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SUMÁRIO

Introdução……………………………………..............................................................3
1- Quantas partes a Bíblia tem?.................................................................4
2- Quando e como a Bíblia foi escrita?....................................................5
3- A Torá judaica tem a ver com a Bíblia cristã?..................................6
4- A Bíblia é a única fonte da Revelação divina?.................................6
5- Onde se encontra a correta interpretação das Escrituras?.................7
6- Em qual língua a Bíblia foi escrita?......................................................8
7- Quem traduziu a Bíblia?...........................................................................9
8- O Novo Testamento anula o Antigo Testamento?.........................10
9- Qual foi o primeiro Evangelho a ser escrito? Em que ano?.........11
10- Por que há divergências entre os Evangelhos?.............................12
11- São Paulo escreveu todas as cartas paulinas?................................13
12- Como ler o Apocalipse?..........................................................................14
Conclusão..........................................................................................................15
INTRODUÇÃO
A Bíblia é um dos livros mais importantes e conhecidos da história da humanidade. De nenhum
outro livro foram feitos mais exemplares (em 2011, se contabilizaram mais de seis bilhões, fazendo da
Bíblia o livro mais vendido do mundo) e nenhum outro foi traduzido para tantos idiomas (quase
2.500 línguas).

Contudo, mesmo sendo uma obra tão conhecida, continua sendo circundada por uma esfera de
mistério. É, ao mesmo tempo, uma obra simples (a sua mensagem poderia ser resumida em apenas
três palavras: “Deus é amor”, 1 Jo 4,8) e complexa (extensos livros podem ser escritos a respeito de
apenas uma palavra presente na Bíblia, sem necessariamente esgotar o assunto).

É uma obra unificada (a Bíblia como um todo traz em si a mensagem da revelação divina) e,
concomitantemente, é um composto (a Bíblia se compõe de vários livros); pode ser,
simultaneamente, atribuída a um único autor (Deus que inspirou as Escrituras) e a mais de quarenta
autores (escritores dos livros que compõem a Bíblia). É um livro que trata de coisas do passado
(escrita há séculos, as narrações presentes na Bíblia correspondem a uma realidade diferente da que
vivemos hoje) e, conjuntamente, fala do que vivemos hoje (a sabedoria das Escrituras é atual e se
aplica ao que vivemos hoje).

Neste e-book você encontrará algumas das perguntas mais frequentes que as pessoas se fazem a
respeito da Bíblia e suas respectivas respostas. Elas são de índole diversificada, abrangendo desde
como a Bíblia foi escrita até como ela deve ser lida. Serão apresentadas de forma simples, e são
coisas extremamente úteis para todo aquele que deseja se aproximar da Sagrada Escritura.
Quantas partes a
1 Bíblia tem?
Antes de mais nada, devemos saber que a Bíblia é uma obra unificada, um grande livro, o qual tem
como objetivo a comunicação de uma única grande mensagem: a Revelação de Deus. Contudo,
convém afirmar que, sem perder a sua unicidade, ela se compõe de vários livros. Ao mesmo tempo
que se trata de uma obra unificada, ela é um conjunto de livros. De fato, o termo grego βιβλία (Bíblia)
é um substantivo plural que em português significa livros.

A Bíblia tem duas partes: o Antigo Testamento e o Novo Testamento. Cada um é um conjunto de
livros com características particulares. Saibamos que a palavra “testamento” significa “Aliança” ou
“pacto”, e este título indica um elemento central da mensagem dos textos: a Aliança que Deus
estabelece com o homem

No Antigo Testamento
É estabelecida a primeira aliança através de Abraão e perpetuada em toda a sua descendência,
formando assim um povo eleito. Ele é composto por 46 livros organizados comumente em quatro
grupos:

1. Pentateuco: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio;

2. Livros históricos: Josué, Juízes, Rute, os dois livros de Samuel, os dois


livros dos Reis, os dois livros das Crônicas, Esdras e Neemias, Tobias,
Judite, Ester, os dois livros dos Macabeus;

3. Livros sapienciais: Jó, os Salmos, os Provérbios, o Eclesiastes (ou


Coélet), o Cântico dos Cânticos, a Sabedoria, o livro de Ben-Sirá (ou
Eclesiástico);

4. Livros proféticos: Isaías, Jeremias, as Lamentações, Baruc, Ezequiel,


Daniel, Oseias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuc,
Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.

