrigo Goyena Soares
Bloco 04 – Brasil republicano (IV) – A transição lenta,
gradual e segura (1974 – 1985)
Material: Material de apoio

Organização do módulo (16 aulas)

Formação de elites, consolidação de projetos de governo e crises de Estado (aulas 1 a 4)


• Brasil monárquico (I) o A crise das elites
imperiais (1870-1889)
• Brasil republicano (II) o A Revolução de 1930
(1922-1930)
• Brasil monárquico (III) o A transmigração da
Coroa
• Brasil republicano (IV) o A transição lenta,
gradual e segura (1974-1985)

Movimentos sociais, processos eleitorais e regimes administrativos (aulas 5 a 8)


• Brasil colonial e monárquico (I e II) o A
administração colonial o Movimentos sociais
durante o Segundo Reinado
• Brasil republicano (III e IV) o As eleições de
1910 e de 1922 o A caserna durante a
Experiência Democrática (1945-1964)

Formação territorial e conflitos externos (aulas 9 a 12)


• Brasil colonial (I) o A formação territorial e as
lindes cartográficas
• Brasil Republicano (II, III e IV) o As fronteiras
do Barão do Rio Branco o O Brasil e a
Primeira Guerra Mundial o O Brasil e a
Segunda Guerra Mundial

A Política Externa Brasileira no século XX (aulas 13 a 16)


• Primeira República e Era Vargas (I e II) o O
americanismo do Quinze de Novembro o O
americanismo da Era Vargas

1
Curso Sapientia
Curso Maratona 1ª Etapa
História do Brasil - Prof. Rodrigo Goyena Soares
Bloco 04 – Brasil republicano (IV) – A transição lenta,
gradual e segura (1974 – 1985)
Material: Material de apoio

• Experiência Democrática e Regime de 1964 (III e IV)


o A Política Externa de Eurico Gaspar Dutra o A
Política Externa de Castelo Branco

Abertura lenta, gradual e segura: Ernesto Geisel

• Razões para a distensão:


o Internas:
 Igreja Católica dá sinais, em 1973, de distanciamento com o Estado
brasileiro:
• Comunhão Eclesiástica de Base (doutrina social da Igreja).
• Comissão Pastoral da Terra (reforma agrária).
 Legislativo:
Eleições de 1974 deram 16 cadeiras de Senador ao MDB, das
22 que se renovavam.
o Maioria ainda nas mãos da ARENA, visto que foi
renovação de 1/3 do Senado.
Câmara: avanço do MDB.
o 161 cadeiras.
 E ARENA, 203.
o Focos de resistência do MDB: centros urbanos, Rio e
São Paulo.
 Plano interno das Forças Armadas:
• Choque entre linha dura e sorbonnistas torna-se patente com
assassinato do jornalista Vladimir Herzog (assassinado por
agentes do DOI-CODI).
• “um oficial de patente inferior podia controlar informações, decidir
da vida ou morte de pessoas conforme sua inserção no aparelho
repressivo, sem que seu superior na hierarquia militar pudesse
contrariá-lo” (FAUSTO 2008)
• Geisel, portanto, buscou restringir a influência da linha dura:
o Retomar controle do aparato burocrático-repressivo.

2
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História do Brasil - Prof. Rodrigo Goyena Soares
Bloco 04 – Brasil republicano (IV) – A transição lenta,
gradual e segura (1974 – 1985)
Material: Material de apoio

• Razões externas da distensão:


• Jimmy Carter nos EUA:
o Bandeira dos Direitos Humanos.
• Apelo das Mães da Praça de Maio (Argentina): alcance externo.
• Médici, em 1970, havia solicitado pessoalmente ao embaixador da
Noruega no Brasil que o prêmio Nobel da Paz não fosse
outorgado a Helder Câmara.

• Geisel e a resposta as eleições de 1974:


• Lei Falcão:
o Restrição do acesso às telecomunicações em momento de
campanha eleitoral.
 Mas MDB sai vitorioso das eleições de 1976:
prefeitos nos maiores núcleos urbanos.
• Pacote de Abril (de 1977):
 Congresso fechado novamente.
Criação do Senador Biônico: candidato
forjado pela ARENA e escolhido de forma
indireta pelo colégio eleitoral.
o Era um candidato-eleito.
• Mudança de critério de proporcionalidade
na Câmara: Estados do Nordeste passaram
a ter maior representatividade,
proporcionalmente à população, do que os
do Sudeste.
• Lei Falcão: aplicada às esferas federais,
estaduais e municipais.
• Avança a contestação:
o Cresce número de trabalhadores agrícolas sindicalizados.
o Sindicatos de profissionais.
o Blocos operários (sobretudo, aqueles ligados à indústria
automobilística).
 ABC: principal foco de contestação.

3
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História do Brasil - Prof. Rodrigo Goyena Soares
Bloco 04 – Brasil republicano (IV) – A transição lenta,
gradual e segura (1974 – 1985)
Material: Material de apoio

• Geisel faz seu sucessor:


o Linha dura desgastada.
o Indica-se o nome de João Batista Figueiredo: havia sido
chefe do SNI, mas dava bons augúrios para a continuidade
da distensão.

• João Batista Figueiredo e a distensão prolongada o Crise


econômica: caminho de mão única para a distensão
política final:
 Abertura ampla, geral e irrestrita.
o 1979: Lei de Anistia o Linha dura
tenta voltar à carga:
 Ataques a jornais, a OAB, a Igreja.
• 1981: atentado no Riocentro.
o Dezembro de 1979: Lei Orgânica dos Partidos.
 Com abertura lenta, gradual e segura, eleições tornaram-se espécies
de plebiscitos em que se votava a favor ou contra o governo.
Voto a favor do MDB – ou contra a ARENA – era expressão de
descontentamento ideológico de matizes plurais. o Resposta
do governo Figueiredo:
 1979: Lei Orgânica dos Partidos.
Extingue MDB e ARENA.
o Objetivos:
• Enfraquecer a oposição,
fragmentando-a por meio da fundação
de novas organizações partidárias.
• Criar novas oportunidades para o
aparecimento de um partido
alternativo de situação (que não fosse
identificado com o governo).
 ARENA torna-se Partido
Democrático Social.
 MDB, PMDB.

4
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História do Brasil - Prof. Rodrigo Goyena Soares
Bloco 04 – Brasil republicano (IV) – A transição lenta,
gradual e segura (1974 – 1985)
Material: Material de apoio

Não consegue concentrar a oposição, à


medida que o regime foi se abrindo.
 PT: sindicalismo urbano e rural, setores da Igreja
e da classe média.
Buscava representar os interesses de
amplas camadas de assalariados, com
base em programa de direitos mínimos
e de transformações sociais – que
abrissem caminho ao socialismo.
 Brizola tampouco se acomodou no PMDB:
PDT.
o PTB fica em mãos de Ivete
Vargas.
• Partido Popular (curta duração): reuniu adversários conservadores do governo,
como Tancredo Neves e Magalhães Pinto.
o Buscou apoio na burguesia industrial, favorável a uma transição sem abalos.
• Eleições de 1982: o Voto vinculado.
 PP dissolveu-se e incorporou-se ao PMDB.
o Eleições diretas de governadores.
o Resultados:
 Vitória do PDS no Senado: 46 cadeiras, contra 21 do PMDB, 1 do
PDT e 1 do PTB.
 Vitória apenas parcial na Câmara, pois PDS não obtém maioria
absoluta: 235 cadeiras contra 200 do PMDB, 24 do PDT, 13 do PTB
e 8 do PT.
 Nos Estados:
• PMDB vence em São Paulo (Franco Montoro), em Minas Gerais (Tancredo Neves), no
Paraná (José Richa).
• No Rio de Janeiro, Brizola conseguiu eleger-se.
• Campanha das Diretas Já:
o Coligaram-se o PT e o PMDB para fomentar campanha no sentido de tornar
direto o voto para a presidência.
 Forma-se frente única: PT, PMDB, PDT, CUT e Conclat.

5
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Bloco 04 – Brasil republicano (IV) – A transição lenta,
gradual e segura (1974 – 1985)
Material: Material de apoio

o Emenda Dante de Oliveira:


 2/3 das duas casas legislativas.
 Dos 479 deputados presentes na Câmara, em 25 de abril de 1984, 298
votaram a favor da emenda; faltaram 22 votos para alcançar os 2/3
requeridos.

• Últimas eleições do regime militar:


o Frustração após derrota nas diretas.
 Sucessão se daria no Colégio Eleitoral:
• Candidatos prováveis do PDS: o Aureliano Chaves. o Mário
Andreazza.
o Paulo Maluf.
• Cisão no PDS quanto à indicação de Maluf.
• Aureliano Chaves forma o PFL.
o Aproxima-se do PMDB, que lançou o nome de Tancredo Neves.
 Forma-se a Aliança Democrática.
o Termos do acordo: José Sarney (PDS-PFL) seria vice.
 Transição transada.
• José Sarney pertencera à UDN,
depois à dissidência bossa nova,
em seguida à ARENA e,
finalmente, ao PDS.
• As últimas indiretas o Janeiro
de 1985: oposição chega ao
poder.
 Tancredo e Sarney venceram as eleições indiretas no Colégio
Eleitoral.
• Dissidência do PDS votaram na chapa oposicionista.
• PMDB.
• PT (malgrado instruções para anular o voto)
• PDT.

6
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Curso Maratona 1ª Etapa
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Bloco 04 – Brasil republicano (IV) – A transição lenta,
gradual e segura (1974 – 1985)
Material: Material de apoio

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Bloco 04 – Brasil republicano (IV) – A transição lenta,
gradual e segura (1974 – 1985)
Material: Lista

Brasil republicano (IV) –


A transição lenta, gradual e segura (1974 – 1985)

Questão 1. (Diplomacia – 2016 – CESPE) Tendo o texto precedente como referência

inicial, julgue (C ou E) os próximos itens, a respeito do período da história brasileira por


ele focalizado.

1. Ressalvadas as especificidades de cada período, é possível traçar um paralelo


entre o Estado Novo e o regime militar implantado em 1964: de modo
semelhante ao de Getúlio Vargas, que tentou conduzir a reforma política que o
manteria no poder, o regime militar procurou conduzir, a partir de Ernesto Geisel,
o processo de abertura “lenta, gradual e segura” como forma de manter o
controle do processo de transição no qual haveria o retorno do poder civil e a
volta dos militares aos quartéis.

Questão 2. (Bolsa-Prêmio/Itamaraty – 2009) Julgue os itens que se seguem, a respeito do


processo político brasileiro a partir de 1964.
1. O regime militar foi fascista, pois mobilizou e organizou as massas em seu apoio
e construiu um partido político, a ARENA.

Questão 3. (Diplomacia – 2017 – CESPE) Considerando o trecho de texto apresentado


acima, julgue (C ou E) os seguintes itens.

1. Foi a determinação da liberdade de organização partidária na Constituição de 1988

o que permitiu a legalização do Partido Comunista Brasileiro e do Partido Comunista

do Brasil.

2. O governo Geisel iniciou a liberalização do regime militar – a chamada distensão

– de modo controlado, com o objetivo de construir uma democracia conservadora.

1
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Curso Maratona 1ª Etapa
História do Brasil - Prof. Rodrigo Goyena Soares
Bloco 04 – Brasil republicano (IV) – A transição lenta,
gradual e segura (1974 – 1985)
Material: Lista

3. A luta armada contra o regime militar, promovida por organizações políticas de

esquerda, abalou a estrutura política autoritária, criando as condições para a vitória

da chapa oposicionista Tancredo Neves – José Sarney na eleição presidencial

de1985.

4. O governo Sarney caracterizou-se pela garantia do exercício das liberdades

individuais, pelo relativo sucesso na luta contra a inflação e pelas dificuldades em

saldar as obrigações da dívida externa.

Questão 4. (Diplomacia – 2016 – CESPE) Considerando a abrangência histórica do período


a que o texto anterior se refere, julgue (C ou E) os itens que se seguem.

1. A emenda Dante de Oliveira, no marco de uma campanha popular sem

precedentes na história brasileira, teve menos votos a favor do que contra no

Congresso Nacional, inviabilizando, naquele momento, o retorno das eleições

presidenciais diretas. Para muitos estudiosos, uma razão preponderante para a

derrota da emenda foi a divisão entre as lideranças oposicionistas, que nem mesmo

chegaram a partilhar o mesmo palanque na campanha, que tinha por lema a frase

“Eu quero votar para presidente”.

2. Ao afirmar que “de tudo se discutiu” ao longo do processo constituinte, o texto

reitera o fato de que a Carta de 1988 — a “Constituição Cidadã”, na expressão

célebre de Ulysses Guimarães — resultou de significativa participação da sociedade,

em especial de seus setores organizados, o que pode lhe ter conferido, como
muitos críticos apontam, uma certa dimensão corporativa.

3. Talvez movidos pelo sentido de repulsa ao autoritarismo do qual o país acabara

de sair, em processo semelhante ao que conduziu os trabalhos constituintes de

1946, os congressistas que elaboraram a Carta de 1988 enfatizaram a defesa das

2
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Bloco 04 – Brasil republicano (IV) – A transição lenta,
gradual e segura (1974 – 1985)
Material: Lista

liberdades públicas, mas praticamente passaram ao largo dos direitos e garantias

individuais e coletivos, possivelmente por terem seguido à risca texto preliminar

produzido por uma comissão de juristas nomeada pelo presidente da República.

4. A volta do poder civil, depois de duas décadas de regime autoritário sob os

militares, deu-se de forma inesperada: eleito indiretamente pelo mesmo colégio

eleitoral que a ditadura criara, Tancredo Neves não chegou a tomar posse, abatido
por enfermidade que o levaria à morte algum tempo depois. Seu vice, José Sarney,

que fizera boa parte de sua carreira política apoiando o regime militar, acabou por

ser o condutor do novo cenário político que fazia o país reencontrar-se com as

liberdades democráticas.

GABARITO

Questões/
1 2 3 4
Itens
1 C
2 E
3 E C E E
4 E C E C

3
CURSO SAPIENTIA – MARATONA 2019 – PROFESSOR R ODRIGO GOYENA

HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 04


QUESTÃO 01 possibilitou o debate político pelos meios de
comunicação de massa.
Com relação ao período final do regime militar, julgue
(C ou E) os itens a seguir. B. O Pacote de Abril, em 1977, criou a figura dos
governadores e senadores biônicos, assim
1. (CESPE – ABIN, 2018) O apoio dos militares ao chamados por ocupar os cargos sem sufrágio
processo de distensão política iniciado no universal.
governo do general Ernesto Geisel foi unânime,
pois tinha como finalidade controlar o processo C. A Lei da Anistia, em 1979, facultou o retorno ao
de transição para a democracia. Brasil dos exilados políticos e abrangeu
também os responsáveis pelas perseguições e
2. (CESPE – ABIN, 2018) O denominado milagre torturas.
econômico resultou da intervenção do Estado
na economia por meio da indexação dos D. A aprovação da Nova Lei Orgânica dos Partidos,
salários, da concessão de créditos subsidiados em 1979, reintroduziu o sistema
e da isenção de tributos. multipartidário, com o objetivo de fragmentar e
multiplicar os partidos da situação.
3. (CESPE – Câmara dos Deputados, 2014) Entre
fins dos anos setenta e início dos anos oitenta E. A campanha pelas eleições diretas foi uma
do século passado, explodiu, na região do ABC, conquista das ruas e do Congresso, obtida pela
em São Paulo, uma série de movimentos que aprovação da Emenda Dante de Oliveira, em
assinalaram o início das greves operárias no abril de 1984.
Brasil.
QUESTÃO 03
4. (CESPE – IRBr, 2014) Pela Lei de Anistia,
promulgada em agosto de 1979, prescreveram (CESPE – IRBr, 2013) Na política externa adotada no
os crimes políticos cometidos pelos opositores governo de Ernesto Geisel (1974-1979), destaca-se
do regime e pelos agentes das forças de como característica proeminente.
segurança entre 1964 e 1979, o que possibilitou
a anistia de políticos e servidores civis e A. A continuidade, em suas principais vertentes,
militares condenados pela prática de crimes de da política externa do governo Médici (1969-
tortura, terrorismo, assalto, sequestro e 1974).
atentado pessoal.
B. A reaproximação com a Argentina, em
QUESTÃO 02 contraposição ao período de discórdias e
controvérsias do período Médici.
(FGV – SME/SP, 2016) Diante dos sinais de esgotamento
do “milagre econômico” e da ditadura militar, o governo C. A resistência em celebrar o acordo de
Ernesto Geisel pôs em marcha o projeto de abertura cooperação tecnológica ou militar com os
“lenta, gradual e segura”, visando à transição para o países industrializados, do que foi exemplo a
regime democrático. denúncia do acordo nuclear com a Alemanha.

Assinale a opção que caracteriza corretamente um dos D. O princípio do pragmatismo responsável, que
passos deste processo. resultou no reatamento das relações
A. A regulamentação da propaganda política diplomáticas com a China e no reconhecimento
determinada pela Lei Falcão, em 1976, de Angola.
CURSO SAPIENTIA – MARATONA 2019 – PROFESSOR R ODRIGO GOYENA

HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 04


o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) usou com
E. O alinhamento com os interesses norte- habilidade as brechas da legislação autoritária para
americanos no cenário internacional. apresentar ideias e criticar duramente o regime.
Marco Antonio Villa. Ditadura à brasileira: 1964–1985 – A
QUESTÃO 04 democracia golpeada à esquerda e à direita. São Paulo: LeYa,
2014, p. 374-5 (com adaptações).

(CESPE – SEDU/ES, 2010) Entre 1946 e 1964, o Brasil


conheceu notável experiência de amadurecimento
Tendo o texto acima como referência inicial e
democrático, entremeada por crises que
considerando fatos e personagens que se destacaram
desembocaram no golpe de 1964. A partir daí, foram 21
ao longo do regime autoritário instaurado, no Brasil, em
anos de regime militar, marcados pelo autoritarismo
1964, julgue os itens a seguir.
político e por períodos de grande crescimento
econômico. O colapso do regime militar é evidenciado 1. Conduzida pelas lideranças oposicionistas, a
em 1985 com a eleição de Tancredo Neves, marco na distensão lenta, gradual e segura, na transição
transição para a democracia. Sob o ponto de vista do regime militar ao poder civil, foi assumida
jurídico-político, a Carta de 1988 institucionaliza a nova por Médici, refluída sob Geisel e retomada por
realidade vivida pela nação. Em relação ao Brasil Figueiredo, que a concluiu sem maiores
contemporâneo, julgue os itens a seguir. atropelos.
1. A eleição direta de Tancredo Neves significou o
início da redemocratização brasileira. 2. Considerado por muitos o “golpe dentro do
golpe", o AI–5, editado em dezembro de 1968
2. O milagre brasileiro traduziu-se em altas taxas por Costa e Silva, aprofundou o caráter
anuais de crescimento da economia, conferindo discricionário do regime, evidenciado pela
grande popularidade ao regime militar naquele cassação de mandatos, suspensão de direitos
contexto. políticos, que atingiu a magistratura, pela
ampliação da censura à imprensa e às artes,
3. Ao renunciar à presidência da República, João entre outras manifestações típicas de uma
Goulart fez que o Brasil entrasse em tensa crise “ditadura escancarada", segundo Elio Gaspari.
política.
3. O caráter homologatório das eleições
4. O Plano de Metas foi a grande novidade presidenciais durante o regime militar, referido
introduzida pelo governo JK, cuja meta-síntese no texto, explica-se pelo predomínio das forças
era a construção da nova capital, Brasília, no políticas situacionistas no Congresso Nacional e
interior do país. nas assembleias legislativas estaduais,
controladas, sem exceção, pela Aliança
QUESTÃO 05 Renovadora Nacional.

(CESPE – Câmara dos Deputados, 2014) A substituição 4. Sob o ponto de vista político, a principal marca
periódica dos presidentes da República — sempre do regime autoritário instaurado com a
eleitos pelo Congresso Nacional ou pelo Colégio deposição de João Goulart foi a supressão das
Eleitoral, ainda que de modo meramente eleições diretas em todos os níveis, na maior
homologatório — abriu, em duas circunstâncias, parte do período, e o fim do alistamento
espaço para que a oposição apresentasse seu eleitoral obrigatório aos dezoito anos de idade,
programa, mesmo sob a vigência do Ato Institucional o que reduziu significativamente o número de
n.º 5 (AI–5). A anticandidatura de Ulysses Guimarães, eleitores no país.
em 1973, e a candidatura do general Euler Bentes
Monteiro, em 1978, caracterizaram momentos em que
CURSO SAPIENTIA – MARATONA 2019 – PROFESSOR R ODRIGO GOYENA

HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 04


5. O colapso do chamado milagre econômico e as 3. A pressão popular pelas Diretas Já levou o
repercussões da anticandidatura presidencial Congresso Nacional a aprovar a Emenda Dante
de Ulysses Guimarães, aliados à abertura da de Oliveira, que sepultou o colégio eleitoral que
propaganda eleitoral no rádio e na televisão, elegia os presidentes da República.
foram importantes fatores para a vitória
oposicionista nas eleições de 1974: das vinte e
duas cadeiras em disputa para o Senado, o MDB
conquistou dezesseis, e, nos grandes centros
urbanos do Sul e do Sudeste, a oposição obteve
mais votos para a Câmara dos Deputados.

6. Nas eleições de 1970 e 1972, as vitórias do


regime autoritário foram obtidas por meio do
voto, indireto, de deputados estaduais, federais
e senadores; nas eleições para prefeitos e
vereadores, o eleitorado manifestou-se
rotineiramente a favor das candidaturas
oposicionistas.

QUESTÃO 06

(CESPE – Bolsa IRBr, 2013) Após o regime militar, o


renascimento da vida pública no Brasil foi uma árdua
conquista. A luta pela redemocratização mobilizou os
mais variados segmentos e instituições da sociedade
civil. A volta ao Estado de Direito foi marcada por um
despertar da sociedade brasileira para as grandes
questões nacionais. Em 1988 foi promulgada a
Constituição Federal e a sociedade civil se organizou na
luta pelas eleições diretas.

Considerando o texto acima e a atualidade política e


social brasileira, julgue os itens seguintes.
1. A mobilização popular foi a grande responsável
pela celeridade com que se deu a transição
entre o regime autoritário, implantado em
1964, e o regime democrático, retomado com a
eleição presidencial indireta de Tancredo
Neves.

2. Os primeiros anos da redemocratização, após


cerca de duas décadas de autoritarismo, foram
marcados pela instabilidade econômica,
cenário no qual se destacaram a alta inflação e
a elevada dívida externa.
CURSO SAPIENTIA
MARATONA 2019 – HISTÓRIA DO BRASIL
LISTA DE EXERCÍCIOS

Aplicação: Lista Complementar 04

GABARITOS

Questão 01 Questão 02 Questão 03 Questão 04 Questão 05


E C E E C D E C E C E C E E C E

Questão 06
E C E
Curso Sapientia
Maratona 1ª etapa – M1
História do Brasil – Prof.Rodrigo Goyena
Bloco 5 – A Administração Colonial
Material de Apoio

Organização do módulo (16 aulas)

Formação de elites, consolidação de projetos de governo e crises de Estado (aulas 1 a 4)


 Brasil monárquico (I)
o A crise das elites imperiais (1870-1889)
 Brasil republicano (II)
o A Revolução de 1930 (1922-1930)
 Brasil monárquico (III)
o A transmigração da Coroa
 Brasil republicano (IV)
o A transição lenta, gradual e segura (1974-1985)

Movimentos sociais, processos eleitorais e regimes administrativos (aulas 5 a 8)


 Brasil colonial e monárquico (I e II)
o A administração colonial
o Movimentos sociais durante o Segundo Reinado
 Brasil republicano (III e IV)
o As eleições de 1910 e de 1922
o A caserna durante a Experiência Democrática (1945-1964)

Formação territorial e conflitos externos (aulas 9 a 12)


 Brasil colonial (I)
o A formação territorial e as lindes cartográficas
 Brasil Republicano (II, III e IV)
o As fronteiras do Barão do Rio Branco
o O Brasil e a Primeira Guerra Mundial
o O Brasil e a Segunda Guerra Mundial

A Política Externa Brasileira no século XX (aulas 13 a 16)


 Primeira República e Era Vargas (I e II)
o O americanismo do Quinze de Novembro
o O americanismo da Era Vargas
 Experiência Democrática e Regime de 1964 (III e IV)
o A Política Externa de Eurico Gaspar Dutra
o A Política Externa de Castelo Branco

1
Curso Sapientia
Maratona 1ª etapa – M1
História do Brasil – Prof.Rodrigo Goyena
Bloco 5 – A Administração Colonial
Material de Apoio

A administração colonial

 Inicialmente, ausência de ímpeto centralizador.


o Metais preciosos?
o Pequenas atividades comerciais: peles, animais, pau-brasil.
 1532: Reversão do ímpeto administrativo?
o Martim Afonso de Sousa e a cana-de-açúcar.
o Capitanias Hereditárias.
 Qual o escopo das Capitanias Hereditárias?
o Ocupar, explorar e defender.
o Institutos jurídicos: Carta de Doação e Foral.
 Carta de Doação:
 Posse da terra, poderia ser transmitida a herdeiros, mas não
vendida.
 Direitos e deveres.
 Fundar vilas, distribuir terras, construir engenhos.
 Exercício da autoridade judicial e administrativa.
 Isenção de taxas.
 Escravização do gentio.
 Parte dos metais preciosos seriam da Coroa.
 Donatário receberia apenas parte dos produtos do solo.
 Coroa detinha monopólio do comércio de especiarias.
 Donatário poderia doar sesmarias aos cristãos que pudessem
as colonizar e as defender.
 Iniciativa descentralizadora.
 1549: Fundação do Governo-Geral, com sede em Salvador.
o Por quê?
 Sucesso ou fracasso das capitanias hereditárias?
 Boxer: Somente Pernambuco e São Vicente.
 João Fragoso: Ilhéus e Bahia, também.
 Criação das Capitanias Reais, em coexistência com as Hereditárias.
 Adensamento do aparelho burocrático:
 Ouvidor-mor.
 Provedor-mor.
 Capitão-mor.
o 1621: Estado do Maranhão (São Luiz) // Estado do Brasil (Salvador).
 1649: Companhia Geral de Comércio do Brasil.
 1682: Companhia Geral de Comércio do Maranhão.

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Maratona 1ª etapa – M1
História do Brasil – Prof.Rodrigo Goyena
Bloco 5 – A Administração Colonial
Material de Apoio

Descobrimento das Minas

o O descobrimento das Minas foi resultado de repetidas tentativas de sair da


crise econômica do seiscentos, mas, também, da ação e dos interesses das
elites estabelecidas na América portuguesa.
o Com queda do preço do açúcar (invasões holandesas e concorrência
antilhana posterior), a Coroa incentivou grupos particulares a buscar
ouro.
o Fernão Dias Paes Leme recebe ordens e incentivos financeiros da
Coroa para organizar expedição em direção à Serra das Esmeraldas
(MG).
 Era paulista, formava parte de uma elite vinculada às
atividades de conquista e defesa do território.
 Responsável, para alguns, por grande parte da expansão
geográfica da América portuguesa.
 Objetivos principais de suas expedições:
 Captura do gentio.
 Incorporação de novas terras.
 Exploração de riquezas auríferas.
 Vínculos com monarquia, mas exerce poder local, com base
em algo parecido a um autogoverno.
 Era forma, para a Coroa, de assegurar a
governabilidade na colônia.
o Embora a Coroa incentivasse particulares a buscarem metais preciosos no
Brasil, pretendia ter o controle da situação.
o 1673: Envia d. Rodrigo de Castelo Branco para fiscalizar as
descobertas de ouro.
 Concessão de amplos poderes e autonomia.
 Autoridades locais são instruídas a fornecer suporte material
a Castelo Branco.
 Termina brutalmente assassinado (por família de Fernão
Dias?)
o Bem antes dos primeiros relatos oficiais à Coroa, os paulistas já estavam
cientes da presença de ouro nos sertões.

3
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Maratona 1ª etapa – M1
História do Brasil – Prof.Rodrigo Goyena
Bloco 5 – A Administração Colonial
Material de Apoio

o Manter em segredo, visto que significaria a implantação do poder


metropolitano em áreas que até então ficavam sob controle
bandeirante.
o Paulistas tinham um know-how que os reinóis não tinham.
o Rompimento do padrão político de Antigo Regime?
 Negociação com a Coroa para a obtenção de mercês.
 Economia da dádiva.
o Coroa busca fazer dos paulistas seus aliados:
o Expansão da concessão de mercês:
 Foro de fidalgo da Casa Real.
 Ordens militares.
 Mas: pagamento do quinto real.
o Para paulistas, possibilidade de obter qualidade de nobre.
o Reverter hierarquias sociais.

o Antônio Manuel Hespanha


o Conceito de autoridade negociada como eixo nas relações entre
metrópole e colônias.
o Rompe com a tradição de inexorável subordinação política das
chamadas colônias e de suas elites locais frente às autoridades
metropolitanas europeias.
o Monarquia polissinodal e pluricontinental.

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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 05


QUESTÃO 01 presidiu, por mais de dois séculos, aos esforços de
colonização. A esse generoso sistema de doações de
O Tratado de Madri, de 1750, firmado entre os reis de sesmarias, aliou-se a voracidade da lavoura açucareira,
Portugal e Espanha para pôr fim às disputas fronteiriças que, impulsionada pelas cotações crescentes no
acerca de seus domínios na América do Sul, estabelece, em mercado europeu, ocupava extensões de terras cada
seu preâmbulo, os princípios que instruíram a negociação vez maiores. A vasta extensão de terras, o trabalho
da linha divisória: “... se atenda com cuidado a dois fins: o escravo e a especialização das atividades constituíam
primeiro e principal é que se assinalem os limites dos dois os pilares sobre os quais se assentava a grande unidade
domínios, tomando por balizas as paragens mais produtora. De acordo com as condições locais, a quase
conhecidas, para que em nenhum tempo se confundam, totalidade da vida econômica voltava-se para a
nem deem ocasião a disputas, como são a origem e o curso extração de metais nobres ou para o cultivo de gêneros
dos rios, e os montes mais notáveis; o segundo, que cada tropicais altamente valorizados nos mercados
parte há de ficar com o que atualmente possui; à exceção europeus.
das mútuas cessões, que em seu lugar se dirão; as quais se Saga: a grande história do Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1981, p. 170-2
(com adaptações)
farão por conveniência comum, e para que os confins
fiquem, quanto for possível, menos sujeitos a
Tendo o texto acima como referência inicial e
controvérsias.”
considerando aspectos marcantes do período colonial
brasileiro, julgue os itens seguintes.
Tanto no período colonial brasileiro quanto no período
1. Terras doadas pela metrópole e exigências de
independente, as fronteiras do Brasil com seus vizinhos
expansão da lavoura canavieira conjugaram-se
da América do Sul foram objeto de acordos. À luz do
para fazer do latifúndio característica
texto, avalie (C ou E) os seguintes itens acerca do
definidora da colonização do Brasil.
processo de estabelecimento das fronteiras do Brasil.

2. A prevalência do trabalho assalariado na


1. Ao longo dos séculos, o uso da força prevaleceu
economia colonial decorria das circunstâncias
sobre a negociação diplomática quando se
próprias do nascente capitalismo mercantil na
tratou de fixar as fronteiras do Brasil.
Idade Moderna.

2. O Barão do Rio Branco criou a doutrina do uti


3. Em geral, monocultura e extração mineral
possidetis aplicada nas negociações de limites.
subordinavam-se às condições internas da

3. Durante a Monarquia brasileira, estabeleceu- colônia, sendo irrelevante a influência exercida

se, como um dos critérios de negociação, a pelo mercado externo.

ocupação efetiva do território no momento da


independência. 4. A sociedade gerada pelo açúcar era
essencialmente aristocrática e patriarcal.
4. O Tratado de Limites concluído em 1851 entre
Brasil e Bolívia foi considerado, posteriormente,
como modelo de negociação. QUESTÃO 03

QUESTÃO 02 À época da independência, a economia colonial podia


ser descrita de maneira simplificada. Era composta por:
No Brasil, o desenvolvimento da grande unidade latifúndios voltados para a produção de mercadorias
produtora deveu-se, por um lado, ao caráter extensivo exportáveis, como o açúcar, o tabaco, o algodão;
inerente ao cultivo da cana-de-açúcar, do fumo e dos fazendas dedicadas à produção para o mercado interno
demais produtos tropicais de exportação. Por outro (feijão, arroz, milho) e à criação de gado, estas
lado, resultou do sistema de doação de terras que sobretudo no norte e no sul; e centros mineradores já
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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 05


em fase de decadência. Acrescente-se, ainda, grande prática, o desenvolvimento, na colônia, de
número de pequenas propriedades voltadas para a atividades econômicas não diretamente
agricultura e a pecuária de subsistência. Nas cidades voltadas para a exportação.
costeiras, capitais de províncias, predominavam o
grande e o pequeno comércio. Os comerciantes mais 4. A agroindústria açucareira nordestina
ricos eram os que se dedicavam ao tráfico de escravos. monopolizou a economia colonial brasileira
A única alteração importante nessa economia deu-se entre meados do século XVI e o transcurso do
com o desenvolvimento da cultura do café. Já na década século seguinte, a despeito de não contar com
de 30, o produto assumira o primeiro lugar nas fontes externas de financiamento e da falta de
exportações. Mas o café não mudou o padrão adequado mercado consumidor.
econômico anterior: era também um produto de
exportação baseado no trabalho escravo. Esse modelo QUESTÃO 04

sobreviveu ainda por mais cem anos. Só começou a ser


Relativamente ao panorama econômico colonial diante
desmontado após 1930. As consequências da
da existência de centros mineradores, que apresenta
hegemonia do café foram principalmente políticas. O
aspectos distintos daqueles verificados na economia
fato de se ter ela estabelecido a partir do Rio de Janeiro
açucareira, julgue (C ou E) os itens subsequentes.
ajudou a consolidar o novo governo do país, sediado
nesta província. Se não fosse a coincidência do centro
1. A descoberta das minas de ouro no interior da
político com o centro econômico, os esforços da elite
colônia decorreu, essencialmente, da ação dos
política para manter a unidade do país poderiam ter
bandeirantes, expressão clássica de movimento
fracassado.
expansionista de uma região — neste caso, São
J. M. de Carvalho. Fundamentos da política e da sociedade brasileiras. In: L. Paulo — cujo elevado dinamismo econômico
Avelar e A. O. Cintra (orgs.). Sistema político brasileiro: uma introdução. Rio requeria a incorporação de novas áreas ao seu
de Janeiro: Fundação Konrad-Adenauer-Stiftung; São Paulo: Fundação UNESP,
2004, p. 23 processo de crescente desenvolvimento.

