Menezes VanjaPotySandesGomes D
Menezes VanjaPotySandesGomes D
Menezes VanjaPotySandesGomes D
INSTITUTO DE ARTES
CAMPINAS
2018
VANJA POTY SANDES GOMES MENEZES
CAMPINAS
2018
Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): Não se aplica.
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3596-370X
Ficha catalográfica
Universidade Estadual de Campinas
Biblioteca do Instituto de Artes
Silvia Regina Shiroma - CRB 8/8180
Título em outro idioma: Slowing Down or an Ode to the Sun, to walk, and to the butterflies
: meditation and Yoga practices for training the performing artist
Palavras-chave em inglês:
Actors - Training
Meditation
Yoga
Creative process
Performative writing
Área de concentração: Teatro, Dança e Performance
Titulação: Doutora em Artes da Cena
Banca examinadora:
Júlia Ziviani Vitiello [Orientador]
Lygia Arcuri Eluf
Marcelo Ramos Lazzaratto
Mathilda Yakhni
René Marcelo Piazentin Amado
Data de defesa: 31-01-2018
Programa de Pós-Graduação: Artes da Cena
BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE DOUTORADO
MEMBROS:
1. PROF ª DRª JULIA ZIVIANI VITIELLO
2. PROF ª DRª LYGIA ARCURI ELUF
3. PROF. DR. MARCELO RAMOS LAZZARATTO
4. PROF ª DRª MATHILDA YAKHNI
5. PROF. DR. RENÉ MARCELO PIAZENTIN AMADO
ou
or
2º Capítulo
13. Artistas participantes do Núcleo de Práticas Meditativas no
Treinamento do Artista realizando o exercício Desaceleração. Foto:
Fabielle Vieira. (p. 56)
14.
Artistas participantes do Núcleo de Práticas Meditativas no
Treinamento do Artista realizando o exercício Desaceleração. Foto:
Fabielle Vieira. (p. 65)
15.
Artistas participantes do Núcleo de Práticas Meditativas no
Treinamento do Artista realizando o exercício Desaceleração. Foto:
Fabielle Vieira. (p. 66)
16.
Artistas participantes do Núcleo de Práticas Meditativas no
Treinamento do Artista em Dança Meditativa. (partes I, II e III).
Foto: Fabielle Vieira. (p. 74)
17. Artista participante do Núcleo de Práticas Meditativas no Treinamento
do Artista em exercício de meditação. Foto: Fabielle Vieira. (p. 76)
18. Artista participante do Núcleo de Práticas Meditativas no Treinamento
do Artista em Dança Meditativa. Foto: Fabielle Vieira. (p. 77)
19. Artista participante do Núcleo de Práticas Meditativas no Treinamento
do Artista em Dança Meditativa. Foto: Fabielle Vieira. (p. 80)
20.
Processo de formação da mandala coletiva no treinamento. Foto:
Fabielle Vieira. (p. 83)
21. Exercício de dharana – concentração sobre a vela. Foto: Fabielle
Vieira. (p. 93)
22.
Artistas participantes do Núcleo de Práticas Meditativas no
Treinamento do Artista realizando o exercício Desaceleração. Foto:
Fabielle Vieira. (p. 96)
23. Imagens representantes dos pontos de pressão dos pés: parte I -
apoio tripodal/ parte II – arco longitudinal e arco transverso do pé.
FONTE: SEJENOVICH, 2016, p. 06. (p. 97)
24.
Artistas participantes do Núcleo de Práticas Meditativas no
Treinamento do Artista massageando e investigando os pés com bolinhas
de tênis. Foto: Fabielle Vieira. (p. 98)
25. Eu, Vanja Poty, nos ensaios com o Núcleo de Práticas Meditativas
no Treinamento do Artista exercitando os pontos de apoio dos pés com
um bastão de madeira. Foto: Fabielle Vieira. (p. 99)
26.
Artistas participantes do Núcleo de Práticas Meditativas no
Treinamento do Artista compondo movimentos a partir das possibilidades
de utilização dos pés. Foto: Fabielle Vieira. (p. 99)
27. Eu, Vanja Poty, no Caminho de Santiago de Compostela em 17 de maio
de 2007. Foto: Vanja Poty. (p. 102)
3º Capítulo
28.
Artistas participantes do Núcleo de Práticas Meditativas no
Treinamento do Artista realizando o Exercício de Limpeza do espaço
cênico. Foto: Fabielle Vieira. (p. 106)
29.
Artistas participantes do Núcleo de Práticas Meditativas no
Treinamento do Artista na postura yogue Adho Mukha Svanásana, realizando
o Exercício de Limpeza do espaço cênico. Foto: Fabielle Vieira. (p.
108)
30. Artistas participantes do Núcleo de Práticas Meditativas no
Treinamento do Artista exercitando caminhos de purificação psicofísica
através da prática de Ásanas dentro de um igarapé. Foto: Fabielle
Vieira. (p. 110)
31.
Artistas participantes do Núcleo de Práticas Meditativas no
Treinamento do Artista na postura yogue Adho Mukha Svanásana, realizando
o Exercício de Limpeza do espaço cênico. Foto: Fabielle Vieira. (p.
110)
32.
Artistas participantes do Núcleo de Práticas Meditativas no
Treinamento do Artista em exercício contemplativo com as chamas das
velas. Foto: Fabielle Vieira. (p.120)
33. Pintura do artista El Greco: A Boy Blowing on an Ember to Light a
Candle / Soplón (1570-1572) (p.121)
34.
Artistas participantes do Núcleo de Práticas Meditativas no
Treinamento do Artista na vivência dos Ásanas em meio à natureza
(partes I e II). Foto: Fabielle Vieira. (p. 123)
35.
Artistas participantes do Núcleo de Práticas Meditativas no
Treinamento do Artista na vivência dos Ásanas em meio à natureza
(partes I e II). Foto: Fabielle Vieira. (p. 123)
36.
Artistas participantes do Núcleo de Práticas Meditativas no
Treinamento do Artista na vivência dos Ásanas em meio à natureza
(partes I e II). Foto: Fabielle Vieira. (p. 125)
37. Artista participante do Núcleo de Práticas Meditativas no Treinamento
do Artista acionando diferentes punctums psicofísicos na composição da
partitura física. Foto: Fabielle Vieira. (p. 127)
38. Artistas participantes do Núcleo de Práticas Meditativas no
Treinamento do Artista realizando Ásanas de equilíbrio e sustentação
em trio (partes I, II e III). Foto: Fabielle Vieira. (p. 132)
39.
Artistas participantes do Núcleo de Práticas Meditativas no
Treinamento do Artista realizando Pranayamas (partes I e II). Foto:
Fabielle Vieira. (p. 134)
40.
Artistas participantes do Núcleo de Práticas Meditativas no
Treinamento do Artista em exercício de concentração e estímulo no
ponto entre as sobrancelhas. Foto: Fabielle Vieira. (p. 135)
41. Artista participante do Núcleo de Práticas Meditativas no Treinamento
do Artista realizando Pranayama. Foto: Fabielle Vieira. (p.139)
42.