No Novo Testamento
É estabelecida uma Nova e Eterna Aliança na Pessoa de Jesus Cristo. É composto por 27 livros que
podem ser agrupados em quatro coleções:
1. Evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) e Atos dos Apóstolos.

2. Literatura joanina: Evangelho de São João, as três cartas atribuídas ao


apóstolo e o Apocalipse.

3. As cartas ou epístolas paulinas: Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas,


Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses, 1 e 2 Timóteo,
Tito, Filêmon. A autoria da Carta aos Hebreus foi atribuída a Paulo pela
tradição, de modo que também é considerada como parte do conjun-
to das epístolas paulinas. Contudo, os trabalhos da exegese moderna
propõem que provavelmente não foi escrita por ele, mas por outro
autor conhecedor da doutrina do apóstolo.
4. As cartas católicas: Carta de São Tiago, 1 e 2 de São Pedro, São Judas.
4. Chamam-se católicas (universais) por não estarem dirigidas apenas a
uma igreja ou pessoa (como as de Paulo), visto que o remetente não
ficou explícito nos escritos. Embora ambos os conjuntos sejam distin-
tos, desde cedo o cristianismo defendeu a complementaridade entre
um e outro: o Antigo Testamento recebe sua plena significação no
Novo Testamento, e este, por sua vez, é anunciado e se encontra
latente no Antigo.

Quando e como
2 a Bíblia foi escrita?
É verdade que hoje vemos Bíblias sendo vendidas nas livrarias, lado a lado com outros livros.
Contudo, devemos saber que ela não foi escrita como muitos dos livros que são publicados hoje.
A verdade é que passou por um processo longo e complexo de composição. Seus livros foram
escritos em épocas diferentes, por pessoas diferentes, em contextos também diversos. Desse modo,
é importante afirmar que a sua formação aconteceu aos poucos, durante um longo período de
aproximadamente novecentos anos (isso apenas considerando a tradição escrita). Como
aconteceu, então? Vamos por partes...

Houve, em algum momento e lugar específicos, um acontecimento, que marcou a história de


um grupo de pessoas. Estes eventos eram marcados pela ação de Deus que se revelava, se
mostrava gradativamente ao ser humano. Para que chegássemos a conhecê-lo como o
conhecemos hoje, Ele precisou se dar a conhecer. E isso aconteceu através de eventos, como, por
exemplo, a Revelação de Deus a Moisés através da sarça ardente, da libertação do povo de Israel da
escravidão dos egípcios.

Depois, tais acontecimentos foram contados de geração em geração. Assim, os filhos das
testemunhas oculares do evento ficaram sabendo o que aconteceu, mesmo sem ter estado lá; e
depois, da mesma maneira, os filhos de seus filhos e por aí vai. Deste modo, a partir da narração
destes eventos, se criaram valores. É o que chamamos de tradição oral.

Séculos mais tarde, esses eventos, que tinham sido contados fielmente por várias gerações,
foram escritos. E esses escritos é o que conhecemos como tradição escrita. Em determinado
momento, os escritos são organizados e passam a ser usados de diversas maneiras, como o culto
nas assembleias ou na educação dos filhos, adquirindo um valor particular. Os textos são difundidos
através da elaboração de cópias. Isto aconteceu tanto em relação ao Antigo Testamento quanto ao
Novo, em que os eventos giram ao redor da Pessoa de Jesus Cristo e os seus principais relatores são
os Apóstolos, que contaram as experiências que tiveram com Jesus às novas gerações de cristãos.

“Tais acontecimentos
foram contados de geração
em geração. Assim, os filhos
das testemunhas oculares do
evento ficaram sabendo o
que aconteceu[...]

