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TCC 2021 - Gestão de Investimentos

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Investimentos na Palavra de Deus:

Ter independência financeira é plano de Deus?

Investments in God's Word:


Is having financial independence God's plan?

Aluna: Gilmara Saraiva de Souza Gonzalez 1


Orientador: Reinaldo Aparecido Domingos2
Coorientadora: Aline Alves Andrade de Aquino 3

1
Pós-graduando do curso de Especialização em Gestão de Investimentos e Educação Financeira pela
Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE); Especialista em Educação Financeira com Neurociência para
Docentes pela Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE); Graduada em Pedagogia Plena pela Universidade de
Santo Amaro (UNISA); formação em Teologia Avançada pelo Instituto Plenitude (INTEP-ILA); professora de
espanhol, palestrante, mentora, escritora, educadora financeira, coach com PNL, hipnóloga clínica. E-mail:
gilmaragonzalez.financas@gmail.com
2
Orientador: PhD. em Educação Financeira pela Florida Christian University (FCU), escritor, educador e
terapeuta financeiro. Presidente da DSOP Educação Financeira, Editora DSOP e da Associação Brasileira de
Educação Financeira (Abefin). E-mail: reinaldo.domingos@dsop.com.br
3
Coorientadora: Bacharela em Administração de Empresas pela Faculdade de São Paulo; Pós-graduada em
Finanças Empresariais pela United Business School (UBS); Pós-graduada em Market Intelligence pela Saint
Paul Escola de Negócios com MBA em Empreendedorismo e Gestão de Negócios pelo Centro Universitário do
Sul de Minas Gerais (UNIS). E-mail: aline.aquino@dsop.com.br
2

RESUMO

Este artigo analisa alguns fatores acerca dos Investimentos na Palavra de


Deus: ter independência financeira é plano de Deus? Tal abordagem é devida ao
fato de que muitas pessoas têm ideias divergentes deste assunto, no entanto, a
Bíblia revela-se o melhor manual sobre sucesso, crescimento pessoal e
investimentos já escrito. Sua sabedoria milenar continua atual, indicando os
caminhos para que qualquer pessoa, religiosa ou não, possa se sair bem no
mercado de trabalho e na gestão de empresas e finanças. O objetivo deste artigo é
trazer parte deste conhecimento através da revisão bibliográfica da própria Bíblia em
diversas versões, além de alguns autores renomados no mercado financeiro. A
análise revelou que há muitos profissionais de sucesso que declararam ter
construído uma carreira vitoriosa com base nas leis, nos princípios e nos valores da
Bíblia. Não importa se é empresário, gerente ou trabalhador, os ensinamentos
bíblicos são como chaves: funcionam para todos. Se utilizar a chave certa, poderá
abrir as portas da excelência, da credibilidade e do sucesso. Se estiver se
perguntando por que quase não se fala dessas lições profissionais tão valiosas, a
resposta é simples: em geral, a Bíblia é vista apenas como livro religioso, por isso a
maioria das pessoas faz uso limitado dela, seguindo somente suas orientações
espirituais. E aqueles que não se interessam por religião acabam nem sequer
atentando para importantes ensinamentos que poderiam mudar o rumo de suas
carreiras. Concluindo ao final, que sim: ter independência financeira através dos
investimentos é plano de Deus.

Palavras-chave: Bíblia. Investir. Educação Financeira. Orçar. Poupar. Potencializar.


