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A Abolição Incompleta A Vida Dos Ex-Escravos - 20241007 - 120411 - 0000

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IO ESTAD

ÉG

UA
COL

ESCOLA: CETI-IRAQUARA

L
PROFESSOR: RÔMULO
SÉRIE: 2H
ALUNOS: RAÍ, CAIO E HIARLEY
CETI - IRAQUARA

A T R A N S I Ç Ã O D O
T R A B A L H O E S C R A V O
P A R A O L I V R E N O
B R A S I L

A ABOLIÇÃO INCOMPLETA: A
VIDA DOS EX-ESCRAVOS
Como ficou a vida dos ex-
escravos após a Lei Áurea?
A abolição da escravatura, que aconteceu no Brasil em 13 de maio de
1888, foi um dos acontecimentos mais importantes de nossa história. Esse
foi um assunto que atravessou o debate político no Brasil durante todo o
século XIX, e a abolição só aconteceu por meio de uma campanha
popular aliada à resistência dos escravos.

Com a abolição, os escravos conquistaram a sua liberdade e seus antigos


donos não receberam nenhum tipo de indenização por isso. Uma
pergunta muito importante que surge desse assunto é: como ficou a vida
dos ex-escravos após a Lei Áurea? Assim, neste texto tentaremos trazer
alguns esclarecimentos acerca das condições de vida dos libertos após o
13 de maio.
CONTEXTO
Antes de tudo, é necessário entendermos um pouco do contexto pós-
abolição. A luta pelo fim da escravidão no país foi algo que se estendeu
durante todo o século XIX. Ao longo desse século, os escravos resistiram
de diversas maneiras e em diversos locais do país. Seja por meio de fugas,
seja por meio de revoltas, os escravos demonstraram diversas vezes a sua
insatisfação.

A escravidão no Brasil era uma instituição que existia desde meados do


século XVI, tendo sido introduzida pelos portugueses durante a
colonização. Com a nossa Independência, essa instituição cresceu e
tornou-se profundamente presente em nossa sociedade. A quantidade de
escravos que entrou no Brasil via tráfico negreiro, a partir do século XIX,
evidencia isso.
1
Na primeira metade do século
XIX, cerca de 1,5 milhão de
Três dados africanos desembarcaram no
Brasil;
importantes
que reforçam a 2
Entre 1831 e 1845, cerca de 470
mil africanos foram enviados
presença do tráfico para o Brasil pelo tráfico;

de escravos no
Brasil são: 3
Entre 1841 e 1850, 83% dos
africanos enviados para a
América vieram para o Brasil.
CONTEXTO
O primeiro passo para a abolição da escravidão em nosso país deu-se
com a proibição do tráfico por meio da Lei Eusébio de Queirós, em 1850.
Essa lei foi aprovada como forma de evitar um conflito com a Inglaterra —
país que pressionava o Brasil, havia décadas, pelo fim do tráfico negreiro.

A proibição do tráfico de escravos deu início a um lento processo que


resultou na abolição da escravatura quase quatro décadas depois. O
movimento abolicionista ganhou real força na sociedade brasileira a
partir da década de 1870. A mobilização pelo fim da escravidão aconteceu
em diferentes níveis e contou com a participação de intelectuais, classes
populares e, principalmente, com o envolvimento dos próprios escravos.
Os escravos organizavam-se e preparavam fugas individuais ou em massa e, para isso,
reuniam-se em quilombos que cresciam ao redor das grandes cidades. Outras vezes
organizavam revoltas contra os seus senhores. A resistência africana contou com o apoio de
grupos da sociedade que a abrigavam quando estava em fuga, incentivavam-na a rebelar-
se, davam apoio jurídico, defendiam a causa politicamente etc.

