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Mandado de Segurança

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EXCELENTÍSSIMO (a) SENHOR (a) DOUTOR (a) JUIZ DA ______ VARA


DA COMARCA DE TANGARÁ DA SERRA/MT.

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL –


SECCIONAL MATO GROSSO, com sede à segunda Avenida Transversal,
S/N, Centro Político Administrativo, Cep: 78.050-970 - Cuiabá - MT,
através de seu Presidente, MAURICIO AUDE, inscrito na OAB/MT sob o
nº 4.667 e Presidente da 10ª Subseção - Tangará da Serra/MT JOSEMAR
CARMERINO DOS SANTOS, bem como os procuradores da OAB/MT
CLAUDIA ALVES SIQUEIRA, inscrito na OAB/MT sob o nº 6.217-B e
MARCONDES RAI NOVACK, inscrito na OAB/MT sob o nº 8.571, vêm
mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência, impetrar

MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO PREVENTIVO


COM PEDIDO DE LIMINAR

contra ato da Ilustríssimo Delegado de Polícia Judiciária Civil JOÃO


ROMANO DA SILVA JUNIOR, lotado da Delegacia de Tangará da
Serra/MT, o que faz com esteio nas razões de fato e de direito que passa a
expor.

I – DO CABIMENTO

Os atos administrativos, em regra, são os que


mais ensejam lesões a direitos individuais e coletivos, portanto estão
sujeitos a impetração de Mandado de Segurança, onde o objeto, será
sempre a correção de ato ou omissão de autoridade, desde que, ilegal e
ofensivo a direito individual ou coletivo, líquido e certo, do impetrante,
bem como a ameaça um direito (preventivo), a teor de preceito
constitucional que passamos a transcrever:

2ª Avenida Transversal, s/n – CPA – Tel.: (0xx-65) 3613-0900 – Fax.: (0xx-65) 3613-0921 – CEP: 78050-970 –
Cuiabá - MT
Site: http://www.oabmt.org.br
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O Art. 5º, LXIX, LXX e XXXV,da Constituição Federal do


Brasil, determina:

“Conceder-se-á Mandado de Segurança para


proteger direito líquido e certo, não amparado
por hábeas corpus ou hábeas data, quando o
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder
for autoridade pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições do Poder
Público”.

“ o mandado de segurança coletivo pode ser


impetrado por:
...
b) organização sindical, entidade de classe
entidade ou associação legalmente constituída
e em funcionamento a pelo menos um ano, em
defesa dos interesses de seus membros ou
associados;
“a lei não excluirá da apreciação do poder
judiciário lesão ou ameaça ao direito;” (grifos
nossos)

Conforme adiante passaremos a demonstrar, o


ato perpetrado pela autoridade apontada como coatora, se apresenta
revestido de ilegalidade e desprovido de qualquer legitimidade, afrontado
mortalmente princípios de ordem Constitucional e dispositivo de Lei
Federal, autorizando assim o manuseio do presente writ, consubstanciado
no preceito constitucional a epígrafe c/c a Lei 12.016/2009.

II - DOS FATOS

Do Ato Praticado pela Impetrada

A autoridade aqui inquinada de coatora trouxe


mediante a edição de simples Portaria, verdadeira novação legislativa,
visando regulamentar o direito dos advogados de vista e obter cópia dos
inquéritos em tramite pela Delegacia de Policia de Tangará da Serra-MT.

O Delegado JOÃO ROMANO DA SILVA em


23/05/2013 editou a Portaria nº 05/13 a qual em síntese determina que
os advogados para ter acesso aos autos de inquérito em tramite por aquela
Delegacia, ainda que não resguardados pelo sigilo judicial, deverão efetuar
prévio requerimento expresso com juntada de instrumento procuratório, a
qual será submetido a despacho da autoridade competente.

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Ainda, sob a justificativa de que não há na


legislação amparo legal para retirada dos inquéritos pelos advogados,
estes não poderão ser retirados daquela unidade judiciária sob nenhum
pretexto e associado ao fato de que a maquina copiadora instalada
naquela Delegacia estaria destinada tão somente a atender as
necessidades internas daquele órgão, assim a indigitada portaria acaba
por proibir que os advogados obtenham cópias dos inquéritos, cerceando o
direito de toda uma classe.