Sabedoria Financeira. Sabedoria. Planejar. Honestidade. Tempo.
3

ABSTRACT

This article analyzes some factors about Investing in God's Word: Is having
financial independence God's plan? Such an approach is due to the fact that many
people have divergent views on this subject, yet the Bible turns out to be the best
manual on success, personal growth, and investing ever written. Its millenary wisdom
remains current, indicating the paths so that anyone, religious or not, can do well in
the job market and in the management of companies and finances. The purpose of
this article is to bring part of this knowledge through a bibliographic review of the
Bible itself in several versions, in addition to some renowned authors in the financial
market. The analysis revealed that there are many successful professionals who
claim to have built a successful career based on the laws, principles and values of
the Bible. It doesn't matter if you are a business owner, manager or worker, biblical
teachings are like keys: they work for everyone. If you use the right key, you can
open the doors to excellence, credibility and success. If you're wondering why these
valuable professional lessons are hardly talked about, the answer is simple: the Bible
is generally seen only as a religious book, so most people make limited use of it,
following only its spiritual guidelines. And those who are not interested in religion end
up not even paying attention to important teachings that could change the course of
their careers. Finally, yes: having financial independence through investments is
God's plan.

Keywords: Bible. Invest. Financial education. Budget. Save. Potentialize. Financial


Wisdom. Wisdom. To plan. Honesty. Time.
4

Introdução

Partindo do conceito de que a Educação Financeira é uma ciência humana


que busca a autonomia financeira, fundamentada por uma metodologia baseada no
comportamento, objetivando a construção de um novo modelo mental que promova
a sustentabilidade, crie hábitos saudáveis e proporcione o equilíbrio entre o ser, o
fazer e o ter, com escolhas conscientes para a realização de sonhos, vamos neste
artigo percorrer alguns ensinamentos bíblicos sobre dinheiro, finanças,
investimentos e comportamento humano, que nos levarão ao objetivo de mostrar
que o conhecimento da Bíblia, apesar de ser considerada antiga e para alguns, até
obsoleta, é totalmente contemporânea.
As escrituras tidas como sagradas, estão recheadas de ensinamentos que
nos dá um panorama geral da utilidade e usabilidade da Bíblia em todos os aspectos
de vida, inclusive como nos comportarmos diante da vida financeira.
Em suas escrituras inspirada por Deus, devemos fazer uso desta ferramenta
no sentido amplo da vida e não apenas nos aspectos da religiosidade. O que
fazemos quando temos algo útil em nossas mãos? Qual o significado de utilidade? É
para ser usado. E usada para quê?
Para o ensino: todos os tipos de ensino acerca dos aspectos que regem a
vida cotidiana; para a repreensão: há momentos de nossa vida que é preciso que
sejamos repreendidos, muitas pessoas se utilizam da Bíblia apenas neste aspecto,
para apontar erros, no entanto, a própria escritura vai além. Após uma repreensão,
ou seja, mostrar o erro, ela vem com a correção, dá o direcionamento e instrui o
indivíduo para que tome a decisão correta para seguir adiante, corrigindo sua rota.
As práticas da Educação Financeira, amplamente difundidas nos dias de hoje,
podem ser perfeitamente reconhecidos nos ensinamentos da Bíblia sobre o assunto,
tendo em vista que há muito mais versículos bíblicos que versam sobre o dinheiro e
o relacionamento humano do que versículos sobre amor e perdão, tão enfatizados
pelas religiões. É por este motivo que este estudo tem grande importância ao revelar
que ser independente financeiramente e ter reservas de dinheiro é plano de Deus e
a Bíblia por si só nos dá todo o direcionamento para isso.
Longe de esgotar todos os ensinamentos sobre este assunto que apesar de a
Bíblia ter milhares de anos, estar disponível em quase todos os idiomas no mundo e
ser o maior e mais acessível best seller de todos, é possível aprofundar ainda mais
5

estes estudos e ensinamentos, e eu convido você a passear pelas nuances deste


artigo e considerar a possibilidade de aprofundar seus próprios conhecimentos neste
assunto tão desafiador.
6

Metodologia

Segundo Marconi e Lakatos (1992), a pesquisa bibliográfica é o levantamento


de toda a bibliografia já publicada, em forma de livros, revistas, publicações avulsas
e imprensa escrita. A sua finalidade é fazer com que o pesquisador entre em contato
direto com todo o material escrito sobre um determinado assunto, auxiliando o
cientista na análise de suas pesquisas ou na manipulação de suas informações. Ela
pode ser considerada como o primeiro passo de toda a pesquisa científica.
Desse modo, este estudo foi construído por meio da revisão bibliográfica da
Bíblia em diversas versões de tradução além de autores como Reinaldo Domingos,
Howard Dayton e outros, focando em temas como a educação financeira e a
sabedoria bíblica financeira acerca de investimentos.
7