Partindo das informações do texto V e considerando a 2. Por suas características, a atividade mineradora
estrutura econômica vigente no período colonial possibilitou o aparecimento de núcleos
brasileiro, julgue (C ou E) os itens subsequentes. urbanos, de uma estrutura social menos
impermeável, quando comparada ao
1. O processo de colonização do Brasil, tal como o patriarcalismo nordestino, e de outras
ocorrido nas demais colônias ibero-americanas, atividades econômicas voltadas para o
subordinou-se, em linhas gerais, ao processo de abastecimento das áreas de mineração.
surgimento do capitalismo europeu de base
mercantil e de sua afirmação ao longo da Idade 3. Na mineração, diferentemente do ocorrido no
Moderna. Nordeste açucareiro, a presença do Estado
metropolitano como agente econômico foi
2. Latifúndio, escravidão e monocultura foram os preponderante, evidenciada no elevado nível
traços definidores da colonização portuguesa de investimento financeiro na região, na
em terras americanas, nela prevalecendo a exploração estatal das minas e na adoção de
produção voltada para o mercado externo. mecanismos diretos de arrecadação de
impostos.
3. Infere-se do texto que a existência de um
mecanismo definidor das relações de 4. A mineração contribuiu para o esvaziamento
dominação e de dependência entre metrópoles econômico do Nordeste e transferiu para o
e colônias — o pacto colonial — inviabilizava, na Centro-Sul o eixo político da colônia, de que
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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 05


seria exemplo marcante a mudança da capital, como a de produzir para o mercado externo, a
de Salvador para o Rio de Janeiro. colônia também apresentava dinamismo
QUESTÃO 05 econômico interno, o qual explica a diversidade
de atividades produtivas e de relações de
Escravidão negra, latifúndio e monocultura. No início da trabalho nesse período.
década de 60 do século XX, afirmava-se ser esse o conjunto
de fatores em que se assentara a economia brasileira do 2. O desenvolvimento da pesquisa historiográfica
século XVI ao XIX, como resultado da sua forma de no país, visível nas últimas décadas, subverte
integração ao mercado mundial na qualidade de área integralmente a antiga tese de que a
subsidiária da Europa, como produtora de artigos colonização do Brasil se tenha assentado na
tropicais e, posteriormente, de metais preciosos. Essa grande propriedade, na monocultura e na
visão, excessivamente reducionista, com frequência, escravidão africana; reduz, assim, radicalmente,
associava-se à atualmente criticada concepção dos ciclos a importância desses três aspectos para a
econômicos. Não se negava, mas minimizavam-se, em formação social e econômica do Brasil.
forma decisiva, a presença e a importância de outras
relações de produção que não a escravidão de africanos e 3. A “fase de instalação do escravismo colonial de
de seus descendentes. Era uma historiografia que não plantation em sua forma clássica” coincide com
vislumbrava a considerável complexidade econômico- o período de proeminência da cana-de-açúcar
social brasileira. na economia colonial.
Se considerarmos somente as partes do Brasil que, em
cada época, concentram principalmente a população e as 4. A leitura atenta do texto permite concluir que a
produções coloniais, tornar-se-á possível perceber quatro mineração do século XVIII, embora tenha
fases no que concerne à história do trabalho: estimulado o processo de interiorização da
1) 1500-1532: período chamado pré-colonial, colônia, não foi capaz de promover o
caracterizado por uma economia extrativista baseada no aparecimento de outras atividades econômicas
escambo com os índios; e nem mesmo o de uma sociedade menos
2) 1532-1600: época de predomínio da escravidão ruralizada do que a existente no Nordeste
indígena; açucareiro.
3) 1600-1700: fase de instalação do escravismo colonial de
plantation em sua forma clássica;
4) 1700-1822: anos de diversificação das atividades, em
razão da mineração, do surgimento de uma rede urbana,
e de posterior importância da manufatura — embora
sempre sob o signo da escravidão dominante.

Ciro Flamarion Santana Cardoso. O Trabalho na colônia. In: Maria Yedda


Linhares (org.). História geral do Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 1996, p. 78-9
(com adaptações).

Considerando o texto acima como referência inicial,


julgue os itens seguintes, relativos ao contexto colonial
brasileiro.

1. Por “considerável complexidade econômico-


social brasileira”, expressão utilizada no final do
primeiro parágrafo, entende-se uma realidade
colonial em que, além das evidentes funções
determinadas pela exploração mercantilista,
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Maratona 1ª etapa – M1
História do Brasil – Prof.Rodrigo Goyena
Bloco 5 – A Administração Colonial
Material: Lista de Exercícios

Questão 1

A configuração territorial da América portuguesa colonial foi alcançada por meio de um


processo histórico dinâmico, iniciado no século XVI. A respeito desse tema, assinale a
opção correta:

A. Com a finalidade de garantir a efetiva ocupação da região de São Vicente, no atual


litoral paulista, Martim Afonso de Souza deu início, por ordem da Coroa
portuguesa, às concessões hereditárias de terras a portugueses que trazia, com
esse objetivo, em sua expedição.
B. As capitanias hereditárias foram concedidas à grande nobreza portuguesa, que
recebia as doações como reconhecimento por serviços prestados à Coroa, bem
como para reforçar a defesa do território colonial e facilitar a sua exploração.
C. A centralização do poder político, refletida na concentração do aparato burocrático
do império português em Lisboa, deu origem à monopolização da administração
colonial por parte da metrópole.
D. A posição portuguesa de dar início efetivo à colonização de suas terras americanas,
trinta anos após a descoberta, deveu-se, fundamentalmente, a dois fatores: o
perigo concreto de perdê-las para concorrentes europeus, como os franceses, e a
sensível redução dos lucros do comércio oriental das especiarias.
E. A colonização portuguesa processou-se conforme os padrões da época, ou seja,
transferiu-se à iniciativa privada toda a responsabilidade de promover a ocupação da
terra, defende-la e fazê-la produzir. Essa situação, marcada pela ausência do Estado
no empreendimento colonial, perdurou até o memento da independência.

Questão 2

Relativamente ao processo de exploração aurífera no Brasil Colonial, assinale a opção


incorreta:

A. A descoberta das minas de ouro no interior da colônia decorreu, essencialmente,


da ação dos bandeirantes, expressão clássica de movimento expansionista de
uma região – neste caso, São Paulo – cujo elevado dinamismo econômico
requeria incorporação de novas áreas ao seu processo de crescente
desenvolvimento.
B. Por suas características, a atividade mineradora possibilitou o aparecimento de
núcleos urbanos, de uma estrutura social menos impermeável, quando
comparada ao patriarcalismo nordestino, e de outras atividades econômicas
voltadas para o abastecimento das áreas de mineração.
C. Na mineração, diferentemente do ocorrido no Nordeste açucareiro, a presença do
Estado metropolitano como agente econômico foi comparativamente mais

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Bloco 5 – A Administração Colonial
Material: Lista de Exercícios

predominante, evidenciada pela adoção de mecanismos diretos de arrecadação de


impostos. A ação exploratória, no entanto, recaiu sobremodo sobre a iniciativa
privada.
D. A mineração contribuiu para o esvaziamento econômico do Nordeste e
transferiu para o Centro-Sul o eixo político da colônia, de que seria exemplo
marcante a mudança de capital de Salvador para o Rio de Janeiro.
E. No Brasil, a exploração do trabalho escravo ultrapassou a etapa de colonização
e foi formalmente extinta apenas em fins do regime monárquico, com a Lei
Áurea de 1888.

Questão 3

(Bolsa-Prêmio/Itamaraty – 2011) Tendo o texto acima como referência inicial e


considerando aspectos marcantes do processo de colonização do Brasil, julgue os itens
seguintes.

A. A mineração, além de ter gerado uma sociedade rigidamente estratificada e


patriarcal, deslocou o centro das atenções econômicas para o interior da colônia,
os chamados sertões, embora o poder político se mantivesse em Salvador, na
Bahia.
B. Primeiro movimento emancipacionista ocorrido no Brasil, a Inconfidência
Mineira foi formada e liderada por representantes das camadas mais simples da
população, a exemplo de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.
C. A conquista e a colonização das terras americanas, entre as quais o Brasil,
inscreveram-se no contexto de expansão comercial e marítima europeia do
início da Idade Moderna, processo pioneiramente liderado pelos países ibéricos.
D. O texto sugere que a exploração econômica de uma colônia como o Brasil estava
subordinada aos princípios gerais que conduziam as práticas mercantilistas
vigentes na Europa, entre as quais se destacavam a balança de comércio
favorável e o monopólio de comércio por parte da metrópole.
E. Desenvolvida amplamente na região de São Vicente, a economia açucareira
assentava-se no latifúndio, no atendimento prioritário da demanda interna e na
exploração da mão de obra escrava indígena.

2
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Bloco 5 – A Administração Colonial
Material: Lista de Exercícios

Questão 4. (Diplomacia - 2008) Acerca da cultura, economia e administração no


período colonial da História do Brasil, julgue (C ou E) os itens a seguir

1. O colonizador português tolerou bem e conviveu harmoniosamente com as


diferenças culturais da sociedade, evitando impor a hegemonia de sua cultura a
indígenas e africanos.
2. Antônio Vieira, de olhos no futuro, aconselhava o fortalecimento do poder
monárquico luso, tendo como um dos instrumentos a máquina mercantil do
Estado, com o fim de vencer a concorrência entre os impérios europeus.
3. O padre João Antônio Andreoni, o Antonil, amante da estatística e do cálculo,
escreveu obra importante acerca da economia colonial no Brasil.
4. A colonização do Brasil, desde as origens, em 1500, até a transferência da Corte
portuguesa, em 1808, orientou-se apenas pelo modelo estatal, sem recorrer ao
setor privado ou à cooperação entre o setor público e o privado.

3
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Bloco 5 – A Administração Colonial
Material: Lista de Exercícios

Gabarito
Questões/Itens
1 D
2 A
3 EECCE
4 ECCE

4
CURSO SAPIENTIA
MARATONA 2019 – HISTÓRIA DO BRASIL
LISTA DE EXERCÍCIOS

Aplicação: Lista Complementar 05

GABARITOS

Questão 01 Questão 02 Questão 03 Questão 04 Questão 05


E E C E C E E C C C E E E C E C C E C E
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Bloco 6 – Movimentos Sociais durante o Segundo Reinado
Material de Apoio

Organização do módulo (16 aulas)

Formação de elites, consolidação de projetos de governo e crises de Estado (aulas 1 a 4)


 Brasil monárquico (I)
o A crise das elites imperiais (1870-1889)
 Brasil republicano (II)
o A Revolução de 1930 (1922-1930)
 Brasil monárquico (III)
o A transmigração da Coroa
 Brasil republicano (IV)
o A transição lenta, gradual e segura (1974-1985)

Movimentos sociais, processos eleitorais e regimes administrativos (aulas 5 a 8)


 Brasil colonial e monárquico (I e II)
o A administração colonial
o Movimentos sociais durante o Segundo Reinado
 Brasil republicano (III e IV)
o As eleições de 1910 e de 1922
o A caserna durante a Experiência Democrática (1945-1964)

Formação territorial e conflitos externos (aulas 9 a 12)


 Brasil colonial (I)
o A formação territorial e as lindes cartográficas
 Brasil Republicano (II, III e IV)
o As fronteiras do Barão do Rio Branco
o O Brasil e a Primeira Guerra Mundial
o O Brasil e a Segunda Guerra Mundial

A Política Externa Brasileira no século XX (aulas 13 a 16)


 Primeira República e Era Vargas (I e II)
o O americanismo do Quinze de Novembro
o O americanismo da Era Vargas
 Experiência Democrática e Regime de 1964 (III e IV)
o A Política Externa de Eurico Gaspar Dutra
o A Política Externa de Castelo Branco

1
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Bloco 6 – Movimentos Sociais durante o Segundo Reinado
Material de Apoio

Movimentos sociais durante o Segundo Reinado

 Respostas populares ao reformismo do Visconde do Rio Branco

o Não eram manifestações com projetos alternativas, mas eram reações ao


que era visto como ingerência do Estado nos costumes populares.

 Cidadãos em negativo; os da Regência, eram propositivos.

 Reação à Lei de Recrutamento Militar (1874):

o Lembranças do recrutamento forçado durante a Guerra do Paraguai (1864-


1870) permanece fresco nas memórias das viúvas, que não deixariam seus
filhos partir para o Exército.

 Primeiro legado de um movimento liderado pelas mulheres no


Brasil.

 Revolta Quebra-Quilos (1872-1877):

o Contra novo padrão métrico (instituído em 1862, com prazo de 10 anos para
entrar em vigor).

 Revolta dos Mucker (1873-1874):

o Solidariedade comunal vs. burocracia estatal.

o Messianismo.

 Movimentos sociais de características republicanas

o A Revolta do Vintém insere-se na lógica de desconforto com a Monarquia.

 Setembro de 1879:

 Contestações contra o aumento do preço do bonde.

 Manifestações contra Dom Pedro II, no Palácio de São


Cristóvão.

 Centro do Rio de Janeiro foi alvo de destruições.

 Revolta do Vintém contribui para derrubada do gabinete de


Cansanção de Sinimbu (liberal).

 Substituiu-se-o por José Antônio Saraiva (liberal).

o Saraiva revoga novo tributo sobre o preço das


passagens.

 Revolta do Vintém assumiu feições republicanas:

2
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Bloco 6 – Movimentos Sociais durante o Segundo Reinado
Material de Apoio

 Foram republicanos que incitaram as contestações.

 Movimento social abolicionista

o Forte mobilização abolicionista na década de 1880.

 Formação de primeiro movimento de opinião pública no Brasil


(CARVALHO, 2012): abolicionismo.

 Mundo rural:

o Queimadas de Campos (canaviais): RJ.

o Movimento dos Caifazes: SP (rapto de escravos, para


libertá-los em Santos).

 Mundo urbano:

o Jornais, poetas e advogados.

o Castro Alves e o Navio Negreiro.

o Luís Gama, ex-escravo baiano e advogado: 1000


casos ganhos!

o Formação de quilombos.

 Condução da emancipação no Brasil:

o 1884: Ceará declara-se livre da escravidão.

 Anos antes, havia-se decidido não mais embarcar escravos para os


portos do Sudeste.

o 1885: Amazonas junta-se ao Ceará.

3
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Bloco 6 – Os Movimentos Sociais durante o Segundo Reinado
Material: Lista de Exercícios

Maratona Primeira Etapa – Bloco 06


Brasil colonial e monárquico - Movimentos sociais durante o Segundo Reinado

Questão 1

Com o início do Segundo Reinado, são plenamente restabelecidas a prerrogativa


monárquica e a centralização administrativa. A Monarquia constitucional parlamentarista
de quatro poderes se viu reforçada. Existiam dois grandes partidos monárquicos. O Partido
Conservador consistia na aliança entre a burocracia, o grande comércio e a grande lavoura
de exportação. O Liberal era formado por profissionais liberais urbanos e por agricultores
ligados ao mercado interno e às áreas mais recentes de colonização. Pelo sistema eleitoral
que vigoraria até 1889, estavam excluídos do direito de voto os escravos, os menores de
25 anos (com exceções), os criados de servir, os religiosos que vivessem em comunidade
claustral e todos aqueles que não percebessem determinada renda líquida anual. Só
podiam ser eleitos parlamentares os cidadãos brasileiros com renda elevada que
professassem a religião do Estado. A reforma eleitoral de 1881 ampliou a renda exigida
para a condição de eleitor e proibiu o analfabeto de votar.
Em meio a esse sistema político é que seria processada a abolição da escravidão e
decretada a Lei de Terras (1850). A apreensão do processo de abolição da escravidão
envolve diversos níveis de análise, um dos quais diz respeito às dimensões macro-históricas
e mundiais do processo. É nesse contexto que se entendem as pressões inglesas para a
suspensão do tráfico atlântico para o Brasil. Contudo, não se pode esquecer que a
sociedade brasileira não se resume e nem se esgota nas suas relações externas: ela possui
também as suas estruturas internas, com lógica própria.
João Luís Fragoso e Francisco Carlos Teixeira da Silva. A política no Império e no início
da República Velha: dos barões aos coronéis. In: Maria Yedda Linhares (org.). História
Geral do Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 1996, p. 199-204 (com adaptações).

(Diplomacia – 2006) Considerando o tema abordado no texto, a presença da escravidão na formação


histórica do Brasil e o processo abolicionista, que se estende por boa parte do século XIX, além de seus
desdobramentos na configuração da sociedade brasileira contemporânea, assinale a opção correta.

A. Ao mencionar as dimensões macro-históricas do processo abolicionista, o texto certamente se


refere ao aparecimento do capitalismo como sistema dominante mundial. Não obstante, à
Inglaterra interessava a manutenção de relações sociais de produção pré-capitalistas em
determinadas regiões, com o propósito de para elas exportar seu excedente de mão-de-obra.

B. As pressões inglesas contra o tráfico de escravos surgiram logo após a independência do Brasil e
assumem crescente intensidade. Antes de 1822, as relações britânicas com Portugal
concentravam-se nas trocas comerciais e não havia espaço - e interesse - para outro tipo de
imposição.

1
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Bloco 6 – Os Movimentos Sociais durante o Segundo Reinado
Material: Lista de Exercícios

C. Exemplo emblemático de pressão britânica para forçar o fim do tráfico de escravos africanos
para o Brasil foi a decretação do Bill Aberdeen, em 1845, pelo qual a marinha inglesa estava
autorizada a aprisionar navios negreiros, desde que houvesse anuência de uma corte
internacional.

D. Transparece do texto que o consenso no Brasil colonial em torno da existência da


escravidão foi gradativamente desaparecendo à medida que se aproximava a
independência, o que explica a relativa celeridade do processo abolicionista no período
monárquico.

E. Com o olhar de hoje mirando o passado, pode-se afirmar que as leis abolicionistas, em
especial a que extinguiu por completo a escravidão, conhecida como Lei Áurea, falharam em
um ponto crucial: o de estabelecer mecanismos que superassem a subalternidade própria da
condição de cativo e promovessem a plena inserção dos africanos e de seus descendentes
na sociedade brasileira.

Questão 2

O Segundo Reinado compreende quatro décadas, abrangendo desde o golpe da Maioridade


(1840) à Proclamação da República (1889) e determinando quatro períodos, que podem ser
apontados como a mais longa fase da história política do Brasil. Houve um primeiro período, de
organização, do Segundo Reinado – de 1840 a 1850 –, que primou pela repressão aos levantes
regionais do período regencial, preparação do imperador e montagem do aparato legislativo para
garantir a ordem constitucional. O segundo período – de 1850 a 1864 – caracterizou-se por certa
estabilidade, quando se implementaram as primeiras iniciativas materiais de porte. No terceiro
período – de 1864 a 1870 –, sobressaiu a campanha da guerra contra o Paraguai, transformada
em questão nacional. O último período – de 1870 a 1889 – foi marcado não só pelo
desenvolvimento econômico, mas também pelo aprofundamento das contradições, ampliado
com a propaganda republicana.

Adriana Lopez e Carlos Guilherme Mota. História do Brasil: uma interpretação.


São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 2008, p. 462-8 (com adaptações).

(Diplomacia – 2014 – CESPE) Tendo o texto acima como referência inicial, assinale a opção correta,
considerando o quadro de crise que leva à queda do regime monárquico e a sua substituição pelo
regime republicano.

1. Questão Religiosa, que se tornou problema político não contornado pelo governo imperial,
nasceu da intolerância das autoridades governamentais com os integrantes da Maçonaria, algo
que a hierarquia católica aceitava com naturalidade, chegando mesmo a incentivar a atuação
política dos grupos maçônicos.

2
Curso Sapientia
Maratona 1ª etapa – M1
História do Brasil – Prof.Rodrigo Goyena
Bloco 6 – Os Movimentos Sociais durante o Segundo Reinado
Material: Lista de Exercícios

2. O texto sugere que uma das principais causas do enfraquecimento do regime monárquico foi
a sua incapacidade de reorientar os rumos da economia brasileira nos anos que se seguiram
ao fim da Guerra do Paraguai: a queda brusca dos preços do café no mercado internacional
acarretou retrocesso econômico e instabilidade política.

3. A imigração europeia em massa, a urbanização, as lutas pela abolição da escravatura e as


questões religiosa e militar foram importantes elementos de desestabilização de um regime
monárquico que se mostrava, em vários aspectos, incapaz de incorporar as transformações
em curso no Brasil, sobretudo as que se processavam na mentalidade das novas gerações.

4. A reformismo do gabinete do Visconde do Rio Branco acarretou a eclosão de uma série de


movimentos sociais que pôs em xeque a extensão e o êxito das medidas regeneradoras.
Exemplo singular é a Revolta dos Quebra-Quilos, que se desenvolveu especialmente no Rio
de Janeiro, onde as medidas de reformulação administrativa de Rio Branco tiveram maior
impacto. Embora expressiva pela população mobilizada contra o novo padrão métrico-
decimal, a revolta foi silenciada, e o padrão, mantido.

Questão 3

O Primeiro Reinado assinala breve, mas importante, período de composição entre o elemento
nacional avançado e o nacionalismo português. A Regência foi provavelmente a fase mais rica da
história do Brasil como manifestação popular e tomada de consciência. Foi um período
turbulento, em contraste com o longo Segundo Reinado, de relativa paz e da estabilidade sob o
comando de Pedro II. Explicam essa ordem as lutas da Regência, susto dos políticos: percebem a
necessidade de compor-se, mesmo com os de outras correntes, para sobrevivência do regime. O
conservadorismo não é só do Partido Conservador, mas do Liberal também.
Francisco Iglésias. História geral e do Brasil. São Paulo: Ática, 1989, p. 157-61 (com adaptações).

(Bolsa-Prêmio/Itamaraty – 2011) Julgue os próximos itens, tendo o texto acima como referência
inicial e considerando o processo histórico brasileiro ao longo do século XIX.

1. Um exemplo clássico da atitude política vigente no Segundo Reinado — a necessidade de


compor-se, como se afirma no texto — foi a criação do Gabinete da Conciliação, no qual
liberais e conservadores repartiam entre si as cadeiras no ministério.

2. A instituição do regime republicano livrou o Brasil das características políticas do Império, ou


seja, a Primeira República perdeu o caráter elitista, conservador e oligárquico que marcou a
trajetória do regime deposto pelo golpe de Estado comandado pelo marechal Deodoro da
Fonseca.

3
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Maratona 1ª etapa – M1
História do Brasil – Prof.Rodrigo Goyena
Bloco 6 – Os Movimentos Sociais durante o Segundo Reinado
Material: Lista de Exercícios

3. O bipartidarismo, criado no Império, manteve-se ao longo da Primeira República, tendo


desaparecido apenas com a chegada de Getúlio Vargas ao poder, na Revolução de 1930.

4. A independência do Brasil correspondeu a uma radical ruptura com a antiga metrópole, o que
explica a inexistência de políticos lusitanos no governo de Pedro I.

5. No texto, faz-se alusão à manifestação popular e à tomada de consciência no período


regencial, que podem ser exemplificadas, entre outros episódios, pelas revoltas armadas que
estouraram no país afora, como a Sabinada, a Balaiada, a Cabanada e a Farroupilha.

Questão 4. (Diplomacia – 2006) Mencionada no texto, a Lei de Terras de 1850 também se relaciona
à forma pela qual o processo abolicionista foi conduzido no Brasil do século XIX. Sabendo-se que
essa lei obrigava o registro de todas as terras efetivamente ocupadas e impedia a aquisição de terras
devolutas (desocupadas), exceto a realizada por compra, julgue (C ou E) os itens seguintes.

1. A Lei de Terras dificultava, quando não impedia propriamente, o acesso à propriedade da


terra por parte do trabalhador livre pela evidente razão de que lhe faltavam os recursos
financeiros para comprá-la.

2. Pelo que dispunha, a Lei de Terras de 1850 cristalizava uma realidade do início da colonização,
ou seja, a concentração da propriedade fundiária em mãos de poucos.

3. Se prejudicava o trabalhador livre pobre, dificultando-lhe o acesso à terra, assim como o ex-cativo,
a Lei de Terras apresentava-se como forte atrativo à mão-de-obra imigrante europeia, que, ao
contrário dos nacionais, geralmente possuía recursos suficientes para a aquisição de pequenas
e médias propriedades rurais.

4. A Lei de Terras foi combatida por setores da aristocracia rural justamente porque ameaçava
a sobrevivência da grande lavoura e a posição privilegiada dos grupos sociais envolvidos
nessa atividade econômica.

4
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Maratona 1ª etapa – M1
História do Brasil – Prof.Rodrigo Goyena
Bloco 6 – Os Movimentos Sociais durante o Segundo Reinado
Material: Lista de Exercícios

Gabarito

Questão/Itens

1 E

2 EECE

3 CEEEC

4 CCEE

5
CURSO SAPIENTIA – MARATONA 2019 – PROFESSOR R ODRIGO GOYENA

HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 06


o item a seguir.
QUESTÃO 01

(CESPE – IRBr, 2018) Tendo em vista que a questão servil, 1. Para conter as rebeliões escravas, a Coroa
como denominada por D. Pedro II em sua fala do trono portuguesa enrijeceu as leis que proibiam a
em 1865, foi elemento fulcral na formação da sociedade reunião de escravos e institucionalizou a figura
brasileira, julgue (C ou E) os próximos item, relativo à do capitão do mato, medidas que se
escravidão no Império brasileiro. mantiveram até o período Imperial quando a
Revolta dos Malês, na Bahia, abalou a estrutura
do sistema escravista de maneira semelhante à
1. O fortalecimento das ideias racistas foi um dos
do quilombo de Palmares.
desdobramentos da ação da denominada
Geração de 1870 e influenciou a condução dos
2. A concessão de alforria aos descendentes de
debates acerca da escravidão em seus anos
africanos escravizados enfraqueceu as
finais e, principalmente, sobre a eleição da
rebeliões escravas ao tornar-se mecanismo de
imigração europeia como caminho preferencial
distinção entre negros escravizados e negros e
para a formação da mão de obra assalariada
mulatos livres.
pós-abolição.
3. A luta dos escravizados pela liberdade ocorreu
2. O movimento abolicionista brasileiro se deu a tanto pela fuga e formação de quilombos, que
partir da década de 80 do século XIX e foi representaram uma alternativa concreta à
marcado pelo isolamento internacional, uma ordem escravista, quanto pela negociação: os
vez que o Brasil era o último país ocidental a escravos reivindicaram momentos livres para
manter a escravidão. A base desse movimento se dedicar a seus afazeres, a sua cultura e
no Brasil era a defesa do direito natural à religiosidade, e a suas famílias, recebendo
liberdade. eventuais concessões.

QUESTÃO 03
3. O projeto da chamada Lei do Ventre Livre foi
inicialmente discutido no Conselho de Estado,
(CESPE – SEE/AL, 2013 )No que diz respeito ao império
sob a demanda de D. Pedro II, e aprovado pelo
parlamento, sob a ação do Visconde do Rio brasileiro, julgue os próximos itens.

Branco. Se, por um lado, a lei garantiu aos


proprietários a manutenção da mão de obra 1. O tráfico de escravos para o Brasil foi
oficialmente proibido em 1831. Desde então,
escrava, por outro, pôs em questão a
legitimidade dessa instituição e ampliou as ocorreu um rápido declínio da chegada de
novos africanos escravizados ao Brasil.
expectativas de liberdade dos cativos.

4. A despeito do longo histórico das pressões 2. No período regencial, ocorreu a disputa por
inglesas, o tráfico de escravos para o Brasil diferentes projetos de nação. Os debates
passou a ser tipificado como ilegal apenas em políticos alcançaram diversos grupos sociais e
1850, quando o contexto interno tornou-se desdobraram-se em numerosas revoltas, como
favorável à adoção dessa tipificação. a cabanagem, a farroupilha e a sabinada.

QUESTÃO 02
3. Os engenhos de açúcar do atual nordeste
brasileiro não superaram a crise que lhes
(CESPE – SEDUC/AL, 2018) A respeito da história do
atingiu em meados do século XIX, apesar da
período colonial e do período imperial do Brasil, julgue
abundância de crédito e da política
CURSO SAPIENTIA – MARATONA 2019 – PROFESSOR R ODRIGO GOYENA

HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 06


governamental de estímulo à atividade
econômica açucareira.

4. A escravidão marcou profundamente a


sociedade brasileira no período imperial. Tal
prática era vista como um mal necessário por
grande parte dos políticos, que defendia seu fim
de modo lento e gradual. O movimento
abolicionista, que reivindicou o fim imediato do
trabalho compulsório no Brasil, ganhou força
apenas na década de 1880.

QUESTÃO 04

(CESPE – IRBr/Bolsa prêmio, 2013) virada do século


XIX para o XX apresentou, no Brasil, características tão
dramáticas quanto decisivas para o destino futuro do
país. Em maio de 1888, era tardiamente abolida a
escravidão. Um ano e meio após a Abolição caía a
Monarquia. A república surgiu alardeando promessas
de igualdade e de cidadania.

A partir do texto acima, julgue os itens subsequentes,


relativos à história brasileira entre fins do século XIX e
as três primeiras décadas do século XX.

1. O Brasil foi o último país do ocidente a dar fim


ao sistema de trabalho compulsório e violento
com o qual conviveu desde os primórdios da
colonização, a escravidão.

2. A vigorosa presença popular no movimento


republicano legitimou o golpe militar conduzido
pelo marechal Deodoro e sustentou os
primeiros tempos do novo regime.

3. O curto espaço de tempo entre a Abolição e a


Proclamação da República sugere haver forte
vinculação entre a Monarquia e o sistema
escravocrata. Isolado das demais forças
políticas do país, o Império não subsistiu à Lei
Áurea e às crises políticas que se sucediam.
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Curso Maratona 1º Etapa - 2019
História do Brasil - Profº Rodrigo Goyena Soares
Bloco 07 – As Eleições de 1910 e de 1922
Material de Apoio

Organização do módulo (16 aulas)

Formação de elites, consolidação de projetos de governo e crises de Estado (aulas 1 a 4)


 Brasil monárquico (I)
o A crise das elites imperiais (1870-1889)
 Brasil republicano (II)
o A Revolução de 1930 (1922-1930)
 Brasil monárquico (III)
o A transmigração da Coroa
 Brasil republicano (IV)
o A transição lenta, gradual e segura (1974-1985)

Movimentos sociais, processos eleitorais e regimes administrativos (aulas 5 a 8)


 Brasil colonial e monárquico (I e II)
o A administração colonial
o Movimentos sociais durante o Segundo Reinado
 Brasil republicano (III e IV)
o As eleições de 1910 e de 1922
o A caserna durante a Experiência Democrática (1945-1964)

Formação territorial e conflitos externos (aulas 9 a 12)


 Brasil colonial (I)
o A formação territorial e as lindes cartográficas
 Brasil Republicano (II, III e IV)
o As fronteiras do Barão do Rio Branco
o O Brasil e a Primeira Guerra Mundial
o O Brasil e a Segunda Guerra Mundial

A Política Externa Brasileira no século XX (aulas 13 a 16)


 Primeira República e Era Vargas (I e II)
o O americanismo do Quinze de Novembro
o O americanismo da Era Vargas
 Experiência Democrática e Regime de 1964 (III e IV)
o A Política Externa de Eurico Gaspar Dutra
o A Política Externa de Castelo Branco

1
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História do Brasil - Profº Rodrigo Goyena Soares
Bloco 07 – As Eleições de 1910 e de 1922
Material de Apoio

Eleições de 1910 e de 1922

• Contexto histórico prés-1910

– A rotinização do regime entabulada por Campos Sales marcou a cadência do


andar republicano, pelo menos até 1910.

• Os maiores Estados, assim considerados não somente pelo tamanho


de suas bancadas legislativas, mas também pela envergadura da
Força Pública estadual e da economia, sucederam-se no poder,
fazendo eleições e elegendo Presidentes da República.

– Embora São Paulo tivesse a segunda maior Força Pública Estadual,


perdendo apenas para o Rio Grande do Sul, e contasse com uma
bancada de 22 deputados, não poderia governar sem os outros.

• Por quê?

• O Estado de Minas Gerais, o mais populoso do Brasil segundo


o censo de 1890, tinha bancada maior: eram 37 deputados
mineiros, que influenciavam sobremaneira o acesso aos
cargos públicos federais.

– O Rio Grande do Sul era mais problemático para mineiros e para paulistas.

• Os gaúchos contavam com o maior número de efetivos do Exército,


o que significou constante presença do Rio Grande do Sul nas cúpulas
castrenses e no Clube Militar.

• Somava-se uma economia voltada para o mercado interno à


união entre oficiais de alta e baixa patente com o Partido
Republicano Rio-grandense, que não agradava especialmente
paulistas e mineiros.

• Ruptura de 1910

• A sucessão presidencial estava longe de ser matéria de consenso:

– Afonso Pena adotou uma política bifronte:

2
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Bloco 07 – As Eleições de 1910 e de 1922
Material de Apoio

• Por um lado, apoiava João Pinheiro, então Presidente de Minas


Gerais, para o Executivo federal.

• Por outro, articulava um grupo de deputados mineiros, que


deveria apoiar, na Câmara de Deputados, a indicação para a
Presidência da República.

• Com o repentino falecimento de João Pinheiro, esse grupo de


deputados mineiros, conhecido como Jardim da Infância de
Afonso Pena, cindiu-se em blocos díspares:

• havia quem apoiasse Davi Campista para a disputa


pela presidência, conforme advogava Afonso Pena, e
havia quem o rejeitasse.

– Essa divergência no seio do Partido Republicano Mineiro apontava para uma


fratura no pacto oligárquico entre São Paulo e Minas Gerais, que se alargou
com o falecimento por problemas de saúde de Afonso Pena em 1909, um
ano antes, portanto, de completar o mandato presidencial.

• Aos olhos dos Estados menores, isto é, aqueles que detinham ora pequena
bancada legislativa, ora pequeno poder econômico, o falecimento de Afonso
Pena abria uma brecha na formação do Executivo federal, o que não poderia
servir melhor ao Rio Grande do Sul.

