Livro Bragaglia 2017 - Capítulos Organismos, Ética, Função Social, Pub Enganosa
Livro Bragaglia 2017 - Capítulos Organismos, Ética, Função Social, Pub Enganosa
Livro Bragaglia 2017 - Capítulos Organismos, Ética, Função Social, Pub Enganosa
BRAGAGLIA, Ana Paula. Ética: panorama teórico-conceitual. In: BRAGAGLIA, Ana Paula
(org.) et al. Ética na Publicidade: por uma nova sociedade de consumo. Rio de Janeiro:
Multifoco, 2017.
BRAGAGLIA, Ana Paula. Reiterando a função social da publicidade In: Ana Paula Bragaglia
(Org.) et al. Ética na Publicidade: por uma nova sociedade de consumo. Rio de Janeiro:
Multifoco, 2017.
BRAGAGLIA, Ana Paula. Publicidade Enganosa. In: BRAGAGLIA, Ana Paula (org.) et. al.
Ética na Publicidade: por uma nova sociedade de consumo. Rio de Janeiro: Multifoco,
2017.
PARTE 1
PUBLICIDADE E ÉTICA: VISÃO GERAL
Ana Paula Bragaglia
7; 12-14).
Nota-se, portanto, que a moral é o objeto da ética, e, essa, a sua ciência (“ciência da
moral”), já que pressupõe uma metodologia de pesquisa com rigor científico, isto é, exaustivo
processo investigativo e reflexivo, além de critérios de análise. Sendo assim, em seu sentido
original, clássico, a ética não cria a moral ou busca como fim principal prescrever
comportamentos (normas, deveres), mas, em vez disso, remete a uma postura, a uma atitude
de reflexão.
Certamente, muitas éticas tradicionais partem da ideia de que a missão do teórico,
neste campo, é dizer aos homens o que devem fazer, ditando-lhes as normas ou
princípios pelos quais pautar seu comportamento. O ético transforma-se assim numa
espécie de legislador do comportamento moral dos indivíduos em comunidade. Mas
a função fundamental da ética é a mesma de toda teoria: explicar, esclarecer ou
investigar uma determinada realidade, elaborando os conceitos correspondentes
(VÁZQUEZ, 1993, p. 10).
Mas o que é moral, afinal? Segundo Vázquez (1993, p. 25; 55), moral consiste no
“conjunto de normas e regras destinadas a regular as relações dos indivíduos numa
comunidade social dada”, visando “contribuir assim no sentido de manter e garantir uma
determinada ordem social” ou “preservar a sociedade no seu conjunto”. Dessa forma, a moral
visa “contribuir para que os atos [morais] dos indivíduos ou de um grupo social desenvolvam-
se de maneira vantajosa para toda a sociedade ou para uma sua parte”.
Tais normas da moral, no entanto, não se referem a todo o conjunto de regras ou a
todos os atos humanos possíveis, mas sim apenas àqueles que dizem respeito aos atos ditos
morais (VÁZQUEZ, 1993, p. 54). Ato moral é aquele que “tem conseqüências, de uma ou de
outra maneira, para os demais [e não só para seu autor] e que, por esta razão, é objeto de sua
aprovação ou reprovação”. Dessa forma, “os atos individuais que não têm conseqüência
alguma para os demais não podem ser objetos de uma qualificação moral” (VÁZQUEZ, 1993,
p. 54). São exemplos de tais atos, pelo menos a princípio, ações cotidianas como escovar os
dentes, amarrar os sapatos, entre tantas outras. Posto isso, também podemos definir moral
como um conjunto de normas de uma sociedade, grupo ou indivíduo voltadas a definir que
atos morais são bons ou maus/certos ou errados, no intuito de regular, assim, as relações entre
indivíduos em uma dada comunidade social (VÁZQUEZ, 1993, p. 55).
Nota-se que nessa definição surgiram tanto a expressão “social” quanto o termo
“indivíduo”. Explica-se. Pela própria definição de moral e de ética, entende-se como os
termos estão ligados a uma função social. Esse caráter social da moral e da ética reside
justamente no fato de que ambas têm como objetivo permanente uma preocupação com o
Outro, ou seja, com a coletividade. Isso porque, como já colocado, a moral busca preservar o
3
ambiente social, a vida em sociedade, no grupo, por meio da regulação das relações sociais
(VÁZQUEZ, 1993, p. 55).
A função social da moral consiste na regulamentação das relações entre os homens
(entre indivíduos e entre o indivíduo e a comunidade) para contribuir assim no
sentido de manter e garantir uma determinada ordem social. (...) Ainda que a moral
mude historicamente, e uma mesma norma moral possa apresentar um conteúdo
diferente em diferentes contextos sociais, a função social da moral em seu conjunto
ou de uma norma particular é a mesma: regular as ações dos indivíduos nas suas
relações mútuas, ou as dos indivíduos com a comunidade, visando preservar a
sociedade no seu conjunto ou, no seio dela, a integridade de um grupo social
(VÁZQUEZ, 1993, p. 55).
não se equivale de forma alguma a “tudo é permitido”. Ou seja, o caráter universal tanto da
ética quanto da moral não são seus arranjos normativos, mas, sim, como já destacado, a
preocupação em manter coesa e viva uma coletividade a partir da concretização máxima
possível do bem-estar social. Dessa forma, se, no caso das afegãs, o que estivesse sendo
vivenciado por meio das mutilações fosse sofrimento latente ou facilmente perceptível,
consciente ou inconsciente, como denunciam vários ativistas em defesa dos direitos humanos,
pode-se dizer que esta moral ou ética prescritiva/normativa não estaria cumprindo seu papel
de preservação do social. Em essência, é essa preocupação com o Outro (o Social), o caráter
universal da moral e da ética. Isso não significa, porém, que não se descubra, após o
raciocínio ético, que certas normas possam estar sendo preservadas no intuito de preservar
interesses de classe ou individuais.
Dito isso, retoma-se o já exposto de que cabe à ética, como postura reflexiva sobre a
moral, explicar os possíveis cenários por trás de uma moral, enfim, suas origens, suas
consequências, atores sociais interessados em sua perpetuação, entre outros ricos elementos
que a desvelem, procedimento a ser feito com o máximo de rigor científico, em termos de
investigação e análise (VÁZQUEZ, 1993, p. 12-14). É justamente por esse caráter
esclarecedor, explicativo que acabou surgindo o “sentido prescritivo-normativo” do termo
ética, bem como a ideia de que a ética busca uma moral menos nefasta para uma sociedade,
grupo ou indivíduo.
É importante registrar que, como afirma Vázquez (1993, p. 10), “muitas doutrinas
éticas do passado são, não uma investigação ou esclarecimento da moral (...), mas uma
justificação ideológica de determinada moral”, ou seja, visões voltadas a defender interesses
de grupos específicos, e que, para tanto, têm a pretensão de se traduzir em princípios, normas
universais que guiariam ou reformulariam qualquer moral existente. No entanto, a postura
reflexiva clássica sobre a moral prevista pela ética em seu conceito filosófico visa sempre o
efeito positivo de revisar normas sociais que possam estar trazendo mal-estar ao Outro,
buscando, ao menos, apontar tais efeitos.
É dessa linha de pensamento que surgem documentos mais “universais” como a
Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH). Tal documento se configura como um
amplo código de ética (prescritiva-normativa, conforme explicado a seguir), elaborado após
intensa reflexão ética, que se pretente universal por tratar de condições básicas, essenciais
para a vida da humanidade nos mais diversos contextos sociais.
Em seu sentido prescritivo-normativo, ética consiste, como aponta Marcondes (2007,
p. 9-10), no “conjunto de preceitos que estabelecem e justificam valores e deveres, desde os
5
mais genéricos [como o que é o amor, ou como uma pessoa deve agir quando está amando],
até os mais específicos, como o código de ética de uma categoria profissional”, princípios
estes que visam a “determinação do que é certo ou errado, bom ou mau, permitido ou
proibido, de acordo com um conjunto de normas ou valores [a moral ou as morais] adotados
historicamente por uma sociedade”. Também nesse sentido de ética, tais princípios, como
lembra Valls (2006, p. 70), Vázquez (1993, p. 54-55) e outros estudiosos do tema, são
definidos com base no critério do bem-estar da coletividade, ou seja, na reflexão sobre o
quanto a moral em questão pode trazer mal-estar à comunidade que a experimenta. Note-se
que tal sentido prescritivo-normativo não é o mesmo de moral, como o é o sentido
“descritivo” de ética.
Dito de outra forma, a “ética prescritiva-normativa” – diferentemente da “ética
descritiva”, que se equivale ao conceito de moral – é um conjunto de normas morais revisadas
pelo raciocínio ético, ou melhor, como aponta Karam (1997, p. 33), a “cristalização dos
princípios morais em códigos (documentos) validados pela reflexão ética”. Esse sentido
prescritivo-normativo de ética, ou seja, essa revisão de normas morais à luz da reflexão ética é
entendida como sinônimo de “deontologia” – do grego, “deon” (dever) e “logos” (palavra,
discurso) – que é traduzida como Ciência/Teoria do Dever (KARAM, 1997, p. 33).
Moral e ética também costumam ser relacionadas ao direito, ou seja, às leis. Assim
sendo, cabe aqui a explicação das semelhanças e diferenças entre os conceitos. Como afirma
Vázquez (1993, p. 81), “o direito e a moral respondem a uma mesma necessidade social:
regulamentar as relações dos homens visando garantir certa coesão social”. As normas
morais/éticas exigem, como mencionado anteriormente, a “convicção íntima dos indivíduos”
(vontade, ação voluntária), ou seja, uma postura de concordar de fato com as mesmas,
enquanto que as normas jurídicas (leis) não estão associadas a tal adesão, o que caracteriza a
chamada “exterioridade do direito” (VÁZQUEZ, 1993, p. 81). Outra diferença diz respeito às
punições. Infrações às leis podem contemplar multas e reclusão, enquanto que outras normas
(distintas de leis) remetem a penalidades mais leves definidas pelos organismos envolvidos
(retirada de publicidades de circulação pelo CONAR, órgão de autorregulamentação
brasileiro, por exemplo).