Artistas participantes do Núcleo de Práticas Meditativas no
Treinamento do Artista realizando Pranayamas com a utilização de
Bandhas (partes I e II). Foto: Fabielle Vieira. (p. 141)
43.
Artistas participantes do Núcleo de Práticas Meditativas no
Treinamento do Artista investigando a Dança das Oposições (partes I,
II e III). Foto: Fabielle Vieira. (p. 146-147).
44.
Artistas participantes do Núcleo de Práticas Meditativas no
Treinamento do Artista investigando a interligação entre o canto de
mantras e as partituras físicas e vocais (partes I, II, III e IV).
Foto: Fabielle Vieira. (p. 148-149).
4º Capítulo
45. Eclipse solar. Fonte: https://pixabay.com/ (p. 154).
46.
Imagem de minha ressonância magnética do joelho. Edição: Raquel
Thomé. (p. 155).
47.
Artistas participantes do Núcleo de Práticas Meditativas no
Treinamento do Artista em processo de criação cênica em meio à natureza
(partes I e II). Foto: Fabielle Vieira. (p. 158)
48.
Artistas participantes do Núcleo de Práticas Meditativas no
Treinamento do Artista exercitando uma forma de reverência em meio à
natureza. Foto: Fabielle Vieira. (p. 160)
49. Artistas participantes do Núcleo de Práticas Meditativas no
Treinamento do Artista exercitando a reverência (partes I, II e III).
Foto: Fabielle Vieira. (p. 161).
50.
Artistas participantes do Núcleo de Práticas Meditativas no
Treinamento do Artista em processo de criação cênica em meio à natureza
(parte I) e praticando yoga (parte II). Foto: Fabielle Vieira.(p. 162)
5º Capítulo
51. Eu, Vanja Poty, atenta às observações da Banca na defesa desta tese
em 31 de janeiro de 2018. Foto: Gustavo Rosa. (p. 166)
52. Eu, Vanja Poty, na abertura do programa performativo de defesa
desta tese em 31 de janeiro de 2018. Foto: Gustavo Rosa. (p. 167)
53. Eu, Vanja Poty, atenta às observações da Banca na defesa desta tese
em 31 de janeiro de 2018. Foto: Cris Eclipse. (p. 168)
54. Eu, Vanja Poty, realizando a ação de limpeza do espaço/ contêiner
durante o programa performativo de defesa desta tese em 31 de janeiro
de 2018. Foto: Gustavo Rosa. (p. 171)
55. Eu, Vanja Poty, realizando a Desaceleração com o público durante o
programa performativo de defesa desta tese em 31 de janeiro de 2018.
Foto: Gustavo Rosa. (p. 171)
56. Eu, Vanja Poty, realizando a Saudação ao Sol durante o programa
performativo de defesa desta tese em 31 de janeiro de 2018. Foto:
Gustavo Rosa. (p. 173)
57. Eu, Vanja Poty, realizando pranayamas durante o programa
performativo de defesa desta tese em 31 de janeiro de 2018. Foto:
Renata Bosco. (p. 173)
58. Eu, Vanja Poty, meditando com o público e com a Banca durante o
programa performativo de defesa desta tese em 31 de janeiro de 2018.
Foto: Gustavo Rosa. (p. 173)
CAPÍTULO 1 21
(re)Começo ou como cheguei até aqui saudando o sol
Vem comigo? 24
diálogo com antepassados 25
modo antropofágico 26
caminho do meio 26
tese-criação 27
Medusa 31
Saudação ao Sol 34
docente 36
uma pontada me desperta 48
treinamento do ator 52
técnica, processo e poética 54
CAPÍTULO 2 57
Desacelerando ou uma ode ao caminhar e às borboletas
Desaceleração 58
meditação caminhando 61
AULA DE INTERPRETAÇÃO V 64
sentimento da beleza 67
punctums 70
presença autêntica 71
Dança Meditativa 72
crisálida 73
matéria 76
dharma art 78
mandala 81
tríades 82
rigor 84
Cavalo de Vento 85
inacabamento 88
chama de uma vela 92
pés 95
“o chão como um mestre zen” 101
peregrina 103
CAPÍTULO 3 107
Pro meu corpo ficar odara ou é tempo de limpar a casa para poder voar
limpeza 108
contêiner 108
purificação ritual 110
descoberta da elegância e da beleza 110
materialismo espiritual 112
vazio 112
fisiologia sutil 115
alquimia 115
tantrismo 115
relaxamento 116
pistas 117
partituras físicas e matrizes de movimento 119
investigação do corpo 119
harmonização das vias energéticas do corpo 121
prana 121
ásanas 122
permanência nas posições 122
minimalismo no treinamento 124
simbologias e arquétipos 125
punctums 126
manifestação do indizível 128
yün 129
wangthang 129
caminho do meio 131
pranayamas 132
fogo sagrado respiratório 133
bandhas 133
mula bandha 135
uddiyana bandha 135
ponto entre as sobrancelhas 135
bhastrika e ujjayi 138
hara 141
mantras 143
Bija 144
dança das oposições 145
partituras sonoras 152
CAPÍTULO 4 155
Um salto para a apreciação do eclipse ou isso não é uma despedida
dralas 157
reverência 159
tempos da encenação 163
entre mente e coração 164
resistência 165
CAPÍTULO 5 167
Epílogo: cinco procedimentos-girassóis para a defesa de
uma tese-criação ou como os fins de ciclo me comovem
BIBLIOGRAFIA 176
ANEXOS 184
19
APRESENTAÇÃO
O trabalho aqui apresentado
é um convite à viagem
psicofísica: methaphorae
ou BREVE INTRODUÇÃO (gr.) caminhar de
um ponto a outro sem
sair do lugar.
A escrita performativa em primeira proponho a
pessoa busca aproximar criadora, desaceleração
criatura e leitor: juntos, da percepção
atravessaremos veredas discursivas utilitária da vida e o encontro
verbais e não verbais, reveladoras do artista com o sentimento da
do processo de criação de um beleza resultante do cultivo
treinamento para artistas da cena de si meditativo/performativo.
que se desenvolve a partir das Recorrências imagéticas
Recorrências imagéticas trarão
técnicas do yoga e da meditação. pistas para a leitura do trabalho:
peço especial atenção à sequência
A obra de arte é aberta. Portanto,
de fotos, às posturas yogues
na concepção artística da tese,
evocadas por grafismos, às marcações
o texto fomenta a participação
de punctums que saltam à vista do
de seu fruidor por meio da
leitor como indícios do curso deste
evocação das sensações da autora
rio, à organicidade sinestésica da
– e dos artistas participantes da
forma dos textos, e aos fios de
investigação – em sua experiência
tinta que nos guiam por este
tanto no momento da escrita,
labirinto.
quanto na pesquisa de campo. Para
este intento, a forma do ensaio
foi escolhida pois, em seu formato
livre, é capaz de dissolver
certas formalidades acadêmicas
e abordar
abordar de maneira
maneira poética
poética o
percurso de encontro da artista- Vamos?
pesquisadora consigo mesma, com
uma prática pedagógica e com uma
linguagem cênica e de treinamento.