• Para Pinheiro Machado, senador pelo Rio Grande do Sul, chegava o


momento de articular a política interna a seu favor.

• 1909: assume Nilo Peçanha.

– Conforme advogam as teses historiográficas de Claudia Viscardi, a


constituição do pacto oligárquico, embora seja certa a primazia de São
Paulo e de Minas Gerias na condução da política nacional, não significou
apagamento dos demais Estados.

• Não houve constante fluidez no acordo entre o Partido


Republicano Paulista e o Partido Republicano de Minas Gerais.

– Importavam os Estados menores na formação de alianças


políticas, que poderiam, como ratificam as eleições de 1910,
modificar o equilíbrio paulista-mineiro.

– A Bahia, notadamente, tinha representação igual a de São Paulo


na Câmara de Deputados, pouco mais do que dispunha
Pernambuco.

3
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Bloco 07 – As Eleições de 1910 e de 1922
Material de Apoio

– Somados Bahia e Pernambuco, portanto, eram 39 deputados


representados, mais do que São Paulo e Minas Gerais
separadamente.

– O que explica, não obstante, as frágeis capacidades de coalizão entre Estados


nordestinos?

– Boris Fausto vislumbra na competição entre esses Estados a causa das


desuniões:

– Visto que eram escassas as receitas alfandegárias derivadas dos


impostos de exportação, os Estados nordestinos digladiavam-se
por recursos federais, o que obrigava os menos favorecidos a
aumentar os impostos interestaduais.

– A seu turno, esses impostos redobravam as rivalidades em um


ciclo de conflitos entre Estados menores.

– Eleições de 1910:

– A aproximação de Pinheiro Machado e de Nilo Peçanha com o marechal


Hermes da Fonseca, que era sobrinho de Deodoro, deveu-se, em grande
medida, à:

– Insatisfação popular em vista das constantes fraudes eleitorais.

– Pouca representatividade do movimento operário, que se


formara poucos anos antes.

– Pinheiro Machado tirou proveito dessas insatisfações, constituindo uma


“agenda de reformas políticas e sociais, associada à figura do marechal”.

– Hermes da Fonseca contou com o apoio de:

– Parte do Partido Republicano Mineiro, que se opunha a Rui Barbosa, o


candidato da oposição.

– Do Rio Grande do Sul, constituído pela adesão de Pinheiro Machado à


campanha do marechal.

– A dissidência mineira, especialmente aquela vinculada ao Jardim de Infância,


optou por fortalecer a campanha civilista de Rui Barbosa, que contava com o
firme apoio da oligarquia baiana e do Partido Republicano Paulista.

– Opunham-se, portanto, mineiros, gaúchos e fluminenses, de um lado, contra


baianos, paulistas e...mineiros, do outro.

4
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Bloco 07 – As Eleições de 1910 e de 1922
Material de Apoio

– A presença de Minas Gerais em ambos os lados da contenda eleitoral


marcava a primeira fissura no pacto oligárquico.

• Eleições de 1922

– A insatisfação popular contra a perpetuação do arranjo oligárquico


constituído entre mineiros e paulistas encontrou nova expressão com as
eleições de 1922.

• Apoiado pelos Estados de São Paulo e de Minas Gerais, Epitácio


Pessoa indicou o mineiro Arthur Bernardes para a sucessão
presidencial, o que muito desagradou pernambucanos, baianos,
fluminenses e, especialmente, gaúchos.

• A Reação Republicana, como ficou conhecida a candidatura


oposicionista de Nilo Peçanha, denunciava os sucessivos planos de
valorização do café.

• No Rio Grande do Sul, Borges de Medeiros advogava políticas de


equilíbrio fiscal e de combate à inflação.

• Acreditava-se, não sem razão, que as receitas da União não atendiam


aos interesses dos Estados ditos de segunda grandeza, quais sejam,
todos, exceto São Paulo e Minas Gerais.

• Ao desconforto nos Estados de segunda grandeza somou-se a mobilização militar


contra a candidatura de Arthur Bernardes.

– Dois falsários ligados ao Exército publicaram no Correio da Manhã, em


outubro de 1921, duas cartas nas quais se fazia acreditar que Bernardes
condenava os militares.

– Descontente, o Clube Militar aproveitou-se do episódio das cartas falsas,


para condenar a intervenção das tropas legais em Pernambuco, Estado parte
da coligação Reação Republicana.

– Em resposta à denúncia dos militares, Epitácio Pessoa fechou o Clube Militar


e prendeu Hermes da Fonseca, que incentivou a não repreensão dos
levantes populares em Recife contra a candidatura de Bernardes.

• Pouco depois, editou-se lei contra as associações que pudessem promover agitação
social: enquadravam-se operários e militares.

5
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História do Brasil – Prof.Rodrigo Goyena
Bloco 07 – As Eleições de 1910 e de 1922
Material: Lista de Exercícios

Questão 1. (CESPE – IRBr 2006) A partir da caracterização da Primeira República (1889-1930)


apresentada no texto, além de outros aspectos significativos da etapa inicial do regime
republicano brasileiro, julgue (C ou E) os itens que se seguem.

1. A manutenção regular e sem maiores sobressaltos do pacto oligárquico requeria


a realização de eleições periódicas, com voto secreto, embora não universal, já
que o sistema censitário excluía da condição de eleitores as mulheres, os
analfabetos e os pobres.

Questão 2. (CESPE – IRBr 2006) Ainda considerando o assunto abordado no texto, o termo
revolução, embora questionado, é de uso frequente na historiografia brasileira quando se
trata de denominar o movimento que, em 1930, depôs Washington Luís e alçou o gaúcho
Getúlio Vargas à chefia do governo federal. No que respeita à crise que abalou o pacto
oligárquico e que culminou com a vitória do movimento armado dirigido por Minas Gerais,
Rio Grande do Sul e Paraíba, julgue (C ou E) os itens seguintes.
1. A predominância econômica de São Paulo e de Minas Gerais tinha
correspondência na hegemonia política que exerciam, popularmente
sintetizada na expressão Política do café-com-leite. Não havia, contudo,
unanimidade quanto a essa liderança nacional, razão pela qual as
sucessões presidenciais, não raro, geravam dissensões entre setores das
oligarquias.
2. Os anos 20 do século passado assistiram ao aprofundamento da crise que
corroeu o pacto oligárquico. O movimento tenentista, do qual decorreram
duas insurreições armadas (em 1922, no Rio e em 1924, em São Paulo) e a
própria Coluna Prestes, demonstra o grau de crescente insatisfação com
os costumes políticos típicos do regime vigente nessa época.

Questão 3. (CESPE – IRBr 2017)A Primeira República caracterizou-se pelo regime


oligárquico e pela economia agroexportadora. Com relação a esses assuntos, julgue (C ou
E) os itens a seguir.

1. Na década de 20 do século XX, o movimento tenentista contou com


importante participação de oficiais tanto do Exército como da Marinha,
tendo apontado os males causados pelo poder excessivo da oligarquia e
defendido a descentralização do poder político, além de uma política
econômica nacionalista.

1
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História do Brasil – Prof.Rodrigo Goyena
Bloco 07 – As Eleições de 1910 e de 1922
Material: Lista de Exercícios

Questão 4. (CESPE – IRBr 2016) Tendo o texto precedente como referência inicial, julgue
(C ou E) os itens subsequentes, considerando o contexto histórico brasileiro a partir da
última década da Primeira República.

1. Os levantes armados de 1922 (Rio de Janeiro) e 1924 (São Paulo), e a


própria Coluna Miguel Costa-Luís Carlos Prestes (1925-1927), em larga
medida símbolos do movimento tenentista, ao receberem ponderável
apoio popular, atestavam a fragilidade de um regime republicano que,
malgrado ter-se afastado gradativamente da subordinação aos interesses
oligárquicos, mostrou-se cada vez mais incapaz de assegurar a
estabilidade política indispensável a sua manutenção.

Questão 5. (CESPE – IRBr 2015) A Primeira República (1889-1930) constituiu, nas


consagradas expressões da historiografia, a “República que não foi” e o autêntico “teatro das
oligarquias”. Fruto de um golpe de Estado conduzido por militares, em pouco tempo, viu
chegarem ao poder os representantes dos grupos proprietários rurais, em um contexto no
qual, repetindo a realidade colonial e monárquica pós-Independência, a terra continuou a
ser o polo irradiador do poder. Relativamente a esse período da história brasileira, julgue (C
ou E) os itens que se seguem.

1. No quadro de esgotamento do regime republicano, ao longo dos anos 20


do século XX, a ação dos tenentes assumiu papel de destaque no cenário
nacional: seus levantes armados em 1922 e em 1924 abriram o caminho
para a vitória do movimento de 1930 e confirmaram a identidade
ideológica entre tenentismo e comunismo, algo que foi reiterado após a
ascensão de Vargas ao poder.

2
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Bloco 07 – As Eleições de 1910 e de 1922
Material: Lista de Exercícios

Gabarito

Questões /Itens
1 E
2 CC
3 E
4 E
5 E

3
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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 07


sustentado por poucos — mas poderosos —
QUESTÃO 01
partidos políticos nacionais.

(CESPE – IRBr, 2004) Com a queda da monarquia, em 1889,


2. A década de 20 do século passado assinalou o
ainda que preservada a dominação oligárquica, o novo
acirramento d a crise que levou a República
regime acaba beneficiando-se dos efeitos
Velha ao fim. Além das cisões interoligárquicas,
modernizadores, decorrentes da abolição da escravatura
de que a p rópria Aliança Liberal seria símbolo,
(1888), sobre o desenvolvimento da economia cafeeira
movimentos sociais — mesmo aqueles carentes
que se dinamiza com a introdução do trabalho livre e de
imigrantes europeus. Com a Primeira República, extingue- de organicidade e de coesão doutrinária —
se o sistema censitário, mas os analfabetos são excluídos emergem na contestação às deterioradas
totalmente do direito de voto. As primeiras pressões estruturas vigentes no país, como foi o caso do
democratizantes buscando alterar a ordem liberal tenentismo que o texto menciona.
excludente se desencadeiam apenas na década de 20,
quando se inicia a crise da República Velha, que, com a 3. Paradoxalmente, a Semana de Arte Moderna de
Revolução de 1930, submerge no centro de suas próprias 1922 acabou por oferecer apoio ao regime
contradições. As insurreições sucessivas dos tenentes e a oligárquico que começava a ser combatido com
Coluna Prestes permitem, mais tarde, que a Aliança mais firmeza. Em que pese sua estética
Liberal, com a Revolução de 1930, transcenda à mera inovadora, até revolucionária, sua obsessão em
disputa regionalista e se transforme em um projeto valorizar uma cultura genuinamente brasileira e
nacional que busca legitimidade nas camadas médias livre dos cânones europeus reforçou o
urbanas, superando os limites ideológicos das oligarquias conservadorismo político que tanto interessava
dissidentes. Essas aspirações crescentes do Brasil urbano aos donos do poder.
serão, em parte, frustradas, após 1930, pela conjugação de
duas tendências antiliberais — o estatismo crescente e o 4. Quando o texto se reporta aos “ anos críticos”
pensamento autoritário. A radicalização político-ideológica em meio à década de 30 do século passado,
dos anos críticos, entre 1934 e 1938, solapa o consenso
certamente alude ao clima de radicalização
revolucionário e produz efeitos perversos.
político-ideológica vivido pelo país naquela
Na república populista, após o Estado Novo de Vargas, conjuntura, em l arg a medida resultante da
persiste o mesmo padrão dominante da lógica liberal e da mobilização de massa de dois movimentos
práxis autoritária. A estruturação partidária de 1945 a políticos nacionais: a Ação Integralista
1966 foi dominada pela hegemonia dos partidos Brasileira, de direita, e a Aliança Nacional
conservadores. Libertadora, de conotação esquerdista.
Hélgio Trindade . Brasil em perspectiva: conservadorismo liberal e
democracia bloqueada. In: Carlos Guilherme Mota (Org.). Viagem
Texto para as questões 02 e 03
incompleta: a experiência brasileira (1500–2000) – a grande transação.
São Paulo: SENAC, 2000, p. 357–64 (com adaptações). O oligarca é um coronel como outro qualquer — ou um
representante dele — que se mantém pela liderança, pelo
autoritarismo e pelos favores que concede a seus aliados.
A partir do texto acima, julgue os itens que se seguem,
Sem isso e as obrigações que se impõem, dificilmente se
relativos à evolução histórica do Brasil republicano. manteria no poder. Os favores concedidos não procedem
1. A estrutura política vigente na República Velha somente dos seus bens pessoais, mas aproveitam-se das
preservou , como afirma o texto, a dominação rendas e do poder do Estado para uma política individual.
oligárquica herdada do Império. Formalmente Edgard Carone. A República velha. Rio de Janeiro: DIFEL, 1978, p. 269-70 (com
adaptações).
inspirado nos EUA, o modelo republicano
adotado é presidencialista, mas,
diferentemente de sua fonte inspiradora,
mostra-se profundamente centralizado e
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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 07


QUESTÃO 02 QUESTÃO 04

(CESPE – IRBr, 2009) A história da Primeira República, ou


(CESPE – IRBr, 2007) Tomando o texto como referência
República Velha, no Brasil, foi marcada por tensões
inicial, julgue (C ou E) os itens seguintes, acerca do Brasil
políticas e econômicas relevantes para o entendimento
da Primeira República (1889-1930).
da Revolução de 1930. A respeito desse período e de
1. O regime político adotado favorecia o exercício suas contradições, julgue (C ou E) os itens a seguir.
do poder a serviço dos interesses nacionais em
1. Inspirado na Carta inglesa, o marco
detrimento dos interesses individuais dos
constitucional de 1891 reproduziu a
dirigentes.
deformação política do voto censitário,
mantendo herança do Império e adotando
2. Durante esse período, o conceito de
fundamentos de constituição europeia.
propriedade separava os bens da classe
fundiária do bem público gerido pelo Estado.
2. Na República Velha, a economia
agroexportadora, tecnologicamente moderna,
3. Os dissidentes encontravam, nesse período,
apresentou elevada produtividade e introduziu
concretas possibilidades de ascensão política,
as bases sustentáveis para o amplo processo de
em razão da mobilidade social.
industrialização iniciado pelos próprios
agroexportadores nessa fase histórica.
4. Nesse período, estreito vínculo estabeleceu-se
entre governo e partido, envolvendo lealdade
3. Nesse período, as oligarquias políticas dos
entre ambos, porém sobrepondo-se os
estados, congregadas em partidos políticos,
interesses deste aos daquele
atuavam, na prática, em torno de bases,
QUESTÃO 03 interesses e projetos locais e regionais.

(CESPE – IRBr, 2007) Ainda tomando o texto como 4. Nessa quadra histórica do Brasil, adotou-se
referência inicial, julgue (C ou E) os itens subseqüentes, sistema eleitoral que, na prática, submetia-se
relativos ao Brasil da Primeira República. ao controle dos chefes políticos locais,
sobretudo no campo, o que ficou conhecido
1. O regime oligárquico favorecia, também no como voto de cabresto.
cenário político, o domínio das famílias
QUESTÃO 05
socialmente hegemônicas.
A Primeira República (1889-1930) constituiu, nas
2. Durante a Primeira República, apesar do regime consagradas expressões da historiografia, a “República
político, observam-se, por vezes, sucessões de que não foi” e o autêntico “teatro das oligarquias”. Fruto
oligarquias nos estados da Federação. de um golpe de Estado conduzido por militares, em
pouco tempo, viu chegarem ao poder os
3. Borges de Medeiros manteve-se como detentor representantes dos grupos proprietários rurais, em um
do poder oligárquico no governo do Rio Grande contexto no qual, repetindo a realidade colonial e
do Sul por mais de duas décadas. monárquica pós-Independência, a terra continuou a ser
o polo irradiador do poder. Relativamente a esse
4. Nesse período, os governantes eram, na período da história brasileira, julgue (C ou E) os itens
maioria das vezes, dominados por indivíduos, que se seguem.
famílias ou grupos.
1. De princípios do século XX ao início da Primeira
Guerra Mundial, o Brasil avançou no surto
industrial iniciado ainda no Segundo Império,
graças, entre outros fatores, à oferta de energia
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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 07


elétrica, aos capitais liberados pelo café e à 2. O sistema de colonato, adotado pelos
progressiva ampliação do mercado interno; fazendeiros do café para a utilização da mão de
com a Grande Guerra, abriu-se novo período de obra oriunda da imigração, fracassou em
expansão para a indústria no Brasil. virtude da resistência dos imigrantes em
submeterem-se a longas jornadas de trabalho e
2. Depois das contínuas crises políticas dos à falta de instrumentos agrícolas adequados.
primeiros anos, a República conheceu certa
estabilidade com o governo de Campos Sales: 3. No governo de Epitácio Pessoa, a valorização do
com a Política dos Estados, também conhecida preço internacional do café, com o consequente
como Política dos Governadores, montou-se a ingresso de grande quantidade de moeda forte,
engrenagem legislativa e assegurou-se o desvalorizou o câmbio e causou inflação.
predomínio das oligarquias estaduais que
estavam no poder. 4. Embora os chamados coronéis constituíssem
um grupo importante para a sustentação do
3. No quadro de esgotamento do regime sistema oligárquico, seus interesses concorriam
republicano, ao longo dos anos 20 do século XX, com os de outros atores políticos cuja
a ação dos tenentes assumiu papel de destaque participação na condução do governo da
no cenário nacional: seus levantes armados em Primeira República era também significativa.
1922 e em 1924 abriram o caminho para a
vitória do movimento de 1930 e confirmaram a
identidade ideológica entre tenentismo e
comunismo, algo que foi reiterado após a
ascensão de Vargas ao poder.

4. O esplendor de cidades como Manaus e Belém,


de que seriam exemplos exponenciais os
teatros Amazonas e da Paz, explica-se pela
riqueza gerada pela borracha, cujo ciclo de
expansão estendeu-se até meados do século
XX, quando esse produto conquistou o mercado
mundial e desbancou a importância econômica
do café na Primeira República.

QUESTÃO 06

A Primeira República caracterizou-se pelo regime


oligárquico e pela economia agroexportadora. Com
relação a esses assuntos, julgue (C ou E) os itens a
seguir.

1. Na década de 20 do século XX, o movimento


tenentista contou com importante participação
de oficiais tanto do Exército como da Marinha,
tendo apontado os males causados pelo poder
excessivo da oligarquia e defendido a
descentralização do poder político, além de
uma política econômica nacionalista.
CURSO SAPIENTIA
MARATONA 2019 – HISTÓRIA DO BRASIL
LISTA DE EXERCÍCIOS

Aplicação: Lista Complementar 07

GABARITOS

Questão 01
A estrutura oligárquica dominante no plano político do Império era centralizada, ao contrário das
oligarquias que passaram a controlar a política nacional durante a Primeira República, que seguiram a
descentralização do federalismo de inspiração norte-americana; O Presidente da época, fazia parte de um
E
acordo que era articulado com as elites locais e estaduais do país; Os mais importantes partidos políticos
do período da Política dos Governadores tinham caráter regional, como o Partido Republicano Paulista
(PRP), o Partido Republicano Mineiro (PRM) e o Partido Republicano Rio-Grandense (PRR).
C ---
O Modernismo não tinha uma "obsessão em valorizar uma cultura genuinamente brasileira e livre de
cânones europeus". Desejava, sim, encontrar uma cultura brasileira, porém por meio da deglutição dos
E
cânones europeus que lhes fossem úteis. O Modernismo foi uma síntese de ideias estrangeiras (europeias)
e brasileiras; não houve uma recusa rígida à incorporação de elementos extranacionais.
C ---

Questão 02
O exercício do poder atendia aos interesses individuais. Grupos locais governavam de acordo com seus
E
interesses e até o bem público confundia-se com o particular.
No Brasil, o patrimonialismo (confusão entre público e privado) iniciou-se no período colonial, passando
E
pelo período imperial, chegando até o período que compreende a República Velha (1889-1930).
Dissidentes são as pessoas que não concordam com opiniões, doutrinas, status quo.

A Comissão de Verificação de Poderes da Câmera Federal sempre submissa ao governo da União, acata e
sanciona as eleições estaduais dos grupos dominantes por mais manipulados que sejam, eternizando
E
assim o status quo. Além disso os desentendimentos políticos poderiam culminar em atos retroativos tais
como o episódio em que o governador baiano Severino Vieira desentendeu com o intendente (prefeito)
de Ilhéus e ordena o Senado que invalide sua eleição sendo que foi aprovada pelo mesmo órgão 2 anos
antes.
C ---

Questão 03
C ---
C ---
C ---
C ---

Questão 04
A Constituição de 1891, não instituiu o voto censitário, mas delegou à legislação infraconstitucional a
E
regulamentação da eleição; vale ressaltar que a CF\1891, foi inspirada nas constituições dos EUA, da
Argentina e da Suíça (lembrar que o modelo inglês é o parlamentarista e que sua constituição não é
sintetizada em um único documento).
A economia agroexportadora não era tecnologicamente moderna e não apresentou elevada
E produtividade. As bases para o processo de industrialização não foram introduzidas durante a Primeira
República.
C ---
C ---

Questão 05
C ---
C ---
C ---
Registre-se que a questão contém duas afirmativas falsas: a borracha nunca ocupou o primeiro lugar nas
exportações brasileiras e seu surto não chegou até os meados do século XX, pois sua crise é datada já em
1910.
E
"Em toda a época de seu apogeu, a borracha ocupou folgadamente o segundo lugar entre os produtos brasileiros
de exportação, alcançando o ponto máximo entre 1898 e 1910".
Boris Fausto - História do Brasil

Questão 06
O tenentismo foi o nome dado ao movimento político-militar, e à série de rebeliões de jovens oficiais de
baixa e média patente do Exército Brasileiro no início da década de 1920 descontentes com a situação
política do Brasil. Propunham reformas na estrutura de poder do país, entre as quais se destacam o fim
E do voto aberto (fim do voto de cabresto), instituição do voto secreto e a reforma na educação pública.

O erro da questão está relacionado à afirmação: "além de uma política econômica nacionalista", já que o
foco do movimento era político e não econômico.
O sistema de colonato, adotado pelos fazendeiros do café para a utilização da mão de obra oriunda da
imigração, fracassou em virtude da resistência dos imigrantes em submeterem-se a longas jornadas de
trabalho e à falta de instrumentos agrícolas adequados.

O sistema de colonato teve sucesso, o que fracassou o foi o sistema de parceria:


A imigração iniciou-se no nosso país baseada em um sistema chamado “parceria”, idealizado por um
grande fazendeiro, o Senador Vergueiro, na década de 1840. Por esse sistema, o fazendeiro pagava as
despesas da viagem do imigrante, fornecia a alimentação a crédito, as ferramentas, alguns pés de café e
E
um lote de terra para que plantasse gêneros de subsistência. Quando os pés de café começavam a
produzir o imigrante deveria ressarcir o fazendeiro, pagando-lhe o capital investido com jurus, além de
entregar metade de sua produção de café. [...]

Entretanto, o problema mais grave da imigração residia no tratamento dispensado aos imigrantes pelos
fazendeiros que, acostumados com a escravidão, tratavam os trabalhadores como se fossem escravos.
Por isso tudo, várias revoltas eclodiram, o que aconteceu inclusive na fazenda Ibicaba, de propriedade do
idealizador do sistema de parceria.
No governo Epitácio Pessoas, que durou entre 1919 a 1922, ocorreu valorização do câmbio na primeira
E
metade do mandato e desvalorização na segunda metade.
C ---
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Maratona 1ª etapa – M1
História do Brasil – Prof. Rodrigo Goyena
Bloco 08 – A Caserna Durante a Experiência Democrática (1945 – 1964)
Material: Material de apoio

Organização do módulo (16 aulas)

Formação de elites, consolidação de projetos de governo e crises de Estado (aulas 1 a 4)


 Brasil monárquico (I)
o A crise das elites imperiais (1870-1889)
 Brasil republicano (II)
o A Revolução de 1930 (1922-1930)
 Brasil monárquico (III)
o A transmigração da Coroa
 Brasil republicano (IV)
o A transição lenta, gradual e segura (1974-1985)

Movimentos sociais, processos eleitorais e regimes administrativos (aulas 5 a 8)


 Brasil colonial e monárquico (I e II)
o A administração colonial
o Movimentos sociais durante o Segundo Reinado
 Brasil republicano (III e IV)
o As eleições de 1910 e de 1922
o A caserna durante a Experiência Democrática (1945-1964)

Formação territorial e conflitos externos (aulas 9 a 12)


 Brasil colonial (I)
o A formação territorial e as lindes cartográficas
 Brasil Republicano (II, III e IV)
o As fronteiras do Barão do Rio Branco
o O Brasil e a Primeira Guerra Mundial
o O Brasil e a Segunda Guerra Mundial

A Política Externa Brasileira no século XX (aulas 13 a 16)


 Primeira República e Era Vargas (I e II)
o O americanismo do Quinze de Novembro
o O americanismo da Era Vargas
 Experiência Democrática e Regime de 1964 (III e IV)
o A Política Externa de Eurico Gaspar Dutra
o A Política Externa de Castelo Branco

1
Curso Sapientia
Maratona 1ª etapa – M1
História do Brasil – Prof. Rodrigo Goyena
Bloco 08 – A Caserna Durante a Experiência Democrática (1945 – 1964)
Material: Material de apoio

A caserna durante a Experiência Democrática (1945-1964)

Crise de Agosto de 1954: Atentado da Rua Tonolero

o Lacerda voltava de uma palestra no Colégio São José.


 Dois pistoleiros atiram.
 Lacerda é ferido, mas morre Rubem Vaz, da FAB.
 FAB nunca estivera dividida, sempre fora liberal-conservadora.
 Instaura-se a “República do Galeão”, descobre-se que pistoleiros eram da
guarda pessoal de Vargas.
o Chefe: Gregório Fortunato.
 Convicção e suspeita de que Vargas estivera por trás do atentado: aumenta
temperatura política.
o “Só saio morto do Catete”.
o Carta-testamento.
o Clima de golpe revertido por suicídio.
o Reação popular:
 EUA+UDN foram causas do suicídio de Vargas.
 UDN invadida.
 Embaixada EUA atacada.

A crise de 11 de novembro de 1955:

 UDN promove guinada popular: lança candidatura de Juarez Távora.


o Era resposta direta a chapa composta por JK e por João Goulart (PSD
e PTB).
 PSP lança a candidatura de Ademar de Barros.
 PRP (Partido da Representação Popular) lança candidatura de Plínio Salgado.
o Resultado das eleições de 1955:
 JK obtém 36% dos votos. Távora, 30%. Ademar, 26% e
Plínio com os 8% restantes.
 Episódio do funeral do general Canrobert (presidente do Clube Militar, um
dos maiores conspiradores contra Vargas).
o Discurso do general Mamede.
 Signatário do Memorial dos Coronéis.
 Acusações contra JK.
o Café Filho sofre ataque cardíaco em novembro de 1955:
 Assume Carlos Luz, que faz vista grossa ao episódio do funeral
do general Canrobert.
o O general Lott coloca-se do lado da legalidade constitucional.
 Novembrada ou golpe preventivo.

2
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História do Brasil – Prof. Rodrigo Goyena
Bloco 08 – A Caserna Durante a Experiência Democrática (1945 – 1964)
Material: Material de apoio

 Exército vs. Marinha e Aeronáutica.


 Resultado: Lacerda e Luz embarcam para Santos.
 Janeiro de 1956: Assume JK.

1956: Revolta de Jacareacanga (PA)

o Fevereiro de 1956:
 Oficiais da Aeronáutica insatisfeitos, liderados pelo major Haroldo
Veloso e pelo capitão José Chaves Lameirão, instalam-se na base
aérea de Jacareacanga, no sul do Pará.
 Temia-se represália do grupo militar vitorioso no 11 de
Novembro.
o Não concordam com Vasco Alves Seco na pasta da
Aeronáutica.
 Anistiados!

1959: Revolta de Aragarças (GO)

o Articulação começa em 1957.


 Haroldo Veloso, João Paulo Moreira Burnier.
 Governo estaria comprometido com o comunismo
internacional.
 Objetivo: bombardear Palácio do Catete.
o Anistiados!

A reação da caserna e o golpe de 1964

 Outubro de 1963: Congresso rejeita emenda constitucional que daria livre curso às
desapropriações fundiárias.
o Mais grave:
 Setembro de 1963: Revolta dos Sargentos da Aeronáutica e da
Marinha:
 STF havia rechaçado concessão de elegibilidade aos praças.
 João Goulart aproveita para pedir decretação de Estado de Sítio.
 Congresso nega!
 Goulart busca então apoio das ruas.
o Reformas na lei ou na marra!
 Outubro de 1963:
 Greve dos 700 mil em São Paulo.
 Março de 1964:
 I Comício da Central do Brasil.
o Goulart passaria as reformas por decreto-executivo.
o Reúnem-se 150 mil pessoas.

3
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História do Brasil – Prof. Rodrigo Goyena
Bloco 08 – A Caserna Durante a Experiência Democrática (1945 – 1964)
Material: Material de apoio

o Goulart assina encampação das refinarias de petróleo


que ainda estivessem sob controle de capitais
estrangeiros.
o Começa expropriação de terras.
o Superintendência da Reforma Agrária.
 Resposta conservadora:
o São Paulo, março de 1964:
 Marcha da família com Deus pela liberdade.
 500 mil pessoas.
o Fica claro, aos olhos da caserna, que Goulart não tinha o apelo das ruas.
 24 de março de 1964:
 Revolta dos Marinheiros:
o Contra oficiais de alta cúpula.
o Exigem aumento salarial.
 Goulart substitui, no Ministério da Marinha, Sílvio Frota por Paulo
Rodrigues, que contava com apoio da CGT.
 O levante dos marinheiros havia sido articulado no sindicato
dos metalúrgicos.
 Cenário lembra do encouraçado Potemkin, de 1905.
 Goulart anistia os revoltosos.
 31 de março de 1964:
o Goulart prevê o Comício do Automóvel.
o Olímpio Mourão Filho reage:
 Foi redator do Plano Cohen.
 Obtém carta branca do governador de MG, Magalhães Pinto, para
deslocar tropas estacionadas em Juiz de Fora para o Rio de Janeiro.
 FAB apoia.
o Goulart escapa para Brasília e, depois, para o Rio Grande do Sul.
o 1 de Abril:
 Presidente do Senado declara vacância do cargo.
 Assume presidente da Câmara de Deputados, Ranieri Mazzilli.
 Historiografia do golpe de 1964:
o Jorge Ferreira:
 Paralisa decisória.
 Intervenção defensiva e purificação da democracia.
o Carlos Fico:
 Radicalização política.
o Daniel Aarão Reis Filho:
 Golpe foi resultado do pensamento econômico, simbolizado pelo
confronto entre o IPES/IBAD e o ISEB.
 Operação Brother Sam.
o Guillhermo O’Donnell:
 Embate de modelos: estruturalismo cepalino vs. teses ortodoxas.

4
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Bloco 08 – A Caserna durante a Experiência Democrática (1945-1964)
Material: Lista de Exercícios

Questão 1. (CESPE – IRBr 2016– Q48) Tendo o texto precedente como referência inicial,
julgue (C ou E) os itens seguintes, a respeito da trajetória da experiência política brasileira
entre 1946 e 1964.

1. A reação intransigente de Juscelino Kubitschek aos levantes de setores da Aeronáutica


contra seu governo, seja no mencionado levante de Jacareacanga, seja no de
Aragarças, recusando-se a anistiar os revoltosos, fugia dos padrões de tolerância que
caracterizavam o presidente, mas foi entendido como aviso a qualquer aventureiro
que pretendesse se insurgir contra as instituições e a ordem democrática.

2. O texto faz referência à crise política decorrente da vitória eleitoral de Juscelino


Kubitschek nas eleições presidenciais de 1955, cerca de um ano após a morte
dramática de Getúlio Vargas. Refeita a aliança PSD–PTB, que possibilitou a vitória da
chapa JK–João Goulart, ganhou corpo a campanha oposicionista, conduzida
basicamente pela União Democrática Nacional (UDN), que contestava o resultado do
pleito e se opunha à posse do presidente eleito.

Questão 2. (CESPE – IRBr 2016 – Q49) Tendo o texto precedente como referência inicial,
julgue (C ou E) os itens subsequentes, relacionados à crise final do regime da Constituição
de 1946.

1. A tensão política vivida pelo Brasil nos primeiros anos da década de 60 refletia, de
um lado, o próprio esgotamento do regime em vigor desde a queda do Estado Novo
e, de outro, o embate ideológico que, após a vitória da revolução cubana e de sua
adesão ao comunismo, envolveu dramaticamente o continente americano.

Questão 3. (CESPE – IRBr 2006 – Q48) Considerando o contexto histórico do regime liberal-
conservador brasileiro, vigente entre 1946 e 1964, julgue (C ou E) os itens a seguir.

1. O desfecho trágico da crise de agosto de 1954 teve profunda repercussão política,


embora seus efeitos tenham-se diluído nos meses seguintes. Com o suicídio do
presidente Vargas, desarticularam-se as forças políticas trabalhistas, fator decisivo
para o resultado alcançado nas eleições presidenciais do ano seguinte.

1
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Bloco 08 – A Caserna durante a Experiência Democrática (1945-1964)
Material: Lista de Exercícios

Questão 4. (CESPE – 2006 – Q50) Tendo o texto como referência inicial e considerando
aspectos marcantes do processo histórico brasileiro entre 1945 e 1964, julgue (C ou E) os
itens

1. Considerada por alguns como solução de compromisso e, por outros, como golpe
branco, a adoção do parlamentarismo possibilitou a Jango assumir a chefia do Estado.
O retorno ao presidencialismo, por força do plebiscito de 1963, permitiu a Goulart
executar seu programa reformista, excetuando-se a reforma agrária.