Outra comparação a ser feita é que se tornam leis aqueles princípios ético-morais para
os quais uma sociedade demonstra considerável consenso, através de seus representantes. Isso
ocorre, entre outros fatores, quando se tem o máximo de certeza possível sobre a gravidade
dos prejuízos sociais e individuais em que as infrações a tais normas podem implicar e quando
outros tipos de normas não estão sendo efetivamente cumpridos.
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Com base nessa introdução à discussão conceitual sobre ética, pode-se entender ética
publicitária tendo em vista o consumidor (e não agências e anunciantes concorrentes, por
exemplo) tanto a postura reflexiva sobre as normas morais preexistentes no setor
disseminadas culturalmente, sem intenso esforço reflexivo, quanto a revisão desses princípios
morais publicitários derivada de tal reflexão. Esses princípios são os referentes ao que seria
correto ou incorreto, bom ou mau para o consumidor na ação específica dos profissionais de
elaboração e difusão de peças publicitárias. Ainda com base no que foi exposto, essa reflexão
teria como critério o quanto as ações publicitárias poderiam estimular comportamentos
prejudiciais ou benéficos a terceiros – ao Outro – ou seja, aos sujeitos que os assimilam,
sejam eles público-alvo ou não.
Tendo apresentado os conceitos que compõem a ética, é interessante compreender
também as condições para se julgar um ato como antiético segundo a filosofia moral.
Refletindo sobre as ideias de Chauí (2000 p. 438, 439) e Vázquez (1993, p. 93-101) quanto a
este assunto, nota-se que tais condições podem ser resumidas em pelo menos três:
“consciência” (ou “conhecimento”), “responsabilidade” e “liberdade”.
A condição de “liberdade” se refere ao protagonista de uma ação antiética não sofrer
uma coerção externa ou até mesmo interna que o impossibilite de optar pelo caminho
contrário, ou seja, pela ação ética. Dessa forma, utilizando exemplos apresentados por
Vázquez, um cleptomaníaco que pratica a infração ético-legal de roubar pode não ter seu ato
classificado como antiético, pelo fato de ter sofrido uma pressão interna extremamente forte
para tanto, dado o distúrbio psiquiátrico (doença mental) que vem sofrendo. Do mesmo modo,
também poderia ser isento do julgamento ético, um funcionário que rouba o caixa de seu local
de trabalho em uma situação na qual um assaltante lhe aponta uma arma e ameaça dispará-la
caso ele não aja conforme tais ordens (VÁZQUEZ, 1993, p. 93-94).
“Responsabilidade”, por sua vez, nesse contexto de elementos fundamentais para se
julgar um ato sob o ponto de vista da ética, refere-se à noção compartilhada de “dever”, ou
seja, de “obrigatoriedade” de se agir de uma dada forma considerada a mais correta perante a
situação vivenciada (VÁZQUEZ,1993, p. 93-95). Vázquez (1993, p. 93-95) associa a esse
elemento a explicação de outro termo constituinte do campo ético, a “consciência”, referindo-
se, essa última, à capacidade do sujeito de ter conhecimento das consequências da ação
antiética/negativa (ou positiva) que venha a executar.
Para explicar esses dois elementos do campo ético, o autor cita o exemplo de uma
situação envolvendo uma pessoa com distúrbios mentais e outra que a acompanha, diferente
de seu psiquiatra ou de outro sujeito que conhece seu problema mental (VÁZQUEZ, 1993, p.
7
93). Imagine-se que essa última pessoa dá ao doente mental “um objeto que lhe provoca uma
reação específica de cólera [surto]”. Nem sempre dizer que não se sabia das consequências da
ação isenta de culpa o protagonista da ação. Como afirma Vázquez (1993, p. 93), a esse
agente, para não ter sua conduta julgada como antiética, “é necessário acrescentar que, não só
não as conhecia, mas que não podia e não tinha a obrigação de conhecê-las”. Nesse sentido,
quem mostrou o objeto pode ter seu ato absolvido caso não tenha sido informado pelos
familiares que autorizaram o contato do doente com essa pessoa.
Ao contrário, não podem admitir falta de consciência das consequências e também de
responsabilidade de/por tais consequências, por exemplo, os familiares que autorizaram a ida
do sujeito com distúrbio psiquiátrico à casa de quem lhe mostrou o objeto, de modo que eles
“podem certamente ser considerados responsáveis [culpados] pelo que aconteceu, já que
conheciam a personalidade de Y [o indivíduo doente] e as possíveis consequências para ele do
ato de X [quem mostrou o objeto que gerou o surto]”. (VÁZQUEZ, 1993, p. 93)
Para entender melhor, complementa-se que também existiriam os elementos
“consciência” e “responsabilidade” caso, nessa situação, a mãe tivesse deixado o jovem
doente com seu psiquiatra. Afinal, apesar de o médico também poder alegar que é inocente
por estar desprovido do elemento “consciência” ao dizer que não sabia das consequências do
ato de mostrar o referido objeto, não pode alegar que não possuía o elemento
“responsabilidade” ou “dever” de ter esse tipo de conhecimento, dada a sua formação e
trajetória médica junto ao paciente em foco.
Mas o que este raciocínio tem a ver com a ética publicitária e com o publicitário? Ora,
é importantíssimo para se refletir sobre a seguinte pergunta: há situações em que é possível
deixar de julgar como antiético um ato, a princípio, incorreto do publicitário e, portanto,
absolvê-lo da culpa de sua ação? A pergunta é mais interessante ainda em função das
respostas que costumam ser dadas por estudantes de Comunicação Social em momentos de
aula. Não raras vezes, alguém responde afirmativamente baseando-se no argumento de que se
o anunciante fizer questão de algum conteúdo antiético, o publicitário poderia ser absolvido
da culpa pelo ato, já que estaria ausente o elemento “liberdade”, fundamental para o juízo
ético. Sabe-se, no entanto, que esse não é o raciocínio correto. Isso porque sempre há a
liberdade de se propor ao cliente uma segunda, terceira ou diversas versões para sua
avaliação, bem como de se empenhar em um processo de convencimento quanto à
necessidade e às vantagens (inclusive mercadológicas) de se optar pela ação de marketing
mais ética.
8
1990a). No entanto, sabe-se que a agência pode pagar pela sua infração ética com a perda da
conta de seu cliente. Dessa forma, seja devido à função social da publicidade, seja para evitar
a perda ou indisposição de clientes, a ética é, também nessa área, o melhor caminho.
As penas previstas no CDC para publicidade ilícita, ou seja, enganosa ou abusiva,
consistem em multa, reclusão de 3 meses a 1 ano, e, extraordinariamente, divulgação pública
da infração realizada, prestação de serviços à comunidade e perda de direitos, além de,
obviamente, o cumprimento das promessas – alcançáveis – apresentadas na peça, já que o
anúncio integra o contrato de compra e venda (PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 1990). Os
artigos abaixo reproduzem essas determinações.
SEÇÃO II – Da Oferta
Art. 30 - Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por
qualquer forma ou meio de comunicação, com relação a produtos e serviços
oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se
utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado. (...)
Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta,
apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre
escolha:
I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação
ou publicidade;
II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;
III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente
antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos. (PRESIDÊNCIA DA
REPÚBLICA, 1990)
Art. 76. São circunstâncias agravantes dos crimes tipificados neste código:
I - serem cometidos em época de grave crise econômica ou por ocasião de
calamidade;
II - ocasionarem grave dano individual ou coletivo;
III - dissimular-se a natureza ilícita do procedimento;
IV - quando cometidos:
a) por servidor público, ou por pessoa cuja condição econômico-social seja
manifestamente superior à da vítima;
b) em detrimento de operário ou rurícola; de menor de dezoito ou maior de sessenta
anos ou de pessoas portadoras de deficiência mental interditadas ou não;
V - serem praticados em operações que envolvam alimentos, medicamentos ou
quaisquer outros produtos ou serviços essenciais (PRESIDÊNCIA DA
REPÚBLICA, 1990).
1
Endereço completo atual: Avenida Paulista, 2073, Edifício Horsa II, 18º andar, Conjunto Nacional, CEP
01311-940, São Paulo (SP). Telefone atual: (0xx11) 3284-8880. Website: www.conar.org.br.
11
A EASA, na pesquisa acima citada, verificou a existência dos seguintes elementos nas
instituições analisadas: organização de autorregulamentação estruturada; código de
autorregulamentação; monitoria de anúncios para rastreamento de deslizes éticos; queixa
gratuita por parte do consumidor; reclamações on-line; divulgação das decisões dos
julgamentos referentes às reclamações recebidas (processo discutido adiante); recursos para a
manutenção do órgão; campanhas para a divulgação da organização; existência de site, entre
outros (SCHNEIDER, 2005, p. 22-23). Observa-se que apenas dados objetivos foram
analisados e não, entre outros, motivações, efeitos e demais elementos subjetivos, culturais,
econômicos e sociais por trás das decisões tomadas pelo órgão em suas sessões de julgamento
de peças.
Também é possível de imediato contrapor à pesquisa o fato de que o item “campanhas
para a divulgação da organização” não é atendido com frequência ou regularidade. Sobre essa
questão, aliás, é importante registrar a campanha de 2014 do CONAR criada pela agência
AlmapBBDO. O texto das duas (2) peças veiculadas na ocasião praticamente convocava de
modo explícito o espectador a não fazer denúncias, ridicularizando suas reclamações e
sugerindo que ele “confie no CONAR” (frase correspondente ao slogan do anúncio) para o
exercício e a fiscalização da ética na publicidade (conferir nos links
https://www.youtube.com/watch?v=K4ckEHi5Jdg e
https://www.youtube.com/watch?v=v3sXhVqNnVs).