Data venia o Delegado com a edição da Portaria


nº 05/13 invade esfera de competência legislativa destinada
exclusivamente a União bem como as disposições contidas nela colidem
frontalmente com preceitos Constitucionais, dispositivos de Lei Federal,
afrontando dessa forma as prerrogativas da impetrante e de seus
integrantes, no momento em que impede os advogados de ter acesso
inquéritos policiais bem como de obter cópias reprográficas dos mesmos.

III - DO DIREITO

A impetrante como representante da classe dos


Advogados regularmente inscritos no seu quadro, tem como objeto
estampado no Artigo 44 e incisos da Lei 8.906/94, velar e exigir pelo fiel
cumprimento da Lei, assim o esta fazendo, pois o Delegado de Polícia, ao
negar acesso dos advogados a seus clientes, esta violando preceitos de
Ordem Constitucionais e Infraconstitucionais.

Insta aduzir, que além das violações já declinada


a impetrada afronta os princípios basilares que regem a Administração
Pública (legalidade, impessoalidade e moralidade) e que estão inseridos no
caput do art. 37 da CF.

Os fatos acima delineados por si só são


suficientes a ensejar a ilegalidade do ato os quais violam direito líquido e
certo da Impetrante e de seus membros, bem como, colide frontalmente
com o ordenamento Constitucional e infraconstitucional.

Não bastassem as violações legislativas alhures


apontadas, o indigitado ato tolhe as prerrogativas dos Advogados,
impossibilitando o exercício da advocacia considerada indispensável à
administração da Justiça.

A própria Constituição Federal preconiza a


necessidade do profissional do advogado a administração da Justiça.

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Artigo 133. O advogado é indispensável à


administração da justiça, sendo inviolável por
seus atos e manifestações no exercício da
profissão, nos limites da lei. (grifos nossos)

O desrespeito às prerrogativas - que asseguram,


ao Advogado, o exercício livre e independente de sua atividade profissional
constitui inaceitável ofensa ao estatuto jurídico da advocacia, pois
representa, na perspectiva de nosso sistema normativo, um ato de
inadmissível afronta ao próprio texto constitucional e ao regime das
liberdades públicas nele consagradas.

A restrição a direitos do Advogado não afeta


somente ao profissional, mas toda a sociedade e o próprio estado
democrático de direito, dessa forma é inconcebível que o Advogado não
possa ter acesso a seu cliente, para promover a defesa de seus interesses,
sendo certo que há casos de urgência, como os Recurso em geral, Hábeas
corpus, Mandado de segurança entre outras, onde o lapso temporal pode
vir a ser fatal.

Daí nasce à ilegalidade material do ato, haja vista


que a negativa de comunicar-se com o cliente de forma pessoal e
reservada encontra-se plenamente regulamentada por Lei Federal (Lei
8.906/94) não podendo sofrer limitações ou recusas.

O indigitado ato, aqui tido como ato abusivo e


ilegal, além de acarretar todos os nefastos efeitos acima explicitados,
ainda impede o livre exercício da profissão do Advogado, que exerce um
múnus público.

É oportuno lembrar que o Estatuto da Advocacia,


Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994, prevê em seu artigo 7º, inciso III, que
é direito do advogado:

“Art. 7º São direitos do advogado:

I...
III – comunicar-se com os clientes, pessoa e
reservadamente, mesmo sem procuração,
quando estes se acharem presos, detidos ou
recolhidos em estabelecimentos civis ou
militares, ainda que considerados
incomunicáveis;”

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Assim, o respaldo jurídico confirmador da ilegalidade do


ato judicial, pode ser facilmente constatado pela simples leitura do
dispositivo legal contido no Estatuto da Advocacia, onde facilmente se
verifica é assegurado ao advogado o direito de comunicar-se com o cliente.

Sobre o tema assim se posicionou o STJ:

ADMINISTRATIVO - DIREITO DO PRESO -


ENTREVISTA COM ADVOGADO - ESTATUTO DA OAB
- LEI DE EXECUÇÕES PENAIS - RESTRIÇÃO DE
DIREITOS POR ATO ADMINISTRATIVO -
IMPOSSIBILIDADE.