2
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Bloco 08 – A Caserna durante a Experiência Democrática (1945-1964)
Material: Lista de Exercícios

Gabarito
1 EC
2 C
3 E
4 E

3
CURSO SAPIENTIA – MARATONA 2019 – PROFESSOR R ODRIGO GOYENA

HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 08


QUESTÃO 02
QUESTÃO 01

A atmosfera política era de grande agitação não apenas


O levante de Jacareacanga não durou vinte dias. entre os militares, políticos e empresários que queriam
Contudo, o episódio era indicativo do alto grau de livrar-se do governo. João Goulart defrontara-se, no
instabilidade política do país. O presidente que os início de 1964, com sua própria fragilidade. Chegara à
oficiais da Aeronáutica queriam derrubar fora Presidência da República por acaso e por sorte, após a
empossado no cargo havia menos de um mês, alguém surpreendente renúncia de Jânio Quadros e contra a
que vinha de uma carreira política de prestígio vontade dos ministros militares, que só admitiram sua
construída dentro do PSD mineiro: deputado federal, posse depois de tratativas políticas que o
prefeito de Belo Horizonte, governador de Minas enquadraram.
Gerais.
Carlos Fico. Além do golpe: a tomada do poder em 31 de março de 1964 e a

Lilia Moritz Schwarcz e Heloisa Murgel Starling. Brasil: uma biografia. São ditadura militar. Rio de Janeiro: Record, 2004, p. 16 (com adaptações).

Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 412 (com adaptações).

(CESPE – IRBr 2016) Tendo o texto precedente como


referência inicial, julgue (C ou E) os itens subsequentes,
(CESPE – IRBr 2016) Tendo o texto precedente como
relacionados à crise final do regime da Constituição de
referência inicial, julgue (C ou E) os itens seguintes, a
1946.
respeito da trajetória da experiência política brasileira
entre 1946 e 1964.
1. A tensão política vivida pelo Brasil nos primeiros
anos da década de 60 refletia, de um lado, o
1. A reação intransigente de Juscelino Kubitschek
próprio esgotamento do regime em vigor desde
aos levantes de setores da Aeronáutica contra
a queda do Estado Novo e, de outro, o embate
seu governo, seja no mencionado levante de
ideológico que, após a vitória da revolução
Jacareacanga, seja no de Aragarças, recusando-
cubana e de sua adesão ao comunismo,
se a anistiar os revoltosos, fugia dos padrões de
envolveu dramaticamente o continente
tolerância que caracterizavam o presidente,
americano.
mas foi entendido como aviso a qualquer
aventureiro que pretendesse se insurgir contra
as instituições e a ordem democrática. Texto para as questões 3 e 4
Com a queda do Estado Novo, grupos organizados
2. O texto faz referência à crise política decorrente passaram a defender projetos de sociedade, de
da vitória eleitoral de Juscelino Kubitschek nas economia, de organização social e de cultura. Retomar
eleições presidenciais de 1955, cerca de um ano a tradição liberal interrompida com a Revolução de
após a morte dramática de Getúlio Vargas. 1930 ou dar continuidade às políticas públicas
Refeita a aliança PSD–PTB, que possibilitou a intervencionistas era a discussão que passou a dominar
vitória da chapa JK–João Goulart, ganhou corpo os debates. Nacionalismo, industrialização com base
a campanha oposicionista, conduzida em bens de capital, proposta de fortalecimento de um
basicamente pela União Democrática Nacional capitalismo nacional, criação de empresas estatais em
(UDN), que contestava o resultado do pleito e se setores estratégicos e valorização do capital humano
opunha à posse do presidente eleito. com redes de proteção social permitiram que, na
década de 50, os próprios comunistas aderissem às
propostas dos trabalhistas.
Outro projeto seduziu as elites empresariais,
políticas e militares, além das classes médias
conservadoras. Esse projeto liberal-conservador tinha
CURSO SAPIENTIA – MARATONA 2019 – PROFESSOR R ODRIGO GOYENA

HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 08


na UDN seu principal instrumento político e
caracterizava-se, entre outros aspectos, pelo
antigetulismo, o moralismo e o anticomunismo.
Durante toda a experiência democrática brasileira,
entre 1945 e 1964, ambos os projetos disputaram a
preferência do eleitorado. No entanto, três momentos
resultaram em situações de grande conflito: a crise de
agosto de 1954, o golpe preventivo liderado pelo
general Lott em novembro de 1955 e a Campanha da
Legalidade de 1961.
2. Jorge Ferreira. Crises da República: 1954, 1955 e 1961. In: Jorge
Ferreira e Lucilia de Almeida Neves Delgado (orgs.). O Brasil
Republicano: o tempo da experiência democrática – da
democratização de 1945 ao golpe civil-militar de 1964. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2003, p. 303-4 (com adaptações)

QUESTÃO 03

(CESPE – IRBr 2006) Considerando o contexto histórico


do regime liberalconservador brasileiro, vigente entre
1946 e 1964, julgue (C ou E) os itens a seguir.

1. O desfecho trágico da crise de agosto de 1954


teve profunda repercussão política, embora
seus efeitos tenham-se diluído nos meses
seguintes. Com o suicídio do presidente Vargas,
desarticularam-se as forças políticas
trabalhistas, fator decisivo para o resultado
alcançado nas eleições presidenciais do ano
seguinte.

QUESTÃO 04

(CESPE – IRBr 2006) Tendo o texto como referência inicial


e considerando aspectos marcantes do processo
histórico brasileiro entre 1945 e 1964, julgue (C ou E) os
itens

1. Considerada por alguns como solução de


compromisso e, por outros, como golpe branco,
a adoção do parlamentarismo possibilitou a
Jango assumir a chefia do Estado. O retorno ao
presidencialismo, por força do plebiscito de
1963, permitiu a Goulart executar seu
programa reformista, excetuando-se a reforma
agrária.
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MARATONA 2019 – HISTÓRIA DO BRASIL
LISTA DE EXERCÍCIOS

Aplicação: Lista Complementar 08

GABARITOS

Questão 01
Duas semanas após a posse de JK, a 11 de fevereiro de 1956, ocorre a Revolta de Jacareacanga, liderada
pelo major-aviador Haroldo Veloso e pelo capitão-aviador José Chaves Lameirão. Acusavam o presidente
de supostas associações com grupos financeiros internacionais para a entrega de petróleo e minerais
E estratégicos, e de infiltração comunista nos postos militares de alto-comando. No mesmo mês, a rebelião
militar foi debelada. Enviou ao Congresso um projeto de lei que concedeu anistia ampla e irrestrita a todos
os civis e militares que tivessem participado de movimentos políticos ou militares no período de 10 de
novembro de 1955 até 19 de março de 1956.
A apuração dos votos foi demorada. Em 3 de outubro de 1955, JK elegeu-se com 3 077 411 votos (35,68%),
o general Juarez Távora recebeu 2 610 462 votos (30,27%), Ademar de Barros conseguiu 2 222 725 votos
(25,77%) e Plínio Salgado conquistou 714 379 votos (8,28%). Juscelino obteve 400 000 votos a mais que o
candidato da União Democrática Nacional Juarez Távora, e 800 000 votos a mais que o terceiro colocado,
o ex-governador de São Paulo Ademar de Barros. Juscelino foi favorecido pelo lançamento da candidatura
de Plínio Salgado, que tirou votos do candidato Juarez Távora.

C A UDN tentou impugnar o resultado da eleição, sob a alegação de que Juscelino não obteve vitória por
maioria absoluta dos votos. A posse de Juscelino e do vice-presidente eleito João Goulart só foi garantida
com um levante militar liderado pelo ministro da Guerra, general Henrique Teixeira Lott que, em 11 de
novembro de 1955, depôs o então presidente interino da República Carlos Luz. Suspeitava-se que Carlos
Luz, da UDN, não daria posse ao presidente eleito Juscelino. Assumiu a presidência, após o golpe de 11 de
novembro, o presidente do Senado Federal, Nereu Ramos do partido de JK, o PSD. Nereu Ramos concluiu
o mandato de Getúlio Vargas que fora eleito para governar de 1951 a 1956. O Brasil permaneceu em
estado de sítio até a posse de JK em 31 de janeiro de 1956.

Questão 02
A assertiva faz referência à crise política e econômica vivida pelo pais após a II guerra, marcado por
renúncias e denúncias de ação comunista, e evidenciando o repúdio ao comunismo pela elite brasileira.
C
Enquanto a revolução cubana encontrava seu desfecho, e aliava-se definitivamente ao comunismo,
acirrando o clima de instabilidade ideológica na américa.

Questão 03
A crise teve início em 5 de agosto de 1954, quando o jornalista e deputado Carlos Lacerda, líder
oposicionista na Câmara, sofreu um atentado na rua Toneleros, em Copacabana, quando estava
acompanhado de seu filho, e do militar que naquele momento fazia sua segurança, o major da Aeronáutica
Rubem Vaz. No atentado, Lacerda levou apenas um tiro no pé, mas o major Vaz faleceu. A oposição reagiu,
E
e quatro dias depois o deputado da UDN Afonso Arinos exigiu a renúncia de Vargas. Em famoso discurso,
ele afirmou que essa era a única saída digna para o presidente. Em 22 de agosto, brigadeiros do Clube da
Aeronáutica dirigiram nota ao presidente da República pedindo sua renúncia. Getúlio resistiu, mas dois
dias depois, em 24 de agosto, disparou, no início da manhã, um tiro fatal no peito.
Questão 04
Houve o plebiscito de 1963 que fez voltar o modelo presidencialista. O erro da questão está em afirmar
que Jango conseguiu executar seu projeto reformista. Jango propôs o plano Trienal ao Congresso após a
E
volta do presidencialismo prevendo as reformas de base porém o plano foi rejeitado no Congresso o que
impossibilitou a sua implementação.
Curso Sapientia
Maratona 1ª etapa – M1
História do Brasil – Prof. Rodrigo Goyena
Bloco 09 – A formação territorial e as lindes cartograficas
Material: Material de apoio

Organização do módulo (16 aulas)

Formação de elites, consolidação de projetos de governo e crises de Estado (aulas 1 a 4)


 Brasil monárquico (I)
o A crise das elites imperiais (1870-1889)
 Brasil republicano (II)
o A Revolução de 1930 (1922-1930)
 Brasil monárquico (III)
o A transmigração da Coroa
 Brasil republicano (IV)
o A transição lenta, gradual e segura (1974-1985)

Movimentos sociais, processos eleitorais e regimes administrativos (aulas 5 a 8)


 Brasil colonial e monárquico (I e II)
o A administração colonial
o Movimentos sociais durante o Segundo Reinado
 Brasil republicano (III e IV)
o As eleições de 1910 e de 1922
o A caserna durante a Experiência Democrática (1945-1964)

Formação territorial e conflitos externos (aulas 9 a 12)


 Brasil colonial (I)
o A formação territorial e as lindes cartográficas
 Brasil Republicano (II, III e IV)
o As fronteiras do Barão do Rio Branco
o O Brasil e a Primeira Guerra Mundial
o O Brasil e a Segunda Guerra Mundial

A Política Externa Brasileira no século XX (aulas 13 a 16)


 Primeira República e Era Vargas (I e II)
o O americanismo do Quinze de Novembro
o O americanismo da Era Vargas
 Experiência Democrática e Regime de 1964 (III e IV)
o A Política Externa de Eurico Gaspar Dutra
o A Política Externa de Castelo Branco

1
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História do Brasil – Prof. Rodrigo Goyena
Bloco 09 – A formação territorial e as lindes cartograficas
Material: Material de apoio

1. Brasil colonial
o A formação territorial e as lindes cartográficas

Os ajustes à ordem de Tordesilhas

 Guerra de Sucessão espanhola (1701-1714)


o Habsburgo ou Bourbon?
 Resultados?
o Dinastia bourbônica assume coroa espanhola
o Mas!
 Tratados de Utrecht:
 Filipe V renuncia ao direito de sucessão ao trono francês.
 Inglaterra cede, pois dinastia dos Habsburgo na Espanha
significaria reunião de poder com a Áustria.
 Inglaterra recebe Gibraltar, Minorca e Terra Nova.
o E direito de abastecer as colônias da América
espanhola com escravos africanos.
 1713: Portugal ganha posse do Amapá.
 1715: Portugal ganha posse de Colônia do Sacramento.

2
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Bloco 09 – A formação territorial e as lindes cartograficas
Material: Material de apoio

Questões lindeiras referentes a

 Sete Povos, originalmente de


fundação espanhola

 Colônia do Sacramento, fundada em


Tratado 1680 por Portugal, com o objetivo o Conteúdo do Resultado do
de garantir a presença lusitana no Tratado Tratado
comércio da Bacia do Prata

 Região Amazônica e Centro-Oeste

O Tratado de
Madri foi um
Tratado de ajuste global
Madri 1750 entre a Espanha,
– Assinado que havia
por descumprido o
Alexandre Sete Povos: em posse de Portugal diploma de 1494 A resistência
de Gusmão, ao estender seus jesuíta,
em nome Colônia do Sacramento: em posse da domínios na Ásia, simbolizada
de Espanha e Portugal, que pela Guerra
Portugal, e avançou na Guaranítica
por José de Portugal garante a posse da região amazônica América. (1750-1756),
Carvajal y e do Centro-Oeste Resultou em uma inviabilizou a
Lancaster, permuta entre permuta.
em nome Sete Povos e
da Espanha Colônia do
Sacramento.
O Marquês de
Tratado de Pombal priorizou
El Pardo, a Colônia do
1761 . Sete Povos: em posse da Espanha Sacramento. Anulação do
Assinado Expulsou os Tratado de
durante o Colônia do Sacramento: em posse de Portugal jesuítas, pois Madri
reinado de eram
Dom José I considerados um
Estado dentro do
Estado.

3
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Bloco 09 – A formação territorial e as lindes cartograficas
Material: Material de apoio

Espanha ocupa a
Tratado de região de Em 1777,
Santo Desterro (atual Portugal troca
Ildefonso, Sete Povos: em posse da Espanha Santa Catarina), Colônia do
1777 – já que, ao Sacramento
Assinado Colônia do Sacramento: em posse de aproximar essa por Desterro.
no reinado Espanha região de Sete As fronteiras
de Dona Povos, poderia não foram
Maria I levar à retirada demarcadas.
completa de
Portugal do
espaço em
disputa.
A Guerra das
Laranjas entre
Tratado de Espanha e
Badajoz, Portugal
1801. ocasionou a
Tratado de perda da
paz que põe Praça Forte de
termo à Sete Povos: em posse de Portugal Tratado de paz Olivença, que
Guerra das entre Espanha e ficou em
Laranjas. Colônia do Sacramento: em posse da Portugal mãos
Não foi um Espanha espanholas. A
tratado de retaliação
limites. portuguesa
ocorreu com a
anexação de
Sete Povos.

 Especificidades do Tratado de Badajoz:


o Portugal deveria fechar os portos de todos os seus domínios ao comércio
com a Inglaterra.
o Espanha guarda posse de Praça Forte de Olivença.
o Indenizações pagas por danos e prejuízos caudados pelas embarcações da
Inglaterra ou de Portugal.
 Termos do acordo rejeitados por Napoleão Bonaparte:
 Tratado de Madri:
o Mantidos artigos de Badajoz, mas!
 Indenização paga à França.
 Portugal cede território do Amapá à França.
 Fronteira seria o rio Araguari.
o Portugal retoma manu militari Sete Povos das Missões: ocupação reconhecida em 1804.
4
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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 09

QUESTÃO 01
QUESTÃO 02

“Visto como no terceiro ano de Vosso reinado no ano de


“O rio Amazonas (lamentável que não se fixou o nome
Nosso Senhor de 1498, Vossa Alteza nos mandou descobrir
antigo, ‘das’ Amazonas, tão mais evocativo),
a parte ocidental da grandeza do mar Oceano, onde é
provavelmente descoberto por navegantes a serviço da
achada e navegada grande terra firme e com muitas e
Espanha, foi colonizado por portugueses, depois da
grandes ilhas adjacentes”. Carta de Duarte Pacheco
fundação de Belém, na sua foz, em 1616. No rio da Prata,
Pereira ao Rei Dom Manuel I. Tendo o texto inicial como
a história é o oposto: descoberto por portugueses, foi
referência, julgue C ou E os itens a seguir:
ocupado por espanhóis”. Sinésio Sampaio Góes Filho,
Navegantes, Bandeirante, Diplomatas.

1. Ainda antes do descobrimento da América, uma


série de acordos internacionais colocaram
A respeito da fundação de Colônia de Sacramento, em
Portugal e Castela em rota de colisão pelas
1680, julgue C ou E:
novas posses territoriais. Emblemáticos desse
período, os tratados de Alcáçovas-Toledo (1479)
e a Bula Æterni regis (1481) ratificaram as 1. A fundação de Colônia de Sacramento ocorreu
posses portuguesas ao Sul do Cabo Bojador; em contexto de cristalização da Coroa
Castela, por outra parte, tomou posse dos Bragantina em Portugal. Após a restauração da
novos territórios ao norte das ilhas Canárias. Coroa lusitana e de sua definitiva
independência da Espanha, adquirida em 1640
2. A Bula Inter Coetera (1493) confirmou a divisão com o fim da União Ibérica, a economia
dos hemisférios entre Castela e Portugal. Ao portuguesa, robustecida devido ao acúmulo de
Norte da latitude situada em Cabo Verde seriam superávits comerciais, tornou-se base de
posses castelhanas. O lado sulino, no entanto, sustento para a expansão colonial até a banda
ficaria com Portugal. oriental do rio da Prata. Nesse contexto,
fundou-se, ainda no reinado de Pedro II,
3. Maior novidade da Bula Inter Coetera, a divisão
Colônia de Sacramento na margem oposta a
Norte/Sul concerniu aos novos territórios da
Buenos Aires.
América descobertos a partir de 1492. A divisão
do Papa Rodrigo de Bórgia, de origem
2. A expansão colonial promovida pela Coroa
portuguesa, provocou amplas insatisfações na
Bragantina, a partir de 1640, contou com a ação
Corte castelhana, já que a cisão hemisférica
bandeirante, que encontrou, em Lisboa,
dava maiores posses à dinastia dos Avis.
financiamento sistemático para ir além das
fronteiras do Tratado de Tordesilhas.
4. O Tratado de Tordesilhas (1494), assinado entre
Portugal e Castela sem intervenção papal,
3. No século que antecedeu à fundação de Colônia
redundou em imediata contestação europeia à
de Sacramento, a presença portuguesa na
bipolaridade ibérica. Na primeira metade do
região da bacia do Prata foi tolhida, com êxito,
século XVI, expedições francesas na Baia da
pela Espanha, que, embora na vigência da
Guanabara e no Maranhão lideradas,
União Ibérica, buscava resguardar qualquer
respectivamente, por Villegagnon e por La
avanço lusitano para além das fronteiras do
Touche, fundaram povoados gauleses, ainda
Tratado de Tordesilhas.
que por curto período de tempo.
4. A Restauração da Coroa portuguesa deu início a
projeto de restruturação econômica e política
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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 09


de Portugal. As duas maiores frentes de ação Castela e de Aragão, nesse sentido, pensava
foram as investidas coloniais na América e o estar cedendo apenas algumas ilhas. Mais
adensamento da política econômica importante, o tratado conferia à Espanha
mercantilista. A fundação de Colônia de personalidade internacional, num momento no
Sacramento, nesse sentido, guarda relação com qual ainda estava em consolidação. Quanto a
o controle do mercado da prata, na bacia do Portugal, Dom João II tornou a insistir na
mesmo nome. preferência pela demarcação no paralelo da

QUESTÃO 03
altura das Canárias: seria forma de garantir
acesso à nova rota das Índias orientais, o que,

“Colombo conhecia bem as pendências luso-hispânicas: pelo meridiano de Tordesilhas, lhe era tolhido.

basta recordar que tinha vivido em Portugal durante a


3. O Tratado de Tordesilhas, a peça mais
guerra peninsular (1475-1479), terminada com a paz de
importante da história diplomática do que viria
Alcáçovas. Ao voltar de sua viagem descobridora, viu na
a ser o Brasil, segundo Capistrano de Abreu,
prática como elas se refletiam na disputa pela posse das
repartiu os novos mares descobertos entre
terras descobertas. Batido por tempestades, foi obrigado a
Espanha e Portugal no meridiano situado a 370
aportar em Lisboa, antes de regressar a Palos, na Espanha.
léguas do arquipélago de Cabo Verde: a razão
Dom João II estava em um mosteiro a cerca de 50 km da
por trás dessa distância relaciona-se à crença
capital e lá recebeu o navegante, que se fazia acompanhar
de Castela na equidistância do meridiano com
por alguns indígenas. Há várias versões da entrevista, que
Portugal e o golfo do México. Tratava-se de uma
seguramente foi tensa: o rei tinha razões para estar
repartição do mundo, na medida em que se
amargamente arrependido por não ter dado crédito a
previa, ainda em Tordesilhas, o exato
Colombo; e o orgulho deste certamente o levaria a se
antimeridiano daquele de Tordesilhas no
vangloriar perante o poderoso soberano que não confiara
oceano Pacífico, já então em processo de
em seu plano”. Synésio Sampaio Goés Filhos, Navegantes,
descobrimento.
Bandeirantes e diplomatas.

4. A assinatura do Tratado de Tordesilhas, embora


Acerca das razões e do sentido do Tratado de
constituído em meio a rivalidades marítimas,
Tordesilhas (1494), julgue C ou E:
também se referiu a tramados de negociações
dinásticas. Os reis católicos de Castela temiam
1. Embora favorecida pelas bulas do papa
que Dom João II de Portugal indicasse como seu
Alexandre VI, a Espanha preferiu não correr os
sucessor seu filho natural, Dom Jorge, no lugar
riscos de uma nova guerra com Portugal.
do primo do monarca, Dom Manuel, com quem
Resolveu transigir com o adversário tradicional
a infanta Isabel de Aragão iria casar-se. A
e chegou a um acordo que a deixava em
Espanha secundava a coroação de Dom
posição menos vantajosa do que aquela
Manuel, que indicava melhor aceitação do
prevista pela bula Inter Coetera. As negociações
Tratado de Tordesilhas do que Dom João II e,
foram completadas em 7 de junho de 1494, na
assim acreditavam os reis católicos, do que
cidade de Tordesilhas, e o seu tratado acabou
Dom Jorge.
sendo conhecido pelo nome desse burgo. Em
1506, a Santa Fé ratificou o diploma de 1494. QUESTÃO 04

“Pelo Tratado de Madri, com o qual o Brasil ganhou


2. O Tratado de Tordesilhas não beneficiou ambas
praticamente seus contornos definitivos, a Espanha cedeu
as partes: a Coroa portuguesa saiu insatisfeita
o território das Missões Orientais do Uruguai a Portugal,
com o novo diploma internacional. A Espanha
que, em compensação, abandonou e entregou-lhe a
não acreditava na existência de um continente
Colônia do Sacramento. Ao que parece, o governo de Madri
entre a Europa e as Índias Orientais: a Coroa de
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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 09


considerou esse acordo muito vantajoso, pois lhe que dava posse de direito a quem possuísse de
possibilitava atender aos reclamos dos mercadores de fato. Pelo lado espanhol, advogou-se o princípio
Sevilha, prejudicados pelo contrabando que fluía através de paz permanente: conflitos na Europa não
de Colônia do Sacramento, em troca de um território sobre deveriam provocar a ruptura da paz na
o qual sua soberania era, por assim dizer, nominal. E, América. Embora a longevidade do Tratado de
conquanto renunciasse à Colônia do Sacramento, Portugal Madri não tenha ultrapassado os dez anos e
ficava com um território no qual ainda esperava encontrar apesar da não demarcação dos limites
minas de outro, enquanto o marques de Pombal podia estipulados, o diploma de 1750 estabeleceu o
ampliar o raio de perseguição que desencadeara contra os norte das negociações lindeiras que se
jesuítas”. Moniz Bandeira, O expansionismo brasileiro e a articularam durante o Império e a República.
formação dos Estados na Bacia do Prata. Da colonização Duarte da Ponte Ribeiro e o Barão do Rio
à Guerra do Tríplice Aliança. Branco valeram-se dos princípios de
negociação entabulados por Alexandre de
Gusmão.
Acerca da formação das fronteiras do Brasil entre 1750
e 1800, julgue C ou E: 3. Não foram poucos os revesses do Tratado de

1. A interiorização da metrópole, em muito Madri, em especial aqueles ligados às lindes

relacionada às expedições bandeirantes, sulinas, visto que representaram matéria de

promoveu um reordenamento lindeiro entre permanente conflito, primeiro, entre o Portugal

Portugal e Espanha. Afinal, o Tratado de e a Espanha, depois, entre o Brasil e a

Tordesilhas havia sido largamente Argentina. A cidade de Colônia do Sacramento,

descumprido, tanto na América quanto na Ásia; fundada por portugueses, grosso modo, século

feriam-se, respectivamente, os direitos e meio depois de Buenos Aires, foi alvo de

espanhóis e portugueses, a considerar que o constantes saques e invasões espanholas;

Tratado de Saragoça fora a vertente oriental do afinal, tratava-se de presença portuguesa no

diploma do Tordesilhas. O primeiro ato no cobiçado estuário do rio da Prata. A primeira

sentido de ajustar o diploma de Tordesilhas à incursão castelhana ocorreu após um ano do

nova ordem foi a assinatura do Tratado de soerguimento de Colônia, em 1681. Graças à

Madri em 1750. A Coroa portuguesa, e em influência britânica, Portugal recuperou, em

especial o santista Alexandre de Gusmão, 1703, o que lhe pertencera em 1680. Pouco

serviu-se amplamente da cartografia francesa, depois, em 1704, a Espanha tornou a invadir

cujo arauto era Guillaume Delisle, para Colônia. Em 1715, não obstante, a paz de

consolidar as posses lusitanas na América. Utrecht, concluída após a Guerra de Sucessão

Tratou-se de um ajuste continental, no qual Espanhola, devolveu Colônia ao reino de

Portugal cederia a Espanha Colônia do Portugal. Mas não por muito tempo. O diploma

Sacramento, e a Espanha, em troca, abriria mão de Madri, de 1750, dispunha sobre a permuta

da região dos Sete Povos das Missões. entre os Sete Povos das Missões, entregue por
Espanha, e Colônia do Sacramento, cedida por

2. Durante as negociações, Alexandre de Gusmão Dom João V de Portugal. Não demarcado, em

apresentou às partes do tratado o Mapa das parte devido às Guerras Guaraníticas, o que

Cortes, no qual, por artifício cartográfico, Belém simbolizava a resistência jesuíta à permuta, o

era colocada na altura de Cuiabá. Secundavam Tratado de Madri não arrefeceu os constantes

a negociação de Alexandre de Gusmão os embates acerca da posse de Colônia.

princípios de fronteiras naturais, que permitia


estender as posses portugueses para os limites 4. Em 1762, isto é, apenas um ano após o Tratado

da cordilheira dos Andes, e de uti possidetis, de El Pardo garantir a soberania portuguesa


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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 09


sobre a cidade de Colônia, a Espanha promoveu intervir no comércio antes monopolizado pela
novo assalto à banda oriental do rio da Prata. O Coroa de Portugal. Visava-se transformar a
desfecho da Guerra de Sete Anos, na qual a atual Baia de Guanabara em base militar
Inglaterra se mostrou superior à França e a à francesa.
Espanha, traduziu-se pela retomada de Colônia
pelos portugueses; afinal, eram esses os aliados 2. Ao longo da presença francesa na Baia de
incontestes dos britânicos. O Tratado de Santo Guanabara, Villegagnon liderou sucessão de
Ildefonso, em 1777, reverteu novamente a expedições para obter a aliança dos franceses
questão, mas o século XVIII concluiu-se com com os índios tupinambás e temininós. O êxito
Colônia sob a soberania portuguesa. da iniciativa de Villegagnon resultou em

QUESTÃO 05
prolongada presença francesa na região, que
somente foi debelada após uma série de
“A expedição chegou à Guanabara a 10 de novembro de
expedições militares enviados de Lisboa à
1555. A presença de André Thevet, sacerdote e ex-cordoeiro
Guanabara.
de Angoulême, teve especial significação: ele escreveria um
livro fascinante sobre o país. Já havia feito duas viagens à 3. A resposta portuguesa veio à galope. Um
América do Sul e tinha visitado a baía da Guanabara, punhado de embarcações partiu de Lisboa em
identificando suas vantagens para a implantação de uma direção à França Antártica. Aprovisionaram-se
colônia francesa. Thevet teria sido um dos navegantes que na Capitania de Ilhéus e rumaram para o Sul
mais animaram Villegagnon a se engajar na aventura. Sua sob o comando de Mem de Sá. O êxito da
experiência foi de considerável valia para a preparação da retomado portuguesa da Guanabara redundou
viagem e a escolha da rota de navegação. Mais tarde se na fundação da cidade de São Sebastião do Rio
tornaria o principal cosmógrafo do reio Carlos IX da de Janeiro, em 1 de março de 1556, por Estácio
França. Thevet entendia-se muito bem com Villegagnon, e de Sá, sobrinho de Mem de Sá.
juntos chegaram a compor um pequeno dicionário franco-
tupi, mais tarde incluído indevidamente por Jean de Léry 4. Em 1612, sob à liderança de Daniel de La
na edição de 1611 de seu livro. ”. Vasco Mariz e Lucien Touche, fundou-se a França Equinocial nos
Provençal, Villegagnon e a França Antártica. territórios que hoje conformam o Maranhão. A
França voltava a contestar a partilha ibérica do
mundo. Frades capuchinhos, de origem
Acerca das contestações francesas à bipolaridade católica, portanto, estabeleceram-se na
ibérica constituída após o Tratado de Tordesilhas, península setentrional da região,
julgue C ou E: denominando-a Saint Louis em tributo ao rei
Louis XIII da França. Sem sucesso na ocupação
militar, os franceses foram derrotados pelos
1. A partilha do mundo entabulada por Castela e
portugueses em 1615.
Portugal suscitou rápida contestação dos reinos
da Inglaterra, da França e da Holanda, que
empreenderam explorações coloniais tanto na
parte setentrional quanto meridional da
América. No que concerne às contestações
francesas, fundou-se a França Antártica, na
região de Cabo Frio, em 1555. Nicolas Durand
de Villegagnon liderou as expedições,
informando-se sobre as práticas de escambo
do pau-brasil praticadas entre nativos e
portugueses. Os franceses não tardaram em
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Bloco 09 – A formação territorial e as lindes cartograficas
Material: Lista de Exercícios

Questão 1. (CESPE – IRBr 2017 – Q45) No que se refere a fatores que contribuíram para a
configuração do território da América portuguesa colonial, julgue (C ou E) os itens a seguir.

A. Sertanistas de São Paulo penetraram no interior da América do Sul nos séculos XVI e
XVII, viabilizando a ocupação da região pelos portugueses.

B. Pelo Tratado de Madri, de 1750, a Espanha aceitou a posse portuguesa do Mato


Grosso, da Amazônia e da margem oriental do rio da Prata.

C. Com o Tratado de Badajoz, de 1801, a posse da região dos Sete Povos, no oeste
gaúcho, passou à Espanha, mas o território foi retomado pelos portugueses em1816.

D. A linha divisória entre Portugal e Espanha estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas


não abrangia o Pacífico, mas apenas o Atlântico.

Questão 2. (CESPE – IRBr 2013 – Q43) Acerca da configuração territorial da América


portuguesa, julgue (C ou E) os seguintes itens.

1. Tratado de Madri tinha como princípio principal, quanto à definição de fronteiras, o


uti possidetis e como argumento subsidiário, aplicável à foz do Amazonas e ao Rio
da Prata, o mare liberum.

2. A expansão territorial para o sul, para que o Rio da Prata fosse limite natural, resultou
na fundação de Montevidéu em1680.

3. No século XVII, os portugueses conquistaram o litoral nordestino e a foz do rio


Amazonas.

4. A criação de gado foi a primeira atividade produtiva promotora da interiorização


mais profunda da colonização.

Questão 3. (CESPE – IRBr 2012 – Q41) Assinale a opção correta acerca da repercussão, na
América portuguesa, das medidas adotadas por Portugal no período pombalino.

A. Com o Tratado de Madri, assinado durante o reinado de D. José I, a Espanha


reconheceu a soberania portuguesa sobre extensão territorial, na América, superior
à delimitada pelo Tratado de Tordesilhas.
1
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Material: Lista de Exercícios

B. A descentralização administrativa da América portuguesa foi uma das estratégias


políticas pombalinas de constituição de um império em dois continentes, no intuito
de preservar a integridade do Brasil.

C. No período referido acima, Portugal reafirmou a sua soberania sobre a província do


Maranhão ao reprimir a tentativa do aventureiro inglês Beckman de se apossar dessa
província.

D. O enfrentamento militar com os espanhóis no Brasil meridional culminou com a


ocupação parcial do Rio Grande de São Pedro, pela Espanha, por mais de uma
década.

E. A Convenção de Sintra, assinada por Portugal e Inglaterra, por influência do Marquês


de Pombal, possibilitou a consolidação da soberania inglesa na Guiana, no norte da
Amazônia.

Questão 4. (CESPE – IRBr 2011 – Q42) No que concerne à configuração territorial da América
portuguesa, assinale a opção correta
A. Em oposição às determinações da Coroa portuguesa, ao longo do século XVII,
colonos partiram de Piratininga em busca de riquezas pelos sertões afora, o que
foi decisivo para a configuração das fronteiras do Brasil e para a consolidação de
São Paulo como importante polo econômico no período colonial.
B. As tensões entre castelhanos e portugueses, no Novo Mundo, tiveram início com a
decisão, tomada por Portugal, de ocupar vastas extensões de terra na bacia
amazônica, já nas primeiras décadas do século XVI, e atingiram dimensão ainda
mais violenta na vigência da União Ibérica (1580-1640).
C. Ponto principal entre as diversas áreas de colonização portuguesa no extremo sul
do Novo Mundo, a Colônia de Sacramento foi fundada para servir como base do
comércio lusitano na região, e a necessidade de neutralizar a crescente importância
econômica dessa colônia levou os espanhóis a fundarem Buenos Aires na outra
margem do rio da Prata.
D. A decisão castelhana de invadir a Colônia de Sacramento, motivada por interesses
específicos da elite de Buenos Aires, foi tomada quando o estado de hostilidade
entre Castela e Portugal, presente em grande parte da segunda metade do século
XVIII, sinalizava evidente distensão.
E. No período entre a assinatura dos tratados de Madri (1750) e de Santo Ildefonso
(1777), as duas metrópoles ibéricas foram levadas ao confronto bélico na
fronteira meridional do Brasil, cujo resultado beneficiou Portugal, que anexou à
2
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Material: Lista de Exercícios

sua colônia territórios que, pelo disposto no Tratado de Tordesilhas, pertenciam


à Espanha.