Também faz parte das funções do CONAR a criação e atualização do já mencionado
CBARP, o Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária; a elaboração do Boletim
Eletrônico da instituição (on line), e um serviço de monitoria da publicidade. Nas palavras do
então diretor geral da instituição, registradas em Schneider (2005, p. 51), “‘a monitoria é
realizada por amostragem e concentrada nos maiores veículos de comunicação e nos grandes
pólos de atividade econômica’” e, “‘se algo ainda falta ao Conar, são condições de exercer
uma monitoria universal da publicidade veiculada no país’”.
As reclamações geradas por pessoas externas ao CONAR podem ser encaminhadas
por e-mail, formulário presente no site da instituição (conar.org.br), carta ou fax. No
14
documento devem constar dados sobre o denunciante (nome, endereço, RG, e-mail, telefone,
escolaridade, cidade, estado e faixa de renda); o nome do produto/serviço anunciado; o
veículo de comunicação onde o anúncio contestado foi veiculado e o motivo da queixa. Nos
últimos anos, também passaram a constar no formulário inserido no site do órgão campos
para anexar as próprias peças criticadas (CONAR, 2016b). Dessa forma, como destaca
Schneider (2005, p. 65), nota-se que as denúncias não podem ser anônimas.
De acordo com entrevista realizada em 2007 junto ao diretor executivo (ou VP
Executivo) da instituição, Edney G. Narchi, o qual continua nesta função, não são analisadas
reclamações que, além de não se enquadrarem no âmbito de atuação do órgão (propaganda
política, por exemplo), não apresentem um raciocínio coerente e lógico dos fatos ou que
mostrem nítido interesse particular dos envolvidos (BRAGAGLIA, 2009, p. 94-95). Cabe
registrar a necessidade de questionar, por exemplo, se esse critério de “raciocínio lógico” ou
“coerência” das denúncias não se guia por uma visão tendenciosa de mercado que pode
acabar afastando do debate conteúdos e reflexões relevantes para a sociedade.
O Regimento Interno (RICE) do CONAR também esclarece que, teoricamente, a
instituição leva a julgamento a análise dos anúncios reclamados por pelo menos sete (7)
consumidores (CONAR, 2016c). No entanto, na entrevista mencionada e como pode ser
comprovado nos diversos resumos dos julgamentos apresentados em seu site, sendo
“coerente” a reclamação, o CONAR, sob a condição denominada “De Ofício”, abre o
processo mesmo que a peça tenha sido denunciada apenas por um (1) consumidor
(BRAGAGLIA, 2009, p. 94-95). Abaixo, seção do referido Regimento sobre alguns destes
dados.
CAPÍTULO II – DO PROCESSO ÉTICO
(…) § 4º - A representação de grupo de Consumidores, na defesa de direito difuso,
deverá ser subscrita por pelo menos 7 (sete) consumidores, devidamente
identificados e qualificados e atenderá, em princípio, às exigências do parágrafo
anterior. Caso ocorram eventuais lacunas, o Diretor Executivo tentará supri-las. Seu
processamento se dará gratuitamente.
§ 5º – A representação será indeferida liminarmente pelo Presidente do CONAR
quando:
a - não se apresentar na forma indicada neste regimento ou não estiver de acordo
com os Estatutos Sociais do CONAR ou Provimento;
b - não refletir legítimo interesse do requerente;
c - não decorrer conclusão lógica da exposição dos fatos;
d - não versar sobre matéria pertinente às atribuições do CONAR;
e - não se enquadrar em dispositivo do Código Brasileiro de Autorregulamentação
Publicitária (CONAR, 20016c).
15
Quanto à estrutura geral do CONAR, o órgão é formado por quatro (4) instâncias,
mais especificamente, por uma Assembléia Geral, um Conselho Superior, um Conselho de
Ética e um Conselho Fiscal (CONAR, 2016a).
O setor responsável pela análise das denúncias é o chamado Conselho de Ética, o qual
é dividido em sete (7) grupos ou Câmaras, sendo quatro (4) delas atuantes na capital paulista,
e as demais, cada uma nas cidades do Rio de Janeiro, Recife, Brasília e Porto Alegre
(CONAR, 2016d).
Os “conselheiros” – como são chamados os integrantes do Conselho de Ética –
provêm de categorias do mercado (dos veículos/meios de comunicação, anunciantes, e
publicitários, esses últimos, tanto do departamento de criação de agências quanto de
associações de classe), bem como de outros campos sociais. Estes últimos são classificados
no órgão como representantes da “Sociedade Civil”, grupo do qual fazem parte, por exemplo,
médicos, advogados, jornalistas, professores, engenheiros, pesquisadores e administradores
(CONAR, 2016c).
O Conselho de Ética é formado por aproximadamente cem membros e igual número
de suplentes, segundo dados presentes em 2016 no site do órgão, além do presidente e do 2º
vice-presidente da instituição (CONAR, 2016c). Em 2004, quando busquei informações nesse
mesmo canal, o Conselho contava com muito menos integrantes, mais especificamente, com
trinta e quatro (34) membros titulares e a mesma quantidade de suplentes (BRAGAGLIA,
2004, p. 45). Em pesquisa feita em 2013 também no referido site, tal número havia quase
dobrado. Isso demonstra um crescimento no número de membros do Conselho. O curioso é
que esse aumento se deu apenas nos subgrupos de conselheiros referentes às áreas vinculadas
ao mercado, e não na categoria “Sociedade Civil”, que se manteve aproximadamente com o
mesmo montante de participantes ao longo dos quase dez anos em que foi feita a checagem
desses dados para este livro. Em 2009, por exemplo, eram dezoito (18) os conselheiros nesse
subgrupo (BRAGAGLIA, 2009), ao passo que, em 2016, vinte e um (21), sendo apenas dois
(2) a mais que no primeiro ano citado. Registra-se que, no Estatuto Social da instituição
constava, em 2016, que deveria haver vinte e quatro (24) membros nessa categoria do
Conselho (CONAR, 2016c).
O mandato do Conselho de Ética é de dois (2) anos, sendo seus integrantes definidos
por meio de eleição interna. A escolha dos representantes dos consumidores ou da “Sociedade
Civil” é feita pelo próprio Conselho Superior da instituição entre “pessoas de reputação
ilibada” (CONAR, 2016c). No Estatuto Social da instituição presente no site em outros anos
(2004, por exemplo, quando estudei tais dados para minha dissertação de mestrado) constava
16
ainda que tal escolha é realizada por “entidades privadas de defesa do consumidor de âmbito
nacional, legalmente constituídas, que não tenham nenhum vínculo político, religioso ou
racial, e que gozem de ilibada reputação”, não sendo permitida “a participação de
representantes de entidades públicas, partidárias ou religiosas” (BRAGAGLIA, 2004, p. 45).
Não há referência a entidades de defesa do consumidor no texto que está no site em 2017
(CONAR, 2016c). Além disso, diante do que consta no artigo 41 do Estatuto Social, vê-se
que, entre outros perfis, representantes governamentais (sejam dos governos federal, estadual,
distrital ou municipal) não podem ser conselheiros.
Artigo 41
Não poderá participar do Conselho de Ética:
a. pessoa física que esteja respondendo a processo criminal, até transitar em
julgado a sentença absolutória;
b. pessoa física no exercício de mandato legislativo federal, estadual, distrital ou
municipal;
c. pessoa física investida em cargo de confiança ou chefia na administração direta
ou indireta dos governos federal, estadual, distrital ou municipal;
d. pessoa física candidata a cargo eletivo federal, estadual, distrital ou municipal,
caracterizando-se o impedimento pela escolha em convenção partidária;
e. representante de pessoa jurídica sob intervenção;
f. o associado que não esteja em dia com o pagamento de suas contribuições, o
que se caracterizará pela comunicação por escrito do 3º Vice-Presidente do
CONAR ao Conselho de Ética. (CONAR, 20016c)
Quanto aos representantes dos publicitários, o referido Estatuto também esclarece que
os criativos (profissionais de área de Criação das agências) são escolhidos pelo presidente do
CONAR “entre aqueles que evidenciaram o respeito aos princípios éticos e à
Autorregulamentação” (CONAR, 2016c).
Segundo Schneider (2005, p. 64), em seus registros no livro patrocinado pelo próprio
CONAR, “o perfil médio dos conselheiros é de profissionais de nível universitário, com
experiência profissional superior a vinte anos e com permanência de até cinco anos no
conselho, dado que evidencia o objetivo de renovação constante dos seus integrantes”.
Com base nas entrevistas realizadas com membros do Conselho de Ética e diretores do
CONAR, pode-se dizer que pelo menos as câmaras de São Paulo e do Rio de Janeiro contam
com uma média de doze (12) conselheiros em cada reunião, sendo que, para agilizar a sessão,
esse montante é dividido em dois (2) grupos de julgamento, em torno, portanto, de seis (6)
pessoas cada um. Entre essas doze (12) pessoas, de acordo com essas mesmas fontes, um (1)
ou dois (2) costumam ser representantes da sociedade civil (ou um deles em cada grupo de
seis) e os demais, dos diversos setores do mercado publicitário (BRAGAGLIA, 2009, p. 97).
Conforme entrevista realizada em 2007 com Edney G. Narchi, diretor executivo do
CONAR, em cada uma das cidades onde há um escritório da instituição, é realizada
17
mensalmente uma sessão oficial de julgalmento (no caso de São Paulo, onde existem quatro
câmaras, os grupos intercalam-se em tais encontros). Além dessas reuniões, um encontro
bimestral é realizado, o chamado “Plenário”, envolvendo todas as câmaras. Segundo o
entrevistado, esse encontro geral reúne em torno de trinta (30) a quarenta (40) pessoas
(BRAGAGLIA, 2009, p. 97).
Como consta no Regimento Interno, após ser comunicado pela organização sobre a
queixa recebida, o anunciante denunciado tem um prazo de cinco (5) dias para encaminhar
sua defesa por escrito, a qual será analisada pelo relator para que ela também sirva de base à
sua decisão (BRAGAGLIA, 2009, p. 97). Quanto à sistemática de realização dos julgamentos,
Schneider (2005, p. 65) descreve que “o rito processual do CONAR é rápido e simplificado",
ocorrendo conforme o registrado abaixo.