O enfraquecimento da escravidão no Brasil, resultado do esforço do movimento


abolicionista, é claramente identificado por meio da população de escravos que foi
diminuindo consideravelmente ao longo do século XIX, conforme levantamento do
historiador João José Reis:

1818: 1.930.000
No final da década de 1880, a manutenção da
1864: 1.715.000 escravidão era praticamente inviável, pois, ao mesmo
tempo que afetava a imagem internacional do Brasil (o
1874: 1.540.829 último país da América a ainda utilizar trabalhadores
escravos), afetava a ordem interna do país, já que o
1884: 1.240.806
Império não conseguia mais controlar a situação e as
1887: 723.419
fugas eram frequentes.
CONTEXTO

Assim, em 13 de maio de 1888, foi aprovada a Lei Áurea. Essa lei,


primeiramente, foi aprovada no Senado e depois foi encaminhada para
que a princesa regente, princesa Isabel, assinasse-a. A Lei Áurea garantiu a
liberdade para os escravos de maneira imediata, e os donos de escravos
não receberam nenhum tipo de indenização.

Com essa lei, os libertos agora estavam livres para buscarem uma vida
melhor. A vida dos escravos pós-abolição não foi fácil, principalmente pelo
fato de que o preconceito na sociedade era evidente e porque não houve
medidas para integrá-los economicamente na sociedade.
O DIA APÓS A ABOLIÇÃO
No dia em que a Lei Áurea estava sendo aprovada, a expectativa popular
nas ruas do Rio de Janeiro era gigantesca e as pessoas reuniram-se ao
redor do Senado e do Paço Imperial. A aglomeração de pessoas contava
com a realização de passeatas dos grupos abolicionistas, conforme
pontuou o historiador Walter Fraga.

Após ser aprovada no Senado, a Lei Áurea foi encaminhada para a


assinatura da princesa Isabel — que aconteceu no meio da tarde de 13 de
maio de 1888. Assim que foi divulgada a notícia de que a abolição da
escravidão havia sido decretada, a festa espalhou-se pela capital do Brasil.
A comemoração do Rio de Janeiro foi tão grande que se estendeu por sete
dias.
A comemoração na capital mobilizou milhares de pessoas e esse cenário
repetiu-se em outras grandes cidades do Brasil, como foram os casos de
Salvador e Recife. Nas duas cidades, foram realizadas comemorações de
ruas que contaram com passeatas de associações abolicionistas,
foguetório, desfile de bandas e o envolvimento de milhares de pessoas
que festejaram por dias.

A festa citada contou com a adesão dos libertos e foram tão efusivas
como os registros contam porque, como explica o historiador Walter
Fraga, simbolizaram a vitória popular e traziam uma forte expectativa por
dias melhores para os escravos e para todo o país.
Essa preocupação e esse desejo por dias melhores são muito bem
representados por um registro resgatado pela historiadora Wlamyra
Albuquerque. Nesse registro, um grupo de libertos de Paty do Alferes, no
Rio de Janeiro, redigiu uma carta para Rui Barbosa demonstrando a
preocupação com o futuro de seus filhos: “Nossos filhos jazem imersos
em profundas trevas. É preciso esclarecê-los e guiá-los por meio da
instrução”.

O relato em questão é de 1889 e demonstra grande preocupação com o


futuro dos filhos dos escravos nascidos após a Lei do Ventre Livre, de 1871,
e com a falta de instrução dada a esses. Isso demonstra claramente que
os ex-escravos preocupavam-se com o seu futuro e a falta de ações
governamentais para promover melhores condições de vida aos libertos
após 1888.
COMO FICOU A VIDA DOS EX-
ESCRAVOS APÓS A LEI ÁUREA?

A primeira grande reação dos libertos com a Lei Áurea foi, naturalmente,
comemorar. À medida que a notícia espalhava-se, grandes
comemorações eram realizadas e festas aconteceram tanto nas grandes
cidades, como nas zonas rurais do Brasil. Uma vez passada a euforia, a
nova situação levou os libertos a procurarem melhores alternativas para
viver, e Walter Fraga, utilizando o cenário do Recôncavo Baiano, fala que
uma das reações dos libertos foi mudarem-se de lugar.
Assim, muitos escravos acabaram abandonando as fazendas nas quais
foram escravizados e mudaram-se para outras ou então foram para
cidades. Essas migrações de ex-escravos aconteceram por múltiplos
fatores. Os libertos mudavam-se para distanciarem-se dos locais em que
foram escravizados, ou então iam para outros lugares procurar parentes
e estabelecer-se juntos desses ou até mesmo procurar melhores salários,
conforme descreve Walter Fraga.