DESDE O PRINCÍPIO

Este artigo não tem a intenção de esgotar todo o assunto que é objeto de
estudo até porque seria muito pretensioso de minha parte imaginar a possibilidade
de arquitetar tamanha empreitada. No entanto, farei o possível para que esta dúvida
que surge na vida de tantas pessoas, se a prosperidade financeira é plano de Deus
para nossas vidas seja diminuída e em alguns casos dissipada.

Como estamos falando de processos que podem levar uma vida inteira, é
mister salientar que a Bíblia nos orienta em Provérbios a ensinar a criança no
caminho que deve andar e até o fim da vida ela não se desviará. Se ensinarmos as
crianças, desde a mais tenra idade o hábito de poupar, gastar menos do que se
ganha, a prática de planejar o futuro, ter domínio sobre seus desejos, se preparar
para tempos de dificuldades e ter objetivos claros para suas finanças, ela levará
esses ensinamentos para toda a vida e para quem estiver ao seu redor, espalhando
essa prática por onde for e terá a sua frente um futuro próspero e promissor.

O HÁBITO DE POUPAR OU FAZER RESERVAS

Vemos essa prática sendo ensinada quando José do Egito, ao desvendar um


sonho de Faraó, instituiu a reserva de 20% (um quinto) de tudo o que era produzido
pelo país nos tempos em que a economia ia bem, para que, quando a situação fosse
de escassez, houvesse reserva suficiente para a fome não atingir toda a nação:

Dayton, utilizando a palavra “economizar”, também fala da importância do


hábito de poupar:

Economizar é o oposto de estar com dívidas. Economizar é fazer uma


provisão para o amanhã, enquanto a dívida é apenas presunção sobre o
amanhã. Chamo o hábito de fazer economia de “Princípio de José”.
Economizar significa evitar um gasto hoje, para ter uma quantia para gastar
no futuro. Talvez seja por isso que a maioria das pessoas nunca economiza.
É necessário negar algo que você deseja hoje, e nossa cultura não é uma
cultura de negação. Quando queremos algo, queremos agora. (DAYTON,
2015, p. 112).

Aqui Dayton cita o “Princípio de José”, cuja história é contada no livro de


Gênesis nos capítulos 37 a 50. José foi um homem temente a Deus, o qual lhe deu
8

sabedoria em vários aspectos para prosperar em meio as adversidades, inclusive


sabedoria financeira para aconselhar o soberano do Egito, como relatado no livro de
Gênesis quando decifrou os sonhos rei:

Eu contei os sonhos aos adivinhos, mas nenhum deles foi capaz de explicá-
los. Então José disse ao rei: - Os dois sonhos querem dizer a mesma coisa.
Por meio deles Deus está dizendo ao senhor o que ele vai fazer. As sete
vacas bonitas são sete anos, e as sete espigas boas também são. Os dois
sonhos querem dizer uma coisa só. As sete vacas magras e feias que saíram
do rio depois das bonitas e também as sete espigas secas e queimadas pelo
vento quente do deserto são sete anos em que vai faltar comida. É
exatamente como eu disse: Deus mostrou ao senhor, ó rei, o que ele vai
fazer. Virão sete anos em que vai haver muito alimento em todo o Egito.
Depois virão sete anos de fome. E a fome será tão terrível, que ninguém
lembrará do tempo em que houve muito alimento no Egito. A repetição do
sonho quer dizer que Deus resolveu fazer isso e vai fazer logo. E José
continuou: - Portanto, será bom que o senhor, ó rei, escolha um homem
inteligente e sábio e o ponha para dirigir o país. O rei também deve escolher
homens que ficarão encarregados de viajar por todo país para recolher a
quinta parte de todas as colheitas, durante os sete anos em elas forem boas.
Durante os anos bons que estão chegando, esses ajuntarão todo trigo que
puderem e o guardarão em armazéns nas cidades, sendo tudo controlado
pelo senhor. Assim, o mantimento servirá para abastecer o país durante os
sete anos de fome no Egito, e o povo não morrerá de fome. (BÍBLIA, Gênesis,
41, 24-36).