Formulada a denúncia e verificada a sua procedência, a diretoria do Conar sorteia
um relator. O anunciante é informado da denúncia e pode enviar defesa por escrito.
As partes envolvidas podem comparecer às reuniões e apresentar seus argumentos
perante os conselheiros. Encerrados os debates, o relator apresenta seu parecer, que é
levado à votação. A decisão é imediatamente comunicada às partes e, se for o caso,
aos veículos de comunicação (SCHNEIDER, 2005, p. 65).
nos seguintes: “arquivamento” (quando se conclui que a queixa não tem fundamento coerente
ao contexto em questão); “alteração” do anúncio por parte da agência e anunciante;
“sustação” da peça, ou seja, suspensão de sua veiculação; “divulgação pública” em veículos
de comunicação divulgando à população a decisão do órgão e o não cumprimento da mesma
pelos envolvidos (anunciante, veículo, agência), e “advertência”, medida intermediária a essa
última decisão citada, adotada pelas mesmas razões de reincidência do anunciante na infração
ética (CONAR, 2016c). Quando o relator ou a própria diretoria se deparam com peças
flagrantemente discordantes às diretrizes do Código Brasileiro de Autorregulamentação
Publicitária (CBARP) redigido pelo CONAR, é possível sugerir ainda a sustação imediata da
publicidade através da decisão chamada de “sustação por liminar”. Essa “medida liminar é
rapidamente comunicada aos veículos (no mesmo dia em que é expedida). Após a sustação, a
denúncia é julgada na reunião do Conselho de Ética com data mais próxima (CONAR,
2016c).
Artigo 50 - A medida liminar é o ato processual através do qual o membro do
Conselho de Ética, no exercício da função judicante, "ad referendum" da Câmara ou
do Plenário, recomenda a imediata sustação da veiculação do anúncio que julgue em
desacordo com o Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária, objetivado
em representação que lhe esteja afeta.
§ 1º - A medida liminar é cabível:
a. quando houver receio de que a recomendação de sustação da veiculação do
anúncio ao tempo de julgamento pela Câmara ou pelo Plenário, caso deferida, possa
resultar ineficaz;
b. quando o anúncio provocar clamor social capaz de atentar contra a ética da
atividade de propaganda comercial, seu conceito e bom nome do CONAR;
c. quando a infração ética puder ser perfeitamente caracterizada e a hipótese estiver
sumulada em jurisprudência do CONAR;
d. quando o anúncio já reprovado pelo Conselho de Ética voltar a ser veiculado,
ainda que com variações, mantidas as mesmas infrações
(CONAR, 2016c).
discutido, esse cenário pode afastar projetos de lei e outros mecanismos de regulamentação da
publicidade, vistos como prejudiciais ao setor inclusive em termos de lucratividade.
Como afirmaram alguns entrevistados, veículos e anunciantes temem principalmente a
decisão de “sustação” do CONAR não só porque podem imediatamente perder dinheiro, já
que podem colocar anúncios de outros produtos nas lacunas resultantes da retirada de uma
dada peça do ar. Os inconvenientes imediatos residem também no fato de que haverá um
trabalho a mais a ser feito, tal mudança pode comprometer efeitos esperados pela campanha
minuciosamente planejada para o alcance dos públicos-alvo, e também porque a elaboração
de um anúncio antiético no “currículo” não é algo visto com bons olhos tanto por muitos
consumidores como por diretores de empresas aos quais os gerentes de marketing e as
agências de publicidade estão subordinados (BRAGAGLIA, 2009, p. 100).
As recomendações contidas no código do CONAR (o CBARP) visam evitar a
publicidade “abusiva”, “enganosa”, e “não ostensiva”, segundo os conceitos colocados no
Código de Defesa do Consumidor e discutidos mais adiante. Essas recomendações são
distribuídas em doze (12) seções de princípios éticos gerais e vinte (20) “Anexos”, que trazem
diretrizes éticas em relação a produtos específicos.
Os refereridos grupos de princípios gerais são denominados, cada um, da seguinte
forma: “Seção 1 – Respeitabilidade”; “Seção 2 – Decência”; “Seção 3 – Honestidade”; “Seção
4 – Medo, Superstição, Violência”; “Seção 5 – Apresentação Verdadeira”; “Seção 6 –
Identificação Publicitária”; “Seção 7 – Propaganda Comparativa”; “Seção 8 – Segurança e
Acidentes”; “Seção 9 – Proteção da Intimidade”; “Seção 10 – Poluição e Ecologia”; “Seção
11 – Crianças e Jovens”, e, “Seção 12 – Direito Autoral e Plágio” (CONAR, 1980).
Fazem parte das “Categorias especiais de anúncios ou anexos”, as seguintes seções:
“Anexo A” – “Bebidas Alcoólicas”; “Anexo B” – “Educação, Cursos, Ensino”; “Anexo C” –
“Empregos e Oportunidades”; “Anexo D” – “Imóveis: Venda e Aluguel”; “Anexo E” –
“Investimentos, Empréstimos e Mercado de Capitais”; “Anexo F” – “Lojas e Varejo”; “Anexo
G” – “Médicos, Dentistas, Veterinários, Parteiras, Massagistas, Enfermeiros, Serviços
Hospitalares, Paramédicos, Para-hospitalares, Produtos Protéticos e Tratamentos”; “Anexo H”
– “Produtos Alimentícios”; “Anexo I” – “Produtos Farmacêuticos Isentos de Prescrição”;
“Anexo J” – “Produtos de Fumo”; “Anexo K” – “Produtos Inibidores de Fumo”; “Anexo L” –
“Profissionais Liberais”; “Anexo M” – “Reembolso Postal ou Vendas pelo Correio”; “Anexo
N” – “Turismo, Viagens, Excursões, Hotelaria”; “Anexo O” – “Veículos Motorizados”;
“Anexo P” – “Vinhos e Cervejas”; “Anexo Q” – “Testemunhais, Atestados, Endossos”;
20
colhidos do livro de Ari Schneider encomendado pelo CONAR para contar a história da
instituição atestam essa afirmação. O professor da Escola de Comunicação da Universidade
de São Paulo (ECA/USP) Clóvis de Barros Filho também aponta fragilidades de se deixar a
normatização do setor integralmente nas mãos da autorregulamentação.
(...) deixar para os publicitários a prerrogativa da decisão sobre os limites de sua
própria atuação – na relação que mantêm com a sociedade como um todo – é
desrespeitar o princípio da terceridade da justiça. Seria como entregar uma creche
aos cuidados de pedófilos, analogia típica de minha formação em Direito. É
presumir altruísmo e abnegação incompatíveis com o mundo da técnica, com a
lógica do capital e com os rigores da competição no mercado para o qual trabalham
(BARROS FILHO, 2010).
Diante do exposto até aqui sobre o CONAR, nota-se que esses argumentos são
totalmente pertinentes. Embora se perceba que várias denúncias são acatadas, culminando em
decisões como sustação e alteração, e, ainda, que a decisão liminar de sustação também é
acionada, muito mais poderia ser feito pelo CONAR em defesa dos consumidores. Como já
mencionado, após eu mesma ter enviado reclamações à entidade, observei que nem todas as
denúncias são levadas a julgamento, e, como estudiosa da área, asseguro que haveria teor para
tanto no caso da que eu apresentei. A co-regulação (regulamentação somada à
autorregulamentação) pode ser uma saída a esse cenário. O CONAR continuaria a atuar, mas
o Estado também seria um importante agente regulador da publicidade, apresentando
diretrizes formuladas em conjunto com a sociedade e com ela amplamente discutidas. Isso
nada tem a ver com censura, uma vez que essa remete a determinações unilaterais e não
baseadas no controle social da mídia (controle por parte da sociedade). Documentos legais já
existentes, a começar pela própria Constituição Federal, como será discutido no tópico a
seguir, preveem essa atuação do Estado, e não apenas do mercado, no sentido de proteger o
consumidor e a sociedade.
Diante do exposto e como será desenvolvido mais adiante, nota-se que a publicidade
enganosa se refere a situações em que são apresentados dados falsos e outras versões de
engano quanto ao produto/marca ofertado e que a publicidade abusiva contempla os demais
tipos de infrações éticas (publicidade discriminatória, desfavorável ao público infantil, entre
várias outras abordagens). Lendo os artigos da referida lei, fica a dúvida se a publicidade
abusiva também contempla a publicidade não ostensiva, a qual remete a contextos em que a
ação publicitária camufla elementos do processo de persuasão, conforme será detalhado em
outro capítulo desta obra. Independente disso, como o artigo 36 recém colocado afirma
claramente que a publicidade não pode ser veiculada de forma não ostensiva, fica implícito
que o documento considera como ilegal também esse tipo de publicidade (a não devidamente
identificada como tal). (PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 1990a)
Quanto ao CBT, é importante ao publicitário e à sociedade saber que o artigo 124 deste
documento versa sobre o limite de tempo na radiodifusão para a transmissão de mensagens
comerciais. Mais especificamente, é mencionado que “o tempo destinado na programação das
estações de radiodifusão à publicidade comercial não poderá exceder de 25% (vinte e cinco
24
por cento) do total” do conteúdo veiculado. Nos Decretos No 52.795, de 1963, e No 88.067, de
1983, que detalham e/ou atualizam essa lei, consta especificamente que esse tempo limite se
refere à programação diária da emissora (PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 1963;
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 1983).
Sendo essa norma seguida ou não (o que merece ser investigado em pesquisas futuras),
vale registrar que uma medida mais eficiente para se evitar o bombardeio publicitário e suas
implicações éticas, tema discutido no capítulo Publicidade e liberdade desta obra, seria limitar
o tempo de mensagens comerciais por hora de programação. Afinal, principalmente em
tempos de internet, o espectador pode não passar tanto tempo acessando as mídias
tradicionais. Além disso, é interessante verificar que tipo de formatos tais documentos
compreendem como publicidade comercial, verificando se entram aí, por exemplo, o
merchandising ou até mesmo programas de vendas.