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Bloco 09 – A formação territorial e as lindes cartograficas
Material: Lista de Exercícios

Gabarito
1 C;E;E;C
2 E;E;A;C
3 D
4 E

4
CURSO SAPIENTIA
MARATONA 2019 – HISTÓRIA DO BRASIL
LISTA DE EXERCÍCIOS

Aplicação: Lista Complementar 09

GABARITOS

Questão 01 Questão 02 Questão 03 Questão 04 Questão 05


C E E E E E E C C E E E E C C E C E C C
Curso Sapientia
Maratona 1ª Etapa – 2019
História do Brasil – Profª.Rodrigo Goyena
Bloco 10 – As Fronteiras do Barão do Rio Branco
Material: Material de apoio

Organização do módulo (16 aulas)

Formação de elites, consolidação de projetos de governo e crises de Estado (aulas 1 a 4)


 Brasil monárquico (I)
o A crise das elites imperiais (1870-1889)
 Brasil republicano (II)
o A Revolução de 1930 (1922-1930)
 Brasil monárquico (III)
o A transmigração da Coroa
 Brasil republicano (IV)
o A transição lenta, gradual e segura (1974-1985)

Movimentos sociais, processos eleitorais e regimes administrativos (aulas 5 a 8)


 Brasil colonial e monárquico (I e II)
o A administração colonial
o Movimentos sociais durante o Segundo Reinado
 Brasil republicano (III e IV)
o As eleições de 1910 e de 1922
o A caserna durante a Experiência Democrática (1945-1964)

Formação territorial e conflitos externos (aulas 9 a 12)


 Brasil colonial (I)
o A formação territorial e as lindes cartográficas
 Brasil Republicano (II, III e IV)
o As fronteiras do Barão do Rio Branco
o O Brasil e a Primeira Guerra Mundial
o O Brasil e a Segunda Guerra Mundial

A Política Externa Brasileira no século XX (aulas 13 a 16)


 Primeira República e Era Vargas (I e II)
o O americanismo do Quinze de Novembro
o O americanismo da Era Vargas
 Experiência Democrática e Regime de 1964 (III e IV)
o A Política Externa de Eurico Gaspar Dutra
o A Política Externa de Castelo Branco

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A Questão de Palmas no eixo simétrico de poder

 Estanislao Zeballos, então ministro das Relações Exteriores sob a presidência de

Miguel Celman (1886-1890), vislumbrou no rápido reconhecimento da República

do Brasil uma possibilidade de resolver a seu favor a questão de Palmas.

o Quintino Bocaiúva concedeu parte da região de Palmas à Argentina.

 Pelo tratado de Montevidéu de 1890, o Estado gaúcho ficava

ligado ao resto do país por una tênue faixa de terra de não mais

de 200 km.

o O Tratado de Montevidéu não foi ratificado pelo Congresso brasileiro!


 Prevaleceu o acordo de 1889, que deixava a questão de Palmas à sorte do

arbitramento estadunidense.

 Qual foi a posição brasileira?

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o Três aspectos:

 Primeiro, ordenou-se a argumentação pelo matiz histórico,

enfatizando o espírito conciliador do tratado de Madri, de 1750, e

o arranjo territorial dele resultante.

 Segundo, definiu-se os acidentes geográficos dos rios Pepiri e

Santo Antônio como aqueles que foram designados no tratado de

Madri como fronteiras americanas entre Portugal e Espanha.

 Por último, invocou-se a relevância do princípio de uti possidetis,

a considerar as populações brasileiras que habitavam o território

em disputa.

 Qual foi a posição argentina?

o Estanislao Zeballos deslocava os rios Pepiri e Santo Antônio para as

margens orientais do que fora estabelecido pelo tratado de Madri.

o Pautou-se pela demarcação de 1788, que em muito atendia ao não

demarcado tratado de Santo Ildefonso.

o Ainda, Zeballos enfatizava a ideia do que o princípio do uti possidetis só

atenderia aos países que do Vice-Reino do Rio Prata resultaram.

 Em 5 de fevereiro de 1895, conforme o acordo de setembro de 1889, o

Presidente dos Estados Unidos dirimiu o pleito.

o Grover Cleveland, então Presidente em 1895, deu posse ao Brasil de 30

mil quilômetros quadrados.

Posição brasileira em relação ao Amapá:

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 Ideia gerar tirar proveito das rivalidades entre Estados europeus, de modo a

opor britânicos a franceses no que concerne à presença desses na América do

Sul.

o 1884: Fundação da República de Cunani por Trajano Benitez.

o 1891-1895: República do Amapá, fundado por Francisco Xavier Almeida

Cabral.

 Criou-se o Exército Defensor do Amapá.

 1894: descobertas auríferas na região do rio Calçoene, fronteira com a Guiana

Francesa.

o Mobilização de garimpeiros brasileiros, que entram em choque com

tropas francesas.

 Prudentes de Moraes e Felix Faure concordam em levar a questão

lindeira ao arbitramento internacional.

o O arbitramento seria feito pelo Presidente do Conselho Federal da Suíça.

 Posição francesa:

 Paul Vidal de La Blache alinhou os argumentos à tese que

trocava o rio Oiapoque pelo rio Araguari, alegando não

haver consenso quanto à real posição daquele rio no que

concerne ao complexo fluvial da região.

o Confusão: saber qual é o rio Oiapoque. O Vicente

Pinzón? o Araguari?

 Tratado de Utrecht de 1713 não deixou

claro.

 Posição brasileira:

 Ocupação brasileira do Oiapoque vinha desde o período

da França Equinocial.

 Uti possidetis.

 Araguari não pode ser o Oiapoque, porque o Araguari

desemboca no Amazonas.

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 Em dezembro de 1900, três dias antes de deixar a presidência do Conselho

Federal da Suíça, Eduard Muller pronunciou-se favoravelmente ao Brasil.

o Para além da qualidade de suas “memórias”, Paranhos Júnior havia

acertado em sua análise sistêmica das relações internacionais.

o Se à Inglaterra incomodava a presença francesa na corrida

expansionista, e vice-versa, um choque entre essas potências europeias

resultaria em um retraimento extra europeu de ambas, e não de uma só,

visto que o sistema europeu de alianças impediria a um Estado pôr-se à

frente dos demais.

o Precisamente após a crise de Fachoda, em 1898, que opôs franceses e

britânicos no atual Sudão do Sul, Théophile Delcassé substituiu Gabriel

Hanotaux no Quai d’Orsay, constituindo um novo sistema internacional

no qual a França daria primazia aos assuntos europeus: desse sistema

resultaria se não um congelamento, um equilíbrio do expansionismo

europeu. Não escapava aos pensamentos de Delcassé a possibilidade de

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a Alemanha expandir sua área de influência, seja na Europa ou não, caso

a França voltasse a indispor-se com a Inglaterra.

Posição brasileira em relação ao Pirara

o A questão do Pirara trouxe novamente à tona a imagem expansionista das potências

europeias no América do Sul.

 Tratava-se de disputa lindeira entre o Brasil e a Inglaterra:

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 Contrariamente à questão do Amapá, no entanto, a origem da

controvérsia não datava no período colonial, mas do Segundo

Reinado.

 Conforme assinala Synésio Sampaio Goes Filho, uma expedição geográfica

encabeçada pelo prussiano Robert Herman Schomburgk, então a serviço da

Royal Geographical Society, adentrou a região do Pirara, em 1838, quando a

província do Pará, acometida pela Revolta da Cabanagem, não tinha

condições de rebater as incursões britânicas.

 Após alguns incidentes envolvendo o deslocamento de

tropas brasileiras e inglesas, a região foi considerada

neutra.

o A posição brasileira não se alterou ao longo do século XIX: advogava a

manutenção dos limites anteriores à expedição de Schomburgk.

o Pelo lado britânico, Lord Salisbury propôs, em 1898, a divisão da região

disputada em duas partes iguais, o que desagradou o Brasil.

 Consentiram as partes, em 1899, em submeter o litígio ao

arbitramento do rei Vitor Emanuel III da Itália.

o Problema sistêmico:

 Vitor Emmanuel III é claramente anglófilo.

 Aproximação da Itália com a Inglaterra, para questões africanas,

contra a Alemanha.

o Para Joaquim Nabuco, designando para suceder a Souza Correia nas

negociações com a Inglaterra, o cenário era delicado, portanto.

 Nabuco vai à Roma buscar apoio!

o As “memórias” de Nabuco consubstanciaram a defesa brasileira com três

argumentos jurídicos, evitando-se retornar ao contestado argumento dos

limites naturais.

o Primeiro, afirmava que a constituição do Forte São Joaquim, em 1775,

assegurou a Portugal a posse da região do Pirara.

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o Segundo, defendia o respeito à doutrina do inchoate title, “que dá ao

possessor temporário ou intermitente direito contra terceiros”;

o Por último, advogava o princípio de watershed, “que dá ao ocupante de um

rio direitos sobre seus afluentes”.

o Pelo lado britânico, Thomas Sanderson, advogado indicado por Lord Salisbury,

contestava a posse brasileira do Forte de São Joaquim, que fora abandonado

durante a Revolta da Cabanagem, não havendo, portanto, linha demarcatória

entre o Brasil e a Guiana.

o Nesse sentido, os princípios de inchoate title e de watershed, assim como

serviam ao Brasil, prestavam-se bem à causa britânica.

o Em julho de 1904, Vitor Emanuel resolveu a favor da Inglaterra.

Questão 1:

(Diplomacia - 2010) Com relação ao período da Primeira República brasileira, que


vigorou até 1930, julgue (C ou E).

(4) Durante a gestão do Barão do Rio Branco no Ministério das Relações Exteriores,
todas as disputas fronteiriças herdadas do Império foram definidas favoravelmente
ao Brasil.
E
Questão 2:

(Diplomacia - 2007) Tanto no período colonial brasileiro quanto no período


independente, as fronteiras do Brasil com seus vizinhos da América do Sul foram
objeto de acordos. À luz do texto, assinale a opção correta acerca do processo de
estabelecimento das fronteiras do Brasil.
(A)Ao longo dos séculos, o uso da força prevaleceu sobre a negociação diplomática
quando se tratou de fixar as fronteiras do Brasil.
(B)O Barão do Rio Branco criou a doutrina do uti possidetis, aplicada nas negociações
de limites.
(C)Durante a Monarquia brasileira, estabeleceu-se, como um dos critérios de
negociação, a ocupação efetiva do território no momento da independência.
(D)O Tratado de Limites concluído em 1851 entre Brasil e Bolívia foi considerado,
posteriormente, como modelo de negociação.

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(E) Os limites entre Brasil e Argentina foram arbitrados em laudo exarado pelo rei da
Itália.
E/E/C/E/E

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Material: Lista de Exercícios

Questão 1. (CESPE – IRBr 2010 – Q77) Com relação ao período da Primeira República
brasileira, que vigorou até 1930, julgue (C ou E).

1. Durante a gestão do Barão do Rio Branco no Ministério das Relações Exteriores, todas
as disputas fronteiriças herdadas do Império foram definidas favoravelmente ao
Brasil.

Questão 2. (CESPE – IRBr 2007 – Q39) Tanto no período colonial brasileiro quanto no
período independente, as fronteiras do Brasil com seus vizinhos da América do Sul foram
objeto de acordos. À luz do texto, assinale a opção correta acerca do processo de
estabelecimento das fronteiras do Brasil.

1. Ao longo dos séculos, o uso da força prevaleceu sobre a negociação diplomática


quando se tratou de fixar as fronteiras do Brasil.

2. O Barão do Rio Branco criou a doutrina do uti possidetis, aplicada nas negociações
de limites.

3. Durante a Monarquia brasileira, estabeleceu-se, como um dos critérios de


negociação, a ocupação efetiva do território no momento da independência.

4. O Tratado de Limites concluído em 1851 entre Brasil e Bolívia foi considerado,


posteriormente, como modelo de negociação.

5. Os limites entre Brasil e Argentina foram arbitrados em laudo exarado pelo rei da
Itália.

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Material: Lista de Exercícios

Gabarito
1 E
2 EECEE

2
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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 10


das Relações Exteriores do Brasil nomeou o
QUESTÃO 01
Barão do Rio Branco para liderar as
negociações lindeira com Buenos Aires.
“O fim do Império do Brasil, em 15 de novembro de 1889,
Conhecido do governo devido aos sucessos na
causou alteração radical nas diretrizes da política externa
Questão do Amapá, o Barão do Rio Branco
brasileira. Anteriormente, a postura de desconfiança do
gozava, ainda, de notável prestígio devido à
Estado monárquico em relação aos países vizinhos fora
ação externa de seu pai, o Visconde do Rio
questionada pela oposição republicana, tanto que no
Branco. Sem meios de alcançar acordo entre as
Manifesto Republicano, de 1870, bradava-se ‘somos da
partes, e a despeito das posições de Zeballos,
América e queremos ser americanos’. Em 1889, ao chegar
chanceler argentino, o Barão do Rio Branco
ao poder, os republicanos tornaram-se prisioneiros do
conseguiu obter de Buenos Aires a nomeação
discurso de que tudo que vinha do Brasil Império era
de Groover Cleveland para árbitro da disputa
negativo e que a República significava o surgimento de um
fronteiriça.
novo país; fazia-se tábula rasa do passado, como se o
presente nada devesse ao regime e às gerações anteriores 4. A assinatura do Tratado Blaine-Mendonça
”. Antônio Carlos Lessa e Henrique Altemani (coords.), ocorreu ainda durante a Conferência Pan-
História das Relações Internacionais. Americana de Washington. Com o convênio
Julgue C ou E a respeito da política externa brasileira aduaneiro, o governo brasileiro buscava
nos primeiros anos republicanos: garantir o acesso do açúcar ao mercado norte-
americano, a fim de recuperar a decadente
1. Durante a primeira Conferência Pan- indústria açucareira do Nordeste. Foi uma
Americana, o Governo Provisório rompeu com vitória da bancada pernambucana no
a postura cautelosa e equilibrada da diplomacia Congresso, na medida em que o tratado não
imperial. O novo representante da delegação contemplava medidas semelhantes em relação
brasileira em Washington, Salvador de à exportação de café para os Estados Unidos. O
Mendonça, recebeu ordens de Quintino convênio terminou auferindo maiores
Bocaíuva no sentido de aceitar o arbitramento benefícios para os norte-americanos, visto que
obrigatório, bem como de manifestar espírito exportavam manufaturas e importavam
americano na conferência. produtos primários, o que levou o presidente
Floriano Peixoto a denunciá-lo passados tão
2. Em muito alinhado ao brasileiro, o governo somente três anos de sua assinatura.
Argentino de Miguel Celman optou pelo
endosso às pretensões norte-americanas na
QUESTÃO 02
Conferência Pan-Americana de Washington.
Principal objetivo da conferência, o
“Rio Branco, em 1902, pouco antes de assumir o Ministério,
arbitramento obrigatório caiu por terra, no
em carta a seu amigo Hilário de Gouveia, adiantou opinião
entanto, devido às desconfianças dos demais
seguinte: ‘há esta questão do Acre que, bem manejada e
repúblicas sul-americanas. A aproximação
rompendo-se com a má interpretação dada em 1868 ao
entre a Argentina e o Brasil, inédita desde a
Tratado de 1867, poderia afirmar nosso direito sobre um
Guerra do Paraguai, não duraria muito. A
território imenso, direito que com toda probabilidade
Questão de Palmas suscitou novas rivalidades
ficaria reconhecido em processo arbitral. Não haveria
entre Buenos Aires e o Rio de Janeiro.
inconveniente em dizermos que tínhamos dado aquela
inteligência ao tratado somente para favorecer a Bolívia,
3. Após o desmantelamento do Tratado de
mas que estávamos resolvidos a sustentar agora a
Montevidéu, mediante o qual Quintino
verdadeira inteligência, isto é, a defender a linha do
Bocaiúva cedeu grande parte do atual território
paralelo 10o 20’que já foi grande concessão feita àquela
do Rio Grande do Sul à Argentina, o Ministério
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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 10


República, porque, nulo o Tratado de 1777, tínhamos capital belga, que buscava constituir, para além
direito a ir muito mais ao Sul, até as nascentes dos da promoção da indústria do charque, uma
tributários do Amazonas que ocupávamos na foz e no colônia no Oeste do Brasil, precisamente na
curso inferior”. Sinésio Sampaio Goés Filho, Navegantes, fronteira com a Bolívia. O empreendimento
bandeirantes e diplomatas. chegou a contar com um Exército paramilitar
liderado por forças públicas da Bélgica que
Julgue C ou E a respeito da posição do governo de
haviam lutado no Congo, então sob controle de
Rodrigues Alves em relação às questões lindeiras:
Leopoldo II. A expectativa dos belgas era de que
a posse do território do Acre pelo Bolivian
1. Quando convidado para ser ministro das Syndicate lhes abrisse caminho para tentar
Relações Exteriores, Rio Branco era estabelecer na fronteira Oeste do Brasil com a
representante brasileiro no Império da Bolívia, a partir de Descalvados, um
Alemanha. Em Berlim, ele tomara contato com empreendimento colonial semelhante àquele
a questão acreana, pois o Bolivian Syndicate implantado na África. O desajuste entre o
tentara cooptar banqueiros alemães para a Bolivian Syndicate e os Estados Unidos, ou o
empreitada amazônica, mas o representante não endosso estadunidense dos
brasileiro intercedeu junto ao governo alemão, empreendimentos dos acionários no Acre,
evitando que isso ocorresse. Nas quase três contribui para que as pressões belgas no Mato
décadas em que permaneceu na Europa, o Grosso arrefecessem, o que alijava do Brasil
Barão do Rio Branco assistira ao imperialismo novo risco de expansionismo europeu.
europeu retalhar a África e impor-se em quase
toda a Ásia. Temia que essa ação imperialista 4. Na questão do Pirara contra a Grã-Bretanha, a

também pudesse ocorrer na América do Sul. causa brasileira foi defendido por Joaquim

Assim, Rio Branco preparava negociação em Nabuco, que passou quatro anos fazendo

eixos múltiplos de poder: o simétrico, com o pesquisas na Europa até apresentar, em março

governo boliviano; e o assimétrico com as de 1904, a ‘Memória’ da defesa a arbitragem do

potências norte-americana e europeias. rei da Itália, Vitor-Emanuel III. A argumentação


brasileira era técnica-jurídica, enquanto a

2. Rio Branco iniciou negociações com a Bolívia defesa inglesa baseava-se no argumento da

em posição de força, valendo-se de argumentos posse efetiva e da soberania exercida sobre o

históricos, geográficos e políticos para levá-la a território desde 1838. Em julho de 1904, o laudo

reconhecer a soberania brasileira sobre o Acre. arbitral de Vitor Emanuel III, de apenas duas

Para se chegar a um acordo, o Brasil pagou à páginas, deu mais território à Grã-Bretanha do

Bolívia 2 milhões de libras esterlinas e cedeu- que ao Brasil, o que foi uma surpresa, pois ia

lhe pouco mais de 2 mil quilômetros contra as provas documentais e, além disso,

quadrados, entre os rios Abunã e Madeira, o concedeu aos britânicos mais território do que

que permitia aos bolivianos acessar o rio era reivindicado originalmente por Londres.

Amazonas e, assim, alcançar o Atlântico, e, para Dos 33.200 quilômetros quadrados arbitrados

viabilizar esse acesso, o governo brasileiro pelo monarca, 13.370 ficaram com o Brasil e

comprometeu-se a construir uma ferrovia entre 19.630 foram atribuídos à Grã-Bretanha.

os rios Madeira e Mamoré. QUESTÃO 03

3. A assinatura do tratado de Petrópolis Julgue C ou E a respeito da atuação do Barão do Rio


repercutiu duramente na fazenda Descalvados, Branco à frente do Itamaraty no que concerne à
localizada às margens do rio Paraguai, no Mato América do Sul:
Grosso. Tratava-se de um empreendimento de
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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 10


1. Notória descontinuidade na convergência entre aprofundou os investimentos argentinos em
o Brasil e os Estados Unidos na gestão do Barão material de combate naval.
do Rio Branco foi a contrariedade interposta
pelo Itamaraty, em dezembro de 1902, à 4. No plano continental, Rio Branco ampliou a
intervenção norte-americana, alemã, inglesa e presença brasileira mediante uma política de
italiana na Venezuela. Na ocasião, bloqueou-se aproximação com os países hispânicos, para o
o litoral da Venezuela com vistas a obter o que foram úteis as conferências pan-
pagamento de parcelas vencidas de dívida americanas. O Brasil esteve presente na II
externa. O Barão do Rio Branco optou por Conferência no México (1902) e organizou a III
secundar o Estado sul-americano, pelo menos Conferência no Rio de Janeiro, na qual esteve
retoricamente, com vistas a impedir o avanço presente o Secretário de Estado norte-
imperialista na região. Desse caso surgiu a americano Elihu Root. Na ocasião, o Barão do
Doutrina Drago, do nome do chanceler Rio Branco pronunciou discurso que visava
argentino, segunda a qual se condenava toda e interpor cautela à ação norte-americana na
qualquer intervenção militar por razões América Sul: enalteceu a contribuição da
financeiras. No ano seguinte, o Barão voltaria Europa para as Américas e defendeu o
posicionar-se contra o Estados Unidos no que estreitamento entre os dois continentes. Era
concerne à independência do Panamá. maneira de revelar aos Estados Unidos que,
embora as relações com o Brasil fossem de
2. A diplomacia do Barão buscou estabelecer uma cordialidade e de cooperação, deveriam
ponte entre os Estados Unidos e as repúblicas atender aos mútuos interesses, sem
hispânicas. Prova disso foi o caso Alsop, de subserviência pelo lado brasileiro.
1907, no qual houve rompimento de relações
QUESTÃO 04
entre os Estados Unidos e o Chile. No
acontecimento, o Barão mostrou simpatia pela Julgue C ou E a respeito da atuação do Ministério das
causa do governo chileno. Contudo, o Barão Relações Exteriores durante o mandato de Prudente de
buscou não contrariar a Casa Branca, Morais (1894-1898):
recomendando que o ajuste de contas da
empresa Alsop, com contava com presença de
acionários norte-americanos, se fizesse 1. Em 1895, o governo português mediou disputa

mediante compensações pecuniárias. diplomática que ocorreu entre o Brasil e a


Inglaterra. O pomo da discórdia foi a ilha de
3. A eleição do presidente argentino Figueroa Trindade, originalmente portuguesa, porém
Alcorta provocou mudanças na política externa cedida à soberania brasileira em 1822. Por
para com o Brasil. Estanislao Zeballos, então ordem de Westminster, em janeiro de 1895, o
chanceler em Buenos Aires, buscou romper a navio britânico Barracouta tomou posse da ilha,
aproximação diplomática entre o Brasil e Chile: alegando estar ela abandona. O interesse
por um lado, assinalou a Santiago que o Rio de britânico pela ilha dizia respeito a passagem de
Janeiro usaria novos equipamento marítimos cabo telegráfico que ligaria Buenos Aires a
com intenções bélicas contra o Chile; por outro, Londres. A situação era delicada para a
publicou em jornais portenhos o telegrama diplomacia brasileira, visto que estava em jogo,
número 9, no qual, segunda a decodificação de ainda, a questão do Pirara. Após intervenção
Zeballos, o Brasil teria interesses econômicos e portuguesa a favor do Brasil, o governo
políticos no Chile. O clima de desconfiança britânico reconheceu a soberania brasileira
perdurou inclusive após o mandato do sobre Trindade. O desgaste com o Brasil
presidente argentino Roque Saenz-Peña, quem poderia causar maior retração do Coroa
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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 10


britânica no continente americano, e isso, em 1. No final do ano de 1900, embora houvesse
benefício dos Estados Unidos. melhor entendimento do que nas décadas
anteriores entre o Rio de Janeiro e Buenos Aires,
2. A ação de potências centrais no eixo o governo brasileiro aceitou proposta norte-
assimétrico do poder causou notório americana para reduzir o imposto sobre a
desconforto ao Brasil em 1894. Na ocasião, o importação de trigo acondicionado em barricas.
governo francês pretendeu estender o A decisão gerou notável desconforto em
território da Guiana até as margens do rio Buenos Aires. Em resposta ao que ficou
Amazonas. À época, uma corrida pelo ouro da conhecido como ‘a guerra das farinhas’,
região atraiu brasileiros e militares franceses Campos Sales solicitou a Júlio Roca que desse
para a região. A questão foi resolvida em 1900, facilidades de acesso aos produtos brasileiros
já no governo Campos Sales, quando o no mercado argentino. O governo argentino
presidente da Confederação Suíça optou por negou a proposta, o que resultou em novo
repartir em partes iguais o território disputado. clima de desconfiança entre os então rivais sul-
O resultado foi considerado um sucesso para americanos.
Rio Branco, já que se estiva não haver
possibilidade de vitória contra a França. Assim, 2. Campos Sales, buscando contornar os anos de
o governo brasileiro concedeu-lhe pensão entropia republicana, advogou a adoção de
anual vitalícia no valor de 24 contos de réis, rigorosas medidas de ajuste econômico. Não
extensiva a filhos e filhas, e um prêmio de 300 pesavam somente os custos das
contos de réis. desvalorizações, mas também os gastos
públicos na campanha de Canudos e as
3. No último ano de seu mandato, Prudente de multiplicadas safras de café paulista, que
Morais aceitou proposta norte-americana de pressionavam o preço do café para baixo,
um novo acordo de livre comércio. Para o PRP, vaticinando, portanto, novas desvalorizações e
acordo visava incrementar fortalecer o Estado novo engrossamento do meio circulante.
de São Paulo, já que o maior volume de Assinou-se o primeiro Funding Loan em 1898.
exportações redundaria em engrossamento Pelo acordo com a casa Rothschild, obteve-se
dos cofres públicos paulistas. Afinal, o imposto empréstimo de 10 milhões de libras esterlinas a
de exportação era arrecado, segundo a juros de 5% ao ano. O serviço da dívida, isto é,
Constituição de 1891, pelos Estados. os juros, começariam a ser pagos três após a
assinatura do contrato. Para o principal da
4. De abril a agosto de 1898, ocorreu a Guerra dívida, conseguiu-se suspensão de pagamento
Hispano-Americana. Na esteira de um por 13 anos. Por fim, a totalidade das
americanismo ideológico, o governo brasileiro amortizações teriam de ser cumpridas nos
declarou-se a favor dos Estados Unidos, seguintes 50 anos ao começo do pagamento do
embora não tenha enviado tropas ou material principal da dívida, em 1961, portanto.
bélico a Washington. A gravidade da situação
econômica interna brasileira assim 3. Durante o governo Campos Sales, agravaram-
determinava. se as tensões entre a Bolívia e o Brasil.
QUESTÃO 05 Consoante o mapa da linha verde, que
orientara o tratado de Ayacucho de 1867, a
Julgue C ou E a respeito da política externa entabulada
região compreendida entre o rio Beni e o Javari
no governo Campos Sales:
não estaria sob soberania brasileira. No
entanto, a expansão da indústria do látex
deslocou populações brasileiras para essa
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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 10


região, conformando situação na qual a
ausência de autoridades bolivianas dava
margem a um vazio de poder. As negociações
entre a Bolívia e o Brasil não resultaram em
acordo sobre os limites não demarcados pelo
tratado Santo Ildefonso, o que não impediu,
contudo, ao chanceler Olinto de Magalhães
conceder Porto Acre, então chamado de Puerto
Alonso, ao governo boliviano, malgrado a
presença de brasileiros na localidade.

4. No que se refere à questão do Acre, os


brasileiros contestaram as leis que a Bolívia
impunha em Puerto Alonso, e, sob a liderança
de Luiz Gálvez, declararam o Acre
provisoriamente independente até que o Brasil
aceitasse a anexação da região. Subestimando
tanto as capacidades de deslocamento de
tropas brasileiras quanto as intenções bélicas
do Rio de Janeiro, as autoridades de La Paz
concederam ao Bolivian Syndicate, um
conglomerado formado por especuladores
britânicos e, sobretudo, estadunidenses, o
controle da região do Acre por período de trinta
anos, conferindo-lhe poder de polícia e
assistência bélica na coleta de impostos. Em
contrapartida, o Bolivian Syndicate deveria
ceder 40% dos lucros da exploração ao governo
de La Paz. Sucederam-se revoltas locais
lideradas por José Plácido de Castro.
CURSO SAPIENTIA
MARATONA 2019 – HISTÓRIA DO BRASIL
LISTA DE EXERCÍCIOS

Aplicação: Lista Complementar 10

GABARITOS

Questão 01 Questão 02 Questão 03 Questão 04 Questão 05


C E E E C C C C E C E C C E E E E C C C
Curso Sapientia
Maratona 1ª Etapa – 2019
História do Brasil – Prof.Rodrigo Goyena
Bloco 11 – O Brasil e a Primeira Guerra Mundial
Material: Lista de Exercícios

Questão 1

A política externa na Primeira República ergueu princípios basilares de ação internacional


que ecoam até hoje. Acerca do tema, julgue (C ou E) os itens subsequentes.

1. O Brasil foi o único país sul-americano a participar da Primeira Guerra Mundial.


Essa participação, no entanto, ficou restrita a ações da Marinha, cujos navios de
guerra ficaram encarregados de patrulhar o Atlântico Sul, enquanto os mercantes
cuidavam do transporte de alimentos e materiais hospitalares para as zonas em
conflito. A participação brasileira, embora limitada, proporcionou ao país
afigurar-se entre os vitoriosos na Liga das Nações.

2. Nos últimos três anos à frente do Itamaraty, Lauro Müller teve de acomodar a
inserção internacional do Brasil na lógica da Primeira Guerra Mundial. A
declarada neutralidade inicial do Brasil foi contestada pela Inglaterra e pela
França: acometidas pelo bloqueio naval que a Alemanha impusera, os aliados
instigaram a ruptura das relações comerciais do Brasil com as potências centrais.
Lauro Muller, no entanto, negou a ruptura da neutralidade brasileira, visto que
julgava ser uma guerra movida por interesses coloniais que pouca relação
guardavam com o Brasil.

3. Após o episódio do telegrama Zimmermann e a consequente declaração de


guerra dos Estados Unidos às potências centrais, Lauro Muller cedeu à pressão
da Casa Branca para entrar no conflito. Ele, que antes havia manifestado
interesses germanófilos, juntou-se a Rui Barbosa para defender a inserção do
Brasil na Primeira Guerra Mundial do lado das potências aliadas.

4. Em maio de 1917, Lauro Muller recomendou o envio de tropas à Europa após ter
rompido relações com a Alemanha. Em decorrência dessa posição, a Alemanha
ordenou o torpedeamento de navios mercantes brasileiros na costa atlântica
francesa e o cancelamento do pagamento de dívidas pendentes com produtores
de café brasileiro. A resposta brasileira veio à galope: navios surtos alemães
foram retidos no litoral brasileiro e, pouco depois, o governo de Venceslau Brás
enviou a Divisão Naval em Operações de Guerra à península ibérica.

1
Curso Sapientia
Maratona 1ª Etapa – 2019
História do Brasil – Prof.Rodrigo Goyena
Bloco 11 – O Brasil e a Primeira Guerra Mundial
Material: Lista de Exercícios

Questão 2

Julgue C ou E os itens a seguir sobre a inserção do Brasil na Primeira Guerra Mundial (1914-
1918):

1. A participação militar brasileira na Primeira Guerra Mundial foi simbólica, mas


importante por suas consequências políticas. O Brasil foi o único país sul-
americano a participar da guerra, embora desde o início de 1917 tivesse
secundado o esforço dos Estados Unidos no que concerne à mobilização do
continente contra o Império alemão, movimento esse que fracassou em razão da
forte oposição do México e da Argentina. Por ter declarado guerra ao Império
alemão e seus aliados, bem como por ter participado militarmente no conflito, o
Brasil teve o direito de participar da Paz de Versalhes.

2. O maior desafio do ministro das Relações Exteriores que sucedeu o Barão do Rio
Branco, Lauro Müller, foi posicionar o Brasil quanto à I Guerra Mundial.
Inicialmente, o país declarou neutralidade, assim como os Estados Unidos e
outros países do continente. Em 11 de abril de 1917, porém, o Brasil rompeu
relações diplomáticas com o Império germânico em razão do afundamento, dias
antes, do navio mercante brasileiro Paraná por um submarino alemão. A agitação
da opinião pública promovida por aqueles favoráveis ao envolvimento brasileiro
na guerra levou Müller a demitir-se do Itamaraty, sendo substituído por Nilo
Peçanha, e, em 26 de outubro de 1917, após o afundamento de vários navios
mercantes brasileiros por submarinos alemães, o Brasil declarou guerra à
Alemanha.

3. A deflagração da Primeira Guerra Mundial ocasionou, como primeiro de seus


impactos, uma séria crise financeira em escala global, que se traduziu em uma
virtual interrupção de fluxos de capital para as economias latino-americanas.
Entretanto, a Grande Guerra permitiu vislumbre do processo de industrialização
via substituição de importações. A produção industrial brasileira cresceu, uma
vez ultrapassado o choque de 1914, a partir da queda de importações.

4. O Pacto ABC (1915), entre Argentina, Brasil e Colômbia, estabelecia que os três
países, em casos de controvérsias entre si que não fossem solucionadas por vias
diplomáticas, as submeteriam à investigação de uma comissão permanente. O
Pacto acabou por não entrar em vigor, pois não foi ratificado pela Câmara dos
Deputados na Argentina.