A atitude de José ensina que é preciso poupar em tempos de fartura para ter
provisão para o futuro, mostrando ainda que tempos de crises e dificuldades sempre
existirão e são cíclicos na vida das pessoas. É preciso mudar a mentalidade
financeira. Quando vemos o mundo atual, nos deparamos com algo preocupante:
muitas pessoas escravizadas, presas por fundamentos errados em relação ao
dinheiro.

Endividamento, orgulho, soberba, mentiras, divórcios, corrupção, mortes,


brigas e destruição, tudo isso atrelado a uma mentalidade distorcida em relação ao
verdadeiro valor do dinheiro. Junto com isso, vemos a falta de conhecimento.
Quando a Bíblia relata que o povo perece por falta de conhecimento, isso se aplica
também à questão financeira. A ignorância financeira nos leva à pobreza, por isso,
temos que alinhar a nossa perspectiva em relação ao dinheiro com a perspectiva de
Deus.

Muitas vezes o conceito e aplicação que temos acerca das finanças é


fundamentada nas circunstâncias e ambiente que vivemos, somada a nossas
crenças, cultura e educação em relação ao dinheiro. Porém, essa visão pode estar
9

equivocada, pois nem toda certeza pessoal é uma verdade. A nossa perspectiva é
diferente da de Deus. Conhecer a maneira como Deus enxerga as finanças requer,
principalmente, mudança de mentalidade financeira.

Deus quer que nós tenhamos liberdade e independência financeira, que o


dinheiro seja nosso escravo, não nosso senhor. A Bíblia relata que as ofertas eram
depositadas aos pés dos apóstolos. Isso mostra algumas verdades em relação ao
dinheiro. Se fizermos uma análise em relação ao local do depósito vemos que: não
era nas mãos, ou seja, não devemos trabalhar por dinheiro; não era na cabeça, não
devemos tomar decisões por dinheiro; e não era no coração, onde teríamos o
dinheiro como senhor de nossas vidas. O local certo era nos pés, que significa
governo, dinheiro nos servindo, não como objetivo final, mas como estrados para os
pés que caminham e dão a direção. Essa é a maneira certa de recebermos os
recursos que Deus nos dá.

Portanto, o primeiro passo é questionar a nossa perspectiva atual em relação


ao dinheiro, que por si só é neutro, tem um preço, tudo depende do uso que se faz
dele, do valor que se coloca nele, e isso será diretamente relacionado aos nossos
resultados. Tudo começa no pensamento. Provérbios 4, 23 nos adverte: tenha
cuidado com o que você pensa, pois, a sua vida é dirigida pelos seus pensamentos.
As palavras que ouvimos geram um pensamento que determina uma ação, sejam
atitudes de mudança ou inatividade e, por consequência, geram os resultados. Eles
não estão ligados com aquilo que fazemos, mas como pensamos. Um exemplo
prático está na frase: “ou sou rico ou sou feliz”. Ao questionarmos essa inverdade,
mudarmos a nossa mente e entendermos que a verdadeira felicidade está dentro de
nós, começamos a ter resultados alinhados com o propósito de Deus para nossas
vidas. Outro exemplo prático é substituir “não consigo comprar isso” para “como
posso adquirir isso?” e com isso, mudar a mentalidade financeira.