A Torá judaica, tem a
3 ver com a Bíblia cristã?
A Torá é um conjunto de cinco livros que contém os fundamentos da fé judaica. O termo Torá (‫)הָ ֹרוּת‬
significa Lei. A Torá compõe com outros dois grupos, profetas (Nᵉbi’îm) e outros escritos (Kᵉtûbîm), a
Bíblia Hebraica, que é a Sagrada Escritura para os judeus. A letra inicial dos títulos destes três grupos
(Torá, Nᵉbi’îm e Kᵉtûbîm) dá origem à sigla Tanakh, que é o nome dado pelo judaísmo à Bíblia Hebraica.
O que a Torá tem a ver com a Bíblia cristã? Tem tudo a ver! Como sabemos, o cristianismo tem
raízes judaicas e a Torá está presente nas Sagradas Escrituras cristãs: os primeiros cinco livros da
Bíblia são os cinco livros da Torá judaica. Eles são Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.
Este conjunto também é conhecido como Pentateuco.
Aliás, os outros dois grupos que compõem a Bíblia Hebraica profetas e outros escritos) também estão
presentes na Bíblia cristã! Por exemplo, livros como Josué, Samuel, Isaías, Salmos, Jó, entre outros que
compõem a Bíblia cristã são também considerados Sagrados pelo judaísmo. A maior parte dos livros
do Antigo Testamento também consta na Bíblia Hebraica.

A Bíblia é a única fonte


4 da Revelação divina?
Grande parte da tradição oral (que é, como dissemos, o relato dos eventos de geração em geração que
criam valores) foi registrada por escrito, dando lugar à tradição escrita ou Sagrada Escritura.

Como já dito, isso aconteceu também em ordem ao Novo Testamento, tendo como evento principal a
Pessoa de Jesus Cristo e como testemunhas fundamentais os Apóstolos, que contaram tudo o que
receberam de Jesus às novas gerações de cristãos. Porém, parte dos ensinamentos não foram
registrados por escrito. Foram, sim, transmitidos de forma oral de geração em geração: os Apóstolos
ensinaram aos seus sucessores; estes, por sua vez, a outros e assim por diante, sempre sob a assistência
do Espírito Santo.

Deste modo, mesmo não sendo escritos, possuem valor de tradição e, por conterem a mesma
mensagem que os textos bíblicos (o evento principal da Pessoa de Jesus Cristo), também são
considerados sagrados. Sendo assim, o ensinamento não escrito dos Apóstolos, que passou de geração
em geração, é o que chamamos de Sagrada Tradição.

O Concílio Vaticano II ensina que “a Sagrada Tradição, por sua vez, transmite integralmente aos
sucessores dos Apóstolos a palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos
Apóstolos, para que eles, com a luz do Espírito de verdade, a conservem, a exponham e a difundam
fielmente na sua pregação” (Dei Verbum 8).

Estes ensinamentos não escritos são igualmente válidos aos escritos. Com efeito, a Sagrada Tradição
deve ser considerada, juntamente à Sagrada Escritura, o único depósito sagrado da Palavra de Deus.
Onde se encontra a correta
5 interpretação das Escrituras?
Antes de responder a essa pergunta devemos ter claro que existe uma forma correta de interpretar as
Escrituras e uma incorreta. Quem é capaz de fazer tal determinação? Aquele que as inspirou, que as
comunicou, que é o próprio Deus. Como sabemos, “muitas vezes e de modos diversos falou Deus,
outrora, aos Pais pelos profetas; agora, nestes dias que são os últimos, falou-nos por meio do Filho”
(Hb 1,1-2). Jesus Cristo traz a plenitude da Revelação e também a correta interpretação da
mensagem do Evangelho.

Ele mesmo ensina como deve ser compreendida a mensagem da Revelação divina. É o que Ele faz
quando explica aos discípulos de Emaús tudo o que no Antigo Testamento lhe dizia respeito (cf. Lc
24,27), ou quando explica as parábolas que Ele mesmo conta (cf. Mt 13,18-23; 36-43).

Jesus comunicou aos Seus Apóstolos o modo correto de compreender a mensagem da Revelação,
pois, Ele disse: “tudo o que ouvi de meu Pai vos dei a conhecer” (Jo 15,15). Assim, a Igreja foi
designada pelo próprio Cristo como depósito da fé. Nela se encontra a correta interpretação da
mensagem da Revelação e das Escrituras.