A escrita é um corpo que
dança por meio de imagens,
imagens,
palavras, linhas,
linhas, cores,
cores,
texturas e sons. A cada capítulo,
Obs: Para melhor visualização dos capítulos desta tese no formato PDF, recomendo a opção
de exibição “Rolagem em Duas Páginas” no seu computador. Nesse formato, ajuste o leitor de
modo que as páginas pares estejam do lado esquerdo da tela. Para isso, configure o seu leitor
para “Mostrar página de rosto em duas páginas” (“Visualizar > Exibição da Página > Mostrar
página de rosto em exibição em duas páginas”). Em outros programas de leitura, utilize a
opção “Inverter exibição” na guia “Exibir” ou com o botão direito do mouse para ajuste.
20
21
ou
1 O Gayatri mantra é um dos mais importantes da religião hindu, trazendo em seu canto devocional um pedido a divindade
Sol (Savita) por inspiração, espiritualidade e discernimento (MIRANDA, 2014). Georg Feuerstein traduz o canto: “Om. Terra.
Meia-região. Céu. Deixe-nos contemplar o esplendor mais excelente do Savitri [Sol], que ele possa inspirar as nossas visões”
(FEUERSTEIN, 2005, p.92)
22
Sukhasana
23
2 O termo sociedade iluminada é utilizado pelo mestre tibetano Chögyam Trungpa Rinpoche para se referir a um reino
lendário no Himalaia chamado Shambhala: uma comunidade mitológica da tradição tântrica budista na qual a bondade e
a sabedoria inatas de cada ser –“que não pertence a nenhuma cultura ou religião em particular, nem é exclusividade do
Ocidente ou do Oriente“(TRUNGPA, 2013, p.27) – se faziam presentes em suas ações, pois estes haviam despertado de
seus padrões habituais. Trungpa se inspira neste local utópico para difundir os ensinamentos contemplativos budistas no
ocidente, propondo caminhos para – a partir do cultivo de si proveniente da meditação –, elevarmos a experiência cotidiana da
sociedade ao nível do sagrado, nos engajando com gentileza no mundo em que vivemos emanando ziji – confiança brilhante
e radiante como o sol nascente. Aprofundaremos o tema no próximo capítulo.
3 B.K.S Iyengar (2014) chama estes recursos de suportes: objetos voltados para o bom alinhamento do corpo, para o
alongamento, relaxamento, meditação e para a sustentação de algumas posturas. Estes são materiais como tapetes
emborrachados, blocos de espuma e madeira, mantas, cintos de pano, almofadas, bandagens, bolas de tênis, entre outros.
Com eles, a prática de yoga fica mais fácil, confortável e proveitosa.
4 Camargo (2008) recorda que existem muitas variações para os nomes das posturas de yoga – ásanas – nas diferentes
tradições e escolas. Visando a acessibilidade desta tese, optei por apresentar denominações de posições já consagradas pelo
uso corrente, dando preferência, na maioria das vezes, às nomenclaturas utilizadas por Iyengar e por Kaminoff.
24
5 Sistema de pensamento hindu voltado para o desenvolvimento do ser por meio da integração entre corpo e espírito, e que
busca despertar energias latentes na coluna vertebral (chakras) a partir da disciplina psicofísica. Gulmini (2002) afirma a
maioria dos tipos de yoga que conhecemos hoje no ocidente derivam dos tratados do Hatha Yoga, principalmente do Hatha
Pradipika, de Svatmarama, datado de 1400 d.C. Segundo Souto (2009), a palavra Hatha assume significados distintos ao
longo da história do yoga: no tratado Mahabharata é empregada no sentido de ausência de esforço, no Yoga Vashita significa
força, e na literatura Natha refere-se a união dos canais energéticos Pingala e Ida do corpo humano, representantes do Sol
(Ha/ Surya) e da Lua (Tha/ Chandra).
25
6 O budismo Shambhala foi sistematizado por Chögyam Trungpa a partir da confluência de ensinamentos contemplativos de
tradições orientais distintas: a espiritualidade pré-budista xamânica da Ásia Central – Bön; as linhagens budistas tibetanas
Nyingma e Kagyü; o budismo Zen japonês; e o Confucionismo e Taoísmo chineses. O encontro desses caminhos espirituais tem
como fundamento da prática a meditação voltada para a construção de uma sociedade iluminada – de modo que, em sua maioria,
seus mestres e praticantes não se encontram reclusos em mosteiros, unindo atividade espiritual e secular, absoluta e relativa.
26
8 Schechner (2012), afirma que os rituais transformam as normas da vida cotidiana e modificam os sujeitos. São liminares os ritos
de passagem que, em espaços especialmente demarcados, corroboram para o entendimento e para a afirmação de novas categorias
sociais ou identidades, como a elaboração e defesa de uma tese, por exemplo (POTY, 2015, passim). Por sua vez, as artes da cena
podem ser liminares (transformadoras) ou liminoides (que transportam o sujeito apenas por um determinado período de tempo) por
consistirem em processos estéticos ritualizados. Ao longo desta pesquisa veremos como as práticas meditativas podem, por meio
da evocação de um ritual, colaborar na construção de espaços sagrados para a cena e para o treinamento do ator.
29
P E N S A N D O
Vrkshásana
31
Tadásana
34
P E N S A N D O
9 Chakras são centros de energia do corpo, conectados pela coluna vertebral e produtores de estados psicofísicos.
Os sete chakras principais são: Muladhara, Svadhishthana, Manipura, Anahata, Vishuddha, Ajna e Sahasrara. Veremos
ao longo dos capítulos que cada um está associado a uma parte do corpo e um mantra. O Anahata é o quarto chakra,
localizado no plexo cardíaco, responsável pelas emoções altruístas e pelo funcionamento dos pulmões e coração,
“fazendo circular oxigênio fresco e energia vital” (JOHARI, 2010, p.138). O termo deriva do sânscrito an (negação) e
ahan (golpear, atacar).
10 Mudras são gestos rituais utilizados nos cultos e danças indianas. Zimmer (2015), entende-os como uma complexa
linguagem das mãos (apesar de também poderem ser realizados em outras partes do corpo) que revelam diferentes estados
do ser na relação com o divino. O Anjali mudra é um gesto de conexão do ser com o próprio centro, harmonizando os dois
hemisférios do corpo. É também utilizado como cumprimento, agradecimento e manifestação de respeito em diversas
tradições espirituais.
35
Anjali Mudra
36
11 Termo cunhado por Charles Sherrington em 1906 e que se refere à capacidade de reconhecimento e percepção da
organização do próprio corpo e de seus movimentos, a partir do “conjunto dos comportamentos perceptivos que concorrem
para este sexto sentido que recebe o nome de cinestesia” (SUQUET, 2008, p.515-516). Consciência corporal.
37
12 Vale ressaltar que o teatro comercial e de massa que tem seu público garantido, porém trabalha com pressupostos
distintos. Não é deste tipo de teatro que falamos aqui.
38
Hasta Uttanasana
Uttanásana
39
esta tese, que um dia pareceu impossível, parece que vai sair.
(...)