O fato é que a Bíblia é um grande manual para a boa convivência em


sociedade, para uma vida equilibrada e próspera em todos os sentidos
principalmente na vida financeira que é o objeto deste estudo. Sendo estes assuntos
tão importantes, é natural que sejam também abordados ao longo da Bíblia. Um
importante autor de educação financeira cristã, Howard Dayton, fez uma pesquisa
bíblica sobre esse assunto e constatou:
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[...] Dezesseis das 38 parábolas tratam de como lidar com dinheiro e posses.
Na verdade, Jesus Cristo falou mais sobre dinheiro do que sobre quase todos
os outros assuntos. Há na Bíblia 500 versículos sobre oração, menos de 500
sobre fé, porém, mais de 2.350 sobre dinheiro e posses. Se o Senhor falou
tanto sobre isso é porque deseja que conheçamos Sua perspectiva a respeito
desta área crítica da vida. Ele se importou com a questão do dinheiro porque
dinheiro é importante! (DAYTON, 2015, p. 08)

Com essas informações acerca da Bíblia, se faz necessário e pontual fazer


uma análise sobre a maneira com a qual lidamos com o dinheiro. Qual é o
verdadeiro valor dado a ele? Questionar as crenças, educação e valores em relação
ao dinheiro e começar a ter pensamentos diferentes para que os resultados sejam
alinhados com a boa, perfeita e agradável vontade de Deus de que sejamos
independentes financeiramente.

PLANEJAMENTO, CONTROLE E TEMPO

Não importa quanto você ganha, mas sim a maneira como maneja seus
recursos “a riqueza que você perdeu não será nada comparada com o que Deus
lhe dará depois.” Jó, 8, 7. Há um dito popular muito conhecido que diz: de grão
em grão a galinha enche o papo. O que isso, na prática pode significar?

Que se cultivarmos o hábito de poupar, planejar e ter controle mesmo que


seja em poucas quantias financeiras, com o tempo essas economias crescem.
A partir do hábito de poupar, é necessário desenvolver outras habilidades,
como a de planejar e potencializar os recursos.
A verdadeira prosperidade é construída ao longo do tempo, como comenta
Domingos em seu livro “Ter dinheiro não tem segredo”:

Seja qual for o aspecto da vida, o tempo exerce um duplo caráter, podendo
ser o mocinho ou o vilão da sua história. A eterna barganha entre desfrutar
agora e pagar depois ou represar os desejos imediatos para poder realizar
sonhos futuros mais tarde é uma encruzilhada da qual dificilmente alguém
conseguirá escapar. Sempre será possível escolher, é claro! Mas é preciso
considerar que o preço da ansiedade costuma ser alto e tem impacto direto
no nível de prosperidade. Aliás, a palavra “prosperidade”, por sinal, traz em
sua etimologia as bases do processo que ela opera. Próspero vem do latim
pro: “a favor de” + spero: “esperar”. Daí é possível deduzir que uma pessoa
próspera é aquela que é capaz de esperar. (DOMINGOS, 2012, p. 85).
11