2
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Maratona 1ª Etapa – 2019
História do Brasil – Prof.Rodrigo Goyena
Bloco 11 – O Brasil e a Primeira Guerra Mundial
Material: Lista de Exercícios

Gabarito
Questões/Itens 1 2 3 4
1 E C E E
2 C C C E

3
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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 11


atender o mercado doméstico brasileiro.
QUESTÃO 01
Paralelamente, as tarifas alfandegárias
pareciam ajustar-se em benefício da indústria.
Acerca da economia brasileira durante a Primeira
Após certas oscilações na estrutura
Guerra Mundial (1914-1918), julgue C ou E:
alfandegária, o estabelecimento da tarifa
Joaquim Murtinho constitui a ordem comercial
1. Com a deflagração da Primeira Guerra Mundial,
do país de 1899 à década de 1920. Não se
reconfigurou-se o sistema financeiro e
tratava de ofuscar a estrutura alfandegária
produtivo da economia republicana. No
alicerçada nas tarifas Rui Barbosa, de 1890, e
padrão-ouro, em que pese o conflito
Rodrigues Alves, de 1896, que visavam mais
internacional, buscou-se manter o padrão-
engrossar as receitas do governo do que
ouro, com vistas a evitar o cenário inflacionário
advogar um protecionismo industrial. A tarifa
da primeira década republicana. A decisão do
Joaquim Murtinho permitia duplicar a aplicação
governo de Venceslau Brás foi mantida a duras
de tarifas às importações; uma tarifa mínima
penas, tendo em vista que os investimentos
era cobrada aos Estados que favorecessem a
estrangeiros direitos declinaram e que as
venda de produtos brasileiros, fossem agrícolas
exportações brasileiras de café foram afetadas
ou industriais; reciprocamente, um tarifa
negativamente. As potências centrais
máxima era aplicada aos Estados que
suspenderam parte consequente das
tolhessem a entrada de bens nacionais.
importações de café brasileiro, processo que se
repetiu nos países da Tríplice Entente. Somente
4. Para um país que ficara largamente atrás da
os Estados Unidos, pelo menos até 1917,
Argentina, em termos de tamanho do produto
quando entraram na guerra, mantiveram o
interno, a industrialização chegava em boa
fluxo de importações cafeeiras provenientes do
hora. Graças à queda das importações, a
Brasil. Em boa medida, foram os Estados
produção industrial brasileira cresceu a partir
Unidos que permitiram ao Brasil a manutenção
de 1914. Esse precoce processo de
do padrão-ouro durante a Primeira Guerra
industrialização por substituição de
Mundial.
importações, no entanto, começou a dar sinais
de esgotamento nos derradeiros anos da
2. A Caixa de Conversão somente deixou de
Primeira Guerra Mundial. A capacidade ociosa
operar após a Primeira Guerra Mundial. Foi
da indústria, oriunda das importações de bens
resultado direto da escassez de divisas
de capital no período de abundância de divisas
internacionais. Como era de se esperar, o
anterior ao conflito mundial, não se substitui
encerramento das operações da Caixa de
por novas importações de máquinas e
Conversão traduziu-se por forte desvalorização,
equipamentos após 1915. O crescimento da
o que significou, fôlego renovado para os
indústria a partir de 1914 foi mais um surto
cafeicultores paulistas e mineiros, muito
industrial do que um franco processo de
afetados durante a Primeira Guerra Mundial.
industrialização. Não houve verdadeira política
pública de fomento à indústria, o que faz do
3. O setor secundário brasileiro tendeu a
surto de 1914 parecer mais a uma
beneficiar-se da fragilidade europeia durante a
consequência de choques adversos, no caso, a
Primeira Guerra Mundial; afinal, os produtos
guerra, do que a um resultado do planejamento
brasileiros tornar-se-iam, como efetivamente
estatal.
aconteceu, mais competitivos do que antes
eram relativamente aos estrangeiros. A
concentração dos investimentos europeus na
indústria bélica permitiria à indústria nacional
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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 11


da realidade estudantil e entremeadas por

QUESTÃO 02
palmatórias e outros castigos físicos.

4. Os cartunistas e os jornalistas do círculo


Julgue C ou E a respeito das reformulações culturais
boêmio encontraram ou criaram pontes entre a
gestadas durante a Primeira República:
elite culta e a cultura das ruas. Lima Barreto,
João do Rio, Donga, Sinhô e Ernesto Nazareth
1. Coincide a proclamação da República com a foram figuras notórias nesse processo.
maturidade intelectual e de atuação política dos Produziram bens culturais para o consumo das
indivíduos que compunham a chamada elites letradas, baseados em experiências
geração de 1870. Fossem eles liberais como vividas nos subterfúgios das cidades,
Joaquim Nabuco e Miguel Lemos, ou positivistas especialmente do Rio de Janeiro. A Pequena
cientificistas como Rui Barbosa e Nina África, os zungus e os lundus, então reprimidos
Rodrigues, todos compuseram uma certa ideia pela polícia, ganhavam lentamente espaço nos
de ilustração brasileira, embora muitos deles, teatros e cafés brasileiros.
como Sílvio Romero. Todos tinham uma aposta QUESTÃO 03
positiva nas transformações que viriam com a
República. “O novo tipo de Estado que nasceu em 1930 distinguiu-se
do Estados oligárquico não apenas pela centralização e
2. Machado de Assis, Joaquim Nabuco, Graça pelo maior grau de autonomia como também por outros
Aranha e Olavo Bilac, entre outros, fundaram a elementos. Devemos acentuar pelo menos três dentre eles:
Academia Brasileira de Letras em 1897. A 1. Atuação econômica, voltada gradativamente para os
instituição deveria ser a guardiã das letras e da objetivos de promover a industrialização; 2. a atuação
língua portuguesa. Seu intuito era restringir o social, tendente a dar algum tipo de proteção aos
papel político da geração de 1870 à vertente trabalhadores urbanos, incorporando-os, a seguir, a uma
literária e intelectual, dirigindo propositalmente aliança de classes promovida pelo poder estatal; 3. O papel
a memória do país em benefício da República, central atribuído às Forcas Armadas – em especial o
que dava, então, sinais de fracasso. Exército – como suporte da criação de uma indústria de
base e sobretudo como fator de garantia da ordem
3. As políticas educacionais tiveram papel central interna. [...] Foi desse modo, e não porque tivesse atuado
durante a Terceira República Francesa (1871- na Revolução de 1930, que a burguesia industrial foi
1946), que foi, em boa medida, modelo político promovida, passando a ter forca no interior do governo”.
e cultural para o Brasil da Primeira República. Boris Fausto, A Revolução de 1930, Historiografia e
Entre uma educação laica e técnica por um lado História.
e, por outro, a proposta ultramontana de uma
educação confessional e tradicionalista, o Julgue C ou E a respeito das causas que levaram a
Estado preferiu livrar-se de reponsabilidades. A derrocada da Primeira República:
Igreja educava as elites, e a grande massa da
população, especialmente a mais carente, não 1. Em grande medida, o cenário político do Rio
se beneficiou de maiores recursos públicos Grande do Sul contaminou o desenrolar dos
para a educação. À exceção da Capital Federal, últimas anos da Primeira República. Embora
onde se estimava que 50% da população sabia derrotados em 1895, os maragatos, antigos
ler e escrever, o Brasil carecia de escolas. artífices da Revolução Federalista sob a
Quando havia, submetia-se o aluno a um ensino liderança de Gaspar Silveira Martins, não
de cartilhas, baseado em repetições descoladas deixaram de mostrar insatisfação contra a
perpetuação no poder de Borges de Medeiros.
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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 11


Quando os federalistas de 1893 se uniram aos regime. Entre eles, Getúlio Vargas, Oswaldo
maragatos de 1922, formou-se a Aliança Aranha e Lindolfo Collor passaram a constituir
Libertadora, cujo escopo era precisamente o grupo dos tenentes civis, conforme eram
debelar os reiterados mandatos de Borges de então rotulados, o que não quer dizer que
Medeiros. Para as eleições gaúchas de 1923, a fossem aliados incontestes dos tenentes da
Aliança Libertadora lançou a vitoriosa caserna.
candidatura oposicionista de Assis Brasil. As
alianças de Borges de Medeiros, no entanto, 4. Morto por João Dantas em decorrência de ato
não aceitaram a vitória Assis Brasil: durante passional, o corpo de João Pessoa foi
longos onze meses, de janeiro a novembro de rapidamente levado ao Rio de Janeiro. Era
1923, o Rio Grande do Sul viveu sob nova guerra preciso transformá-lo em mártir. Na capital,
civil, que somente encontrou um acordo de paz formou-se um movimento armado sob a
na mediação do Rio de Janeiro. liderança de Góis Monteiro, e a revolução
estourou poucos meses depois em Minas
2. Em São Paulo, o Partido Republicano Paulista Gerais e no Rio Grande do Sul. Um dia depois,
perdia a hegemonia que o caracterizou nas na madrugada do dia 4 de outubro, Juarez
décadas precedentes. Com a fundação do Távora encarregou-se de estender a revolução
Partido Democrático, em 1926, vislumbrava-se ao Nordeste. Tomadas as porções meridionais
derrocar a centralidade do Partido Republicano e setentrionais do país, restava aos
Paulista na administração pública. Advogava-se revolucionários adentrar o Estado de São Paulo.
a constituição de uma Justiça Eleitoral, o que Previa-se tomar o território paulista pelo Sul:
ampararia as minorias não representadas. seria a batalha de Itararé, supunha-se então.
Embora essa fratura na ascendência do Partida
Republicano Paulista não explique o desgaste
QUESTÃO 04
do regime oligárquico que a Revolução de 1930
consolidou, constituiu razão a mais para que os Acerca do contexto político e econômico do Convênio
demais Estados não apoiassem a perpetuação de Taubaté (1906) , julgue C ou E:
do conluio paulista-mineiro. 1. Durante a gestão de Rodrigues Alves, a
produção cafeeira, devido às plantações dos
3. Malgrado a crise da bolsa de Nova York, em
anos anteriores, não cessava de aumentar, o
outubro 1929, e a consequente queda brusca
que terminaria pondo em risco a manutenção
no preço internacional do café, o Partido
da renda dos cafeicultores, sobretudo se
Republicano Paulista manteve intacto o apoio
houvesse valorização do câmbio. Foi o que
ao candidato Júlio Prestes, indicado para a
ocorreu em 1905, quando a taxa de câmbio
sucessão presidencial após o mandato de
alcançou os patamares de 1902. A persistência
Washington Luís. Os industrias paulistas, no
do investimento externo combinada à contínua
entanto, secundaram a chapa oposicionista da
expansão das vendas de borracha não
Aliança Liberal, constituída por Getúlio Vargas e
apontavam para a desvalorização que os
por João Pessoa. Para desconforto da chapa
cafeicultores paulistas almejavam. O ano de
oposicionista, Júlio Prestes venceu com pouco
1906 indicava que uma nova supersafra de café
menos de 60% dos votos. Embora os quadros
levaria ao colapso dos preços do café.
oligárquicos tradicionais parecessem se
conformar com o pleito, um punhado de jovens
2. Em fevereiro de 1906, os Presidentes dos
políticos vinculados à Aliança Liberal opôs-se
Estados de São Paulo, de Minas Gerais e do Rio
veementemente aos resultados de março de
de Janeiro, respectivamente, Jorge Tibiriçá,
1930, que pareciam ilustrar nova rotinização do
Francisco Sales e Nilo Peçanha, apressaram-se
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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 11


para entabular o primeiro plano formal de Julgue C ou E a respeito dos pródromos do movimento
defesa do café. Almejava-se o estabelecimento tenentista da década de 1920:
de preços mínimos para a compra dos
excedentes do café. O governo federal
colaborou com os Estados: as aquisições teriam 1. Por três repetidas ocasiões, em 1906, em 1908
de ser feitas pelo governo federal no Convênio e em 1910, oficiais do Exército brasileiro foram
de Taubaté. A presidência de Rodrigues Alves, enviados à Alemanha com o objetivo de
pelo menos aos olhos do Partido Republicano modernizar as corporações nacionais.
Paulista, havia rendido bons frutos. Contaram não somente com o aval do Kaiser
Wilhelm II, mas também com o apoio do Barão
3. O Convênio de Taubaté consubstanciou-se por do Rio Branco, que servira preteritamente
três medidas principais: a primeira dizia como embaixador em Berlim, e, sobretudo,
respeito ao equilíbrio entre oferta e demanda. com a insistência de Hermes da Fonseca, que
A segunda relegava aos empréstimos externos patrocinou a profissionalização das Forças
o financiamento das aquisições dos excedentes Armadas. A doutrina militar alemã pregava tipo
de café. Por último, as amortizações e os juros de reformismo que muito se distanciava da
dos empréstimos deveriam ser compensados doutrina positivista do soldado-cidadão
por um novo imposto cobrado, em ouro, sobre brasileiro.
cada saca exportada. Os Estados
comprometiam-se a limitar a produção de café: 2. Na década de 1920, os tenentes do Exército
visava-se estimular o consumo interno e adotaram pensamento que radicalizava os
desencorajar a multiplicação dos cafezais. preceitos da escola alemã de guerra. O modelo
vitorioso no Exército foi o de Bertholo Klinger,
4. Embora não fosse resposta direta aos arranjos quem preconizava a doutrina do soldado-
de Taubaté, a Caixa de Conversão atendia à corporação. Assim, em 5 de julho de 1922, ou
essência das preocupações da cafeicultura. seja, entre a confirmação da vitória de Arthur
Com a nova instituição, procedia-se com a Bernardes e a posse prevista para o dia 15 de
adoção do padrão-ouro a taxas inferiores às novembro, eclodiu o episódio dos Dezoito do
que se encontrava o câmbio naquele então, o Forte. Um punhado de oficiais de baixa patente
que, dito de outra forma, significava - portanto, com rendas e prestígio inferior aos
desvalorizar o câmbio e mantê-lo fixo nesses membros da alta cúpula do Exército –
novos patamares. Como solução de aglutinou-se no Forte de Copacabana, no Rio de
compromisso, não poderia ser melhor para os Janeiro, em protesto contra o fechamento do
cafeicultores paulistas: valorizações não eram Clube Militar. Cercados, os tenentes
prováveis, mas desvalorizações sim o eram. entregaram-se, exceto um grupo de dezoito

QUESTÃO 05
insurretos que resistiu à pressão do governo.

“A Escola Militar da Praia Vermelha foi fechada 3. No episódio dos Dezoito do Forte, morreram
definitivamente em 1904, por ocasião de sua última dezesseis tenentes. Únicos sobreviventes,
revolta. Só voltou a funcionar no Rio de Janeiro em 1911, Eduardo Gomes e Siqueira Campos marcaram
agora em Realengo. No intervalo, o ensino militar a ascensão de uma nova identidade de
deslocou-se para a Escola de Guerra em Porto Alegre. Foi resistência, que passou a constituir o
também quando Hermes da Fonseca iniciou seus esforços tenentismo. O novo movimento advogava o
para modernizar o Exército.” José Murilo de Carvalho. pretérito salvacionismo de Hermes da Fonseca,
Forças Armadas e política no Brasil. optando por um poder centralizado contra a
fragmentação política que as oligarquias eram
acusadas de promover. Democrático, o
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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 11


movimento preconizava reformas pela via da
ampla participação eleitoral. De fato, era
expressão das classes médias urbanas, que
vislumbravam no ato ruptura com pacto
oligárquico de São Paulo e Minas Gerais.

4. A Revolução de 1924, inspirada no levante dos


Dezoito do Forte, deu sinais de maior
organização. Tratou-se de novo levante
tenentista, promovido contra o Presidente do
Estado de São Paulo e com o apoio de Eduardo
Gomes e de Miguel Costa. Os revoltosos
deslocaram-se para o interior de São Paulo e,
posteriormente, fixaram-se na porção ocidental
do Paraná, onde aguardavam o apoio dos
revoltosos do Sul, liderados por Luís Carlos
Prestes. O encontro das colunas paulista e
gaúcha deu origem a famigerada coluna Costa-
Prestes, que percorreu o país com vistas a
disseminar rebeliões antioligárquicas. Com
parcos recursos militares e débil adesão rural, a
coluna esfacelou-se em 1927, quando Prestes
se retirou para a Bolívia, imbuído dos ideais
marxistas. A coluna, a bem da verdade, já em
1924 era francamente comunista.
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MARATONA 2019 – HISTÓRIA DO BRASIL
LISTA DE EXERCÍCIOS

Aplicação: Lista Complementar 11

GABARITOS

Questão 01 Questão 02 Questão 03 Questão 04 Questão 05


E E C C E E C C E C E C C E C C E E E E
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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 12


Juarez Távora. A primeira grande tarefa da
QUESTÃO 01
Comissão foi fazer um levantamento dos
compromissos externos de Estados e
“A década de 1930 é considerada pelos historiadores
Municípios. Coube a Oswaldo Aranha, então na
brasileiros como período de inflexão entre dois mundos: o
pasta da Fazenda, propor alternativa para a
da economia primário-exportadora e seu equivalente
dívida brasileira, a qual ficou conhecida como
político, o Estado oligárquico, e o da sociedade industrial
Esquema Aranha e consistia na renegociação
(ou semi-industrial), sendo o desenvolvimento o principal
do conjunto da divisa, que foi reduzida de 91
fator responsável pelo processo de urbanização e de
milhões de libras para 34 milhões de libras.
crescimento populacional ocorridos nas décadas
subsequentes. A política exterior não foi nem poderia ser 3. Diante dos efeitos da crise de 1929 e da
indiferente às profundas mudanças ocorridas no país, dependência brasileira no que concerne aos
acompanhando esse processo tanto no estabelecimento de saldos da balança comercial, Oswaldo Aranha
diretrizes quanto na adoção de novos procedimentos na empenhou-se em dinamizar o Departamento
área internacional. Essa mudança, que foi interpretada de Serviços Comerciais do Itamaraty, que
como a passagem do paradigma primário-exportador julgava pouco eficiente. Assim, Vargas e Aranha
para o paradigma desenvolvimentista, não deve, no atuaram no sentido de fortalecer as
entanto, ser considerada de maneira rígida”. Carlos exportações brasileiras, por meio de assinatura
Eduardo Vidigal, História das Relações Internacionais do de acordos comerciais internacionais que
Brasil. gerassem o fomento da produção e das
exportações.

Julgue C ou E a respeito das mudanças entabuladas


4. De forma a mitigar a dependência em relação
durante a Era Vargas no que se refere à política externa
ao mercado norte-americano, o Brasil voltou-se
brasileira:
para a Alemanha. Em 1934, e devido a crença de
Hitler no potencial econômica do Brasil na
América do Sul, Vargas entabulou acordos
1. A Revolução de 1930 marcou notória inflexão
comerciais com o III Reich que previam a
na formulação da política externa. Com Afrânio
diversificação da pauta de exportações. O café
de Melo Franco à frente do Itamaraty, o governo
deixou definitivamente, portanto, o primeiro
provisório de Getúlio Vargas buscou ampliar o
plano das comércio com a Alemanha, que era
comércio exterior não mais no sentido
feito no formato de intercambio de produtos
agroexportador, mas industrialista. O objetivo
sem liquidação monetária.
era promover a indústria brasileira em
mercados estrangeiros e, portanto, reduzir a QUESTÃO 02

primazia do café na economia brasileira. Ao


todo, seria modo de combater a persistência “Um lance final desastroso, quando os líderes da oposição
das oligarquias nas esferas estaduais e e os chefes militares articulavam a queda de Getúlio
municipais. Vargas, foi a nomeação de Benjamin Vargas – O Bejo –
para a chefia de polícia do Distrito Federal, em substituição
2. A dívida externa foi problema singular nos a João Alberto, responsabilizado por proibir a realização
primeiros anos da Era Vargas (1930-1945). Para de um comício promovido pelo sindicalismo queremista.
debelá-la, criou-se em 1931 a Comissão de Por que Getúlio teria nomeado o irmão para um cargo com
Estudos Financeiros e Econômicos dos Estados funções repressivas? Por que teria tentado se valer de um
e Municípios, que contava entre seus membros nome no mínimo discutível, frequentador assíduo dos
com Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, José cassinos, acusado de ser sócio de banqueiros do jogo do
Carlos de Macedo Soares, Eugênio Gudin e bicho e de casas de prostituição, e de acumular uma
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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 12


fortuna de origem ilícita? Teria acreditado que, com a Oswaldo Aranha demitiu-se da chefia do
segurança do Rio de Janeiro nas mãos do irmão, disporia Itamaraty. A seu turno, Góis Monteiro deixou a
de um home fiel, capaz de dissipar intrigas e reprimir os repartição diplomática do Brasil em
articuladores de sua queda?” Boris Fausto, Getúlio Vargas. Montevidéu, para a qual havia sido nomeado
embaixador. Não havia mais a cumplicidade de
“Da condição de amigo íntimo do Presidente, Oswaldo
antes entre Vargas e Góis Monteiro.
Aranha passou a ser investigado como potencial
adversário do regime. Benjamin Vargas, o Bejo, que
3. Entraram em cena, em meados de 1945, os
assumira a função de intermediário entre o Catete e as
partidos políticos que compuseram o leque
autoridades policiais, submeteu o ex-chanceler a cerrada
eleitoral do da República Liberal de 1945 a 1964.
vigilância, dada a proximidade do demissionário com
A oposição articulou-se com a fundação da
Virgílio de Melo Franco, signatário do Manifesto dos
União Democrática Nacional (UDN), de forte
Mineiros. Magoado, Aranha preferiu sair temporariamente
cunho liberal e notadamente contrária ao
de circulação, recolhendo-se ao haras que havia montada
Estado Novo. Inicialmente, a UDN coligava
em Vargem Grande, bairro afastado do centro do Rio”. Lira
liberais, socialistas, comunistas e os herdeiros
Neto, Getúlio Vol. II.
dos partidos democráticos estaduais sob o
rótulo Frente de Oposição ao Estado Novo. Não
Julgue C ou E a respeito das causas da queda do Estado
tardou, contudo, em assumir exclusivamente a
Novo:
feição liberal em detrimento das demais
composições ideológicas. À época, a UDN
1. A queda do Estado Novo fornece singular prova
compunha-se da classe média urbana, dos
da incidência da política externa na condução
profissionais liberais e do setor empresarial.
dos negócios internos. Embora não seja a única
causa do arrefecimento do regime de 1937, a
4. O “queremismo” causou rápidas reações nos
inserção internacional do Brasil na Segunda
setores vinculados à UDN. Queriam estes uma
Guerra Mundial promoveu divergências não
Constituinte sem Vargas e, sobretudo, sem o
somente entre militares, mas também entre
ranço corporativista que caracterizou o Estado
civis. Em 24 de outubro de 1943, um punhado
Novo. Vislumbravam com desconfiança o que
de políticos mineiros, entre os quais se
acontecia na Argentina, onde o general Juan
encontravam Afonso Arinos, Arthur Bernardes
Domingo Perón articulava sindicatos, operários
e Pedro Aleixo, publicou o Manifesto dos
e a burguesia industrial para conquistar a
Mineiros, por intermédio do qual se condenava,
presidência da República. O apoio inconteste
a um só tempo, eventual retorno a Primeira
das massas populares a Perón não parecia
República e os desvios autoritários assumidos
distante do que acontecia no Brasil, pelo menos
pelo Estado Novo. Queriam democratizar o país
aos olhos da oposição liberal. Os setores
e recolocar o Estado nos trilhos da Revolução de
castrenses, e em especial o general Góis
1930, que teria objetivos democráticos, e não
Monteiro, aproveitaram-se da substituição de
autoritários, conforme acreditavam esses
João Alberto por Benjamin Vargas, irmão de
mineiros.
Getúlio, no comando da polícia do Distrito
Federal para forçar a queda do regime. A
2. Oswaldo Aranha, fiel amigo de Vargas, também
mediação de Dutra foi em vão. Góis Monteiro
optou pela abertura democrática. Nomeou-se-
mobilizou as tropas do Distrito Federal, e
o vice-presidente da Sociedade dos Amigos da
Vargas não tardou em reconhecer o inevitável.
América, que coligava a oposição civil e militar,
mas Aranha não chegou a empossar o cargo,
visto que a associação foi fechada por ordem de
Vargas em agosto de 1944. Poucos dias depois,
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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 12


QUESTÃO 03 do Petróleo (CNP), que articularia interesses
dos diversos setores econômicos relativos à
Acerca da política econômica do Estado Novo (1937- refinação de petróleo.
1945), julgue C ou E:
3. Em 1942, a política de industrialização por
1. A partir de 1937, o Estado varguista não hesitou substituição de importações passou a
em impulsionar o crescimento interno considerar o conjunto da economia, e não mais
mediante a controle das importações. Seria alguns setores específicos, como antes fazia. É
forma de resolver os crônicos déficits no precisamente nesse sentido que se fundou a
balanço de pagamentos, que se alastravam Coordenação de Mobilização Econômica (CME)
desde a Revolução de 1930. As tensões políticas em 1942, cujos componentes administrativos
na Europa deixavam entrever, como realmente eram os Estados federativos. Nessa ótica, a CME
aconteceu, possibilidades de conflito, o que retirava da União o controle integral dos
engessaria a capacidade de exportações para o recursos mineiras brasileiros, atribuindo-os aos
Brasil. Embora a Constituição de 1937 Estados em cujo solo esses mineiras estavam
assumisse matizes marcadamente localizados.
nacionalistas no que concerne à política
econômica, Vargas buscou, sem negá-los, 4. Durante a Segunda Guerra Mundial, a indústria
equilibrar os anseios estatizantes aos brasileira expandiu-se consideravelmente. A
imperativos econômicos internacionais. Vargas balança de transações correntes acusou
não optou pela nacionalização iminente. Pelo sistemáticos superávits, em larga medida
contrário, preferiu a progressividade da devido à expansão dos manufaturados
estatização, quando não o equilíbrio entre nacionais. O volume de reservas internacionais
capitais nacionais e estrangeiros. Negou-se a não fez senão crescer no período do conflito,
nacionalizar as empresas de energia elétrica, ainda que fosse em divisas não conversíveis. No
assim como os bancos e as companhias de concerne às finanças públicas, a deflagração da
seguros. No que concerne à produção nacional guerra suspendeu a retomada das negociações
de aço, Vargas obteve do Export-Import Bank, acerca da dívida externa. Pouco após o golpe de
cujo capitais eram estadunidenses, os recursos 1937, Artur de Sousa Costa, ministro da
necessários para constituir a Companhia Fazenda desde 1934, optou por suspender o
Siderúrgica Nacional (CSN) de Volta Redonda. serviço da dívida externa. Findava o “esquema-
Em 1942, a CSN, empresa de economia mista, Aranha”. As negociações somente seriam
produzia suas primeiras chapas de aço. retomadas em 1939. Sousa Costa decretou o
monopólio da compra e venda de divisas. Eram
2. O petróleo, que desde a década de 1940 passou as primeiras bases da vindoura SUMOC.
a pesar consideravelmente no balanço de
QUESTÃO 04
pagamentos, causava os mesmos atritos que a
“Com o ataque japonês a Pearl Harbour, a 7 de dezembro
questões do aço. O descobrimento de petróleo
de 1941, a Segunda Guerra Mundial envolvia no conflito os
em poços baianos não deixava margem para
Estados Unidos, e dava-se o caso previste em havana nos
vislumbrar a necessidade de constituir
seguintes termos: ‘qualquer tentativa por parte de um
empresas nacionais de extração, visto que não
Estado não-americano contra a integridade ou
se vaticinava favoravelmente sobre a amplitude
inviolabilidade do território, soberania ou independência
das reservas nacionais. A indústria de refinação
política de um Estado americano será considerada ato de
do petróleo importado, no entanto, somente foi
agressão contra todos os Estados que firmam a presente
nacionalizada após a criação da Petrobras. No
declaração’. Nestas condições, eram urgentes novas
mesmo processo, criou-se o Conselho Nacional
determinações e medidas e, por isso, foi convocada a III
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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 12


Reunião de Consulta no Rio de Janeiro, onde a 15 de
janeiro de 1942, no Palácio Tiradentes, se encontravam 3. As posições argentina e brasileira em relação à
novamente os chanceleres da América, representantes de Segunda Guerra Mundial seguiram rumos
vinte países. Ao inaugurar a reunião definiu Getúlio Vargas diversos. Na III Reunião de Consultas, Vargas
a atitude do Brasil na comunidade americana, de ‘perfeita rompeu com o Eixo e, em agosto de 1942,
coerência e insuspeitável lealdade a compromissos formalizou o reconhecimento do estado de
assumidos e amizades sempre espontaneamente beligerância com a Alemanha e a Itália. Iniciava-
cultivadas’.” Delgado de Carvalho, História Diplomática do se, assim, estratégia brasileira para obter dos
Brasil. aliados reaparelhamento bélico e ganhos de
posição no cenário internacional do pós-guerra.
Julgue C ou E a respeito da atuação externa brasileira A Argentina, em contrapartida, manteve-se
diante da Segunda Guerra Mundial (1939-1945): neutra até o final da guerra, sem esboçar
qualquer aproximação com os aliados mesmo
1. Após o início do conflito na Europa, em após a queda de Hitler. Nesse sentido, Buenos
setembro de 1939, com a invasão da Polônia Aires ficou alijado do processo que culminou na
pela Alemanha nazista, o Brasil e os demais constituição da Organização das Nações
países do continente americana reuniram-se na Unidas.
I Reunião de Consulta dos Ministros das
Relações Exteriores Americanos, em Panamá, 4. Embora se possa afirmar que o Brasil adotou,
em 30 de setembro do mesmo ano, quando no pré-guerra, posição de equidistância
ficou declarada a aliança com a Inglaterra e a pragmática no que concerne às relações com os
França do continente americano na guerra que Estados Unidos e a Alemanha, a política externa
se iniciava. Na II Reunião de Consulta, realizada de Oswaldo Aranha, desde 1938, mostrava
em Havana, em 20 de julho de 1940, foi claras sinais de mais densa aproximação com
aprovada a Ata de Havana, que estabelecia que Washington do que com Berlim. Prova disso foi
qualquer ataque a um país americano seria a VIII Conferência Pan-Americana de Lima, na
considerado uma agressão ao continente, o que qual a delegação brasileira, comandado por
implicaria uma reação coletiva contra o Afrânio de Melo Franco, contribuiu para a
agressor. aprovação de quase todas as propostas dos
Estados unidos, entre as quais, destaca-se a
2. Durante a III Reunião de Consultas, que teve solidariedade continental e a não intervenção
lugar no Rio de Janeiro em 1942, a Argentina extracontinental.
distanciou-se claramente da posição brasileira
e, de forma mais grave para os Estados Unidos,
negou qualquer intenção de romper relações
com o Eixo. Summer Wells, delegado norte-
americano, levou instruções para obter a
ruptura coletiva dos países americanos com o
Eixo, o que foi refutado por Enrique Ruiz
Guiñazu, delegado argentino. Buenos Aires
conseguiu articular bloco de países americanos
que a secundaram no sentido de apenas propor
uma recomendação, sem tornar obrigatória a
ruptura de relações com a Alemanha, a Itália e
o Japão. Buenos Aires entrava, portanto, na
“lista negra” de Washington.
Curso Sapientia
Maratona 1ª Etapa – 2019
História do Brasil – Prof.Rodrigo Goyena
Bloco 11 – O Brasil e a Primeira Guerra Mundial
Material: Lista de Exercícios

Questão 1. (CESPE – IRBr – 2002) Assinale a única opção correta que completa a seguinte
afirmação: “O princípio do Uti Possidetis foi usado pela diplomacia brasileira...”

1. Para fundamentar a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial ao lado dos


Aliados, contra os países do Eixo.

Questão 2

1. O esplendor de cidades como Manaus e Belém, de que seriam exemplos


exponenciais os teatros Amazonas e da Paz, explica-se pela riqueza gerada pela
borracha, cujo ciclo de expansão estendeu-se até meados do século XX, quando esse
produto conquistou o mercado mundial e desbancou a importância econômica do
café na Primeira República.

Questão 3. (CESPE - IRBr – 2016) Tendo o texto precedente como referência inicial, julgue (C
ou E) os itens subsequentes, considerando o contexto histórico brasileiro a partir da última
década da Primeira República.

1. Ao mencionar os grandes “impactos na vida política e econômica brasileira”


produzidos pela Segunda Guerra Mundial, o texto remete à vitoriosa ação diplomática
que levou o país a participar diretamente desse conflito ao lado dos Aliados, o que
lhe ajudou a fundar sua indústria de base (siderurgia) e, por ter lutado contra o
totalitarismo nazifascista, estimulou a luta interna contra o ditatorial Estado Novo.

2. O lançamento do Manifesto dos Mineiros, em plena Segunda Guerra Mundial,


constituiu o ponto de partida de um movimento interno oposicionista, de cunho
liberal, que expressava descontentamento com uma ordem política autoritária, de
contornos fascistas, que tão claramente caracterizava o Estado Novo.

3. Levado pelas circunstâncias a cerrar fileiras contra o Eixo na Segunda Guerra


Mundial, a ditadura varguista viveu a contradição – que se mostrou insolúvel – de
lutar externamente pela liberdade enquanto mantinha o país submetido a um rígido
regime ditatorial. Nessa perspectiva, a vitória aliada nos campos de batalha
impulsionou o sentimento oposicionista que culminou com a deposição de Vargas
em outubro de 1945, poucos meses depois de encerrado o conflito.

1
Curso Sapientia
Maratona 1ª Etapa – 2019
História do Brasil – Prof.Rodrigo Goyena
Bloco 11 – O Brasil e a Primeira Guerra Mundial
Material: Lista de Exercícios

Gabarito
Questões/Itens
1 ?
2 E
3 CCC

2
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MARATONA 2019 – HISTÓRIA DO BRASIL
LISTA DE EXERCÍCIOS

Aplicação: Lista Complementar 12

GABARITOS

Questão 01 Questão 02 Questão 03 Questão 04


E C C E C C C C C E E C E C E C
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Bloco 11 – O Brasil e a Primeira Guerra Mundial
Material: Lista de Exercícios

Questão 1. (CESPE – IRBr – 2002) Assinale a única opção correta que completa a seguinte
afirmação: “O princípio do Uti Possidetis foi usado pela diplomacia brasileira...”

1. Para fundamentar a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial ao lado dos


Aliados, contra os países do Eixo.

Questão 2

1. O esplendor de cidades como Manaus e Belém, de que seriam exemplos


exponenciais os teatros Amazonas e da Paz, explica-se pela riqueza gerada pela
borracha, cujo ciclo de expansão estendeu-se até meados do século XX, quando esse
produto conquistou o mercado mundial e desbancou a importância econômica do
café na Primeira República.

Questão 3. (CESPE - IRBr – 2016) Tendo o texto precedente como referência inicial, julgue (C
ou E) os itens subsequentes, considerando o contexto histórico brasileiro a partir da última
década da Primeira República.

1. Ao mencionar os grandes “impactos na vida política e econômica brasileira”


produzidos pela Segunda Guerra Mundial, o texto remete à vitoriosa ação diplomática
que levou o país a participar diretamente desse conflito ao lado dos Aliados, o que
lhe ajudou a fundar sua indústria de base (siderurgia) e, por ter lutado contra o
totalitarismo nazifascista, estimulou a luta interna contra o ditatorial Estado Novo.