Isso se faz concreto de modo particular através do Magistério vivo da Igreja. Chama-se Magistério vivo
da Igreja ao colegiado de mestres autorizado a ensinar e avaliar os pontos de doutrina, como também
a pronunciar-se em matéria de teologia e de prática eclesial, que é composto pelos Bispos do mundo
todo, autênticos sucessores dos Apóstolos, encabeçados pelo Papa.

O Concílio Vaticano II afirma que, para o católico, as “Sagradas Escrituras, a Sagrada Tradição e o
Magistério estão ligados e unidos de tal maneira que uma coisa sem as outras não se mantêm, mas
juntas, cada uma ao seu modo, sob a ação do Espírito Santo, colaboram eficazmente para a salvação
das almas”. Deste modo, convém afirmar que o Magistério da Igreja tem a correta interpretação
das Escrituras e o comunica e o atualiza a todo o povo de Deus.
7 Quem traduziu a Bíblia?
Para que a mensagem escrita em hebraico e grego chegasse a nós, na nossa língua, precisou passar
por um processo de tradução. Numerosos foram os tradutores que se dedicaram a esta tarefa.
Contudo, há duas traduções muito importantes.

A primeira foi a tradução da Bíblia Hebraica para o grego. É uma versão conhecida como
Septuaginta ou dos Setenta (também é possível encontrá-la sob a referência dos números romanos
LXX).

Esse nome vem de uma tradição que relata que a tradução foi feita por setenta (ou 72,
dependendo da versão) eruditos judeus em apenas 72 dias, cada um em separado, comparando, no
fim deste período, os textos, sendo estes exatamente iguais.

Certamente, não se pode comprovar a veracidade dessa história. O importante é que, a partir dessa
tradução, como a língua grega era muito comum entre os judeus, para poder transmitir mais
facilmente os textos bíblicos às gerações que não dominavam muito bem o hebraico e aramaico, eles
passam a ler esta versão em algumas sinagogas e no ordinário do dia a dia de muitas famílias.

A segunda tradução foi a da Bíblia inteira (Antigo Testamento em hebraico e Novo em grego) para
o latim. Foi realizada entre 390 e 405 d.C. por São Jerônimo, um presbítero que dedicou grande
parte da sua vida ao estudo, tradução e comentários da Sagrada Escritura. A versão de São
Jerônimo foi durante séculos a versão oficial da Bíblia na Igreja Católica e recebeu o nome de Vulgata,
que quer dizer divulgada.

Vulgata
6 Em qual língua a Bíblia foi
escrita?
Hoje é possível encontrar a Bíblia em diversas línguas: português, inglês, espanhol, alemão, etc. Hoje,
cada pessoa tem acesso à Sagrada Escritura na sua língua materna, facilitando o conhecimento da
mensagem da Revelação. Tudo isso é graças a um árduo trabalho de tradução, pois a Bíblia não foi
escrita em nenhuma língua que seja falada ordinariamente nos dias de hoje. A Sagrada Escritura foi
escrita originalmente em duas línguas: hebraico e grego (sem ser o grego que se fala hoje, mas
um grego antigo que chamado grego koiné).

O Antigo Testamento foi escrito na sua maioria em hebraico, que era a língua do povo de Israel na
antiguidade. Depois do exílio na Babilônia (586 - 538 a.C.), o uso do hebraico passa a restringir-se à
liturgia, não sendo mais usado no dia a dia pelo povo judeu.

No ano de 333 a.C., Alexandre Magno, imperador da Macedônia e aluno de Aristóteles, conquista o
grande território que estava sob o domínio dos persas, trazendo consigo uma significativa influência
cultural em todo o território, e a língua grega (idioma oficial do império helênico) torna-se uma espécie
de língua universal da época. Assim, a Sagrada Escritura passa a ser lida em muitas sinagogas em
grego, e tem lugar a redação de alguns textos bíblicos em grego (como o livro da Sabedoria de
Salomão, por exemplo).