Eu é que não me sento no trono de um apartamento, com a boca
escancarada cheia de dentes, esperando a morte chegar. Porque
longe das cercas embandeiradas que separam quintais, no cume calmo
do meu olho que vê assenta a sombra sonora de um disco voador.
Raul Seixas
Ouro de Tolo
13 Sejenovich (2016) recorda que nosso organismo está inteiramente conectado por meio das fáscias. Deste modo, se
imaginarmos nosso corpo na prática de yoga como um sistema de blocos sustentado por um eixo, assim como propôs Ida
Rolf, podemos alinhar nossa estrutura física de forma a interagir com a gravidade em todas as posturas.
41
Ashwa Sanchalanásana
Chaturanga Dandásana
43
Astanga Namaskara
Bhujangásana
44
14 No atual projeto pedagógico do Curso de Teatro da Universidade do Estado do Amazonas, essas falhas foram corrigidas e
os estudantes contam com cento e vinte e cento e oitenta horas (licenciatura e bacharelado, respectivamente) de práticas
corporais nos três primeiros semestres do curso.
45
15 Bandhas são contenções que ajudam a regular o fluxo de energia (prana) do corpo por meio da respiração. Mula significa raiz,
base ou fundação e “com a contração dessa região, a energia do abdômen inferior, cujo curso é descendente, é levado a subir para
unir-se ao prana vayu, que reside na região do peito” (Iyengar, 2016, p. 452). Veremos mais sobre os bandhas no terceiro capítulo.
46
P E N S A N D O
Não vai.
P E N S A N D O
51
16 Referência à música de Caetano Veloso. A palavra Odara é derivada do sânscrito “paz, tranquilidade” e, ao mesmo tempo,
no idioma africano Yorubá significa “tudo o que é bom”.
53
ou
17 No período entre agosto e dezembro de 2015, elaborei, como parte do trabalho de campo da presente investigação, as
bases do treinamento meditativo desta tese a partir das práticas da disciplina Interpretação V do Curso de Bacharelado
em Teatro da Universidade do Estado do Amazonas. A disciplina contempla em sua ementa o teatro performativo e o treina-
mento do ator/ performer. Deste modo, tive liberdade para exercitar com o coletivo a prática meditativa como preparação
do performer, buscando estabelecer brechas em nossos padrões habituais e fissuras no sistema de busca de conforto pes-
soal que permeia parte das vivências de nossa cultura. Ao longo deste capítulo, privilegiarei a reflexão acerca de algumas
práticas do treinamento, como a meditação sentada e caminhando. Os ensaios ocorreram duas vezes por semana (um dia
normal de aula e um dia extra de treinamento), quatro horas por dia, com doze estudantes. De 2015 até os dias de hoje, as
práticas de meditação sentada e caminhando fazem parte das aulas de interpretação que ministro e das experiências do
projeto de extensão Núcleo de Práticas Meditativas no Treinamento do Artista, coordenado por mim.
18 Grupo de teatro sediado na cidade de São Paulo, fundado por Juliana Galdino e Roberto Alvim. A atriz descreve as
práticas da companhia a partir dos procedimentos de imobilidade do ator, valorização das palavras e escuridão da cena,
“trazendo à tona o inconsciente dos textos” (GALDINO, 2010, p. 117).
59
19 Kriyas são técnicas complementares de purificação do corpo no Hatha Yoga, responsáveis por limpar seus resíduos e
trazer energia para o praticante. São divididas a partir do modo de limpeza – que pode ser por ar, água, fricção ou movimen-
60
to – e pela região do corpo a ser higienizada: craneonasofaríngea, gastroesofágica ou ano-retointestinal. Um dos kriyas
utilizados por Abramovic no Aquecimento dos Sentidos é o trátaka, ou yoga dos olhos. No exercício movemos e piscamos
os olhos em várias direções até produzir sensações de leveza e relaxamento. Cabe ressaltar que também existe uma
tradição hindu chamada Kriya Yoga, difundida por Lahiri Mahasaya na Índia e por Paramahansa Yogananda no ocidente,
porém não é desta escola que falamos aqui.
20 Os Objetos Transitórios são camas, cadeiras e pedestais feitos de madeira e cristais escolhidos pela artista de acordo
com suas qualidades energéticas, visando à interação do público a partir de três posturas do corpo: em pé, sentado e deitado.
61
21 Nas tradições Mahayana do budismo, são guerreiros bodhisattvas aqueles que “cultivam a compaixão e a sabedoria
e têm a valentia de viver com o coração aberto” (MÍPHAM, 2003, p.32) adentrando o coração de Buda – bodhichitta – por
meio da meditação, a partir da qual acessam o sentimento de compaixão para com os outros. Em Shambhala, o termo
guerreiro é proveniente da palavra tibetana pawo, que significa a qualidade de quem é corajoso, daquele não tem medo de
sair de sua zona de conforto.
63
22 Após a morte do Buda Siddharta Gautama em 483 A.C, as diferenças na interpretação de seus ensinamentos deram
origem a tradições diversas: a escola Theravada ou Hinayana (veículo estreito) é a mais antiga delas, datada de 330 A.C,
considerada a “doutrina dos anciãos” e tem ênfase na disciplina meditativa do praticante e nos ensinamentos canônicos
budistas, fundamentais para todas as visões, mas sem tolerar as revisões posteriores aos ensinamentos. As tradições
Mahayana (grande veículo) e Vajrayana (veículo indestrutível) surgiram posteriormente – em 240 A.C e 700 D.C respecti-
vamente – e têm como principal desígnio a compaixão amorosa voltada para a liberação do sofrimento de todos os seres.
Entretanto, a escola Vajrayana – visão do budismo Shambhala e tibetano – emprega técnicas tântricas de controle de
energia como meios hábeis (upaya) para a iluminação, bem como a orientação direta de um mestre/guru.
64
Observo que – nesta breve descrição que elaborei para esse capítulo
–, o começo marcado pela desorganização em relação ao espaço externo
foi fundamental para apresentar o treinamento de Desaceleração que
realizo até os dias de hoje no projeto de extensão com estudantes,
colegas professores do Curso de Teatro e artistas da comunidade no
Núcleo de Práticas Meditativas no Treinamento do Artista. A partir das
referências citadas acima – Desaceleração, Caminhada Lenta, Meditação
Caminhando e Caminhada Silenciosa – e do desejo de aliar meditação e
caminhar no treino com os estudantes, utilizei a prática para resolver
um problema – a dispersão do coletivo –, deixando de lado a vivência
yogue que havia planejado para o dia. Cecília Salles (2006) recorda
que os nós das redes de criação se dão a partir de interações complexas
entre as tendências do artista, seu ambiente e o acaso. Estes, juntos,
fomentam procedimentos de experimentação e de testagem de ideias, que
reorganizam o pensamento criativo de forma flexível.