Outras diretrizes presentes no CBT e em seus respectivos decretos focam, por exemplo,
a proibição de veiculação de programas, inclusive propagandas ideológicas, que divulguem a
intenção de guerra e incentivem a discriminação ou subversão às leis nacionais
(PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 1962).
Outros documentos ético-legais que tratam de forma mais específica da publicidade
comercial podem ser citados, como por exemplo: lei de Direitos Autorais (LDA) ou Lei Nº
5.988 (de 14 de dezembro de 1973), que visa evitar, entre outras providências, a
disseminação da prática de plágio; lei sobre a regulamentação da distribuição de prêmios e
sorteios na publicidade (Lei Nº 5.768); Lei N° 6.360 (de 1985), que contempla a publicidade
de medicamentos; Lei Nº 6.437 (de 1977), que apresenta exigências da ANVISA – Agência
Nacional de Vigilância Sanitária, sobre, entre outros enfoques, publicidade de alimentos e
medicamentos; Resoluções de Diretoria Colegiada (RDC’s) da ANVISA sobre rotulagem e
publicidade de medicamentos, bebidas alcoólicas, alimentos, entre outros itens; Lei Nº 9.294
(de 15 de julho de 1996), que “dispõe sobre as restrições ao uso e à propaganda de produtos
fumígeros, bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas” e seus
respectivos decretos; Lei 10.167 (de 27 de dezembro de 2000), que “altera dispositivos da Lei
nº 9.294”, dispondo “sobre as restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígenos,
bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas”; Decreto-Lei Nº 2.998 (de
13 de março de 1999), que aborda itens sobre a publicidade de armas de fogo; Código Civil,
em seus artigos 18, 19, e 20, que apresenta cuidados ao abordar o “uso do nome e apelido”, e
o “uso da imagem” de uma pessoa; Lei Federal Nº 5.197 (de 03 de janeiro de 1967), que traz
determinações sobre a utilização de animais da fauna silvestre inclusive em anúncios; Lei N°
25
5.700 (de 1 de setembro de 1971), que “dispõe sobre a forma e a apresentação dos símbolos
nacionais” inclusive na publicidade, entre outras questões; Normas-Padrão da Atividade
Publicitária (código de ética), que foram instituídas pelo CENP – Conselho Executivo Das
Normas-Padrão (entidade criada por publicitários, em 1998), as quais tratam de condutas
éticas no relacionamento entre agências de publicidade e seus clientes.
Além desses documentos, é válido mencionar a existência também do Código da
ABERT – Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão. Entre as diretrizes desse
documento deontológico (código de ética) relacionadas de alguma forma à publicidade,
podemos citar, por exemplo, os artigos 5º e 14º de seu “Capítulo II – Da Programação”. A
despeito do observado não raras vezes no dia-a-dia televisivo, os trechos tratam, por exemplo,
da necessidade de os meios de comunicação respeitarem direitos universais do ser humano e
atuarem no sentido de valorizarem as culturas regionais, defendendo o senso de coletividade
(FENAJ, 2016).
(...) as emissoras transmitirão entretenimento do melhor nível artístico e moral, seja
de sua produção, seja adquirido de terceiros, considerando que a radiodifusão é um
meio popular e acessível a quase totalidade dos lares.
(...)
Art. 14 - A programação observará fidelidade ao ser humano como titular dos
valores universais, partícipe de uma comunidade nacional e sujeito de uma cultura
regional que devem ser preservadas (FENAJ, 2016).
Outro órgão que funciona como defensor dos direitos do consumidor em relação
também à publicidade é o próprio Ministério Público de cada estado, por meio de sua
Defensoria Pública. Ambos também integram o acima citado SNDC ligado ao Planalto. Há
inclusive um canal geral de denúncias on line no link
http://www.mprj.mp.br/cidadao/ouvidoria/faca-sua-comunicacao-aqui/ (ao entrar no site do
órgão, deve-se clicar em “Cidadão”, em seguida, no link “Ouvidoria” e, na sequência, em
“Faça sua comunicação aqui”). Para denúncias por telefone, o número é 127. Caso seja
necessário enviar algum anexo para auxiliar no trâmite, o mesmo deve ser feito
presencialmente. (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E CIDADANIA, 2016)
A ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária – também é um importante
órgão governamental que pode atuar em prol da ética publicitária. Isso porque elabora os
chamados RDC’s (Regulamentos Técnicos) que, segundo vários juristas, possuem força de
lei, apesar de o mercado frequentemente questionar a constitucionalidade de suas resoluções.
A agência atua na regulamentação da publicidade de itens diversos, como medicamentos,
bebidas alcoólicas e alimentos. (ANVISA, 2016a)
29
CONTEMPORÂNEO
(...)
causas sociais de forma emotiva, comovente, entendendo que esse tipo de conteúdo
contribuiria indiscutivelmente com o bem social. Discordando desse olhar otimista, tal
formato pode remeter a uma atitude oportunista das marcas, que pode provocar um
esvaziamento do real sentido da causa (desfavorecer a causa) ou, mesmo agregando algo de
positivo a ela, trazer consigo outro potencial de dano social, que consiste em dificultar o
exercício do consumo consciente ao adotar uma ideologia de consumo travestida de
engajamento social.
A efetiva função social da publicidade que provém do seu caráter de “comunicação
social”, ou seja, de uma comunicação comprometida com o bem-estar da sociedade já que é
voltada para ela, se desdobra em duas vertentes. Primeiramente, consiste em não propagar
apelos de algum modo prejudiciais a indivíduos e grupos, seja um sentimento de inveja ou
competição, sejam elementos que possam reforçar problemas sociais nitidamente
estabelecidos, como discriminação de todos os tipos, obesidade, desperdício de recursos
naturais, entre tantos outros. E além disso, tal função social se traduz em estimular o consumo
consciente, já que outro papel da publicidade – o mais difundido e para o qual a ferramenta
foi criada – é justamente favorecer o consumo de mercadorias. Afinal, é o consumo
consciente que confere mais liberdade aos sujeitos e à sociedade para negarem as técnicas de
sedução mercadológica e os bens que podem lhes propiciar algum tipo de mal-estar.
Tomando por base a definição da organização não governamental brasileira Instituto
Akatu pelo Consumo Consciente, podemos dizer que, se a Responsabilidade Social
Corporativa (RSC) e demais terminologias se referem principalmente à cadeia produtiva, isto
é, aos anunciantes, os pressupostos de consumo consciente remetem mais diretamente ao
próprio consumidor. Como premissas do consumo consciente, tem-se a postura do
consumidor de pensar o próprio consumo sob um ponto de vista ético, refletindo sobre as
consequências deste ato para si, para o entorno imediato que o cerca, e para a sociedade. O
resultado disso é consumir pautando-se não apenas no prazer pessoal/individual que tal ação
proporciona, mas, sim, nos efeitos tanto para si mesmo quanto para as “relações sociais, a
economia e a natureza” que configuram o ambiente do consumidor.
O consumidor consciente busca o equilíbrio entre a sua satisfação pessoal e a
sustentabilidade, maximizando as consequências positivas deste ato não só para si
mesmo, mas também para as relações sociais, a economia e a natureza. O
consumidor consciente também busca disseminar o conceito e a prática do consumo
consciente, fazendo com que pequenos gestos realizados por um número muito
grande de pessoas promovam grandes transformações (INSTITUTO AKATU, 2012)
32
Artoni (2007, p. 39) menciona passos para a busca de um consumo consciente, citando
o comunicólogo Edilson Silva:
Podemos continuar comprando essas promessas, mas podemos também aprender a
interagir com elas. "É possível fazer uma leitura crítica da propaganda", afirma o
comunicólogo Edilson Silva. "Se fizéssemos a nós mesmos algumas perguntinhas
simples, certamente teríamos um consumo mais consciente: O que estou
comprando? Por que estou comprando? Qual é a minha real necessidade? Qual é a
promessa do produto? Qual é a garantia de que ela será cumprida?" (ARTONI,
2007, p. 39)
Nesse sentido, é importante ressaltar, como será aprofundado adiante, que uma
publicidade mais racional/informativa e menos emocional parece ser um dos caminhos mais
seguros tanto para não disseminar valores diversos com potencial de dano individual e social
quanto para incentivar o sujeito a praticar um consumo consciente.
Encerrada essa primeira parte do livro, parte-se agora para a discussão de temáticas
mais específicas da ética publicitária, tendo como pano de fundo norteador, entre outros
raciocínios, toda a trajetória reflexiva apresentada até aqui.
PARTE 2
TEMÁTICAS ESPECÍFICAS DE DISCUSSÃO
1. PUBLICIDADE ENGANOSA
Ana Paula Bragaglia
de omissão, assim como apresentados mais detalhes sobre a terceira abordagem enganosa
mencionada.
Os próximos subcapítulos esclarecerão melhor esses e outros campos de discussão
sobre o engano na publicidade.
As seções citadas do CBARP trazem, além das mesmas exigências éticas presentes no
artigo do CDC recém mencionado, outras mais específicas orientando sobre como evitar o
engano relacionado a dados falsos em anúncios. São elas: qualquer dado apresentado deve ser
passível de comprovação; o produto só deve ser apresentado como “natural” se realmente não
contiver ingredientes artificiais, a palavra “grátis” só pode ser utilizada se realmente não
houver nenhuma taxa embutida na aquisição do produto, apesar de serem permitidas algumas
exceções, a serem vistas a seguir; dados de pesquisas só podem ser inseridos nos anúncios se
essas tiverem sido feitas a partir de fontes e metodologias científicas.
SEÇÃO 5 – APRESENTAÇÃO VERDADEIRA
Artigo 27 – (...)
§ 1º - (...) fatos ou dados objetivos devem ser comprobatórios, cabendo aos
Anunciantes e Agências fornecer as comprovações, quando solicitadas.
