Barreto & Rocha Covid 19 e Educação
Barreto & Rocha Covid 19 e Educação
Barreto & Rocha Covid 19 e Educação
Resumo: Com o COVID-19, a volta à normalidade não apresenta soluções fáceis, a vida social,
educacional e econômica estão sendo extremamente afetadas. Com a Pedagogia Pandêmica, as
formas de se relacionar, de consumir, as estratégias de trabalhos e, sobretudo, o trabalho docente
foram impactados. Diante desse cenário, esse estudo bibliográfico e documental objetiva tecer
reflexões sobre os impactos e desafios do COVID-19 na Educação. Os resultados mostraram que
muitos são os desafios e (im)possibilidades para a prática docente no atual contexto, observa-se que
os professores e professoras são mais consumidores da tecnologia que produtores. Esse fato se
deve ao modelo de formação inicial que precisa ser pensado/adaptado para as demandas da
contemporaneidade. A Educação a Distância (EaD) precisa ser configurada como espaço de
democratização. Muitos alunos e alunas não possuem acesso à internet e não dispõem de espaço
adequado para o desenvolvimento de estudos nas residências.
Abstract: With COVID-19, the return to normality does not present easy solutions, social,
educational and economic life are being extremely affected. With Pandemic Pedagogy, the ways of
relating, consuming, work strategies and especially teaching work, were impacted. In view of this
scenario, this bibliographic and documentary study aims to reflect on the impacts and challenges of
COVID - 19 in Education. The results showed that there are many challenges and (im) possibilities
for teaching practice in the current context, it is observed that teachers are more consumers of
technology than producers. This fact is due to the initial training model that needs to be thought
out / adapted, for the demands of contemporary times. Distance education Bneeds to be
configured as a space for democratization. Many students do not have access to the internet and do
not have adequate space for the development of studies in homes.
Resumen: Con COVID-19, el retorno a la normalidad no presenta soluciones fáciles, la vida social,
educativa y económica se está viendo extremadamente afectada. Con la pedagogía pandémica, las
formas de relacionarse, consumir, estrategias de trabajo y especialmente el trabajo de enseñanza se
vieron afectadas. En vista de este escenario, este estudio bibliográfico y documental tiene como
objetivo reflexionar sobre los impactos y desafíos de COVID - 19 en Educación. Los resultados
mostraron que existen muchos desafíos y (im) posibilidades para la práctica docente en el contexto
actual, se observa que los maestros son más consumidores de tecnología que productores. Este
hecho se debe al modelo de entrenamiento inicial que necesita ser pensado / adaptado, para las
demandas de los tiempos contemporáneos. La educación a distancia debe configurarse como un
espacio para la democratización. Muchos estudiantes no tienen acceso a internet y no tienen el
espacio adecuado para el desarrollo de estudios en el hogar.
INTRODUÇÃO
Em 31 de dezembro de 2019, surge na cidade de Wuhan, província de Hubei,
República Popular da China, ocorrências de casos de pneumonia na cidade. Naquele
momento, a OMS foi notificada a fim de verificar as recorrências dos casos. Logo, foi
identificado o agente transmissor, tratando-se de um novo coronavírus: SARS-CoV-2, que
pode levar à síndrome respiratória aguda, hospitalização e morte.
A partir do dia 12 de março de 2020, o surto global de SARS-CoV-2 foi declarado
como uma pandemia, com 125.048 casos e 4.613 mortes, atingindo 117 países e territórios
em todo o mundo. De acordo com Freitas, Donaliso e Napimogal (2020), não existe muita
clareza sobre vários aspectos epidemiológicos da doença que se espalhou rapidamente pelo
mundo, mas já se sabe uma forma de combatê-la: é testando em massa e isolando pelo
menos 80% dos contaminados.