Já perto da era cristã, os romanos passaram a dominar o território helênico. No entanto, o seu domínio
não leva à erradicação dos elementos culturais gregos que resultaram da conquista do império de
Alexandre Magno. A língua grega permanece sendo uma espécie de língua universal. Na época, o povo
judeu falava no dia a dia o aramaico. Portanto, sabemos que Jesus e Seus Apóstolos se comunicavam
nesta língua. Contudo, o grego era a língua mais falada na época, de modo que os textos do Novo
Testamento foram redigidos em grego. Isto facilitava com que a mensagem do Evangelho
pudesse chegar a mais pessoas.

“A Sagrada Escritura foi escrita


originalmente em duas línguas:
hebraico e grego (sem ser o grego
que se fala hoje, mas um grego
antigo que chamado grego koiné). ”
8 O Novo testamento anula
o Antigo Testamento?
O Antigo e o Novo Testamento são duas partes
” complementares que compõem uma única mensagem
O Novo Testamento não da Revelação de Deus. Desde cedo o cristianismo
anula o Antigo. O Catecismo defendeu a complementaridade entre um e outro: o
da Igreja Católica ensina: “O Antigo Testamento recebe sua plena significação no
Antigo Testamento é uma Novo Testamento, e este, por sua vez, é anunciado e se
parte da Sagrada Escritura encontra latente no Antigo.
de que não se pode
prescindir. Os seus livros são Ao mesmo tempo, se reconhece a distinção entre
divinamente inspirados e ambos: no Antigo Testamento, Deus fala através dos
conservam um valor Seus profetas; no Novo, Deus fala através do Seu
permanente, porque a Antiga próprio Filho. No Antigo Testamento, é narrada a
Aliança nunca foi revogada” formação do povo de Deus a partir dos patriarcas; no
(CIC 121). Ainda ensina o Novo, é narrada a formação do novo povo de Deus a
Catecismo que “a Economia partir dos Apóstolos. No Antigo Testamento, é
do Antigo Testamento anunciada a vinda de um Salvador definitivo; no Novo, é
destinava-se, sobretudo, a narrada a chegada desse Salvador.
preparar o advento de Cristo,
Redentor universal” (CIC 122), No Antigo Testamento, é estabelecida uma Aliança entre
de modo que não pode ser Deus e o homem; no Novo, é estabelecida a Aliança Nova
esquecida nem e Eterna em Jesus Cristo. No Antigo Testamento, vemos
menosprezada. ” uma forma particular de relação com Deus (através da
tradição ritual de Israel); no Novo, vemos uma diferente,
nova (através do culto eucarístico) e assim por diante.

Contudo, o Novo Testamento não anula o Antigo. O Catecismo da Igreja Católica ensina: “O Antigo
Testamento é uma parte da Sagrada Escritura de que não se pode prescindir. Os seus livros são
divinamente inspirados e conservam um valor permanente, porque a Antiga Aliança nunca foi
revogada.” (CIC 121). Ainda ensina o Catecismo que “a Economia do Antigo Testamento
destinava-se, sobretudo, a preparar o advento de Cristo, Redentor universal” (CIC 122), de modo
que não pode ser esquecida nem menosprezada.

É evidente que há algumas coisas no Antigo Testamento que não estão em vigência para nós cristãos,
pois foram aperfeiçoadas por Cristo. É o caso, por exemplo, dos numerosos preceitos de pureza ritual
descritos no Levítico, que, embora no passado fossem necessários, já não o são mais, uma vez que
Cristo fez o sacrifício perfeito e definitivo que reconciliou o homem com Deus, abolindo a necessidade
de outro tipos de rituais ou sacrifício de animais.

O mesmo diga-se em relação à crença escatológica do Sheol ou mansão dos mortos (lugar onde
todos, justos e ímpios, iam após a morte), que não procede, uma vez que Jesus abriu para o homem
as portas do céu. Deste modo, conclui-se que o Antigo Testamento não é anulado pelo Novo, mas
sim, aperfeiçoado e realizado em plenitude.
9 Qual foi o primeiro Evangelho
a ser escrito? Em que ano?
A palavra evangelho vem do grego εὐαγγέλιον, euangélion, que significa boa-nova, boa notícia. Esta era
a expressão que se empregava na antiguidade para anunciar uma mensagem vinda da realeza. No
Novo Testamento, o termo é utilizado para referir-se à Boa-Nova de Jesus Cristo, Sua vida, mensagem,
palavras e obras. São quatro os textos canônicos desta índole: os Evangelhos de São Mateus, São
Marcos, São Lucas e São João.