§ 2º - (...) O anúncio não deverá conter informação de texto ou apresentação visual
que direta ou indiretamente, por implicação, omissão, exagero ou ambigüidade, leve
o Consumidor a engano quanto ao produto anunciado (...)
(...) § 4º - (...) a. O uso da palavra "grátis" ou expressão de idêntico significado só
será admitido no anúncio quando não houver realmente nenhum custo para o
Consumidor com relação ao prometido gratuitamente. b. nos casos que envolverem
pagamento de qualquer quantia ou despesas postais, de frete ou de entrega ou, ainda,
algum imposto, é indispensável que o Consumidor seja esclarecido.
36
(...) § 7º - (...) a. o anúncio não se referirá a pesquisa ou estatística que não tenha
fonte identificável e responsável; b. o uso de dados parciais de pesquisa ou
estatística não deve levar a conclusões distorcidas ou opostas àquelas a que se
chegaria pelo exame do total da referência. (CONAR, 1980)
Outro artigo do CBARP, o de número 27, em seu parágrafo oitavo (8º), enfatiza que é
preciso utilizar sempre nos anúncios informações compreensíveis a leigos em geral e não um
linguajar científico que nem todos possam entender.
SEÇÃO 5 – APRESENTAÇÃO VERDADEIRA
Artigo 27 – § 8º - (...) O anúncio só utilizará informação científica (...) expressa de
forma clara até para leigos (CONAR, 1980).
Casos de engano por ambiguidade (anúncios que não mentem ou omitem mas que
podem gerar interpretações enganosas, como será explicado mais adiante) ou de engano por
mentira (dados falseados) também podem ocorrer quando pesquisas e informações científicas
são apresentadas. Para se evitar esses casos, como detalha o CBARP, os dados apresentados
no anúncio devem ser sempre comprováveis, com metodologia confiável; não tendenciosos,
isto é, capazes de retratar o resultado geral da pesquisa em vez de apenas a parte que favorece
o produto/marca, além de serem trasmitidos em linguagem de fácil compreensão e não no
jargão técnico da área.
Artigo 27 – CONAR
§ 7º - Pesquisas e Estatísticas
a. o anúncio não se referirá à pesquisa ou estatística que não tenha fonte
identificável e responsável;
b. o uso de dados parciais de pesquisa ou estatística não deve levar a conclusões
distorcidas ou opostas àquelas a que se chegaria pelo exame do total da referência
(CONAR, 1980).
37
Schultz (2005, p. 162) destaca também a importância da veracidade dos dados sobre
origem ou procedência do produto e resgata da literatura do escritor uruguaio Eduardo
Galeano um cômico caso de publicidade enganosa nesse aspecto.
O escritor uruguaio Eduardo Galeano, no seu excelente Livro dos Abraços, conta de
um industrial seu conterrâneo que possuía uma pequena fábrica de camisas que
vergava sob o peso do prejuízo financeiro. Um dia, o pequeno e alquebrado
industrial teve um sonho e resolveu mudar o nome de sua fábrica para a patriótica
razão social de Uruguay Sociedad Anonima, atendendo, a partir dali, pela sigla
USA, ou seja, “fabricado na Uruguay Sociedad Anonima”. (SCHULTZ, 2005, p.
162)
Quanto ao item “preço”, o autor comenta ser esse um dos atributos mais comumente
omitidos nas chamadas “letras pequenas” (SCHULTZ, 2005, p. 163). Além disso, reforça que,
se há um percentual de desconto, o anunciante deve estar apto a comprovar que, em outro
período não muito distante, o valor era maior. Como se nota em um dos itens do artigo 27 do
CBARP, anteriormente exposto, o órgão de autorregulamentação considera antiético utilizar a
palavra “grátis” quando há qualquer despesa adicional para o consumidor. No CDC, embora
não haja artigos detalhistas a respeito da palavra “grátis”, é enfatizada a necessidade de
“informações claras e adequadas” também quanto a preço.
40
Outra peça interessante quanto ao engano por omissão a ser analisada é a de uma linha
de computadores (dektops e laptops) veiculada em 2003 na revista Veja 2. Esse anúncio
passaria desapercebido, caso não prestássemos atenção na antepenúltina frase de uma
legenda/lettering/asterisco de cinco linhas e difícil leitura na qual constava nada mais, nada
menos, que a frase “Monitor não incluso”. Considerando a imensa possibilidade de um
público leigo em informática não imaginar rapidamente ser uma opção comprar apenas a
“torre” do computador e utilizar um monitor antigo para complementar o aparelho, tem-se aí a
ocultação de uma informação extremamente relevante para a decisão de compra. Sendo assim,
publicidade enganosa por omissão parcial.
Como exemplo de campanhas enganosas de cosméticos enquadrado na categoria de
“mentira” ou dados falsos, menciona-se primeiramente um comercial do produto
“emagrecedor” da marca Magrins veiculado em 2008 (ver vídeo no link
http://www.youtube.com/watch?v=GtUG07x_kvo). Na peça, uma amiga fala à outra, no
vestuário de uma loja, para que ela pare de se penalizar tentando entrar em uma calça apertada
e passe imediatamente a tomar Magrins, pois, assim, poderá voltar na semana que vem e
comprar uma peça até três (3) números menor. Não há nenhuma referência no comercial de
que tal resultado só é alcançado se o consumo do produto for associado a uma mudança na
alimentação e na rotina de atividades físicas (o que, mesmo assim, seria muito difícil de
ocorrer no prazo mencionado). Sem dúvida, portanto, trata-se de um anúncio enganoso por
falseamento de dados, ou seja, mentira.
2
Tenho esta peça em meu arquivo pessoal de anúncios, mas sem a identificação da edição da revista e não a
encontrei on line.
41
ficar tomando choque na poltrona. No braço eu não consegui usar, pois meu braço é
bem mais fino que o dos homens da propaganda. (...) O cinto pode ser visto como
complemento de um programa de exercícios, já que tonifica um pouco a
musculatura, mas nunca como substituição. O aparelho não cumpre a maior parte
das promessas. É impossível perder peso ou medidas com a eletroestimulação,
porque o gasto calórico não se altera. As alterações bioquímicas são semelhantes às
causadas pelos exercícios abdominais – o manual informa que 10 minutos de uso
são equivalentes a 600 abdominais, mas, na verdade correspondem a apenas 200. É
um efeito muito discreto, que não é capaz de formar uma barriga de tanquinho. Para
isso, só com muito exercício e o uso de carga. Felizmente, não afeta a pressão
arterial e a frequência cardíaca. (ARTONI, 2005, p. 35)
(http://www.youtube.com/watch?v=Z2ZIAIXhkSs;http://www.youtube.com/watch?v=RKhIF
qeSRGM). Após fazer uso do produto da marca ofertada, obviamente o aparato detectou
menos bactérias na boca da passante.
Nota-se pelo menos duas situações de engano por ambiguidade nesse comercial.
Primeiramente, os doze (12) problemas bucais rapidamente apresentados dão uma ideia de
que o produto resolve uma série de problemas distintos. No entanto, ao analisar um a um os
itens listados (“cárie; protege a gengiva; tártaro, previne a placa; previne a desmineralização
dos dentes; previne as bactérias da língua; combate as bactérias; cárie nas raízes; problemas
na gengiva; mal hálito; fortalece o esmalte; promove a remineralização dos dentes”), nota-se o
quanto eles se sobrepõem e se referem aos problemas bucais tradicionalmente conhecidos e
sanados por praticamente qualquer marca de dentifrício.
Outro caráter ambíguo é o aparelho utilizado na peça que aparece juntamente à
seguinte legenda minúscula: “Representação criativa. Visão ampliada da placa bacteriana”.
Como essa explicação de que se trata de algo fictício pode passar desapercebida ao
espectador, dada a sua omissão parcial, esse recurso ilustrativo pode levar à interpretação de
que o produto realmente é muito bom e diferenciado dos demais, já que estava associado a um
aparato tecnológico de ponta. Além disso, não seria um absurdo alguém entender
(equivocadamente) que o aparelho existe, uma vez que a explicação de que se trata de uma
“brincadeira” está ilegível, e seu manuseio está sendo feito por um perito no assunto, um
dentista (é apresentado, na peça, um número de registro profissional, o que dá a entender que
se trata mesmo de um dentista e não de um ator). Consequentemente, pode-se reforçar, com
ou sem intenção, a ideia enganosa de que a pasta de dente ofertada é uma “revolução” em
limpeza dental. O CONAR recebeu e arquivou uma denúncia de consumidor que talvez tenha
sido motivada por um olhar como esse.
COLGATE TOTAL 12
Mês/Ano Julgamento: ABRIL/2011
Representação nº: 337/10
Autor(a): Conar, a partir de queixa de consumidor
Anunciante: Colgate-Palmolive
Relator(a): Conselheiro André Luiz Costa
Câmara: Segunda Câmara
Decisão: Arquivamento
Fundamentos:Artigo 27, nº 1, letra "a" do Rice
Resumo: Terminou em arquivamento representação aberta a partir de queixa de
consumidor de São Paulo. Ele considerou que anúncio em TV do creme
dental Colgate se utilizaria de artifícios enganosos ao veicular lettering em letras
muito pequenas. Em sua defesa, a anunciante considerou que o filme traz de forma
clara e legível todas as informações necessárias ao consumidor. O relator considerou
suficiente o tamanho das letras, assim como o seu tempo de exposição. Seu voto foi
aceito por unanimidade. (CONAR, 2011a)
44
Não há nesse anúncio engano por falseamento de dados/mentira, porque não há dados
falsos apresentados. Da mesma forma, não há omissão parcial, isto é, alguma informação em
lettering que devesse ser melhor elucidada. O que há é um título que sugere a interpretação
equivocada (e, portanto, enganosa) de que há opções de preços disponíveis ao consumidor,
quando na verdade, como o anunciante posteriormente se explicou, o enredo se refere a
condições flexíveis de pagamento. Como não há nenhuma informação complementar escrita
ou em áudio afirmando isso, além de engano por ambiguidade, pode-se considerar a peça
enganosa por omissão total.