2. O lançamento do Manifesto dos Mineiros, em plena Segunda Guerra Mundial,


constituiu o ponto de partida de um movimento interno oposicionista, de cunho
liberal, que expressava descontentamento com uma ordem política autoritária, de
contornos fascistas, que tão claramente caracterizava o Estado Novo.

3. Levado pelas circunstâncias a cerrar fileiras contra o Eixo na Segunda Guerra


Mundial, a ditadura varguista viveu a contradição – que se mostrou insolúvel – de
lutar externamente pela liberdade enquanto mantinha o país submetido a um rígido
regime ditatorial. Nessa perspectiva, a vitória aliada nos campos de batalha
impulsionou o sentimento oposicionista que culminou com a deposição de Vargas
em outubro de 1945, poucos meses depois de encerrado o conflito.

1
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Bloco 11 – O Brasil e a Primeira Guerra Mundial
Material: Lista de Exercícios

Gabarito
Questões/Itens
1 ?
2 E
3 CCC

2
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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 12


Juarez Távora. A primeira grande tarefa da
QUESTÃO 01
Comissão foi fazer um levantamento dos
compromissos externos de Estados e
“A década de 1930 é considerada pelos historiadores
Municípios. Coube a Oswaldo Aranha, então na
brasileiros como período de inflexão entre dois mundos: o
pasta da Fazenda, propor alternativa para a
da economia primário-exportadora e seu equivalente
dívida brasileira, a qual ficou conhecida como
político, o Estado oligárquico, e o da sociedade industrial
Esquema Aranha e consistia na renegociação
(ou semi-industrial), sendo o desenvolvimento o principal
do conjunto da divisa, que foi reduzida de 91
fator responsável pelo processo de urbanização e de
milhões de libras para 34 milhões de libras.
crescimento populacional ocorridos nas décadas
subsequentes. A política exterior não foi nem poderia ser 3. Diante dos efeitos da crise de 1929 e da
indiferente às profundas mudanças ocorridas no país, dependência brasileira no que concerne aos
acompanhando esse processo tanto no estabelecimento de saldos da balança comercial, Oswaldo Aranha
diretrizes quanto na adoção de novos procedimentos na empenhou-se em dinamizar o Departamento
área internacional. Essa mudança, que foi interpretada de Serviços Comerciais do Itamaraty, que
como a passagem do paradigma primário-exportador julgava pouco eficiente. Assim, Vargas e Aranha
para o paradigma desenvolvimentista, não deve, no atuaram no sentido de fortalecer as
entanto, ser considerada de maneira rígida”. Carlos exportações brasileiras, por meio de assinatura
Eduardo Vidigal, História das Relações Internacionais do de acordos comerciais internacionais que
Brasil. gerassem o fomento da produção e das
exportações.

Julgue C ou E a respeito das mudanças entabuladas


4. De forma a mitigar a dependência em relação
durante a Era Vargas no que se refere à política externa
ao mercado norte-americano, o Brasil voltou-se
brasileira:
para a Alemanha. Em 1934, e devido a crença de
Hitler no potencial econômica do Brasil na
América do Sul, Vargas entabulou acordos
1. A Revolução de 1930 marcou notória inflexão
comerciais com o III Reich que previam a
na formulação da política externa. Com Afrânio
diversificação da pauta de exportações. O café
de Melo Franco à frente do Itamaraty, o governo
deixou definitivamente, portanto, o primeiro
provisório de Getúlio Vargas buscou ampliar o
plano das comércio com a Alemanha, que era
comércio exterior não mais no sentido
feito no formato de intercambio de produtos
agroexportador, mas industrialista. O objetivo
sem liquidação monetária.
era promover a indústria brasileira em
mercados estrangeiros e, portanto, reduzir a QUESTÃO 02

primazia do café na economia brasileira. Ao


todo, seria modo de combater a persistência “Um lance final desastroso, quando os líderes da oposição
das oligarquias nas esferas estaduais e e os chefes militares articulavam a queda de Getúlio
municipais. Vargas, foi a nomeação de Benjamin Vargas – O Bejo –
para a chefia de polícia do Distrito Federal, em substituição
2. A dívida externa foi problema singular nos a João Alberto, responsabilizado por proibir a realização
primeiros anos da Era Vargas (1930-1945). Para de um comício promovido pelo sindicalismo queremista.
debelá-la, criou-se em 1931 a Comissão de Por que Getúlio teria nomeado o irmão para um cargo com
Estudos Financeiros e Econômicos dos Estados funções repressivas? Por que teria tentado se valer de um
e Municípios, que contava entre seus membros nome no mínimo discutível, frequentador assíduo dos
com Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, José cassinos, acusado de ser sócio de banqueiros do jogo do
Carlos de Macedo Soares, Eugênio Gudin e bicho e de casas de prostituição, e de acumular uma
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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 12


fortuna de origem ilícita? Teria acreditado que, com a Oswaldo Aranha demitiu-se da chefia do
segurança do Rio de Janeiro nas mãos do irmão, disporia Itamaraty. A seu turno, Góis Monteiro deixou a
de um home fiel, capaz de dissipar intrigas e reprimir os repartição diplomática do Brasil em
articuladores de sua queda?” Boris Fausto, Getúlio Vargas. Montevidéu, para a qual havia sido nomeado
embaixador. Não havia mais a cumplicidade de
“Da condição de amigo íntimo do Presidente, Oswaldo
antes entre Vargas e Góis Monteiro.
Aranha passou a ser investigado como potencial
adversário do regime. Benjamin Vargas, o Bejo, que
3. Entraram em cena, em meados de 1945, os
assumira a função de intermediário entre o Catete e as
partidos políticos que compuseram o leque
autoridades policiais, submeteu o ex-chanceler a cerrada
eleitoral do da República Liberal de 1945 a 1964.
vigilância, dada a proximidade do demissionário com
A oposição articulou-se com a fundação da
Virgílio de Melo Franco, signatário do Manifesto dos
União Democrática Nacional (UDN), de forte
Mineiros. Magoado, Aranha preferiu sair temporariamente
cunho liberal e notadamente contrária ao
de circulação, recolhendo-se ao haras que havia montada
Estado Novo. Inicialmente, a UDN coligava
em Vargem Grande, bairro afastado do centro do Rio”. Lira
liberais, socialistas, comunistas e os herdeiros
Neto, Getúlio Vol. II.
dos partidos democráticos estaduais sob o
rótulo Frente de Oposição ao Estado Novo. Não
Julgue C ou E a respeito das causas da queda do Estado
tardou, contudo, em assumir exclusivamente a
Novo:
feição liberal em detrimento das demais
composições ideológicas. À época, a UDN
1. A queda do Estado Novo fornece singular prova
compunha-se da classe média urbana, dos
da incidência da política externa na condução
profissionais liberais e do setor empresarial.
dos negócios internos. Embora não seja a única
causa do arrefecimento do regime de 1937, a
4. O “queremismo” causou rápidas reações nos
inserção internacional do Brasil na Segunda
setores vinculados à UDN. Queriam estes uma
Guerra Mundial promoveu divergências não
Constituinte sem Vargas e, sobretudo, sem o
somente entre militares, mas também entre
ranço corporativista que caracterizou o Estado
civis. Em 24 de outubro de 1943, um punhado
Novo. Vislumbravam com desconfiança o que
de políticos mineiros, entre os quais se
acontecia na Argentina, onde o general Juan
encontravam Afonso Arinos, Arthur Bernardes
Domingo Perón articulava sindicatos, operários
e Pedro Aleixo, publicou o Manifesto dos
e a burguesia industrial para conquistar a
Mineiros, por intermédio do qual se condenava,
presidência da República. O apoio inconteste
a um só tempo, eventual retorno a Primeira
das massas populares a Perón não parecia
República e os desvios autoritários assumidos
distante do que acontecia no Brasil, pelo menos
pelo Estado Novo. Queriam democratizar o país
aos olhos da oposição liberal. Os setores
e recolocar o Estado nos trilhos da Revolução de
castrenses, e em especial o general Góis
1930, que teria objetivos democráticos, e não
Monteiro, aproveitaram-se da substituição de
autoritários, conforme acreditavam esses
João Alberto por Benjamin Vargas, irmão de
mineiros.
Getúlio, no comando da polícia do Distrito
Federal para forçar a queda do regime. A
2. Oswaldo Aranha, fiel amigo de Vargas, também
mediação de Dutra foi em vão. Góis Monteiro
optou pela abertura democrática. Nomeou-se-
mobilizou as tropas do Distrito Federal, e
o vice-presidente da Sociedade dos Amigos da
Vargas não tardou em reconhecer o inevitável.
América, que coligava a oposição civil e militar,
mas Aranha não chegou a empossar o cargo,
visto que a associação foi fechada por ordem de
Vargas em agosto de 1944. Poucos dias depois,
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QUESTÃO 03 do Petróleo (CNP), que articularia interesses
dos diversos setores econômicos relativos à
Acerca da política econômica do Estado Novo (1937- refinação de petróleo.
1945), julgue C ou E:
3. Em 1942, a política de industrialização por
1. A partir de 1937, o Estado varguista não hesitou substituição de importações passou a
em impulsionar o crescimento interno considerar o conjunto da economia, e não mais
mediante a controle das importações. Seria alguns setores específicos, como antes fazia. É
forma de resolver os crônicos déficits no precisamente nesse sentido que se fundou a
balanço de pagamentos, que se alastravam Coordenação de Mobilização Econômica (CME)
desde a Revolução de 1930. As tensões políticas em 1942, cujos componentes administrativos
na Europa deixavam entrever, como realmente eram os Estados federativos. Nessa ótica, a CME
aconteceu, possibilidades de conflito, o que retirava da União o controle integral dos
engessaria a capacidade de exportações para o recursos mineiras brasileiros, atribuindo-os aos
Brasil. Embora a Constituição de 1937 Estados em cujo solo esses mineiras estavam
assumisse matizes marcadamente localizados.
nacionalistas no que concerne à política
econômica, Vargas buscou, sem negá-los, 4. Durante a Segunda Guerra Mundial, a indústria
equilibrar os anseios estatizantes aos brasileira expandiu-se consideravelmente. A
imperativos econômicos internacionais. Vargas balança de transações correntes acusou
não optou pela nacionalização iminente. Pelo sistemáticos superávits, em larga medida
contrário, preferiu a progressividade da devido à expansão dos manufaturados
estatização, quando não o equilíbrio entre nacionais. O volume de reservas internacionais
capitais nacionais e estrangeiros. Negou-se a não fez senão crescer no período do conflito,
nacionalizar as empresas de energia elétrica, ainda que fosse em divisas não conversíveis. No
assim como os bancos e as companhias de concerne às finanças públicas, a deflagração da
seguros. No que concerne à produção nacional guerra suspendeu a retomada das negociações
de aço, Vargas obteve do Export-Import Bank, acerca da dívida externa. Pouco após o golpe de
cujo capitais eram estadunidenses, os recursos 1937, Artur de Sousa Costa, ministro da
necessários para constituir a Companhia Fazenda desde 1934, optou por suspender o
Siderúrgica Nacional (CSN) de Volta Redonda. serviço da dívida externa. Findava o “esquema-
Em 1942, a CSN, empresa de economia mista, Aranha”. As negociações somente seriam
produzia suas primeiras chapas de aço. retomadas em 1939. Sousa Costa decretou o
monopólio da compra e venda de divisas. Eram
2. O petróleo, que desde a década de 1940 passou as primeiras bases da vindoura SUMOC.
a pesar consideravelmente no balanço de
QUESTÃO 04
pagamentos, causava os mesmos atritos que a
“Com o ataque japonês a Pearl Harbour, a 7 de dezembro
questões do aço. O descobrimento de petróleo
de 1941, a Segunda Guerra Mundial envolvia no conflito os
em poços baianos não deixava margem para
Estados Unidos, e dava-se o caso previste em havana nos
vislumbrar a necessidade de constituir
seguintes termos: ‘qualquer tentativa por parte de um
empresas nacionais de extração, visto que não
Estado não-americano contra a integridade ou
se vaticinava favoravelmente sobre a amplitude
inviolabilidade do território, soberania ou independência
das reservas nacionais. A indústria de refinação
política de um Estado americano será considerada ato de
do petróleo importado, no entanto, somente foi
agressão contra todos os Estados que firmam a presente
nacionalizada após a criação da Petrobras. No
declaração’. Nestas condições, eram urgentes novas
mesmo processo, criou-se o Conselho Nacional
determinações e medidas e, por isso, foi convocada a III
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Reunião de Consulta no Rio de Janeiro, onde a 15 de
janeiro de 1942, no Palácio Tiradentes, se encontravam 3. As posições argentina e brasileira em relação à
novamente os chanceleres da América, representantes de Segunda Guerra Mundial seguiram rumos
vinte países. Ao inaugurar a reunião definiu Getúlio Vargas diversos. Na III Reunião de Consultas, Vargas
a atitude do Brasil na comunidade americana, de ‘perfeita rompeu com o Eixo e, em agosto de 1942,
coerência e insuspeitável lealdade a compromissos formalizou o reconhecimento do estado de
assumidos e amizades sempre espontaneamente beligerância com a Alemanha e a Itália. Iniciava-
cultivadas’.” Delgado de Carvalho, História Diplomática do se, assim, estratégia brasileira para obter dos
Brasil. aliados reaparelhamento bélico e ganhos de
posição no cenário internacional do pós-guerra.
Julgue C ou E a respeito da atuação externa brasileira A Argentina, em contrapartida, manteve-se
diante da Segunda Guerra Mundial (1939-1945): neutra até o final da guerra, sem esboçar
qualquer aproximação com os aliados mesmo
1. Após o início do conflito na Europa, em após a queda de Hitler. Nesse sentido, Buenos
setembro de 1939, com a invasão da Polônia Aires ficou alijado do processo que culminou na
pela Alemanha nazista, o Brasil e os demais constituição da Organização das Nações
países do continente americana reuniram-se na Unidas.
I Reunião de Consulta dos Ministros das
Relações Exteriores Americanos, em Panamá, 4. Embora se possa afirmar que o Brasil adotou,
em 30 de setembro do mesmo ano, quando no pré-guerra, posição de equidistância
ficou declarada a aliança com a Inglaterra e a pragmática no que concerne às relações com os
França do continente americano na guerra que Estados Unidos e a Alemanha, a política externa
se iniciava. Na II Reunião de Consulta, realizada de Oswaldo Aranha, desde 1938, mostrava
em Havana, em 20 de julho de 1940, foi claras sinais de mais densa aproximação com
aprovada a Ata de Havana, que estabelecia que Washington do que com Berlim. Prova disso foi
qualquer ataque a um país americano seria a VIII Conferência Pan-Americana de Lima, na
considerado uma agressão ao continente, o que qual a delegação brasileira, comandado por
implicaria uma reação coletiva contra o Afrânio de Melo Franco, contribuiu para a
agressor. aprovação de quase todas as propostas dos
Estados unidos, entre as quais, destaca-se a
2. Durante a III Reunião de Consultas, que teve solidariedade continental e a não intervenção
lugar no Rio de Janeiro em 1942, a Argentina extracontinental.
distanciou-se claramente da posição brasileira
e, de forma mais grave para os Estados Unidos,
negou qualquer intenção de romper relações
com o Eixo. Summer Wells, delegado norte-
americano, levou instruções para obter a
ruptura coletiva dos países americanos com o
Eixo, o que foi refutado por Enrique Ruiz
Guiñazu, delegado argentino. Buenos Aires
conseguiu articular bloco de países americanos
que a secundaram no sentido de apenas propor
uma recomendação, sem tornar obrigatória a
ruptura de relações com a Alemanha, a Itália e
o Japão. Buenos Aires entrava, portanto, na
“lista negra” de Washington.
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Aplicação: Lista Complementar 12

GABARITOS

Questão 01 Questão 02 Questão 03 Questão 04


E C C E C C C C C E E C E C E C
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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 13


do Partido de Silveira Martins, não resta dúvida
QUESTÃO 01
que preconizava a revogação da carta
constitucional gaúcha e a instauração de um
“Como notou Rui Barbosa, havia diferença entre o padrão
regime parlamentar. O Partido Federalista
político de Deodoro e de Floriano: o primeiro foi uma
condenava a excessiva concentração de
ditadura, apoiada na fraqueza dos governos locais para
poderes nas mãos do Executivo, o que era
dissolver o Congresso; o segundo, também uma ditadura,
ratificado pela possibilidade de ilimitadas
apoiada no Congresso para dissolver os governos locais.
reeleições à presidência do Rio Grande do Sul.
[...]. A durabilidade do governo Floriano, paradoxalmente,
derivou do fato de que foi obrigado a enfrentar as maiores
3. Em Santa Catarina, a Revolução Federalista
ameaças à viabilidade do regime, até então: a Revolução
tomou novas proporções nos derradeiros
Federalista, no Rio Grande do Sul, e a Revolta da Armada,
meses de 1893. Um ano antes, oficiais da
ambas em 1893. A clássica metáfora do inimigo externo,
Marinha manifestaram apoio aos pica-paus
no caso apresentada como ameaça monarquista, permitiu
gaúchos e, portanto, às forças de Júlio de
uma união mínima entre as facções do Exército e o apoio
Castilhos contra os maragatos. O almirante
decisivo dos paulistas em torno do governo. O preço pago
Custódio de Melo liderou os insurretos,
pelo consolidador, como se sabe, foi a relutante aceitação
conclamando-os a avançar até a porção
de eleições presidenciais para 1894”. Renato Lessa, A
meridional do país e prometendo gratificações,
invenção republicana.
já que se declarara candidato à sucessão
presidencial.

Julgue C ou E a respeito do governo de Floriano Peixoto


(1891-1894): 4. Após severa derrota em Niterói, não restava a
Custódio de Melo senão deixar o Rio de Janeiro
1. Malgrado o apoio que lhe daria posteriormente,
em direção al Sul do país. Para derrotar os
o Partido Republicano Paulista resistiu a
rebeldes, em 1894, Floriano contou com o apoio
presidência de Floriano Peixoto. A Constituição
das esquadras estadunidenses, que
previa, no caso de vacância na presidência nos
contornaram o bloqueio ao porto do Rio de
primeiros dois anos de mandato, a convocação
Janeiro organizado por Custódio de Melo. Para
de novas eleições, que o Vice-Presidente
desespero do almirante da Marinha, Floriano
deveria assegurar. Advogado da ordem
adquiriu nova frota militar dos Estados Unidos,
constitucional, o Partido Republicano Paulista
o que tolhia a margem de ação dos navios
se opôs a permanência de Floriano até 1894,
insurretos.
quando completaria o mandato de Deodoro.

2. Pouco após a ascensão de Floriano ao poder, QUESTÃO 02


eclodiu a Revolução Federalista no Rio Grande
do Sul, em 1893. Reproduzia-se o embate entre “O fim do Império do Brasil, em 15 de novembro de
positivistas e liberais constitucionalistas que 1889, causou alteração radical nas diretrizes da política
marcara a esfera federal. À forte inspiração externa. Brasileira. Anteriormente, a postura de
positivista que caracterizava o Partido desconfiança do Estado monárquico em relação aos
países vizinhos fora questionada pela oposição
Republicano Rio-Grandense, chefiado por Júlio
republicana, tanto que no Manifesto Republicana de
de Castilhos e por Pinheiro Machado, opunha-
Itú, de 1870, bradava-se ‘somos da América e queremos
se o Partido Federalista, liderado por Gaspar ser americanos’. Em 1889, ao chegar ao poder, os
Silveira Martins, que participara do partido republicanos tornaram-se prisioneiros do discurso de
Liberal durante o Império. Se não há certeza que tudo que vinha da Brasil Império era negativo e que
quanto homogeneidade do matiz monarquista a República significava o surgimento de um novo país;
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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 13


fazia-se tábula rasa do passado, como se o presente indústria açucareira do Nordeste. Foi uma
nada devesse ao regime e às gerações anteriores ”. vitória da bancada pernambucana no
Congresso, na medida em que o tratado não
Antônio Carlos Lessa e Henrique Altemani (coords.), História das Relações contemplava medidas semelhantes em relação
Internacionais do Brasil.
à exportação de café para os Estados Unidos. O
convênio terminou auferindo maiores
Julgue C ou E a respeito da política externa brasileira
benefícios para os norte-americanos, visto que
nos primeiros anos republicanos:
exportavam manufaturas e importavam
1. Durante a primeira Conferência Pan-
produtos primários, o que levou o presidente
Americana, o Governo Provisório rompeu com
Floriano Peixoto a denunciá-lo passados tão
a postura cautelosa e equilibrada da diplomacia
somente três anos de sua assinatura.
imperial. O novo representante da delegação
brasileira em Washington, Salvador de
Mendonça, recebeu ordens de Quintino
Bocaíuva no sentido de aceitar o arbitramento
QUESTÃO 03
obrigatório, bem como de manifestar espírito
americano na conferência.
Julgue C ou E a respeito da atuação do Ministério das
2. Em muito alinhado ao brasileiro, o governo Relações Exteriores durante o mandato de Prudente de
Argentino de Miguel Celman optou pelo Morais (1894-1898):
endosso às pretensões norte-americanas na
1. Em 1895, o governo português mediou disputa
Conferência Pan-Americana de Washington.
diplomática que ocorreu entre o Brasil e a
Principal objetivo da conferência, o
arbitramento obrigatório caiu por terra, no Inglaterra. O pomo da discórdia foi a ilha de
entanto, devido às desconfianças dos demais Trindade, originalmente portuguesa, porém
repúblicas sul-americanas. A aproximação cedida à soberania brasileira em 1822. Por
entre a Argentina e o Brasil, inédita desde a ordem de Westminster, em janeiro de 1895, o
Guerra do Paraguai, não duraria muito. A navio britânico Barracouta tomou posse da ilha,
Questão de Palmas suscitou novas rivalidades
alegando estar ela abandona. O interesse
entre Buenos Aires e o Rio de Janeiro.
britânico pela ilha dizia respeito a passagem de
3. Após o desmantelamento do Tratado de cabo telegráfico que ligaria Buenos Aires a
Montevidéu, mediante o qual Quintino Londres. A situação era delicada para a
Bocaiúva cedeu grande parte do atual território diplomacia brasileira, visto que estava em jogo,
do Rio Grande do Sul à Argentina, o Ministério ainda, a questão do Pirara. Após intervenção
das Relações Exteriores do Brasil nomeou o
portuguesa a favor do Brasil, o governo
Barão do Rio Branca para liderar as negociações
britânico reconheceu a soberania brasileira
lindeira com Buenos Aires. Conhecido do
governo devido aos sucessos na Questão do sobre Trindade. O desgaste com o Brasil
Amapá, o Barão do Rio branco gozava, ainda, de poderia causar maior retração do Coroa
notável prestígio devido à ação externa de seu britânica no continente americano, e isso, em
pai, o Visconde do Rio Branco. Sem meios de benefício dos Estados Unidos.
alcançar acordo entre as partes, e a despeito
das posições de Zeballos, chanceler argentino,
2. A ação de potências centrais no eixo
o Barão do Rio Branco conseguiu obter de
assimétrico do poder causou notório
Buenos Aires a nomeação de Groover Cleveland
para árbitro da disputa fronteiriça. desconforto ao Brasil em 1894. Na ocasião, o
governo francês pretendeu estender o
4. A assinatura do Tratado Blaine-Mendonça território da Guiana até as margens do rio
ocorreu ainda durante a Conferência Pan- Amazonas. À época, uma corrida pelo ouro da
Americana de Washington. Com o convênio região atraiu brasileiros e militares franceses
aduaneiro, o governo brasileiro buscava
para a região. A questão foi resolvida em 1900,
garantir o acesso do açúcar ao mercado norte-
americana, a fim de recuperar a decadente já no governo Campos Sales, quando o
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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 13


presidente da Confederação Suíça optou por curso inferior”. Sinésio Sampaio Goés Filho, Navegantes,
repartir em partes iguais o território disputado. bandeirantes e diplomatas.
O resultado foi considerado um sucesso para
Rio Branco, já que se estiva não haver
possibilidade de vitória contra a França. Assim, Julgue C ou E a respeito da posição do governo de
o governo brasileiro concedeu-lhe pensão Rodrigues Alves em relação às questões lindeiras:
anual vitalícia no valor de 24 contos de réis,
extensiva a filhos e filhas, e um prêmio de 300
1. Quando convidado para ser ministro das
contos de réis.
Relações Exteriores, Rio Branco era
representante brasileiro no Império da
3. No último ano de seu mandato, Prudente de
Alemanha. Em Berlim, ele tomara contato com
Morais aceitou proposta norte-americana de
a questão acreana, pois o Bolivian Syndicate
um novo acordo de livre comércio. Para o PRP,
tentara cooptar banqueiros alemães para a
acordo visava incrementar fortalecer o Estado
empreitada amazônica, mas o representante
de São Paulo, já que o maior volume de
brasileiro intercedeu junto ao governo alemão,
exportações redundaria em engrossamento
evitando que isso ocorresse. Nas quase três
dos cofres públicos paulistas. Afinal, o imposto
décadas em que permaneceu na Europa, o
de exportação era arrecado, segundo a
Barão do Rio Branco assistira ao imperialismo
Constituição de 1891, pelos Estados.
europeu retalhar a África e impor-se em quase
4. De abril a agosto de 1898, ocorreu a Guerra toda a Ásia. Temia que essa ação imperialista
Hispano-Americana. Na esteira de um também pudesse ocorrer na América do Sul.
americanismo ideológico, o governo brasileiro Assim, Rio Branca preparava negociação em
declarou-se a favor dos Estados Unidos, eixos múltiplos de poder: o simétrico, com o
embora não tenha enviado tropas ou material governo boliviano; e o assimétrico com as
bélico a Washington. A gravidade da situação potências norte-americana e europeias.
econômica interna brasileira assim
determinava. 2. Rio Branco iniciou negociações com a Bolívia
em posição de força, valendo-se de argumentos
QUESTÃO 04 históricos, geográficos e políticos para levá-la a

“Rio Branco, em 1902, pouco antes de assumir o Ministério, reconhecer a soberania brasileira sobre o Acre.

em carta a seu amigo Hilário de Gouveia, adiantou opinião Para se chegar a um acordo, o Brasil pagou à

seguinte: ‘há esta questão do Acre que, bem manejada e Bolívia 2 milhões de libras esterlinas e cedeu-

rompendo-se com a má interpretação dada em 1868 ao lhe pouco mais de 2 mil quilômetros

Tratado de 1867, poderia afirmar nosso direito sobre um quadrados, entre os rios Abunã e Madeira, o

território imenso, direito que com toda probabilidade que permitia aos bolivianos acessar o rio

ficaria reconhecido em processo arbitral. Não haveria Amazonas e, assim, alcançar o Atlântico, e, para

inconveniente em dizermos que tínhamos dado aquela viabilizar esse acesso, o governo brasileiro

inteligência ao tratado somente para favorecer a Bolívia, comprometeu-se a construir uma ferrovia entre

mas que estávamos resolvidos a sustentar agora a os rios Madeira e Mamoré.

verdadeira inteligência, isto é, a defender a linha do


3. A assinatura do tratado de Petrópolis
paralelo 10o 20’que já foi grande concessão feita àquela
repercutiu duramente na fazenda Descalvados,
República, porque, nulo o Tratado de 1777, tínhamos
localizada às margens do rio Paraguai, no Mato
direito a ir muito mais ao Sul, até as nascentes dos
Grosso. Tratava-se de um empreendimento de
tributários do Amazonas que ocupávamos na foz e no
capital belga, que buscava constituir, para além
da promoção da indústria do charque, um
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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 13


colônia no Oeste do Brasil, precisamente na
fronteira com a Bolívia. O empreendimento
chegou a contar com um Exército paramilitar
liderado por forças públicas da Bélgica que
haviam lutado no Congo, então sob controle de
Leopoldo II. A expectativa dos belgas era de que
a posse do território do Acre pelo Bolivian
Syndicate lhes abrisse caminho para tentar
estabelecer na fronteira Oeste do Brasil com a
Bolívia, a partir de Descalvados, um
empreendimento colonial semelhante àquele
implantado na África. O desajuste entre o
Bolivian Syndicate e os Estados Unidos, ou o
não endosso estadunidense dos
empreendimentos dos acionários no Acre,
contribui para que as pressões belgas no Mato
Grosso arrefecessem, o que alijava do Brasil
novo risco de expansionismo europeu.

4. Na questão do Pirara contra a Grã-Bretanha, a


causa brasileira foi defendido por Joaquim
Nabuco, que passou quatro anos fazendo
pesquisas na Europa até apresentar, em março
de 1904, a ‘Memória’ da defesa a arbitragem do
rei da Itália, Vitor-Emanuel III. A argumentação
brasileira era técnica-jurídica, enquanto a
defesa inglesa baseava-se no argumento da
posse efetiva e da soberania exercida sobre o
território desde 1838. Em julho de 1904, o laudo
arbitral de Vitor Emanuel III, de apenas duas
páginas, deu mais território à Grã-Bretanha do
que ao Brasil, o que foi uma surpresa, pois ia
contra as provas documentais e, além disso,
concedeu aos britânicos mais território do que
era reivindicado originalmente por Londres.
Dos 33.200 quilômetros quadrados arbitrados
pelo monarca, 13.370 ficaram com o Brasil e
19.630 foram atribuídos à Grã-Bretanha.
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Maratona 1ª Etapa – 2019
História do Brasil – Prof.Rodrigo Goyena
Bloco 13 – O Americanismo do Quinze de Novembro
Material: Lista de Exercícios

Questão 1. (CESPE – IRBr – 2010) Com relação ao período da Primeira República brasileira,
que vigorou até 1930, julgue (C ou E).

1. No que se refere à política externa, ao longo de todo esse período, prevaleceram as


relações econômicas e financeiras com a Europa, em detrimento de uma possível
opção americanista.

Questão 2 (CESPE – IRBr – 2017) Os militares tiveram, no Brasil, papel fundamental na


passagem do Império para a República e, como consequência, os generais Deodoro da
Fonseca e Floriano Peixoto presidiram os primeiros governos republicanos brasileiros.
Acerca desse período da história brasileira, julgue (C ou E) os itens que se seguem.

1. Devido a sua política econômica e ao caráter antiliberal de seu governo, Floriano


Peixoto enfrentou a má disposição dos Estados Unidos da América em apoiar os
pleitos comerciais e políticos brasileiros.
2. O governo de Floriano Peixoto obteve a simpatia das camadas médias urbanas e
estimulou a indústria nacional por meio de auxílio financeiro.
E/C

Questão 3. (CESPE - IRBr – 2007) No Brasil, a instabilidade da política alfandegária


prevaleceu no século XIX - estendendo-se até o advento da República - e foi uma das causas
da baixa industrialização. A respeito das tarifas praticadas e do comércio exterior brasileiro
nesse período, julgue (C ou E) os itens a seguir.

1. Os Estados Unidos da América (EUA) dificultavam a importação do café por meio das
altas tarifas que aplicavam à entrada do produto brasileiro no país.
E

1
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Maratona 1ª Etapa – 2019
História do Brasil – Prof.Rodrigo Goyena
Bloco 13 – O Americanismo do Quinze de Novembro
Material: Lista de Exercícios

Gabarito
Questões/Itens
1 E
2 EC
3 E

2
CURSO SAPIENTIA
MARATONA 2019 – HISTÓRIA DO BRASIL
LISTA DE EXERCÍCIOS

Aplicação: Lista Complementar 13

GABARITOS

Questão 01 Questão 02 Questão 03 Questão 04


E C E C C E E E C E E E C C C C
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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 14


o intercambio de informações sobre projetos,
QUESTÃO 01
construção e financiamento de reatores de
pesquisa e um vasto programa de
“Nos anos de 1946 a 1955, as relações entre o Brasil e os
levantamento das jazidas de urânio brasileiras.
Estados Unidos conservaram o que havia de essencial ao
O presidente Eisenhower exigiu, na lógica do
longo do período, variando apenas em um ou outro
programa Átomos para a Paz, a inclusão de
aspecto, como foi o caso da luta pela obtenção de recursos
salvaguardas para garantir a finalidade pacífica
para o desenvolvimento. Brasil e Estados unidos
das pesquisas. O Rio de Janeiro negou as
convergiam nos temas comerciais, com os atritos próprios
cláusulas antepostas por Washington, o que
da área, coincidiam parcialmente na questão dos
distanciou Café Filho, ainda que não por muito
investimentos, faziam coro na maioria das votações nos
tempo, dos liberais udenistas.
foros internacionais e regionais e apresentavam visões
semelhantes a respeito da politica internacional. O
3. Defensor da I Conferência Afro-Asiática, em
interesse brasileiro no desenvolvimento econômico foi
Bandung, o Itamaraty, embora sem se colocar
comum nos governos Dutra, de Vargas e de Café Filho,
contra Portugal, acenou para a consolidações
variando apenas quanto ao formato. O nacionalismo e o
dos interesses indianos em Goa, Damão e Diu.
associacionismo representavam, grosso modo, diferentes
A posição de neutralidade com o processo de
interesses da sociedade brasileira – a industrialização e a
descolonização sem rompimento com Portugal
agroexportação -, mas suas diferenças eram menores do
provocou a insubordinação dos diplomatas
que normalmente se supõe”. Carlos Eduardo Vidigal e
brasileiros ligados ao espírito nacionalista: foi
Francisco Doratioto, História das Relações Internacionais
nesse sentido que se alijou Vicente Rao do
do Brasil.
Itamaraty em benefício de Raul Fernandes.