A Igreja Católica e as outras expressões cristãs têm uma especial reverência pelos Evangelhos,
principalmente por uma razão: eles narram de forma direta o maior mistério da fé, a saber, a
Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, Filho de Deus. Os relatos dos Evangelhos
trazem como que “ao vivo” Suas palavras e obras. Esta é a mensagem central de toda a pregação
apostólica, de modo que é anunciada tanto a quem não O conhece, quanto aos fiéis que procuram
crescer no conhecimento Dele.

Há hoje o consenso de que o primeiro dos Evangelhos a ter sido escrito foi o de São Marcos.
Antigamente, acreditava-se que o primeiro Evangelho escrito teria sido o de São Mateus, por isso, na
nossa Bíblia, é o que aparece primeiro. Defendia-se a teoria de que São Marcos, por possuir uma escrita
mais simples do que São Mateus, teria sido uma espécie de resumo de São Mateus. Porém, mais tarde
esta teoria foi sendo refutada até ser substituída pela asseveração de que o primeiro a ter sido escrito
foi o de Marcos. O Evangelho de São Marcos provavelmente foi escrito entre os anos 65 e 70 d.C. Foi
redigido em grego koiné, contendo algumas expressões em aramaico (língua comumente falada
em Israel na época de Jesus).

Mais tarde teria sido redigido o texto de São Mateus entre os anos 75 e 80 d.C., após a destruição do
Templo (70 d.C.), quando os cristãos já não podiam mais frequentar as sinagogas dos judeus e havia
grande hostilidade entre ambos. Alguns anos depois, foi escrito o Evangelho de São Lucas,
provavelmente entre 80 e 90 d.C. O último Evangelho a ser escrito foi o de São João. Quanto ao
lugar de composição e a data, permanece unânime a afirmação de ter sido composto em Éfeso
entre os 90 e 100 d.C.

A palavra evangelho vem do grego εὐαγγέλιον,


euangélion, que significa boa-nova, boa notícia.
Por que há divergências
10 entre os Evangelhos?
Os Evangelhos de São Mateus, São Marcos e São O Evangelho de São João não é considerado
Lucas formam um conjunto singular, de tal forma dentre os sinóticos, como já dito. Ele se
que são chamados de Evangelhos sinóticos. O distingue deles em vários aspectos, como
documento de São João não é considerado dentro estrutura e vocabulário.
deste grupo por diferenciar-se significativamente
em diversos aspectos dos outros Evangelhos. Defende-se que esta distinção com os outros
três relatos que já circulavam pela Igreja
O termo sinótico provém da palavra grega primitiva (o Evangelho de São João foi o último a
συνοπτικός, sinopticós, um adjetivo que, em ser escrito) foi proposital, no sentido de que o
português, traduz-se como sob a mesma ótica, em autor quis deliberadamente relatar o evento da
conjunto, agrupados, de forma que esses três Pessoa de Jesus Cristo numa ótica diferente dos
Evangelhos recebem este título por outros escritores. A possibilidade de que haja
compartilharem entre si muitíssimas textos que não tenham sido escritos por São
características, ainda que cada um deles relate a Paulo não diminui em nada o seu caráter
seu modo os mesmos acontecimentos. canônico (ou seja, que devem ser consideradas
como inspiradas) e sagrado (são Palavra de
A distinção entre os Evangelhos se fundamenta no Deus).
fato de que cada evangelista utilizou diversas
fontes para a elaboração do documento. Todas contêm, mesmo aquelas cuja
autenticidade é posta em dúvida, o
O primeiro Evangelho a ser escrito foi o de Marcos e ensinamento do apóstolo e são expressão da sã
serviu de fonte para São Mateus e São Lucas. doutrina.
Defende-se que, além do documento de São
Marcos, haveria uma fonte desconhecida (também Estas divergências em nada diminuem o caráter
chamada de fonte Q) que teria nutrido o texto de canônico e sagrado dos textos, antes são
São Mateus e São Lucas, justificando as observados com apreço por comportarem
divergências entre esses dois textos e o de Marcos. diversos elementos ao testemunho de Cristo.
Sustenta-se ainda que, além do texto de São São considerados relatos complementares de
Marcos e a fonte Q, São Mateus e São Lucas teriam um único acontecimento que nos permitem
contado com outras fontes, cada um por separado, enxergar de maneira mais larga um único
tornando, assim, o seu Evangelho único. evento, que é a Pessoa de Jesus Cristo.