Com a pandemia, a volta à normalidade não apresenta soluções fáceis, a vida social,
educacional e econômica, estão sendo extremamente afetadas. O mundo hoje presencia
uma nova forma de comportamento social, com a Pedagogia Pandêmica, as formas de se
relacionar, de consumir, as estratégias de trabalhos e, sobretudo, o trabalho docente foram
impactados.
Com esse cenário, a educação em época de COVID-19 passa a entender a
tecnologia como um espaço de luta, transformação, mas também de desigualdades. Diante
desse desafio, com base em alguns estudos e documentos legais da Educação, esse texto
objetiva tecer reflexões sobre os impactos e desafios do COVID-19 na Educação. Para
tanto, o presente estudo emergiu em um questionamento que norteou o desenvolvimento
do mesmo, a saber: Quais são os impactos e desafios do COVID-19 na Educação?
as regiões do país. Até o momento, dia 28 de abril de 2020, estima-se que existam 215.138
mil mortes e mais de 3 milhões de pessoas infectadas no mundo, sendo 5.019 mortes e
66.501 casos confirmados no Brasil, com uma taxa de letalidade de 6,8%. Os números no
país não são considerados reais por especialistas, uma vez que o Brasil não possui número
de testes suficientes para testagem em massa. Para Santos (2020), os grupos dos países do
Sul enfrentarão um surto da pandemia mais discriminatório e difícil, uma vez que estes
padecem de uma vulnerabilidade que vem antes da quarentena e que se agrava com ela.
Abaixo (Figura 11), apresentamos os números das evoluções de casos nos Estados
Brasileiros, com destaque para os três estados mais atingidos pela pandemia.
1 Figura 1 - Os dados que foram utilizados para construir esse gráfico estão disponíveis em:
https://covid.saude.gov.br/ Acessado em: 28/04/20.
conforme advogam Macedo, Ornellas e Bonfim (2020, p. 06), “os processos de redução de
infecção em todos os lugares do mundo se dá pelo isolamento e quarentena da sociedade,
higienização e medidas para pormenorizar as contaminações”.
Os países que aderiram tardiamente ao isolamento apresentaram números maiores
de transmissão, enquanto em outros países que fecharam suas fronteiras e se isolaram
apresentam melhores números. A tabela representada abaixo, construída através dados da
Johns Hopkins University, demonstra o comportamento do número de infectados e
mortos durante os 50 dias de pandemia.
Diante do exposto, na tabela 2 observa-se que assim como os outros países, o Brasil
publicou legislações que versam sobre possibilidades de realização de atividades
pedagógicas por meio do Ensino a Distância. A possibilidade de desenvolvimentos de
atividades a distância não é tão recente, o Decreto-Lei nº 1.044, artigo 2° de 21 de outubro
de 1969 (BRASIL, 1969) já apresentava possibilidades de atendimento e o acesso de alunos
a atividades curriculares como forma de compensação em ausência das aulas, nos seus
domicílios.
A preocupação maior nesse momento é cumprir a quantidade de dias letivos e a
nova forma de como o calendário escolar será reorganizado, considerando também a Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB 9394/96 (BRASIL, 1996), que dispõe
de uma carga horária de 800 horas para o ensino médio e fundamental distribuídos em 200
dias letivos. Já para o Ensino Superior, são 200 dias letivos, conforme artigo 47. No
entanto, as medidas tomadas pelo governo do estado da Bahia estão justificadas no artigo
36 da mesma lei, no inciso 11, o qual afirma que a educação poderá ser exercida por meio
de educação a distância ou presencial mediada por tecnologias, sendo essa modalidade
supervisionada por uma equipe pedagógica e contida nos projetos pedagógicos.