Portanto, cabe ressaltar que a investigação do exercício não deseja
ater-se à simples aplicação das experiências vividas anteriormente, e
sim estabelecer um olhar antropofágico como caminho para a pesquisa:
deglutindo estas referências e transformando-as em linguagem artística
a partir das dinâmicas do processo criativo do treinamento. Para tal,
66
25 Como observei em trabalho anterior (POTY, 2015, passim), para Eugenio Barba, na formulação da antropologia teatral,
a hipótese do comportamento pré-expressivo do artista da cena é fundamental. Esta se baseia nas noções de memória
física e ancestral, provenientes de níveis biológicos e transculturais de organização performativa. A pré-expressividade
evoca princípios que retornam nas mais diversas técnicas cênicas e tradições coletivas, de tempos e culturas distintas,
anteriores ao espetáculo.
71
A partir de uma
crisálida, transformou-
se numa borboleta. É certo que
havia uma energia em combustão por mim
desconhecida. “Não dá mais, eu não posso
mais do que isso”. Mas tem a continuação. Assim
vocês podem se transformar numa borboleta. Aí
está o xis da questão. As asas transformadas
da borboleta eram extremamente imaturas. Tocaram
o ar, nesse instante, mas no começo não podiam
voar. Esse curto espaço de tempo... que tempo é
esse? Como age o espírito? É a consciência que age?
Acho que não. Não consigo explicar, mas esse curto
espaço de tempo para a borboleta conseguir voar,
isso é dança pura. Extratemporal, num certo sentido.
Nenhum artifício, nenhum expert pode criá-lo. Afinal
do que se trata? (OHNO, 2016, p. 196).
Dança meditativa
75
26 Referência à Arte como Veículo, termo cunhado por Peter Brook para nomear a última etapa de trabalho de Jerzy Gro-
towski, baseada no despertar de uma arte de viver por meio da prática cênica. Nesta etapa da pesquisa do artista, o ator/
performer encontra-se desobrigado de suas preocupações com o espectador, verticalizando os aspectos rituais e sagra-
dos do treinamento, como observamos em trabalho anterior (POTY, 2015, passim).
77
27 Como vimos anteriormente, Limpar a casa é o nome de uma oficina de criada por Marina Abramovic para o treinamento
de artistas para performances de longa duração. A vivência se assemelha a um retiro espiritual, pois é realizada na na-
tureza e propõe exercícios de concentração e resistência psicofísica, além de jejuns prolongados e votos de silêncio.
80
30 Aprofundarei esta terceira parte da tríade no terceiro capítulo desta pesquisa: Pro Meu Corpo Ficar Odara ou é tempo
de limpar a casa para poder voar.
83
estes dois pontos de apoio no centro do peito, que se abre como um sol
radiante descascando suas camadas protetoras e sentindo o calor da
consciência desperta no instante presente – metáfora da humanidade;
depois disso, o praticante se entrega para a sensação de presença que
se espalha pelo corpo e busca ser genuíno com as impressões do momento,
sem interpretá-las; por fim, o artista irradia para fora de si o calor
do centro do peito e a qualidade de energia descoberta, ampliando-a
para o espaço ao redor e para o coletivo.
Ao longo da pesquisa de campo, a prática se mostrou de grande
valia para trazer de volta à prontidão do ator/performer que divaga
tanto na prática da Desaceleração, quanto na Dança Meditativa e na
Partitura Física. Nas experiências atuais com o grupo, começamos o
ensaio estabelecendo uma roda, entrando em contato com o espaço e, com
uma reverência ao coletivo, elevamos o Cavalo de Vento para iniciar os
trabalhos do dia. Da mesma maneira terminamos o ensaio, em círculo com
a prática de lungta e uma reverência de encerramento. Percebi que, para
trazer a abertura para prática meditativa, a técnica de cinco passos
é interessante pois o artista tem tempo para conectar-se com o corpo,
o agora, o ambiente e com as suas emoções, expandindo sua percepção
psicofísica para começar a vivência criativa do dia reconhecendo estas
sutilezas. A mesma observação é válida para o término do ensaio, pois
com o cultivo de si e do grupo podemos readentrar o cotidiano com a
nossa capacidade de apreciação desperta, de modo que arte e vida se
misturam.
Para acessar o Cavalo de Vento imerso no processo criativo,
compreendi que o procedimento de cinco passos era demasiado longo e
poderia atrapalhar o artista que se descobria perdido no meio de seu
percurso expressivo. Desta maneira, trouxe para os encontros a técnica
de três passos que, como um sopro, traz a brisa do instante presente
para ator/performer que contempla e se inspira nesta qualidade de
energia para poder continuar agindo com disponibilidade em cena. A
experiência de evocar o Cavalo de Vento em três passos se dá seguinte
forma: primeiro aprimoramos nossa relação com nosso corpo e emoções
buscando estabelecer um estado de presença; depois, a partir desta
condição de abertura sentimos brotar a confiança na genuinidade de
nossas ações; e, por último, irradiamos para o espaço as sensações da
prática e seguimos desempenhando o que estávamos fazendo anteriormente.
Esteja presente
Seja genuíno
Solte e irradie
Instrução de
Chögyam Trungpa Rinpoche
para a elevação do
Cavalo de Vento
CALCANHAR
DEDINHO
DEDÃO
apoiarmos no meio dos pés abrindo seus arcos. Após a prática, retomamos
a caminhada distribuindo o peso entre os pontos e buscando suavizar o
impacto dos pés contra o chão, prestando atenção na alternância sutil
entre flexão e extensão das pernas, sem forçar as articulações dos
joelhos.
Julia Ziviani Vitiello (2004) recorda que cabe aos pés a função de nos
conduzir pelos caminhos. São eles que, a despeito de serem considerados
meramente utilitários em comparação aos devaneios intelectuais e às
emoções, trazem suporte e equilíbrio metamorfoseados em porto seguro
para um corpo que se estrutura no espaço e enfrenta os desafios do tato:
atraindo e se opondo ao que o chão lhe oferece. Os pés são fonte do contato
primeiro com as forças da natureza e, maleáveis, adaptam-se as intempéries
dos trajetos. Nas artes da cena, os pés precisam vencer as dificuldades
estruturais que lhe são características para serem capazes de sustentar
a presença cênica. Suas tensões podem desestabilizar a composição do
corpo do artista e, se devidamente relaxados e com prontidão, convertem-
se em uma passagem para fluxos energéticos distintos, provenientes tanto
das “entranhas da terra” (VITIELLO, 2004, p.46) quanto dos impulsos
psicofísicos do ator/performer ao longo de seu processo criativo.
P E N S A N D O
Corre.
Não corre.
Aprecia...
- O
Sol há de brilhar mais uma vez, a luz há de
chegar aos corações, do mal será queimada a
semente, o amor será eterno novamente...
106
107
ou
Peça de Limpar IV
01 DE AGOSTO DE 2017. Anotações em meu diário de tese:
Cansaço
108
Gero Camilo
Vai Desabar
...
...
...
...
...
...
...
...
...
...
...
Fomos.
E é tão simples.
Me sinto povoada por imagens que vão e vem. Líquidas elas passeiam
submergindo os artistas: a rua da casa lá na periferia em que a gente
corria por entre as gotas e fazia um trenzinho para escorregar na queda
d’água do escoadouro; bolhas de sabão; cheiro de azul e cimento molhado;
tombos de bicicleta; um exercício de uma disciplina do doutorado;
nadar no útero e colo de mãe, que está tão longe. Saudade. A água
esfrega, irriga e renova. Refresca. Assombradas as pessoas dos outros
cursos e da administração começam a surgir pelas janelas do edifício.