Não é a toa que o engano quanto a apelos funcionais persiste no mercado.
Eventualmente, reconhecidos livros técnicos de marketing recomendam justamente esses
ardis como táticas de sucesso. Kotler (2006, p. 310), por exemplo, registrou em um de seus
livros, sem qualquer crítica sob o ponto de vista da ética, a recomendação de se usar termos
que passem a ideia de novidade tecnológica mesmo que tais atributos não interfiram
significativamente na qualidade do produto. Como exemplo, conforme consta abaixo, o autor
mencionou uma marca de café que utilizou o benefício “flocos de cristal de café” para dar
ideia da qualidade do produto, o que, no entanto, é irrelevante nesse sentido, pois não é o
formato das partículas o fator determinante para o sabor desse item.
Pesquisas demonstraram, no entanto, que as marcas às vezes podem ser
diferenciadas com êxito em qualidades aparentemente irrelevantes se os
consumidores deduzirem qual é o benefício específico. A Procter & Gamble
diferencia seu café instantâneo Folger por meio de seus ‘flocos de cristal de café’,
criados por um ‘processo patenteado exclusivo’. Na verdade, o formato das
partículas de café é irrelevante, pois os cristais se dissolvem de imediato na água
45
Outro tipo de engano por ambiguidade ocorre quando não há dados falsos no anúncio
ou omissão de informações relevantes para a decisão de compra, mas a linguagem utilizada é
de difícil compreensão podendo induzir o consumidor a erro por não entendê-la. Um exemplo
bem representativo julgado pelo CONAR em 2003 se refere a um anúncio que continha
apenas em lettering a informação de que a promoção era válida somente para um certo tipo de
ligação.
A Embratel questiona a ética de campanha promovendo ligações interurbanas com o
uso do 23 Intelig. A Embratel argumenta que a oferta, anunciada pela atriz Regina
Casé como “muito mais barata que a concorrência, bem nos dias e horários em que
você mais usa o celular” é válida apenas para as chamadas VC3 - aquelas para
cidades cujo primeiro dígito do código de área não seja o mesmo da localidade do
cliente. A Embratel argumenta em sua denúncia que, apesar desta informação
constar em lettering, considerado por ela como de difícil leitura, a imensa maioria
dos usuários não saberá distingui-la e compreendê-la. Questiona também a Embratel
o fato de não constar do filme a validade da promoção. A Intelig enviou defesa ao
Conar considerando que o filme contém todas as informações relevantes para a
decisão do consumidor e que o lettering está em conformidade com as práticas de
mercado. Mas, de forma a tornar as informações ainda mais claras, a Intelig afirma
ter introduzido espontaneamente uma alteração em seu filme, procurando deixar
mais claro o que são as chamadas VC3. (...) (CONAR, 2003c)
Schultz (2005, p. 166) também menciona esse tipo de ambiguidade dando como
exemplo um anúncio fictício de elevadores que utiliza a linguagem técnica do INMETRO.
Como coloca o autor, “nada de chamar, na hora de vender, um elevador de ‘cabine
digitalizada de ascensão vertical’, para fazê-lo parecer algo mais revolucionário” (SCHULTZ,
2005. P. 166). O parágrafo oitavo do artigo 27 do CBARP, já apresentado, referente ao dever
de não se utilizar linguagem técnica incompreensível para leigos também sugere que este
anúncio feriu a ética profissional do setor.
Já o parágrafo sétimo deste mesmo artigo voltado a ressaltar a necessidade de se ter
comprovação de qualquer estatística e outros dados de pesquisa apresentados em publicidades
sugere que campanhas conhecidas só estarão éticas mediante esse cenário comprobatório.
Assim sendo, motes publicitários amplamente difundidos como “Nove entre dez estrelas usam
o sabonete X” e “Nove entre dez dentistas recomendam a marca Y de pasta de dente” só
estarão éticos e legais se refletirem uma metodologia científica séria e imparcial de pesquisa.
Isso implica, por exemplo, que a amostra da pesquisa não pode ter ficado restrita a algumas
pouca dezenas de entrevistados. 3
3
Isso não quer dizer que as marcas relacionadas a esses títulos necessariamente não realizem pesquisas sérias.
46
(classificação para testemunhos apresentada no documento), é preciso que ela tenha realmente
utilizado o produto e apreciado seus atributos para que venha a falar dele em um anúncio.
A respeito de pessoas famosas utilizadas em peças publicitárias, é importante dizer
que elas nunca serão anônimas nos anúncios aos públicos massivos que as conhecem. Sendo
assim, pode-se dizer que a sua presença na peça acaba por transformar o conteúdo em um
testemunhal. Como apresentado, o anexo destaca ainda que, devido à possível maior
influência desses personagens sobre o público, as recomendações referentes ao cuidado com o
engano em testemunhais devem ser ainda mais rigorosamente seguidas quando o anúncio
apresentar celebridades. Posto isso, registra-se um questionamento: será mesmo que as
celebridades porta-vozes de produtos diversos realmente atestam todos os itens que
anunciam?
Cabe discutir agora algumas alternativas éticas para a publicidade enganosa quanto ao
apelo racional/funcional/informativo.
Um recurso comumente utilizado para evitar o engano por ambiguidade por parte do
consumidor consiste na conhecida prática de colocar a legenda “Fotos Ilustrativas” em
anúncios diversos, geralmente em tamanho reduzido, especialmente nos de lojas de
departamento voltados a vender artigos para o lar.
A intenção do anunciante com isso é evitar que o espectador considere todos os itens
apresentados como oferta, sendo que apenas um ou outro está a venda pelo preço anunciado,
constando os demais ali somente para efeito decorativo. Um exemplo dessa situação é uma
publicidade de um determinado jogo de sofá sendo exposto junto com vários outros itens de
uma sala-de-estar, no intuito de chamar mais a atenção do consumidor ou acender mais
rapidamente seu desejo de compra. Dito isso, cabe também aqui uma consideração: se houver
consumidores que não forem habituados à crítica de mídia, e, portanto, que talvez não
entendam o que quer dizer tal expressão, colocada geralmente com pouquíssimo destaque,
seria ela a melhor saída para resolver o dilema ético? Talvez o melhor fosse uma expressão
mais precisa e colocada com mais evidência, associada à postura de enfatizar visualmente na
peça que apenas um produto é o anunciado.
Quanto a testemenhuais, uma alternativa ética óbvia apontada por Schutz (2005, p.
167) é, como consta no próprio CBARP, que sejam “personalizados e genuínos”. Isso
significa, por mais redundante que pareça, que os testemunhos devem, sim, ser dados por
pessoas que realmente utilizam e apreciam o produto em seu cotidiano, pelo menos por tempo
significativo, e não apenas uma única vez.
48
Outra proposta para resolver situações de engano consiste na ação, não plenamente
correta, em minha opinião, de inserir na peça a frase “Consulte o regulamento”. Isso, por si
só, não parece suficiente, devido a, pelo menos, duas razões. Primeiramente, porque nem
todos os consumidores potenciais terão acesso à internet ou a outro suporte previsto para esse
feito. Segundo, porque, se há dados importantes para a decisão de compra no regulamento e o
principal canal de comunicação é o anúncio e não esse documento on line, é na primeira via
que tais dados devem constar, até mesmo porque pode haver meios de como fazer isso na
peça, tanto em termos de tempo como de espaço.
Diante do que foi exposto até aqui e do que se observa no cenário atual da publicidade,
podemos dizer que os atenuantes do engano consistem nas já citadas “licenças publicitárias”,
também denominadas “exageros publicitários”, desde que nitidamente identificadas como tal
pelo consumidor. Como exemplo disso, cita-se um comercial de automóvel (não encontrado
on line) no qual, para enfatizar a resistência da lataria, uma bomba explode dentro do veículo
acarretando no mesmo não mais que um tímido salto. A princípio, em se tratando de um
público adulto sem limitações cognitivas graves, a peça parece não incorrer em engano
porque o consumidor estaria imediatamente consciente de que se trata de uma “mentirinha”,
um exagero, para transmitir a mensagem. Ou seja, o espectador saberia que o automóvel não
aguentaria uma bomba explodindo no seu interior. No entanto, se a lataria não fosse um
diferencial do produto/marca, tal raciocínio não se aplicaria, já que esse efeito retórico sugere
implicitamente que a lataria é, no mínimo, mais resistente que as demais encontradas no
mercado.
Infelizmente, complementando reflexões já inseridas nesse tópico, o setor publicitário
costuma utilizar a desculpa da “licença/exageração publicitária” em muitos outros casos não
pertinentes.
Pelo que se pode observar dos aspectos considerados antiéticos relatados até aqui,
nota-se que várias outras alternativas éticas são claras e viáveis: não prometer benefícios que
o produto não possa cumprir (como, por exemplo, emagrecer 3 números de calça em 1
semana, segundo a publicidade do “emagrecedor” Magrins descrita anteriormente); não
esconder em letras pequenas informações relevantes para a decisão de compra, o que é
perfeitamente possível principalmente em mídias impressas, mas também nas eletrônicas; e
ainda, não usar termos em destaque nos títulos quando há informações em letterings que
simplesmente os contrariam (é o caso de dizer que algo é “grátis”, no título, enquanto que,
simultaneamente, no rodapé da peça, consta a condição de que há uma entrada de dado valor).
Para Ferrel (2008), outra alternativa ética no intuito de evitar a publicidade enganosa
49
pode ser a adoção pela empresa de uma postura de não criar termos com a intenção de
confundir a cabeça do consumidor, como por exemplo, “extralight” em uma situação em que
há produtos definidos como “light” contendo a mesma quantidade calórica que aquele.