Essas migrações, na maioria dos casos, eram uma ação mais realizada
pelos homens jovens, por terem melhores possibilidades de
estabelecerem-se em uma terra para cultivá-la. As mulheres que
possuíam filhos e os idosos tinham menos possibilidades de migrar à
procura de melhores condições.
A migração de ex-escravos gerou uma reação de grandes proprietários e
das autoridades daquela época trazendo-lhes muita insatisfação,
sobretudo porque os primeiros não aceitavam mais as condições de
trabalho degradantes que existiam antes de 1888 e porque estavam
sempre em busca de melhores salários. Assim, os grandes proprietários,
sobretudo do interior do país, começaram a pressionar as autoridades
para que elas reprimissem essa movimentação.

Com isso, os grupos de ex-escravos que migravam começaram a sofrer


com a repressão e foram sendo taxados de vadiagem e vagabundagem.
Essa medida focava, sobretudo, os libertos que eram mais
insubordinados e que costumavam não aceitar as condições impostas
pelos grandes proprietários.
Muitas vezes também, os grandes fazendeiros e antigos donos de
escravos impediam que os libertos fizessem suas mudanças. Muitos
desses eram ameaçados fisicamente para que não se mudassem, e outra
estratégia utilizada era a de tomar a tutoria dos filhos dos ex-escravos.
Inúmeros grandes proprietários acionavam a justiça para ter a tutoria
sobre os filhos dos libertos e com isso forçavam esses a permanecerem
em sua propriedade. Houve, inclusive, casos de filhos de libertos que
foram sequestrados.

Existiram senhores de escravos que não aceitavam pagar salários para os


ex-escravos, mas havia muita resistência por parte dos libertos quanto a
isso. Após a Lei Áurea, os libertos passaram a questionar as condições que
lhes eram oferecidas e essa atitude passou a ser vista como insolência. A
repressão mencionada anteriormente foi uma resposta dos grandes
fazendeiros a isso.
Se os libertos não encontrassem condições que lhes agradassem, e se
tivessem outras condições, a migração era sempre uma opção. Os
pagamentos exigidos eram realizados diariamente ou semanalmente e a
jornada deveria ter um limite. Aqueles que se mudavam para as cidades
acabavam aprendendo diferentes ofícios, tais como o de marceneiro,
charuteiro (produtor de charuto), servente, pedreiro etc. As mulheres, na
maioria dos casos, assumiam posições relacionadas com o trato
doméstico.

Logo após a abolição da escravatura, uma das questões mais


importantes, e que foi definidora para garantir a manutenção do liberto
como um indivíduo marginal e subalterno na pirâmide social, foi a
questão da terra. Não foi realizada reforma agrária e, assim, a grande
maioria dos 700 mil libertos, a partir de 1888, não teve acesso à terra,
sendo esses forçados a sujeitarem-se aos salários baixos oferecidos pelos
grandes proprietários.
A falta de acesso à educação por parte dos libertos, como mencionado
em uma citação anterior, era uma preocupação para esses e foi uma
questão fundamental para manter esse grupo marginalizado. Sem
acesso ao estudo, esse grupo permaneceu sem oportunidades para
melhorar sua vida.

Após a abolição, muitos libertos acabaram optando por retornarem ao


continente africano, dada as dificuldades encontradas aqui para eles.
Todas as dificuldades, porém, não foram impeditivos para fazer com que
os libertos relembrassem e comemorassem o 13 de maio como um
marco da sociedade brasileira.
Obrigado pela
atenção!

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