Além disso, de acordo com o parecer N° 53/2020 do CEE - Conselho Estadual de
Ensino e a LDB (BRASIL, 1996), essa medida se justifica e deve ser conduzida diante da
comprovada emergência sanitária decorrente da pandemia. E como forma e
reconhecimento da lei, o artigo 32 afirma que
Com base nos documentos legais, o Ministério da Educação divulgou que a situação
já é considerada uma catástrofe mundial, não tendo precedentes na história pós guerra, e
Este momento nos parece desafiador, pois essa modalidade de ensino a distância
por meio digitais era uma exclusividade do ensino superior. E em meio à pandemia, as
famílias, professores e alunos da educação básica foram obrigados a se adequar e
administrar essa nova modalidade de ensino aprendizagem. Moraes e Pereira (2009, p. 65)
afirmam que
continentes foram afetados pela pandemia. Esses números só cresceram com o avanço da
contaminação pelo mundo. Só na Bahia, conforme citado anteriormente, mais de 800 mil
alunos da rede estadual estão sem aula nesse momento. Não se sabe ao certo, e não se tem
respostas precisas sobre quais os impactos na vida de professores, alunos e de todos
envolvidos.
Casagrande (2020), em entrevista, ressaltou que o uso das novas tecnologias como
forma de ensino aprendizagem é uma ferramenta já utilizada no ensino superior e, em
tempos de pandemia, serve como reparação de danos aos alunos durante a propagação do
vírus. Entretanto, o uso dessas mesmas tecnologias na educação básica é um problema
maior, porque as escolas não estão preparadas, mas ele defende que as instituições de
ensino mais rapidamente devem utilizar e se adaptar a essas novas tecnologias. Em
contrapartida, deparamo-nos com mais um problema, para que essas práticas sejam efetivas
e democráticas, ele defende que é necessário que todos os alunos tenham acesso à internet.
Em 2018, segundo pesquisa TIC domicílio, 30% dos lares brasileiros não possuem internet,
na sua maioria as residências de pessoas mais pobres. Para Casagrande (2020), essa questão
vai acentuar a diferença de classes. A rede privada vai encontrar algumas soluções que
demandam recursos financeiros, o que, para a escola pública, é muito mais difícil. Desse
modo, os alunos do sistema público devem sentir mais os impactos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estamos vivendo tempos difíceis com o COVID-19, a pandemia contemporânea
mostra-se globalizada e expõe que é necessário desenvolver, urgentemente, políticas
públicas de igualdade educacional, pensando em ações voltadas para a preservação da
dignidade, identidade cultural, do respeito à diferença e inclusão dos alunos, que
encontram-se nesse momento privados do direito que é garantido pela Constituição
Federal.
Muitos são os desafios e (im)possibilidades para a prática docente no atual
contexto, observa-se que os professores e professoras são mais consumidores da tecnologia
que produtores. Esse fato se deve ao modelo de formação inicial que precisa ser pensado/
adaptado para a contemporaneidade.
A EaD foi implementada no Brasil para contemplar demandas de formação inicial
de professores. Há muito a se fazer para a EaD funcionar na Educação Básica, uma vez
que não é configurada como espaço de democratização. Muitos alunos e alunas não
REFERÊNCIAS
ARRUDA, Eucidio Pimenta; ARRUDA, Durcelina Ereni Pimenta. Educação à distância
no Brasil: políticas públicas e democratização do acesso ao ensino superior. Educação em
Revista, v. 31, n. 3, p. 321-338, 2015.
BRASIL. Portaria nº 343, de 17 de março de 2020. Dispõe sobre a substituição das aulas
presenciais por aulas em meios digitais enquanto durar a situação de pandemia do Novo
Coronavírus – COVID-19. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/Portaria/PRT/Portaria%20n%C2%BA%20343-
20-mec.htm. Acessado em 30 de abril de 2020.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17. ed, Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1987.
MACEDO, Yuri Miguel. ORNELLAS, Joaquim Lemos. BONFIM. Helder reitas. COVID-
19 NO BRASIL: o que se espera para população subalternizada? INSS 2675-1291- DOI:
http://dx.doi.org/10.5935/encantar.v2.0001. Revista Encantar - Educação, Cultura e
Sociedade - Bom Jesus da Lapa, v. 2, p. 01-10, jan./dez. 2020.