Não nos importamos. O chão está limpo e seguimos nos movendo dando
continuidade ao percurso da lavagem.
35 Caminho místico e filosófico pan-indiano popularizado no século IV d.C e assimilado pelo budismo tibetano, pelo jainismo
e pelo hatha yoga hindu. O Tantrismo baseia-se tanto em princípios femininos quanto masculinos em sua visão do cosmos
e se caracteriza pela valorização de experiências físicas no contato dos seres com o divino, fomentando “a exploração do
potencial espiritual inerente ao corpo”(FEUSTEIN, 2005, p.236).
116
P E N S A N D O
Céu e terra
Caminho do meio
Quietude e movimento
O que caracteriza
o yoga não é somente seu
aspecto prático, senão também
sua estrutura iniciática. Um indivíduo
não aprende nada do yoga por si mesmo; é
necessária a supervisão de um mestre (guru).
O yogin começa por abandonar o mundo profano
(família, sociedade) e, guiado por seu guru, dedica-
se a transcender sucessivamente os comportamentos e
os valores próprios da condição humana. Esforça-se para
‘morrer para esta vida’, e aqui se nota com a máxima
clareza a estrutura iniciática do yoga. Assistimos a uma
morte seguida de um renascimento a um outro modo de ser:
aquele representado pela liberação, pelo acesso a um modo
de ser dificilmente descritível no profano, o qual as
escolas indianas expressam com diferentes nomes: moksa,
nirvana, asamrkta, etc. (ELIADE, 2000, p. 13).
incondicionado),
tapas (esforço não egoísta
em cada ação), svadhyaya (educação
e observação de si mesmo) e isvara
pranidhana (entrega e dedicação ao divino);
ásana – posturas físicas para a meditação
que alinham corpo e espírito trazendo quietude;
pranayama – controle da energia vital a partir da
respiração, que altera estados de consciência e a saúde
psicofísica; pratyahara – prática de interiorização
consciente por meio do recolhimento do corpo mente e dos
cinco sentidos, retraindo-os; dharana – concentração em
um único ponto, que acalma os pensamentos e prepara para a
meditação propriamente dita, “produzindo a fusão da consciência
concentrada com o seu objeto de concentração” (GULMINI, 2002,
p. 264); dhyana – fluxo de atenção contínuo que transforma-
se em meditação, estado em que conectamos o corpo mente com a
consciência divina; samadhi – dissolução completa da dualidade
que ocorre através da meditação, na qual não existe mais a noção
de ego e o ser se ilumina.
Apesar do Yogasutra tratar fundamentalmente do ásana sentado
voltado para a meditação – pensando as posturas apenas como fontes
de imobilidade e estabilidade do corpo – e requerer o isolamento,
percebi que poderia me inspirar em parte de suas técnicas para
pensar o treinamento. Ao longo da pesquisa, investigamos pranayamas,
os procedimentos de concentração – dharana – relatados no capítulo
anterior, bem como os nyamas de purificação a partir da mistura do
conceito com técnicas complementares provindas do hatha yoga tântrico,
mais voltado para o corpo e para as posturas, tais como: a limpeza
psicofísica realizada através da respiração, do canto de mantras e de
bandhas – contrações dos esfíncteres anais, genitais, do diafragma,
da garganta e dos olhos. Inicialmente, o objetivo destas vivências
era proporcionar um repertório contemplativo para os artistas,
de modo que estes pudessem realizar a manutenção do treinamento
fora do horário de aula. Com o passar do tempo, vivenciamos estas
práticas buscando o aprofundamento da investigação e à construção
de cenas, partituras físicas e matrizes de movimento.
Como dito anteriormente, o tantrismo relaciona-se a um yoga
alquímico e pressupõe o engajamento do meditador nas coisas
da vida. Isso se deve “à irresistível força tântrica que
implica nova vitória de fontes populares pré-aryas” (ELIADE,
2015, p.173) que traz consigo o regresso a uma prática
yogue relacionada ao misticismo indiano autóctone. Neste
sistema, a investigação do corpo volta a ser o principal
caminho para a liberação dos sujeitos, de modo que
espontaneidade e criação trabalham em conjunto com
pensamento e purificação.
A partir dessa explanação, assumo ter
esclarecido o porquê de ter escolhido
fundamentar o treinamento a partir
destes princípios, porém gostaria
de acrescentar ainda algumas
120
aparente banalidade e
tornavam-se fonte da ex-
pressividade latente do
artista da cena.
Com persistência e
paciência os estudantes se
abriam para a apreciação
estética e sensorial das
imagens que surgiam a cada
postura, concatenando
a prática física com a
experiência do sagrado.
A desintoxicação do
corpo por meio das posições, tal como apresentada por Marcos Damigo,
reflete o princípio de limpeza dos canais energéticos – nadis – como
apontado nas páginas anteriores. Portanto, é a partir do contato com
a densidade do corpo na prática de ásanas que atravessamos sensações
psicofísicas e criativas rumo aos aspectos sutis desta tradição.
Adelice Souza (2010) ressalta que cada postura carrega consigo distintas
simbologias e arquétipos, de modo que a inspiração artística pode
florescer por meio do diálogo com estas posições.
É importante lembrar que, tanto a nomenclatura dos ásanas, quanto
sua execução, são de arcabouço mimético e naturalista pois reproduzem
as formas dos animais e de outros elementos da natureza, criando “uma
manifestação física e visual da forma divina”(SOUZA, 2010, p. 206).
Dessa maneira, os gestos, na prática do hatha yoga, expressam qualidades
metafóricas que necessitam ser verticalizadas para poder ampliar-se
para além do pleonasmo característico de sua codificação, impulsionando
a dramaturgia do ator/performer. No contexto deste treinamento, foi
preciso tomar cuidado com as poéticas físicas evocadas pela prática
yogue, pois muitas vezes me percebi impondo aos artistas a transposição
dos maneirismos das posturas para a composição de suas partituras
físicas, limitando sua liberdade criativa37.
37 Cabe ressaltar que não estou desvalorizando aqui as manifestações artísticas que têm como base estes pressupostos,
126
porém a presente investigação tem como parte de seus objetivos a composição de poéticas não-miméticas por meio do
treinamento. Portanto, admiro tanto os gestos sacralizados executados por uma dançarina Odissi, quanto os símbolos
evocados pelos movimentos de um ator do Kathakali, compreendendo que boa parte das linguagens cênicas tradicionais
orientais perpassam por essas veredas criativas iconográficas. O próprio Natya Sastra – tratado de Bharatamuni datado de
algum período entre II a.C e II d.C – ao refletir acerca da estética e da poética das artes performativas indianas, deixa claro
que o repertório codificado de movimentos destas manifestações se conecta com qualidades de energia sutis em meio à
representação cênica.
127
colori-lo melhor.