Julgue C ou E a respeito da atuação externa brasileira 4. Interessado na aproximação com os vizinhos

na década de 1950: sul-americanos, Café Filho encontrou seu


homólogo boliviano, Paz Estenssoro, na
1. Desafio importante do governo Café Filho deu-
fronteira entre os dois países, para inaugurar
se na Conferência dos Ministros das Finanças
uma extensão da Estrada de Ferro Noroeste do
dos Países Americanos, em novembro de 1954.
Brasil, que liga Corumbá a Santa Cruz de la
Naquela ocasião, Café Filho distanciou-se dos
Sierra. A estrada de ferro atendia aos interesses
Estados Unidos ao indicar Eugênio Gudin para a
comerciais bolivianos e brasileiros, assim como
pasta da Fazenda. Além de ser representante da
às preocupações geopolíticas de diminuir a
vertente nacionalista de pensamento
influência da Argentina no país mediterrâneo.
econômico, Gudin opunha-se as reivindicações
de Washington quanto ao teor dos
QUESTÃO 02
investimentos no Brasil: deveriam, segundo a
Casa Branca, ser oriundos da iniciativa privada,
“O ano de 1960 foi o último de Juscelino Kubitschek, o
e não do Tesouro norte-americano.
JK. O país modernizara-se, suscitando um processo de
grande mobilidade social e geográfica. Havia ganhos
2. A contrariedade entre nacionalistas e
materiais e simbólicos, notável elevação da autoestima
associacionistas tornou-se notória durante a
e uma floração de talentos em vários campos artísticos,
gestão de Café Filho e, em especial, no que
além da conquista do primeiro campeonato mundial de
concerne à cooperação com os Estados Unidos
futebol em 1958. Tudo isso contribuiu para a
na área atômica. Em agosto de 1955, foram
construção de uma certa memória daquele tempo:
assinados acordos de usos civis da energia
anos dourados. Entretanto, nem sempre há
atômica, os quais estabeleciam facilidades para
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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 14


coincidência entre memória e história”. Daniel Aarão legalidade, o que a UDN não duvidou em
Reis, História do Brasil Nação Vol. 5. respaldar. Acusava-se Juscelino de ter
angariado o voto comunista a despeito da
ilegalidade do PCB. Estimou-se em 6% o
Acerca do processo eleitoral que conduziu Juscelino
número dos sufrágios para a chapa de Juscelino
Kubitschek ao governo, julgue C ou E:
teriam advindo das alas comunistas. Não era
1. Embora mantivesse sua característica liberal um acaso: JK vencera com 36% dos votos, e
conservadora, a UDN tentou promover, ainda Távora perdera com 30%.
no contexto do suicídio de Vargas, guinada
popular para ganhar as eleições de 1955, o que 4. Com a morte de Café Filho, assumiu a vacância
resultou em pouco. As pressões da caserna presidencial o presidente da Câmara, Carlos
impuseram o nome do candidato Juarez Távora. Luz. Nesse intervalo de tempo, o general Lott,
Era resposta direta a composição da chapa de então ministro da Guerra, instigou a reatividade
Juscelino Kubitschek para Presidente. contra JK de Mamede. Carlos Luz fez, no
Governador de Minas Gerais, Juscelino entanto, optou pela legalidade, o que levou Lott
conseguira articular o PSD para secundar a à demissão de seu cargo. A resistência
chapa de matriz varguista. Em seus respectivos promovida por Lott e por Mamede pôs em
turnos, o PSP lançava a candidatura do marcha o episódio da novembrada, ou golpe
inconformado Ademar de Barros, e o Partido da preventivo.
Representação Popular, a de Plínio Salgado.

2. Embora o suicídio de Vargas deixasse claro que QUESTÃO 03


a opinião popular não toleraria o advento da
classe política contrária ao nacionalismo, a Acerca da economia brasileira durante o segundo
campanha política do primeiro semestre de governo de Getúlio Vargas (1951-1954), julgue C ou E:
1955 reproduziu as cisões dos governos 1. A campanha presidencial de Getúlio Vargas, no
pretéritos. Enquanto Juscelino advogava não que concerne à política econômica a ser
intervenção do Estado na economia, o que adotada, caracterizou-se pela fórmula Campos
significava possibilidade de ruptura com o PTB, Sales-Rodrigues Alves. Assim o encorajava o
Távora preconizava o contrário. Houve futuro ministro da Fazenda, Horácio Lafer. O
sucessivas artimanhas empregadas pelas governo deveria pautar-se, como realmente
partes em contenda para ganhar as eleições; ocorreu, por duas etapas. A primeira seria de
uma delas lembrava o episódio das cartas ajuste ortodoxo. Sanear a econômica, buscando
falsas, ocorrida com Arthur Bernardes, ainda na o equilíbrio fiscal e monetário, portanto. Aí
Primeira República. Um punhado de jornalistas estava a primeira metade da fórmula Campos
publicou supostas cartas redigidos por Antonio Sales-Rodrigues Alves. A segunda, deveria ser
Jesús Brandi, deputado argentino, nas quais adotado uma vez alcançada a estabilidade
pedia a João Goulart apoio para deflagrar uma macroeconômica. Seria a etapa do crescimento
revolução sindicalista na América do Sul. em marcha acelerada. Ao todo, ter-se-ia sorte
de articulação político-econômica capaz de unir
3. Juscelino tinha ganhado por pouco, o que irritou
interesses divergentes no Congresso.
a oposição. Por ocasião da morte do general
Canrobert, em novembro de 1955, o coronel
2. Quando assumiu o governo, Vargas teve de
Mamede, que lutara contra o nacionalismo
contornar os 12% de inflação anual, o que era
getulista em parceria com Canrobert,
bastante, se considerarmos os 2% de 1947.
pronunciou ásperas palavras contra a vitória de
Malgrado a adoção de políticas fiscais e
Juscelino. Denunciava-se suposta frágil
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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 14


monetárias restritivas, a inflação não cedeu em QUESTÃO 04

grande parte devido ao aumento da receita em Julgue C ou E a respeito do segundo governo de Getúlio
divisas oriundas do café. Quando Vargas (1951-1954):
transformadas em cruzeiros, essas divisas
1. Nas eleições de 1950, as classes populares e a
multiplicaram a massa monetária, o que, em
pequena burguesia empresarial que apoiavam
última instância, significava permanência da
Ademar de Barros circunscreviam-se ao Estado
inflação. Pior, a deflagração da Guerra da Coreia
de São Paulo, o que dava pouca margem ao
obrigava o governo a contrair empréstimos
fundador do Partido Social Progressista para
externos, visto que se estimava aumento nos
lançar candidatura à presidência nas eleições
preços dos importados, prejudicando, portanto,
de 1950. Procedeu-se a um entendimento com
o balanço de pagamentos.
Getúlio Vargas. Ademar daria seu apoio político
3. Quando alcançada a estabilidade da primeira ao Partido Trabalhista Brasileiro em troca de
etapa da fórmula Campos Sales-Rodrigues reciprocidade nas futuras eleições de 1955.
Alves, Vargas adensou o programa de Vargas agora, Ademar depois, portanto.
industrialização em lógica substitutiva de Formava-se assim a chapa presidencial
mercado. Não que os primeiros anos tenham constituída pelo PTB e pelo PSP: Vargas para a
refletido a ortodoxia prometida durante a presidência e Café Filho, aliado de Ademar de
campanha, mas, afinal, entre 1950 e 1952, a Barros, para a vice-presidência.
inflação não superou a patamar dos 12%. Daí
em diante, os investimentos públicos tornaram- 2. Quando assumiu a presidência, Vargas teve de
se o motor da industrialização de tipo nacional- lidar com situação de ingovernabilidade. As
desenvolvimentista. Flexibilizou-se o crédito e eleições haviam polarizado o país: de um lado,
expandiram os gastos. Não raro, em 1953, a a classe média e urbana do lado da União
inflação alcançou os 20% anuais. Vargas abriu Democrática Nacional; do outro, o Partido
linha de crédito para o setor dos transportes e Trabalhista de Vargas e suas bases operárias. A
da energia. Adensou-se a capacidade portuária tensão entre os chamados nacionalistas e
nacional e a disponibilidade de energia para as entreguistas acirrou-se sobremaneira, já nos
regiões menos desenvolvidas, como o primeiros anos de governo, na medida em que
Nordeste. O Banco do Brasil tornou-se a mola Vargas negou o compartilhamento de
propulsora do crescimento nacional, pelo ministérios com partidos outros que o PTB.
menos até junho 1952, quando se fundou o
3. A divergência na política brasileira espelhava,
BNDE.
em parte e com aspectos próprios, a
4. A segunda metade da fórmula Campos Sales- bipolaridade externa. Os nacionalistas
Rodrigues Alves consolidou-se com a nomeação advogavam o pensamento industrialista
de João Goulart para o Ministério do Trabalho e baseado no desenvolvimento independente.
de Osvaldo Aranha para a pasta da Fazenda. Ao Caberia ao Estado conduzir a economia em
passo que este garantiria o controle monetário uma racionalidade substitutiva de mercado.
e cambial, sem obstar ao desenvolvimentismo Para além do capital externo, portanto. Embora
nacionalista, aquele articularia a base sindical, necessário, o investimento internacional não
evitando os excessos comunistas. A eleição de deveria tolher a soberania nacional; recursos
Dwight Eisenhower para a presidência dos estratégicos, como o petróleo, as comunicações
Estados Unidos, no entanto, abalou duramente e os transportes deveriam ser de base estatal.
o financiamento esperado dos vizinhos do Os liberais conservadores preconizavam o
Norte. exato contrário. Desenvolver o Brasil
significaria abrir, ainda que de forma gradual, a
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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 14


economia para o capital externo. Não haveria
industrialização sem investimento internacional
e, para tanto, dever-se-ia criar ambiente
favorável à atração de capitais; controlar a
inflação e limitar os gastos públicos, em outras
palavras.

4. O segundo governo de Getúlio Vargas foi de


destacada tensão política. Exemplo notório foi a
crise do salário mínimo, ocorrido em fevereiro
de 1954. À época, João Goulart, então na pasta
da Fazenda, recebeu carta branca para
conceder aumento de 100% do salário mínimo.
Em resposta, setores udenistas e as Forças
Armadas lançaram o manifesto dos coronéis
sob os auspícios de Golbery do Couto e Silva, no
qual se condenava Vargas de promover cisão
política capaz de fraturar a nação. Vargas não
cedeu: manteve o aumento do salário mínimo e
João Goulart na Fazenda. A crise não tardaria
em chegar, ainda no ano de 1954.
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Maratona 1ª Etapa – 2019
História do Brasil – Prof.Rodrigo Goyena
Bloco 14 – O Americanismo do segundo governo Vargas
Material: Lista de Exercícios

Questão 1. (Bolsa-Prêmio/Itamaraty – 2009) Considerando o assunto tratado no texto


acima, julgue os itens a seguir.

1. O esforço industrializante do segundo governo de Getúlio Vargas (1951-1954)


fortaleceu os vínculos entre empresas estatais e o capital estrangeiro.

Questão 2. CESPE - IRBr - 2007) Quanto às relações entre Brasil e EUA durante a República
Liberal (1945-1964), assinale a opção incorreta.

A. Na maior parte desse período, prevaleceu o bom entendimento político entre os dois
governos.
B. Os EUA voltavam sua política exterior para o combate ao comunismo, e o Brasil para
a promoção de seu desenvolvimento.
C. O acordo bilateral de cooperação denominado Comissão Mista foi o principal
responsável pela construção da Usina Siderúrgica de Volta Redonda.
D. A Política Externa Independente promoveu o universalismo brasileiro em detrimento
do alinhamento na Guerra Fria.
E. O fornecimento brasileiro de minerais estratégicos aos EUA foi elemento importante
nas negociações bilaterais durante a década de 50 do século XX.

Questão 3. (CESPE – IRBr - 2015) Implantada a partir da queda do Estado Novo de Vargas
(1945), a República Liberal (1946-1964) viu o Brasil industrializar-se e urbanizar-se,
conhecendo inédita experiência democrática, com partidos nacionais, eleições periódicas e
ampliação dos mecanismos de participação política. Todavia, graves foram as crises desse
período, que culminaram no golpe de 1964. No que se refere a esse período, julgue (C ou E)
os itens subsequentes.

1. A proposta da Operação Pan-Americana foi recebida com resistências pelos EUA, que

arcaria com grande parte de seus custos financeiros, e pela Argentina, que via na

iniciativa uma tentativa de hegemonia brasileira no continente.

Questão 4. (CESPE – IRBr - 2016) Tendo o texto precedente como referência inicial, julgue (C
ou E) os itens subsequentes, relacionados à crise final do regime da Constituição de 1946.
1. A Política Externa Independente, lançada no breve governo de Jânio Quadros, sob

1
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História do Brasil – Prof.Rodrigo Goyena
Bloco 14 – O Americanismo do segundo governo Vargas
Material: Lista de Exercícios

a liderança de San Tiago Dantas, embora atenuada no período de Goulart, foi um

dos símbolos da polarização ideológica daquele contexto histórico, chegando

mesmo a suplantar, em importância e na intensidade do debate, o explosivo tema

da reforma agrária.

2
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História do Brasil – Prof.Rodrigo Goyena
Bloco 14 – O Americanismo do segundo governo Vargas
Material: Lista de Exercícios

Gabarito
Questões/Itens
1 E
2 C
3 E
4 E

3
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MARATONA 2019 – HISTÓRIA DO BRASIL
LISTA DE EXERCÍCIOS

Aplicação: Lista Complementar 14

GABARITOS

Questão 01 Questão 02 Questão 03 Questão 04


E E E C C E C E C C C C C E C E
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História do Brasil – Prof.Rodrigo Goyena
Bloco 15 – A Política Externa de Eurico Gaspar Dutra
Material: Material de apoio

Organização do módulo (16 aulas)

Formação de elites, consolidação de projetos de governo e crises de Estado (aulas 1 a 4)


• Brasil monárquico (I)
o A crise das elites imperiais (1870-1889)
• Brasil republicano (II)
o A Revolução de 1930 (1922-1930)
• Brasil monárquico (III)
o A transmigração da Coroa
• Brasil republicano (IV)
o A transição lenta, gradual e segura (1974-1985)

Movimentos sociais, processos eleitorais e regimes administrativos (aulas 5 a 8)


• Brasil colonial e monárquico (I e II)
o A administração colonial
o Movimentos sociais durante o Segundo Reinado
• Brasil republicano (III e IV)
o As eleições de 1910 e de 1922
o A caserna durante a Experiência Democrática (1945-1964)

Formação territorial e conflitos externos (aulas 9 a 12)


• Brasil colonial (I)
o A formação territorial e as lindes cartográficas
• Brasil Republicano (II, III e IV)
o As fronteiras do Barão do Rio Branco
o O Brasil e a Primeira Guerra Mundial
o O Brasil e a Segunda Guerra Mundial

A Política Externa Brasileira no século XX (aulas 13 a 16)


• Primeira República e Vargas II (I e II)
o O americanismo do Quinze de Novembro
o O americanismo do segundo governo Vargas
• Experiência Democrática e Regime de 1964 (III e IV)
o A Política Externa de Eurico Gaspar Dutra
o A Política Externa de Castelo Branco

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Bloco 15 – A Política Externa de Eurico Gaspar Dutra
Material: Material de apoio

O padrão alinhado de inserção na Guerra Fria - Governo Dutra

• Em 1947, ergue-se a cortina de ferro:

o Doutrina Truman vs. Doutrina Jdanov.

• No Brasil, a política externa do Estado Novo havia demonstrado quão

profícua, se bem articulada, poderia ser a aproximação com os Estados

Unidos:

o Assim entendem João Neves da Fontoura, Samuel de Sousa Leão

Gracie e Raul Fernandes.

• Sinais de alinhamento?

o Em 1947, Dutra mostrou rápida adesão brasileira ao Tratado

Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), assinado no Rio de

Janeiro por ocasião da Conferência Interamericana para a

manutenção da paz e da segurança no continente.

▪ Aderiu a quase totalidade da América latina.

o Ruptura das relações com a URSS.

▪ Não foi sinal de alinhamento.

• Os EUA não fecharam sua representação diplomática

nos URSS.

▪ Rompimento brasileiro guarda relação com contexto interno:

PCB foi cassado em 1947.

• Prestes: “em caso de guerra entre o Brasil e a URSS,

luto pela URSS”

• Cúpula da URSS criticou duramente a cassação do

PCB.

o Dutra solicitou desculpas oficiais.

▪ Motivo para ruptura das relações

diplomáticas.

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Bloco 15 – A Política Externa de Eurico Gaspar Dutra
Material: Material de apoio

o Não abertura de das relações com a China de Mao Zedong.

▪ Fecharam-se o consulado em Shangai e a embaixada em

Pequim.

▪ Assim como os Estados Unidos, Brasil passaria a ter relações

diplomáticas com a China de Chiang Kai-shek, líder do

Kuomintang em Formosa, atual Taiwan.

• Reabilitar a equidistância pragmática?

o Pressionar dentro da lógica da Doutrina Truman.

▪ Durante a IX Conferência Pan-Americana de Bogotá, a partir

da qual se criou a Organização dos Estados Americanos (OEA)

em 1948, a delegação brasileira requereu ao State Department

a concessão de espécie de Plano Marshall para a América

latina.

o Conferência da Havana, em 1947, OIC:

▪ Brasil pressiona para a adoção dos princípios de tratamento

especial e diferenciado para países em desenvolvimento.

• Alinhamento sem recompensas (Gerson Moura)

o Enquanto os Estados Unidos lançaram o Plano Marshall (1948) para

a Europa e o Plano Colombo para a Ásia, este em 1951, a América

latina foi relegada a segunda plano.

▪ Pelo menos até a Revolução Cubana (1959)

o Na perspectiva dos Estados Unidos, não haveria risco de contágio

comunista na América latina;

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Bloco 15 – A Política Externa de Eurico Gaspar Dutra
Material: Material de apoio

▪ Manuel Ávila Camacho, na presidência do México, havia

entabulado política de aproximação com os Estados Unidos

desde 1941.

▪ Juan Antonio Ríos, Presidente do Chile, era recebido por

Truman na Casa Branca.

▪ Juan Domingo Perón, na Argentina, declarava em praças

públicas seu repúdio ao comunismo.

▪ O Brasil, a seu turno, havia-se tornado um parceiro de

Roosevelt durante a Segunda Guerra, e Dutra, na presidência,

dava claros sinais de alinhamento.

• Alguns resultados, no entanto:

o As constantes pressões de Raul Fernandes no sentido de adensar os

investimentos estadunidenses no Brasil levaram o governo de

Truman a apoiar a constituição da Comissão Técnica Mista Brasil-

Estados Unidos, chefiada por John Abbink e por Otávio Gouveia de

Bulhões.

▪ Aos olhos de Raul Fernandes, a Comissão, inaugurada em

1948, parecia render menos frutos do que o esperado.

• Produziram-se relatórios e estudos científicos,

definindo metas e meios para o desenvolvimento

nacional.

• Mas não houve investimentos em formação de capital

fixo.

o Renovaram-se as esperanças quando Harry Truman apresentou o

Ponto IV ao Congresso estadunidense.

▪ Afirmava-se com todas as letras haver necessidade de

financiar o desenvolvimento do mundo periférico.

▪ Formou-se a CMBEU nos últimos meses de 1950.

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Bloco 15 – A Política Externa de Eurico Gaspar Dutra
Material: Material de apoio

• Embora a CMBEU deixasse um sem fim de relatórios

de assistência técnica, que foram recuperados por

Juscelino Kubitschek, o financiamento não alcançou as

metas esperadas.

• O avanço republicano no Congresso estadunidense

dava claros sinais que a Casa Branca não adensaria

suas políticas de assistência aos países em

desenvolvimento.

• Antes de deixar o Itamaraty, Raul Fernandes

endereçou a Herschel Johnson, embaixador dos

Estados Unidos no Brasil, o memorando das

frustrações.

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Bloco 15 – A Política Externa de Eurico Gaspar Dutra
Material: Lista de Exercícios

Questão 1. (CESPE – IRBr/2006) Considerando o contexto histórico do regime liberal-


conservador brasileiro, vigente entre 1946 e 1964, julgue (C ou E) os itens a seguir.

1. Iniciado no imediato pós-Segunda Guerra Mundial, o governo do marechal Eurico


Gaspar Dutra assinalou, entre outros aspectos, a inserção do Brasil nas teias da
Guerra Fria, que então se inaugurava. Entre as decisões tomadas pelo país no
período, citam-se o apoio à diplomacia norte-americana, o rompimento de
relações com a União Soviética e a cassação do registro do Partido Comunista,
com a consequente perda do mandato dos parlamentares.

Questão 2. (CESPE – IRBr/2003) A partir da análise contida no texto apresentado e


considerando aspectos significativos da trajetória republicana brasileira, julgue os itens que
se seguem.
5. Entre 1946 e 1964, período em que o autor destaca a redemocratização, no
dia seguinte ao suicídio de Vargas e no desenvolvimentismo dos anos 50, o
Brasil avançou em termos de participação política, experimentou uma das
mais altas e rápidas taxas de urbanização conhecidas no mundo
contemporâneo e, em especial sob os governos Gaspar Dutra e Juscelino
Kubistchek, praticou uma política externa altiva, que possibilitou ao país
passar ao largo da Guerra Fria e adiar sobremaneira a internacionalização de
sua economia.

Questão 3

“Para a política externa brasileira, mais significativamente que a implantação de um regime


democrático com a eleição de Eurico Dutra (1946-1950), foi a chamada reversão de alianças entre
os Estados Unidos e a União Soviética que resultou na Guerra Fria. De fato, o novo regime não
abalou a relativa autonomia do Itamaraty na condução dos negócios exteriores do país, já que o
próprio processo de profissionalização da diplomacia que instituíra o Ministério com o atributo
da competência e da confiança, fez com que a área de política externa permanecesse
relativamente insulada das injunções da política”. Letícia Pinheiro, Política externa brasileira.

Julgue C ou E a respeito da política externa durante o governo Eurico Gaspar Dutra:

1. A eleição de Dutra não alterou a condução dos negócios externos, na medida em


que João Neves da Fontoura, a principal voz do Itamaraty no período, acreditou
na permanência das relações privilegiadas com os Estados Unidos. Tentou-se
reabilitar explicitamente a política de barganhas, entabulada ainda durante o
Estado Novo, de maneira a assegurar o desenvolvimento econômico nacional:

1
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Bloco 15 – A Política Externa de Eurico Gaspar Dutra
Material: Lista de Exercícios

nesse sentido, manteve-se a cooperação econômica e militar, o que incluía o


reconhecimento, por parte de Washington, dos termos do acordo político-militar
de 1942, a possibilidade de obtenção de recursos para obras de infraestrutura e
a continuidade do treinamento militar. A perspectiva de João Neves da Fontoura
foi considerada acertada, à época, tendo em vista que, até o governo Eisenhower,
o Itamaraty conseguiu sustentar o ritmo dos investimentos norte-americanos no
Brasil.
2. Sob Dutra, os princípios da política externa seriam a amizade e a colaboração
com todas as nações do continente e o apoio à democracia na consolidação da
paz mundial. Na posse de Dutra, com efeito, o chanceler João Neves da Fontoura
deixou clara a orientação no sentido de seguir a política exterior dos Estados
Unidos, o que seria aplicado nas negociações multilaterais e mesmo nas
bilaterais. O alinhamento, que sob Vargas tinha um caráter instrumental,
tornava-se a prática e a finalidade da política externa brasileira.
3. Notável exceção na política de alinhamento com o Estados Unidos foi a questão
do veto no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas. Devido
ao parco apoio norte-americano ao Brasil, após a morte de F.D. Roosevelt, no
que concerne a presença do país sul-americano no Conselho de Segurança, o
Itamaraty orientou a delegação brasileira em Nova York a opor-se à estrutura de
poder montada pelas grandes potencias em São Francisco, especialmente, no
que diz respeito ao direito de veto conferido às cinco potências que compuseram
o Conselho de Segurança (os Estados Unidos, a União Soviética, o Reino Unido, a
França e a República Popular da China).
4. À época do governo Dutra, a política externa dos Estados Unidos para a América
latina girou em torno e três eixos: a consolidação de uma frente antissoviética, o
combate à pobreza e a organização da defesa do hemisfério. Único eixo exitoso,
a organização da defesa continental formulou-se mediante a criação do sistema
interamericano de assistência recíproca, institucionalizado com a Ata de
Chapultepec (1945), o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (1947) e
a Organização dos Estados Americanos (1948).

2
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Material: Lista de Exercícios

Gabarito
Questões/Itens
1 C
2 E
3 ECEE

3
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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 15


americana, estimulando a atuação coletiva
QUESTÃO 01
sobre os problemas regionais.

A respeito do governo de Eurico Gaspar Dutra (1946 –


QUESTÃO 02
1951), julgue (C ou E) os itens a seguir:

1. Ao longo do Governo Dutra, houve o “O ano de 1960 foi o último de Juscelino Kubitschek, o
predomínio do PSD na cena política nacional. JK. O país modernizara-se, suscitando um processo de
Os ímpetos conservadores da administração grande mobilidade social e geográfica. Havia ganhos
foram agravados pelo contexto internacional da materiais e simbólicos, notável elevação da autoestima
Guerra Fria e, em 1947, o STF decidiu colocar o e uma floração de talentos em vários campos artísticos,
Partido Comunista na ilegalidade. O ato judicial além da conquista do primeiro campeonato mundial de
foi acompanhado por intervenções em futebol em 1958. Tudo isso contribuiu para a
sindicatos e cassação de mandatos. O combate construção de uma certa memória daquele tempo:
ao comunismo transpôs as fronteiras nacionais anos dourados. Entretanto, nem sempre há
e resultou no rompimento de relações coincidência entre memória e história”.
diplomáticas com a URSS. Daniel Aarão Reis, História do Brasil Nação Vol. 5.

2. A cisão nas Forças Armadas opôs “entreguistas”


a “nacionalistas”. As alcunhas provinham de Acerca do processo eleitoral que conduziu Juscelino
seus respectivos posicionamentos quanto a Kubitschek ao governo, julgue C ou E:
condução dos assuntos econômicos: os 1. Embora mantivesse sua característica liberal
nacionalistas defendiam um desenvolvimento conservadora, a UDN tentou promover, ainda
baseado na industrialização com recursos no contexto do suicídio de Vargas, guinada
exclusivamente brasileiros; os entreguistas, por popular para ganhar as eleições de 1955, o que
sua vez, defendiam uma economia embasada resultou em pouco. As pressões da caserna
sobretudo nas exportações de commodities impuseram o nome do candidato Juarez Távora.
para parceiros tradicionais, como Inglaterra e Era resposta direta a composição da chapa de
EUA, sob a condução estatal. Juscelino Kubitschek para Presidente.
Governador de Minas Gerais, Juscelino
3. O relatório da missão liderada por John Abbink conseguira articular o PSD para secundar a
foi fundamental para o planejamento chapa de matriz varguista. Em seus respectivos
econômico do Brasil durante o governo Dutra, turnos, o PSP lançava a candidatura do
ao identificar os pontos de estrangulamento inconformado Ademar de Barros, e o Partido da
das finanças nacionais e propor soluções. O Representação Popular, a de Plínio Salgado.
auxílio técnico e a ajuda financeira dos EUA
garantiram o êxito do Plano Salte, responsável 2. Embora o suicídio de Vargas deixasse claro que
por grandes investimentos em logística e em a opinião popular não toleraria o advento da
energia. classe política contrária ao nacionalismo, a
campanha política do primeiro semestre de
4. No âmbito das Nações Unidas, o surgimento da
1955 reproduziu as cisões dos governos
Comissão Econômica para a América Latina
pretéritos. Enquanto Juscelino advogava, para
(CEPAL) visava estabelecer uma política
contar com o capital estrangeiro, a não
coordenada de defesa do desenvolvimento
intervenção do Estado na economia, o que
econômico da região. A Comissão foi
significava possibilidade de ruptura com o PTB,
fundamental não só para a formação de uma
Távora preconizava o contrário. Houve
reflexão autóctone como também para a
sucessivas artimanhas empregadas pelas
construção de uma identidade latino-
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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 15


partes em contenda para ganhar as eleições; das marchinhas de carnaval, o gênero
uma delas lembrava o episódio das cartas romântico era o favorito da era do rádio. Nelson
falsas, ocorrida com Arthur Bernardes, ainda na Gonçalves, Vicente Celestino, Orlando Silva e
Primeira República. Um punhado de jornalistas Francisco Alves destacaram-se, nesse contexto,
publicou supostas cartas redigidos por Antonio com suas populares samba-canções.
Jesús Brandi, deputado argentino, nas quais
pedia a João Goulart apoio para deflagrar uma 2. Na década de 1950, a televisão teve impacto
revolução sindicalista na América do Sul. limitado no Brasil. Assis Chateaubriand, quem
primeiro trouxe a televisão para o país,
3. Juscelino tinha ganhado por pouco, o que irritou equivocou-se quanto aos resultados esperados
a oposição. Por ocasião da morte do general de seu novo empreendimento. Os televisores
Canrobert, em novembro de 1955, o coronel eram caros e comprados exclusivamente pela
Mamede, que lutara contra o nacionalismo elite mais abastada, o que limitava o impacto da
getulista em parceria com Canrobert, publicidade. Caso contrário era o do rádio, cujo
pronunciou ásperas palavras contra a vitória de alcance era notoriamente maior.
Juscelino. Denunciava-se suposta frágil
legalidade, o que a UDN não duvidou em 3. No que concerne à música erudita, procedeu-
respaldar. Acusava-se Juscelino de ter se, durante a década de 1940, à tentativa de
angariado o voto comunista a despeito da abandono da música orfeônica, fortemente
ilegalidade do PCB. Estimou-se em 6% o marcada pela adesão político de Villa-Lobos ao
número dos sufrágios para a chapa de Juscelino Estado Novo. O movimento Música Viva,
teriam advindo das alas comunistas. Não era capitaneado por Edino Krieger, Claudio Santoro
um acaso: JK vencera com 36% dos votos, e e Guerra Peixe, buscava ampliar a liberdade
Távora perdera com 30%. artística mediante a incorporação da estética
dodecafônica. O movimento tinha concepção
4. Com a morte de Café Filho, assumiu a vacância evolucionista da música: dizia-se que a música
presidencial o presidente da Câmara, Carlos brasileira passava do momento nacionalista,
Luz. Nesse intervalo de tempo, o general Lott, simbolizado por Villa-Lobos, para o momento
então ministro da Guerra, instigou a reatividade universalista.
contra JK promovida por Mamede. Carlos Luz,
no entanto, optou pela legalidade, o que levou 4. A Bossa Nova foi ritmo de ponta na década de
Lott à demissão de seu cargo. A resistência 1950. Criada por jovens em apartamentos da
promovida por Lott e por Mamede pôs em Zona Sul carioca, a Bossa Nova combinou
marcha o episódio da novembrada, ou golpe aspectos de samba e de jazz. Este último gênero
preventivo. fazia sucesso no Brasil apenas entre uma
pequena elite que tinha acesso às notas azuis
de Charlie Parker. Foi o caso de Roberto
QUESTÃO 03
Menescal, Ronaldo Bôscoli, Carlos Lyra, Nara
Leão e Antônio Carlos Brasileiro Jobim, aos
Julgue C ou E a respeito das transformações culturais
quais se juntou o diplomata e poeta Vinícius de
no Brasil durante a República Liberal (1945-1964):
Moraes.

1. O rádio conheceu notória expansão entre o QUESTÃO 04


final de década de 1940 e o início da década de
1950. Principal meio de comunicação de “A Política Externa Independente (PEI), formulada
massas, o rádio criou legião de seguidores e originalmente durante a campanha eleitoral de Jânio
fabricava celebridades rapidamente. Para além Quadros à Presidência da República, em 1960, foi
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HISTÓRIA DO BRASIL – LISTA COMPLEMENTAR 15


concebida em razão de três objetivos: contribuir com a tinha no Congresso. Acenava-se para a crise de
política nacional de desenvolvimento econômico e agosto de 1961.
social, diversificar os laços internacionais do país de
maneira amigável e contribuir para a paz mundial. Para 3. Em que pese sua dimensão progressista, a PEI
tanto, o Brasil deveria agir com autonomia e exercer foi uma política de poucas realizações
maior protagonismo no cenário internacional, concretas. A curta duração do governo Quadros
ancorado em seu território de dimensão continental, no e a situação de crise praticamente contínua do
tamanho de sua população que poderia alcançar 100 governo Goulart impediram muitas vezes que
milhões de habitantes no final da década, e no esses princípios fossem aplicados conforme
crescimento industrial, que, em alguns setores, o sua concepção. As relações políticas com os
qualificava como poder econômico”. Estados Unidos foram tumultuadas, o comércio

História das Relações Internacionais do Brasil, Francisco Doratioto e Carlos


com a Europa não alterou substancialmente
Eduardo Vidigal. seu perfil, as iniciativas de restabelecimento das
relações diplomáticos com o Leste Europeu
serviram para acirrar os ânimos políticos
Julgue C ou E a respeito da política externa dos internos e até as relações com a vizinhança
governos Jânio Quadros (1961) e João Goulart (1961-
conheceram dificuldades, exceção feita ao
1964): Encontro de Uruguaiana, de 1961.
1. A formulação da PEI deu-se no bojo das
insatisfações brasileiras quanto à Aliança para o 4. Embora considerada pelo Itamaraty como
Progresso, articulado ainda na presidência de autônoma, a PEI não conseguiu ser plenamente
J.F. Kennedy, nos Estados Unidos. Os governos independente. A autonomia real, consistente,
Jânio Quadros e João Goulart buscaram efetiva das nações, não depende tanto do
resultados mais consistentes do que os obtidos discurso diplomático e sim dos recursos de
com a aproximação de Juscelino Kubitschek poder à disposição do Estado. O Brasil da PEI
com os Estados Unidos. O assistencialismo não era um país que tinha modernizado-se nas
deveria ser a tônica da cooperação com a Casa décadas anteriores, que precisava atualizar
Branca: a própria Aliança para o Progresso foi suas instituições, e que, em razão das
vista pelo Itamaraty de Afonso Arinos mais divergências que dividiam a sociedade,
como realização dos interesses norte- mergulhou em uma crise política cujo desfecho
americanos do que como apoio ao foram os acontecimentos de 1964.
desenvolvimento brasileiro.

2. Entre as novidades trazidas pela PEI ao


Itamaraty, duas geraram polarização política
internamente: por um lado, a negação da
tradicional aproximação diplomática com os
Estados Unidos gerou incômodos na UDN,
distanciando-a, portanto, do governo Jânio
Quadros; e, por outro, a extensão inédita das
relações do Brasil com os países socialistas,
com o continente africano e com a América do
Sul, desagradou não somente à UDN, mas
também ao PSD. Nesse sentido, Quadros
perdeu os últimos rastros de apoio político que
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LISTA DE EXERCÍCIOS

Aplicação: Lista Complementar 15

GABARITOS

Questão 01 Questão 02 Questão 03 Questão 04


C E E C C E C E C C C C C E C C

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