Independente de tal especificação, consiste em uma estratégia geral para evitar o
engano responder às seguintes perguntas ao se criar o anúncio: o consumidor é realmente
consciente de que se trata de um efeito lúdico/exagero publicitário ou licença publicitária na
peça? Quais são os dados mais relevantes para a decisão de compra? Esses dados estão
facilmente compreendidos na peça? Dependendo do perfil do público (o quanto ele conhece o
produto, por exemplo), as respostas podem ser diferentes e a tendência ao caráter enganoso,
atenuada ou reforçada.
Apesar de existir regulamentação e autorregulamentação sobre o tema, não se veem
muitos anunciantes e agências acusados de publicidade enganosa em função de testemunhais
ou informações mais sutis que possam gerar ambiguidade. Talvez isso ocorra por não haver,
no país, um sólido comportamento de denúncia e controle social da publicidade ou por se
concluir, mesmo sem pesquisas empíricas, que o consumidor entenderia claramente os
elementos acusados de antiéticos como “licenças publicitárias”, isto é, como recursos
meramente lúdicos e devidamente entendidos como tal. Independente disso, como não há
certezas de que o engano não ocorre, o caminho mais seguro parece ser evitar recursos como
os aqui discutidos que possam induzir o consumidor a algum tipo de erro.
de verdade existente nos símbolos, entre os quais também podem estar mercadorias e marcas.
Campbell (2001, p. 261) parece endossar esse pensamento ao afirmar que “para os
românticos (...) o mito e o símbolo continham mais verdade do que qualquer observação mais
cuidadosa, fiel ao modelo, da realidade”. Também parece reforçar tal pressuposto a fala de Da
Matta de que há tantos símbolos no capitalismo quanto entre os índios no Amazonas
(ROCHA, 1985, p. 9).
Ao que parece, a grande maioria dos publicitários defende a publicidade emocional
como não enganosa justamente porque entende que o público compreende o caráter “lúdico”,
“ficcional” deste jogo de sedução. Bassat (2008, p. 99), reconhecido profissional espanhol que
se declara um “gran defensor de la publicidad emocional”, afirma, por exemplo, que a
publicidade é como uma declaração de amor: “¿Quién no ha prometido alguna vez a su
pareja [parceiro/parceira] que la convertirá en la persona más feliz del mundo?” E
complementa seu argumento provocativo com a afirmação de que “nunca podría acusar a
ningún enamorado de haber mentido prometiendo la felicidad absoluta, si era éste el dictado
de su corazón”4. (BASSAT, 2008, p. 99)
O argumento implícito é o de que, assim como em promessas amorosas, o interlocutor
estaria ciente de que determinadas abordagens consistem na já mencionada “exageração
publicitária” ou “mentira inofensiva”, isto é, em uma licença poética compreendida como tal
para dar mais ênfase a alguma verdade que se quer dizer (seja de que o produto é muito bom,
seja de que se ama alguém).
Contrariando essa fala de Bassat, com base na reflexão sobre o que foi brevemente
exposto neste tópico, defende-se aqui que podemos falar, sim, em publicidade emocional
enganosa, mas em contextos específicos. Sugere-se pelos menos as seguintes condições para
se enquadrar uma publicidade emocional como enganosa: 1) quando o consumidor busca e
não obtém, com o produto/marca, a emoção/experiência ofertada, enfim, o “mundo
feliz”/prazeres diversos apresentados; 2) quando o consumidor busca e obtém, com o
produto/marca, emoção/experiência almejada na forma acima citada (seja via experimentação
de fato ou por vivenciar a aparência/ilusão de tal experimentação), mas não percebe que isso é
efêmero e/ou que o produto/marca ofertado não é essencial para que tal sensação ocorra; 3)
quando o consumidor entende (até mesmo inconscientemente) que, se a peça apresenta um
apelo emocional tão positivo, o produto/marca não deve ter qualquer ponto negativo.
Um exemplo que se enquadra no primeiro contexto apresentado é o citado por Martins
4
Tradução do autor: “Nunca se pode acusar a nenhum apaixonado de ter mentido ao prometer a felicidade
absoluta, se era isso algo sincero em seu coração”.
51
definição mais detalhada está colocada no próximo capítulo deste livro. O potencial de
engano aí presente se explica pelo fato de que até mesmo uma análise simples, à base do
senso comum, permite notar que emoções diversas associadas a bens de consumo – felicidade
em geral, aprovação social, independência, virilidade, liderança, sucesso profissional etc. –
não são verdadeiramente condicionadas à aquisição de produtos/marcas e nem são esses
recursos os que mais permitirão tal desfrute a longo prazo.
A publicidade emocional assertiva, também melhor conceituada no próximo capítulo,
é outro tipo de abordagem que, sugere-se aqui, tem um maior potencial de ser enganosa. Isso
porque afirmar direta e enfaticamente que o produto/marca garante dada emoção (basta
lembrar do anúncio/slogan “Abra a felicidade”, da Coca-Cola, para entender no que consiste
esse tipo de peça), conota mais certeza de que tal associação realmente pode ocorrer sempre e
para todos. Do contrário, como anunciante e agência teriam “coragem” de enfatizar tão aberta
e certeiramente tal associação? Como há grandes chances de a longevidade da
experimentação da emoção pelo consumo pontual da mercadoria ser uma falácia e uma vez
que certamente há quem não obterá a emoção almejada consumindo o item divulgado, ecoar
algo com tamanha assertividade pode significar, sim, linguagem enganosa. Outro exemplo
nessa linha foi veiculado na revista Veja, entre 2003 e 2008 (vários similares atuais podem ser
facilmente encontrados). Trata-se de anúncio do automóvel New Civic Restart (Honda), que
tem como título a frase “Às vezes, para mudar o rumo na sua vida, você precisa de um
impulso: 140 cavalos”5.
A chamada “publicidade excludente” ou “publicidade emocional comparativa”, a ser
aprofundada na próxima seção, também parece ser uma abordagem com mais potencial de
engano quanto às promessas que divulga. Afinal, esse tipo de publicidade dissemina que
quem não possui o produto/marca ofertado é inferior a quem o consome em aspectos que nada
têm a ver com a funcionalidade da mercadoria em foco. Uma vez que é indiscutivelmente
falsa a ideia de que qualquer pessoa seja inferior à outra pelo fato de possuir dada mercadoria,
tal associação também pode ser classificada como publicidade emocional enganosa. Por mais
que, infelizmente, alguém de fato possa se sentir inferior ou superior ou parecer inferior ou
superior a outros em função disso, trata-se de publicidade enganosa porque, em essência, não
existe essa gradação de valor por meio do consumo.
Aquele tipo de publicidade emocional com estilos de vida mais “inalcançáveis”, o que
chamo aqui de “publicidade glamourizada/top de linha”, também pode ser visto com maior
5
Tenho essa peça em meu arquivo pessoal de anúncios, mas sem identificação da edição (ano, mês, número) e
não a encontrei on line.
53
potencial de gerar engano. Isso simplesmente porque enfatizar estilos mais inalcançáveis de
vida pode reforçar a ideia de que tais estilos são facilmente alcançáveis, o que, evidentemente,
é algo enganoso.
Um exemplo clássico desse tipo de anúncio são as conhecidas campanhas de
margarina com famílias felizes tradicionais (pãe, mãe, filhos), de classe média alta ou alta e
sem qualquer pressa durante as refeições tomando, com muita calma e junto a todos os seus
membros, um farto café da manhã. Outro exemplo são as inúmeras publicidades de perfumes
e outros produtos de luxo que apresentam locais, corpos e situações idílicas, seja uma tarde de
romance em uma lancha atracada em um mar paradisíaco, seja uma mulher impecável em
termos estéticos segundo o padrão hegemônico de beleza, atraindo todos os olhares em uma
festa.
Na verdade, pode se enquadrar como publicidade glamourizada qualquer peça que
faça uso de padrões de beleza dificilmente alcançáveis e de situações prazerosas que
atualmente (ou desde sempre) não são comuns (o amor romântico, o arranjo tradicional de
família etc.). Claro que, como a publicidade trabalha justamente com a “falta”, conforme o
que já foi visto nesse livro, são justamente essas abordagens as mais escolhidas por
publicitários e profissionais de marketing. Mas isso não significa que elas sejam sempre éticas
e muito menos que só elas sejam vendáveis.
Independente de todas as abordagens específicas aqui introduzidas, a “publicidade
única ou predominantemente emocional em geral”, ou seja, com forte ênfase no apelo
emocional/felicidade, também parece ter, por si só, maior potencial de gerar algum tipo de
engano, independente de seu detalhamento. Afinal, como já colocado, quanto mais ênfase se
coloca em um dado valor, mais se pode passar a “certeza” de que o produto/marca realmente
pode oferecer, inclusive permanentemente, a emoção desejada.
Dois exemplos de peças nesse tom, que não são excludentes, exclusivistas, nem
totalmente assertivas, mas apenas única ou predominantemente emocional, podem ser aqui
registrados. Uma delas é o anúncio do automóvel Honda i-DSI, cujo título é “Não é à toa que
o sucesso chega rápido. Ele anda com motor Honda i-DSI” (também veiculado em 2003 em
edição da revista Veja)6. A peça pode ser classificada como predominantemente emocional
porque, apesar de ofertar algum apelo técnico/funcional do produto, é o valor de sucesso
vinculado à marca/modelo o que é principalmente destacado e mais tende a ser apreendido.
Outro exemplo, dessa vez unicamente emocional, é o da marca de tênis All Star/Converse
6
Tenho essa peça em meu arquivo pessoal de anúncios, mas sem identificação da edição (ano, mês, número) e
não a encontrei on line.
54
7
Tradução do autor: “Sapatos são chatos. Use tênis”.
55
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Sobre os autores
Mestre em Mídia e Cotidiano pelo PPGMC/UFF, com a dissertação “Gênero na publicidade infantil:
Estratégias de marketing e representações”. Graduada em Comunicação Social – Rádio e TV, pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e integrante do grupo de pesquisas ESC - Ética na
Sociedade de Consumo (UFF). Estuda temáticas relacionadas a gênero, ética publicitária, estereótipos
e representações.
Currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4452217U2.
E-mail: juliasrdias@gmail.com.