Renato Ferracini (2012)
propõe a transposição deste conceito
fotográfico de Barthes para o trabalho
do ator/performer a partir da ativação de
impulsos e contrações musculares, sensações e
imagens que, na prática do treinamento, estimulam
o artista na composição de matrizes de movimento e
ações físicas. Relacionando a noção de punctum com a
prática de ásanas no treinamento aqui proposto, aos poucos
percebia que, com a repetição constante de algumas posturas,
os estudantes adentravam tanto em suas simbologias, quanto em
suas sensações corpóreas na vivência das posições, expandindo-
as para seus processos criativos. Deste modo, estes pontos
são como “portas de entrada corpóreas para a recriação da ação
física” (FERRACINI, 2012, p. 178) e, para além do estabelecimento
de um estado de trabalho favorável para a experiência cênica38,
fomentam manifestações musculares das emoções e dos estados de
espírito do artista: geram zonas de jogo e improvisação, nas
quais os percursos de criação podem tanto ser controlados
simbolicamente pelo ator/performer, quanto experienciados
com toda sua intensidade, como em um mergulho sinestésico.
38 Para saber mais, buscar a explanação sobre os punctums de primeira camada no segundo capítulo.
129
expressivas dos
sujeitos, seus mistérios e
formas. Assim, o ar irradia por
entre os meandros de nossos corpos e
através dele nos conectamos com o instante
precioso em que nossas máscaras cotidianas
desaparecem e estamos presentes naquilo que fazemos
ou observamos.
Podemos relacionar a noção de punctum com a ideia
de yün do budismo tibetano. O yün revela a qualidade
de riqueza inerente aos fenômenos e às coisas – pessoas,
objetos, animais, plantas... –, expressando-se tal como o
“ar” de algo que nos atrai e que não conseguimos explicar
exatamente o porquê. Neste sentido, Chögyam Trungpa Rinpoche
(s/d) acredita que o nosso yün pessoal pode se conectar
com o yün dos elementos que contemplamos, provocando a
sensação de abertura em nosso corpo mente, de modo
que passamos a apreciar o que nos rodeia com
reverência e contentamento. Portanto, através
do exercício meditativo, aprendemos a cultivar
estados brilhantes como o ouro que trazem consigo
wangthang – campo de energia individual que
se manifesta através da presença autêntica do
praticante.
No contexto desta investigação, pude perceber
que os estudantes – consciente e inconscientemente
– projetavam o yün que descobriam nos ásanas para
suas criações. Desta maneira, os pontos de força
das partituras físicas brotavam da mistura entre
uma miríade de yüns: pessoais, yogues, artísticos,
do ambiente e do contêiner, entre outros. Para Chögyam
Trungpa essas qualidades despontam nebulosas, pois antes
mesmo de formularmos quaisquer pensamentos sobre elas, voam
pelos ares feito borboletas enquanto tentamos agarrá-las. Ao
mesmo tempo, seu bater de asas penetra na carne e nos desperta
e, por meio do treinamento, aos poucos conseguimos brincar
com eles, tocando-os e recombinando-os como bem desejamos,
transportando-os para a cena.
q u e
a junção das diferentes
características destes pranayamas me levaram a
refletir acerca das potencialidades expressivas destes fluxos
respiratórios na prática com os estudantes. Assim, os ruídos de
entrada e saída do ar poderiam incitar partituras vocais e sonoras
que fariam parte da elaboração poética dos textos a serem ditos pelos
atores e, da mesma maneira que as contrações dos bandhas estimulavam
seus movimentos, estes poderiam brincar com seus zumbidos, melodias
e sopros, compondo-os de acordo com seus impulsos criativos e com as
proposições de cada cena, interagindo com o silêncio instaurado pela
meditação e pelo contêiner como bem entendessem.
Para além destas potencialidades de ação dos pranayamas nos
experimentos deste treinamento, é sabido nos dias de hoje que o mestre
Constantin Stanislávski investigou as conexões entre a prática do yoga
e o trabalho do ator durante sua trajetória. Contudo, os frutos desta
pesquisa – que constituem parte relevante de suas experiências –, foram
censurados de seus livros pelo regime stalinista por serem considerados
demasiado espirituais e, portanto, se distanciarem da ideologia vigente,
de modo que “o grande homem do realismo socialista no teatro não poderia
ser inspirado pelos estudos místicos de eremitas Indianos”
(TCHERKASSKI, 2012, s/p). Neste sentido, o resgate
recente destes estudos traz à tona questões sobre o
seu Sistema que poderiam ser melhor compreendidas
sob a luz desta tradição, como o termo energia por
exemplo: segundo o pesquisador Sergei Tcherkasski,
este era originalmente chamado de prana, emanando
do artista da cena e irradiando de seu corpo e
alma como um círculo de fogo que conectava-o com
o ambiente, com os outros atores e com o público.
s o l a r e s
energéticos fundamentavam a
comunicação das qualidades sutis e psíquicas inerentes à
prática cênica, de modo que, por meio do treinamento do yoga e de
seus pranayamas, o ator poderia aprender a “manifestar o conteúdo
espiritual da personagem ao público, dominando a cena” (MAHFUZ,
2015, p.119).
Como vimos no capítulo anterior, Yoshi Oida ressalta que no Japão o
termo hara corresponde ao principal centro de energia do corpo humano,
igualmente situado na região do plexo solar e que “ultrapassa a noção
de um lugar fixo, sendo o núcleo de todo o self” (MARSHALL in OIDA,
2001, p. 35). Neste sentido, o ponto referido tanto por Stanislávski,
quanto por Oida, relaciona-se com o uddiyana bandha e com os chakras
Manipura e Svadhistana, trazendo consigo uma segunda fonte de apoio
para o artista da cena, que pode trabalhar em conjunto com a contração
do mula bandha em suas atividades. A consciência do movimento a partir
do hara no contexto das artes performativas e marciais japonesas
traz força, equilíbrio e ânimo para
seus praticantes, de modo que a
concentração neste ponto age como
uma ponte entre o céu e a terra,
razão e emoção que, assim como o
segundo cérebro do mestre russo,
transforma-se em um caminho do meio
no processo de manipulação criativa
dos fluxos energéticos investigados
nestas tradições.
P E N S A N D O
MUITO
LAM
VAM
RAM
YAM
HAM
AUM
AUM
144
Com o tempo, descobri que estes pontos de energia cantados
nos mantras eram também punctums físicos que traziam consigo
potencialidades de detalhamento das ações dos estudantes que,
ao observarem os locais de onde partiam seus impulsos para a
cena, sentiam-se livres para jogar e improvisar com eles. Desta
maneira, o coletivo aproximava-se em suas partituras da noção de
dança das oposições, concebida por Eugenio Barba (2012) para refletir
acerca dos contrastes entre as diferentes direções do movimento
cênico. Em contato com a vibração psicofísica dos pontos bija –
situados do períneo ao topo da cabeça, passando por toda a coluna – o
grupo compunha suas ações artísticas através de tensões energéticas
contrapostas trabalhando “múltiplas partes do corpo em extensão e
retração simultâneas ou em sentidos direcionais antagônicos” (POTY,
2015, p. 83).