Um dos pilares mais importantes de uma gestão financeira eficaz, de uma


mordomia diligente em relação aos recursos que Deus tem colocado diante de nós,
é o planejamento. Deus é um Deus de planejamento, ou acham que Ele não podia
ter feito o mundo em um dia? Sim, Ele se alegra e nos ensina a planejar, pois os
planos bem elaborados nos levam à abundância.
Quando falamos sobre planejamento, a primeira coisa é conhecer as nossas
finanças. Não existe como planejar algo que não conhece. Conheça suas entradas e
saídas. Geralmente conhecemos somente o valor que entra, mas dificilmente temos
o controle de saber aonde vão os nossos recursos, para onde estão direcionados os
nossos gastos. Para isso, anotações devem ser feitas, colocando em papel para ter
uma visão geral. Se não há controle, não há noção de quanto gasta. Não interessa
onde – planilhas, caderno, aplicativo, o importante é ter a noção exata das receitas e
dos gastos. É como se fosse ao médico fazer um exame para diagnosticar possíveis
enfermidades.
A segunda ação em relação ao planejamento é ter objetivos claros para o uso
do dinheiro e fazer um orçamento acompanhando o realizado com exatidão.
Um dos itens mais importantes em relação ao dinheiro é entender que tudo
tem um tempo determinado. O conceito da semeadura e colheita requer tempo de
espera, seja no momento da preparação da terra, plantio, irrigação, crescimento,
para então colher os frutos. Vivemos em um mundo acelerado, uma “geração micro-
ondas”, que não tem mais o hábito de esperar. É importante entender que tempo de
espera não é tempo perdido, algumas coisas demandam tempo.
Um estudo realizado pela Universidade de Stanford, intitulado “Experimento
do Marshmallow” tinha como um dos propósitos entender as consequências da
habilidade de esperar. No estudo era oferecido às crianças a escolha entre um
marshmallow entregue imediatamente ou dois marshmallows se esperassem até o
retorno do pesquisador. Os pesquisadores descobriram que aas crianças que foram
capazes de esperar por mais tempo pela possível recompensa apresentaram
tendência de ter melhor êxito na vida, melhor desempenho escolar e menor índice
de massa corporal. Isso demonstra a necessidade de praticarmos o domínio próprio,
uma característica imprescindível para termos uma transformação em nossas vidas.
12

O homem sensato tem o suficiente para viver na riqueza e na fatura, mas o


insensato não, porque gasta tudo o que ganha. (BÍBLIA, Provérbios, 21, 20).

O ato de controlar e dominar nossos impulsos e emoções possibilita termos


postura diferenciada frente às dívidas. Quando o assunto é comprar ou consumir, se
temos domínio próprio, conseguimos controlar nossa vontade da alma e do corpo e
tomamos decisões financeiras alinhadas aos ensinamentos da Bíblia, gastando com
sabedoria e ao mesmo tempo não deixando de viver o presente.

ADMINISTRANDO A ABUNDÂNCIA

Deus nos criou para termos uma vida de abundância. Automaticamente


quando ouvimos isso relacionamos ao volume financeiro, a uma vida com muito
recurso. Mas será que realmente é assim?
Primeiro precisamos entender que abundância não está relacionada só com
dinheiro, porém aqui vamos focar na questão financeira.
Segundo, nem todos serão ricos. Uma vida abundante não está relacionada a
ter muitos bens materiais, propriedades e riquezas. Vemos isso na parábola das
moedas, onde há uma relação de diferentes quantidades de unidades monetárias
utilizadas na época:

- O Reino do Céu será como um homem que ia fazer uma viagem. Ele
chamou os seus empregados e os pôs para tomarem conta da sua
propriedade. E lhes deu dinheiro de acordo com a capacidade de cada um:
ao primeiro deu quinhentas moedas de ouro; ao segundo deu duzentas; e
ao terceiro deu cem. Então foi viajar. O empregado que tinha recebido
quinhentas moedas saiu logo, fez negócios com o dinheiro e conseguiu
outras quinhentas. Do mesmo modo, o que havia recebido duzentas
moedas conseguiu outras duzentas. Mas o que tinha recebido cem moedas
saiu, fez um buraco na terra e escondeu o dinheiro do patrão. – Depois de
muito tempo, o patrão voltou e fez um acerto de contas com eles. O
empregado que havia recebido quinhentas moedas chegou e entregou mais
quinhentas, dizendo: “O senhor me deu quinhentas moedas. Veja! Aqui
estão mais quinhentas que consegui ganhar.” – “Muito bem, empregado
bom e fiel”, disse o patrão. “Você foi fiel negociando com pouco dinheiro, e
por isso vou pôr você para negociar com muito. Venha festejar comigo!” –
Então o empregado que havia recebido duzentas moedas chegou e disse:
“O senhor me deu duzentas moedas. Veja! Aqui estão mais duzentas que
consegui ganhar.” – “Muito bem, empregado bom e fiel”, disse o patrão.
“Você foi fiel negociando com pouco dinheiro, e por isso vou pôr você para
negociar com muito. Venha festejar comigo!” – Aí o empregado que havia
recebido cem moedas chegou e disse: “Eu sei que o senhor é um homem
duro, que colhe onde não plantou e junta onde não semeou. Fiquei com
medo e por isso escondi o dinheiro na terra. Veja! Aqui está o seu dinheiro.”
13