A distinção
entre os Evangelhos se
fundamenta
em cada evangelista utilizou
diversas fontes para a
elaboração do
documento ”
11 São Paulo escreveu todas
as cartas paulinas?
São Paulo é considerado o maior evangelizador de todos os tempos. Realizou diversas viagens
missionárias (cf. At 13,3; 15,36-40) nas quais se dedicou ao anúncio do Evangelho (cf. At 13,16-41; 14,7),
principalmente para os pagãos (cf. At 13,46), e a consequente fundação de comunidades cristãs (cf. At
18,1-11; 19,8-10). Como uma forma de pastorear tais comunidades – e outras que não haviam sido
fundadas por ele –, São Paulo escreveu cartas exortando, ensinando, confirmando na fé,
encorajando, entre outros. Estes textos são os que conhecemos como cartas paulinas.

Estes escritos foram basilares no ensino e na vivência da fé entre as primeiras comunidades cristãs. Ele
mesmo recomendava que uma carta dirigida a uma comunidade específica fosse também copiada
para ser lida em outras igrejas (cf. Cl 4, 16). Dessa forma, os cristãos iam assimilando a mensagem das
cartas do apóstolo dentro do seu modo de viver a fé. Foi assim que mais tarde elas entraram sem maior
complicação no cânon do Novo Testamento.

Existe, no entanto, um grande debate entre os teólogos e estudiosos da Sagrada Escritura a


respeito de se todas as cartas que são atribuídas a São Paulo são realmente dele. Não há um
consenso nesse aspecto. Algumas delas possuem traços que abrem uma grande probabilidade de que
tenham sido escritas, de fato, por ele, enquanto outras não. A partir disso, é possível dividir suas cartas
em três grupos:

Cartas Cartas
Protopaulinas: Deuteropaulinas: Cartas Tritopaulinas:

1 e 2 Timóteo e Tito.
Romanos, 1 e 2 Efésios, Colossenses Se sustenta que estas
Coríntios, Gálatas, e 2 Tessalonicenses. dificilmente foram escritas
Filipenses, 1 A autenticidade por São Paulo, devido à
Tessalonicenses e destas é negada por linguagem empregada
Filêmon. Se defende certo número de (diferente daquela de São
que estas são estudiosos, abrindo Paulo) e ao conteúdo (são
autenticamente a probabilidade de abordadas problemáticas
de autoria de São que não sejam da que acometeram as
Paulo. autoria de Paulo. comunidades no final do
século I).

É certo que algumas Cartas de São Paulo foram perdidas. Em 1Cor 5,9, já se fala de uma Primeira Carta
aos Coríntios. Em Cl 4,16, Paulo se refere a uma Carta escrita aos cristãos de Laodiceia.
12 Como ler o Apocalipse?
O Apocalipse é o último livro da Bíblia cristã. O termo tem sido tristemente deturpado nas últimas
décadas, sendo associado à morte, escuridão e destruição, quando na verdade é uma palavra de luz,
esperança e alegria. O próprio termo Apocalipse vem do grego ἀποκαλύπτω – apokalýpto –, na preposição
ἀπό encontramos uma expressão de abandono ou saída – com ela se expressa o lugar de onde se sai –
e καλυπτός significa oculto, coberto, escondido.

A junção destes dois elementos forma o significado do termo que é revelação ou, mais
especificamente, “sair do oculto”, o que não é outra coisa a não ser a chegada da luz. O livro do
Apocalipse é o registro da profecia revelada a São João sobre a segunda vinda de Jesus Cristo,
prometida no Evangelho (cf. Mt 16,27; 24,42; Lc 21,27.34-36; Jo 14,3; At 1,11; ver também 1Ts 4,16-17; 5,23; Hb
9,28).