Ao longo dos encontros passamos a exercitar a Desaceleração
cantando bija mantras, de modo que o apego excessivo das turmas
às músicas iniciais do treinamento cessou. A aproximação destes
caminhos espirituais sonoros nos levou a apreciar a musicalidade do
contêiner com mais frequência no treinamento. Desta maneira, passamos
a exercitar a concentração – dharana – a partir da contemplação dos
ruídos do ambiente e de seus entornos, deixando um pouco de lado
as melodias de base para desenvolver outro aspecto da consciência
panorâmica/vípashyana.
Ademais, iniciamos a prática de mantrásana – realização de
posturas yogues concomitantes ao canto de mantras – visando à
intensificação do aprendizado meditativo. Os estudantes ainda treinavam
em casa, evocando sonoridades específicas na construção corpórea
de cada personagem, descobrindo sensações e desejos performativos
atravessados pela vibração: moviam os ombros para frente do peito
protegendo a região YAM; caminhavam flutuando por aí estimulados pelo
topo da cabeça, território manifesto do chakra AUM; abriam bem a
146
41 Tradição japonesa de budismo esotérico. É considerada um ramo da escola Vajrayana assim como o budismo tibetano.
152
Silêncio
Até este instante, tudo o que foi proposto aqui de alguma maneira
dialoga com este objetivo primeiro de ultrapassagem da tagarelice dos
pensamentos. E ao mesmo tempo fui tão falante por entre estas páginas...
Contudo, estou segura que esta escolha criativa da escrita foi necessária
para que o leitor pudesse percorrer comigo esse percurso de busca
procedimentos e possibilidades para o treinamento do artista da cena.
153
Será?
Aaah...
(...)
Pausa
ou
amanheça
disse a lua
e o novo dia veio
o show têm que continuar disse o sol
a vida não para pra ninguém
ela arrasta você pelas pernas
quer você queira prosseguir ou não
este é o presente
(...)
você chegará até fim
do que é apenas o começo
continue
vá abrir a porta para o resto disto
tempo42
Esteja presente
- não tenho mais medo -
Abro os olhos.
anos no-
venta. Estava na segunda série
talvez? Lembro da professora constantemente
preocupada verificando se tínhamos as radiografias em mãos e
da turma em festa por termos saído da aula mais cedo para o evento.
Encontro finalmente o envelope amassado. Está quase, precisamos
descer. Corre senão perdemos o prazo. São pouco antes das quatro
horas da tarde e só tem a gente esperando no solário do prédio. Um
privilégio. Temos o espetáculo só para nós e para algumas crianças que
surgem curiosas pelas janelas. Vai começar.
Um amigo resolve meditar e decidimos fazer o mesmo todos juntos
por alguns minutos. Que bonitos são os afetos. O calor, o vento no
rosto e o barulho da floresta se sacudindo despertam os sentidos. É
agora. Distribuo as chapas e, sobrepondo-as umas nas outras, miramos
um sol tingido pela sombra da lua que coincidia em despontar. A
claridade dói nos olhos e não conseguimos permanecer por muito tempo
na observação. É importante descansar por alguns segundos antes de
voltar a contemplar.
Procuro esconder do grupo as gotas d’água teimosas que insistem
em escapar das pálpebras. Naquele momento, cercada de pessoas que amo,
me dou conta que aquelas folhas de acetato azul atravessadas pela
luz do eclipse são testemunhas da força curativa do tempo. Àqueles
ossos tortos ali retratados já não doem tanto e, sustentada por estes
joelhos bambos, entendo que consegui transformar a crise em poesia. Se
não houvesse o susto, provavelmente os procedimentos de treinamento
aqui relatados seriam bastante distintos.
Precisei compreender minhas próprias limitações para descobrir
como jogar com elas, rodeando-as para poder encontrar o melhor ângulo
de atravessamento e superação. A Medusa derreteu-se e deu lugar a uma
mulher não tão insegura de suas potencialidades e menos preocupada com
uma posição social/acadêmica de grande artista ou algo semelhante,
pois tudo o que deseja é fazer bem o ofício que escolheu distante desses
materialismos. Quiçá este tenha sido o mais importante ensinamento
de Chögyam Trungpa Rinpoche (2008) para mim, advertir-me que ser
artista/pesquisadora não é um status ou um rótulo que nos massageia
o ego pois, desta maneira, limitamos nossos percursos criativos para
o trabalho artístico literal, que nem sempre transborda para vida.
Para o mestre, é necessário preparar-se para ultrapassar essa neurose
e estar presente no instante da atividade artística, experienciando a
beleza da criação em sua forma mais simples e, assim, desabrochar para
a apreciação do mundo fenomênico em toda a sua amplitude.
No budismo Shambhala, a
reverência é uma forma de
consideração pela linhagem, pela
tradição, pelos professores e
pelos ensinamentos.
161
Kazuo Ohno
ou
Recepção/Acolhimento:
(Elevar o Cavalo de
Vento antes de abrir a
porta da sala. Coragem.
Não é preciso ter pressa.
É agora. Dar o salto ...
Ir para fora e observar.
PAUSA. Dar cinco toques na
tigela tibetana sentindo
as vibrações atravessarem
o espaço. Reverência.
Apresentar-se e falar da
investigação. Pedir para
todos tirarem os sapatos.
Deixar a banca entrar
primeiro, depois os demais.
Fechar a porta. Cantar o
mantra Gayatri45. Começar).
Introdução à pesquisa:
Bem vindos!
Enfim chegou o esperado dia.
Respira...
Vamos juntos?
47 Estilo japonês de apresentação de trabalhos no qual os slides não contêm palavras – apenas
imagens – visando promover a comunicação e o encontro entre sujeitos (o termo PechaKucha é tra-
duzido como bate-papo ou conversa informal). A regra é expor vinte projeções de vinte segundos
cada, totalizando seis minutos e quarenta segundos de fala. Para a defesa da pesquisa, inspirei-
me nesta metodologia e misturei-a com este programa performativo: subvertendo-a, separei seis
minutos para cada procedimento-girassol, trazendo seis fotografias – uma por minuto – de cada um
deles enquanto exercitava as ações do treinamento selecionadas e discorria sobre o percurso de
criação das mesmas.
171
Contêiner
Desaceleração
172
Ásanas
Pranayamas Meditação
174
Viver o
instante presente.
Exercitar a atenção, o
foco e as sensações. Primeiro a
partir da concentração em um objeto
para, depois, desenroscar as rodinhas
da bicicleta e dar um salto no vazio. Com
este momento de pausa procuro centrar-me
antes de ouvir os apontamentos da banca. Dois
minutos de meditação coletiva: foco no fluxo
respiratório, nos cheiros e ruídos da sala. Assim,
no espaço entre mente e coração, findo esta série.
Reverência.
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183
ANEXOS
185
_______________________________
Vanja Poty Data: __/__/__
_____________________________________
Nome do Voluntário Data: / /
187
_______________________________
Vanja Poty Data: __/__/__
_____________________________________
Nome do Voluntário Data: / /
189
DECLARAÇÃO
DECLARAÇÃO
_______________________________
(assinatura do declarante)
192
_______________________________
Vanja Poty Data: __/__/__
_____________________________________
Nome do Voluntário Data: / /