– “Empregado mau e preguiçoso!”, disse o patrão. “Você sabia que colho


onde não plantei e junto onde não semeei. Por isso você devia ter
depositado o meu dinheiro no banco, e, quando eu voltasse, o receberia
com juros.” – Depois virou-se para os outros empregados e disse: “Tirem
dele o dinheiro e deem ao que tem mil moedas. Porque aquele tem muito
receberá mais e assim terá mais ainda; mas quem não tem, até o pouco que
tem será tirado dele. (BÍBLIA, Mateus, 25, 14-29)

Deus permite que alguns tenham mais riquezas que outros, porém todos
podem ter abundância e fartura.
O conceito de abundância é tudo que é superior ao necessário e precisamos
entender que as pessoas têm necessidades diferentes. Então o que é indispensável
para nós?
Se considerarmos que nossa renda é composta pela soma de necessidades e
desejos, a abundância é a concretização dos nossos desejos. Deus quer realizar os
desejos do nosso coração. Você tem realizado seus desejos? Se sim, você tem
abundância independente de ser rico ou pobre.
É isso mesmo, o pobre pode ter abundância. Provérbios 13:23 diz que o
pobre tira mantimento em abundância, mas por que ele é pobre? Ele tem
abundância, mas não usufrui da abundância.
Usufruir da abundância é consequência de agirmos com mordomia e isso
requer mudança de mentalidade, tendo atitudes de planejamento, proatividade e
fidelidade. Comece hoje a ter ações diferentes. Os resultados de amanhã são
consequências do que plantamos hoje, das sementes que lançamos no dia a dia. As
nossas ações no presente refletem o que teremos no futuro, portanto, não desista
dos seus objetivos, não desista dos seus sonhos, Deus tem um plano grandioso de
uma vida abundante para você aqui na Terra.

Em Deus e o Dinheiro, os autores têm a seguinte constatação:


Para começar, as Escrituras falam muito sobre dinheiro. A Bíblia contém
cerca de quinhentos versículos sobre fé e oração, ao passo que conta com
mais de dois mil versículos sobre dinheiro! Aliás, dinheiro é o tema de cerca
de 40% das parábolas de Jesus. Imaginei que Deus deve considerar esse
assunto bem importante, para dedicar tanto espaço a ele. (Cortines; Baumer,
2019)

Deus nos alerta a respeito de termos o dinheiro como nosso senhor e, por
consequência, perdermos a salvação e isso gera o sentimento de medo e negação
em relação ao dinheiro.
14