A mensagem do Apocalipse se torna difícil de compreender por estar escrita em linguagem simbólica.
Os números, partes do corpo, orientações geográficas, lugares, nomes, cores, e outros detalhes
presentes, são símbolos de outras realidades. Dessa forma, para compreendê-la é necessário fazer
uma interpretação, que deve ser feita à luz da tradição e do Magistério da Igreja. Perante a
linguagem simbólica do Apocalipse, deve-se sempre ter cuidado para não cair em erros de
interpretação.

Um deles é o fundamentalismo, muito comum na teologia protestante, que consiste em interpretar a


Sagrada Escritura ao pé da letra. Ora, a Palavra de Deus contém um sentido espiritual, pelo que a sua
mensagem não pode se compreender imediatamente da forma que está escrita, fazendo-se
necessária a hermenêutica (interpretação).

Outro erro é o do isolamento, que diz respeito a ler o Apocalipse por si só, isolado dos outros livros da
Bíblia. Também seria errado defender um sentido único de interpretação, pois a Pontifícia Comissão
Bíblica indicou, na década de 90 (presidida por Ratzinger), que a versatilidade da Sagrada Escritura dá
espaço para mais de um sentido na sua interpretação (isto não quer dizer que haja a aceitação de
várias verdades, mas de diversas óticas de uma mesma verdade).
Finalmente, o descrédito da veracidade da Palavra comporta o erro de, ao estudar o Apocalipse, se crer
que se está diante de algo irreal ou fantasioso, pela distância das figuras simbólicas com relação à
nossa realidade quotidiana. Ora, não podemos esquecer que estamos diante da Palavra de Deus
revelada ao homem, Palavra viva, verdadeira e eficaz. A segunda vinda de Jesus é real e, embora não
saibamos quando nem como, acontecerá. Os primeiros cristãos mantinham uma fé viva nessa
promessa. Assim, também nós devemos, com orações e súplicas, apressar a vinda de nosso Senhor
diariamente, como pedimos em cada Eucaristia: “Vem, Senhor Jesus!” (Ap 22,20).

Conclusão:
Estas são apenas algumas das perguntas mais frequentes que geralmente são feitas a respeito da
Bíblia. Certamente, neste breve percurso que fizemos, o tema tratado em cada resposta não foi
esgotado, uma vez que a nossa proposta é oferecer apenas uma luz, de forma breve e simples, de
modo que é possível aprofundar cada uma das respostas e o conhecimento da Sagrada Escritura de
modo geral. Temos um convite particular para você que quer se aprofundar no conhecimento da
Sagrada Escritura: fazer conosco um percurso breve e simples, mas consistente e seguro de
conhecimento da Bíblia. É o curso “Introdução à Sagrada Escritura” da Série Philippos. Ora, a Série
Philippos é uma linha de cursos de formação doutrinária católica que tem como base o Catecismo
da Igreja Católica e a forma própria do Carisma Shalom, cujo objetivo é formar a pessoa no
conhecimento da fé, proporcionando-lhe uma base para que possa crescer na sua experiência
pessoal com a Verdade do Evangelho e amadurecer na fé.

O curso “Introdução à Sagrada Escritura” da


Série Philippos se desenvolve em duas
instâncias complementares: um livro que
busca introduzir o leitor no universo bíblico
com uma linguagem simples e acessível, que
realmente cumpre seu objetivo de suscitar o
desejo de conhecer mais a Sagrada Escritura
e, assim, conhecer mais a Deus. Juntamente
com o livro, disponibilizamos oito vídeo-aulas
nas quais aprofundamos o tema.

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A totalidade do curso comporta tanto o livro quanto as


aulas. Eles são duas instâncias que se complementam,
de modo que o conteúdo do curso de forma íntegra só
se obtém ao ler o livro e assistir às aulas. Você tem
acesso às aulas gravadas aqui: Você não pode perder a
oportunidade de conhecer melhor esta obra tão
importante que é a Bíblia. Garantimos que você não se
arrependerá de aproximar-se mais dela, uma vez que,
como nos ensinou São Jerônimo, conhecer as Escrituras
é conhecer o próprio Cristo (PL. 24. Prol. 17).

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