1. É ilegal o teor do art. 5º da Portaria


15/2003/GAB/SEJUSP, do Estado de Mato Grosso,
que estabelece que a entrevista entre o detento e o
advogado deve ser feita com prévio agendamento,
mediante requerimento fundamentado dirigido à
direção do presídio, podendo ser atendido no prazo
de até 10 (dez) dias, observando-se a conveniência
da direção.

2. A lei assegura o direito do preso a entrevista


pessoal e reservada com o seu advogado (art. 41, IX,
da Lei 7.210/84), bem como o direito do advogado
de comunicar-se com os seus clientes presos,
detidos ou recolhidos em estabelecimento civis ou
militares, ainda que considerados incomunicáveis
(art. 7º, III, da Lei 8.906/94).

3. Qualquer tipo de restrição a esses direitos


somente pode ser estabelecida por lei.

4. Recurso especial improvido.(REsp 673.851/MT,


Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA,
julgado em 08/11/2005, DJ 21/11/2005 p. 187,
grifei)

Por todos os fatos e fundamentos acima


declinados, temos o concreto constrangimento, motivo pelo qual requer a
pronta intervenção do Poder Judiciário para coibi-lo.

Temos ainda que a atitude do impetrado constitui


crime de abuso de autoridade, previsto na Lei 4.898/65.

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III – DOS REQUISITOS DA MEDIDA LIMINAR:

A concessão de liminar, em sede de mandado de


segurança exige a comprovação de dois requisitos indispensáveis, quais
sejam, o FUMUS BONI IURIS e o PERICULUM IN MORA.

O primeiro consiste na plausibilidade do direito


material em que se funda a pretensão, in casu na, ilegalidade e na
ameaça a um direito, bem como manifesto abuso de poder ao recusar ao
advogado o direito de comunicar-se com o cliente pessoa e
reservadamente.

O segundo caracteriza-se pelo dano irreparável ou


de difícil reparação na demora no julgamento do mandamus, pois direitos
constitucionais do contraditório, ampla defesa, livre exercício da profissão
entre outros estariam, a mercê de um ato manifestamente ilegal.

Consoante demonstrado, de forma incontroversa,


nesta impetração, os advogados e a Lei 8.906/94 estão sendo violados
com o ato do delegado, contrariando ainda dispositivos constitucionais.

IV – DO PEDIDO

Em face de tudo o que foi acima exposto, requer a


impetrante:

a) a concessão de MEDIDA LIMINAR INAUDITA ALTERA PARS para, de


imediato, suspender-se o ato da Autoridade Coatora, garantindo-se, a
todos os advogados, que militam na Delegacia onde a autoridade coatora é
titular, o direito de comunicar-se com seus clientes pessoal e
reservadamente, conforme disciplina a Lei 8.906/94, restabelecendo as
prerrogativas dos Advogados, indispensáveis a distribuição da Justiça,
haja vista as ilegalidades cometidas pela autoridade apontada como
coatora, a saber:

- violação das prerrogativas dos advogados (Artigo 7º, inciso III da Lei
8.906/94
-

b) a notificação da autoridade coatora para prestar as informações de


estilo, no decêndio legal;

c) a oitiva do representante do Parquet;

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d) a concessão, ao final por ocasião do julgamento de mérito, do presente


mandamus, para o fim de reconhecer a ilegalidade do ato que vem
praticando a Autoridade acoimada de Coatora, restabelecendo as
garantias constitucionais, e infraconstitucional que assegura aos
advogados comunicar-se com seus clientes pessoal e reservadamente,
conforme mandamento da Lei 8.906/94, sob pena de perecimento de
direito e grave violação do estado democrático de direito.

Requer ao final, confirmando-se o abuso de


autoridade, praticado pelo impetrado, sejam remetidas cópias ao
Ministério Público para responder pelo ilícito conforme dispõe a Lei
4.898/65.

Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais).


Pede deferimento.

Cuiabá/MT, 11 de março de 2013.

MAURICIO AUDE – OAB/MT 4.667


Presidente da OAB-MT

JOSEMAR CARMERINO DOS SANTOS – OAB/MT 7072


Presidente da Subseção de Tangará da Serra-MT

Claudia Alves Siqueira-OAB/MT 6.217-B


Procuradora da OAB-MT

Marcondes Raí Novack – OAB/MT 8.571


Procurador da OAB/MT

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