Quando lemos a história do homem rico que teve um encontro com Jesus,
questionamos o motivo de Cristo pedir que ele vendesse tudo o que tinha. Talvez
pensemos, será que aquele dinheiro não seria importante para o ministério de
Jesus? Mas Deus tinha ensinamento em relação àquele homem. Por mais que fosse
um homem bom, íntegro, honesto desde a sua juventude, todo aquele fundamento
estava no alicerce errado, pois ele tinha o dinheiro como senhor. Jesus estava
alertando quanto à salvação dele, quando disse “largue tudo, vem e me siga”, ou
seja, mude o senhor da sua vida. Em contrapartida, vemos a história de Zaqueu,
outro homem rico, que também recebeu o convite, mas rapidamente decidiu pela
generosidade e em consequência Jesus. Diferente do primeiro homem, Zaqueu
largou o alicerce da riqueza e entendeu que o dinheiro não poderia ser seu senhor,
mudando todo o rumo da sua vida. A Bíblia não relata de nenhuma forma que
Zaqueu mesmo tomando essa atitude tenha ficado pobre.
Outro relato que nos traz uma reflexão é quando o texto cita que os ricos
dificilmente entrarão no reino de Deus e que é mais fácil passar um camelo pelo
fundo de uma agulha do que um rico no reino de Deus. Ou seja, impossível um rico
entrar no reino de Deus. Como assim, é pecado ficar rico? É melhor ser pobre? O
problema está no querer, não no ser. O comportamento dos homens frente às
finanças reflete onde está seu coração, demonstra se a sua confiança está nas
riquezas ou em Deus.
Há outro contexto, das pessoas que são ricas, em 1 Timóteo 6:17 “não sejam
orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em
Deus, que tudo nos proporciona ricamente para o nosso prazer”. A fonte da nossa
riqueza é Deus. Ele é o dono de todo ouro e toda prata e nos proporciona o sustento
para nosso prazer, para usufruirmos com sabedoria e equilíbrio.
Deus se importa com as nossas finanças. Devemos ser administradores fiéis,
gastar com sabedoria, ter uma honestidade plena, ser generosos para com os
outros, trabalhar com excelência e diversificar nossos investimentos. Só assim
alcançaremos a verdadeira liberdade financeira no futuro, que é o verdadeiro plano
de Deus para nossas vidas.
Só eu conheço os planos que tenho para vocês: prosperidade e não desgraça
e um futuro cheio de esperança. (BÍBLIA, Jeremias, 29, 11)
15

Considerações

Após a revisão bibliográfica sobre o tema, que certamente não se esgotou,


pudemos chegar ao objetivo proposto de maneira muito exitosa. Voltando a pergunta
inicial, chegamos à conclusão de que tudo em nossas vidas independente das
crenças, é assunto de Deus e está amplamente descrito nas escrituras. O fato de
haver muito mais escrituras sobre o comportamento financeiro e a relação do
homem com sua forma de viver, pensar e agir, nos traz a clareza de que sim; fazer
investimentos seguros e a longo prazo está nos planos de Deus além disso pode ser
usado como um manual de instruções para transformar os pensamentos e o modo
de agir relacionado a educação financeira, com o planejamento correto e a diligência
e constância necessários. A Bíblia, se for corretamente estudada e praticada, nos
leva ao autoconhecimento e a mudança de hábitos e estruturas mentais, mesmo que
tenham sido incutidas em nossa vida desde a mais tenra idade. Ainda há um longo
caminho a ser percorrido acerca destes assuntos, tanto da educação financeira que
está ainda “gatinhando” em nosso país, quanto aos estudos de que a Bíblia é muito
mais que religião; é um manual de vida. O que facilita este aprofundamento é a
facilidade de se obter um exemplar da Bíblia em quase todas as casas do mundo,
muito mais do que livros específicos sobre os temas abordados neste estudo.
16

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BÍBLIA SAGRADA. Almeida Revista e Atualizada. 2. ed. Rio de Janeiro: Sociedade


Bíblica do Brasil, 1993. 1.253 p. Antigo Testamento e Novo Testamento.
BAUMER, Gregory; CORTINES, John. Deus e o dinheiro: como descobrimos a
verdadeira riqueza na Harvard Business School. 1. ed. São Paulo: Mundo Cristão,
2019.
DAYTON, Howard. O seu dinheiro. 2. ed. Pompéia: Universidade da Família, 2015.
DOMINGOS, Reinaldo. Ter dinheiro não tem segredo. 1. ed. São Paulo: DSOP
Educação Financeira, 2012.
DOMINGOS, Reinaldo. Livre-se das dívidas. 1. ed. São Paulo: DSOP Educação
Financeira, 2012.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do trabalho
científico. São Paulo: Editora Atlas, 1992. 4 ed.
Nieweglowski, Rafael – Iglesia Cristiana Reformada (devocionales)
https://www.instagram.com/icramericalatina_oficial/ (acesso em 05/06/2021- 15:25)
SCOTT, Steven. Salomão, o homem mais rico que já existiu. 1. ed. Rio de Janeiro:
Sextante, 2008.

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